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REVISTA
MUSEU DE
ARTE DO
RIO
Arab Hoballah, da Unep:
redução da utilização de recursos
minimiza impactos ambientais
GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO2 / Nº3 / 2015
Escolas Verdes garantem
ambiente propício a uma
nova geração consciente
REVISTA
1° MUSEU LEED NA AMÉRICA
LATINA REVELA HARMONIA
ENTRE PASSADO E FUTURO
VIBEDITORA
EPD: Em busca da
transparência ambiental
dos produtos
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
2015
11 a 13 de agosto de 2015
Transamerica Expo Center | São Paulo/SP6ªEDIÇÃO
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A FEIRA DE NEGÓCIOS DA
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
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energias renováveis
RealizaçãoApoio EspecialAgência de Viagens Organização
Apoio Institucional
Apoio de mídia
Patrocinador Platina Patrocinador Prata
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CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
MEMBROS DO CONSELHO
Manoel Gameiro - Trane - Presidente
José Moulin Netto - Vice presidente
José Cattel - Alcoa
Celina Antunes - Cushman & Wakefield
Mark Pitt - Sherwin Williams
Rafael Rossi - Rossi Residencial
Hugo Rosa - Método
Carmen Birindelli - WTorre
Daniela de Fiori - Walmart
Convidada: Thassanee Wanick - Fundadora
do GBC e Cônsul Geral da Tailândia no
Brasil
CONSELHO FISCAL
Renato Alahmar - 3M
Guido Petinelli
DIRETOR GERENTE
Felipe Faria
DIRETOR EXECUTIVO
Luiz Sampaio
lsampaio@vidaimobiliaria.com.br
JORNALISTAS
Bruna Dalto - MTb 72943
Verônica Soares - MTb 13093
revistagbc@gbcbrasil.org.br
DIRETORA COMERCIAL
Cibele Oliveira
comercial@vidaimobiliaria.com.br
COMERCIAL
Taís Colares
revistagbc2@gbcbrasil.org.br
FINANCEIRO
Ana Maria Carvalho
acarvalho@vidaimobiliaria.com.br
DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL
VIB EDITORA
REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO
VIDA IMOBILIÁRIA BRASIL - VIB EDITORA
Rua Apotribu, 139 - conj 93
Saúde - São Paulo - SP
CEP 04302-000
Tel/Fax: 11 5078 6109
www.vidaimobiliaria.com.br
Capa: Museu de Arte do Rio,
foto de Thales Leite
2015 tem sido um ano de grandes desafios a toda in-
dústria da construção, como de fato para toda a eco-
nomia nacional.
Não serão poucos os obstáculos que estaremos atra-
vessando esse ano, na busca pela retomada do cres-
cimento econômico e pela consolidação de novos
projetos.
A Revista GBC Brasil se apresenta com novidades
para encarar estes desafios. Além de aprimorar seu
projeto gráfico ao longo das próximas edições, lan-
çaremos o 1º Anuário de Certificações GBC Brasil, no
final deste semestre, em uma edição especial com o
mais completo conteúdo analítico e qualitativo sobre
os projetos certificados em 2014 e os mais significa-
tivos empreendimentos que receberam o selo LEED
desde 2007, quando o Brasil começou sua caminha-
da rumo a um futuro sustentável.
A contribuição de todos os membros do GBC Brasil
é de suma importância para atingirmos esse objeti-
vo. Convidamos a todos a participarem desse projeto
pioneiro.
Boa leitura a todos!
Novidades pela
frente
LUIZ SAMPAIO
DIRETOR EXECUTIVO
Vida Imobiliária Brasil - VIB Editora
VIBEDITORA
4 abr/15 rev/gbc/br
índice
EDITORIAL...................................................> 3
COLUNA GBC..............................................> 6
	 GREEN PAGES
	 ARAB HOBALLAH............................> 8
	TIPOLOGIAS..........................................> 12
VIDA SUSTENTÁVEL...................................> 20
DOCUMENTO
SIEGBERT ZANETTINI...................................> 24
	 CAPA
	 MUSEU DE ARTE DO RIO...............> 30
POR DENTRO ..............................................> 36
DESEMPENHO.............................................> 40
CASA REFERENCIAL....................................> 46
TENDÊNCIAS...............................................> 50
ENERGIA......................................................> 56
	 EXPO GBC 2015....................................> 58
ECONOMIA..................................................> 54
SOLUÇÕES...................................................> 62
EMPRESAS & PESSOAS................................> 66
GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO2 / Nº3 / 2015
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coluna gbc
Consolidação,
Aperfeiçoamento
e Expansão.
