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#23-MAR/2013
Apresentação
Mobilizar para derrotar a ofensiva repressiva e os
ataques de despejo da crise sobre as massas
A manifestação da crise de superprodução no interior da econo-
mia brasileira se intensifica. É o que observamos na destruição das
forças produtivas com o fechamento de fábricas, desemprego, e agora
o recuo e queda na economia que fechou o ano com um crescimento
de 0,9% do PIB, muito abaixo dos 4% esperados inicialmente.
As multinacionais, que controlam a economia brasileira, impõem
as diretrizes governamentais que levam o governo Dilma a reduzir
impostos (redução de IPI, recolhimento fiscal), e são fortes o sufi-
ciente para atacar os operários com redução de salários, como na GM
de São José dos Campos, layOff na Mercedes, assim como os planos
de demissão voluntária (PDV) e os bancos de horas. Ataques que
não encontraram resistência organizada dos operários diante de uma
burocracia sindical acovardada e conciliadora.
Observamos no aumento do custo de vida com o aumento das
tarifas, aumento de mais de 30% no arroz e feijão, a base da alimen-
tação brasileira, ficando muito acima da inflação oficial do país, que
fechou 2012 em 5,84%.Acrise força os Estados a atacarem com mais
violência a vida das massas e a se valerem de todo seu aparato repres-
sor (Polícia e a justiça) para conter a revolta dos oprimidos. Vimos
a repressão brutal da PM aos estudantes na UFMT que reivindicam
mais moradia estudantil, como parte das condições necessárias para o
cumprimento de um direito democrático que é a educação; ou mesmo
a denúncia do Ministério Público que acusa 72 estudantes da USP por
formação de quadrilha.
O combate à criminalização dos movimentos é a primeira tarefa a
ser cumprida por estudantes e trabalhadores, até porque a tentativa de
criminalizar os movimentos não é inédita e a tendência é servir contra
todos aqueles que se mobilizam por suas reivindicações. Essa unida-
de ampla para combater a repressão deve ser expressa nas ruas contra
os governos que atacam o direito de livre organização e manifesta-
ção, e que degradam cada vez mais a vidas das massas despejando a
crise sobre os ombros dos oprimidos.
USP: derrotar o Ministério Público paulista,
o governo Alckmin e o reitor Rodas!
O dia 5 de fevereiro marca uma mudança da situação dos
processados políticos na USP. Desde o fim da greve de 2011, os
estudantes e funcionários reprimidos pelo reitor-interventor
Rodas permaneceram isolados pelas direções do DCE (PSol/
PSTU) e Adusp (sindicato dos professores). Durante mais de
um ano, os processados encontraram apoio material e político
praticamente só no sindicato dos funcionários (Sintusp) e em
setores à esquerda da direção estudantil.
Para manter um verniz de luta sobre sua política, a direção
do DCE tem dado centralidade à campanha por “democratiza-
ção” da universidade, que se resume à defesa de diretas para
reitor, paridade nos órgãos colegiados e estatuinte, consignas
que servem à manutenção da atual estrutura de poder anti-
democrática, com alguns remendos. E tal campanha tem sido
colocada em oposição às bandeiras de luta contra a repressão.
Em 21/12/12, essa direção comemorou as suspensões de 5 e
15 dias, pois previa que a punição aos estudantes e funcioná-
rios processados seria a “eliminação” (desligamento definiti-
vo, proibindo qualquer vínculo com a universidade), interpre-
tando as suspensões como um recuo do reitor, provavelmente
esperando que a questão da repressão estivesse resolvida.
No entanto, a denúncia apresentada pelo ministério públi-
co em 05/02/13 projetou o problema externamente à univer-
sidade. A denúncia contra estudantes e funcionários da USP,
taxando-os de formadores de quadrilha, obrigou todos a se
posicionarem a respeito, embora ainda esses apoios perma-
neçam na passividade. Os meios de comunicação divulgaram
amplamente o fato. As diversas correntes e partidos políticos,
organizações, sindicatos, centrais, UNE e ANEL, todos foram
obrigados a se manifestar.
De repente, até os que combateram publicamente a ocupa-
ção (2011) e deram de ombros para a brutal repressão policial
contra os estudantes tiveram de passar à defesados processa-
dos, contra a criminalização do movimento, inclusive se colo-
cando pela legitimidade da ocupação da reitoria. Ou seja, essa
mudança da situação levou a uma forte pressão, obrigando
muitos a professarem posições em contradição com sua políti-
ca e prática no momento da desocupação da reitoria.
Abaixo o aumento das tarifas nos transportes públicos!
Comitê dos estudantes e trabalhadores contra a elevação do custo de vida!
Em diversas cidades pelo país, a juventude foi às ruas ma-
nifestar-se pela revogação do aumento das tarifas, inclusive
enfrentando a repressão policial. Destacam-se Recife (PE),
Petrolina (PE), Aracaju (SE), São José dos Campos (SP), Mauá
(SP), Piracicaba (SP), Porto Alegre (RS), Jaraguá do Sul (SC) e
Blumenau (SC). São Paulo e Rio de Janeiro tiveram o aumento
postergado para junho a pedido do governo federal, que tenta
uma manobra para contornar os altos índices inflacionários. É
claro que os capitalistas serão compensados no cálculo da nova
tarifa por estes meses sem reajuste.
