1) O movimento docente na UFMS ganhou força nos últimos dois meses de greve, com atuação expressiva em assembleias e atos de mobilização.
2) A construção do movimento tem ocorrido de forma democrática, com ampla participação dos docentes e discussões conduzidas pelo Comando Local de Greve.
3) A greve atingiu 100% dos docentes da UFMS, suspendendo o semestre e influenciando movimentos em outras universidades.
1. Omovimento na UFMS ganhou
força nesses mais dois meses de
greve. Desde a decretação do
estado de greve, no dia 26 de maio, o
processo participativo das e dos
docentes foi crescente, com atuação
expressiva no dia 10 de junho na
decisão de aderir à greve, que começou
dia 15 de junho.
Toda a construção do movimento
neste perıó do tem ocorrido de forma
democrática, com ampla divulgação das
assembleias semanais e discussões
intensas conduzidas pelo Comando
Local de Greve, aberto à participação de
todas e de todos, de forma voluntária.
Os nomes das e dos integrantes do
Comando foram homologados em
Assembleia Geral e as reuniões vêm
acontecendo semanalmente. Simul-
taneamente, a direção da ADUFMS-Sindicato
visita os campi, respaldando a categoria por meio
de assessoria jurıd́ ica, convênio médico, odonto-
lógico e promoção de eventos de integração.
Na greve 2015, a categoria vem desenvolven-
do agenda positiva, alicerçada na discussão em
torno da defesa da universidade pública e gratui-
ta, reposição salarial, reestruturação da carreira,
Previdência, inanciamento do Estado, qualidade
de ensino, pesquisa e extensão, expansão, assis-
tência estudantil, condições de trabalho e defesa
da paridade salarial entre ativos e aposentados.
Com a diretoria desenvolvendo uma nova
prática sindical, baseada na discussão e na
participação coletiva, a greve da UFMS atingiu
100% dos/as docentes, causando a suspensão do
semestre e in luenciando o movimento em
outras universidades.
Em cima de propostas de inidas
aconteceram diversas mobilizaçõ es,
com a realização de assembleias gerais
todas as quartas-feiras, ato conjunto
com técnicas/os administrativas/os e
alunas/os, passeata com as demais
categorias do serviço público federal,
em Campo Grande, o 1º Encontro do
Fórum Permanente de Discussão dos
Problemas da UFMS, com o tema “A
democracia na UFMS”, aulas pú blicas
sobre temas como “Plano Nacional de
Educação: origem, desenvolvimento e
avaliação”, “A crise econômica mundial e
a Previdência Social: mitos e verdades”,
“A precarização do trabalho docente nas
universidades federais brasileiras” e “O
retorno do pensamento perdido: a
dualidade atual da economia polı́tica
brasileira”. Mais aulas pú blicas estão
acontecendo em agosto.
Houve também a organização de cinegreve,
saraus na ADUFMS-Sindicato e na esplanada
ferroviária, na Capital sul-mato-grossense, com
apoio de grupos de teatro, dançarinas/os, músi-
cos de diversos estilos e movimentos culturais. A
ação voluntária fortaleceu e legitimou a greve
perante a sociedade.
Campo Grande (MS), agosto de 2015 – Edição n. 004
Jornal
Sindicato dos Professores das Universidades Federais Brasileiras dos Municípios de Campo Grande, Aquidauana, Bonito,
Chapadão do Sul, Corumbá, Coxim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas, no Estado de Mato Grosso do Sul
adufms.org.br facebook.com/ADUFMS.Sindicato
12
Jornal
Campo Grande (MS), de 2015agosto
Greve movimenta UFMS em todos os campi
Protesto em Brasília reúne milhares
de pessoas em defesa do serviço público
ADUFMS se faz presente nas passeatas em frente ao MEC e MPOG, em Brasília
M
ais de seis mil manifestantes de
diversas categorias do funcionalismo
público e estudantes participaram no
dia 22 de julho da Marcha dos Servidores
Públicos Federais (SPFs) em Brasıĺ ia (DF). A
atividade deliberada pelo Fórum das Entidades
Nacionais dos SPFs contou com a atuação de
caravana integrada por professoras, professores,
alunas, alunos, técnicas administrativas e
técnicos administrativos. As/os representantes
dos trê s segmentos da UFMS també m
participaram da primeira mobilização no Distrito
Federal, ocorrida no dia 7 de julho, em frente ao
Ministério da Educação (MEC).
O intuito das atividades foi cobrar uma
contraproposta adequada do MEC e do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG),
além de protestar contra o corte de verbas para a
Educação e demonstrar ao governo federal a
insatisfação com a atual polıt́ ica econômica que,
contrariando os compromissos assumidos em
campanha, direciona parte expressiva do
Orçamento da União de 2015 para o pagamento
dos serviços da dıv́ ida pública (47%). De fato, o
valor escorchante dessa dıv́ ida já deveria ser
objeto de auditoria pelos órgãos responsáveis
por iscalizar o cumprimento das leis e da
Constituição Federal.
No ato de 22 de julho, servidores/as,
advindos/as de diversos estados do paı́s
percorreram a Esplanada dos Ministérios em
direçã o ao Palá cio do Planalto. Exigiram
audiência, pedindo que a Secretaria-Geral da
Presidência da República inter ira no intuito de
avançar o processo de negociação entre os/as
servidores/as e a Secretaria de Relações de
Trabalho no Serviço Público, do MPOG.
Após a marcha, uma comissão representativa
do Fórum das Entidades Nacionais dos SPFs
participou de audiência na Secretaria-Geral da
Presidência da República com objetivo de dar
continuidade ao processo de negociação salarial
fundamentado nos eixos da campanha uni icada
2015 dos/as servidores/as públicos/as federais.
Os/as servidores/as foram recebidos por José
Lopez Feijóo, assessor-especial da Secretaria-
Geral da Presidência da República.
A audiência demonstrou a disposição de
diá logo com o governo, depois que a
contraproposta do MPOG , de reajuste salarial de
21,3% parcelado em quatro anos, foi
amplamente rechaçada pela categoria porque
ignora as perdas acumuladas (2010-2015) e não
leva em conta a in lação prevista para os
próximos quatro anos.
O crescimento da greve nas universidades e
nas escolas técnicas federais, além de outros
segmentos dos/as SPFs, fez com que o governo
central avançasse na proposta de realinhamento
dos benefıć ios, mas aquém do desejado pelas
categorias. Para o auxı́lio-alimentação e o
auxı́lio-saú de, sem reajuste há três anos, o
governo propôs correção de 22,8%. O primeiro
passaria a R$ 458 e o último proporcional por
faixa etária, sendo o mıń imo de R$ 101 e o
máximo de R$ 205. Já para o auxıĺ io-creche, desde
1995 sem correção in lacionária, o acúmulo
representa reajuste de 317%, variando de acordo
com os valores praticados em cada estado.
(Andes-SN e ADUFMS-Sindicato)
Docentes e estudantes durante ato em defesa do serviço público
Greve rea irma compromisso em
defesa da universidade pública
Passeata pelo reajuste de 27,3% e em defesa do serviço público federal
ADUFMS-Sindicato
movimento docente nacional segue
Oirme na luta por reposição salarial,
reestruturaçã o da carreira e na
defesa intransigente da universidade públi-
ca, gratuita, laica e de qualidade. Nesses mais
de dois meses de movimento na UFMS, o
Comando Local de Greve eleito em assem-
bleia, juntamente com a direçã o da
ADUFMS-Sindicato, tem realizado diversas
ações nos campi de Campo Grande e do
interior como forma de pressionar o governo
a acatar as reivindicações da categoria e
sensibilizar a sociedade sobre a precarização
das instituições federais de ensino com os
ajustes iscais determinados no Orçamento
Federal 2015.