FELIPE FARIA,
DIRETOR
Green Building Council Brasil
O
título acima resume com
exatidão os resultados al-
cançados pelos Membros
do Green Building Council
Brasil e programados para o
ano de 2015.
Em muitos setores da construção
civil, como edificações comerciais de alto
padrão, a presença do movimento de
construção sustentável e certificação de
edificações tornou-se premissa unani-
me nos novos empreendimentos e gran-
des reformas. Hoje a certificação LEED já
acompanha o fluxo de lançamento destas
edificações comerciais, ou seja, havendo
lançamento teremos projeto registrado.
Todavia, a certificação LEED há tem-
pos não se restringe as edificações co-
merciais. Temos uma grande diversidade
de edificações registradas e certificadas
e esta multiplicidade de tipologias vem
aumentando rapidamente. Destaca-se as
plantas industriais, centro de logística, data
centers e lojas de varejo.
Museus, instituições de ensino, bi-
bliotecas, hospitais, agências bancárias e
planejamento urbano integrado também fo-
ram empreendimentos certificados recen-
temente e que comprovam a expansão da
conscientização do mercado e busca pelo
aperfeiçoamento com foco em eficiência.
A certificação LEED EBOM, própria
para edificações existentes desponta como
grande oportunidade de expansão. Já te-
mos no Brasil 75 projetos registrados e 20
certificados. Além de fazer todo sentido
econômico, as ações de retrofit se desta-
cam frente àquelas consideradas nos pla-
nos de mitigação dos efeitos das mudan-
ças climáticas que focam na reabilitação
das edificações existentes.
O setor residencial começa a ser
trabalhado com maior ênfase pelo GBC
Brasil, temos 12 casas registradas, sendo
2 certificadas e 2 prédios residenciais re-
gistrados como pilotos do Referencial GBC
Brasil Casa, além de outras casas e pré-
dios no “pipeline” aguardando para regis-
trarem seus projetos.
Atualmente as edificações verdes são
a principal solução para os atuais desafios
do país. A crise hídrica e energética preo-
cupam e podem gerar consequências eco-
nômicas e ambientais irreversíveis. Além de
enfatizar os resultados já alcançados pelas
edificações verdes, o GBC Brasil buscará
cooperar na elaboração de uma política in-
tegrada com foco em eficiência na concep-
ção, construção e operação de edificações.
Neste sentido, cabe citar nossa re-
cente conquista com o Selo Procel Edifi-
cações, que envolve o nível A em envoltó-
ria, A em iluminação e A no sistema de ar
condicionado como “Alternative Complian-
ce Path” para projetos registrados LEED
no Brasil em relação ao cumprimento do
pré-requisito de eficiência energética, em
substituição ao ASHRAE 90.1/2007.
Por fim, enfatizamos a colaboração
na divulgação do Mecanismo de Garantia
para Projetos de Eficiência Energética do
PNUD e Ministério do Meio Ambiente, fa-
cilitador e promotor de projetos de reade-
quação energética de edificações eficien-
tes.
A equipe do GBC Brasil está motiva-
da e trabalha insistentemente na criação
de ferramentas estratégicas de modo a
fomentar a interação entre Membros e nos-
sas atividades, certo que esta aproxima-
ção é a base do nosso sucesso.
O novo website do GBC Brasil, que
recebe cerca de 75.000 acessos por mês,
aumentou as opções de interação do Dire-
tório de Networking, criou a área de cases
de sucesso visando descrever os projetos
certificados LEED e Referencial GBC Bra-
sil Casa pelos especialistas em empresas
envolvidas, criou a área de divulgação dos
profissionais envolvidos e passou interagir
inteligentemente com todas mídias sociais.
Ademais, 2015 contará com o fortale-
cimento dos nossos canais de comunica-
ção, parcerias de mídia, Revista GBC Bra-
sil, mídias urbanas e um documentário de
5 episódios sobre construção sustentável a
ser desenvolvido.