Os reajustes nas tarifas dos transportes públicos, serviço
essencial que está nas mãos dos capitalistas e de seu Estado,
fazem parte de uma tendência geral da elevação do custo de
vida, que se concentra em serviços e itens básicos para a sobre-
vivência da classe operária e dos assalariados em geral. Apesar
de o índice de inflação oficial do governo federal estar na casa
dos 6,5 % nos últimos doze meses, a elevação dos preços pena-
liza com mais intensidade o proletariado.
Por quase sempre dependerem da ajuda de suas famílias
para que suas despesas sejam custeadas,os estudantes são os
primeiros a rebelar-se contra o aumento da tarifa nos trans-
portes,.organizando-se em movimentos que se utilizam da
ação direta, enfrentam a repressão da polícia ao ocuparem
as avenidas e os terminais de ônibus, rapidamente entrando
em choque direto com os governos, já não se restringindo à
simples revogação do aumento das tarifas, mas defendendo a
tradicional bandeira de passe-livre para estudantes e desem-
pregados.
A participação do conjunto da juventude é muito impor-
tante, incluindo-se aí estudantes secundaristas, universitários
e jovens trabalhadores. A propaganda e campanhas nas esco-
las, universidades e bairros são fundamentais para dar orga-
nização e ação à revolta existente na população. Sendo esta
luta a combinação de reivindicações específicas (passe-livre
estudantil) e gerais (fim dos reajustes e passe-livre para de-
sempregados) necessariamente a juventude precisa buscar a
aliança com os trabalhadores e suas organizações, através de
comitês unificados, defendendo o fim da exploração capitalista
nos transportes públicos, a redução geral do custo de vida e o
salário mínimo vital para todos os assalariados.
A direção do DCE, que resistia a citar os processos políticos
em seus materiais, divulgou nota de condenação à denúncia,
convocou uma plenária de movimentos sociais (20/02) e substi-
tuiu uma aula magna da semana de recepção aos calouros por
um ato-debate(27/02) contra a denúncia do Ministério Público
paulista.
O DCE, sob a pressão das bases na plenária dos movimen-
tos sociais, acabou convocando uma assembleia geral de es-
tudantes para 14/03. Mas acrescentou à pauta da denúncia os
pontos PIMESP e eleições para reitor. É evidente a intenção de
desfocar a luta contra as denúncias para outras questões.
A política do PSol/PSTU é a de combater as denúncias pela
via da pressão superestrutural. Ou seja, unir parlamentares,
personalidades, sindicalistas etc. em atos e debates para pres-
sionar “por cima” o poder judiciário a não aceitar a denúncia
contra estudantes e funcionários. Recusa como pode a convo-
car os estudantes da própria USP a se manifestarem nas ruas
e buscarem o apoio da população assalariada para enfrentar o
ministério público, o governo do PSDB e o reitor-interventor.
O movimento tem de avançar a mobilização e a unidade com
os demais setores atacados pela ofensiva repressiva, que não se
restringe à USP. Há uma série de propostas que têm sido encami-
nhadas pelo Fórum dos processados. Mas é essencial que se mo-
bilizem os estudantes e a assembleia geral é decisiva para isso.
Ela tem duas tarefas principais: aprovar o eixo da luta e
medidas práticas para se alcançá-lo.O eixo deve ser o da re-
tirada imediata da denúncia do MP e de todos os processos
contra estudantes e trabalhadores da USP. O governo e os capi-
talistas pretendem suprimir o direito democrático de se mobi-
lizar pelas reivindicações. Ou seja, querem abolir o direito dos
oprimidos de se levantarem contra a opressão. Está em jogo o
direito de lutarmos por nossas bandeiras com nossos próprios
métodos de luta.
Assim, a primeira medida prática de luta tem de ser uma
manifestação de rua, com paralisação de aulas. A defesa do
direito político de manifestação se faz é nas ruas. Essa será a
pressão que será sentida pelos juízes, pelo governo e pelo rei-
tor-interventor.
Processos contra estudantes da UNIFESP Guarulhos são repassados para o MPF
Fazer a defesa política do movimento estudantil!
Em 07/03/2013, foi realizada mais uma movimentação do
processo que tem por objetivo criminalizar o movimento es-
tudantil da UNIFESP Guarulhos. A denúncia com alegações
de crime de desobediência - artigo 330 do código penal – e
crimes praticados por particular contra a administração em
geral, feitas durante a desocupação da Diretoria Acadêmica
em 06 de junho de 2012, saiu do Fórum de Guarulhos para o
Ministério Público Federal (MPF). A ocupação do prédio foi
deliberação dos estudantes em assembleia geral da greve de
duração de cinco meses e que reivindicou, além de melhores
condições de estudos, o fim dos processos contra 48 estudan-
tes processados em 2008. O campus de humanidades da Uni-
versidade Federal de São Paulo tem um histórico de luta em
defesa da universidade pública desde sua criação, em 2007,
mas, também durante esses anos, a luta política foi reprimida
com a intervenção policial, uso da tropa de choque e ataques
ao movimento estudantil, a exemplo do 14 de junho. Sabe-se
que em todo o país tem crescido a criminalização dos movi-
mentos sociais, e em todos os casos, os ataques aos militantes
são também ataques às reivindicações dos movimentos. Por
isso, fazer a defesa política dos lutadores contra os proces-
sos é fazer também a defesa das reivindicações da maioria,
no caso do movimento estudantil da UNIFESP Guarulhos, as
reivindicações de construção do prédio, terreno para cons-
trução moradia estudantil, permanência do campus no Bairro
dos Pimentas, etc.