Páginas 3, 4 12 e
EM UMA EXPERIENCIA INEDITA, as/os
alunas/os de Jornalismo da UFMS, coordena-
dos/as pelo professor Edson Silva e pela
professora Katarini Miguel, pautam matérias
nas páginas do Jornal ADUFMS que atacam o
vacilo da atual polıt́ ica de expansão universi-
tária, com direitos elementares como creche,
restaurante universitário e moradia estudan-
til violados Apesar das constantes reivindica-
ções, a Reitoria da UFMS não tem priorizado
polıt́ icas que facilitem a permanência dos e
das estudantes nos cursos de graduação e
pós-graduação. Páginas 5, 6, 7 e 8
Ad referendum
sepulta
democracia na UFMS
A ADOÇAO de medidas administrativas
verticalizadas promove mudanças bruscas
na vida universitária e tem sufocado a tradi-
ção democrática dentro da UFMS. Os conse-
lhos superiores viraram meros instrumentos
de homologação das decisões da administra-
ção sem qualquer discussão, por exemplo, o
Plano de Atividades Docentes (Padoc) e a
expansão da carga horária. Para saber dos
cortes no orçamento da Universidade, a
comunidade teve de protestar em frente à
Reitoria.
Página 9
Sede de Três Lagoas
reinaugurada
depois da reforma
DOCENTES, estudantes e técnicos/as admi-
nistrativos/as do Três Lagoas (CPTL) Campus
participaram da festa de reinauguração da
sede da no Leste de MS, ADUFMS-Sindicato
totalmente reformada. O evento marcou o
compromisso da atual direção da entidade de
fortalecer o movimento sindical no interior,
aumentando a presença e a proximidade
com os/as iliados/as. A solenidade virou
palco de manifestação em defesa da greve e
da universidade. Foram momentos de intera-
ção com um delicioso caldo, acompanhado de
boa música. Página 11
Suplemento Especial
com estudantes de
Jornalismo
Gerson Jara/ADUFMS-Sindicato Gerson Jara/ADUFMS-SindicatoArnor Ribeiro/ADUFMS-Sindicato
Foto reproduzida do Facebook da ADUFMS-Sindicato
Agosto é o mês decisivo nas negociações com o governo federal e mobilização em defesa dos direitos dos/as trabalhadores/as
Diogo Gonçalves
2. 2
Jornal
11
Jornal
DE ITORIALD
E X P E D I E N T E
Presidente vice-presidenta secretário-geral primeiro-secretário diretor- inanceiro: José Carlos da Silva; : Mariuza Aparecida Camillo Guimarães; : Osvaldo Nunes Barbosa; : Paulo Marcos Esselin; : Marco Aurélio
Stefanes; : Moacir Lacerda; : Antonio Lino Rodrigues de Sá; : Ronny Machado de Moraes; diretor- inanceiro adjunto diretor de Divulgação e Imprensa diretor de Promoções Sociais, Culturais e Cientí icas diretora de
Assuntos de Aposentadoria CPAQ CPAN CPT: Lucia Monte Serrat Alves Bueno; : Ana Paula Salvador Werri; : Anamaria Santana da Silva; L: José Batista de Sales.
_Conselho de Representantes CCBS - titular: Maria de Fátima M. Cheade, suplente: Otávio Froehlich. CCHS - titular: Margarita Victoria Rodrıǵ uez, suplente: João Jair Sartorelo. Facom - titular: Renato Por irio
Ishii, suplente: Carlos Alberto da Silva. Fadir - titular: Ynes da Silva Félix, suplente: Luciani Coimbra de Carvalho. Faeng - titular: Jéferson Meneguin Ortega, suplente: Maria Helena da Silva Andrade. Famed -
titular: Aurélio Ferreira, suplente: Izaias Pereira da Costa. Famez - titular: Valdemir Alves de Oliveira. Faodo - titular: Danilo Mathias Zanello Guerisoli, suplente: Fátima Heritier Corvalan. In i - titular: Widinei
Alves Fernandes, suplente: Dorotéia de Fátima Bozano. Inma - titular: Patrıć ia Sandalo Pereira, suplente: Karina Miranda D’Ippólito Leite. Inqui - titular: Silvio César de Oliveira. Aposentados - titular: Celso
Correia, suplente: Carlos Stief Neto. CPAQ - titular: Ana Paula Salvador Werri, suplente: Edelberto Pauli Júnior. CPAN - titular: Anamaria Santana da Silva, suplente: Fabiano Antonio dos Santos. CPTL - titular: José
Batista de Sales. CPBO - titular: Noslin de Paula Almeida, suplente: Adriano Viana Bednaski. CPCS - titular: Octávio Barbosa Plaster. CPNA - titular: Gemael Chaebo. CPAR - titular: Julio César de Souza, suplente:
Elton Gean Araújo. CPPP- titular: Amaury Antônio de Castro Junior, suplente: Kleiton Andre Schneider. CPNV - titular: Roseli Maria Rosa de Almeida, suplente: Celia Regina de Carvalho.
Conselho Fiscal _ titulares: Edvaldo Correa Sotana, Alessandro Gustavo Souza Arruda e Paulo Cesar Duarte Paes. Suplentes: Luiz Carlos Batista e Ricardo Pereira de Melo.
Editores responsáveis: jornalistas Gerson Canhete Jara MTE-MS 3/1994 e Arnor da Silva Ribeiro MTE-MS 18. Diagramação: Carlão Valério.
Gestão Autonomia Sindical - ADUFMS, biênio 2014-2016
O Jornal ADUFMS é uma publicação oficial do Sindicato dos Professores das Universidades Federais Brasileiras dos Municípios
de Campo Grande, Aquidauana, Bonito, Chapadão do Sul, Corumbá, Coxim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e
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Jornal
Avançar em defesa da
educação superior pública
Chegamos a mais uma edição do Jornal ADUFMS
em plena greve em defesa da universidade pública,
gratuita, laica e de qualidade. São inegáveis os
avanços salariais e os aumentos de investimentos na
universidade pú blica nos ú ltimos governos.
Devemos, no entanto, preservar o que já consegui-
mos com toda a determinação e avançar nas conquis-
tas, por meio de reajuste salarial decente, melhorias
nos benefıć ios e da reestruturação da carreira. Nossa
remuneração ainda é inferior a outras carreiras do
Executivo, Legislativo e do Judiciário, aquém da
nobre tarefa de formar pro issionais graduados/as e
pós-graduados/as para atuar no mercado, nas
instituições públicas e nas não-governamentais.
Nesta edição, estamos prestando conta das ações
da ADUFMS-Sindicato e do Comando Local de Greve
na condução de mais de sessenta dias de greve. Aos
poucos estamos rompendo com a cultura do
distanciamento da direção sindical em relação à
categoria, cumprindo os requisitos da Lei de Greve e
garantindo a docentes informaçõ es sobre os
desdobramentos do movimento praticamente em
tempo real. As decisões são democraticamente
discutidas, acordadas em assembleias e reuniões,
rea irmando o caráter de independência do nosso
movimento.
Ao mesmo tempo, apoiamos e cumprimos
diversas atividades programadas que visam dar
visibilidade a nossa luta, contestar os cortes de
verbas para a Educação e apontar as contradições da
polı́tica econô mica do governo federal numa
tentativa suicida de promover ajustes econômicos
para encher os cofres já abarrotados do sistema
inanceiro à custa do sacrifıć io do Programa de Apoio
a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni) e do processo de
precarização das nossas condições de trabalho.