Nossos agradecimentos especiais
a vocês, nossos Membros, por liderarem
esta transformação e juntos, vamos conti-
nuar construindo um futuro sustentável.
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LEED Gold
8 abr/15 rev/gbc/br
soluções
GREEN PAGES
8 abr/15 rev/gbc/br
Arab Hoballah
ENTREVISTA
Arab Hoballah é doutor em desenvolvimento econômico pela Universidade de Paris,
França, mestre em Economia e Ferramentas de Análise Prospectiva e também em
Direito e Relações Internacionais. Nascido no Líbano, em 1954, Hoballah trabalhou
em diversas instituições em países em desenvolvimento, incluindo vários anos com
projetos do Banco Mundial no Iêmen. Também criou e gerenciou a Comissão do
Mediterrâneo sobre Desenvolvimento Sustentável e por 14 anos trabalhou no programa
do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) Mares Regionais
como Vice-Diretor do Plano Azul e, em seguida, Vice-Coordenador do Plano de Ação
do Mediterrâneo (PAM). Atualmente é Chefe de Consumo e Produção Sustentáveis
na UNEP, desde 2005. Responsável pela integração de recursos e eficiência em todos os
níveis, local, nacional, regional e global em diversos setores (água e energia, edifícios e
cidades, indústrias mais limpos e seguros de produção, turismo, alimentação e educação),
desenvolvendo metodologias e ferramentas como Dissociação e Avaliação de Ciclo de
Vida, cenários e indicadores, rotulagem e aquisições, além de gerir parcerias para estreitar
a colaboração com os governos, as empresas e a indústria da sociedade civil.
revistagbcbrasil.com.br 9abr/15
soluções
revistagbcbrasil.com.br 9abr/15
Qual é o conceito primordial de decou-
pling?
Arab Hoballah. A Decoupling corresponde a
"fazer mais e melhor com menos", usando me-
nos materiais e recursos naturais por unidade
de produção, reduzindo os impactos sobre o
meio ambiente. O aumento da população, o
crescimento econômico global e, principal-
mente, o consumo e os padrões de produção,
em grande parte insustentáveis resultaram em
aumentos substanciais na extração de recur-
sos naturais, seu processamento, produção,
consumo e geração de resíduos. Agora, é ób-
vio que, com tais padrões insustentáveis, os
recursos sobre o nosso único planeta Terra
não serão suficientes para satisfazer as nos-
sas necessidades, a não ser que melhoremos
nossa eficiência. Ao reduzir a taxa de utilização
de recursos por unidade de atividade econô-
mica, a decoupling de recursos traz um bom
resultado econômico. E quando mantemos,
mesmo melhorando, a produção econômica,
reduzindo o impacto ambiental negativo, este
impacto da decoupling também traz um bom
resultado ambiental. Obviamente, isso requer
inovação em todos os níveis e em todos os
setores, o que, juntamente com a eficiência
integrada, irá apoiar e impulsionar o desenvol-
vimento econômico para a sustentabilidade.
Como é que se pode aplicar a decoupling
ao ciclo de vida dos produtos?
AH. Considerando-se uma perspectiva de
ciclo de vida na avaliação da decoupling, ou
seja, abordando decoupling em todo o ciclo
de vida de um sistema de produção/consumo
desde a aquisição de matéria-prima através
do processamento e fabricação, uso/consu-
mo e descarte de resíduos e reciclagem, exis-
tem duas grandes vantagens. Em primeiro
lugar, uma abordagem de ciclo de vida ajuda
a identificar os pontos no sistema onde exis-
tem maiores ineficiências, e, portanto, onde a
decoupling pode ser alcançada com o menor
número de intervenções e mais eficazmen-
te. Por exemplo no setor automotivo a maior
parte do consumo de recursos e impactos
ambientais ocorrem durante a fase de utiliza-
ção (associado ao consumo de combustível);
portanto, os esforços para dissociar o valor
econômico ou a funcionalidade de tais impac-
tos ambientais devem centrar-se na fase de
utilização (por exemplo, fazendo com que o
carro seja mais eficiente em termos de com-
bustível), a fim de ser mais significativos (sem
esquecer que a ação em outras fases do ciclo
de vida também pode ser importante e neces-
sária). Em segundo lugar, na verdade, permite
a avaliação da decoupling real em oposição a
decoupling parcial; por exemplo, se um país
terceiriza a indústria mais poluente vai fazer
com que seus impactos no mercado interno
sejam dissociados da performance econô-
mica; no entanto, esses impactos ainda vão
ocorrer (em outro lugar), a menos que o país
também tenha reduzido o consumo de pro-
dutos relacionados, e a decoupling de modo
real pode não ter acontecido (a menos que a
produção seja mais eficiente nos países onde
esses setores foram terceirizados).