UFMT: manifestação por moradia estudantil é
reprimida pela PM
Seis estudantes foram presos e ao menos dez fi-
caram feridos no ataque da polícia militar a estudan-
tes em ato de rua contra o despejo de 50 da Casa do
Estudante Universitário (CEU), no dia 06 de março.
Dos feridos, um foi alvejado por 14 balas de borra-
cha no peito e uma moça foi atingida na mão, tendo
que passar por cirurgia devido à fratura. Segundo
dados da própria universidade, em quatro anos, o
número de inscritos no programa de assistência es-
tudantil cresceu de 7% para 50%. As moradias são
insuficientes e estão superlotadas. A reivindicação é
pela construção de mais CEUs. No dia seguinte, os
estudantes ocuparam o prédio da reitoria.
Os ataques vêm de todos os lados. A reitoria executou des-
pejo de 50 estudantes, que correm o risco de não poderem con-
tinuar com os estudos por não terem onde morar. A polícia re-
prime violentamente a manifestação estudantil que reivindica
a revogação dos despejos e mais moradia. E o governo federal,
com sua política elitista, privatista e excludente, desmantela
a educação pública em benefício do ensino privado, que cres-
ceu vertiginosamente. O ano de 2012 foi marcado pela greve
nacional das universidades federais contra o Reuni, programa
de restruturação universitária implementado com o objetivo
de aumentar o número de ingressantes no ensino superior fe-
deral, mas sem as condições mínimas de ensino e trabalho. A
luta por moradia estudantil é parte da luta pelo cumprimento
de uma tarefa democrática pendente, que é a garantia de que
todos possam estudar.
Todo apoio à luta dos estudantes da UFMT!Todo apoio
à ocupação da reitoria! Fim da repressão ao movimento! Por
moradia a todos! Nenhuma vaga a menos!
Luta dos estudantes da UFCG garante continuidade do
RU gratuito e universal
No dia 07 de março, o Comando Local de Mobilização Es-
tudantil (CLME) da UFCG convocou um ato na reabertura do
RU, que estava fechado desde o fim do ano, por conta do atra-
so nas reformas. Além da denúncia do atraso, os estudantes es-
tavam determinados a não deixar o cadastramento excludente
promovido pela reitoria ser colocado em prática. Por meio da
ação direta, passamos por cima da restrição, entramos e come-
mos. Fizemos uma transmissão da rádio sem catracas, amplifi-
cando as reivindicações de retomada imediata da alimentação,
RU universal, gratuito, desprivatizado e sob o controle da co-
munidade universitária, com maioria estudantil.
Na sequência, o pró-reitor de Assuntos Comunitários con-
vocou o CLME para uma reunião e ao final concordou com
o fim do cadastro restritivo que deve ser substituído apenas
pelo controle do uso do RU por parte da Comunidade Estu-
dantil. Insistimos que não aceitaremos a perspectiva assisten-
cialista, focalizada, mas que queremos a alimentação como
direito universal. Por incompetência administrativa, em 2012,
o RU funcionou sem nenhum controle, e não faltou comida,
comprovando-se que é possível funcionar de forma universal.
A tentativa de restrição da reitoria está sendo derrubada com
luta. Na próxima semana, haverá uma reunião com o pró-rei-
tor, reitor e CLME (que inclui DCE, CAs, Corrente Proletária
Estudantil e estudantes independentes). A pauta irá além do
RU, pois tratará de todas as reivindicações protocoladas pelo
CLME, resultantes das assembleias estudantis ocorridas ao
longo da greve de 2012. A pauta traz as reivindicações nacio-
nais de estatização do sistema privado de ensino; sistema único
público, gratuito, laico, científico e universal; fim do vestibular;
combinadas com as reivindicações locais de melhor estrutura,
garantia de acesso e permanência, não à EBSERH etc.
A direção do DCE (PCR) não acatou de imediato o cha-
mado do CLME, o que contribuiu para retardar o avanço da
luta. Agora, ainda que parcialmente, voltou a participar das
atividades do comando e contribuir para que ocorressem. A
ANEL não tem aparecido nas lutas, nem respondido às convo-
catórias. Afunda-se no sectarismo, com o pretexto de não fazer
nada junto com o DCE, promovendo assim a passividade. Só
atuou mesmo na campanha para reitor.
A manutenção da mobilização e a confiança em nossas pró-
prias forças são fundamentais para fazer valer o RU gratuito e
universal e avançarmos nestas conquistas.Que seja convocada
uma assembleia estudantil para avaliar e planejar as próximas
lutas!
No dia seguinte à repressão, os estudantes fizeram uma grande
passeata e ocuparam a reitoria
Os professores da UEPB decretaram greve no dia 26/02. So-
maram-se aos técnico-administrativos, em greve desde o dia
20. O novo reitor é Rangel Jr., continuidade de Marlene Alves,
ambos do PCdoB. Este partido faz parte governo do PSDB em
Campina Grande.