Dentro do propósito de democratizar a ADUFMS-
Sindicato e fortalecer as lutas unitárias, estamos
integrando o Fó rum dos Servidores Pú blicos
Federais. Simultaneamente articulamos a publicação
do Suplemento Especial com os/as alunos/as de
Comunicação Social, uma experiência-laboratório
inédita, com o monitoramento de docentes do Curso
de Jornalismo da UFMS-Campo Grande. O objetivo é
dar vazão às pautas esquecidas pela administração
da UFMS e que tocam diretamente nas condições de
permanência dos/as estudantes e dos/as trabalha-
dores/as na Universidade. Esperamos dar sequência
ao trabalho nas próximas edições.
Cumprindo o que foi assumido em campanha,
publicamos o resumo de despesas e receitas da
ADUFMS-Sindicato, devidamente auditado pelo
Conselho Fiscal. A prestação de conta também estará
disponıv́ el no site da entidade.
Em pleno andamento da luta, convocamos
todos/as associados/as e não-associados/as a
participar do movimento, pois este mês de agosto é o
momento para forçar o governo federal a apresentar
contraproposta decente para a categoria e instituir
negociações permanentes em torno da nossa carreira.
Nossa força nasce na luta! Contamos com você!
Adiretoria da ADUFMS-Sindicato reinau-
gurou no dia 20 de julho o prédio da
entidade em Três Lagoas com atividade de
arrecadação de recurso para o Fundo de Greve
dos/das docentes da UFMS. De acordo com o
professor José Batista de Sales, da representação
do Sindicato no Campus Três Lagoas (CPTL-
UFMS), foram investidos R$ 12 mil na reforma.
Entre os serviços realizados estão troca de piso,
instalação de toldos, pintura, reforço do muro e
eliminação de rachaduras.
Mú sicas de variados gê neros, ao vivo,
pronunciamentos sobre as greves, atuaçã o
conjunta de docentes, estudantes e técnicos
administrativos, além de congraçamento entre
esses trê s segmentos, amigos e parentes,
marcaram a reinauguração. Não faltaram o
Boteco da Greve, os caldos para arrecadar
dinheiro de custeio das ações do movimento
grevista e aquele bate-papo sobre assuntos
diversos, incluindo o movimento sindical,
conjuntura nacional, polı́tica, arte e a situação
crı́tica da UFMS.
A sede da ADUFMS em Três Lagoas estava
deteriorada pela falta de conservação e manuten-
ção. “Pensar no futuro. Não deixar chegar ao
ponto a que chegamos”, asseverou o diretor da
entidade, professor José Batista de Sales.
O diretor- inanceiro do Sindicato, professor
Marco Aurélio Stefanes, lembrou a dedicação da
gestão da ADUFMS em Três Lagoas. “Parabéns
ao professor Sales pelo trabalho de recupera-
çã o!” Stefanes acrescentou a atuaçã o do
movimento sindical “em defesa da universida-
de pública” e o sentido da atuação conjunta de
todos os setores da UFMS. “Para nós, é impor-
tante esse congraçamento.”
A preocupação da atual gestão da ADUFMS
com as pessoas ligadas à UFMS no Leste de
Mato Grosso do Sul foi um dos aspectos citados
pelo novo diretor do CPTL, professor Osmar
Jesus Macedo. “Parabéns ao Sindicato por esta
conquista e pela capacidade de seus diretores
em manter um patrimônio importante a esta
comunidade.”
Já que a noite era de caldo e, entre os
assuntos das conversas, se destacava o movi-
mento paredista, a representante da seccional
do Sindicato dos Trabalhadores em Educação
da Fundação Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, no Estado de Mato Grosso do Sul
(Sista-MS), Maria Luiza Tegon, fez uma analo-
gia para demonstrar as atividades conjuntas
que vêm sendo desenvolvidas pela comunida-
de UFMS. “Engrossando o caldo da greve, quero
conclamar a comunidade acadêmica do CPTL,
urgente!”, enfatizou. “Estamos todos juntos
nessa luta”, assegurou o presidente da
ADUFMS-Sindicato, professor José Carlos da
Silva.
Sindicato reinaugura
sede em Três Lagoas
À esquerda: sindicalistas Marco Aurélio e Ana Paula.
À direita: professor José Antonio Menoni (camisa azul)
e o atual diretor do CPTL, Osmar Jesus
Evento reuniu professores/as, alunos/as, técnicos/as administrativos/as, seus familiares, seus/suas amigos/as
e serviu de espaço para manifestação política em defesa da greve e da universidade pública
Arnor Ribeiro/ADUFMS-Sindicato
Fotos: Arnor Ribeiro/ADUFMS-Sindicato
Investimento
ampo Grande sediou nos dias 14 e 15 de
Cmaio a reunião de 2015 da Federação
Nacional das Associações de Servidores
Aposentados e Pensionistas das Instituições
Federais de Ensino (Fenafe) - o XVIII Encontro
dos Dirigentes das Associaçõ es de
Aposentados e Pensionistas das Instituições
Federais de Ensino. O evento aconteceu no
auditório 2 do Complexo Multiuso (Cidade
Universitária) e no Hotel Metropolitan.
Ainda nos dias 14 e 15 de maio, a
Associação dos Aposentados e Pensionistas da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(AApP) fez, pela primeira vez, um grande
encontro de funcionários/as aposentados/as e
pensionistas da UFMS para discutir, entre
outros assuntos, a pauta de reivindicação
desses segmentos.
Os eventos serviram para de inir as táticas
de aprovação das pautas geral e especı́ ica de
aposentados/as e pensionistas em âmbito
nacional: atuar pelo im do fator previdenciá-
rio; defender o reajuste de pensões e aposenta-
dorias de acordo com o salário mı́nimo; e
barrar mudanças na Previdência que retroa-
gem direitos dos/as trabalhadores/as, conti-
das na Medida Provisória 664/2014, cujo
Projeto de Lei de Conversão foi aprovado em
maio na Câmara dos Deputados com uma série
de emendas parciais e/ou totais e enviado ao
Senado Federal com rejeiçõ es de outras
emendas. No Senado o Projeto foi aprovado,
passando a ser Lei 13.135, sancionada pela
presidenta Dilma Rousseff em 17 de junho de
2015, com vetos parciais.
Além da Assembleia Geral da Fenafe, com
debates sobre conquistas e benefıć ios e troca
de experiências entre associações de aposen-
tados/as, aconteceram as palestras "Saúde e
qualidade de vida", proferida por Luıś Ovando,
e "Vida ativa na aposentadoria", com a
Professora Doutora Suzi Rosa Miziara Barbosa,
bem como apresentações culturais.
O presidente da AApP/ufms, professor
Marne Pereira da Silva, lembrou que "todos
nos unimos para um bem comum: o aposenta-
do". Lamentou o veto presidencial da presi-
denta Dilma à polıt́ ica de reajuste das aposen-
tadorias ao salário mıń imo e a aprovação do
Projeto de Lei de Conversão da MP 664 pelo
Congresso Nacional. A Lei 13.135, na qual foi
transformada a MP 664, introduz novas regras,
protelando a pensão a dependentes em caso de
morte dos/as segurados/as.
Associação - A AApP/ufms foi fundada em 6 de
julho de 1996. E uma entidade civil de personali-
dade jurıd́ ica sem ins lucrativos, inscrita no
Cadastro Nacional de Pessoa Jurıd́ ica (CNPJ).
