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Análise dos resultados
Características do ambiente escolar
e entorno
A estrutura física da escola, seus espaços e equipamentos,
possuem grande importância no cumprimento de suas funções sociais.
Segundo Santos, “a função está diretamente relacionada com sua forma;
portanto, a função é a atividade elementar de que a forma se reveste”
(SANTOS, 1985, p. 51).
Desse modo, os lugares na escola, além de sua importância como
palco para a prática pedagógica de ensino, estão dotados de significados
e transmitem uma importante quantidade de estímulos, conteúdos e
valores que a criança internaliza e aprende (ESCOLANO, 1998, p. 27).
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, com o
objetivo de caracterizar o ambiente escolar e o espaço onde está inserida
a escola que abriga os alunos do 9º ano do ensino fundamental, objeto da
pesquisa, aplicou um questionário para investigar questões relacionadas à
estrutura da escola, dimensão, espaços, equipamentos, práticas, políticas e
situações do entorno, e cujas informações pudessem ajudar a caracterizar
a situação de exposição a fatores de risco e proteção dos escolares.
Dentre as várias questões existentes, algumas foram selecionadas
e serão apresentadas considerando o número de 3 153 314 escolares
estimados. Vale ressaltar que as características levantadas se referem a
uma amostra representativa do conjunto de escolas do Brasil que possuem
15 ou mais alunos matriculados no 9º ano do ensino fundamental em
turmas regulares diurnas.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Estrutura de informação e comunicação
No Brasil, a biblioteca é um recurso disponível para 86,7% dos escolares do 9º
ano do ensino fundamental, não sendo observadas diferenças significativas quanto à
dependência administrativa da escola, com 86,0% para os estudantes da rede pública
e 89,9% para os da rede privada. Essas proporções apresentaram variação entre as
Grandes Regiões, indo da menor, 78,7% na Região Centro-Oeste, para os alunos da
rede pública, e alcançando 100% para os alunos da rede privada na Região Sul. Nos
Municípios das Capitais, a proporção de alunos com esse recurso disponível foi menor
em Cuiabá (86,4%) e Belém (86,7%), atingindo 100% em Boa Vista, Fortaleza, Vitória,
Curitiba e Florianópolis (Tabela 1.1.1).
As escolas oferecem sala ou laboratório de informática para uso de 88,9% dos
alunos, não sendo significativamente diferente para os alunos nas escolas públicas
(88,3%) ou privadas (85,3%). Esse recurso é oferecido a uma proporção maior de alunos
na Região Sul (92,8%) e menor na Região Norte (80,2%). A existência de sala com
recursos de mídia/comunicação atinge a 59,5% dos escolares, sendo mais frequente para
os alunos da rede privada (86,6%) do que para os da rede pública (53,9%). O acesso à
Internet, com equipamentos da escola, é facultado a 84,2% dos escolares, apresentando
maior proporção na Região Sul (98,1%) e menor, na Região Norte (78,1%). O acesso a
computadores da escola, pelos alunos, na sala de aula, atinge a 21,3% dos escolares,
sendo mais frequente para os alunos das escolas privadas (39,4%) do que para os das
escolas públicas (17,6%), e maior, também, para os escolares da Região Centro-Oeste
(31,7%) e menor para os da Região Sul (9,6%) (Tabelas 1.1.2,1.1.3,1.1.4 e 1.1.5).
Alimentos comercializados
Procurando disciplinar a venda de alimentos nas cantinas localizadas dentro das
escolas, tanto públicas quanto particulares, alguns governos estaduais, municipais e
distritais regulamentaram, via leis ou portarias, a venda de produtos considerados não
adequados para o consumo, sobretudo diminuindo o acesso à alimentação inadequada
e favorecendo escolhas alimentares mais saudáveis, buscando proteger, assim, a saúde
dos estudantes.
O governo federal, através da Portaria Interministerial nº 1.010, de 8 de maio de
2006, instituiu as diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas escolas de
educação infantil, fundamental e nível médio das redes pública e privada, em âmbito
nacional. Esta Portaria, no Art. 3º, inciso IV, define, como um dos eixos para a promoção
da alimentação saudável, a restrição ao comércio e à promoção comercial, no ambiente
escolar, de alimentos e preparações com altos teores de gordura saturada, gordura trans,
açúcar livre e sal e incentivo ao consumo de frutas, legumes e verduras (BRASIL, 2006).
A PeNSE 2012 levantou a presença de cantina e de pontos alternativos de venda
de alimentos nas escolas e o tipo de alimento vendido. Cerca de metade dos escolares
(48,9%) estudavam em escolas com cantina e 42,8%, em escolas com ponto alternativo
de venda no interior destas ou em sua entrada. A presença de cantinas foi muito maior
para os estudantes das escolas privadas (94,8%) do que para os estudantes da rede
pública (39,4%), porém, para o ponto alternativo de venda, essas proporções não
apresentaram diferenças significativas na mesma magnitude: 44,8% para os alunos da
rede pública e 33,3% para os da rede privada.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
A oferta de bebidas e alimentos na cantina é apresentada de acordo com
o percentual de escolares expostos a essas opções de consumo. Dentre os itens
perguntados, destacaram-se como os que estão disponíveis, nas cantinas, para um
maior número de escolares: os salgados de forno (39,4%), o suco ou refresco natural de
frutas (34,1%) e as guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes e outros)
(32,0%). Frutas frescas ou salada de frutas foram os itens de alimentos disponibilizados
para a menor proporção de escolares, na cantina (11,1%).
O comportamento da exposição a esses itens por esfera administrativa é
apresentado no Gráfico 1, onde pode ser observado que uma maior proporção de
alunos das escolas da rede privada está exposta ao consumo de alimentos na cantina,
sendo que, quanto ao tipo de alimento disponibilizado em maior ou menor frequência,
se assemelham entre si e acompanham o resultado geral para o País.
Da oferta de bebidas e alimentos no ponto alternativo de venda, de acordo com o
percentual de escolares expostos, destacaram-se, dentre os itens perguntados, como os
que estão mais disponíveis: as guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes
e outros) (33,2%), os salgados fritos (29,6%) e os salgadinhos industrializados (29,1%),
todos considerados como alimentos não saudáveis.
A exposição ao consumo, pelos escolares, de bebidas e alimentos no ponto
alternativo de venda, por esfera administrativa, é apresentada no Gráfico 2, onde pode
ser observado que, em vários itens, uma proporção maior de alunos das escolas da rede
pública está exposta ao consumo de alimentos nesse ponto alternativo, com destaque para
as guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes e outros) (34,9%), os salgados
fritos (31,4%) e os salgadinhos industrializados (30,9%). Em relação, porém, a algumas
bebidas e alimentos considerados mais saudáveis, a disponibilidade nos pontos alternativos
é similar entre os escolares da rede privada e os da rede pública, respectivamente, como:
sucos e refresco de fruta natural (15,8% e 15,0%) e leite ou bebidas à base de leite
(9,2% e 8,7%). As frutas frescas figuram como o item menos disponibilizado, tanto na
rede privada quanto na pública (aproximadamente 3,0% em ambas).
Gráfico 1 - Proporção de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,
por dependência administrativa da escola, segundo as opções de bebidas
e produtos alimentícios vendidos na cantina - Brasil 2012
Privada Pública
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
52,7
77,1
59,0
52,4
51,5
89,8
54,8
54,5
69,6
60,3
37,3
20,3
25,1
18,1
15,4
14,1
28,9
22,3
21,7
24,1
16,9
5,4
Refrigerante
Suco/refresco
naturaldefrutas
Bebidas
açucaradas
Leiteoubebidaa
basedeleite
Salgadosfritos
Salgadosdeforno
Salgadinhos
industrializados
Biscoitosou
bolachassalgadas
oudoces
Balas,confeitos,
doces,chocolates,
sorveteseoutros
Sanduiches
Frutasfrescasou
saladadefrutas
%
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
A comparação dos resultados apresentados nos Gráficos 1 e 2 indica que muitas
dessas diferenças encontradas, tanto entre a cantina e o ponto alternativo de venda, como
entre a rede pública e a rede privada, guardam relação com as políticas de alimentação
escolar implementadas no País2
e as legislações de controle, mais eficazes na rede
pública e para as cantinas do que para os pontos alternativos de venda.
Estrutura para atividades físicas
A atividade física também é objeto de várias políticas de promoção à vida saudável
e tem na escola um importante ponto de apoio e disseminação. A PeNSE 2012 levantou a
disponibilidade de alguns espaços e equipamentos destinados para a prática de esportes
e atividade física.
Dentre esses recursos, destaca-se a quadra de esportes, disponível para 79,4% dos
escolares, sendo em uma proporção maior na rede privada (93,4%) do que na pública
(76,4%). O pátio da escola é utilizado para a atividade física, com instrutor, para 52,2%
dos escolares, numa proporção de 59,7% na rede privada e 50,6% na rede pública.
A disponibilidade de vestiários em condições de uso para os alunos atinge 28,5%
deles, sendo maior a cobertura dos estudantes das escolas privadas (66,8%) do que
das públicas (20,5%)
A pista de corrida e/ou atletismo é oferecida para apenas 1,9% dos estudantes,
nas proporções de 5,9% na rede privada e de 1,0% na pública. A piscina também é
pouco disponibilizada para os estudantes (6,7%), sendo muito diferenciada a oferta para
os alunos da rede privada (35,3%) em relação à oferta para os da escola pública (0,7%).
2
Para informações complementares sobre o assunto, consultar o documento: BRASIL. Ministério da Saúde. Política
nacional de alimentação e nutrição. 2. ed. rev. Brasília, DF, 2003. 48 p. (Série B. Textos básicos de saúde). Disponível em:
<http://www4.planalto.gov.br/consea/documentos/saude-e-nutricao/politica-nacional-de-alimentacao-e-nutricao-pnan>.
Acesso em: maio 2013.
Privada Pública
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
Refrigerante
Suco/refresco
naturaldefrutas
Bebidas
açucaradas
Leiteoubebidaa
basedeleite
Salgadosfritos
Salgadosdeforno
Salgadinhos
industrializados
Biscoitosou
bolachassalgadas
oudoces
Balas,confeitos,
doces,chocolates,
sorveteseoutros
Sanduiches
Frutasfrescasou
saladadefrutas
Gráfico 2 - Proporção de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,
por dependência administrativa da escola, segundo as opções de bebidas
e produtos alimentícios vendidos no ponto
alternativo de vendas - Brasil - 2012
16,9
16,1
19,4
9,4
21,0
15,6
20,7
17,6
25,7
13,8
3,5
23,6
15,0
18,1
8,7
31,4
21,6
31,0
24,5
35,0
12,9
3,5
%
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Embora disponibilizando menor estrutura de apoio às atividades físicas, é a es-
cola pública que mais oferece atividade esportiva aos alunos, fora do horário regular
de funcionamento da escola. Cerca de 61,5% dos escolares da escola pública contam
com esse recurso, contra 38,3% na escola privada. Ao considerar, porém, as atividades
esportivas fora do horário regular de funcionamento da escola, oferecidas mediante
pagamento, essa proporção se inverte, com a rede privada passando a disponibilizar
esse recurso para 83,6% dos alunos, permanecendo a rede pública com praticamente
o mesmo percentual (61,9%) (Tabela 1.3.6).
Outras características
A maior parte dos adolescentes estuda em escolas que informaram possuir política
sobre proibição do uso do tabaco (89,3%), não sendo significativa a diferença entre as
esferas administrativas pública (90,3%) e privada (84,6%) (Tabela 1.4.1). Em relação
às escolas onde o diretor ou responsável referiu conhecimento quanto ao consumo de
cigarro, na escola, por professores, ou alunos, essas ocorrências atingiram os percentuais
de 15,8% dos escolares, para o caso de consumo de cigarro por professores, e de 19,6%
dos escolares, para esta ocorrência entre os alunos. Em ambas as situações, a diferença
entre as esferas administrativas das escolas foi significativa, com proporções de 5,9%
de escolares na rede privada e 17,8% na rede pública, para o caso de consumo de
cigarro por professores, e de 3,3% e 22,9%, respectivamente, para o caso de consumo
de cigarro por alunos. Essas proporções apresentaram variações importantes entre as
Grandes Regiões. As Regiões que apresentaram as maiores proporções para o consumo
de cigarro pelos professores foram Nordeste (23,3%) e Centro-Oeste (20,1%); para a
ocorrência de consumo de cigarro pelos alunos, foram as Regiões Centro-Oeste (32,1%),
Sul (20,7%) e Norte (20,6%) (Tabelas 1.4.2 e 1.4.3).
A PeNSE 2012 também levantou informações quanto à situação de risco, em
termos de violência, na região onde se encontra a escola. Esta informação foi obtida
através do questionário do ambiente escolar, respondido pelo diretor ou responsável
pela escola. Tendo em vista aqueles que informaram que a escola estava situada em
área considerada como de risco para a violência, a maior parte do tempo ou todo o
período, nos últimos 12 meses, 17,9% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental
estudavam em escolas consideradas em áreas de risco, nas proporções de 5,5% para a
rede privada e de 20,4% para a rede pública (Tabela 1.4.4). Quanto às Grandes Regiões,
apesar de não serem estatisticamente significativas as diferenças entre as proporções,
elas oscilaram entre 27,8%, no Centro-Oeste, e 10,9%, no Sul. Diferenças significativas
foram obtidas para as capitais, com proporções que variaram de tal forma que as maiores
foram observadas em Belo Horizonte (46,2%), Maceió (45,9%) e Salvador (41,6%) e as
menores proporções, em Cuiabá (8,2%), Rio Branco (10,9%) e Rio de Janeiro (11,0%).
Características da população de estudo
Aspectos básicos
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 estimou em 3 153 314
o número de escolares do 9º ano do ensino fundamental frequentando escola no País.
Desse total, 1 508 703 (47,8%) são do sexo masculino e 1 644 612 (52,2%), do
sexo feminino. Na análise por Grandes Regiões, observa-se que o Sudeste (44,3%)
concentra o maior percentual estimado desses escolares. Em seguida, figuram Nordeste
(25,3%), Sul (14,6%), Norte (8,0%) e, por último, Centro Oeste (7,9%). A população
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
estimada segundo a dependência administrativa da escola foi composta por 2 611 931
(82,8%) alunos que estudavam em escolas públicas e 541 384 (17,2%), em escolas
privadas (Tabela 2.1.1).
A estrutura etária3
observada entre os participantes da pesquisa revelou que 86,0%
dos escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental tinham 13 a 15 anos de
idade, segmento etário preconizado pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World
Health Organization - WHO) como referência para os estudos de adolescentes escolares.
Cabe ressaltar que 45,5% tinham 14 anos de idade. As estimativas de escolares no grupo
de 13 a 15 anos de idade, por Grandes Regiões, somaram os seguintes percentuais: Sul
(91,1%), Sudeste (89,%), Centro-Oeste (86,4%), Nordeste (79,9%) e Norte (76,7%).
O maior percentual de escolares com idade igual ou inferior a 13 anos foi encontrado
na Região Nordeste (1,7%). Nas Regiões Norte (22,3%) e Nordeste (18,4%), foram
encontrados os maiores percentuais estimados para idade igual ou superior a 16 anos
(Tabela 2.1.2).
A distribuição estimada dos escolares segundo a cor ou raça, no País, mostra
maiores proporções de pardos (42,2%) e brancos (36,8%). Nos demais grupos de
cor ou raça, as proporções foram: 13,4% para pretos, 4,1% para amarelos e 3,5%
para indígenas. Na distribuição por Grandes Regiões, tem-se os maiores percentuais
de declaração da cor branca na Região Sul (57,8%), da cor parda na Região Norte
(57,3%) e da cor preta na Região Sudeste (15,6%), embora seja Salvador, na Região
Nordeste, a capital com o maior percentual de escolares que informaram a cor preta
(32,7%) (Tabela 2.1.3).
Aspectos socioeconômicos
Os fatores socioeconômicos exercem papel fundamental no desenvolvimento físico,
psicológico e social das crianças e adolescentes. As desigualdades socioeconômicas
são importantes determinantes sociais da saúde da população em geral e deste
segmento especificamente. Isso porque, de fato, são as condições econômica, cultural,
biológica e ambiental, nas quais os indivíduos e grupos familiares estão inseridos, que
se constituem em fatores diferenciais da situação de saúde. Os estudos que enfatizam
as desigualdades sociais e a saúde dos adolescentes são recentes e ainda carecem de
medidas mais adequadas para este grupo etário, uma vez que é difícil obter informações
de adolescentes sobre a posse de bens e serviços e de outros dados socioeconômicos,
resultando em percentual elevado de respostas em branco ou incompletas, segundo a
Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) (CURRIE et
al., 2008a, 2008b).
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 levantou alguns aspectos
socioeconômicos dos escolares de modo a obter indicadores que estabeleçam diferenciais
das condições de vida do público-alvo estudado. Neste sentido, investigou-se a
escolaridade dos pais, o número de residentes no domicílio do estudante, o trabalho entre
os escolares, o número de banheiros do domicílio, a posse de bens e a disponibilidade
do serviço doméstico no domicílio do escolar.
3
A amostra não foi calculada para desagregar as informações por grupos etários.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Escolaridade dos pais
A escolaridade dos pais, e em particular a da mãe, é considerada um importante
fator de proteção para a saúde de crianças e adolescentes. A forte associação com
as condições econômicas confere a essa variável a possibilidade de ser utilizada como
uma importante proxy das condições socioeconômicas, assim como ocorre em diversos
estudos estatísticos relativos às famílias.
Na PeNSE 2012, foi analisada tanto a escolaridade materna, quanto a paterna. O
percentual de escolares cujas mães não possuíam qualquer grau de ensino ou possuíam
somente o ensino fundamental incompleto foi de 34,5% no País. Por outro lado, a
proporção de escolares cujas mães tinham o nível superior completo foi de apenas
8,9%. A proporção de escolares cujas mães não possuíam qualquer grau de ensino
ou possuíam somente o ensino fundamental incompleto foi mais elevada na Região
Nordeste (45,0%) e menor na Região Sudeste (28,1%). As Regiões Centro-Oeste e
Sul apresentaram os maiores percentuais de escolares que informaram a escolaridade
da mãe equivalente ao ensino superior completo (10,1% e 9,4%, respectivamente). Os
alunos que não souberam informar a escolaridade materna totalizaram 18,4% (Tabela
2.2.1). Há que se ressaltar as percentagens mais elevadas de alunos de escolas privadas
cujas mães tinham ensino médio completo ou superior completo. As diferenças são
ainda marcantes quando se observam as frequências de escolares da rede pública cujas
mães sequer completaram o ensino fundamental. O Gráfico 3 explicita as desigualdades
educacionais das mães dos estudantes do 9º ano do ensino funamental, conforme a
dependência administrativa da escola.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
Seminstrução
Nãosoubeinformar
Ensinofundamentalou
1ºgrauincompleto
Ensinofundamental
ou1ºgraucompleto
Ensinomédioou2º
grauincompleto
Ensinomédioou2º
graucompleto
Ensinosuperior
incompleto
Ensinosuperior
completo
Gráfico 3 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,
por dependência administrativa da escola, segundo o nível de instrução da mãe
Brasil - 2012
0,9
9,1
4,9
6,2
25,2
10,2
28,7
14,8
9,7
29,9
8,4
7,0
17,8
3,2
4,8
19,2
Privada Pública
%
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
O percentual de escolares cujos pais não tinham qualquer grau de ensino ou
tinham somente o ensino fundamental incompleto foi de 35,7%, percentual um pouco
mais elevado do que o materno. Por outro lado, a proporção de escolares cujo pai tinha
o nível superior completo foi de apenas 8,0%. A proporção de escolares cujo pai não
tinha qualquer grau de ensino ou tinha somente o ensino fundamental incompleto foi mais
elevado na Região Nordeste (49,2%) e menor na Região Sudeste (26,9%). As Regiões
Centro-Oeste e Sudeste apresentaram os maiores percentuais de escolares que informaram
ter pai com ensino superior completo (9,4% e 9%, respectivamente). Os alunos que não
souberam informar a escolaridade paterna totalizaram 23,7% (Tabela 2.2.2).
Com relação à escolaridade do pai, as diferenças entre alunos de escolas públicas
e privadas também são acentuadas, sendo também maior a proporção de alunos de
escolas privadas cujos pais ossuem graus de ensino mais elevados (Gráfico 4).
Número de residentes no domicílio
A PeNSE 2012 levantou o total de moradores que residiam no domicílio do escolar
e mostrou que 50,8% dos estudantes viviam em domicílios que tinham 3 a 4 moradores,
e 34,1%, em residências com 5 a 6 moradores (Tabela 2.2.3). A média de moradores,
neste estudo, foi de 4,6 moradores, superior, portanto, aos dados obtidos na Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2011, que apontou uma densidade domiciliar
de 3,3 moradores para o conjunto da população do País.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
Seminstrução
Nãosoubeinformar
Ensinofundamentalou
1ºgrauincompleto
Ensinofundamental
ou1ºgraucompleto
Ensinomédioou2º
grauincompleto
Ensinomédioou2º
graucompleto
Ensinosuperior
incompleto
Ensinosuperior
completo
Privada Pública
%
2,0
10,1
5,4
5,1
23,5
7,6
27,0
19,4
13,6
27,0
8,6
5,4
14,2
2,5
4,0
24,6
Gráfico 4 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,
por dependência administrativa da escola, segundo o nível de instrução do pai
Brasil - 2012
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Trabalho entre escolares
A Constituição Federal do Brasil, em seu Art. 7º, inciso XXXIII, considera menor
o trabalhador de 16 a 18 anos de idade (BRASIL, 2013). Ao menor de 16 anos é
vedado qualquer trabalho, salvo na condição de aprendiz a partir de 14 anos, quando
é admissível o contrato de aprendizagem, o qual deve ser feito por escrito e por prazo
determinado, conforme dispõe o Art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT4
.
Na edição da PeNSE 2012, foi inserido o tema trabalho entre escolares, isto é, foi
observado o percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental que
possuíam, ou não, algum trabalho, emprego ou negócio e que recebiam dinheiro, ou
não, por desempenhar esta atividade. Os dados da pesquisa revelaram que 86,9% dos
escolares responderam não trabalharam, 11,9% responderam trabalhar e receber dinheiro
para desempenhar as atividades, e 1,2% responderam trabalhar sem remuneração. O
maior percentual de escolares que responderam não trabalhar está na Região Sudeste
(88,5%), mas são os Municípios das Capitais da Região Nordeste que concentram os
maiores índices dos que informaram não trabalhar: Recife (92,3%), São Luís (91,9%) e
João Pessoa (91,6%). Os dados também revelaram que o maior percentual de escolares
que responderam trabalhar com remuneração está na Região Sul do País, aproximadamente
15,1%. O Município de Campo Grande, na Região Centro-Oeste do País, concentrou o
maior percentual de estudantes que declararam trabalhar sem remuneração, com 2,4%
(Tabela 2.2.4).
O Gráfico 5 mostra a
evolução do percentual de
menores que trabalharam,
observando-se tendência de
elevação conforme o aumento
da idade. Dentre os estudantes
com13anosoumenosdeidade,
8,6% responderam ter algum
trabalho, emprego ou negócio.
A Região Sul apresentou as
maiores proporções para
este indicador, em relação às
demais regiões do País, não
só entre os estudantes com
13 anos ou menos de idade
(11,9%), como também entre
aqueles com 16 anos ou mais
(29,5%).
4
A legislação recente sobre o trabalho admissível para as crianças e adolescentes no Brasil encontra-se incorporada nesta
Consolidação, no Título III, Capítulo IV - Da proteção do trabalho do menor. Para informações complementares sobre o
assunto, consultar: BRASIL. Decreto nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário
Oficial [dos] Estados Unidos do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro, ano 82, n. 184, 9 ago. 1943. Seção 1, p. 11937.