O DCE é dirigido pelo PCdoB. Como aliados da administra-
ção, o DCE está contra a greve. Faz coro com o reitor e governo,
afirmando que os problemas da universidade não são de caráter
salarial. O DCE critica a categoria docente porque os professores
não estão se mobilizando em defesa dos interesses estudantis.
Critica o corporativismo dos docentes, mas ao se opor à greve e
se restringir à assistência, também age de forma corporativa.
Sabemos que as direções sindicais são limitadas. Suas lutas
surgem por interesses econômicos (melhores salários e con-
dições de trabalho). No caso dos professores é mais evidente,
porque a categoria tende a ter postura conservadora em rela-
ção aos métodos e as bandeiras de luta. Ainda assim devemos
intervir junto a eles para unificar o movimento. Essa tarefa
cabe aos estudantes, por serem a categoria potencialmente
mais progressista e combativa da universidade. Posicionar-se
contra a greve, neste momento, significa se alinhar com o go-
vernador, que precariza a universidade, com a reitoria e ainda
com o governo federal que promove as leis antigreve e reprime
os trabalhadores que se levantam em luta. Que o DCE rompa
com a reitoria e o governo, abandone a política conciliadora e
se coloque no caminho da luta!
O Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG) da
União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado em São Pau-
lo, entre os dias 8 e 11 de março, foi marcado pela morte do
caudilho venezuelano Hugo Chávez. Quase todas as correntes
políticas presentes prestaram sua homenagem e representan-
tes do governo daquele país estiveram presentes na mesa de
debates final. Não por acaso, visto que os partidos com maior
expressão no interior da entidade são variantes ou do estalinis-
mo, do nacionalismo burguês ou do reformismo pequeno-bur-
guês, que tomam a “Revolução Bolivariana” de Chávez como
referência.
A Corrente Proletária Estudantil compareceu com um ma-
nifesto contendo nossa posição acerca do fato e foi hostilizada
por vários militantes dessas correntes, demonstrando que o
estalinismo não se livrou do culto à personalidade, deforma-
ção contrarrevolucionária que remonta aos anos sombrios da
ditadura estalinista.
Nosso documento político aponta o quanto a direita rea-
cionária e o imperialismo tentam se aproveitar da situação,
ao mesmo tempo em que não conseguem se impor, tamanha
a capacidade do nacionalismo burguês de arrastar as massas
oprimidas. Porém, aponta também que a retórica anti-impe-
rialista do chavismo serviu para ocultar a preservação dos in-
teresses do capital. “O que projetou a política de Hugo Chávez foi
precisamente o fato de ter arregimentado os pobres e os oprimidos, ter
derrotado a oposição oligárquica pró-imperialista em inúmeras eleições,
mantido as instituições burguesas parlamentares, modificado em termos
as relações do Estado com a burguesia, tomado medidas de soberania na-
cional e impulsionado a recuperação do velho “terceiro-mundismo” dos
não-alinhados.” Como perspectiva, o texto indica as dificuldades
do novo governo (provavelmente Nicolás Maduro) frente ao
avanço da crise econômica sobre o país. E termina afirmando
a necessidade dos explorados venezuelanos se emanciparem
da herança do caudilho Chávez e conquistar a independência
político-programática para livrar a semicolônia da opressão
imperialista. Para isso, coloca a necessidade da revolução e
ditadura proletárias. Como se vê, os insultos por parte princi-
palmente dos estalinistas do PCR e PCdoB se devem ao fato de
terem identificado, nas colocações sobre Chávez, críticas à sua
política seguidista da burguesia.
O encontro, que reuniu dezenas de DCEs, federações e exe-
cutivas de cursos, tinha como tarefa prática maior preparar o
Conune (Congresso da UNE), que é sua instância máxima de
decisão. Há tempos esse fórum vem acontecendo em julho, pe-
ríodo de férias para grande parte dos estudantes universitários
e para quando já se havia indicada a realização da edição desse
ano. Adireção majoritária (PCdoB / PPL / PT), no entanto, pres-
sionada pela realização da Copa das Confederações, optou por
mudar a proposta de calendário inicial e adiantar o congresso
para o final de maio e começo de junho. Mais uma vez pode-
mos prever um Conune burocratizado, com escassa discussão
na base e eleições de delegados feitas às pressas. Vale lembrar
que o período em que ocorrerá o fórum coincide com um mo-
mento decisivo no semestre letivo para uma enorme parcela de
estudantes. Submeter o calendário político da maior entidade
estudantil nacional a um evento esportivo, determinado pela
arquicorrupta FIFA, é um equívoco enorme.
Do ponto de vista das resoluções políticas aprovadas, nada
de novo em relação ao CONEB (Conselho Nacional de Enti-
dades de Base), realizado há poucas semanas. Prevaleceram
as bandeiras reformistas de regulamentação da mídia, reforma
política, maior investimento para a Educação, dentre outras.
Vale ainda uma referência especial à aprovação de moções
de repúdio ao ataque da PM aos estudantes da UFMT (Mato
Grosso), ao PIMESP (programa de cotas do governo do estado
de São Paulo), além da importante moção contra a denúncia
do Ministério Público (MP) paulista aos estudantes e traba-
lhadores da USP. Quanto a esse ponto, cabe agora pressionar
a direção da entidade para que supere o apoio em palavras
e mobilize suas bases pelo país afora numa ampla campanha
pela derrota do MP, do governo de Alckmin e do reitor/inter-
ventor Rodas.