Seus objetivos principais são defender os interes-
ses gerais de seus/suas associados/as, valorizar
a capacidade produtiva, bem como promover o
bem-estar, além da união dos/as aposentados/as
e pensionistas. A AApP reúne servidores/as de
todas as categorias que encerraram suas ativida-
des no serviço ativo da UFMS.
Aposentados promovem encontro
nacional em Campo Grande
Presidente da AApP/ufms, professor Marne Pereira da Silva (1º à esquerda), an itriou diretores/as da Fenafe
Filie-se à
• Assessoria Jurídica
• Convênios mais
vantajosos com a
Unimed e a Uniodonto
• Espaço para reuniões
e festas
• Informação sindical
• Defesa da categoria
e da universidade pública
Campo Grande (MS), agosto de 2015 Campo Grande (MS), agosto de 2015
ACS/UFMS
3. 10
Jornal
3
Jornal
ADUFMS de contas abertas
Praticando o que foi assumido em campanha, apresentamos o demonstrativo de receitas
e despesas da ADUFMS-Sindicato, devidamente auditado pelo Conselho Fiscal.
onforme compromisso assumido, a direção da
CADUFMS-Sindicato, em assembleia realizada
em Campo Grande e nos campi do interior
impulsionou a primeira reforma estatutária da gestão
Autonomia Sindical. De forma democrática, com amplo
processo de participação da categoria desde maio,
concretizamos as mudanças necessárias.
O primeiro objetivo das alteraçõ es foi garantir
a base territorial de representação da ADUFMS
nos municı́pios em que a UFMS tem campi. Essa
medida permitiu a obtenção do Registro Sindical
homologado pelo Ministé rio do Trabalho e
Emprego (MTE), conquistando reconhecimento
polı́tico e jurı́dico.
Com as mudanças, rati icou-se o nome da entida-
de: Sindicato dos Professores das Universidades
Federais Brasileiras dos Municıṕ ios de Campo Grande,
Aquidauana, Bonito, Chapadão do Sul, Corumbá,
Coxim, Naviraı,́ Nova Andradina, Paranaıb́ a, Ponta Porã
e Três Lagoas, no Estado de Mato Grosso do Sul
(ADUFMS – Sindicato).
Entre as novidades, o novo estatuto permite a
iliação de pensionistas que, mediante sindicalização,
passam a ter direitos aos serviços oferecidos pela
entidade, como Assessoria Jurı́dica, convênios e
utilização do espaço fı́sico disponibilizado pelo
Sindicato.
Para legitimar e facilitar as decisões, o quórum
para deliberações em Assembleia Geral foi alterado de
20% para 10%, democratizando a participação e
fortalecendo a representação principalmente nos
campi, onde a di iculdade de mobilização é maior.
Com o propósito de evitar alguma tentativa de
manipulação e resguardar o amplo direito de participa-
ção da categoria, as mudanças no Estatuto do Sindicato
só poderão ser realizadas em assembleia para esse im
especı́ ico. O quórum, nesse caso, mudou de 2/3 para
3/5, sendo vedada a discussão sobre outros pontos de
pauta.
Para as assembleias gerais convocadas por
requerimento à diretoria, o quórum icou em 10%,
facilitando o poder do/a associado/a, com exigência de
no mıń imo 10% dos/as iliados/as no caso de assem-
bleias extraordinárias. Para fusão, iliação ou des ilia-
ção de entidades sindicais, o quórum mıń imo é de 10%,
com exigência de 3/5 de votos favoráveis. A consulta
eletrônica foi suprimida, uma forma de garantir a
participação e a discussão da categoria em assuntos
pertinentes à entidade e ao movimento sindical. Em
caso de decisões sobre greve, paralisações, estado de
greve e outras maneiras de mobilização, o quórum
exigido passa a ser por maioria simples.
Para garantir maior representatividade dos campi
do interior, compõem a diretoria executiva dirigentes
sindicais que atuam nos campi de Aquidauana, do
Pantanal e Três Lagoas. As reuniões da diretoria para
deliberação poderão ser instaladas com pelos menos
50% dos membros.
Na reforma do Estatuto, foram alteradas as
atribuições de dirigentes responsáveis pela formação e
relações sindicais e polı́ticas, bem como dos/das
diretores/as da entidade nos campi de Aquidauana, do
Pantanal e Três Lagoas. As eleições para representan-
tes sindicais acontecerão de forma independente da
chapa central, com cada unidade elegendo seu/sua
representante. Antes, recebiam votos ou não em todos
as unidades. Já o edital para eleição na entidade deverá
ser publicado com a antecedência mıń ima de sessenta
dias e amplamente divulgado.
Estatuto da ADUFMS democratizado e atualizado
Mudanças consolidam representação do Sindicato na base territorial dos campi
Campo Grande (MS), agosto de 2015 Campo Grande (MS), agosto de 2015
dia a dia da greve
Onos campi da
U F M S a l é m -
Campo Grande tem sido de
muitas atividades sociais,
político-sindicais, sindicais
e de arte, entre as quais
iniciativas conjuntas entre
professoras/es, alunas/os,
técnicas/os administrati-
vas/os.
A professora Késia
Caroline Ramires Neves, da
Comissão de Mobilização
do Campus de Ponta Porã
(CPPP), explica que nessa
cidade as agendas de
eventos lincados ao
movimento grevista são
planejadas semanalmente.
Lá houve passeata com
faixas e cartazes nas vias
centrais da cidade e
panfletagem nos semáforos
no 6 de agosto, dia nacional
de protestos pedindo que
as direções das universida-
des federais Brasil afora
abram as contas e mostrem
o grau de contingencia-
mento de verbas em cada
setor.
Os trabalhos sindical e
político-sociocultural que
vêm sendo desenvolvido
na greve deste ano em
Corumbá por professoras,
professores, alunas, alunos,
técnicas administrativas e
técnicos administrativos do
Campus do Pantanal
(CPAN) atestam a força do
movimento para além da
Capital sul-mato-grossense.
“A greve está na rua, além
de acontecer de forma
unificada com docentes,
estudantes e técnicos ad-
ministrativos da UFMS e também alunos, técnicos e
professores do IFMS [Instituto Federal de Mato Grosso do
Sul]”, descreve o professor Ronny Machado de Moraes,
diretor da ADUFMS-Sindicato. Aulas públicas, tereré da
greve, mesas-redondas, conferências e panfletagens nas
feiras, nas vias (ruas e avenidas), nas praças, além do
cinegreve, exemplificam a desenvoltura da comunidade
CPAN nesta greve.
Os segmentos do Campus de Aquidauana (CPAQ), no
Oeste de Mato Grosso do Sul, somam-se a essas ações que
têm dado perenidade ao movimento grevista. “A gente tem
mantido uma certa constância nas atividades, com
envolvimento da comunidade”, avalia o professor
Edelberto Pauli Júnior. A agenda da greve em Aquidauana
envolve iniciativas como aula pública, sarau e atos públicos
com panfletagens.
A comunidade universitária dos campi meridionais da
UFMS tem contribuído de forma consistente para o
fortalecimento da greve iniciada dia 15 de junho. Além de
Ponta Porã, no Campus de Naviraí (CPNV), conforme a
Atividades fortalecem
campanha salarial no interior
Lagoas, foi a organização do Boteco da Greve, no dia 20 de
julho, pelo diretor da ADUFMS-Sindicato no CPTL,
professor José Batista de Sales, para arrecadar recursos ao
Fundo de Greve. A presença maciça de técnicos
administrativos, técnicas administrativas, alunos, alunas,
professores e professoras no botequim avaliza a consistência
do movimento naquele campus.