Com alterações posteriores. Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/legislacao>. Acesso em: maio 2013.
Gráfico 5 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do
ensino fundamental que informaram ter algum trabalho,
emprego ou negócio exercido atualmente, por grupos de idade,
segundo as Grandes Regiões - 2012
13 anos ou menos 14 anos
Norte
8,1
11,0
17,7
22,6
Nordeste
7,8
11,3
15,2
19,4
Sudeste
7,5
9,9
16,2
21,2
Sul
11,9
14,4
24,5
29,5
Centro-Oeste
9,9
12,8
19,9
28,0
Brasil
8,6
11,2
17,3
22,1
15 anos 16 anos ou mais
%
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais,
Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Posse de bens e serviços
A PeNSE 2012 inseriu questões sobre a posse de bens no domicílio de residência
do aluno, tais como: existência de computador (de mesa, ou netbook, laptop etc.),
excluindo-se tablet e palm top, acesso à Internet e se alguém que morava com o
adolescente tinha carro, entre outras questões. Também foi investigada a existência do
serviço de empregado(a) doméstico(a) na residência do escolar.
Os dados da pesquisa mostraram que 95,5% dos estudantes das escolas
privadas e 59,8% dos alunos das escolas públicas do País declararam possuir algum
tipo de computador (de mesa, netbook, laptop). Entretanto, 97,7% dos escolares que
frequentavam o 9º ano do ensino fundamental das escolas privadas da Região Sul
declararam possuir computadores no domicílio, a maior percentagem observada entre
as regiões.
Com relação ao acesso à Internet, 93,5% dos escolares da rede privada e 53,5%
da rede pública do País responderam acessá-la em casa. As maiores proporções foram
observadas na Região Sul (96,4%), para os estudantes de escolas privadas, e na Região
Sudeste (66,0%), para aqueles das escolas públicas, entretanto, somente 40,9% dos
estudantes de escolas públicas na Região Norte e 35,5% dos estudantes de escolas
públicas na Região Nordeste declararam possuir computador no domicílio (Tabela 2.2.5).
Perguntados sobre se alguém que morava no mesmo domicílio do estudante
tinha carro, 80,3% dos alunos de escolas privadas e 44,0% dos estudantes de escolas
públicas do País responderam afirmativamente. O maior percentual foi observado na
Região Sul, tanto entre os estudantes da rede privada (93,1%), quanto entre os da
rede pública (67,0%).
Quando perguntados sobre a existência de banheiros com chuveiro dentro de
casa, 95,7% dos escolares responderam possuir ao menos um nessas condições. As
Regiões Sul (99,3%) e Norte (86,9%) apresentaram, respectivamente, o maior e o menor
percentual de escolares que responderam possuir banheiro com chuveiro. Informaram
não ter banheiros com chuveiro dentro de casa 4,3% dos escolares pesquisados. Desses,
5,1% eram alunos de escolas públicas e 0,2%, de escolas privadas.
Os indicadores resultantes do tópico posse de bens demarcaram algumas
desigualdades de acesso às tecnologias de informação e comunicação, bem como com
relação à posse de um dos ícones de status socioeconômico na sociedade brasileira, que
é o carro. Há diferenciais expressivos entre os estudantes de escolas públicas e privadas,
sendo o acesso a esses bens menos comum entre os escolares do ensino público.
Considerando o serviço de empregados domésticos remunerados, 27,3% dos
alunos de escola privada e apenas 6,5% dos alunos de escola pública responderam ter
em seus domicílios a existência desse serviço em cinco ou mais dias da semana. Esse
percentual é maior entre os escolares da Região Norte, tanto da rede privada (40,4%),
quanto da rede pública (9,0%) (Tabela 2.2.5). Segundo as Grandes Regiões, nota-se
que no Norte e Nordeste do País a proporção de estudantes que referiram a posse de
bens é preponderantemente menor do que nas demais regiões. No entanto, em relação
à existência de empregado(a) doméstico(a), as proporções se invertem, isto é, as Re-
giões Sul, Sudeste e Centro-Oeste revelaram menores proporções de estudantes que
informaram este serviço cinco dias ou mais da semana no domicílio (Gráfico 6).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
%
Norte
86,9
46,0
41,5
31,3
12,1
Nordeste
89,8
44,5
42,9
31,1
10,7
Sudeste
99,0
78,9
72,3
56,3
9,4
Sul
99,3
71,6
62,9
69,9
10,0
Centro-Oeste
98,6
71,8
64,5
59,9
10,2
Brasil
95,7
66,0
60,4
50,2
10,1
Gráfico 6 - Percentual de escolares frequentando o 9o
ano do ensino fundamental
que informaram possuir bens e/ou serviços no domicílio, por tipo de bens
e/ou serviços, segundo as Grandes Regiões - 2012
Banheiro(s) com chuveiro
Computador (de mesa,
ou netbook, laptop, etc)
Carro
Empregado(a) doméstico(a)
5 ou mais dias da semana
Acesso à Internet
Contexto familiar
A concepção e a estrutura familiar têm atravessado mudanças expressivas, por
diversas razões, dentre as quais se destacam a redução da fecundidade, a mudança
das composições e formatos de família, o crescimento dos divórcios e o aumento do
percentual de famílias monoparentais. Há, também, o aumento dos conflitos entre pais
e filhos e a mudança nas relações de poder em decorrência dos adolescentes assumirem
papel mais ativo na tomada de decisões na família. Esta transição tende a ser mais
fácil quando existe comunicação entre pais e filhos e compartilhamento de tempo e
experiências (RODRÍGUEZ et al., 2005).
Com o propósito de analisar o contexto familiar dos estudantes, a Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 investigou os alunos do 9º ano do ensino
fundamental e mediu indicadores como: presença dos pais ou responsáveis na residência,
conhecimento dos pais ou responsáveis sobre o tempo livre dos filhos, falta às aulas
sem o consentimento dos pais ou responsáveis, e presença dos pais ou responsáveis
durante as refeições. Nesta edição da pesquisa, foram também acrescentadas variáveis
relacionadas a questões como: verificação dos deveres (lições) de casa pelos pais
ou responsáveis, entendimento dos pais ou responsáveis quanto aos problemas e
preocupações dos filhos e atitude dos pais ou responsáveis no que diz respeito a mexer
em algo pessoal dos filhos sem a sua concordância.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Utilizando dados da PeNSE 2009, alguns autores concluíram que residir com ambos
os pais teve efeito protetor quanto aos hábitos de fumar, beber ou usar drogas. Além
disso, a supervisão familiar também foi importante na prevenção desses hábitos. Práticas,
tais como fazer pelo menos uma refeição com os pais ou responsáveis, na maioria dos
dias da semana, e o fato de os pais ou responsáveis saberem o que os adolescentes
faziam em seu tempo livre, mostraram-se de efeito protetor quanto a hábitos de risco
(MALTA et al., 2011a; OLIVEIRA-CAMPOS et al., 2013).
A PeNSE 2012 revelou que, considerando os dados do País, 62,1% dos escolares
responderam morar em lares com a presença de pai e mãe; 28,5% informaram morar só
com a mãe; e 4,0%, só com o pai. Os que responderam não morar nem com a mãe nem
com o pai totalizaram 5,4%. Na análise por Grandes Regiões, observa-se que as Regiões
Nordeste (66,3%) e Sul (65,8%) apresentaram os maiores percentuais de escolares
morando com a mãe e o pai. As Regiões Sudeste (31,5%), Centro-Oeste (31,1%) e
Norte (28,0%) concentraram os maiores percentuais de escolares morando apenas com
a mãe. A Região Norte apresentou não só as maiores proporções de escolares morando
só com o pai (5,3%), como também de escolares que não moravam nem com a mãe
nem com o pai (9,2%), valores estes maiores do que a média nacional (Tabela 2.3.1).
Conhecimento dos pais ou responsáveis acerca do
tempo livre dos escolares
A comunicação constitui-se como um importante pilar de sustentação no contexto
familiar, atuando como um importante fator de proteção no período da adolescência. A
facilidade de comunicação com os pais reduz os riscos de comportamentos inadequados
e depressão. Adolescentes com facilidade de comunicação com as suas mães foram mais
propensos a demonstrarem excelente ou boa autopercepção do estado de saúde e menos
propensos a serem, em idade precoce, sexualmente ativos, fumantes e consumidores
de bebidas alcoólicas, conforme a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health
Organization - WHO) (CURRIE et al., 2008a).
Os resultados da PeNSE 2012 revelaram que 58,5% dos escolares do País
declararam que os pais ou responsáveis sabiam o que eles faziam em seu tempo livre
nos últimos 30 dias. As Regiões Centro-Oeste (60,1%), Sul (60,0%) e Sudeste (59,2%)
apresentaram os maiores valores. A proporção dos escolares do sexo feminino que
declararam que os pais ou responsáveis estavam informados sobre suas atividades no
tempo livre foi de 62,1%, enquanto para os escolares do sexo masculino o percentual foi
de 54,5% (Tabela 2.3.2). Este indicador apresentou variação conforme a dependência
administrativa da escola, estando os pais ou responsáveis dos estudantes das escolas
privadas mais informados sobre o uso do tempo livre dos filhos (68,6%) que os pais ou
responsáveis dos alunos das escolas públicas, cuja proporção foi de 56,3% (Gráfico 7).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Falta às aulas sem permissão dos pais ou responsáveis
Outro importante fator de proteção à conduta de risco para a saúde (uso de
tabaco, álcool e outras drogas ilícitas e violência) dos adolescentes é o fato de ocorrer
acompanhamento, pelos pais, das atividades dos filhos. O interesse dos pais pela vida
cotidiana dos filhos, dos lugares que frequentam e se faltam às aulas sem sua autorização,
diminui o envolvimento dos filhos em situações de violência e acidentes.
A PeNSE 2009, com dados que retrataram exclusivamente os Municípios das
Capitais e o Distrito Federal, revelou que 18,5% dos estudantes relataram faltar à
escola sem o consentimento dos pais ou responsáveis. Os dados da PeNSE 2012, por
sua vez, mostraram que o percentual de escolares do 9º ano do ensino fundamental
que faltaram às aulas, nos 30 dias anteriores à pesquisa, sem permissão dos pais ou
responsáveis, foi de 25,8%. No conjunto das capitais esta proporção foi de 26,0%, maior,
portanto, do que o resultado obtido em 2009. A pesquisa revelou ainda que a proporção
dos escolares do sexo masculino que declararam faltar às aulas sem autorização dos
pais ou responsáveis foi de 28,0%, enquanto a do sexo feminino foi de 23,8%. Os
estudantes de escolas públicas são os que mais faltaram às aulas sem autorização dos
pais ou responsáveis 28,2%, versus 14,4% dos alunos das escolas privadas. A Região
Sudeste (30,3%) registrou o percentual mais elevado, enquanto a Região Nordeste
(19,1%) obteve o menor percentual de escolares que faltaram às aulas sem autorização
dos pais ou responsáveis. Os Municípios das Capitais com as maiores frequências foram
Cuiabá (33,2%), São Paulo (30,9%) e Campo Grande (27,4%), enquanto as menores
frequências foram observadas em Aracaju (16,1%), Teresina (17,4%) e Maceió (18,6%)
(Tabela 2.3.3)
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
%
Norte
65,1
52,8
Nordeste
65,7
55,6
Sudeste
69,5
56,3
Sul
72,8
58,4
Centro-Oeste
67,5
58,8
Brasil
68,6
56,3
Gráfico 7 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,
cujo(s) responsável(is) sabia(m) o que o escolar fazia durante o tempo livre,
nos últimos 30 dias, por dependência administrativa da escola,
segundo as Grandes Regiões - 2012
Privada Pública
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Presença dos pais ou responsáveis durante as refeições
A importância da relação positiva entre pais e filhos tem sido registrada como
importante fator na redução de riscos. Os hábitos de conversar, passear e realizar as
refeições em família são comportamentos que têm se mostrado como fator protetor
para os adolescentes em relação a condutas de risco (CURRIE et al., 2008b).
Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 66,4% dos escolares faziam cinco
ou mais refeições na semana com a presença dos pais ou responsáveis. Na Região Sul,
foi observado o maior percentual (71,1%) e, na Região Sudeste, o menor (64,6%).
Não houve diferença estatisticamente significativa entre as respostas desagregadas
por sexo ou por dependência administrativa da escola. Com relação aos Municípios
das Capitais, a maior proporção foi observada em Florianópolis (71,5%) e a menor, em
Salvador (47%) (Tabela 2.3.4).
Verificação dos deveres de casa pelos pais ou responsáveis
Alguns autores consideram que o acompanhamento dos deveres de casa é visto como
uma forma positiva de filhos e pais interagirem e estes acompanharem o desenvolvimento
dos filhos na escola (CARVALHO, 2004; RAMIRES, 2004). O conhecimento dos pais
sobre os fatos da vida dos filhos previne ou minora os riscos aos adolescentes, à medida
que as atividades destes estão supervisionadas (RODRÍGUEZ et al., 2005).
O hábito dos pais ou responsáveis verificarem se foram feitos os deveres de casa
dos escolares também foi investigado na PeNSE 2012. Do total de escolares, 32,3%
responderam que seus pais ou responsáveis acompanharam seus deveres de casa, sendo
observado maior percentual entre os estudantes das escolas públicas (33,4%) versus
26,8% das escolas privadas. Na análise por Grandes Regiões, verificou-se na Região
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
%
Privada Pública
Norte
15,2
22,9
Nordeste
13,8
20,1
Sudeste
14,7
34,6
Sul
13,0
26,4
Centro-Oeste
15,3
29,6
Brasil
14,4
28,2
Gráfico 8 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental
que faltaram às aulas ou à escola, nos últimos 30 dias, sem permissão dos pais
ou responsáveis, por dependência administrativa da escola,
segundo as Grandes Regiões - 2012
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Nordeste (37,7%) o percentual mais elevado e, na Sudeste (29,9%), o menor. Com
relação aos Municípios das Capitais, São Luís (35,3%) registrou o maior percentual de
alunos com acompanhamento dos deveres pelos pais ou responsáveis. Entre os meninos,
33,5% informaram que, nos 30 dias anteriores à pesquisa, os pais ou responsáveis
verificaram se os deveres de casa foram feitos. Entre as meninas, este percentual foi
de 31,1%. (Tabela 2.3.5).
Entendimento dos pais ou responsáveis quanto aos problemas e
preocupações dos filhos
Os laços afetivos familiares asseguram apoio psicológico e social, dando melhores
condições para que os filhos enfrentem as dificuldades causadas pelo cotidiano. Esses
laços ajudam no desenvolvimento de habilidades e competências sociais, favorecendo
o relacionamento em casa e na escola (POLONIA; DESSEN, 2005).
A PeNSE 2012 verificou com que frequência, nos últimos 30 dias, os pais ou
responsáveis entenderam os problemas e preocupações dos filhos. Dos escolares
pesquisados, 45,8% responderam que os pais ou responsáveis se preocupavam com os
seus problemas e preocupações. Os escolares do sexo masculino (47,2%), tiveram mais
atenção dos pais ou responsáveis do que as meninas (44,6%). As Regiões Sudeste
(46,8%) e Nordeste (46,4%) registraram os maiores percentuais neste indicador,
enquanto a Centro-Oeste (43,4%), o menor. O Município do Rio de Janeiro foi a capital
onde este indicador apresentou a proporção mais elevada, 47,8% (Tabela 2.3.6).
Hábitos alimentares
O hábito alimentar é formado de modo gradual ao longo da vida, ocorrendo
principalmente durante a primeira infância (BRASIL, 2005b). Hábitos inadequados
na infância e na adolescência podem ser fatores de risco para doenças crônicas não
transmissíveis na idade adulta (ANDING et al., 1996). Os aprendizados e costumes
adquiridos no período da infância e adolescência repercutem sobre o comportamento
alimentar, a percepção da autoimagem, a saúde individual, os valores, as preferências
e o desenvolvimento psicossocial (OLIVEIRA; SOARES, 2002).
Diversos estudos têm demonstrado hábitos alimentares pouco saudáveis entre
os adolescentes, principalmente entre os que pertencem às classes econômicas mais
favorecidas, (NUNES; FIGUEIROA; ALVES, 2007; LEVY et al., 2010). Este grupo etário
consome alimentos usualmente ricos em gorduras, açúcares e sódio, contando apenas
com uma pequena participação de frutas e hortaliças (TORAL; CONTI; SLATER, 2009).
Entre os adolescentes provenientes de famílias menos favorecidas, o consumo de
alimentos como o arroz e o feijão são mais frequentes (SANTOS et al., 2005; VEIGA;
SICHIERI, 2006).
Ainda no que se refere ao padrão de consumo alimentar dos adolescentes, estudos
internacionais confirmam as linhas gerais sobre o tema apontadas pela Organização
Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), a qual preconiza que é
importante desenvolver hábitos de alimentação saudável entre crianças e adolescentes
para sua manutenção na vida adulta e consequente redução de risco de doenças crônicas
e obesidade (CURRIE et al., 2012). Dentre os hábitos considerados saudáveis, destaca-
se o consumo de frutas e hortaliças como potencial fator de proteção para excesso de
peso, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 (CURRIE et al., 2012).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2009, realizada com os
alunos do 9º ano do ensino fundamental, com recorte geográfico para o conjunto dos
Municípios das Capitais e Distrito Federal, demonstraram que a maioria dos estudantes
consumia regularmente feijão (62,6%), leite (53,6%) e guloseimas (doces, balas,
chocolates, chicletes, bombons ou pirulitos) (50,9%).
Por se tratar de assunto que requer atenção especial, a PeNSE 2012 também
identificou a frequência semanal5
de consumo de alimentos considerados como
marcadores de alimentação saudável (feijão, hortaliças cruas ou cozidas6
, hortaliças
cruas7
, hortaliças cozidas8
, frutas e leite) e de alimentação não saudável (frituras,
embutidos, biscoitos salgados e doces, salgados fritos, salgados de pacotes, guloseimas9
e refrigerantes), em cinco dias ou mais na semana.
Consumo de alimentos marcadores de alimentação saudável
Os marcadores de alimentação saudável foram verificados conforme a frequência
semanal de consumo. No que se refere à frequência de cinco dias ou mais na semana
anterior à da pesquisa, os dados da PeNSE 2012 apontaram que 69,9% dos escolares
consumiram feijão; 43,4%, hortaliças10
; 30,2%, frutas frescas; e 51,5%, leite (Tabela
2.4.1 e 2.4.3).
A menor proporção de escolares que consumiram feijão foi obtida na Região Norte
(41,4%). Quanto ao consumo de hortaliças, também considerando a mesma frequência
semanal, os escolares da Região Centro-Oeste apresentaram o mais elevado percentual
(51,2%).
O consumo de frutas frescas foi referido por 26,7% dos estudantes da Região Norte;
28,4%, do Sul; 28,9%, do Nordeste, 31,7%, do Sudeste; e 32,9%, do Centro-Oeste. O
consumo de leite entre os escolares da Região Nordeste (39,9%) foi menor em relação
àquele referido por estudantes das demais Regiões (Tabela 2.4.1 e 2.4.3)
Consumo de alimentos marcadores de alimentação não saudável
O consumo de guloseimas (doces, balas, chocolates, chicletes, bombons ou
pirulitos) em cinco dias ou mais na semana foi referido por 41,3% dos escolares. Em
conjunto com o consumo de biscoitos salgados (35,1%) e de refrigerantes (33,2%),
estes foram os marcadores de alimentação não saudável mais referidos pelos escolares,
reafirmando as conclusões já observadas na PeNSE 2009 acerca do padrão regular e
elevado de consumo de alimentos não saudáveis por parcela significativa dos estudantes
brasileiros (Tabelas 2.4.1 e 2.4.3).
O Gráfico 9 mostra a variabilidade na frequência semanal de consumo dos
alimentos marcadores de alimentação saudável e não saudável.
5
Os resultados obtidos para os sete últimos dias antes da pesquisa foram considerados como frequência semanal.
6
Hortaliças cruas ou cozidas: abóbora, alface, brócolis, chuchu, couve, espinafre, tomate etc., exceto batata e aipim
(mandioca/macaxeira).
7
Hortaliças cruas: alface, cebola, cenoura, pepino e tomate.
8
Hortaliças cozidas:, abóbora, brócolis, cenoura, chuchu, couve, espinafre, etc., exceto batata e aipim (mandioca/macaxeira).
9
Guloseimas: balas, bombons, chicletes, chocolates, doces, ou pirulitos.
10
Na Tabela 2.4.1, o percentual de hortaliças corresponde ao indicador calculado, considerando as respostas obtidas para
as três perguntas existentes no questionário, referentes ao consumo de hortaliças em geral, cruas ou cozidas.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
Nenhum dia 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias ou mais
%
Salgados fritos
Salgado de pacote
Refrigerante
Guloseimas
Embutidos
Biscoitos salgados
Biscoitos doces
Leite
Hortaliças cruas
Hortaliças cozidas
Hortaliças
Frutas frescas
Feijão
26,0
39,7
13,9
11,6
25,7
14,2
14,5
18,7
30,0
37,4
19,7
21,3
6,6
21,0
20,3
15,0
15,1
22,7
14,3
16,9
9,0
15,0
20,3
13,7
14,6
4,6
17,3
12,9
15,0
12,4
17,6
13,8
14,8
7,8
11,6
13,9
12,2
13,0
5,3
13,0
8,8
13,4
11,4
12,6
13,3
12,6
7,4
9,8
9,3
11,2
11,9
6,9
6,8
5,3
9,5
8,3
6,8
9,4
8,7
5,7
7,0
5,6
8,4
9,0
6,6
15,8
13,0
33,2
41,3
14,7
35,1
32,5
51,5
26,6
13,5
34,8
30,2
69,9
Gráfico 9 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,
por consumo alimentar na última semana, segundo o alimento consumido
Brasil - 2012
Hábito de tomar café da manhã
Quanto ao hábito de tomar café da manhã, alguns estudos mais recentes
o associam a um maior consumo de micronutrientes e a hábitos alimentares mais
adequados, os quais incluem o consumo de frutas e hortaliças e menor consumo de
refrigerantes (AFFENITO, 2007; UTTER et al., 2007; TIMLIN et al., 2008; HAUG et
al., 2009).
Na edição de 2012, a PeNSE incorporou o quesito sobre o hábito de tomar café
da manhã e os resultados apontaram que 61,9% dos estudantes do 9º ano do ensino
fundamental costumavam ter esta prática cinco dias ou mais na semana, sendo esta
mais elevada entre os meninos (69,5%) e entre os alunos de escolas públicas (63,1%).
Este comportamento foi mais frequentemente observado nas Regiões Nordeste (71,2%)
e Norte (70,2%) (Tabela 2.4.8).
Hábito de comer assistindo à TV
Estudos com adolescentes apontam que o tempo de exposição à televisão está
associado a distúrbios alimentares. No que diz respeito ao hábito de comer enquanto
assiste televisão, estudo realizado na Espanha, durante o ano acadêmico de 2004-2005,
com 1 165 estudantes nas idades de 14 a 16 anos, apontou que os adolescentes que
apresentavam distúrbios alimentares foram os que estavam expostos por mais tempo à
televisão (CALADO et al., 2010).
Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que o percentual de escolares
frequentando o 9º ano do ensino fundamental que costumavam comer enquanto
assistiam à TV ou estudavam foi de aproximadamente 64,0%, não havendo diferença
relevante por sexo e dependência administrativa da escola. A Região Sudeste (67,9%)
apresentou a maior proporção desse hábito entre os adolescentes (Tabela 2.4.11).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Alimentação na escola
A quase totalidade (98,0%) dos estudantes de escolas públicas no País respondeu
que a escola oferece comida. Além disso, esse padrão se mantém de modo semelhante
nas Grandes Regiões brasileiras. Os resultados da PeNSE 2012 demonstram que o
percentual de estudantes que referiram a oferta de alimentação pelas escolas privadas
foi significativamente menor, 41,4%, entretanto, o hábito11
de consumir a comida
entre os escolares não foi elevado, sendo de 22,8% entre aqueles que estudavam em
escolas públicas e de apenas 11,9% para os alunos das escolas privadas. Os escolares
do sexo masculino foram mais frequentes em responder afirmativamente ao hábito de
comer a comida oferecida pela escola do que os do sexo feminino: 18,2% e 13,9%,
respectivamente. Os escolares da Região Centro-Oeste foram os que mais referiram
consumir a comida oferecida pela escola (20,2%), enquanto a menor proporção, 10,7%,
foi observada na Região Sul (Tabela 2.4.9).
Prática de atividade física
Estudos enfatizam como sendo importante a construção do hábito da prática
de atividade física desde a infância (SEABRA et al., 2008). Estimular esta prática em
crianças e adolescentes é importante para uma vida adulta mais ativa. É recomendado
que nesta faixa etária os jovens pratiquem pelo menos uma hora (60 minutos) de
atividade física moderada a vigorosa diariamente, ou 300 minutos de atividade física
acumulados por semana, segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health
Organization - WHO) (CURRIE et al., 2008a).
Estudo recente, usando dados de mais de 100 países, mostrou que apenas 20,0%
dos adolescentes de 13 a 15 anos de idade realizam atividade física diária com duração
de uma hora ou mais, sendo este percentual maior entre os meninos (CURRIE et al.,
2008a; HALLAL et al., 2010).
A pouca atividade física é um importante fator predisponente à obesidade, uma vez
que esta resulta do desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético (CASTANHEIRA;
OLINTO; GIGANTE, 2003).
A escola é um espaço privilegiado de difusão de informação para crianças e jovens
sobre a importância da prática de atividade física para promoção de uma vida com mais
saúde, desenvolvendo o interesse dos alunos pelas atividades, esportes e exercícios
abordados nas aulas de Educação Física.
Em 2012, buscando a comparabilidade com dados internacionais, o módulo do
questionário da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE aplicado aos estudantes
do 9º ano do ensino fundamental foi modificado em relação à edição anterior, e, a partir
dos resultados obtidos, foram considerados ativos aqueles escolares que acumularam
300 minutos ou mais de atividade física por semana. Foram classificados como
insuficientemente ativos aqueles que tiveram 1 a 299 minutos de atividades física por
semana, os quais foram subdivididos em dois grupos: os que praticaram 1 a 149 minutos,
e os que praticaram 150 a 299 minutos. Foram considerados inativos os estudantes
que não praticaram atividade física no período.
11
Considerou-se como hábito de consumir comida na escola a ingestão de merenda/almoço em pelo menos três dias da semana.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Nesta edição, os ativos foram calculados por dois diferentes indicadores: atividade
física acumulada e atividade física globalmente estimada.
Atividade física acumulada
Este indicador foi obtido somando-se os tempos de atividade física acumulada,
nos últimos sete dias, investigados em seis questões, que tratam de três diferentes
domínios: deslocamento para a escola, aulas de Educação Física na escola, e outras
atividades físicas extraescolares.
Usando este indicador de tempo de atividade física acumulada nos três domínios,
a análise dos dados da PeNSE 2012 apontou que 30,1% dos escolares eram ativos, ou
seja, praticaram 300 minutos ou mais de atividade física por semana. A maioria dos
adolescentes, 63,1%, foi classificada como insuficientemente ativa e 6,8%, como inativa.
As porcentagens de estudantes considerados ativos, observadas entre as Grandes
Regiões, variaram de 36,3%, na Região Sul, a 25,2%, na Região Nordeste (Gráfico
10). No que se refere à prática de atividade física entre os meninos e as meninas e
entre os que frequentavam escolas públicas ou privadas, houve relevante diferença. O
percentual de escolares que informaram a prática, por 300 minutos ou mais, de atividade
física acumulada nos últimos sete dias antes da pesquisa foi de 39,1%, para o sexo
masculino, e de 21,8%, para o sexo feminino. Entre os adolescentes que estudam em
escolas públicas, a proporção de atividade física acumulada igual ou superior a 300
minutos foi de 34,7%; entre os alunos das escolas privadas, 29,1% (Tabela 2.5.2).
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
Inativo 1 a 149 min 150 a 299 min 300 min ou mais
%
Gráfico 10 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por duração semanal
de atividade física acumulada, segundo as Grandes Regiões - 2012
Norte 7,1 40,0 23,5 29,4
Nordeste 10,5 42,2 22,1 25,2
Sudeste 5,9 38,0 25,6 30,5
Sul 3,4 32,8 27,5 36,3
Centro-Oeste 5,8 35,5 25,8 32,9
Brasil 6,8 38,3 24,9 30,1
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Atividade física globalmente estimada
Este indicador, introduzido para comparação internacional, foi resultado de uma única
questão, que investigava a realização de atividade física por pelo menos uma hora por
dia. Este indicador foi apresentado como tempo de atividade física globalmente estimado.
Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 20,2% dos escolares praticavam
uma hora de atividade física em pelo menos cinco dias por semana, sendo 27,9%, para
os estudantes do sexo masculino, e 13,1%, para os do sexo feminino. Os estudantes
das escolas privadas obtiveram porcentagem de 22,0%, enquanto 19,8% foi a proporção
para aqueles das escolas públicas (Tabela 2.5.6). Este indicador também demonstrou
diferenças importantes quanto à prática de atividade física entre meninos e meninas e
por dependência administrativa da escola.
Aulas de Educação Física na escola
A escola é um espaço privilegiado para a prática de atividade física de crianças e
jovens. Além disso, é um espaço importante para a promoção de saúde, desenvolvendo
o interesse dos alunos pelas atividades, esportes e exercícios.
A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) determina a obrigatoriedade da prática de aulas de Educação Física nas
escolas (BRASIL, 1996). Este incentivo é fundamental para que a prática de esportes
se consolide como hábito saudável desde a adolescência.
O Gráfico 11 mostra o percentual de escolares por frequência semanal de aulas de
Educação Física nos últimos sete dias antes da pesquisa, segundo as Grandes Regiões.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
Nenhum dia 4 dias1 dia 2 dias 3 dias
%
Gráfico 11 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por frequência
semanal de aulas de educação física na escola, segundo as Grandes Regiões - 2012
Norte 24,7 40,3 27,5 2,8
1,7 3,0
Sudeste 15,0 51,0 25,6 3,7
1,9 2,9
Sul 8,3 21,9 40,6 24,1
2,9 2,2
Centro-Oeste 17,5 35,8 34,5 7,7
1,9 2,6
Brasil 18,3 43,1 27,3 6,7
1,9 2,7
Nordeste 28,1 44,6 20,3 3,0
1,3 2,7
5 a 7 dias
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
As proporções de adolescentes por frequência de aulas de Educação Física na
semana anterior à entrevista foram de 18,3%, para aqueles que não frequentaram
nenhuma aula, e 38,6%, para os que frequentaram dois dias ou mais (Tabela 2.5.3).
Entre os meninos, a proporção dos que informaram dois dias ou mais de aulas de
Educação Física foi de 40,6%; entre as meninas, 36,8%. As porcentagens observadas
entre os alunos das redes privada e pública foram, respectivamente, 30,5% e 40,3%.
É importante destacar que essas diferenças por sexo e dependência administrativa da
escola não foram estatisticamente significativas. A mesma característica, analisada
por Grandes Regiões, apresentou os maiores percentuais na Região Sul (69,7%) e os
menores, na Região Nordeste (27,3%) (Tabela 2.5.4).
Hábito sedentário: tempo assistindo TV
Um importante indicador de sedentarismo é o hábito de assistir televisão
(SCHOENBORN, 2004). A OMS recomenda que crianças não devem estar mais que
uma ou duas horas em frente à TV e video game diariamente. O tempo em frente à
TV também está associado ao consumo de alimentos calóricos, refrigerantes e baixo
consumo de frutas e vegetais, além de pouco gasto de energia (CURRIE et al., 2008a).
Dados da Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar
(Health Behaviour in School-Aged Children - HBSC), realizada no período de 2009 a 2010,
em mais de 40 países da Europa e América do Norte apontaram que 56,0% dos alunos
com 11 anos de idade relataram o hábito de assistir duas horas ou mais de televisão
por dia, e que entre os alunos de 13 anos e 15 anos de idade esses percentuais foram
de 65,0% e 63,0%, respectivamente (CURRIE et al., 2012). Os motivos pelos quais
as crianças e adolescentes têm sido menos ativos passam pelo aumento do tempo
frente à TV, Internet e video game, reduções de aulas de Educação Física nas escolas
e de opções de lazer ativo, em função da violência e da mobilidade urbanas, assim
como pelo aumento da frota automobilística e a preocupação dos pais com a segurança
(RODRÍGUEZ, 2005).
Na PeNSE 2009, no conjunto dos Municípios das Capitais e Distrito Federal,
79,4% dos adolescentes informaram assistir a duas horas ou mais diárias de televisão.
Este indicador permaneceu praticamente inalterado na PeNSE 2012, 78,6%.
No País, em 2012, o hábito de assistir a duas horas ou mais de televisão, num
dia de semana comum, foi relatado por 78,0% dos estudantes do 9º ano do ensino
fundamental. Entre os escolares do sexo feminino, 79,2% mencionou este hábito,
enquanto para os do sexo masculino esta proporção foi de 76,7%. Os percentuais
observados entre os adolescentes das escolas privada e pública foram 77,5% e 78,2%,
respectivamente. A Região Sudeste apresentou a maior frequência do hábito de assistir
a duas horas ou mais diárias de televisão (80,2%) (Tabela 2.5.5).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Cigarro, álcool e outras drogas
Cigarro e outros produtos do tabaco
O tabaco é um dos determinantes mais importantes para o desencadeamento
das doenças crônicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health
Organization - WHO), o tabaco é líder nas causas de mortes preveníveis no mundo. Além
disso, o início do tabagismo em idade precoce está associado ao aumento da chance
de uso de outras substâncias, como álcool e drogas ilícitas. Assim, um ponto-chave na
saúde pública é prevenir, ou pelo menos retardar, a iniciação deste hábito (WHO, 2008).
A experimentação de cigarro geralmente ocorre na adolescência. A maioria dos adultos
fumantes já eram tabagistas aos 18 anos, segundo a OMS (CURRIE et al., 2012).
A adoção de comportamentos prejudiciais à saúde é influenciada por uma série
de fatores e, dentre os principais, está o exemplo vindo da família. Vários estudos
têm apontado hábitos familiares como um importante fator de risco ou de proteção
para o consumo de tabaco. Isso se deve ao fato desse consumo ser apreendido,
predominantemente, a partir de interações estabelecidas entre os jovens e seus
contextos próximos de socialização, como a família, a escola e o grupo de amigos
(PAIVA; RONZANI, 2009).
Os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, realizada
com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, mostraram que a experimentação
do cigarro foi de 19,6%, sendo a maior frequência de experimentação observada na
Região Sul (28,6%) e a menor, na Região Nordeste (14,9%). Entre os Municípios das
Capitais, Campo Grande apresentou a maior proporção (37,1%) de escolares que já
fizeram uso do cigarro alguma vez na vida, seguido de Curitiba (31,7%). Não houve
diferença significativa na distribuição por sexo. Em relação à dependência administrativa
da escola, a frequência de experimentação foi maior entre os estudantes das escolas
públicas (20,8%) do que das escolas privadas (13,8%) (Tabela 2.6.1).
Na PeNSE 2012, a população de escolares com 15 anos que experimentaram
cigarro em idade igual ou inferior aos 13 anos foi de 15,4%. Conforme a Pesquisa
de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (Health Behaviour in
School-Aged Children - HBSC), da OMS, para países da Europa e América do Norte, os
adolescentes com 15 anos que experimentaram cigarro com idade igual ou inferior a
13 anos foi de 24,0% (CURRIE et al., 2012).
Os dados da PeNSE para as capitais brasileiras mostraram que o número de
escolares que experimentaram cigarro alguma vez na vida reduziu de 24,2%, em 2009,
para 22,3%, em 2012 (Tabela 2.6.1).
O uso atual de cigarros foi medido pelo consumo feito nos últimos 30 dias,
independentemente da frequência ou intensidade do consumo. A partir deste recorte
temporal, constatou-se que 5,1% dos escolares haviam fumado cigarro. As Regiões
Sul (7,6%) e Centro-Oeste (6,4%) apresentaram os maiores percentuais de escolares
fumantes e as Regiões Nordeste (2,9%) e Norte (3,8%), os menores percentuais. Os
Municípios das Capitais com as maiores proporções de escolares fumantes no período
foram Campo Grande, com 12,4%, e Florianópolis, com 9,7%, enquanto Salvador e Aracaju
registraram as menores frequências: respectivamente, 3,2% e 3,4% (Tabela 2.6.3).
Ao comparar os dados das pesquisas de 2009 e 2012, verifica-se que o percentual
de escolares que fizeram uso de cigarros nos últimos 30 dias manteve-se estável, em
torno de 6,0%.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
A PeNSE 2012 perguntou também sobre o uso, nos últimos 30 dias, de outros
produtos de tabaco: cigarro de palha ou enrolados a mão, charuto, cachimbo, cigarilha,
cigarro indiano ou bali, narguilé, rapé e fumo de mascar. No Brasil, 4,8% dos escolares
consumiram outros produtos de tabaco. Nas Regiões Sul (7,9%) e Centro-Oeste (7,1%),
estão as maiores proporções de escolares que consumiram esses produtos de tabaco.
Nas Regiões Sudeste, Norte e Nordeste, o consumo de outros produtos de tabaco
pelos escolares foi de 5,8%, 2,2% e 1,6%, respectivamente. Esse consumo se deu
em maiores proporções pelos estudantes do sexo masculino (5,4%) do que entre os
do sexo feminino (4,3%) e não apresentou diferença entre os estudantes das escolas
públicas (4,9%) e das escolas privadas (4,5%) (Tabela 2.6.2).
No Brasil, 59,9% dos escolares declararam que estiveram na presença de
fumantes na semana anterior à pesquisa. A Região Nordeste (62,0%) apresentou o
maior percentual de escolares que estiveram na presença de pessoas que faziam uso de
cigarro e, entre os Municípios das Capitais, São Luís (49,6%) correspondeu ao menor
percentual, enquanto Porto Alegre (63,7%), ao maior. A proporção de meninas (62,4%)
que referiram a presença de fumantes foi maior do que a dos meninos (57,3%). Com
relação à dependência administrativa da escola, 61,5% dos estudantes de escolas
públicas estiveram na presença de pessoas que fumam, contra 52,3% dos escolares
da rede privada (Tabela 2.6.4).
Segundo a PeNSE 2012, 29,8% dos escolares brasileiros que frequentavam o 9º
ano do ensino fundamental informaram que pelo menos um dos responsáveis era fumante.
No Município de Porto Alegre, esta proporção alcançou 40,9% e, em Florianópolis,
34,9%. Os percentuais de escolares do sexo masculino (28,3%) e do feminino (31,2%)
que referiram ter pelo menos um dos responsáveis fumante é praticamente a mesma.
Nas escolas públicas, 32,2% declararam pais ou responsáveis fumantes, e na rede
privada, 18,4% (Tabela 2.6.5).
A PeNSE 2012 investigou a percepção dos escolares sobre qual seria a reação
de sua família caso soubessem que eles eram fumantes. Os dados mostraram que
aproximadamente 91,7% dos escolares no Brasil declararam que sua família se
importaria muito caso soubesse que eles fumavam. Foram constatadas variações entre
a percepção dos estudantes de escolas públicas (91,1%) e de escolas privadas (94,8%).
Entre escolares do sexo masculino (91,4%) e do feminino (92,1%), a diferença não foi
significativa (Tabela 2.6.6).
Dentre os escolares que fumaram nos 12 meses anteriores à entrevista, 65,4%
tentaram parar de fumar. A iniciativa de tentar parar de fumar não apresentou grandes
diferenças entre os escolares dos sexos masculino, 65,2%, e feminino, 65,5%, nem entre
os estudantes de escolas públicas (66,0%) e da rede privada (61,5%) (Tabela 2.6.7).
Álcool
O consumo de bebida alcólica é um dos principais fatores de risco para a saúde
no mundo e está envolvido em mais de 60 diferentes causas de problemas de saúde,
constituindo uma importante questão para os indivíduos e sociedades (PATTON et al.,
2009; RHEM et al., 2009). O álcool pode alterar o desenvolvimento do cérebro nos
adolescentes, influenciando o desenvolvimento cognitivo, emocional e social (TAPERT
et al., 2004). O uso precoce do álcool está associado a problemas de saúde na idade
adulta, além de aumentar significativamente o risco de se tornar consumidor em excesso
ao longo da vida (STRAUCH et al., 2009; MCCAMBRIDGE; MCALANEY; ROWE, 2011).
O consumo excessivo de bebida alcoólica na adolescência está associado a insucesso
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
escolar, acidentes, violências e outros comportamentos de risco, como tabagismo,
uso de drogas ilícitas e sexo desprotegido, segundo a OMS (PECHANSKY; SZOBOT;
SCIVOLETTO, 2004; ANDRADE et al., 2012; CURRIE et al., 2012).
Experimentação precoce de bebidas alcoólicas
A experimentação da bebida alcoólica foi avaliada na PeNSE, tanto em 2009 como
em 2012, com a pergunta Alguma vez na vida, você já experimentou bebida alcoólica?
Em 2012, esse indicador correspondeu a 70,5% para o conjunto dos Municípios das
Capitais, mantendo-se estável em relação a 2009 (71,4%). Os dados da PeNSE 2012,
para o País, mostraram que 66,6% dos escolares já haviam testado a bebida alcoólica,
sendo esse indicador maior nas Regiões Sul (76,9%) e Centro-Oeste (69,8%) e menor
nas Regiões Norte (58,5%) e Nordeste (59,6%) (Tabela 2.6.8).
Como este questionamento permite interpretações tais como provar bebidas e
testar o sabor, a PeNSE 2012 inseriu uma nova pergunta para medir a experimentação
de uma dose de bebida, que é a seguinte: Alguma vez na vida você tomou uma dose de
bebida alcoólica? Desta forma, o questionário tornou-se comparável aos questionários
internacionais, e o indicador tornou-se mais específico. Ao perguntar se o escolar tomou
ao menos uma dose de bebida alcoólica, correspondendo a uma lata de cerveja, uma
taça de vinho, uma dose de cachaça, ou uísque, a PeNSE 2012 mostrou que 50,3% dos
escolares responderam positivamente, variando de 56,8%, na Região Sul, a 47,3%, na
Região Nordeste. Os resultados revelaram também que as meninas (51,7%) apresentaram
uma proporção maior nesse indicador do que os meninos (48,7%). Na comparação entre
os Municípios das Capitais, os escolares de Campo Grande relataram o maior consumo
de uma dose de bebida alcoólica, 62,3% (Tabela 2.6.9).
Considerando a pergunta Que idade você tinha quando tomou a primeira dose de
bebida alcoólica, que pretende retratar o uso precoce de bebidas alcoólicas, levantado
pela PeNSE 2012, observou-se que, entre os adolescentes com idade de 15 anos, 31,7%
tomaram a primeira dose com 13 anos ou menos. Este percentual oscilou de 26,7%,
na Região Norte, a 43,2%, na Região Sul.
Consumo atual de bebida alcoólica
O consumo atual de bebida alcoólica entre os escolares, avaliado pelo consumo
feito nos 30 dias que antecederam a pesquisa, foi de 26,1% no Brasil e não apresenta
diferenças relevantes entre os sexos masculino (25,2%) e feminino (26,9%). Entre
os alunos de escolas privadas e públicas, este indicador foi, respectivamente, 23,0%
e 26,7%. Os Municípios das Capitais com os maiores percentuais de escolares que
consumiram bebida alcoólica no período considerado, foram Porto Alegre (34,6%) e
Florianópolis (34,1%), enquanto os menores percentuais foram registrados em Belém
(17,3%) e Fortaleza (17,4%) (Tabela 2.6.10).
Os dados da PeNSE para os Municípios das Capitais, em 2009 e 2012, não
mostraram diferenças de grande magnitude. Em 2009, o consumo de bebida alcoólica
nos últimos 30 dias foi de 27,3% e, em 2012, 26,8%.
Local de obtenção da bebida alcoólica
Entre os escolares que consumiram bebida alcoólica 30 dias antes de responder
ao questionário da PeNSE, a forma mais comum de obtê-la foi em festas (39,7%), com
amigos (21,8%), ou comprando no mercado, loja, bar ou supermercado (15,6%). Outros
10,2% dos escolares adquiriram bebida alcoólica para o consumo durante o período
considerado, na própria casa.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
A proporção de meninas foi preponderantemente maior em relação à proporção de
meninos que informaram adquirir bebida alcoólica em uma festa (44,4% e 33,9%), com
amigos (23,0% e 20,4%) ou em casa (11,2% e 8,8%, respectivamente). Por outro lado,
entre os meninos, a proporção dos que adquiriram bebida alcoólica no mercado, loja, bar
ou supermercado (21,9%) supera a proporção de meninas (10,5%) que mencionaram
estes locais ao adquirir bebida alcoólica (Gráfico 12).
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
Masculino Feminino
%
Gráfico 12 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental,
que informaram consumo de bebida alcoólica, nos últimos 30 dias, por sexo,
segundo o local ou forma que foi adquirida a bebida - Brasil - 2012
7,1
4,4
3,4
8,8
21,9
20,4
33,9
6,1
1,7
3,1
11,2
10,5
23,0
44,4
Outro modo
Vendedor de rua
Dinheiro a alguém
para comprar
Em casa
Mercado, loja, bar ou
supermercado
Com amigos
Em uma festa
Episódio de embriaguez
Cabe ainda ressaltar que 21,8% dos escolares já sofreram algum episódio de
embriaguez na vida. Os escolares da Região Sul apresentaram o maior percentual
(27,4%), e os da Região Nordeste, a menor frequência (17,3%). A proporção de alunos
das escolas públicas com episódio de embriaguez foi maior do que a observada nas
escolas privadas: 22,5% e 18,6%, respectivamente (Tabela 2.6.11).
Nos Municípios das Capitais, 24,3% dos estudantes relataram episódios de
embriaguez em 2012. Houve um aumento em relação a 2009, quando este percentual
foi de 22,1%.
No que diz respeito à percepção dos escolares sobre a reação de sua família, caso
eles chegassem em casa bêbados, 89,7% dos adolescentes afirmaram que a família
se importaria muito, 5,9% se importaria um pouco, 1,7% não se importaria e 2,7%
não souberam responder. A percepção dos escolares sobre a desaprovação dos pais
ou responsáveis em relação à embriaguez dos seus filhos foi maior na Região Nordeste
(91,8%) e menor na Região Centro-Oeste (87,9%). Segundo os dados da PeNSE 2012,
as famílias de grande parte dos escolares da rede privada (91,6%), como das escolas
públicas (89,3%), iriam se importar muito caso os adolescentes chegassem em casa
bêbados (Tabela 2.6.12).
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Com relação ao consumo de álcool, 10,0% dos estudantes relataram ter tido
problemas com suas famílias ou amigos, faltaram às aulas ou se envolveram em brigas,
porque tinham bebido. A proporção de escolares que declararam problemas com o
consumo de álcool variou de 11,5%, na Região Centro-Oeste, a 8,4%, na Região
Nordeste. O percentual de escolares que declararam problemas com o consumo de álcool
foi discretamente maior entre as meninas (10,4%) do que entre os meninos (9,5%).