LUGAR DE ESTUDANTE É NA LUTA!
Em apoio à greve dos docentes e funcionários da
UEPB! Contra a conciliação com a reitoria e governo!
61º CONEG da UNE
Edição é marcada pela morte de Chavez e por
calendário para a realização do Conune submetido à
Copa das Confederações

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Boletim março 2013

  • 1. #23-MAR/2013 Apresentação Mobilizar para derrotar a ofensiva repressiva e os ataques de despejo da crise sobre as massas A manifestação da crise de superprodução no interior da econo- mia brasileira se intensifica. É o que observamos na destruição das forças produtivas com o fechamento de fábricas, desemprego, e agora o recuo e queda na economia que fechou o ano com um crescimento de 0,9% do PIB, muito abaixo dos 4% esperados inicialmente. As multinacionais, que controlam a economia brasileira, impõem as diretrizes governamentais que levam o governo Dilma a reduzir impostos (redução de IPI, recolhimento fiscal), e são fortes o sufi- ciente para atacar os operários com redução de salários, como na GM de São José dos Campos, layOff na Mercedes, assim como os planos de demissão voluntária (PDV) e os bancos de horas. Ataques que não encontraram resistência organizada dos operários diante de uma burocracia sindical acovardada e conciliadora. Observamos no aumento do custo de vida com o aumento das tarifas, aumento de mais de 30% no arroz e feijão, a base da alimen- tação brasileira, ficando muito acima da inflação oficial do país, que fechou 2012 em 5,84%.Acrise força os Estados a atacarem com mais violência a vida das massas e a se valerem de todo seu aparato repres- sor (Polícia e a justiça) para conter a revolta dos oprimidos. Vimos a repressão brutal da PM aos estudantes na UFMT que reivindicam mais moradia estudantil, como parte das condições necessárias para o cumprimento de um direito democrático que é a educação; ou mesmo a denúncia do Ministério Público que acusa 72 estudantes da USP por formação de quadrilha. O combate à criminalização dos movimentos é a primeira tarefa a ser cumprida por estudantes e trabalhadores, até porque a tentativa de criminalizar os movimentos não é inédita e a tendência é servir contra todos aqueles que se mobilizam por suas reivindicações. Essa unida- de ampla para combater a repressão deve ser expressa nas ruas contra os governos que atacam o direito de livre organização e manifesta- ção, e que degradam cada vez mais a vidas das massas despejando a crise sobre os ombros dos oprimidos. USP: derrotar o Ministério Público paulista, o governo Alckmin e o reitor Rodas! O dia 5 de fevereiro marca uma mudança da situação dos processados políticos na USP. Desde o fim da greve de 2011, os estudantes e funcionários reprimidos pelo reitor-interventor Rodas permaneceram isolados pelas direções do DCE (PSol/ PSTU) e Adusp (sindicato dos professores). Durante mais de um ano, os processados encontraram apoio material e político praticamente só no sindicato dos funcionários (Sintusp) e em setores à esquerda da direção estudantil. Para manter um verniz de luta sobre sua política, a direção do DCE tem dado centralidade à campanha por “democratiza- ção” da universidade, que se resume à defesa de diretas para reitor, paridade nos órgãos colegiados e estatuinte, consignas que servem à manutenção da atual estrutura de poder anti- democrática, com alguns remendos. E tal campanha tem sido colocada em oposição às bandeiras de luta contra a repressão. Em 21/12/12, essa direção comemorou as suspensões de 5 e 15 dias, pois previa que a punição aos estudantes e funcioná- rios processados seria a “eliminação” (desligamento definiti- vo, proibindo qualquer vínculo com a universidade), interpre- tando as suspensões como um recuo do reitor, provavelmente esperando que a questão da repressão estivesse resolvida. No entanto, a denúncia apresentada pelo ministério públi- co em 05/02/13 projetou o problema externamente à univer- sidade. A denúncia contra estudantes e funcionários da USP, taxando-os de formadores de quadrilha, obrigou todos a se posicionarem a respeito, embora ainda esses apoios perma- neçam na passividade. Os meios de comunicação divulgaram amplamente o fato. As diversas correntes e partidos políticos, organizações, sindicatos, centrais, UNE e ANEL, todos foram obrigados a se manifestar. De repente, até os que combateram publicamente a ocupa- ção (2011) e deram de ombros para a brutal repressão policial contra os estudantes tiveram de passar à defesados processa- dos, contra a criminalização do movimento, inclusive se colo- cando pela legitimidade da ocupação da reitoria. Ou seja, essa mudança da situação levou a uma forte pressão, obrigando muitos a professarem posições em contradição com sua políti- ca e prática no momento da desocupação da reitoria.