Decoupling e seu "motor de eficiência" deve
aplicar-se em todas as etapas e fases da ca-
deia de valor, desde a extração até o proces-
samento, desde a produção até o consumo,
a partir da disposição da reutilização e reci-
clagem. Todas as fases do ciclo de vida dos
produtos podem estar sujeitas a decoupling,
utilizando menos recursos naturais e redução
dos impactos sobre o meio ambiente. Para
um produto, seja um produto de consumo ou
um edifício, o design é um processo crítico e
um importante passo para a utilização de me-
nos recursos, melhoria posterior na aquisição
adequada e na conscientização almejada da
educação para o uso, consumo e descarte
responsável.
Quais são as ações do governo e as em-
presas para promover a decoupling? E
quais os obstáculos?
AH. Uma vez que os governos e as corpora-
ções têm claramente entendido as oportuni-
dades e benefícios da decoupling e deficiên-
cia, é essencial que as autoridades públicas
criem e implementem o quadro político ne-
cessário que incentiva e induza a eficiência,
fornecendo informações adequadas e incen-
tivos necessários, se for o caso; enquanto
que as empresas devem incorporar a cultura
da decoupling, com menos recursos e redu-
ção da poluição, em toda a sua cadeia de
valor, investindo mais em inovação. No en-
tanto, investir em decoupling pode não ser
fácil para as pequenas e médias empresas,
uma vez que eles podem precisar de alguns
investimentos e tecnologias apropriadas não
disponíveis no mercado local. Para o efeito,
é importante que as partes interessadas e
tomadores de decisão garantam que o sis-
tema financeiro pode responder às exigên-
cias relacionadas, para apoiar a pesquisa e
inovação necessárias, bem como garantir a
10 abr/15 rev/gbc/br
soluções
GREEN PAGES
10 abr/15 rev/gbc/br
resposta rápida aos mercados. Grande par-
te do "know-how" da concepção de políticas
necessárias para conseguir a decoupling está
presente em termos de legislação, sistemas
de incentivos, e reforma institucional. Muitos
países têm experimentado-os com resultados
tangíveis, encorajando outros a estudar e, se
for caso disso, replicar e ampliar tais práticas
e sucessos.
Como aumentar a consciência pública
sobre os limites dos recursos naturais
disponíveis no planeta?
AH. Para aumentar as chances que têm um
impacto sobre o público, é importante: primei-
ro, não apontar o dedo e acusar, mas explicar
os obstáculos, desafios e riscos, identificando
oportunidades para corrigir as tendências e
comportamentos insustentáveis, e ao mesmo
tempo manter, se não melhorar, o crescimen-
to econômico e qualidade de vida; Segundo,
demonstrar claramente que todos somos par-
te de um sistema e que todos e cada um de
nós tem um papel e uma responsabilidade;
Terceiro, induzir os governos, autoridades
públicas e empresas a darem o exemplo;
Quarto, identificar e partilhar boas práticas,
nas suas forças motrizes, permitindo novos
fatores e resultados; Quinto, concentrar-se
primeiro em questões às quais o público é ge-
ralmente mais sensível, como a saúde, água,
alimentos e energia, mostrando onde as ten-
dências atuais poderiam nos levar, do local
ao contexto global, assim como o oposto;
Sexto, mostrando como nós podemos fazer
economia, de recursos naturais e financeiros,
através da eficiência e da decoupling, com
pequenos esforços e investimentos, para o
bem pessoal e público.
Qual o papel das cidades na decoupling?