No Campus de Paranaíba (CPAR, extremo nordeste de
Mato Grosso do Sul) saraus, reivindicação de transporte para
a comunidade acadêmica – a unidade fica longe do centro da
cidade –, cinegreve, debate, panfletagem, entrevistas ao vivo
e gravadas à mídia eletrônica local substanciam o rol de
atividades que estão sendo postas em prática nesta greve,
conforme descreve a professora Renata Bellenzani, do
Comando Local de Greve.
Comando Local de Greve
professora Roseli Maria Rosa de Almeida, do Comando
Local de Greve, os espaços públicos urbanos do município
têm sido privilegiados com saraus, declamação de poesias,
panfletagens e diálogo com as e os naviraienses para
discutir a greve e a crise pela qual vem passando a
educação nacional.
A movimentação da comunidade universitária da UFMS
no Leste sul-mato-grossense configura, cada vez mais, a nova
fase do movimento sindical de trabalhadores e
trabalhadoras no Campus Três Lagoas (CPTL), onde o
Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no Estado de
Mato Grosso do Sul (Sista-MS), movimento estudantil, Seção
Sindical do Andes-SN na UFMS Região Leste de Mato Grosso
do Sul (ADLeste) e a ADUFMS-Sindicato se uniram em
defesa da universidade pública e no debate de questões que
extrapolam os limites da Universidade, como o combate à
redução da maioridade penal. “A greve aqui continua forte!”,
enfatiza o presidente da ADLeste, professor Vitor Wagner
Neto de Oliveira. Prova da força do movimento em Três
Acadêmicos/as de Paranaíba se solidarizam com o movimento docente
Corumbá: pan letagem e explicação sobre a greve
Conversando com a população de Naviraí
4. Agreve nacional nas universidades pú blicas
expõe as contradições e opções do modelo de
desenvolvimento do ensino superior brasilei-
ro, indicando que há visões e projetos distintos em
disputa, que se evidenciam neste momento. Por isso, a
categoria não aceita a polıt́ ica de transferência de
recursos públicos para o setor inanceiro e para as
empresas de educação superior privadas.
De acordo com o Comunicado 24 do Comando
Nacional de Greve do Sindicato Nacional dos Docentes
das Instituições de Ensino Superior (CNG-Andes-SN),
só “em 2014, o governo destinou R$ 13,8 bilhões para
as corporações educacionais, por meio do Fies [Fundo
de Financiamento Estudantil]”. O negócio bilionário
de transferência de recursos públicos para interesses
privados virou mina de ouro. De acordo com entrevis-
ta do Soció logo Wilson de Almeida, na revista
CartaCapital, publicada em 19/12/2014, o “maior
grupo educacional formado pela fusão entre Kroton e
Anhanguera” tem 40% de seu faturamento originário
de verbas pú blicas, principalmente do Fies e do
Programa Universidade para Todos (Prouni). Esses
dados evidenciam que o governo federal tem de
reavaliar a polıt́ ica de inanciamento da educação
privada superior com recursos públicos.
Mesmo com a expansão de investimentos nos
ú ltimos anos, dados da Diretoria de Estatı́sticas
Educacionais do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anıś io Teixeira (Deed-Inep),
de 2013, apontam 1 137 851 matrıć ulas nas institui-
ções públicas federais de ensino superior, enquanto
que nas particulares chegou-se a 5 373 450. A
exemplo do número de matriculados/as, a diferença
também é colossal em relação ao número de institui-
ções. Ainda de acordo com informações de 2013, há
no Brasil 106 instituições federais de ensino superior
públicas. A iniciativa privada tem 2 090 universida-
des. Apesar do aumento de recursos, a área educacio-
nal recebe apenas 3% do total dos recursos federais. E
o setor que mais sofre com o contingenciamento:
corte em torno de R$ 9 bilhões. Enquanto isso, tem
continuidade a polı́tica inanceira ortodoxa, que
destinou, só em 2014, R$ 978 bilhões a pagamento de
juros e amortizaçõ es da
dıv́ ida, o que representou
45,11% do orçamento
executado no ano – veja
grá ico redondo acima,
publicado no site da
Auditoria Cidadã da Dıv́ ida.
Uma sangria que bene icia
o sistema inanceiro à custa
de sacrifıć io de verbas que
seriam para a educação, a
ciência e a tecnologia.
A distâ ncia entre o
discurso da Pá tria Edu-
cadora e a de inição de
prioridades na destinação
dos recursos do orçamento
deve ser cobrada do gover-
no federal. As medidas
adotadas põem em risco o
compromisso de cumprir
as metas estabelecidas
pelo Plano Nacional de Educação (PNE), ixadas em
7% do Produto Interno Bruto (PIB) após cincos anos e
de atingir 10% em 2024, visto que as decisões
apontam em outra direção, porque os R$ 9 bilhões de
investimentos em sete anos (2008 a 2014) na
expansão das universidades é equivalente ao valor
cortado agora em 2015 com respaldo da Câmara dos
Deputados.
Portanto, além da reestruturação das carreiras,
em processo de desmantelamento desde 1996, e da
reposição salarial das perdas acumuladas desde
2010, as entidades que lideram o movimento de greve
nas universidades federais defendem fatias maiores
do orçamento federal, com recursos do pré-sal e
outras fontes de receita, às instituições federais de
ensino superior e tecnológico. A continuidade da
expansão do ensino superior público, sem compro-
meter a sua qualidade, requer o fortalecimento da
mobilização da categoria, num momento crucial para
os destinos e caminhos da educação superior no
Brasil.
Por isso, o movimento que hoje se desenvolve é
essencial para o atendimento educacional da popula-
ção, sobretudo os/as jovens da classe trabalhadora
que nos últimos anos tiveram acesso à educação
superior pública, mas ainda carecem de investimento
em programas de permanência. Essa garantia é
responsabilidade de todos e de todas que têm
compromisso com um paıś com divisão justa de renda
e que privilegia a produção do conhecimento como
estratégia de desenvolvimento.
4 9
Jornal
Democracia sob sufoco na UFMS
Depois de quarenta dias batendo às portas da instituição, Reitoria disponibiliza relatório parcial de cortes na Universidade
As atitudes centralizadoras da direção
da UFMS não param de surpreender.
Apesar dos reiterados pedidos da
ADUFMS-Sindicato para discussão prévia
de pontos referentes à vida funcional e
acadêmica de docentes e técnicos/as admi-
nistrativos/as, o centralismo permeia as
decisões de quem teria o compromisso de
garantir o princıṕ io da gestão colegiada e
democrática da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul.
Há quarenta dias o Comando Local de
Greve e a ADUFMS-Sindicato cobravam a
apresentação do plano de ajustes ao corte
orçamentário do Ministério da Educação
(MEC), com base no cumprimento da Lei da
Transparência. Apesar do compromisso
assumido com a categoria, a medida foi
protelada dia após dia.
Diante do descaso, o Sindicato e o
Comando Local de Greve izeram no dia 6 de
agosto o ato “Abra as contas, reitora!”. A
atividade foi proposta pelo Sindicato
Nacional dos Docentes das Instituições de
Ensino Superior (Andes-SN) simultanea-
mente em mais de quarenta seções sindicais
do paıś que representam docentes em greve.
Pressionada, a Reitoria publicou o relatório
de cortes no site da UFMS.
Mais uma vez a velha fórmula verticaliza-
da ganha espaço na atual gestão da UFMS,
recheada de práticas há muito tempo supera-
da nas organizações modernas. Com esse
procedimento nada democrático, ganham
espaço a burocracia, a demora, a falta de
criatividade, a ine iciência, pois esse modo de
administrar volta-se exclusivamente à autor-
reprodução e à manutenção do poder de
pequenos grupos dentro da UFMS.