  • 2. Abaixo o aumento das tarifas nos transportes públicos! Comitê dos estudantes e trabalhadores contra a elevação do custo de vida! Em diversas cidades pelo país, a juventude foi às ruas ma- nifestar-se pela revogação do aumento das tarifas, inclusive enfrentando a repressão policial. Destacam-se Recife (PE), Petrolina (PE), Aracaju (SE), São José dos Campos (SP), Mauá (SP), Piracicaba (SP), Porto Alegre (RS), Jaraguá do Sul (SC) e Blumenau (SC). São Paulo e Rio de Janeiro tiveram o aumento postergado para junho a pedido do governo federal, que tenta uma manobra para contornar os altos índices inflacionários. É claro que os capitalistas serão compensados no cálculo da nova tarifa por estes meses sem reajuste. Os reajustes nas tarifas dos transportes públicos, serviço essencial que está nas mãos dos capitalistas e de seu Estado, fazem parte de uma tendência geral da elevação do custo de vida, que se concentra em serviços e itens básicos para a sobre- vivência da classe operária e dos assalariados em geral. Apesar de o índice de inflação oficial do governo federal estar na casa dos 6,5 % nos últimos doze meses, a elevação dos preços pena- liza com mais intensidade o proletariado. Por quase sempre dependerem da ajuda de suas famílias para que suas despesas sejam custeadas,os estudantes são os primeiros a rebelar-se contra o aumento da tarifa nos trans- portes,.organizando-se em movimentos que se utilizam da ação direta, enfrentam a repressão da polícia ao ocuparem as avenidas e os terminais de ônibus, rapidamente entrando em choque direto com os governos, já não se restringindo à simples revogação do aumento das tarifas, mas defendendo a tradicional bandeira de passe-livre para estudantes e desem- pregados. A participação do conjunto da juventude é muito impor- tante, incluindo-se aí estudantes secundaristas, universitários e jovens trabalhadores. A propaganda e campanhas nas esco- las, universidades e bairros são fundamentais para dar orga- nização e ação à revolta existente na população. Sendo esta luta a combinação de reivindicações específicas (passe-livre estudantil) e gerais (fim dos reajustes e passe-livre para de- sempregados) necessariamente a juventude precisa buscar a aliança com os trabalhadores e suas organizações, através de comitês unificados, defendendo o fim da exploração capitalista nos transportes públicos, a redução geral do custo de vida e o salário mínimo vital para todos os assalariados. A direção do DCE, que resistia a citar os processos políticos em seus materiais, divulgou nota de condenação à denúncia, convocou uma plenária de movimentos sociais (20/02) e substi- tuiu uma aula magna da semana de recepção aos calouros por um ato-debate(27/02) contra a denúncia do Ministério Público paulista. O DCE, sob a pressão das bases na plenária dos movimen- tos sociais, acabou convocando uma assembleia geral de es- tudantes para 14/03. Mas acrescentou à pauta da denúncia os pontos PIMESP e eleições para reitor. É evidente a intenção de desfocar a luta contra as denúncias para outras questões. A política do PSol/PSTU é a de combater as denúncias pela via da pressão superestrutural. Ou seja, unir parlamentares, personalidades, sindicalistas etc. em atos e debates para pres- sionar “por cima” o poder judiciário a não aceitar a denúncia contra estudantes e funcionários. Recusa como pode a convo- car os estudantes da própria USP a se manifestarem nas ruas e buscarem o apoio da população assalariada para enfrentar o ministério público, o governo do PSDB e o reitor-interventor. O movimento tem de avançar a mobilização e a unidade com os demais setores atacados pela ofensiva repressiva, que não se restringe à USP. Há uma série de propostas que têm sido encami- nhadas pelo Fórum dos processados. Mas é essencial que se mo- bilizem os estudantes e a assembleia geral é decisiva para isso. Ela tem duas tarefas principais: aprovar o eixo da luta e medidas práticas para se alcançá-lo.O eixo deve ser o da re- tirada imediata da denúncia do MP e de todos os processos contra estudantes e trabalhadores da USP. O governo e os capi- talistas pretendem suprimir o direito democrático de se mobi- lizar pelas reivindicações. Ou seja, querem abolir o direito dos oprimidos de se levantarem contra a opressão. Está em jogo o direito de lutarmos por nossas bandeiras com nossos próprios métodos de luta. Assim, a primeira medida prática de luta tem de ser uma manifestação de rua, com paralisação de aulas. A defesa do direito político de manifestação se faz é nas ruas. Essa será a pressão que será sentida pelos juízes, pelo governo e pelo rei- tor-interventor. Processos contra estudantes da UNIFESP Guarulhos são repassados para o MPF Fazer a defesa política do movimento estudantil! Em 07/03/2013, foi realizada mais uma movimentação do processo que tem por objetivo criminalizar o movimento es- tudantil da UNIFESP Guarulhos. A denúncia com alegações de crime de desobediência - artigo 330 do código penal – e crimes praticados por particular contra a administração em geral, feitas durante a desocupação da Diretoria Acadêmica em 06 de junho de 2012, saiu do Fórum de Guarulhos para o Ministério Público Federal (MPF). A ocupação do prédio foi deliberação dos estudantes em assembleia geral da greve de duração de cinco meses e que reivindicou, além de melhores condições de estudos, o fim dos processos contra 48 estudan- tes processados em 2008. O campus de humanidades da Uni- versidade Federal de São Paulo tem um histórico de luta em defesa da universidade pública desde sua criação, em 2007, mas, também durante esses anos, a luta política foi reprimida com a intervenção policial, uso da tropa de choque e ataques ao movimento estudantil, a exemplo do 14 de junho. Sabe-se que em todo o país tem crescido a criminalização dos movi- mentos sociais, e em todos os casos, os ataques aos militantes são também ataques às reivindicações dos movimentos. Por isso, fazer a defesa política dos lutadores contra os proces- sos é fazer também a defesa das reivindicações da maioria, no caso do movimento estudantil da UNIFESP Guarulhos, as reivindicações de construção do prédio, terreno para cons- trução moradia estudantil, permanência do campus no Bairro dos Pimentas, etc.