AH. Desenvolvimento das cidades para a
sustentabilidade é a pedra angular e condi-
ção “sine qua non” para a decoupling global
e a sustentabilidade. Eu costumo chamar de
"as cidades, as indústrias dos três quartos"
no caminho para a sustentabilidade. Por uma
questão de fato, as cidades vão, em cerca de
20 a 30 anos, dependendo da região do glo-
bo, acolher ¾ da população (mais de 90% na
América Latina) e gerar ¾ do PIB, mas tam-
bém gerar ¾ dos resíduos e as emissões de
CO2
; é claro que todos esses ¾ s são uma
ordem de magnitude, mas eles mostram em
que medida não poderia haver sustentabilida-
de se não com e, ao nível da cidade, daí a
necessidade de prosseguir a decoupling nas
cidades. O aumento da demanda por produ-
tos de consumo ocorrerá principalmente nas
cidades enquanto que os bilhões adicionais
de consumidores de classe média estará
principalmente nas cidades, impulsionando
o desenvolvimento global na direção certa ou
errada da sustentabilidade, dependendo de
seus padrões de consumo e demandas por
produtos eficientes de baixo consumo de car-
bono. Para o efeito, a inovação em infra-es-
trutura, pesada e leve, vai melhorar a gestão
dos recursos nas cidades que "lideram pelo
exemplo", com amplas oportunidades para
aplicação em grande número de cidades.
Para o efeito, o entendimento do metabolis-
mo urbano e o fluxo de recursos para e dentro
das cidades irá oferecer oportunidades para
separar em várias fases, desde a adaptação
das infra-estruturas existentes ou a concep-
ção/construção de novas.
Quais países que já estão se movendo na
direção da decoupling? E o que ações /
práticas concretas para isso?
AH. Quase todos os países estão a realizar
algum tipo de decoupling, mas eles não estão
qualificando ações relacionadas como tal. A
eficiência dos recursos está acontecendo em
todos os lugares, mas não em grande esca-
la. Os campeões neste sentido têm sido até
agora os países europeus, como a Holanda,
Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Suécia, No-
ruega, isso se aplica ao setor dos transpor-
tes, bem como para os edifícios e construção,
onde a promoção da eficiência energética tor-
na-se uma prática normal com legislação ade-
quada, incentivos e instrumentos de mercado.
Isto está a ser progressivamente ampliado a
muitos outros países, como Cingapura, África
do Sul, Colômbia e Brasil. A redução do con-
sumo de energia nos edifícios está agora bem
estabelecida, mas ainda precisa ser adequa-
damente implementada e ampliada, para uma
redução em cerca de 30% apenas com alte-
rações comportamentais e com pouco mais
investimento. O mesmo vale para o transporte
público e compartilhado. No setor da indús-
tria, a tecnologia avançada dos fornos de co-
-geração pode atingir até 40% de redução da
intensidade energética para fundição e pro-
cessamento de zinco, estanho, cobre e chum-
bo. Os agricultores na Índia, Jordânia, Espa-
nha e EUA têm mostrado que, em sistemas
de irrigação por gotejamento sub-superfície,
revistagbcbrasil.com.br 11abr/15
soluções
revistagbcbrasil.com.br 11abr/15
regar diretamente raízes das plantas, pode
reduzir o consumo de água entre 30-70% e
aumentar o rendimento das culturas por 20-
90%. Um certo número de tecnologias propor-
cionam períodos curtos de pay-back quando
se comparam os investimentos com seu perí-
odo de retorno; este é o caso de motores de
alta eficiência, irrigação por gotejamento, aço
de alta rigidez e metano do aterro de resíduos.
Quais são as consequências mais ime-
diatas de padrões insustentáveis de uso
dos recursos naturais?
AH. Os padrões insustentáveis de uso dos
recursos naturais irão resultar em diminuição
dos recursos, a concorrência sobre os restan-
tes recursos limitados e aumento de preços
dos produtos relacionados, gerando portan-
to, o aumento da pobreza e instabilidade.
Ele também terá um aumento dos riscos de
catástrofes, afetando o equilíbrio dos ecos-
sistemas em questão, resultando em inunda-
ções, se não no aumento da desertificação.
Os atuais padrões de utilização dos recursos
estão levando ao aumento dos preços dos re-
cursos, o aumento da volatilidade dos preços,
a arraigada escassez de recursos e o rompi-
mento de sistemas ambientais.
Explique sobre as principais conclusões
do "Decoupling 2" em poucas linhas.