Uso de drogas ilícitas
O uso intenso de cannabis, também conhecida por maconha, está relacionado
a uma série de problemas, incluindo comprometimento cognitivo, baixo desempenho
escolar, deterioração e abandono, externalização de problemas, tais como a tomada
de riscos, agressão e delinquência e problemas de internalização, como depressão e
ansiedade, segundo a OMS (CURRIE et al., 2012).
Segundo a pesquisa HBSC, da OMS, 17,0% dos adolescentes com 15 anos dos
países da Europa e da América do Norte relataram uso de maconha pelo menos uma vez
em suas vidas, e 8,0%, pelo menos uma vez nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa
(consumo recente). Os meninos são mais propensos a usar maconha e sofrem influências
sociais de amigos ou irmãos mais velhos. Nos Estados Unidos, 30,0% dos meninos
e 26,0% das meninas fumaram maconha pelo menos uma vez na vida, assim como
16,0% dos meninos e 12,0% das meninas fumaram maconha nos 30 dias anteriores
à pesquisa, segundo a OMS (CURRIE et al., 2012).
Uso de drogas ilícitas alguma vez na vida
A PeNSE 2012 investigou o uso de drogas ilícitas tais como: maconha, cocaína,
crack, cola, loló, lança perfume, ecstasy. Os dados evidenciaram que 7,3% dos escolares
já usaram drogas ilícitas. Considerando as Grandes Regiões, os maiores percentuais
foram observados nas Regiões Centro-Oeste (9,3%) e Sul (8,8%).
Analisando os resultados segundo os Municípios das Capitais, os maiores
percentuais foram encontrados em Florianópolis (17,5%) e Curitiba (14,4%), enquanto
os menores, em Palmas e Macapá (aproximadamente 5,7% em ambas).
Os escolares do sexo masculino, com 8,3%, foram mais frequentes no uso de
drogas ilícitas no Brasil. Entre os escolares do sexo feminino, o percentual foi de 6,4%.
A proporção de estudantes de escolas públicas que fizeram uso de drogas ilícitas foi de
7,5%, e a dos escolares da rede privada atingiu 6,5% (Tabela 2.6.14).
Considerando os escolares com 15 anos que usaram drogas antes dos 13 anos de
idade, o percentual para o conjunto do País foi de 2,6%, variando de 1,2%, na Região
Norte, a 4,4%, na Região Sul.
A PeNSE 2009 identificou que a experimentação de drogas ilícitas foi de 8,7% para
o conjunto dos alunos pesquisados nos Municípios das Capitais. Em 2012, a proporção
para este indicador, entre os adolescentes que frequentavam o 9º ano em escolas dos
Municípios das Capitais do País, foi de 9,9%, representando um ligeiro aumento em
relação ao resultado observado há três anos atrás.
Em 2009, os meninos entrevistados, que relataram o uso de drogas ilícitas,
representavam 10,6% e entre as meninas o percentual foi de 6,9%. Em 2012, os
percentuais no conjunto dos Municípios das Capitais por sexo masculino e feminino
foram 10,7% e 9,2%, respectivamente.
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Ainda na comparação dos resultados para estudantes dos Municípios das Capitais
do País, observa-se que, em 2009, a proporção de estudantes de escolas públicas que
fizeram uso de drogas ilícitas atingiu 9,0%, e a da rede privada foi de 7,6%. Em 2012,
as proporções de estudantes por esfera administrativa da escola alcançaram 10,6%,
entre os alunos da rede pública, e 7,8%, entre os da rede privada.
Uso de maconha e crack
O consumo atual de maconha é medido por aqueles que usaram esta droga nos
30 dias que antecederam a data da pesquisa. Quando considerado o consumo atual
de maconha para o total dos escolares pesquisados no País, a proporção foi de 2,5%.
Os percentuais por sexo, neste indicador, foram de 3,1%, para os escolares do sexo
masculino, e 2,0%, para os do sexo feminino. Os escolares residentes na Região
Sul apresentaram maior consumo atual de maconha (3,6%). O menor percentual
foi observado na Região Nordeste, 0,9%. Considerando os Municípios das Capitais,
Florianópolis apresentou a maior proporção do consumo atual de maconha (10,1%)
(Tabela 2.6.15).
Os resultados da PeNSE 2012 também mostraram que, considerando exclusivamente
os escolares que usaram drogas ilícitas alguma vez na vida, 34,5% utilizaram maconha
(Tabela 2.6.16) e 6,4% (Tabela 2.6.17) usaram crack, nos 30 dias que antecederam a
pesquisa. Em relação ao conjunto de escolares do País frequentando o 9º ano do ensino
fundamental, 0,5% relataram o uso de crack no período.
Saúde sexual e reprodutiva
Um dos principais aspectos na adolescência é a iniciação da vida sexual. O
comportamento sexual é diferente entre adolescentes de várias regiões do mundo
(WELLINGS et al., 2006). Estudos realizados no Brasil e no mundo mostram que a
vida sexual dos adolescentes tem início cada vez mais cedo e que a precocidade está
associada ao sexo desprotegido e ao maior número de parceiros ao longo da vida
(SHAFII; STOVEL; HOLMES, 2007). A precocidade da primeira relação sexual pode
trazer consequências graves para a saúde dos adolescentes. O não uso do preservativo
ou seu uso inadequado podem acarretar não só a infecção por doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs) e HIV, como provocar gravidez indesejada (GRANERO; PONI;
SÁNCHEZ, 2007).
Fatores do contexto familiar e da escola podem ser protetores para o comportamento
sexual de risco. Estudo sobre a influência dos fatores contextuais no comportamento
sexual de adolescentes, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE
2009, realizada com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, mostrou que
viver com ambos os pais, ter um maior envolvimento familiar e monitoramento parental,
além de receber orientações sobre saúde sexual e reprodutiva na escola, têm impacto
positivo no comportamento sexual de adolescentes, como menor chance de ter relação
sexual precocemente e realizar sexo desprotegido (OLIVEIRA-CAMPOS et al., 2013).
A educação sexual na escola é importante para dar orientação adequada para a
primeira relação sexual dos adolescentes. Ações dos Ministérios da Saúde e da Educação
têm implantado programas de acesso aos meios e métodos anticoncepcionais para evitar
a gravidez precoce e prevenir as DSTs e a AIDS.
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Nesse sentido, a primeira edição da PeNSE, realizada em 2009, teve como objetivo
ampliar o conhecimento sobre a saúde dos escolares, com relação às orientações recebidas
na escola sobre saúde sexual, DSTs e AIDS, prevenção de gravidez e aquisição gratuita de
preservativos. Sob esses aspectos, a PeNSE 2009 mostrou que 89,4% dos estudantes das
escolas particulares e 87,5% dos alunos das escolas públicas responderam ter recebido
orientação sobre DSTs e AIDS. Com relação a receber informações sobre gravidez na
adolescência, 82,1% dos escolares da rede privada e 81,1% da pública responderam
positivamente. Quanto a orientações sobre como adquirir gratuitamente preservativos,
71,4% dos alunos de escolas públicas e 65,8% de escolas privadas disseram receber
tais informações.
Iniciação sexual
As pesquisas têm mostrado que a iniciação sexual de adolescentes do sexo
masculino é mais precoce do que a observada para o sexo feminino. Pesquisa realizada
no Estado de Lara, na Venezuela, com 2 070 estudantes do 7º, 8º e 9º anos demonstrou
que 27,0% dos meninos e 3,8% das meninas já haviam tido relações sexuais. Deste
contingente, 54,9% dos alunos e 23,5% das alunas tiveram sua primeira relação
sexual aos 12 anos de idade (GRANERO; PONI; SÁNCHEZ, 2007). Estudo realizado na
Europa e na América do Norte, Global School-Based Student Health Survey - GSHS,
pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), apontou
que 26,0% dos escolares com 15 anos de idade já haviam tido relação sexual (CURRIE
et al., 2012).
No Brasil, dados da PeNSE 2009, para o conjunto dos Municípios das Capitais,
revelaram que 30,5% dos escolares do 9º ano do ensino fundamental já haviam tido
relação sexual alguma vez na vida, sendo em maior proporção para os meninos (43,7%)
do que para as meninas (18,7%), bem como entre aqueles que estudam em escola
pública (33,1%) e com idade acima de 15 anos (47,3%). O uso do preservativo na
última relação sexual foi de 75,9%, e também foi a “camisinha” (74,7%) o método
contraceptivo mais utilizado na última relação sexual.
Os resultados da PeNSE 2012, para o Brasil, revelaram que 28,7% dos escolares
já tiveram relação sexual alguma vez na vida. As proporções deste indicador foram de
40,1% entre os meninos e de 18,3% para as meninas. Com relação à dependência
administrativa da escola, 30,9% dos estudantes de escolas públicas e 18,2% dos
estudantes de escolas privadas declararam que tiveram relação sexual. A Região Norte
apresentou o maior percentual (38,2%) de escolares para este indicador, seguida das
Regiões Centro-Oeste (32,1%), Sudeste (29,1%), Sul (27,3%) e Nordeste (24,9%)
(Tabela 2.7.1).
Uso de preservativos
Quanto à informação sobre o uso de preservativos, os dados da PeNSE 2009
mostraram que, no conjunto dos Municípios das Capitais do País, dentre os 30,5% de
escolares que tiveram relação sexual, 75,9% disse ter usado preservativo na última
relação sexual. Segundo dados de estudo divulgado pela OMS, realizado em mais de
40 países, em 2005 e 2006, entre adolescentes com 15 anos de idade, 77,0% relatou
o uso de preservativo na última relação. Nos Estados Unidos, um inquérito realizado em
2007, entre alunos do 9º até o 12º ano (equivalente ao Ensino Médio), verificou que,
entre escolares que tiveram relação sexual, 61,5% usou preservativo durante a última
experiência (CURRIE et al., 2008a; MALTA et al., 2011b).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Os resultados da PeNSE 2012 revelaram que, quanto ao uso de preservativos pelos
escolares, dos 28,7% que declarou relação sexual alguma vez na vida, 75,3% disse ter
usado preservativo na última vez. Desse total, 77,1% é do sexo masculino e 71,8%,
do sexo feminino. Com relação à dependência administrativa da escola, não houve
diferença significativa: 75,0% corresponde a estudantes da rede privada, e 75,4%,
da rede pública. Com relação às Grandes Regiões, os percentuais ficaram próximos: a
Região Norte registrou o mais elevado, 77,1%, e a Região Nordeste, 74,0%, apresentou
a menor proporção (Tabela 2.7.2).
Acesso na escola a informações sobre sexualidade
A PeNSE 2012 mostrou que 89,1% dos escolares disseram ter recebido informações
sobre doenças sexualmente transmissíveis e AIDS na escola. Em relação à dependência
administrativa da escola, não houve diferença entre escolares de escolas públicas (89,2%)
e privadas (88,7%). Na análise por Grandes Regiões, a Região Sul (91,4%) obteve o
maior percentual, vindo, em seguida, as Regiões Nordeste (90,3%), Norte (88,9%),
Centro-Oeste (88,7%) e, por último, a Região Sudeste (87,9%) (Tabela 2.7.3).
A proporção dos alunos entrevistados que receberam orientação na escola sobre
como adquirir preservativos gratuitamente foi de 69,7%. Em relação à dependência
administrativa da escola, o percentual encontrado entre os estudantes da rede pública
(72,3%) foi maior do que o registrado entre os da rede privada (56,7%). A Região
Centro-Oeste apresentou o maior percentual (73,3%), enquanto a Sudeste, o menor
percentual (68,1%) (Tabela 2.7.4).
Cerca de 82,9% dos escolares responderam ter recebido orientação na escola
sobre prevenção de gravidez. Não foram verificadas diferenças significativas entre
escolares de escolas públicas (83,3%) e escolas privadas (80,8%). A Região Sul (86,2%)
registrou o maior percentual; a Região Sudeste, o menor, 81,0% (Tabela 2.7.5).
Violência, segurança e acidentes
Em 2002, a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization -
WHO), no relatório mundial sobre violência e saúde definiu a violência como: “Uso da
força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou
contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de
resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”
(KRUG et al., 2002, p.5, tradução nossa).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990)
constitui uma das estratégias do Estado e da sociedade para preservar os direitos
fundamentais da população brasileira nessas faixas etárias. O Estatuto assegura
que nenhuma criança ou adolescente deve ser objeto de discriminação, negligência,
exploração, violência, crueldade ou agressão dentro ou fora da família. Estabelece
também que todos os profissionais que trabalham com crianças e adolescentes têm o
dever de comunicar aos Conselhos Tutelares situações de maus tratos (BRASIL, 1990).
A violência intrafamiliar se caracteriza por todo tipo de agressão que prejudique o
bem estar, a integridade física ou psicológica, a liberdade, ou o direito de desenvolvimento
de algum membro da família. Segundo a OMS, podem ser distinguidos quatro tipos de
violência contra a criança e o adolescente: a física, a sexual, a emocional ou psicológica
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
e a negligência, as quais podem resultar em danos ao seu crescimento, desenvolvimento
psicológico e maturação. Esses tipos de violência são, na maioria das vezes, encobertos
e revelam uma triste realidade: a família, da qual se espera a proteção e o apoio, pode
também ser fonte de risco (MASCARENHAS et al., 2010).
Estudo realizado na Europa e na América do Norte, Global School-Based Student
Health Survey - GSHS, pela OMS, apontou que 14,0% dos alunos com 11 anos de
idade estiveram envolvidos em uma briga com luta física, por pelo menos três vezes,
nos 12 meses anteriores à pesquisa. Este percentual é igual a 13,0% aos 13 anos, e
10,0% aos 15 anos de idade. A prevalência de luta física relatada na maioria dos países
diminui com o aumento da idade, ou seja, é maior entre os adolescentes com idades de
11 a 13 anos do que entre os mais velhos, de 15 anos ou mais. No total, 25,0% dos
meninos e 7,0% das meninas afirmaram ter se envolvido em uma briga com luta física,
por pelo menos três vezes, nos 12 meses anteriores à pesquisa (CURRIE et al., 2012).
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, realizada com os
estudantes do 9º ano do ensino fundamental, investigou temas relacionados a vários
aspectos em que a violência pode afetar aos escolares, como: sentimento de insegurança
no deslocamento para a escola e no espaço escolar, envolvimento em brigas com armas
de fogo e branca, agressão física perpetrada por adulto da família, lesões e ferimentos
sofridos, violência no trânsito, e bullying.
Segurança no trajeto casa-escola e no espaço escolar
Em 2012, os resultados da PeNSE mostraram que, no País, a proporção de
estudantes que deixaram de ir à escola, nos 30 dias anteriores à pesquisa, por não se
sentirem seguros no caminho de casa para a escola ou da escola para casa, foi de 8,8%.
Observou-se que este percentual foi maior entre os alunos de escolas públicas (9,5%) do
que entre aqueles de escolas privadas (5,0%). A proporção de alunos que deixaram de
ir à escola porque neste ambiente não se sentiam seguros alcançou 8,0%. A frequência
foi maior entre os alunos de escolas públicas (9,1%) do que de escolas privadas (4,4%).
Na Região Sudeste, 9,9% dos estudantes faltaram às aulas por insegurança no trajeto
casa-escola e 8,7%, por insegurança no espaço escolar (Tabela 2.8.4).
Envolvimento em briga com armas
No que se refere às brigas com arma branca, 7,3% dos escolares declararam
envolvimento, nos 30 dias que antecederam a pesquisa, sendo este mais frequente
em alunos do sexo masculino (10,1%) do que do sexo feminino (4,8%). Os alunos de
escola pública que se envolveram em algum episódio dessa natureza corresponderam a
7,6%, enquanto os de escola privada foram 6,2%. A Região Centro-Oeste apresentou
o maior percentual de envolvidos neste gênero de briga, 8,4% (Tabela 2.8.6).
O envolvimento em brigas com arma de fogo foi declarado por 6,4% dos escolares,
sendo também mais frequente entre alunos do sexo masculino (8,8%) do que do sexo
feminino (4,3%). Observaram-se diferenças entre as esferas administrativas das escolas,
no que diz respeito ao envolvimento em briga com armas de fogo, sendo 6,7% para
estudantes de escolas públicas e 4,9% para estudantes de escolas privadas. A Região
Centro-Oeste também registrou a maior proporção de estudantes que participaram de
brigas em que havia arma de fogo, 8,0% (Tabela 2.8.5).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Agressão física por adulto da família
A informação sobre agressão física efetuada por um adulto da família, nos 30 dias
que precederam a pesquisa, foi mencionada por 10,6% dos escolares no País. Este tipo
de violência foi declarada por 11,5% das meninas e 9,6% dos meninos (Gráfico 13).
O percentual registrado entre estudantes de escolas públicas foi maior (10,8%) do
que entre os que frequentavam escolas privadas (9,9%). A Região Sudeste apresentou
proporção de 12,0% de adolescentes que sofriam agressão física praticada por alguém
da família, sendo o maior percentual verificado entre as Grandes Regiões (Tabela 2.8.7).
Observou-se, ainda, em todas as Grandes Regiões do País, que entre as meninas era mais
elevada a proporção que sofria agressão física praticada por familiar. Nas Regiões Sul e
Sudeste, 13,3% e 12,9%, respectivamente, das adolescentes se disseram vítimas de
agressão por alguém da família ao menos uma vez, nos 30 dias anteriores à pesquisa.
Lesões e ferimentos sofridos
A parcela de escolares do 9º ano do ensino fundamental que afirmaram ter sido
seriamente feridos, uma ou mais vezes, nos 12 meses que antecederam a pesquisa,
foi de 10,3% no País, sendo 11,8% do sexo masculino e 8,9%, do feminino. No que
diz respeito à dependência administrativa da escola, as proporções foram de 10,6%
para os estudantes de escolas públicas e 8,8% para os de escolas privadas. Dentre as
Grandes Regiões, o Norte apresentou o maior percentual (12,5%) de estudantes que
vivenciaram essa situação (Tabela 2.8.12). Observou-se ainda que nos Municípios de
Boa Vista e de Macapá as proporções de estudantes que relataram a ocorrência de
ferimentos sérios foram as mais elevadas: 15,4% e 14,6, respectivamente.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar 2012.
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-OesteBrasil
%
Gráfico 13 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental que
informaram ter sido agredidos fisicamente por um adulto da família, nos últimos 30 dias,
por sexo, segundo as Grandes Regiões - 2012
9,2
11,0
7,8
8,4
11,0
12,9
8,8
13,3
9,3
11,7
9,6
11,5
Masculino Feminino
___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012
Violência no trânsito
Os acidentes de trânsito constituem uma das principais causas de morte e
hospitalizações de jovens e adolescentes no Brasil. Tanto os resultados da PeNSE 2009
como os da PeNSE 2012 revelaram que parcela significativa de alunos do 9º ano do
ensino fundamental não respeitavam as leis de trânsito ou se expunham a riscos. Fatores
como o não uso de cinto de segurança em veículos motorizados, a não utilização de
capacete em motocicletas, a direção de veículo motorizado, assim como o transporte
em veículos conduzidos por pessoas que ingeriram bebida alcoólica foram relatados nas
duas edições da pesquisa. “Os resultados estão de acordo com as elevadas taxas de
morbimortalidade de jovens no país por [acidentes de transporte terrestre] (ATT), o que
reforça a importância de ações educativas para adolescentes [...], além de fiscalização
rigorosa” (MORAIS NETO et al., 2010, p. 3043)
Uso de cinto de segurança
Do conjunto de adolescentes, 16,1% relatou não ter usado cinto de segurança,
nas ocasiões em que encontravam-se em veículo motorizado dirigido por outra pessoa.
Observou-se que 17,5% das meninas e 14,6% dos meninos não usaram cinto de
segurança nos 30 dias anteriores à pesquisa. Entre os alunos de escolas públicas, o
percentual foi de 17,5%, maior do que o registrado para os estudantes de escolas
privadas (10,8%). A Região Nordeste apresentou a maior proporção de escolares que
não cumpriam essa norma básica de segurança no trânsito, 23,3%. Nas Regiões Sul
e Centro-Oeste, foram encontrados os menores percentuais de estudantes que não
utilizaram cinto de segurança (Tabela 2.8.8).
Direção de veículo motorizado
A direção de veículo motorizado nos 30 dias que antecederam a pesquisa foi
declarada por 27,1% do total de escolares. É importante ressaltar que os estudantes
que responderam à PeNSE 2012 eram adolescentes, na sua maioria, com idades de
13 a 15 anos. No País, a idade mínima permitida para dirigir é de 18 anos, segundo as
leis que regem o Código de Trânsito Brasileiro. A proporção dos alunos que dirigiram
veículos motorizados (38,6%) foi mais que duas vezes superior à das alunas (16,6%).
A Região Norte apresentou o maior percentual (34,7%) de alunos que disseram ter
dirigido nos 30 dias anteriores à data da pesquisa (Tabela 2.8.9).
Transporte em veículos motorizados dirigidos por motoristas que consumiram
bebida alcoólica
Os dados da PeNSE 2012 mostraram que 22,9% do total de escolares foram
transportados, nos 30 dias anteriores à pesquisa, em veículos motorizados dirigidos por
motoristas que consumiram bebida alcoólica. Os estudantes de escolas privadas estiveram
mais expostos a esse risco, 25,8%, do que os de escolas públicas, 22,3%. O Centro-
Oeste, dentre as Grandes Regiões, apresentou o maior percentual de estudantes (26,8%)
que respondeu ter andado em veículos motorizados nessa condição (Tabela 2.8.10).
Uso de capacete ao andar de motocicleta
Do conjunto de estudantes, 19,3% declararam não ter usado o capacete, nas
ocasiões em que andaram de motocicleta, nos 30 dias anteriores à pesquisa. A não
utilização desse equipamento foi maior entre estudantes do sexo feminino (21,7%) do
que do masculino (16,9%).
Análise dos resultados___________________________________________________________________________
Dentre as Grandes Regiões, a Centro-Oeste (94,0%) e a Sul (93,1%),
respectivamente, registraram as maiores parcelas de estudantes que usaram o capacete.
O Município do Rio de Janeiro apresentou a menor proporção de estudantes que referiram
a utilização de capacete, 33,1%.
Bullying
O bullying (do Inglês, bully = valentão, brigão) compreende comportamentos
com diversos níveis de violência, que vão desde chateações inoportunas ou hostis
até fatos francamente agressivos, sob forma verbal ou não, intencionais e repetidas,
sem motivação aparente, provocados por um ou mais alunos em relação a outros,
causando dor, angústia, exclusão, humilhação, discriminação, entre outras sensações.
Outros membros da comunidade escolar podem ser afetados pelo bullying, envolvendo
frequentemente os mesmos atores, nas mesmas posições de agente e de vítima. Trata-
se de situações em que se constatam relações de poder assimétricas entre agente(s) e
vítima(s), nas quais se tem dificuldade de defesa. Na literatura especializada, adota-se
também o termo vitimização. Esse tipo de atitude deve ser identificado como violência
pela comunidade escolar e deve ser trabalhada para a construção de um ambiente
saudável (LIBERAL, et al., 2005).
Dados da Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar
(Health Behaviour in School-Aged Children - HBSC), da OMS, para países da Europa e
América do Norte, mostraram que 13,0% dos alunos com 11 anos de idade sofreram
bullying na escola, por no mínimo duas vezes nos dois meses anteriores à pesquisa:
12,0%, aos 13 anos, e 9,0%, aos 15 anos de idade (CURRIE et al., 2012). Estudo
realizado em 50 estados e no Distrito de Columbia, nos Estados Unidos, com 15 503
estudantes, em 158 escolas, revelou que 20,1% dos estudantes foram vítimas de
bullying na escola nos 12 meses que antecederam a pesquisa, sendo ele mais frequente
entre as meninas (22,0%) do que entre os meninos (18,2%), segundo o Centro de
Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention - CDC)
(YOUTH..., 2012).
Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 57,6% dos estudantes do 9º ano
do ensino fundamental foram bem tratados pelos colegas quase sempre ou sempre.
Cerca de 62,8% das alunas declararam ter sido bem tratadas pelos colegas, enquanto
entre os meninos esse percentual foi de 52,0% (Tabela 2.8.1).
Em relação ao fato de sofrer bullying pelos colegas de escola, 7,2% dos escolares
afirmaram que sempre ou quase sempre se sentiram humilhados por provocações, no
conjunto do Brasil.
Os percentuais foram maiores entre os estudantes do sexo masculino (7,9%) do
que do feminino (6,5%). Entre os alunos de escolas privadas, a proporção foi de 7,9%
e entre aqueles de escolas públicas, 7,1%.
Os resultados da PeNSE 2012 demonstraram que 20,8% dos estudantes praticaram
algum tipo de bullying (esculachar, zoar, mangar, intimidar ou caçoar) contra os colegas,
levando-os a ficarem magoados, incomodados ou aborrecidos, nos últimos 30 dias
anteriores à pesquisa. Foi observado que a prática de bullying era proporcionalmente
maior entre os estudantes do sexo masculino (26,1%) do que do feminino (16,0%)
(Tabela 2.8.3).
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Análise da estrutura escolar e entorno na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012

  • 1. Análise dos resultados Características do ambiente escolar e entorno A estrutura física da escola, seus espaços e equipamentos, possuem grande importância no cumprimento de suas funções sociais. Segundo Santos, “a função está diretamente relacionada com sua forma; portanto, a função é a atividade elementar de que a forma se reveste” (SANTOS, 1985, p. 51). Desse modo, os lugares na escola, além de sua importância como palco para a prática pedagógica de ensino, estão dotados de significados e transmitem uma importante quantidade de estímulos, conteúdos e valores que a criança internaliza e aprende (ESCOLANO, 1998, p. 27). A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, com o objetivo de caracterizar o ambiente escolar e o espaço onde está inserida a escola que abriga os alunos do 9º ano do ensino fundamental, objeto da pesquisa, aplicou um questionário para investigar questões relacionadas à estrutura da escola, dimensão, espaços, equipamentos, práticas, políticas e situações do entorno, e cujas informações pudessem ajudar a caracterizar a situação de exposição a fatores de risco e proteção dos escolares. Dentre as várias questões existentes, algumas foram selecionadas e serão apresentadas considerando o número de 3 153 314 escolares estimados. Vale ressaltar que as características levantadas se referem a uma amostra representativa do conjunto de escolas do Brasil que possuem 15 ou mais alunos matriculados no 9º ano do ensino fundamental em turmas regulares diurnas.
  • 2. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Estrutura de informação e comunicação No Brasil, a biblioteca é um recurso disponível para 86,7% dos escolares do 9º ano do ensino fundamental, não sendo observadas diferenças significativas quanto à dependência administrativa da escola, com 86,0% para os estudantes da rede pública e 89,9% para os da rede privada. Essas proporções apresentaram variação entre as Grandes Regiões, indo da menor, 78,7% na Região Centro-Oeste, para os alunos da rede pública, e alcançando 100% para os alunos da rede privada na Região Sul. Nos Municípios das Capitais, a proporção de alunos com esse recurso disponível foi menor em Cuiabá (86,4%) e Belém (86,7%), atingindo 100% em Boa Vista, Fortaleza, Vitória, Curitiba e Florianópolis (Tabela 1.1.1). As escolas oferecem sala ou laboratório de informática para uso de 88,9% dos alunos, não sendo significativamente diferente para os alunos nas escolas públicas (88,3%) ou privadas (85,3%). Esse recurso é oferecido a uma proporção maior de alunos na Região Sul (92,8%) e menor na Região Norte (80,2%). A existência de sala com recursos de mídia/comunicação atinge a 59,5% dos escolares, sendo mais frequente para os alunos da rede privada (86,6%) do que para os da rede pública (53,9%). O acesso à Internet, com equipamentos da escola, é facultado a 84,2% dos escolares, apresentando maior proporção na Região Sul (98,1%) e menor, na Região Norte (78,1%). O acesso a computadores da escola, pelos alunos, na sala de aula, atinge a 21,3% dos escolares, sendo mais frequente para os alunos das escolas privadas (39,4%) do que para os das escolas públicas (17,6%), e maior, também, para os escolares da Região Centro-Oeste (31,7%) e menor para os da Região Sul (9,6%) (Tabelas 1.1.2,1.1.3,1.1.4 e 1.1.5). Alimentos comercializados Procurando disciplinar a venda de alimentos nas cantinas localizadas dentro das escolas, tanto públicas quanto particulares, alguns governos estaduais, municipais e distritais regulamentaram, via leis ou portarias, a venda de produtos considerados não adequados para o consumo, sobretudo diminuindo o acesso à alimentação inadequada e favorecendo escolhas alimentares mais saudáveis, buscando proteger, assim, a saúde dos estudantes. O governo federal, através da Portaria Interministerial nº 1.010, de 8 de maio de 2006, instituiu as diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes pública e privada, em âmbito nacional. Esta Portaria, no Art. 3º, inciso IV, define, como um dos eixos para a promoção da alimentação saudável, a restrição ao comércio e à promoção comercial, no ambiente escolar, de alimentos e preparações com altos teores de gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e incentivo ao consumo de frutas, legumes e verduras (BRASIL, 2006). A PeNSE 2012 levantou a presença de cantina e de pontos alternativos de venda de alimentos nas escolas e o tipo de alimento vendido. Cerca de metade dos escolares (48,9%) estudavam em escolas com cantina e 42,8%, em escolas com ponto alternativo de venda no interior destas ou em sua entrada. A presença de cantinas foi muito maior para os estudantes das escolas privadas (94,8%) do que para os estudantes da rede pública (39,4%), porém, para o ponto alternativo de venda, essas proporções não apresentaram diferenças significativas na mesma magnitude: 44,8% para os alunos da rede pública e 33,3% para os da rede privada.
  • 3. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ A oferta de bebidas e alimentos na cantina é apresentada de acordo com o percentual de escolares expostos a essas opções de consumo. Dentre os itens perguntados, destacaram-se como os que estão disponíveis, nas cantinas, para um maior número de escolares: os salgados de forno (39,4%), o suco ou refresco natural de frutas (34,1%) e as guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes e outros) (32,0%). Frutas frescas ou salada de frutas foram os itens de alimentos disponibilizados para a menor proporção de escolares, na cantina (11,1%). O comportamento da exposição a esses itens por esfera administrativa é apresentado no Gráfico 1, onde pode ser observado que uma maior proporção de alunos das escolas da rede privada está exposta ao consumo de alimentos na cantina, sendo que, quanto ao tipo de alimento disponibilizado em maior ou menor frequência, se assemelham entre si e acompanham o resultado geral para o País. Da oferta de bebidas e alimentos no ponto alternativo de venda, de acordo com o percentual de escolares expostos, destacaram-se, dentre os itens perguntados, como os que estão mais disponíveis: as guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes e outros) (33,2%), os salgados fritos (29,6%) e os salgadinhos industrializados (29,1%), todos considerados como alimentos não saudáveis. A exposição ao consumo, pelos escolares, de bebidas e alimentos no ponto alternativo de venda, por esfera administrativa, é apresentada no Gráfico 2, onde pode ser observado que, em vários itens, uma proporção maior de alunos das escolas da rede pública está exposta ao consumo de alimentos nesse ponto alternativo, com destaque para as guloseimas (balas, confeitos, doces, chocolates, sorvetes e outros) (34,9%), os salgados fritos (31,4%) e os salgadinhos industrializados (30,9%). Em relação, porém, a algumas bebidas e alimentos considerados mais saudáveis, a disponibilidade nos pontos alternativos é similar entre os escolares da rede privada e os da rede pública, respectivamente, como: sucos e refresco de fruta natural (15,8% e 15,0%) e leite ou bebidas à base de leite (9,2% e 8,7%). As frutas frescas figuram como o item menos disponibilizado, tanto na rede privada quanto na pública (aproximadamente 3,0% em ambas). Gráfico 1 - Proporção de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por dependência administrativa da escola, segundo as opções de bebidas e produtos alimentícios vendidos na cantina - Brasil 2012 Privada Pública Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. 52,7 77,1 59,0 52,4 51,5 89,8 54,8 54,5 69,6 60,3 37,3 20,3 25,1 18,1 15,4 14,1 28,9 22,3 21,7 24,1 16,9 5,4 Refrigerante Suco/refresco naturaldefrutas Bebidas açucaradas Leiteoubebidaa basedeleite Salgadosfritos Salgadosdeforno Salgadinhos industrializados Biscoitosou bolachassalgadas oudoces Balas,confeitos, doces,chocolates, sorveteseoutros Sanduiches Frutasfrescasou saladadefrutas %
  • 4. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 A comparação dos resultados apresentados nos Gráficos 1 e 2 indica que muitas dessas diferenças encontradas, tanto entre a cantina e o ponto alternativo de venda, como entre a rede pública e a rede privada, guardam relação com as políticas de alimentação escolar implementadas no País2 e as legislações de controle, mais eficazes na rede pública e para as cantinas do que para os pontos alternativos de venda. Estrutura para atividades físicas A atividade física também é objeto de várias políticas de promoção à vida saudável e tem na escola um importante ponto de apoio e disseminação. A PeNSE 2012 levantou a disponibilidade de alguns espaços e equipamentos destinados para a prática de esportes e atividade física. Dentre esses recursos, destaca-se a quadra de esportes, disponível para 79,4% dos escolares, sendo em uma proporção maior na rede privada (93,4%) do que na pública (76,4%). O pátio da escola é utilizado para a atividade física, com instrutor, para 52,2% dos escolares, numa proporção de 59,7% na rede privada e 50,6% na rede pública. A disponibilidade de vestiários em condições de uso para os alunos atinge 28,5% deles, sendo maior a cobertura dos estudantes das escolas privadas (66,8%) do que das públicas (20,5%) A pista de corrida e/ou atletismo é oferecida para apenas 1,9% dos estudantes, nas proporções de 5,9% na rede privada e de 1,0% na pública. A piscina também é pouco disponibilizada para os estudantes (6,7%), sendo muito diferenciada a oferta para os alunos da rede privada (35,3%) em relação à oferta para os da escola pública (0,7%). 2 Para informações complementares sobre o assunto, consultar o documento: BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de alimentação e nutrição. 2. ed. rev. Brasília, DF, 2003. 48 p. (Série B. Textos básicos de saúde). Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/consea/documentos/saude-e-nutricao/politica-nacional-de-alimentacao-e-nutricao-pnan>. Acesso em: maio 2013. Privada Pública Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. Refrigerante Suco/refresco naturaldefrutas Bebidas açucaradas Leiteoubebidaa basedeleite Salgadosfritos Salgadosdeforno Salgadinhos industrializados Biscoitosou bolachassalgadas oudoces Balas,confeitos, doces,chocolates, sorveteseoutros Sanduiches Frutasfrescasou saladadefrutas Gráfico 2 - Proporção de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por dependência administrativa da escola, segundo as opções de bebidas e produtos alimentícios vendidos no ponto alternativo de vendas - Brasil - 2012 16,9 16,1 19,4 9,4 21,0 15,6 20,7 17,6 25,7 13,8 3,5 23,6 15,0 18,1 8,7 31,4 21,6 31,0 24,5 35,0 12,9 3,5 %
  • 5. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Embora disponibilizando menor estrutura de apoio às atividades físicas, é a es- cola pública que mais oferece atividade esportiva aos alunos, fora do horário regular de funcionamento da escola. Cerca de 61,5% dos escolares da escola pública contam com esse recurso, contra 38,3% na escola privada. Ao considerar, porém, as atividades esportivas fora do horário regular de funcionamento da escola, oferecidas mediante pagamento, essa proporção se inverte, com a rede privada passando a disponibilizar esse recurso para 83,6% dos alunos, permanecendo a rede pública com praticamente o mesmo percentual (61,9%) (Tabela 1.3.6). Outras características A maior parte dos adolescentes estuda em escolas que informaram possuir política sobre proibição do uso do tabaco (89,3%), não sendo significativa a diferença entre as esferas administrativas pública (90,3%) e privada (84,6%) (Tabela 1.4.1). Em relação às escolas onde o diretor ou responsável referiu conhecimento quanto ao consumo de cigarro, na escola, por professores, ou alunos, essas ocorrências atingiram os percentuais de 15,8% dos escolares, para o caso de consumo de cigarro por professores, e de 19,6% dos escolares, para esta ocorrência entre os alunos. Em ambas as situações, a diferença entre as esferas administrativas das escolas foi significativa, com proporções de 5,9% de escolares na rede privada e 17,8% na rede pública, para o caso de consumo de cigarro por professores, e de 3,3% e 22,9%, respectivamente, para o caso de consumo de cigarro por alunos. Essas proporções apresentaram variações importantes entre as Grandes Regiões. As Regiões que apresentaram as maiores proporções para o consumo de cigarro pelos professores foram Nordeste (23,3%) e Centro-Oeste (20,1%); para a ocorrência de consumo de cigarro pelos alunos, foram as Regiões Centro-Oeste (32,1%), Sul (20,7%) e Norte (20,6%) (Tabelas 1.4.2 e 1.4.3). A PeNSE 2012 também levantou informações quanto à situação de risco, em termos de violência, na região onde se encontra a escola. Esta informação foi obtida através do questionário do ambiente escolar, respondido pelo diretor ou responsável pela escola. Tendo em vista aqueles que informaram que a escola estava situada em área considerada como de risco para a violência, a maior parte do tempo ou todo o período, nos últimos 12 meses, 17,9% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental estudavam em escolas consideradas em áreas de risco, nas proporções de 5,5% para a rede privada e de 20,4% para a rede pública (Tabela 1.4.4). Quanto às Grandes Regiões, apesar de não serem estatisticamente significativas as diferenças entre as proporções, elas oscilaram entre 27,8%, no Centro-Oeste, e 10,9%, no Sul. Diferenças significativas foram obtidas para as capitais, com proporções que variaram de tal forma que as maiores foram observadas em Belo Horizonte (46,2%), Maceió (45,9%) e Salvador (41,6%) e as menores proporções, em Cuiabá (8,2%), Rio Branco (10,9%) e Rio de Janeiro (11,0%). Características da população de estudo Aspectos básicos A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 estimou em 3 153 314 o número de escolares do 9º ano do ensino fundamental frequentando escola no País. Desse total, 1 508 703 (47,8%) são do sexo masculino e 1 644 612 (52,2%), do sexo feminino. Na análise por Grandes Regiões, observa-se que o Sudeste (44,3%) concentra o maior percentual estimado desses escolares. Em seguida, figuram Nordeste (25,3%), Sul (14,6%), Norte (8,0%) e, por último, Centro Oeste (7,9%). A população
  • 6. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 estimada segundo a dependência administrativa da escola foi composta por 2 611 931 (82,8%) alunos que estudavam em escolas públicas e 541 384 (17,2%), em escolas privadas (Tabela 2.1.1). A estrutura etária3 observada entre os participantes da pesquisa revelou que 86,0% dos escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental tinham 13 a 15 anos de idade, segmento etário preconizado pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) como referência para os estudos de adolescentes escolares. Cabe ressaltar que 45,5% tinham 14 anos de idade. As estimativas de escolares no grupo de 13 a 15 anos de idade, por Grandes Regiões, somaram os seguintes percentuais: Sul (91,1%), Sudeste (89,%), Centro-Oeste (86,4%), Nordeste (79,9%) e Norte (76,7%). O maior percentual de escolares com idade igual ou inferior a 13 anos foi encontrado na Região Nordeste (1,7%). Nas Regiões Norte (22,3%) e Nordeste (18,4%), foram encontrados os maiores percentuais estimados para idade igual ou superior a 16 anos (Tabela 2.1.2). A distribuição estimada dos escolares segundo a cor ou raça, no País, mostra maiores proporções de pardos (42,2%) e brancos (36,8%). Nos demais grupos de cor ou raça, as proporções foram: 13,4% para pretos, 4,1% para amarelos e 3,5% para indígenas. Na distribuição por Grandes Regiões, tem-se os maiores percentuais de declaração da cor branca na Região Sul (57,8%), da cor parda na Região Norte (57,3%) e da cor preta na Região Sudeste (15,6%), embora seja Salvador, na Região Nordeste, a capital com o maior percentual de escolares que informaram a cor preta (32,7%) (Tabela 2.1.3). Aspectos socioeconômicos Os fatores socioeconômicos exercem papel fundamental no desenvolvimento físico, psicológico e social das crianças e adolescentes. As desigualdades socioeconômicas são importantes determinantes sociais da saúde da população em geral e deste segmento especificamente. Isso porque, de fato, são as condições econômica, cultural, biológica e ambiental, nas quais os indivíduos e grupos familiares estão inseridos, que se constituem em fatores diferenciais da situação de saúde. Os estudos que enfatizam as desigualdades sociais e a saúde dos adolescentes são recentes e ainda carecem de medidas mais adequadas para este grupo etário, uma vez que é difícil obter informações de adolescentes sobre a posse de bens e serviços e de outros dados socioeconômicos, resultando em percentual elevado de respostas em branco ou incompletas, segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) (CURRIE et al., 2008a, 2008b). A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 levantou alguns aspectos socioeconômicos dos escolares de modo a obter indicadores que estabeleçam diferenciais das condições de vida do público-alvo estudado. Neste sentido, investigou-se a escolaridade dos pais, o número de residentes no domicílio do estudante, o trabalho entre os escolares, o número de banheiros do domicílio, a posse de bens e a disponibilidade do serviço doméstico no domicílio do escolar. 3 A amostra não foi calculada para desagregar as informações por grupos etários.
  • 7. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Escolaridade dos pais A escolaridade dos pais, e em particular a da mãe, é considerada um importante fator de proteção para a saúde de crianças e adolescentes. A forte associação com as condições econômicas confere a essa variável a possibilidade de ser utilizada como uma importante proxy das condições socioeconômicas, assim como ocorre em diversos estudos estatísticos relativos às famílias. Na PeNSE 2012, foi analisada tanto a escolaridade materna, quanto a paterna. O percentual de escolares cujas mães não possuíam qualquer grau de ensino ou possuíam somente o ensino fundamental incompleto foi de 34,5% no País. Por outro lado, a proporção de escolares cujas mães tinham o nível superior completo foi de apenas 8,9%. A proporção de escolares cujas mães não possuíam qualquer grau de ensino ou possuíam somente o ensino fundamental incompleto foi mais elevada na Região Nordeste (45,0%) e menor na Região Sudeste (28,1%). As Regiões Centro-Oeste e Sul apresentaram os maiores percentuais de escolares que informaram a escolaridade da mãe equivalente ao ensino superior completo (10,1% e 9,4%, respectivamente). Os alunos que não souberam informar a escolaridade materna totalizaram 18,4% (Tabela 2.2.1). Há que se ressaltar as percentagens mais elevadas de alunos de escolas privadas cujas mães tinham ensino médio completo ou superior completo. As diferenças são ainda marcantes quando se observam as frequências de escolares da rede pública cujas mães sequer completaram o ensino fundamental. O Gráfico 3 explicita as desigualdades educacionais das mães dos estudantes do 9º ano do ensino funamental, conforme a dependência administrativa da escola. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. Seminstrução Nãosoubeinformar Ensinofundamentalou 1ºgrauincompleto Ensinofundamental ou1ºgraucompleto Ensinomédioou2º grauincompleto Ensinomédioou2º graucompleto Ensinosuperior incompleto Ensinosuperior completo Gráfico 3 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por dependência administrativa da escola, segundo o nível de instrução da mãe Brasil - 2012 0,9 9,1 4,9 6,2 25,2 10,2 28,7 14,8 9,7 29,9 8,4 7,0 17,8 3,2 4,8 19,2 Privada Pública %
  • 8. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 O percentual de escolares cujos pais não tinham qualquer grau de ensino ou tinham somente o ensino fundamental incompleto foi de 35,7%, percentual um pouco mais elevado do que o materno. Por outro lado, a proporção de escolares cujo pai tinha o nível superior completo foi de apenas 8,0%. A proporção de escolares cujo pai não tinha qualquer grau de ensino ou tinha somente o ensino fundamental incompleto foi mais elevado na Região Nordeste (49,2%) e menor na Região Sudeste (26,9%). As Regiões Centro-Oeste e Sudeste apresentaram os maiores percentuais de escolares que informaram ter pai com ensino superior completo (9,4% e 9%, respectivamente). Os alunos que não souberam informar a escolaridade paterna totalizaram 23,7% (Tabela 2.2.2). Com relação à escolaridade do pai, as diferenças entre alunos de escolas públicas e privadas também são acentuadas, sendo também maior a proporção de alunos de escolas privadas cujos pais ossuem graus de ensino mais elevados (Gráfico 4). Número de residentes no domicílio A PeNSE 2012 levantou o total de moradores que residiam no domicílio do escolar e mostrou que 50,8% dos estudantes viviam em domicílios que tinham 3 a 4 moradores, e 34,1%, em residências com 5 a 6 moradores (Tabela 2.2.3). A média de moradores, neste estudo, foi de 4,6 moradores, superior, portanto, aos dados obtidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2011, que apontou uma densidade domiciliar de 3,3 moradores para o conjunto da população do País. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. Seminstrução Nãosoubeinformar Ensinofundamentalou 1ºgrauincompleto Ensinofundamental ou1ºgraucompleto Ensinomédioou2º grauincompleto Ensinomédioou2º graucompleto Ensinosuperior incompleto Ensinosuperior completo Privada Pública % 2,0 10,1 5,4 5,1 23,5 7,6 27,0 19,4 13,6 27,0 8,6 5,4 14,2 2,5 4,0 24,6 Gráfico 4 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por dependência administrativa da escola, segundo o nível de instrução do pai Brasil - 2012
  • 9. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Trabalho entre escolares A Constituição Federal do Brasil, em seu Art. 7º, inciso XXXIII, considera menor o trabalhador de 16 a 18 anos de idade (BRASIL, 2013). Ao menor de 16 anos é vedado qualquer trabalho, salvo na condição de aprendiz a partir de 14 anos, quando é admissível o contrato de aprendizagem, o qual deve ser feito por escrito e por prazo determinado, conforme dispõe o Art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT4 . Na edição da PeNSE 2012, foi inserido o tema trabalho entre escolares, isto é, foi observado o percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental que possuíam, ou não, algum trabalho, emprego ou negócio e que recebiam dinheiro, ou não, por desempenhar esta atividade. Os dados da pesquisa revelaram que 86,9% dos escolares responderam não trabalharam, 11,9% responderam trabalhar e receber dinheiro para desempenhar as atividades, e 1,2% responderam trabalhar sem remuneração. O maior percentual de escolares que responderam não trabalhar está na Região Sudeste (88,5%), mas são os Municípios das Capitais da Região Nordeste que concentram os maiores índices dos que informaram não trabalhar: Recife (92,3%), São Luís (91,9%) e João Pessoa (91,6%). Os dados também revelaram que o maior percentual de escolares que responderam trabalhar com remuneração está na Região Sul do País, aproximadamente 15,1%. O Município de Campo Grande, na Região Centro-Oeste do País, concentrou o maior percentual de estudantes que declararam trabalhar sem remuneração, com 2,4% (Tabela 2.2.4). O Gráfico 5 mostra a evolução do percentual de menores que trabalharam, observando-se tendência de elevação conforme o aumento da idade. Dentre os estudantes com13anosoumenosdeidade, 8,6% responderam ter algum trabalho, emprego ou negócio. A Região Sul apresentou as maiores proporções para este indicador, em relação às demais regiões do País, não só entre os estudantes com 13 anos ou menos de idade (11,9%), como também entre aqueles com 16 anos ou mais (29,5%). 4 A legislação recente sobre o trabalho admissível para as crianças e adolescentes no Brasil encontra-se incorporada nesta Consolidação, no Título III, Capítulo IV - Da proteção do trabalho do menor. Para informações complementares sobre o assunto, consultar: BRASIL. Decreto nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial [dos] Estados Unidos do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro, ano 82, n. 184, 9 ago. 1943. Seção 1, p. 11937. Com alterações posteriores. Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/legislacao>. Acesso em: maio 2013. Gráfico 5 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental que informaram ter algum trabalho, emprego ou negócio exercido atualmente, por grupos de idade, segundo as Grandes Regiões - 2012 13 anos ou menos 14 anos Norte 8,1 11,0 17,7 22,6 Nordeste 7,8 11,3 15,2 19,4 Sudeste 7,5 9,9 16,2 21,2 Sul 11,9 14,4 24,5 29,5 Centro-Oeste 9,9 12,8 19,9 28,0 Brasil 8,6 11,2 17,3 22,1 15 anos 16 anos ou mais % Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012.