  • 3. UFMT: manifestação por moradia estudantil é reprimida pela PM Seis estudantes foram presos e ao menos dez fi- caram feridos no ataque da polícia militar a estudan- tes em ato de rua contra o despejo de 50 da Casa do Estudante Universitário (CEU), no dia 06 de março. Dos feridos, um foi alvejado por 14 balas de borra- cha no peito e uma moça foi atingida na mão, tendo que passar por cirurgia devido à fratura. Segundo dados da própria universidade, em quatro anos, o número de inscritos no programa de assistência es- tudantil cresceu de 7% para 50%. As moradias são insuficientes e estão superlotadas. A reivindicação é pela construção de mais CEUs. No dia seguinte, os estudantes ocuparam o prédio da reitoria. Os ataques vêm de todos os lados. A reitoria executou des- pejo de 50 estudantes, que correm o risco de não poderem con- tinuar com os estudos por não terem onde morar. A polícia re- prime violentamente a manifestação estudantil que reivindica a revogação dos despejos e mais moradia. E o governo federal, com sua política elitista, privatista e excludente, desmantela a educação pública em benefício do ensino privado, que cres- ceu vertiginosamente. O ano de 2012 foi marcado pela greve nacional das universidades federais contra o Reuni, programa de restruturação universitária implementado com o objetivo de aumentar o número de ingressantes no ensino superior fe- deral, mas sem as condições mínimas de ensino e trabalho. A luta por moradia estudantil é parte da luta pelo cumprimento de uma tarefa democrática pendente, que é a garantia de que todos possam estudar. Todo apoio à luta dos estudantes da UFMT!Todo apoio à ocupação da reitoria! Fim da repressão ao movimento! Por moradia a todos! Nenhuma vaga a menos! Luta dos estudantes da UFCG garante continuidade do RU gratuito e universal No dia 07 de março, o Comando Local de Mobilização Es- tudantil (CLME) da UFCG convocou um ato na reabertura do RU, que estava fechado desde o fim do ano, por conta do atra- so nas reformas. Além da denúncia do atraso, os estudantes es- tavam determinados a não deixar o cadastramento excludente promovido pela reitoria ser colocado em prática. Por meio da ação direta, passamos por cima da restrição, entramos e come- mos. Fizemos uma transmissão da rádio sem catracas, amplifi- cando as reivindicações de retomada imediata da alimentação, RU universal, gratuito, desprivatizado e sob o controle da co- munidade universitária, com maioria estudantil. Na sequência, o pró-reitor de Assuntos Comunitários con- vocou o CLME para uma reunião e ao final concordou com o fim do cadastro restritivo que deve ser substituído apenas pelo controle do uso do RU por parte da Comunidade Estu- dantil. Insistimos que não aceitaremos a perspectiva assisten- cialista, focalizada, mas que queremos a alimentação como direito universal. Por incompetência administrativa, em 2012, o RU funcionou sem nenhum controle, e não faltou comida, comprovando-se que é possível funcionar de forma universal. A tentativa de restrição da reitoria está sendo derrubada com luta. Na próxima semana, haverá uma reunião com o pró-rei- tor, reitor e CLME (que inclui DCE, CAs, Corrente Proletária Estudantil e estudantes independentes). A pauta irá além do RU, pois tratará de todas as reivindicações protocoladas pelo CLME, resultantes das assembleias estudantis ocorridas ao longo da greve de 2012. A pauta traz as reivindicações nacio- nais de estatização do sistema privado de ensino; sistema único público, gratuito, laico, científico e universal; fim do vestibular; combinadas com as reivindicações locais de melhor estrutura, garantia de acesso e permanência, não à EBSERH etc. A direção do DCE (PCR) não acatou de imediato o cha- mado do CLME, o que contribuiu para retardar o avanço da luta. Agora, ainda que parcialmente, voltou a participar das atividades do comando e contribuir para que ocorressem. A ANEL não tem aparecido nas lutas, nem respondido às convo- catórias. Afunda-se no sectarismo, com o pretexto de não fazer nada junto com o DCE, promovendo assim a passividade. Só atuou mesmo na campanha para reitor. A manutenção da mobilização e a confiança em nossas pró- prias forças são fundamentais para fazer valer o RU gratuito e universal e avançarmos nestas conquistas.Que seja convocada uma assembleia estudantil para avaliar e planejar as próximas lutas! No dia seguinte à repressão, os estudantes fizeram uma grande passeata e ocuparam a reitoria
