O documento descreve a evolução da enfermagem desde a antiguidade, quando a saúde era influenciada pelos deuses e as mulheres cuidavam dos doentes, até os dias atuais. Florence Nightingale é considerada a fundadora da enfermagem moderna no século XIX ao preconizar treinamento técnico-científico. No Brasil, Anna Nery destacou-se no período imperial e as primeiras escolas de enfermagem foram abertas no século XIX.
1. A EVOLUÇÃO DA ENFERMAGEM: UM RECORTE HISTÓRICO,
POLÍTICO E CULTURAL
Procura mostrar como era o cuidar, desde a idade antiga, onde a saúde
tinha influência dos deuses e a assistência ao doente era praticada pelas
mulheres. Com o surgimento do cristianismo, houve o fortalecimento do poder
da igreja, a sociedade teológica passa a ter a visão do cuidado aos enfermos
como uma forma de caridade, de abnegação cristã e a doença passa a ser
encarada como um castigo de Deus, uma possessão demoníaca. As mulheres
que se dedicavam ao trabalho assistencial aos pobres e doentes passam a ter
maior reconhecimento. No período medieval, foram construídos os primeiros
hospitais pelas ordens monásticas e somente no final da Idade Média é que
foram implantados os códigos sanitários de higiene. Várias associações
assistenciais cristãs foram sendo criadas com o passar do tempo.
A história da enfermagem se fundamenta nesta visão do cuidar como
forma de caridade. Este tipo de assistência é que faz a conexão com a
prática de enfermagem proposta por Florence Nightingale. Considerada
a fundadora da enfermagem moderna, após treinamento em
Keiserswerth, através de método observativo, Nightingale preconizou
que a enfermagem era uma arte e que precisa de treinamento técnico-
científico. Foi pioneira na criação de regras para os cuidados ao doente
e para o ambiente e institucionalizou a enfermagem como profissão. No
Brasil, nome que se destacou na área foi Anna Nery. A primeira escola
de enfermagem foi inaugurada no século XIX seguidas por várias outras
no século seguinte, até a atualidade. O profissional de enfermagem
precisa ser transcultural, ter consciência das diferenças e conhecimento
para realizar intervenções respeitando as culturas e crenças de cada
região. Após a conferência de Alma Ata e da Carta de Ottawa, as
políticas em saúde buscam a melhoria da saúde da população
mundial,buscando reduzir a desigualdade social. No Brasil, após longo
caminho implantando Políticas Nacionais, foi criado o Sistema Único de
Saúde (SUS) que tem como principal porta de entrada o Programa
Nacional de Atenção Básica (PNAB). Descritores: História da
Enfermagem; Cultura; Políticas de Enfermagem
2. Na guerra da Criméia, em 1854, Florence foi nomeada superintendente do
grupo de enfermeiras que foi enviado para prestar assistência em saúde aos
feridos de guerra. Após o primeiro mês, Florence já havia implantado medidas
de higiene ambiental, enfermarias arejadas, roupas de cama e pessoais
lavadas e melhor alimentação hospitalar. Para os convalescentes, criou
espaços para atividades e leitura. Pelo hábito de utilizar uma lâmpada à noite
quando ia cuidar dos doentes, ficou conhecida como “a dama da lâmpada”. Foi
pioneira na criação de métodos e normas aos cuidados com o doente e o
ambiente. Suas anotações serviram de base para a enfermagem profissional
com a criação da escola de enfermagem no hospital Saint Thomas, em
Londres.
3.2 – DESENVOLVIMENTO DA ENFERMAGEM NO BRASIL No Brasil, a
organização da enfermagem começou no período colonial estendendo-se até o
século XIX. Os cuidados aos doentes eram exercidos na maioria dos casos por
escravos, que auxiliavam os jesuítas, que também exerciam as funções de
médicos e enfermeiros. As ervas medicinais eram á base do tratamento
terapêutico. A primeira casa de misericórdia foi inaugurada, dentro dos padrões
de Portugal, em 1543. Somente no século XIX, o Brasil instaurou medidas de
proteção referente à maternidade, criando a sala de partos. Em 1832 foi
organizada e criada a primeira Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde
funcionava a escola de parteiras. O desenvolvimento da área médica não
influenciou de imediato a profissão de enfermagem. Anna Nery foi nome de
destaque no período do império. Ofereceu-se para ir cuidar dos feridos na
guerra do Paraguai (1864 a 1870), rompendo preconceitos da época. Não
mediu esforços para cuidar dos feridos, improvisando hospitais. A primeira
escola de enfermagem no Brasil foi implantada no Hospital Nacional de
Alienados e foi instituída pelo Decreto Federal nº 791 de 27 de setembro de
1890, denominando-se atualmente Escola de Enfermagem Alfredo Pinto. Já no
século XX, foi inaugurada a Escola de Enfermagem Anna Nery (1923); a
Escola de Enfermagem Carlos Chagas (1933); Escola de Enfermagem Luisa
de Marillac; Escola Paulista de Enfermagem e Escola de Enfermagem da USP
(1944). Uma das principais personagens na enfermagem brasileira foi á
enfermeira Wanda de Aguiar Horta. Em seus estudos afirmou que a
3. enfermagem não poderia sobreviver como ciência sem uma filosofia própria,
assim esta profissão necessitava de três seres: ser enfermeiro; ser
cliente/paciente; ser enfermagem. Horta desenvolveu a Teoria das
Necessidades Humanas Básicas do Cuidado, tendo como objeto o ser
humano, visando o bem estar do mesmo e o ciclo para sua total recuperação.
Os padrões de cuidados utilizados atualmente baseiam-se no modelo
preconizado por Horta, já que o processo de enfermagem consiste em seis
etapas, que em seu sentido geral buscam atender as necessidades básicas do
paciente. Os dois primeiros passos (histórico e diagnóstico de enfermagem)
destinam-se à investigação das necessidades do paciente; o terceiro e quarto
passos (planejamento e intervenção de enfermagem) determinam os cuidados
necessários; os dois últimos passos (evolução e prognósticos de enfermagem)
avaliam a efetividade e os resultados das intervenções aplicadas, visando o
atendimento do maior número de necessidades básicas.