  • 10. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Posse de bens e serviços A PeNSE 2012 inseriu questões sobre a posse de bens no domicílio de residência do aluno, tais como: existência de computador (de mesa, ou netbook, laptop etc.), excluindo-se tablet e palm top, acesso à Internet e se alguém que morava com o adolescente tinha carro, entre outras questões. Também foi investigada a existência do serviço de empregado(a) doméstico(a) na residência do escolar. Os dados da pesquisa mostraram que 95,5% dos estudantes das escolas privadas e 59,8% dos alunos das escolas públicas do País declararam possuir algum tipo de computador (de mesa, netbook, laptop). Entretanto, 97,7% dos escolares que frequentavam o 9º ano do ensino fundamental das escolas privadas da Região Sul declararam possuir computadores no domicílio, a maior percentagem observada entre as regiões. Com relação ao acesso à Internet, 93,5% dos escolares da rede privada e 53,5% da rede pública do País responderam acessá-la em casa. As maiores proporções foram observadas na Região Sul (96,4%), para os estudantes de escolas privadas, e na Região Sudeste (66,0%), para aqueles das escolas públicas, entretanto, somente 40,9% dos estudantes de escolas públicas na Região Norte e 35,5% dos estudantes de escolas públicas na Região Nordeste declararam possuir computador no domicílio (Tabela 2.2.5). Perguntados sobre se alguém que morava no mesmo domicílio do estudante tinha carro, 80,3% dos alunos de escolas privadas e 44,0% dos estudantes de escolas públicas do País responderam afirmativamente. O maior percentual foi observado na Região Sul, tanto entre os estudantes da rede privada (93,1%), quanto entre os da rede pública (67,0%). Quando perguntados sobre a existência de banheiros com chuveiro dentro de casa, 95,7% dos escolares responderam possuir ao menos um nessas condições. As Regiões Sul (99,3%) e Norte (86,9%) apresentaram, respectivamente, o maior e o menor percentual de escolares que responderam possuir banheiro com chuveiro. Informaram não ter banheiros com chuveiro dentro de casa 4,3% dos escolares pesquisados. Desses, 5,1% eram alunos de escolas públicas e 0,2%, de escolas privadas. Os indicadores resultantes do tópico posse de bens demarcaram algumas desigualdades de acesso às tecnologias de informação e comunicação, bem como com relação à posse de um dos ícones de status socioeconômico na sociedade brasileira, que é o carro. Há diferenciais expressivos entre os estudantes de escolas públicas e privadas, sendo o acesso a esses bens menos comum entre os escolares do ensino público. Considerando o serviço de empregados domésticos remunerados, 27,3% dos alunos de escola privada e apenas 6,5% dos alunos de escola pública responderam ter em seus domicílios a existência desse serviço em cinco ou mais dias da semana. Esse percentual é maior entre os escolares da Região Norte, tanto da rede privada (40,4%), quanto da rede pública (9,0%) (Tabela 2.2.5). Segundo as Grandes Regiões, nota-se que no Norte e Nordeste do País a proporção de estudantes que referiram a posse de bens é preponderantemente menor do que nas demais regiões. No entanto, em relação à existência de empregado(a) doméstico(a), as proporções se invertem, isto é, as Re- giões Sul, Sudeste e Centro-Oeste revelaram menores proporções de estudantes que informaram este serviço cinco dias ou mais da semana no domicílio (Gráfico 6).
  • 11. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. % Norte 86,9 46,0 41,5 31,3 12,1 Nordeste 89,8 44,5 42,9 31,1 10,7 Sudeste 99,0 78,9 72,3 56,3 9,4 Sul 99,3 71,6 62,9 69,9 10,0 Centro-Oeste 98,6 71,8 64,5 59,9 10,2 Brasil 95,7 66,0 60,4 50,2 10,1 Gráfico 6 - Percentual de escolares frequentando o 9o ano do ensino fundamental que informaram possuir bens e/ou serviços no domicílio, por tipo de bens e/ou serviços, segundo as Grandes Regiões - 2012 Banheiro(s) com chuveiro Computador (de mesa, ou netbook, laptop, etc) Carro Empregado(a) doméstico(a) 5 ou mais dias da semana Acesso à Internet Contexto familiar A concepção e a estrutura familiar têm atravessado mudanças expressivas, por diversas razões, dentre as quais se destacam a redução da fecundidade, a mudança das composições e formatos de família, o crescimento dos divórcios e o aumento do percentual de famílias monoparentais. Há, também, o aumento dos conflitos entre pais e filhos e a mudança nas relações de poder em decorrência dos adolescentes assumirem papel mais ativo na tomada de decisões na família. Esta transição tende a ser mais fácil quando existe comunicação entre pais e filhos e compartilhamento de tempo e experiências (RODRÍGUEZ et al., 2005). Com o propósito de analisar o contexto familiar dos estudantes, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012 investigou os alunos do 9º ano do ensino fundamental e mediu indicadores como: presença dos pais ou responsáveis na residência, conhecimento dos pais ou responsáveis sobre o tempo livre dos filhos, falta às aulas sem o consentimento dos pais ou responsáveis, e presença dos pais ou responsáveis durante as refeições. Nesta edição da pesquisa, foram também acrescentadas variáveis relacionadas a questões como: verificação dos deveres (lições) de casa pelos pais ou responsáveis, entendimento dos pais ou responsáveis quanto aos problemas e preocupações dos filhos e atitude dos pais ou responsáveis no que diz respeito a mexer em algo pessoal dos filhos sem a sua concordância.
  • 12. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Utilizando dados da PeNSE 2009, alguns autores concluíram que residir com ambos os pais teve efeito protetor quanto aos hábitos de fumar, beber ou usar drogas. Além disso, a supervisão familiar também foi importante na prevenção desses hábitos. Práticas, tais como fazer pelo menos uma refeição com os pais ou responsáveis, na maioria dos dias da semana, e o fato de os pais ou responsáveis saberem o que os adolescentes faziam em seu tempo livre, mostraram-se de efeito protetor quanto a hábitos de risco (MALTA et al., 2011a; OLIVEIRA-CAMPOS et al., 2013). A PeNSE 2012 revelou que, considerando os dados do País, 62,1% dos escolares responderam morar em lares com a presença de pai e mãe; 28,5% informaram morar só com a mãe; e 4,0%, só com o pai. Os que responderam não morar nem com a mãe nem com o pai totalizaram 5,4%. Na análise por Grandes Regiões, observa-se que as Regiões Nordeste (66,3%) e Sul (65,8%) apresentaram os maiores percentuais de escolares morando com a mãe e o pai. As Regiões Sudeste (31,5%), Centro-Oeste (31,1%) e Norte (28,0%) concentraram os maiores percentuais de escolares morando apenas com a mãe. A Região Norte apresentou não só as maiores proporções de escolares morando só com o pai (5,3%), como também de escolares que não moravam nem com a mãe nem com o pai (9,2%), valores estes maiores do que a média nacional (Tabela 2.3.1). Conhecimento dos pais ou responsáveis acerca do tempo livre dos escolares A comunicação constitui-se como um importante pilar de sustentação no contexto familiar, atuando como um importante fator de proteção no período da adolescência. A facilidade de comunicação com os pais reduz os riscos de comportamentos inadequados e depressão. Adolescentes com facilidade de comunicação com as suas mães foram mais propensos a demonstrarem excelente ou boa autopercepção do estado de saúde e menos propensos a serem, em idade precoce, sexualmente ativos, fumantes e consumidores de bebidas alcoólicas, conforme a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) (CURRIE et al., 2008a). Os resultados da PeNSE 2012 revelaram que 58,5% dos escolares do País declararam que os pais ou responsáveis sabiam o que eles faziam em seu tempo livre nos últimos 30 dias. As Regiões Centro-Oeste (60,1%), Sul (60,0%) e Sudeste (59,2%) apresentaram os maiores valores. A proporção dos escolares do sexo feminino que declararam que os pais ou responsáveis estavam informados sobre suas atividades no tempo livre foi de 62,1%, enquanto para os escolares do sexo masculino o percentual foi de 54,5% (Tabela 2.3.2). Este indicador apresentou variação conforme a dependência administrativa da escola, estando os pais ou responsáveis dos estudantes das escolas privadas mais informados sobre o uso do tempo livre dos filhos (68,6%) que os pais ou responsáveis dos alunos das escolas públicas, cuja proporção foi de 56,3% (Gráfico 7).
  • 13. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Falta às aulas sem permissão dos pais ou responsáveis Outro importante fator de proteção à conduta de risco para a saúde (uso de tabaco, álcool e outras drogas ilícitas e violência) dos adolescentes é o fato de ocorrer acompanhamento, pelos pais, das atividades dos filhos. O interesse dos pais pela vida cotidiana dos filhos, dos lugares que frequentam e se faltam às aulas sem sua autorização, diminui o envolvimento dos filhos em situações de violência e acidentes. A PeNSE 2009, com dados que retrataram exclusivamente os Municípios das Capitais e o Distrito Federal, revelou que 18,5% dos estudantes relataram faltar à escola sem o consentimento dos pais ou responsáveis. Os dados da PeNSE 2012, por sua vez, mostraram que o percentual de escolares do 9º ano do ensino fundamental que faltaram às aulas, nos 30 dias anteriores à pesquisa, sem permissão dos pais ou responsáveis, foi de 25,8%. No conjunto das capitais esta proporção foi de 26,0%, maior, portanto, do que o resultado obtido em 2009. A pesquisa revelou ainda que a proporção dos escolares do sexo masculino que declararam faltar às aulas sem autorização dos pais ou responsáveis foi de 28,0%, enquanto a do sexo feminino foi de 23,8%. Os estudantes de escolas públicas são os que mais faltaram às aulas sem autorização dos pais ou responsáveis 28,2%, versus 14,4% dos alunos das escolas privadas. A Região Sudeste (30,3%) registrou o percentual mais elevado, enquanto a Região Nordeste (19,1%) obteve o menor percentual de escolares que faltaram às aulas sem autorização dos pais ou responsáveis. Os Municípios das Capitais com as maiores frequências foram Cuiabá (33,2%), São Paulo (30,9%) e Campo Grande (27,4%), enquanto as menores frequências foram observadas em Aracaju (16,1%), Teresina (17,4%) e Maceió (18,6%) (Tabela 2.3.3) Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. % Norte 65,1 52,8 Nordeste 65,7 55,6 Sudeste 69,5 56,3 Sul 72,8 58,4 Centro-Oeste 67,5 58,8 Brasil 68,6 56,3 Gráfico 7 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, cujo(s) responsável(is) sabia(m) o que o escolar fazia durante o tempo livre, nos últimos 30 dias, por dependência administrativa da escola, segundo as Grandes Regiões - 2012 Privada Pública
  • 14. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Presença dos pais ou responsáveis durante as refeições A importância da relação positiva entre pais e filhos tem sido registrada como importante fator na redução de riscos. Os hábitos de conversar, passear e realizar as refeições em família são comportamentos que têm se mostrado como fator protetor para os adolescentes em relação a condutas de risco (CURRIE et al., 2008b). Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 66,4% dos escolares faziam cinco ou mais refeições na semana com a presença dos pais ou responsáveis. Na Região Sul, foi observado o maior percentual (71,1%) e, na Região Sudeste, o menor (64,6%). Não houve diferença estatisticamente significativa entre as respostas desagregadas por sexo ou por dependência administrativa da escola. Com relação aos Municípios das Capitais, a maior proporção foi observada em Florianópolis (71,5%) e a menor, em Salvador (47%) (Tabela 2.3.4). Verificação dos deveres de casa pelos pais ou responsáveis Alguns autores consideram que o acompanhamento dos deveres de casa é visto como uma forma positiva de filhos e pais interagirem e estes acompanharem o desenvolvimento dos filhos na escola (CARVALHO, 2004; RAMIRES, 2004). O conhecimento dos pais sobre os fatos da vida dos filhos previne ou minora os riscos aos adolescentes, à medida que as atividades destes estão supervisionadas (RODRÍGUEZ et al., 2005). O hábito dos pais ou responsáveis verificarem se foram feitos os deveres de casa dos escolares também foi investigado na PeNSE 2012. Do total de escolares, 32,3% responderam que seus pais ou responsáveis acompanharam seus deveres de casa, sendo observado maior percentual entre os estudantes das escolas públicas (33,4%) versus 26,8% das escolas privadas. Na análise por Grandes Regiões, verificou-se na Região Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. % Privada Pública Norte 15,2 22,9 Nordeste 13,8 20,1 Sudeste 14,7 34,6 Sul 13,0 26,4 Centro-Oeste 15,3 29,6 Brasil 14,4 28,2 Gráfico 8 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental que faltaram às aulas ou à escola, nos últimos 30 dias, sem permissão dos pais ou responsáveis, por dependência administrativa da escola, segundo as Grandes Regiões - 2012
  • 15. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Nordeste (37,7%) o percentual mais elevado e, na Sudeste (29,9%), o menor. Com relação aos Municípios das Capitais, São Luís (35,3%) registrou o maior percentual de alunos com acompanhamento dos deveres pelos pais ou responsáveis. Entre os meninos, 33,5% informaram que, nos 30 dias anteriores à pesquisa, os pais ou responsáveis verificaram se os deveres de casa foram feitos. Entre as meninas, este percentual foi de 31,1%. (Tabela 2.3.5). Entendimento dos pais ou responsáveis quanto aos problemas e preocupações dos filhos Os laços afetivos familiares asseguram apoio psicológico e social, dando melhores condições para que os filhos enfrentem as dificuldades causadas pelo cotidiano. Esses laços ajudam no desenvolvimento de habilidades e competências sociais, favorecendo o relacionamento em casa e na escola (POLONIA; DESSEN, 2005). A PeNSE 2012 verificou com que frequência, nos últimos 30 dias, os pais ou responsáveis entenderam os problemas e preocupações dos filhos. Dos escolares pesquisados, 45,8% responderam que os pais ou responsáveis se preocupavam com os seus problemas e preocupações. Os escolares do sexo masculino (47,2%), tiveram mais atenção dos pais ou responsáveis do que as meninas (44,6%). As Regiões Sudeste (46,8%) e Nordeste (46,4%) registraram os maiores percentuais neste indicador, enquanto a Centro-Oeste (43,4%), o menor. O Município do Rio de Janeiro foi a capital onde este indicador apresentou a proporção mais elevada, 47,8% (Tabela 2.3.6). Hábitos alimentares O hábito alimentar é formado de modo gradual ao longo da vida, ocorrendo principalmente durante a primeira infância (BRASIL, 2005b). Hábitos inadequados na infância e na adolescência podem ser fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis na idade adulta (ANDING et al., 1996). Os aprendizados e costumes adquiridos no período da infância e adolescência repercutem sobre o comportamento alimentar, a percepção da autoimagem, a saúde individual, os valores, as preferências e o desenvolvimento psicossocial (OLIVEIRA; SOARES, 2002). Diversos estudos têm demonstrado hábitos alimentares pouco saudáveis entre os adolescentes, principalmente entre os que pertencem às classes econômicas mais favorecidas, (NUNES; FIGUEIROA; ALVES, 2007; LEVY et al., 2010). Este grupo etário consome alimentos usualmente ricos em gorduras, açúcares e sódio, contando apenas com uma pequena participação de frutas e hortaliças (TORAL; CONTI; SLATER, 2009). Entre os adolescentes provenientes de famílias menos favorecidas, o consumo de alimentos como o arroz e o feijão são mais frequentes (SANTOS et al., 2005; VEIGA; SICHIERI, 2006). Ainda no que se refere ao padrão de consumo alimentar dos adolescentes, estudos internacionais confirmam as linhas gerais sobre o tema apontadas pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), a qual preconiza que é importante desenvolver hábitos de alimentação saudável entre crianças e adolescentes para sua manutenção na vida adulta e consequente redução de risco de doenças crônicas e obesidade (CURRIE et al., 2012). Dentre os hábitos considerados saudáveis, destaca- se o consumo de frutas e hortaliças como potencial fator de proteção para excesso de peso, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2 (CURRIE et al., 2012).
  • 16. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2009, realizada com os alunos do 9º ano do ensino fundamental, com recorte geográfico para o conjunto dos Municípios das Capitais e Distrito Federal, demonstraram que a maioria dos estudantes consumia regularmente feijão (62,6%), leite (53,6%) e guloseimas (doces, balas, chocolates, chicletes, bombons ou pirulitos) (50,9%). Por se tratar de assunto que requer atenção especial, a PeNSE 2012 também identificou a frequência semanal5 de consumo de alimentos considerados como marcadores de alimentação saudável (feijão, hortaliças cruas ou cozidas6 , hortaliças cruas7 , hortaliças cozidas8 , frutas e leite) e de alimentação não saudável (frituras, embutidos, biscoitos salgados e doces, salgados fritos, salgados de pacotes, guloseimas9 e refrigerantes), em cinco dias ou mais na semana. Consumo de alimentos marcadores de alimentação saudável Os marcadores de alimentação saudável foram verificados conforme a frequência semanal de consumo. No que se refere à frequência de cinco dias ou mais na semana anterior à da pesquisa, os dados da PeNSE 2012 apontaram que 69,9% dos escolares consumiram feijão; 43,4%, hortaliças10 ; 30,2%, frutas frescas; e 51,5%, leite (Tabela 2.4.1 e 2.4.3). A menor proporção de escolares que consumiram feijão foi obtida na Região Norte (41,4%). Quanto ao consumo de hortaliças, também considerando a mesma frequência semanal, os escolares da Região Centro-Oeste apresentaram o mais elevado percentual (51,2%). O consumo de frutas frescas foi referido por 26,7% dos estudantes da Região Norte; 28,4%, do Sul; 28,9%, do Nordeste, 31,7%, do Sudeste; e 32,9%, do Centro-Oeste. O consumo de leite entre os escolares da Região Nordeste (39,9%) foi menor em relação àquele referido por estudantes das demais Regiões (Tabela 2.4.1 e 2.4.3) Consumo de alimentos marcadores de alimentação não saudável O consumo de guloseimas (doces, balas, chocolates, chicletes, bombons ou pirulitos) em cinco dias ou mais na semana foi referido por 41,3% dos escolares. Em conjunto com o consumo de biscoitos salgados (35,1%) e de refrigerantes (33,2%), estes foram os marcadores de alimentação não saudável mais referidos pelos escolares, reafirmando as conclusões já observadas na PeNSE 2009 acerca do padrão regular e elevado de consumo de alimentos não saudáveis por parcela significativa dos estudantes brasileiros (Tabelas 2.4.1 e 2.4.3). O Gráfico 9 mostra a variabilidade na frequência semanal de consumo dos alimentos marcadores de alimentação saudável e não saudável. 5 Os resultados obtidos para os sete últimos dias antes da pesquisa foram considerados como frequência semanal. 6 Hortaliças cruas ou cozidas: abóbora, alface, brócolis, chuchu, couve, espinafre, tomate etc., exceto batata e aipim (mandioca/macaxeira). 7 Hortaliças cruas: alface, cebola, cenoura, pepino e tomate. 8 Hortaliças cozidas:, abóbora, brócolis, cenoura, chuchu, couve, espinafre, etc., exceto batata e aipim (mandioca/macaxeira). 9 Guloseimas: balas, bombons, chicletes, chocolates, doces, ou pirulitos. 10 Na Tabela 2.4.1, o percentual de hortaliças corresponde ao indicador calculado, considerando as respostas obtidas para as três perguntas existentes no questionário, referentes ao consumo de hortaliças em geral, cruas ou cozidas.
  • 17. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. Nenhum dia 1 dia 2 dias 3 dias 4 dias 5 dias ou mais % Salgados fritos Salgado de pacote Refrigerante Guloseimas Embutidos Biscoitos salgados Biscoitos doces Leite Hortaliças cruas Hortaliças cozidas Hortaliças Frutas frescas Feijão 26,0 39,7 13,9 11,6 25,7 14,2 14,5 18,7 30,0 37,4 19,7 21,3 6,6 21,0 20,3 15,0 15,1 22,7 14,3 16,9 9,0 15,0 20,3 13,7 14,6 4,6 17,3 12,9 15,0 12,4 17,6 13,8 14,8 7,8 11,6 13,9 12,2 13,0 5,3 13,0 8,8 13,4 11,4 12,6 13,3 12,6 7,4 9,8 9,3 11,2 11,9 6,9 6,8 5,3 9,5 8,3 6,8 9,4 8,7 5,7 7,0 5,6 8,4 9,0 6,6 15,8 13,0 33,2 41,3 14,7 35,1 32,5 51,5 26,6 13,5 34,8 30,2 69,9 Gráfico 9 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por consumo alimentar na última semana, segundo o alimento consumido Brasil - 2012 Hábito de tomar café da manhã Quanto ao hábito de tomar café da manhã, alguns estudos mais recentes o associam a um maior consumo de micronutrientes e a hábitos alimentares mais adequados, os quais incluem o consumo de frutas e hortaliças e menor consumo de refrigerantes (AFFENITO, 2007; UTTER et al., 2007; TIMLIN et al., 2008; HAUG et al., 2009). Na edição de 2012, a PeNSE incorporou o quesito sobre o hábito de tomar café da manhã e os resultados apontaram que 61,9% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental costumavam ter esta prática cinco dias ou mais na semana, sendo esta mais elevada entre os meninos (69,5%) e entre os alunos de escolas públicas (63,1%). Este comportamento foi mais frequentemente observado nas Regiões Nordeste (71,2%) e Norte (70,2%) (Tabela 2.4.8). Hábito de comer assistindo à TV Estudos com adolescentes apontam que o tempo de exposição à televisão está associado a distúrbios alimentares. No que diz respeito ao hábito de comer enquanto assiste televisão, estudo realizado na Espanha, durante o ano acadêmico de 2004-2005, com 1 165 estudantes nas idades de 14 a 16 anos, apontou que os adolescentes que apresentavam distúrbios alimentares foram os que estavam expostos por mais tempo à televisão (CALADO et al., 2010). Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que o percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental que costumavam comer enquanto assistiam à TV ou estudavam foi de aproximadamente 64,0%, não havendo diferença relevante por sexo e dependência administrativa da escola. A Região Sudeste (67,9%) apresentou a maior proporção desse hábito entre os adolescentes (Tabela 2.4.11).