  • 4. Os professores da UEPB decretaram greve no dia 26/02. So- maram-se aos técnico-administrativos, em greve desde o dia 20. O novo reitor é Rangel Jr., continuidade de Marlene Alves, ambos do PCdoB. Este partido faz parte governo do PSDB em Campina Grande. O DCE é dirigido pelo PCdoB. Como aliados da administra- ção, o DCE está contra a greve. Faz coro com o reitor e governo, afirmando que os problemas da universidade não são de caráter salarial. O DCE critica a categoria docente porque os professores não estão se mobilizando em defesa dos interesses estudantis. Critica o corporativismo dos docentes, mas ao se opor à greve e se restringir à assistência, também age de forma corporativa. Sabemos que as direções sindicais são limitadas. Suas lutas surgem por interesses econômicos (melhores salários e con- dições de trabalho). No caso dos professores é mais evidente, porque a categoria tende a ter postura conservadora em rela- ção aos métodos e as bandeiras de luta. Ainda assim devemos intervir junto a eles para unificar o movimento. Essa tarefa cabe aos estudantes, por serem a categoria potencialmente mais progressista e combativa da universidade. Posicionar-se contra a greve, neste momento, significa se alinhar com o go- vernador, que precariza a universidade, com a reitoria e ainda com o governo federal que promove as leis antigreve e reprime os trabalhadores que se levantam em luta. Que o DCE rompa com a reitoria e o governo, abandone a política conciliadora e se coloque no caminho da luta! O Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG) da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado em São Pau- lo, entre os dias 8 e 11 de março, foi marcado pela morte do caudilho venezuelano Hugo Chávez. Quase todas as correntes políticas presentes prestaram sua homenagem e representan- tes do governo daquele país estiveram presentes na mesa de debates final. Não por acaso, visto que os partidos com maior expressão no interior da entidade são variantes ou do estalinis- mo, do nacionalismo burguês ou do reformismo pequeno-bur- guês, que tomam a “Revolução Bolivariana” de Chávez como referência. A Corrente Proletária Estudantil compareceu com um ma- nifesto contendo nossa posição acerca do fato e foi hostilizada por vários militantes dessas correntes, demonstrando que o estalinismo não se livrou do culto à personalidade, deforma- ção contrarrevolucionária que remonta aos anos sombrios da ditadura estalinista. Nosso documento político aponta o quanto a direita rea- cionária e o imperialismo tentam se aproveitar da situação, ao mesmo tempo em que não conseguem se impor, tamanha a capacidade do nacionalismo burguês de arrastar as massas oprimidas. Porém, aponta também que a retórica anti-impe- rialista do chavismo serviu para ocultar a preservação dos in- teresses do capital. “O que projetou a política de Hugo Chávez foi precisamente o fato de ter arregimentado os pobres e os oprimidos, ter derrotado a oposição oligárquica pró-imperialista em inúmeras eleições, mantido as instituições burguesas parlamentares, modificado em termos as relações do Estado com a burguesia, tomado medidas de soberania na- cional e impulsionado a recuperação do velho “terceiro-mundismo” dos não-alinhados.” Como perspectiva, o texto indica as dificuldades do novo governo (provavelmente Nicolás Maduro) frente ao avanço da crise econômica sobre o país. E termina afirmando a necessidade dos explorados venezuelanos se emanciparem da herança do caudilho Chávez e conquistar a independência político-programática para livrar a semicolônia da opressão imperialista. Para isso, coloca a necessidade da revolução e ditadura proletárias. Como se vê, os insultos por parte princi- palmente dos estalinistas do PCR e PCdoB se devem ao fato de terem identificado, nas colocações sobre Chávez, críticas à sua política seguidista da burguesia. O encontro, que reuniu dezenas de DCEs, federações e exe- cutivas de cursos, tinha como tarefa prática maior preparar o Conune (Congresso da UNE), que é sua instância máxima de decisão. Há tempos esse fórum vem acontecendo em julho, pe- ríodo de férias para grande parte dos estudantes universitários e para quando já se havia indicada a realização da edição desse ano. Adireção majoritária (PCdoB / PPL / PT), no entanto, pres- sionada pela realização da Copa das Confederações, optou por mudar a proposta de calendário inicial e adiantar o congresso para o final de maio e começo de junho. Mais uma vez pode- mos prever um Conune burocratizado, com escassa discussão na base e eleições de delegados feitas às pressas. Vale lembrar que o período em que ocorrerá o fórum coincide com um mo- mento decisivo no semestre letivo para uma enorme parcela de estudantes. Submeter o calendário político da maior entidade estudantil nacional a um evento esportivo, determinado pela arquicorrupta FIFA, é um equívoco enorme. Do ponto de vista das resoluções políticas aprovadas, nada de novo em relação ao CONEB (Conselho Nacional de Enti- dades de Base), realizado há poucas semanas. Prevaleceram as bandeiras reformistas de regulamentação da mídia, reforma política, maior investimento para a Educação, dentre outras. Vale ainda uma referência especial à aprovação de moções de repúdio ao ataque da PM aos estudantes da UFMT (Mato Grosso), ao PIMESP (programa de cotas do governo do estado de São Paulo), além da importante moção contra a denúncia do Ministério Público (MP) paulista aos estudantes e traba- lhadores da USP. Quanto a esse ponto, cabe agora pressionar a direção da entidade para que supere o apoio em palavras e mobilize suas bases pelo país afora numa ampla campanha pela derrota do MP, do governo de Alckmin e do reitor/inter- ventor Rodas. LUGAR DE ESTUDANTE É NA LUTA! Em apoio à greve dos docentes e funcionários da UEPB! Contra a conciliação com a reitoria e governo! 61º CONEG da UNE Edição é marcada pela morte de Chavez e por calendário para a realização do Conune submetido à Copa das Confederações