Nesse modelo, autoritá rio, perde
espaço a gestã o horizontalizada, mais
e iciente e envolvente, capaz de estimular o
potencial humano existente na Instituição.
Esvaziadas, a participação e as decisões
colegiadas efetivas podem ser o remédio
para garantir saltos qualitativos nas ativida-
des de ensino, pesquisa e extensão, valori-
zando a participação coletiva e estimulando
processos de autogestão.
Mas, ao contrário dos compromissos
assumidos em campanha, a concepção
centralizadora recrudesceu na UFMS nos
últimos anos, com a eliminação dos departa-
mentos. O que tinha objetivo de encurtar o
caminho dos rituais administrativos e
acadêmicos aumentou a distância da partici-
pação dos/das docentes, técnicos/as admi-
nistrativos/as e estudantes em matérias de
relevâ ncia para a nossa Universidade,
esfacelando, cada vez mais, o seu projeto
pedagógico, gerando a desmotivação das
pessoas responsáveis pelo repasse e produ-
ção de conhecimento.
O Conselho Universitário (Coun) se
reúne cada vez menos, mesmo diante da
grave crise provocada pelos cortes de verbas
por parte do governo federal. Os problemas
se amontoam e as soluções são cada vez
mais monocráticas com pacotes-surpresa e
decisões ad referendum, que fazem retroce-
der a democracia e a participação, sem
contemplar até mesmo as entidades repre-
sentativas de classe ou suprimindo a funda-
mental discussão acadêmica nos conselhos
superiores.
As tentativas de mudança implementa-
das são focadas em teses produtivistas, com
o propósito velado de punir todo o corpo
docente, para atingir aqueles/as que não se
enquadram nos indicadores avaliativos,
métodos ou rituais administrativos. Tudo
isso sem analisar as condições oferecidas
pela Instituição, com docentes submeti-
dos/as a uma jornada estressante de traba-
lho, sem suporte técnico-administrativo e
com desvios de inalidade, assumindo cada
vez mais o papel burocrático.
O Plano de Atividades Docentes (Pa-
doc), já em sua terceira versão, a expansão
da carga horária e agora o Código de Etica
são exemplos de sufoco à democracia na
UFMS, em que o corpo docente clama por
participação, porque são os/as professo-
res/as os/as mais diretamente atingidos/as
nas mudanças.
Além disso, a administração se distân-
cia da docência, relutando em participar do
debate democrático, de apresentar suas
argumentações e de construir processos sob
análises multifacetadas, capazes de resgatar
o compromisso de todas e de todos em torno
de uma proposta de valorização dos/as
docentes e técnicos/as administrativos/as,
que devem ser vistos/as como parceiros/as
e não como adversários/as na construção de
uma universidade plural, democrática e de
qualidade, fortalecendo o papel social da
UFMS, objetivo que deveria ser perseguido
Protesto em frente à Reitoria pede transparência administrativa nas contas da UFMS Com faixas, manifestantes ndicações em grade do prédio da Reitoriaixam reivi
Fotos: Gerson Jara/ADUFMS-Sindicato
Greve revela contradições
das universidades públicas
No grá ico abaixo, o comparativo de remuneração em carreiras do serviço público federal.
As/os docentes estão entre os/as que ganham os menores salários os(traços vermelh ).
Marco Aurélio critica falta de discussão sobre gastos da UFMS nos conselhos superiores da Instituição
Para onde vai o
dinheiro da União
Docente, estudantes e técnicos da UFMS em caravana rumo a Brasília
Arnor Ribeiro/ADUFMS-Sindicato
Expansão do ensino superior público com qualidade no Brasil requer fortalecimento da comunidade universitária
Campo Grande (MS), de 2015agosto Campo Grande (MS), agosto de 2015
Arnor Ribeiro/ADUFMS-Sindicato
Fonte: <http://www8d.senado.gov.br/dwweb/abreDoc.html?docId=92718> (reproduzido do site da Auditoria Cidadã da Dívida,
<http://www.auditoriacidada.org.br/e-por-direitos-auditoria-da-divida-ja-confira-o-grafico-do-orcamento-de-2012/>)
Jornal
5. • Adrian Albuquerque
• Loraine Gonçalves
• Lucas Castro
Obolsa Permanência, pro-
grama de auxıĺ io ao estu-
dante com necessidades
socioeconômicas, não teve seu
edital aberto na UFMS (Universi-
dade Federal de Mato Grosso do
Sul) até agora. As causas e cir-
cunstâ ncias disso ainda nã o
foram oficialmente esclarecidas,
causando desconforto e dificul-
dades financeiras aos acadêmi-
cos.
Com a implementação do
Sisu (Sistema de Seleção Unifica-
da), programa do MEC (Ministé-
rio da Educação) que oferece ao
aluno a possibilidade de entrar
para a universidade a partir do
Enem (Exame Nacional do Ensino
Médio), o número de ofertas em
instituições públicas de ensino
superior cresceu consideravel-
mente. Somente no primeiro
semestre deste ano, 205 514
vagas foram disponibilizadas em
5 631 cursos de 128 instituições
pú blicas de ensino superior,
segundo levantamento do MEC. O
Sistema fornece a possibilidade
de escolher mais de uma opção de curso, garan-
tindo o direito à lista de espera, caso o candidato
não seja aprovado em primeira chamada.
Assim, com facilidade em poder optar por
vagas em qualquer lugar do Brasil, com apenas
alguns cliques, grande parte dos alunos que ini-
ciam a vida acadêmica são provenientes de
outros estados e/ou cidades e, para que se consi-
gam manter durante todo o perıó do de estudos,
é primordial que haja meios que os auxiliem e
colaborem com a permanência dentro da univer-
sidade.
O auxıĺ io, no valor de R$ 400,00, é voltado
para alunos que tenham renda familiar per capi-
ta de até um salário mıń imo e meio e que estejam
matriculados em cursos de graduação com carga
horária média superior ou igual a cinco horas
diárias. Segundo a coordenadora de Assuntos
Estudantis da Preae (Pró-Reitoria de Extensão,
Cultura e Assuntos Estudantis), Waneide Ferrei-
ra, no ano passado foram atendidos 1,5 mil estu-
dantes de todos os da UFMS. Esses alunos campi
tiveram a bolsa renovada em 2015 sendo neces-
sário cumprir 12 horas semanais em projeto de
ensino, pesquisa ou extensão.
Acesso não garante permanência - Sem a bol-
sa-permanência, muitos alunos encontraram
dificuldades financeiras para se manter na cida-
de e alguns tiveram até que contar com ajuda de
amigos para conseguir driblar tais condições.
“Foi bem difıć il, já que fui para a UFMS contando
que receberia o auxıĺ io. Cheguei em Campo Gran-
de para ficar numa república e tive que sair, já
que o auxıĺ io não chegou. Por diversas vezes pen-
sei em desistir, já que a grana ficava bem aperta-
da”, afirma Matheus Souza, acadêmico de Histó-
ria, que teve que mudar de apartamento devido
aos problemas financeiros encontrados.
O não-oferecimento do auxıĺ io pela institui-
ção colabora para o aumento da evasão dos estu-
dantes do ensino superior, fazendo com que o
objetivo de se reduzir essa taxa
não seja alcançado. “Eu achei
melhor, a partir disso [do não-
lançamento do edital], voltar
para casa porque é a decisão
mais madura a se tomar, mesmo
a universidade federal sendo
muito melhor e tal. O preço que
estava pagando para me manter
aqui no estado era o mesmo que
eu pagaria para fazer uma facul-
dade aqui em casa (na minha
cidade). Entende?”, relata Jéssica
Etienne, ex-acadêmica de Turis-
mo, que optou por desistir da
vaga por não ter mais condições
financeiras.