  • 18. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Alimentação na escola A quase totalidade (98,0%) dos estudantes de escolas públicas no País respondeu que a escola oferece comida. Além disso, esse padrão se mantém de modo semelhante nas Grandes Regiões brasileiras. Os resultados da PeNSE 2012 demonstram que o percentual de estudantes que referiram a oferta de alimentação pelas escolas privadas foi significativamente menor, 41,4%, entretanto, o hábito11 de consumir a comida entre os escolares não foi elevado, sendo de 22,8% entre aqueles que estudavam em escolas públicas e de apenas 11,9% para os alunos das escolas privadas. Os escolares do sexo masculino foram mais frequentes em responder afirmativamente ao hábito de comer a comida oferecida pela escola do que os do sexo feminino: 18,2% e 13,9%, respectivamente. Os escolares da Região Centro-Oeste foram os que mais referiram consumir a comida oferecida pela escola (20,2%), enquanto a menor proporção, 10,7%, foi observada na Região Sul (Tabela 2.4.9). Prática de atividade física Estudos enfatizam como sendo importante a construção do hábito da prática de atividade física desde a infância (SEABRA et al., 2008). Estimular esta prática em crianças e adolescentes é importante para uma vida adulta mais ativa. É recomendado que nesta faixa etária os jovens pratiquem pelo menos uma hora (60 minutos) de atividade física moderada a vigorosa diariamente, ou 300 minutos de atividade física acumulados por semana, segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO) (CURRIE et al., 2008a). Estudo recente, usando dados de mais de 100 países, mostrou que apenas 20,0% dos adolescentes de 13 a 15 anos de idade realizam atividade física diária com duração de uma hora ou mais, sendo este percentual maior entre os meninos (CURRIE et al., 2008a; HALLAL et al., 2010). A pouca atividade física é um importante fator predisponente à obesidade, uma vez que esta resulta do desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético (CASTANHEIRA; OLINTO; GIGANTE, 2003). A escola é um espaço privilegiado de difusão de informação para crianças e jovens sobre a importância da prática de atividade física para promoção de uma vida com mais saúde, desenvolvendo o interesse dos alunos pelas atividades, esportes e exercícios abordados nas aulas de Educação Física. Em 2012, buscando a comparabilidade com dados internacionais, o módulo do questionário da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE aplicado aos estudantes do 9º ano do ensino fundamental foi modificado em relação à edição anterior, e, a partir dos resultados obtidos, foram considerados ativos aqueles escolares que acumularam 300 minutos ou mais de atividade física por semana. Foram classificados como insuficientemente ativos aqueles que tiveram 1 a 299 minutos de atividades física por semana, os quais foram subdivididos em dois grupos: os que praticaram 1 a 149 minutos, e os que praticaram 150 a 299 minutos. Foram considerados inativos os estudantes que não praticaram atividade física no período. 11 Considerou-se como hábito de consumir comida na escola a ingestão de merenda/almoço em pelo menos três dias da semana.
  • 19. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Nesta edição, os ativos foram calculados por dois diferentes indicadores: atividade física acumulada e atividade física globalmente estimada. Atividade física acumulada Este indicador foi obtido somando-se os tempos de atividade física acumulada, nos últimos sete dias, investigados em seis questões, que tratam de três diferentes domínios: deslocamento para a escola, aulas de Educação Física na escola, e outras atividades físicas extraescolares. Usando este indicador de tempo de atividade física acumulada nos três domínios, a análise dos dados da PeNSE 2012 apontou que 30,1% dos escolares eram ativos, ou seja, praticaram 300 minutos ou mais de atividade física por semana. A maioria dos adolescentes, 63,1%, foi classificada como insuficientemente ativa e 6,8%, como inativa. As porcentagens de estudantes considerados ativos, observadas entre as Grandes Regiões, variaram de 36,3%, na Região Sul, a 25,2%, na Região Nordeste (Gráfico 10). No que se refere à prática de atividade física entre os meninos e as meninas e entre os que frequentavam escolas públicas ou privadas, houve relevante diferença. O percentual de escolares que informaram a prática, por 300 minutos ou mais, de atividade física acumulada nos últimos sete dias antes da pesquisa foi de 39,1%, para o sexo masculino, e de 21,8%, para o sexo feminino. Entre os adolescentes que estudam em escolas públicas, a proporção de atividade física acumulada igual ou superior a 300 minutos foi de 34,7%; entre os alunos das escolas privadas, 29,1% (Tabela 2.5.2). Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. Inativo 1 a 149 min 150 a 299 min 300 min ou mais % Gráfico 10 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por duração semanal de atividade física acumulada, segundo as Grandes Regiões - 2012 Norte 7,1 40,0 23,5 29,4 Nordeste 10,5 42,2 22,1 25,2 Sudeste 5,9 38,0 25,6 30,5 Sul 3,4 32,8 27,5 36,3 Centro-Oeste 5,8 35,5 25,8 32,9 Brasil 6,8 38,3 24,9 30,1
  • 20. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Atividade física globalmente estimada Este indicador, introduzido para comparação internacional, foi resultado de uma única questão, que investigava a realização de atividade física por pelo menos uma hora por dia. Este indicador foi apresentado como tempo de atividade física globalmente estimado. Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 20,2% dos escolares praticavam uma hora de atividade física em pelo menos cinco dias por semana, sendo 27,9%, para os estudantes do sexo masculino, e 13,1%, para os do sexo feminino. Os estudantes das escolas privadas obtiveram porcentagem de 22,0%, enquanto 19,8% foi a proporção para aqueles das escolas públicas (Tabela 2.5.6). Este indicador também demonstrou diferenças importantes quanto à prática de atividade física entre meninos e meninas e por dependência administrativa da escola. Aulas de Educação Física na escola A escola é um espaço privilegiado para a prática de atividade física de crianças e jovens. Além disso, é um espaço importante para a promoção de saúde, desenvolvendo o interesse dos alunos pelas atividades, esportes e exercícios. A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) determina a obrigatoriedade da prática de aulas de Educação Física nas escolas (BRASIL, 1996). Este incentivo é fundamental para que a prática de esportes se consolide como hábito saudável desde a adolescência. O Gráfico 11 mostra o percentual de escolares por frequência semanal de aulas de Educação Física nos últimos sete dias antes da pesquisa, segundo as Grandes Regiões. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. Nenhum dia 4 dias1 dia 2 dias 3 dias % Gráfico 11 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, por frequência semanal de aulas de educação física na escola, segundo as Grandes Regiões - 2012 Norte 24,7 40,3 27,5 2,8 1,7 3,0 Sudeste 15,0 51,0 25,6 3,7 1,9 2,9 Sul 8,3 21,9 40,6 24,1 2,9 2,2 Centro-Oeste 17,5 35,8 34,5 7,7 1,9 2,6 Brasil 18,3 43,1 27,3 6,7 1,9 2,7 Nordeste 28,1 44,6 20,3 3,0 1,3 2,7 5 a 7 dias
  • 21. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ As proporções de adolescentes por frequência de aulas de Educação Física na semana anterior à entrevista foram de 18,3%, para aqueles que não frequentaram nenhuma aula, e 38,6%, para os que frequentaram dois dias ou mais (Tabela 2.5.3). Entre os meninos, a proporção dos que informaram dois dias ou mais de aulas de Educação Física foi de 40,6%; entre as meninas, 36,8%. As porcentagens observadas entre os alunos das redes privada e pública foram, respectivamente, 30,5% e 40,3%. É importante destacar que essas diferenças por sexo e dependência administrativa da escola não foram estatisticamente significativas. A mesma característica, analisada por Grandes Regiões, apresentou os maiores percentuais na Região Sul (69,7%) e os menores, na Região Nordeste (27,3%) (Tabela 2.5.4). Hábito sedentário: tempo assistindo TV Um importante indicador de sedentarismo é o hábito de assistir televisão (SCHOENBORN, 2004). A OMS recomenda que crianças não devem estar mais que uma ou duas horas em frente à TV e video game diariamente. O tempo em frente à TV também está associado ao consumo de alimentos calóricos, refrigerantes e baixo consumo de frutas e vegetais, além de pouco gasto de energia (CURRIE et al., 2008a). Dados da Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (Health Behaviour in School-Aged Children - HBSC), realizada no período de 2009 a 2010, em mais de 40 países da Europa e América do Norte apontaram que 56,0% dos alunos com 11 anos de idade relataram o hábito de assistir duas horas ou mais de televisão por dia, e que entre os alunos de 13 anos e 15 anos de idade esses percentuais foram de 65,0% e 63,0%, respectivamente (CURRIE et al., 2012). Os motivos pelos quais as crianças e adolescentes têm sido menos ativos passam pelo aumento do tempo frente à TV, Internet e video game, reduções de aulas de Educação Física nas escolas e de opções de lazer ativo, em função da violência e da mobilidade urbanas, assim como pelo aumento da frota automobilística e a preocupação dos pais com a segurança (RODRÍGUEZ, 2005). Na PeNSE 2009, no conjunto dos Municípios das Capitais e Distrito Federal, 79,4% dos adolescentes informaram assistir a duas horas ou mais diárias de televisão. Este indicador permaneceu praticamente inalterado na PeNSE 2012, 78,6%. No País, em 2012, o hábito de assistir a duas horas ou mais de televisão, num dia de semana comum, foi relatado por 78,0% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental. Entre os escolares do sexo feminino, 79,2% mencionou este hábito, enquanto para os do sexo masculino esta proporção foi de 76,7%. Os percentuais observados entre os adolescentes das escolas privada e pública foram 77,5% e 78,2%, respectivamente. A Região Sudeste apresentou a maior frequência do hábito de assistir a duas horas ou mais diárias de televisão (80,2%) (Tabela 2.5.5).
  • 22. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Cigarro, álcool e outras drogas Cigarro e outros produtos do tabaco O tabaco é um dos determinantes mais importantes para o desencadeamento das doenças crônicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), o tabaco é líder nas causas de mortes preveníveis no mundo. Além disso, o início do tabagismo em idade precoce está associado ao aumento da chance de uso de outras substâncias, como álcool e drogas ilícitas. Assim, um ponto-chave na saúde pública é prevenir, ou pelo menos retardar, a iniciação deste hábito (WHO, 2008). A experimentação de cigarro geralmente ocorre na adolescência. A maioria dos adultos fumantes já eram tabagistas aos 18 anos, segundo a OMS (CURRIE et al., 2012). A adoção de comportamentos prejudiciais à saúde é influenciada por uma série de fatores e, dentre os principais, está o exemplo vindo da família. Vários estudos têm apontado hábitos familiares como um importante fator de risco ou de proteção para o consumo de tabaco. Isso se deve ao fato desse consumo ser apreendido, predominantemente, a partir de interações estabelecidas entre os jovens e seus contextos próximos de socialização, como a família, a escola e o grupo de amigos (PAIVA; RONZANI, 2009). Os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, realizada com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, mostraram que a experimentação do cigarro foi de 19,6%, sendo a maior frequência de experimentação observada na Região Sul (28,6%) e a menor, na Região Nordeste (14,9%). Entre os Municípios das Capitais, Campo Grande apresentou a maior proporção (37,1%) de escolares que já fizeram uso do cigarro alguma vez na vida, seguido de Curitiba (31,7%). Não houve diferença significativa na distribuição por sexo. Em relação à dependência administrativa da escola, a frequência de experimentação foi maior entre os estudantes das escolas públicas (20,8%) do que das escolas privadas (13,8%) (Tabela 2.6.1). Na PeNSE 2012, a população de escolares com 15 anos que experimentaram cigarro em idade igual ou inferior aos 13 anos foi de 15,4%. Conforme a Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (Health Behaviour in School-Aged Children - HBSC), da OMS, para países da Europa e América do Norte, os adolescentes com 15 anos que experimentaram cigarro com idade igual ou inferior a 13 anos foi de 24,0% (CURRIE et al., 2012). Os dados da PeNSE para as capitais brasileiras mostraram que o número de escolares que experimentaram cigarro alguma vez na vida reduziu de 24,2%, em 2009, para 22,3%, em 2012 (Tabela 2.6.1). O uso atual de cigarros foi medido pelo consumo feito nos últimos 30 dias, independentemente da frequência ou intensidade do consumo. A partir deste recorte temporal, constatou-se que 5,1% dos escolares haviam fumado cigarro. As Regiões Sul (7,6%) e Centro-Oeste (6,4%) apresentaram os maiores percentuais de escolares fumantes e as Regiões Nordeste (2,9%) e Norte (3,8%), os menores percentuais. Os Municípios das Capitais com as maiores proporções de escolares fumantes no período foram Campo Grande, com 12,4%, e Florianópolis, com 9,7%, enquanto Salvador e Aracaju registraram as menores frequências: respectivamente, 3,2% e 3,4% (Tabela 2.6.3). Ao comparar os dados das pesquisas de 2009 e 2012, verifica-se que o percentual de escolares que fizeram uso de cigarros nos últimos 30 dias manteve-se estável, em torno de 6,0%.
  • 23. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ A PeNSE 2012 perguntou também sobre o uso, nos últimos 30 dias, de outros produtos de tabaco: cigarro de palha ou enrolados a mão, charuto, cachimbo, cigarilha, cigarro indiano ou bali, narguilé, rapé e fumo de mascar. No Brasil, 4,8% dos escolares consumiram outros produtos de tabaco. Nas Regiões Sul (7,9%) e Centro-Oeste (7,1%), estão as maiores proporções de escolares que consumiram esses produtos de tabaco. Nas Regiões Sudeste, Norte e Nordeste, o consumo de outros produtos de tabaco pelos escolares foi de 5,8%, 2,2% e 1,6%, respectivamente. Esse consumo se deu em maiores proporções pelos estudantes do sexo masculino (5,4%) do que entre os do sexo feminino (4,3%) e não apresentou diferença entre os estudantes das escolas públicas (4,9%) e das escolas privadas (4,5%) (Tabela 2.6.2). No Brasil, 59,9% dos escolares declararam que estiveram na presença de fumantes na semana anterior à pesquisa. A Região Nordeste (62,0%) apresentou o maior percentual de escolares que estiveram na presença de pessoas que faziam uso de cigarro e, entre os Municípios das Capitais, São Luís (49,6%) correspondeu ao menor percentual, enquanto Porto Alegre (63,7%), ao maior. A proporção de meninas (62,4%) que referiram a presença de fumantes foi maior do que a dos meninos (57,3%). Com relação à dependência administrativa da escola, 61,5% dos estudantes de escolas públicas estiveram na presença de pessoas que fumam, contra 52,3% dos escolares da rede privada (Tabela 2.6.4). Segundo a PeNSE 2012, 29,8% dos escolares brasileiros que frequentavam o 9º ano do ensino fundamental informaram que pelo menos um dos responsáveis era fumante. No Município de Porto Alegre, esta proporção alcançou 40,9% e, em Florianópolis, 34,9%. Os percentuais de escolares do sexo masculino (28,3%) e do feminino (31,2%) que referiram ter pelo menos um dos responsáveis fumante é praticamente a mesma. Nas escolas públicas, 32,2% declararam pais ou responsáveis fumantes, e na rede privada, 18,4% (Tabela 2.6.5). A PeNSE 2012 investigou a percepção dos escolares sobre qual seria a reação de sua família caso soubessem que eles eram fumantes. Os dados mostraram que aproximadamente 91,7% dos escolares no Brasil declararam que sua família se importaria muito caso soubesse que eles fumavam. Foram constatadas variações entre a percepção dos estudantes de escolas públicas (91,1%) e de escolas privadas (94,8%). Entre escolares do sexo masculino (91,4%) e do feminino (92,1%), a diferença não foi significativa (Tabela 2.6.6). Dentre os escolares que fumaram nos 12 meses anteriores à entrevista, 65,4% tentaram parar de fumar. A iniciativa de tentar parar de fumar não apresentou grandes diferenças entre os escolares dos sexos masculino, 65,2%, e feminino, 65,5%, nem entre os estudantes de escolas públicas (66,0%) e da rede privada (61,5%) (Tabela 2.6.7). Álcool O consumo de bebida alcólica é um dos principais fatores de risco para a saúde no mundo e está envolvido em mais de 60 diferentes causas de problemas de saúde, constituindo uma importante questão para os indivíduos e sociedades (PATTON et al., 2009; RHEM et al., 2009). O álcool pode alterar o desenvolvimento do cérebro nos adolescentes, influenciando o desenvolvimento cognitivo, emocional e social (TAPERT et al., 2004). O uso precoce do álcool está associado a problemas de saúde na idade adulta, além de aumentar significativamente o risco de se tornar consumidor em excesso ao longo da vida (STRAUCH et al., 2009; MCCAMBRIDGE; MCALANEY; ROWE, 2011). O consumo excessivo de bebida alcoólica na adolescência está associado a insucesso
  • 24. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 escolar, acidentes, violências e outros comportamentos de risco, como tabagismo, uso de drogas ilícitas e sexo desprotegido, segundo a OMS (PECHANSKY; SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004; ANDRADE et al., 2012; CURRIE et al., 2012). Experimentação precoce de bebidas alcoólicas A experimentação da bebida alcoólica foi avaliada na PeNSE, tanto em 2009 como em 2012, com a pergunta Alguma vez na vida, você já experimentou bebida alcoólica? Em 2012, esse indicador correspondeu a 70,5% para o conjunto dos Municípios das Capitais, mantendo-se estável em relação a 2009 (71,4%). Os dados da PeNSE 2012, para o País, mostraram que 66,6% dos escolares já haviam testado a bebida alcoólica, sendo esse indicador maior nas Regiões Sul (76,9%) e Centro-Oeste (69,8%) e menor nas Regiões Norte (58,5%) e Nordeste (59,6%) (Tabela 2.6.8). Como este questionamento permite interpretações tais como provar bebidas e testar o sabor, a PeNSE 2012 inseriu uma nova pergunta para medir a experimentação de uma dose de bebida, que é a seguinte: Alguma vez na vida você tomou uma dose de bebida alcoólica? Desta forma, o questionário tornou-se comparável aos questionários internacionais, e o indicador tornou-se mais específico. Ao perguntar se o escolar tomou ao menos uma dose de bebida alcoólica, correspondendo a uma lata de cerveja, uma taça de vinho, uma dose de cachaça, ou uísque, a PeNSE 2012 mostrou que 50,3% dos escolares responderam positivamente, variando de 56,8%, na Região Sul, a 47,3%, na Região Nordeste. Os resultados revelaram também que as meninas (51,7%) apresentaram uma proporção maior nesse indicador do que os meninos (48,7%). Na comparação entre os Municípios das Capitais, os escolares de Campo Grande relataram o maior consumo de uma dose de bebida alcoólica, 62,3% (Tabela 2.6.9). Considerando a pergunta Que idade você tinha quando tomou a primeira dose de bebida alcoólica, que pretende retratar o uso precoce de bebidas alcoólicas, levantado pela PeNSE 2012, observou-se que, entre os adolescentes com idade de 15 anos, 31,7% tomaram a primeira dose com 13 anos ou menos. Este percentual oscilou de 26,7%, na Região Norte, a 43,2%, na Região Sul. Consumo atual de bebida alcoólica O consumo atual de bebida alcoólica entre os escolares, avaliado pelo consumo feito nos 30 dias que antecederam a pesquisa, foi de 26,1% no Brasil e não apresenta diferenças relevantes entre os sexos masculino (25,2%) e feminino (26,9%). Entre os alunos de escolas privadas e públicas, este indicador foi, respectivamente, 23,0% e 26,7%. Os Municípios das Capitais com os maiores percentuais de escolares que consumiram bebida alcoólica no período considerado, foram Porto Alegre (34,6%) e Florianópolis (34,1%), enquanto os menores percentuais foram registrados em Belém (17,3%) e Fortaleza (17,4%) (Tabela 2.6.10). Os dados da PeNSE para os Municípios das Capitais, em 2009 e 2012, não mostraram diferenças de grande magnitude. Em 2009, o consumo de bebida alcoólica nos últimos 30 dias foi de 27,3% e, em 2012, 26,8%. Local de obtenção da bebida alcoólica Entre os escolares que consumiram bebida alcoólica 30 dias antes de responder ao questionário da PeNSE, a forma mais comum de obtê-la foi em festas (39,7%), com amigos (21,8%), ou comprando no mercado, loja, bar ou supermercado (15,6%). Outros 10,2% dos escolares adquiriram bebida alcoólica para o consumo durante o período considerado, na própria casa.
  • 25. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ A proporção de meninas foi preponderantemente maior em relação à proporção de meninos que informaram adquirir bebida alcoólica em uma festa (44,4% e 33,9%), com amigos (23,0% e 20,4%) ou em casa (11,2% e 8,8%, respectivamente). Por outro lado, entre os meninos, a proporção dos que adquiriram bebida alcoólica no mercado, loja, bar ou supermercado (21,9%) supera a proporção de meninas (10,5%) que mencionaram estes locais ao adquirir bebida alcoólica (Gráfico 12). Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. Masculino Feminino % Gráfico 12 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental, que informaram consumo de bebida alcoólica, nos últimos 30 dias, por sexo, segundo o local ou forma que foi adquirida a bebida - Brasil - 2012 7,1 4,4 3,4 8,8 21,9 20,4 33,9 6,1 1,7 3,1 11,2 10,5 23,0 44,4 Outro modo Vendedor de rua Dinheiro a alguém para comprar Em casa Mercado, loja, bar ou supermercado Com amigos Em uma festa Episódio de embriaguez Cabe ainda ressaltar que 21,8% dos escolares já sofreram algum episódio de embriaguez na vida. Os escolares da Região Sul apresentaram o maior percentual (27,4%), e os da Região Nordeste, a menor frequência (17,3%). A proporção de alunos das escolas públicas com episódio de embriaguez foi maior do que a observada nas escolas privadas: 22,5% e 18,6%, respectivamente (Tabela 2.6.11). Nos Municípios das Capitais, 24,3% dos estudantes relataram episódios de embriaguez em 2012. Houve um aumento em relação a 2009, quando este percentual foi de 22,1%. No que diz respeito à percepção dos escolares sobre a reação de sua família, caso eles chegassem em casa bêbados, 89,7% dos adolescentes afirmaram que a família se importaria muito, 5,9% se importaria um pouco, 1,7% não se importaria e 2,7% não souberam responder. A percepção dos escolares sobre a desaprovação dos pais ou responsáveis em relação à embriaguez dos seus filhos foi maior na Região Nordeste (91,8%) e menor na Região Centro-Oeste (87,9%). Segundo os dados da PeNSE 2012, as famílias de grande parte dos escolares da rede privada (91,6%), como das escolas públicas (89,3%), iriam se importar muito caso os adolescentes chegassem em casa bêbados (Tabela 2.6.12).