Entretanto, para a coordena-
dora de Assuntos Estudantis da
Preae, Waneide Ferreira, a taxa
de evasão de estudantes é multi-
fatorial. “O motivo socioeconô-
mico é um dos fatores. Uma coisa
bastante surpreendente é que no
acompanhamento desses alunos
nós temos identificado – ainda
não temos fechadas essas pes-
quisas – que o fator socioeconô-
mico é o que menos causa eva-
são.”
Mesmo que os dados não
indiquem com clareza os princi-
pais motivos da desistência dos
alunos, há a certeza de que a ausência de ações
que visem ajudar os estudantes vem atrapalhan-
do a vida de muitos deles.
A carência de explicações por falta de res-
ponsáveis pelo lançamento do edital também
gerou muito desconforto, uma vez que não foi
oficialmente informado aos alunos se houve
corte da ação ou se ela apenas foi prorrogada.
Segundo Waneide Ferreira, o não-lançamento
do edital foi proveniente da incerteza em relação
aos recursos do Plano Nacional de Assistência
Estudantil (Pnaes) – se seriam garantidos na
ıń tegra ou não –, para que houvesse comprome-
timento de investimento e a consequente aber-
tura do edital.
Enquanto não há posicionamento oficial
sobre o assunto, os alunos, os mais prejudica-
dos, esperam com ansiedade uma resposta da
Universidade para saber se poderão continuar
estudando.
Tô na UFMS!
E a sobrevivência?
Campo Grande (MS), agosto de 2015
Jornal
Má digestão
Acadêmicos da UFMS enfrentam di iculdades devido ao corte de assistência estudantil
8
Jornal
Campo Grande (MS), agosto de 2015
Ingresso amplo,
permanência mínima
Especial
EXPEDIENTE
Suplemento Especial (páginas 5, 6, 7 e 8)
produzido por alunos e alunas do Curso de
Jornalismo da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul sob a orientação do
professor Edson Silva (MTE-MS 091) e da
professora Katarini Miguel (MTE-SP
41963).
Usuários do RU-UFMS queixam-se de longas ilas, falta de espaço e de opção de jantar
Restaurante Universitário lotado mostra a necessidade de mais espaço e conforto para os comensais
Gerson Jara/ADUFMS-Sindicato
Foi bem di ícil, já que
fui para a UFMS contando
que receberia o auxílio.
Cheguei em Campo Grande
para icar numa república e
tive que sair, já que o auxílio
não chegou. Por diversas
vezes pensei em desistir, já
que a grana icava bem
apertada
” (Matheus Souza)
Loraine Gonçalves/AF-UFMS
• Alessandra Marimon
• Guilherme Pimentel
s extensas filas, a demora no atendimento,
Ao local apertado e a falta de uma refeição
noturna são as principais reclamações de
usuários do RU (Restaurante Universitário) da
UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul) Campus de Campo Grande. Inicialmente pro-
jetado para atender 400 pessoas sentadas, o pico
diário já chega a aproximadamente 1,6 mil, entre
alunos, professores, técnicos administrativos,
funcionários e visitantes. Além disso, a promessa
de um RU noturno não foi cumprida por falta de
verbas e o projeto de ampliação do espaço não sai
do papel.
Com quase oito mil estudantes no Campus,
o restaurante não consegue atender à alta deman-
da e precisa ser urgentemente ampliado, como
aponta o estudante de Economia Renan Araújo,
22. “Já almocei às 11h, ao meio-dia e perto das
13h, e as filas estão sempre para lá do prédio do
RU, no sol e muito demoradas.” Para ele, é necessá-
ria a noção coletiva de comer e sair para não faltar
espaço.
De acordo com o pró-reitor da Preae (Pró-
Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudan-
tis), Valdir Souza Ferreira, existe projeto de ampli-
ação do RU em andamento. “Sabemos que há a
necessidade de ampliar o local e oferecer melho-
res condições. Agora estão discutindo a parte elé-
trica e hidráulica do projeto. Vamos ver as plani-
lhas e simular os valores e assim que estiverem
todas as plantas prontas, encaminhamos para a
mão da reitora para fazer a solicitação junto ao
MEC [Ministério da Educação]."
A falta de RU noturno dificulta a permanên-
cia de estudantes, principalmente aqueles que
estudam nesse perıó do. Renan conta que fica na
UFMS até às 23h e enfrenta o problema. “E difıć il
cumprir atividades complementares do meu cur-
so, participar de campeonatos e projetos de pes-
quisa, pois eu fico aqui até tarde lanchando um
salgado e isso faz com que eu gaste um dinheiro
que não tenho.”
No ano passado, os/as alunos/as do DCE
(Diretório Central das e dos Estudantes) reivindi-
caram o RU noturno, que pela previsão da Preae
começaria a funcionar ainda este ano. No entanto,
por falta de verbas do Pnaes (Plano Nacional de
Assistência Estudantil), o jantar não será mais
oferecido. “Terıá mos que investir toda a verba do
Pnaes e não seria interessante inserir essa verba
de assistência só em alimentação. Então, por
enquanto, não está garantido”, diz Valdir Ferreira.
Mas o pró-reitor lembra que o restaurante à noite
ainda está dentro das novas ações de assistência
da Preae. Ele afirma que 30% dos usuários que
almoçam no prédio jantariam no RU se a opção
estivesse disponıv́ el. Das 54 graduações ofereci-
das pela UFMS em Campo Grande, 22 têm aulas
durante a noite.
Preço atual - A Preae assegura ainda que não
haverá alterações nos custos do RU e, portanto, o
atual preço da refeição para os alunos está
garantido. Depois de reivindicações feitas pela
antiga gestão do DCE em 2013, o almoço passou
a custar R$ 2,50. Funcionários, acadêmicos de
mestrado e doutorado e visitantes pagam
R$ 7,60 por almoço.
A estudante Eva Cruz, 21, afirma que o cor-
reto seria subsidiar o valor integral e estender o
benefıć io. “Não adianta dar acesso ao acadêmico e
não dar condições mıń imas para o aluno perma-
necer. Quem vem de fora já paga um valor absurdo
de aluguel próximo à universidade e ainda tem
que gastar para se alimentar? Quem é que produz
com estômago vazio?”
Tô na UFMS!
E a sobrevivência?
Creche, já!
Creche, já!
Páginas 6 e 7
Página 8
Especial
Além da insu iciência de bolsa-permanência, a falta de moradia aumenta evasão na UFMS
6. • Caroline Carvalho
• Stefanny Veiga
As mães e os pais reclamam que a UFMS
nem ao menos oferece estrutura adequa-
da para as crianças. “A minha filha passa-
va dificuldades [de não ter creche], chorava. As
vezes ela precisava descansar, não tinha um col-
chão, um lugar adequado pra ela descansar. Mui-
tas vezes eu dei banho na minha filha na torneira
do banheiro. Muitas vezes não tinha um lugar
pra esquentar uma mamadeira. Não tinha um
lugar pra preparar uma papinha”, conta Rosele-
ne de Souza, acadêmica de História, sobre a sua
filha Vitória, hoje com sete anos, que a acompa-
nhava nas aulas de sua primeira graduação, em
Educação Fı́sica.
A creche já é realidade em instituições
públicas de ensino superior como as universida-
des federais de Santa Maria (UFSM), de Pernam-
buco (UFPE) e, em Mato Grosso do Sul, da Grande
Dourados (UFGD). A primeira a ser fundada no
Brasil foi a Creche Francesca Zacaro Faraco da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), em 1972. Fundamental para o desen-
volvimento saudável da criança, a creche seria
um ganho a toda a comunidade da UFMS. Pais e
mães poderiam ter a permanência na universi-
dade facilitada e a possibilidade de deixar os/as
filhos/as em ambiente próximo, seguro. Toda a
comunidade acadêmica seria beneficiada, aten-
dendo os cursos de Pedagogia, Psicologia, Nutri-
ção e Educação Fı́sica, entre outros. Na unidade
poderiam ser desenvolvidos projetos de pesqui-
sa, extensão e estágios.
Direitos da criança como foco principal A -
história da creche esteve muito ligada ao direito
da mulher trabalhadora, pois decorreu do
aumento de sua inserção no mercado de traba-
lho e consequente necessidade de local onde
pudesse deixar os/as seus/suas filhos/as.
Porém, a partir da Constituição Federal de 1988
e do Estatuto da Criança e do Adolescente, de
1990, a creche passou a ser vista como direito da
criança.
Segundo o artigo 3º do ECA, “a criança e o
adolescente gozam de todos os direitos funda-
mentais inerentes à pessoa humana”. Sendo
assim, a criança e o adolescente passam a ser
reconhecidos como sujeitos de direitos e não só
meros “objetos” da intervenção estatal. O artigo
12 da Convenção sobre os Direitos da Criança, da
Organização das Nações Unidas (ONU), prevê
que a criança deve ser ouvida sobre todos os
assuntos relacionados a ela, levando-se em
conta sua maturidade e capacidade para formu-
lar seus próprios juı́zos.
Para Adriana Lemoz, acadêmica de Letras e
mãe de Júlia, de três anos e quatro meses, a cre-
che deve estimular o desenvolvimento da crian-
ça. “Eu e meu ex-marido somos professores,
então a Júlia aprendeu a segurar o lápis muito
mais cedo. Notei que na escola particular eles,
infelizmente, limitaram a Júlia, sabe?! Disseram:
‘Ah, não! Lá ela não precisa segurar o lápis muito
pequena, porque ela não sabe’. Mas a gente já
tava estimulando ela em casa.”
A estudante acredita que se deve respeitar
o pró prio ritmo de aprendizado dos/as
ilhos/as. “Eu sou contra formar pequenos seres
inteligentes. Não precisa disso, entendeu? Tudo
no tempo dela, no ritmo dela. Eu mesma não
forço nada.”
Segundo a Constituição Federal, o direito à
creche é assegurado a crianças de zero a seis
anos. Porém, muitos/as estudantes, professo-
r e s / a s , f u n c i o n á r i o s / a s t é c n i c o -
administrativos/as, entre outros/as, tê m
ilhos/as acima dessa idade, necessitando de um
programa que os/as atenda. E o caso de Flávia
Paulina Rodrigues de Mazzi, acadêmica de Filo-
so ia, que muitas vezes, além de trazer So ia às
aulas, de um ano e sete meses, precisa trazer Isis,
de 11 anos. “Não tem que ser só um berçário, ela
[creche] teria que abranger as crianças até uma
faixa etária, dos 14, 15 anos, uma sala de recrea-
ção, atividades voltadas pra essas crianças”,
aponta Flávia. Nesse caso, a demanda é mais
ampla e vislumbra a necessidade da criação de
outras unidades de educação e lazer infantil vol-
tadas a esse público, e não só a creche.
As di iculdades de permanência - Muitas são
as di iculdades para pais, mães ou outros/as
responsáveis conciliarem os estudos e trabalho
com a criação das crianças. Para o professor do
curso de Filoso ia André Rocha, é impossıv́ el. Ele
só não teve problemas em continuar o trabalho
porque sua esposa Graziela dos Santos, acadêmi-
ca de Biologia, trancou o curso e assim conseguiu
se dedicar ao ilho deles, Benı́cio, de um mês e
meio. “A primeira e maior di iculdade para o estu-
dante que tem ilho e deseja continuar sua jorna-
da acadêmica é referente ao óbvio afastamento
das atividades universitárias, visto que não há
nenhuma chance de conciliação entre os estudos
e a nova vida familiar.”
Darlan de Araújo, funcionário da lanchone-
te Paraquedas, e Patrı́cia não conseguem matri-
cular a ilha de quatro meses em nenhuma cre-
che. Alegam que as unidades são muito longe ou
caras e que precisam trazê-la para a UFMS. “Tem
que trazer junto, não tem jeito! Ela ica um perı́o-
do aqui comigo. Por enquanto ela tava icando
com a minha mãe. Só que agora minha mãe tá
indo pra Rio Verde. Vai ter que achar alguém,
colocar em algum lugar. O mais perto que eu
encontrei aqui foi o ABC, só que o valor ali é
absurdo, que eles cobram ali. Cobram 700 reais
[por mês] pra cuidar de uma criança no perı́odo
de seis horas.”
Gabriela Zaleski, estudante de Jornalismo e
mãe de Isis, de 11 meses, completa que a creche é
de interesse de todos da comunidade universitá-
ria. “E um bem que não vai favorecer somente as
mães, mas toda a comunidade acadêmica, por-
que as mães vão poder continuar a trabalhar
aqui, poderão continuar a pesquisa, a ciência
aqui na universidade, concluir as suas gradua-
ções. En im, é um direito nosso e nossa luta con-
tinua!”
Direito a creche
E a prioridade absoluta? Como ica?
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 25 anos no dia 13 de julho, mas a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) ainda não reconhece os
direitos humanos fundamentais previstos na Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. No artigo 4º, a 8.069 (ECA) determina que “é dever da família, da comunidade, da
sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade”, os direitos da criança. A Instituição, por exemplo, não oferece creche. São ilhos e ilhas de
estudantes, professores, professoras, técnicos administrativos, técnicas administrativas, prestadores/as de serviços, além de outros trabalhadores e trabalhadoras que
atuam nos campi como funcionários/as de bancos, lanchonetes, entre outros, que têm seus direitos violados
Pensando nos problemas da ausência de creche na UFMS, acadêmicas estão se reunindo
para formar o Comitê Pró-Creche. Num primeiro momento, foi discutida a necessidade do
conhecimento sobre o que a legislação diz sobre o tema, acompanhada de levantamento sobre
quantas crianças na Universidade precisam de creche, exemplos de unidades federais que
tenham esse auxílio e projetos existentes já planejados na UFMS. Desse modo, foram divididas
as responsabilidades entre as interessadas. As próximas reuniões serão divulgadas na página
Creche/UFMS e Comando de Greve – Jornalismo UFMS. Todos podem participar.
Comitê Pró-Creche
Patrícia Araújo e Darlan trazem a ilha diariamente para o trabalho na Universidade por não ter onde deixá-la
Caroline CarvalhoCaroline Carvalho Arquivo de família
Graziela e André: ela trancou o Curso de Biologia para se dedicar ao ilho Benício
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Jornal
A criança e o
adolescente
gozam de todos
os direitos fundamentais
à pessoa humana
” (Artigo 3º do ECA)
Caroline Carvalho
Gabriela e a ilha Ísis: a creche ‘‘é um direito nosso e nossa luta continua!”
Especial
Ísis e So ia, ilhas de Flávia Paulina
Campo Grande (MS), agosto de 2015 Campo Grande (MS), agosto de 2015