  • 26. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Com relação ao consumo de álcool, 10,0% dos estudantes relataram ter tido problemas com suas famílias ou amigos, faltaram às aulas ou se envolveram em brigas, porque tinham bebido. A proporção de escolares que declararam problemas com o consumo de álcool variou de 11,5%, na Região Centro-Oeste, a 8,4%, na Região Nordeste. O percentual de escolares que declararam problemas com o consumo de álcool foi discretamente maior entre as meninas (10,4%) do que entre os meninos (9,5%). Uso de drogas ilícitas O uso intenso de cannabis, também conhecida por maconha, está relacionado a uma série de problemas, incluindo comprometimento cognitivo, baixo desempenho escolar, deterioração e abandono, externalização de problemas, tais como a tomada de riscos, agressão e delinquência e problemas de internalização, como depressão e ansiedade, segundo a OMS (CURRIE et al., 2012). Segundo a pesquisa HBSC, da OMS, 17,0% dos adolescentes com 15 anos dos países da Europa e da América do Norte relataram uso de maconha pelo menos uma vez em suas vidas, e 8,0%, pelo menos uma vez nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa (consumo recente). Os meninos são mais propensos a usar maconha e sofrem influências sociais de amigos ou irmãos mais velhos. Nos Estados Unidos, 30,0% dos meninos e 26,0% das meninas fumaram maconha pelo menos uma vez na vida, assim como 16,0% dos meninos e 12,0% das meninas fumaram maconha nos 30 dias anteriores à pesquisa, segundo a OMS (CURRIE et al., 2012). Uso de drogas ilícitas alguma vez na vida A PeNSE 2012 investigou o uso de drogas ilícitas tais como: maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança perfume, ecstasy. Os dados evidenciaram que 7,3% dos escolares já usaram drogas ilícitas. Considerando as Grandes Regiões, os maiores percentuais foram observados nas Regiões Centro-Oeste (9,3%) e Sul (8,8%). Analisando os resultados segundo os Municípios das Capitais, os maiores percentuais foram encontrados em Florianópolis (17,5%) e Curitiba (14,4%), enquanto os menores, em Palmas e Macapá (aproximadamente 5,7% em ambas). Os escolares do sexo masculino, com 8,3%, foram mais frequentes no uso de drogas ilícitas no Brasil. Entre os escolares do sexo feminino, o percentual foi de 6,4%. A proporção de estudantes de escolas públicas que fizeram uso de drogas ilícitas foi de 7,5%, e a dos escolares da rede privada atingiu 6,5% (Tabela 2.6.14). Considerando os escolares com 15 anos que usaram drogas antes dos 13 anos de idade, o percentual para o conjunto do País foi de 2,6%, variando de 1,2%, na Região Norte, a 4,4%, na Região Sul. A PeNSE 2009 identificou que a experimentação de drogas ilícitas foi de 8,7% para o conjunto dos alunos pesquisados nos Municípios das Capitais. Em 2012, a proporção para este indicador, entre os adolescentes que frequentavam o 9º ano em escolas dos Municípios das Capitais do País, foi de 9,9%, representando um ligeiro aumento em relação ao resultado observado há três anos atrás. Em 2009, os meninos entrevistados, que relataram o uso de drogas ilícitas, representavam 10,6% e entre as meninas o percentual foi de 6,9%. Em 2012, os percentuais no conjunto dos Municípios das Capitais por sexo masculino e feminino foram 10,7% e 9,2%, respectivamente.
  • 27. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Ainda na comparação dos resultados para estudantes dos Municípios das Capitais do País, observa-se que, em 2009, a proporção de estudantes de escolas públicas que fizeram uso de drogas ilícitas atingiu 9,0%, e a da rede privada foi de 7,6%. Em 2012, as proporções de estudantes por esfera administrativa da escola alcançaram 10,6%, entre os alunos da rede pública, e 7,8%, entre os da rede privada. Uso de maconha e crack O consumo atual de maconha é medido por aqueles que usaram esta droga nos 30 dias que antecederam a data da pesquisa. Quando considerado o consumo atual de maconha para o total dos escolares pesquisados no País, a proporção foi de 2,5%. Os percentuais por sexo, neste indicador, foram de 3,1%, para os escolares do sexo masculino, e 2,0%, para os do sexo feminino. Os escolares residentes na Região Sul apresentaram maior consumo atual de maconha (3,6%). O menor percentual foi observado na Região Nordeste, 0,9%. Considerando os Municípios das Capitais, Florianópolis apresentou a maior proporção do consumo atual de maconha (10,1%) (Tabela 2.6.15). Os resultados da PeNSE 2012 também mostraram que, considerando exclusivamente os escolares que usaram drogas ilícitas alguma vez na vida, 34,5% utilizaram maconha (Tabela 2.6.16) e 6,4% (Tabela 2.6.17) usaram crack, nos 30 dias que antecederam a pesquisa. Em relação ao conjunto de escolares do País frequentando o 9º ano do ensino fundamental, 0,5% relataram o uso de crack no período. Saúde sexual e reprodutiva Um dos principais aspectos na adolescência é a iniciação da vida sexual. O comportamento sexual é diferente entre adolescentes de várias regiões do mundo (WELLINGS et al., 2006). Estudos realizados no Brasil e no mundo mostram que a vida sexual dos adolescentes tem início cada vez mais cedo e que a precocidade está associada ao sexo desprotegido e ao maior número de parceiros ao longo da vida (SHAFII; STOVEL; HOLMES, 2007). A precocidade da primeira relação sexual pode trazer consequências graves para a saúde dos adolescentes. O não uso do preservativo ou seu uso inadequado podem acarretar não só a infecção por doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e HIV, como provocar gravidez indesejada (GRANERO; PONI; SÁNCHEZ, 2007). Fatores do contexto familiar e da escola podem ser protetores para o comportamento sexual de risco. Estudo sobre a influência dos fatores contextuais no comportamento sexual de adolescentes, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2009, realizada com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, mostrou que viver com ambos os pais, ter um maior envolvimento familiar e monitoramento parental, além de receber orientações sobre saúde sexual e reprodutiva na escola, têm impacto positivo no comportamento sexual de adolescentes, como menor chance de ter relação sexual precocemente e realizar sexo desprotegido (OLIVEIRA-CAMPOS et al., 2013). A educação sexual na escola é importante para dar orientação adequada para a primeira relação sexual dos adolescentes. Ações dos Ministérios da Saúde e da Educação têm implantado programas de acesso aos meios e métodos anticoncepcionais para evitar a gravidez precoce e prevenir as DSTs e a AIDS.
  • 28. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Nesse sentido, a primeira edição da PeNSE, realizada em 2009, teve como objetivo ampliar o conhecimento sobre a saúde dos escolares, com relação às orientações recebidas na escola sobre saúde sexual, DSTs e AIDS, prevenção de gravidez e aquisição gratuita de preservativos. Sob esses aspectos, a PeNSE 2009 mostrou que 89,4% dos estudantes das escolas particulares e 87,5% dos alunos das escolas públicas responderam ter recebido orientação sobre DSTs e AIDS. Com relação a receber informações sobre gravidez na adolescência, 82,1% dos escolares da rede privada e 81,1% da pública responderam positivamente. Quanto a orientações sobre como adquirir gratuitamente preservativos, 71,4% dos alunos de escolas públicas e 65,8% de escolas privadas disseram receber tais informações. Iniciação sexual As pesquisas têm mostrado que a iniciação sexual de adolescentes do sexo masculino é mais precoce do que a observada para o sexo feminino. Pesquisa realizada no Estado de Lara, na Venezuela, com 2 070 estudantes do 7º, 8º e 9º anos demonstrou que 27,0% dos meninos e 3,8% das meninas já haviam tido relações sexuais. Deste contingente, 54,9% dos alunos e 23,5% das alunas tiveram sua primeira relação sexual aos 12 anos de idade (GRANERO; PONI; SÁNCHEZ, 2007). Estudo realizado na Europa e na América do Norte, Global School-Based Student Health Survey - GSHS, pela Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), apontou que 26,0% dos escolares com 15 anos de idade já haviam tido relação sexual (CURRIE et al., 2012). No Brasil, dados da PeNSE 2009, para o conjunto dos Municípios das Capitais, revelaram que 30,5% dos escolares do 9º ano do ensino fundamental já haviam tido relação sexual alguma vez na vida, sendo em maior proporção para os meninos (43,7%) do que para as meninas (18,7%), bem como entre aqueles que estudam em escola pública (33,1%) e com idade acima de 15 anos (47,3%). O uso do preservativo na última relação sexual foi de 75,9%, e também foi a “camisinha” (74,7%) o método contraceptivo mais utilizado na última relação sexual. Os resultados da PeNSE 2012, para o Brasil, revelaram que 28,7% dos escolares já tiveram relação sexual alguma vez na vida. As proporções deste indicador foram de 40,1% entre os meninos e de 18,3% para as meninas. Com relação à dependência administrativa da escola, 30,9% dos estudantes de escolas públicas e 18,2% dos estudantes de escolas privadas declararam que tiveram relação sexual. A Região Norte apresentou o maior percentual (38,2%) de escolares para este indicador, seguida das Regiões Centro-Oeste (32,1%), Sudeste (29,1%), Sul (27,3%) e Nordeste (24,9%) (Tabela 2.7.1). Uso de preservativos Quanto à informação sobre o uso de preservativos, os dados da PeNSE 2009 mostraram que, no conjunto dos Municípios das Capitais do País, dentre os 30,5% de escolares que tiveram relação sexual, 75,9% disse ter usado preservativo na última relação sexual. Segundo dados de estudo divulgado pela OMS, realizado em mais de 40 países, em 2005 e 2006, entre adolescentes com 15 anos de idade, 77,0% relatou o uso de preservativo na última relação. Nos Estados Unidos, um inquérito realizado em 2007, entre alunos do 9º até o 12º ano (equivalente ao Ensino Médio), verificou que, entre escolares que tiveram relação sexual, 61,5% usou preservativo durante a última experiência (CURRIE et al., 2008a; MALTA et al., 2011b).
  • 29. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Os resultados da PeNSE 2012 revelaram que, quanto ao uso de preservativos pelos escolares, dos 28,7% que declarou relação sexual alguma vez na vida, 75,3% disse ter usado preservativo na última vez. Desse total, 77,1% é do sexo masculino e 71,8%, do sexo feminino. Com relação à dependência administrativa da escola, não houve diferença significativa: 75,0% corresponde a estudantes da rede privada, e 75,4%, da rede pública. Com relação às Grandes Regiões, os percentuais ficaram próximos: a Região Norte registrou o mais elevado, 77,1%, e a Região Nordeste, 74,0%, apresentou a menor proporção (Tabela 2.7.2). Acesso na escola a informações sobre sexualidade A PeNSE 2012 mostrou que 89,1% dos escolares disseram ter recebido informações sobre doenças sexualmente transmissíveis e AIDS na escola. Em relação à dependência administrativa da escola, não houve diferença entre escolares de escolas públicas (89,2%) e privadas (88,7%). Na análise por Grandes Regiões, a Região Sul (91,4%) obteve o maior percentual, vindo, em seguida, as Regiões Nordeste (90,3%), Norte (88,9%), Centro-Oeste (88,7%) e, por último, a Região Sudeste (87,9%) (Tabela 2.7.3). A proporção dos alunos entrevistados que receberam orientação na escola sobre como adquirir preservativos gratuitamente foi de 69,7%. Em relação à dependência administrativa da escola, o percentual encontrado entre os estudantes da rede pública (72,3%) foi maior do que o registrado entre os da rede privada (56,7%). A Região Centro-Oeste apresentou o maior percentual (73,3%), enquanto a Sudeste, o menor percentual (68,1%) (Tabela 2.7.4). Cerca de 82,9% dos escolares responderam ter recebido orientação na escola sobre prevenção de gravidez. Não foram verificadas diferenças significativas entre escolares de escolas públicas (83,3%) e escolas privadas (80,8%). A Região Sul (86,2%) registrou o maior percentual; a Região Sudeste, o menor, 81,0% (Tabela 2.7.5). Violência, segurança e acidentes Em 2002, a Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization - WHO), no relatório mundial sobre violência e saúde definiu a violência como: “Uso da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação” (KRUG et al., 2002, p.5, tradução nossa). O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990) constitui uma das estratégias do Estado e da sociedade para preservar os direitos fundamentais da população brasileira nessas faixas etárias. O Estatuto assegura que nenhuma criança ou adolescente deve ser objeto de discriminação, negligência, exploração, violência, crueldade ou agressão dentro ou fora da família. Estabelece também que todos os profissionais que trabalham com crianças e adolescentes têm o dever de comunicar aos Conselhos Tutelares situações de maus tratos (BRASIL, 1990). A violência intrafamiliar se caracteriza por todo tipo de agressão que prejudique o bem estar, a integridade física ou psicológica, a liberdade, ou o direito de desenvolvimento de algum membro da família. Segundo a OMS, podem ser distinguidos quatro tipos de violência contra a criança e o adolescente: a física, a sexual, a emocional ou psicológica
  • 30. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 e a negligência, as quais podem resultar em danos ao seu crescimento, desenvolvimento psicológico e maturação. Esses tipos de violência são, na maioria das vezes, encobertos e revelam uma triste realidade: a família, da qual se espera a proteção e o apoio, pode também ser fonte de risco (MASCARENHAS et al., 2010). Estudo realizado na Europa e na América do Norte, Global School-Based Student Health Survey - GSHS, pela OMS, apontou que 14,0% dos alunos com 11 anos de idade estiveram envolvidos em uma briga com luta física, por pelo menos três vezes, nos 12 meses anteriores à pesquisa. Este percentual é igual a 13,0% aos 13 anos, e 10,0% aos 15 anos de idade. A prevalência de luta física relatada na maioria dos países diminui com o aumento da idade, ou seja, é maior entre os adolescentes com idades de 11 a 13 anos do que entre os mais velhos, de 15 anos ou mais. No total, 25,0% dos meninos e 7,0% das meninas afirmaram ter se envolvido em uma briga com luta física, por pelo menos três vezes, nos 12 meses anteriores à pesquisa (CURRIE et al., 2012). A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2012, realizada com os estudantes do 9º ano do ensino fundamental, investigou temas relacionados a vários aspectos em que a violência pode afetar aos escolares, como: sentimento de insegurança no deslocamento para a escola e no espaço escolar, envolvimento em brigas com armas de fogo e branca, agressão física perpetrada por adulto da família, lesões e ferimentos sofridos, violência no trânsito, e bullying. Segurança no trajeto casa-escola e no espaço escolar Em 2012, os resultados da PeNSE mostraram que, no País, a proporção de estudantes que deixaram de ir à escola, nos 30 dias anteriores à pesquisa, por não se sentirem seguros no caminho de casa para a escola ou da escola para casa, foi de 8,8%. Observou-se que este percentual foi maior entre os alunos de escolas públicas (9,5%) do que entre aqueles de escolas privadas (5,0%). A proporção de alunos que deixaram de ir à escola porque neste ambiente não se sentiam seguros alcançou 8,0%. A frequência foi maior entre os alunos de escolas públicas (9,1%) do que de escolas privadas (4,4%). Na Região Sudeste, 9,9% dos estudantes faltaram às aulas por insegurança no trajeto casa-escola e 8,7%, por insegurança no espaço escolar (Tabela 2.8.4). Envolvimento em briga com armas No que se refere às brigas com arma branca, 7,3% dos escolares declararam envolvimento, nos 30 dias que antecederam a pesquisa, sendo este mais frequente em alunos do sexo masculino (10,1%) do que do sexo feminino (4,8%). Os alunos de escola pública que se envolveram em algum episódio dessa natureza corresponderam a 7,6%, enquanto os de escola privada foram 6,2%. A Região Centro-Oeste apresentou o maior percentual de envolvidos neste gênero de briga, 8,4% (Tabela 2.8.6). O envolvimento em brigas com arma de fogo foi declarado por 6,4% dos escolares, sendo também mais frequente entre alunos do sexo masculino (8,8%) do que do sexo feminino (4,3%). Observaram-se diferenças entre as esferas administrativas das escolas, no que diz respeito ao envolvimento em briga com armas de fogo, sendo 6,7% para estudantes de escolas públicas e 4,9% para estudantes de escolas privadas. A Região Centro-Oeste também registrou a maior proporção de estudantes que participaram de brigas em que havia arma de fogo, 8,0% (Tabela 2.8.5).
  • 31. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Agressão física por adulto da família A informação sobre agressão física efetuada por um adulto da família, nos 30 dias que precederam a pesquisa, foi mencionada por 10,6% dos escolares no País. Este tipo de violência foi declarada por 11,5% das meninas e 9,6% dos meninos (Gráfico 13). O percentual registrado entre estudantes de escolas públicas foi maior (10,8%) do que entre os que frequentavam escolas privadas (9,9%). A Região Sudeste apresentou proporção de 12,0% de adolescentes que sofriam agressão física praticada por alguém da família, sendo o maior percentual verificado entre as Grandes Regiões (Tabela 2.8.7). Observou-se, ainda, em todas as Grandes Regiões do País, que entre as meninas era mais elevada a proporção que sofria agressão física praticada por familiar. Nas Regiões Sul e Sudeste, 13,3% e 12,9%, respectivamente, das adolescentes se disseram vítimas de agressão por alguém da família ao menos uma vez, nos 30 dias anteriores à pesquisa. Lesões e ferimentos sofridos A parcela de escolares do 9º ano do ensino fundamental que afirmaram ter sido seriamente feridos, uma ou mais vezes, nos 12 meses que antecederam a pesquisa, foi de 10,3% no País, sendo 11,8% do sexo masculino e 8,9%, do feminino. No que diz respeito à dependência administrativa da escola, as proporções foram de 10,6% para os estudantes de escolas públicas e 8,8% para os de escolas privadas. Dentre as Grandes Regiões, o Norte apresentou o maior percentual (12,5%) de estudantes que vivenciaram essa situação (Tabela 2.8.12). Observou-se ainda que nos Municípios de Boa Vista e de Macapá as proporções de estudantes que relataram a ocorrência de ferimentos sérios foram as mais elevadas: 15,4% e 14,6, respectivamente. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-OesteBrasil % Gráfico 13 - Percentual de escolares frequentando o 9º ano do ensino fundamental que informaram ter sido agredidos fisicamente por um adulto da família, nos últimos 30 dias, por sexo, segundo as Grandes Regiões - 2012 9,2 11,0 7,8 8,4 11,0 12,9 8,8 13,3 9,3 11,7 9,6 11,5 Masculino Feminino
  • 32. ___________________________________________________________ Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012 Violência no trânsito Os acidentes de trânsito constituem uma das principais causas de morte e hospitalizações de jovens e adolescentes no Brasil. Tanto os resultados da PeNSE 2009 como os da PeNSE 2012 revelaram que parcela significativa de alunos do 9º ano do ensino fundamental não respeitavam as leis de trânsito ou se expunham a riscos. Fatores como o não uso de cinto de segurança em veículos motorizados, a não utilização de capacete em motocicletas, a direção de veículo motorizado, assim como o transporte em veículos conduzidos por pessoas que ingeriram bebida alcoólica foram relatados nas duas edições da pesquisa. “Os resultados estão de acordo com as elevadas taxas de morbimortalidade de jovens no país por [acidentes de transporte terrestre] (ATT), o que reforça a importância de ações educativas para adolescentes [...], além de fiscalização rigorosa” (MORAIS NETO et al., 2010, p. 3043) Uso de cinto de segurança Do conjunto de adolescentes, 16,1% relatou não ter usado cinto de segurança, nas ocasiões em que encontravam-se em veículo motorizado dirigido por outra pessoa. Observou-se que 17,5% das meninas e 14,6% dos meninos não usaram cinto de segurança nos 30 dias anteriores à pesquisa. Entre os alunos de escolas públicas, o percentual foi de 17,5%, maior do que o registrado para os estudantes de escolas privadas (10,8%). A Região Nordeste apresentou a maior proporção de escolares que não cumpriam essa norma básica de segurança no trânsito, 23,3%. Nas Regiões Sul e Centro-Oeste, foram encontrados os menores percentuais de estudantes que não utilizaram cinto de segurança (Tabela 2.8.8). Direção de veículo motorizado A direção de veículo motorizado nos 30 dias que antecederam a pesquisa foi declarada por 27,1% do total de escolares. É importante ressaltar que os estudantes que responderam à PeNSE 2012 eram adolescentes, na sua maioria, com idades de 13 a 15 anos. No País, a idade mínima permitida para dirigir é de 18 anos, segundo as leis que regem o Código de Trânsito Brasileiro. A proporção dos alunos que dirigiram veículos motorizados (38,6%) foi mais que duas vezes superior à das alunas (16,6%). A Região Norte apresentou o maior percentual (34,7%) de alunos que disseram ter dirigido nos 30 dias anteriores à data da pesquisa (Tabela 2.8.9). Transporte em veículos motorizados dirigidos por motoristas que consumiram bebida alcoólica Os dados da PeNSE 2012 mostraram que 22,9% do total de escolares foram transportados, nos 30 dias anteriores à pesquisa, em veículos motorizados dirigidos por motoristas que consumiram bebida alcoólica. Os estudantes de escolas privadas estiveram mais expostos a esse risco, 25,8%, do que os de escolas públicas, 22,3%. O Centro- Oeste, dentre as Grandes Regiões, apresentou o maior percentual de estudantes (26,8%) que respondeu ter andado em veículos motorizados nessa condição (Tabela 2.8.10). Uso de capacete ao andar de motocicleta Do conjunto de estudantes, 19,3% declararam não ter usado o capacete, nas ocasiões em que andaram de motocicleta, nos 30 dias anteriores à pesquisa. A não utilização desse equipamento foi maior entre estudantes do sexo feminino (21,7%) do que do masculino (16,9%).
  • 33. Análise dos resultados___________________________________________________________________________ Dentre as Grandes Regiões, a Centro-Oeste (94,0%) e a Sul (93,1%), respectivamente, registraram as maiores parcelas de estudantes que usaram o capacete. O Município do Rio de Janeiro apresentou a menor proporção de estudantes que referiram a utilização de capacete, 33,1%. Bullying O bullying (do Inglês, bully = valentão, brigão) compreende comportamentos com diversos níveis de violência, que vão desde chateações inoportunas ou hostis até fatos francamente agressivos, sob forma verbal ou não, intencionais e repetidas, sem motivação aparente, provocados por um ou mais alunos em relação a outros, causando dor, angústia, exclusão, humilhação, discriminação, entre outras sensações. Outros membros da comunidade escolar podem ser afetados pelo bullying, envolvendo frequentemente os mesmos atores, nas mesmas posições de agente e de vítima. Trata- se de situações em que se constatam relações de poder assimétricas entre agente(s) e vítima(s), nas quais se tem dificuldade de defesa. Na literatura especializada, adota-se também o termo vitimização. Esse tipo de atitude deve ser identificado como violência pela comunidade escolar e deve ser trabalhada para a construção de um ambiente saudável (LIBERAL, et al., 2005). Dados da Pesquisa de Comportamento de Saúde em Crianças em Idade Escolar (Health Behaviour in School-Aged Children - HBSC), da OMS, para países da Europa e América do Norte, mostraram que 13,0% dos alunos com 11 anos de idade sofreram bullying na escola, por no mínimo duas vezes nos dois meses anteriores à pesquisa: 12,0%, aos 13 anos, e 9,0%, aos 15 anos de idade (CURRIE et al., 2012). Estudo realizado em 50 estados e no Distrito de Columbia, nos Estados Unidos, com 15 503 estudantes, em 158 escolas, revelou que 20,1% dos estudantes foram vítimas de bullying na escola nos 12 meses que antecederam a pesquisa, sendo ele mais frequente entre as meninas (22,0%) do que entre os meninos (18,2%), segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention - CDC) (YOUTH..., 2012). Os resultados da PeNSE 2012 mostraram que 57,6% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental foram bem tratados pelos colegas quase sempre ou sempre. Cerca de 62,8% das alunas declararam ter sido bem tratadas pelos colegas, enquanto entre os meninos esse percentual foi de 52,0% (Tabela 2.8.1). Em relação ao fato de sofrer bullying pelos colegas de escola, 7,2% dos escolares afirmaram que sempre ou quase sempre se sentiram humilhados por provocações, no conjunto do Brasil. Os percentuais foram maiores entre os estudantes do sexo masculino (7,9%) do que do feminino (6,5%). Entre os alunos de escolas privadas, a proporção foi de 7,9% e entre aqueles de escolas públicas, 7,1%. Os resultados da PeNSE 2012 demonstraram que 20,8% dos estudantes praticaram algum tipo de bullying (esculachar, zoar, mangar, intimidar ou caçoar) contra os colegas, levando-os a ficarem magoados, incomodados ou aborrecidos, nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. Foi observado que a prática de bullying era proporcionalmente maior entre os estudantes do sexo masculino (26,1%) do que do feminino (16,0%) (Tabela 2.8.3).