AH. A decoupling deve ser perseguida para
garantir o crescimento econômico sustentado
e o progresso social equitativo; decoupling é
cada vez mais importante para fazer econo-
mias e as empresas mais competitivas. Mui-
tas tecnologias e técnicas de eficiência de
recursos estão disponíveis comercialmente
e sendo amplamente utilizadas em econo-
mias em desenvolvimento e desenvolvidas.
Elas permitem que a produção econômica
seja alcançada com menos recursos e insu-
mos para redução de resíduos, economia de
custos e mitigação dos riscos de escassez de
recursos e volatilidade dos preços.
Você pode falar sobre o lançamento do
State of Play América Latina, que ocorreu
no ano passado durante o Green Building
Brasil Expo, aqui em São Paulo?
AH. A mudança climática representa um risco
global para a sociedade e os ecossistemas
naturais. Ela afeta as necessidades básicas
de desenvolvimento, a água, a produção de
alimentos, o acesso à energia, a saúde, o
acesso e utilização de recursos. Enquanto o
mundo está se concentrando sobre o proble-
ma e as consequências das mudanças climá-
ticas, há várias oportunidades para contribuir
para a mitigação das alterações climáticas
através da eficiência dos recursos, a começar
com o típico baixo rendimento da eficiência
energética no setor da construção e, em se-
guida, estendido para o fluxo de recursos e
usos ao nível da cidade, devido, principalmen-
te, ao fato de que a população está cada vez
mais urbanizada, com uma correlacionada
demanda crescente para o consumo. Améri-
ca Latina é a região mais urbanizada do mun-
do e o potencial para corrigir as tendências
insustentáveis, poupando grande quantidade
de recursos, são enormes. Este relatório foi
pensado para essas oportunidades em vários
países da América Latina através de edifícios
e habitações sociais, em especial, ao avaliar
o quadro institucional relacionado existente, o
nível de conhecimento e ações necessárias.
Fazer mais
e melhor
com menos,
impulsionado
pela inovação
e decoupling
12 abr/15 rev/gbc/br
tipologias
SUSTENT
PELO
EXEMPLO
Colégio Estadual Erich Walter Heine,
Rio de Janeiro
Por Verônica Soares
revistagbcbrasil.com.br 13abr/15
tipologias
Escolas certificadas
garantem ambiente
propício ao
desenvolvimento de uma
geração consciente de
suas responsabilidades
socioambientais
E
nsinar pelo exemplo é um
mote de educadores por todo
o mundo e está na essên-
cia das atividades da Global
Coalition for Green Schools
(GCGS), aliança vinculada
ao Green Building Council. A
Global Coalition consiste em
conselhos de construções sustentáveis alia-
dos a organizações que têm o interesse de
empoderar comunidades com ferramentas e
conhecimento, para que transformem as es-
colas do seu entorno em espaços de fomento
à cultura sustentável.
As escolas tornam-se importantes instrumen-
tos de educação para a sustentabilidade ao
apresentarem a seus alunos propostas como
a redução do uso de lâmpadas, a otimiza-
ção da ventilação natural, o cultivo de seus
próprios alimentos e o respeito à natureza.
Mais do que certificar edificações, as ações
da GCGS englobam atividades de conscien-
tização e educação voltadas aos aspectos
socioambientais. Relacionam, por exemplo, a
melhora no rendimento escolar com a quali-
dade interna do ar obtida por meio de técni-
cas de construção sustentável.
Nesse ambiente, construído para incentivar
o letramento ambiental, alunos, professores
e demais funcionários, juntamente com pais,
mães e membros da comunidade, desenvol-
vem a capacidade de compreender a com-
plexidade do mundo a partir de um ponto
de vista ambientalista, passando a ler a sus-
tentabilidade mais como ação do que como
conceito, para fazer a diferença.
Responsável pela GCGS no mundo, Rachel
Gutter esclarece que a aliança tem o compro-
misso de colocar cada aluno das novas gera-
ções em uma escola verde, desafio grande,
principalmente considerando países como
o Brasil, em que os projetos de sustentabili-
dade ainda engatinham e não são fomenta-
dos pelos setores públicos. Para superar as
dificuldades, o GCGS conta com o apoio de
parceiros estratégicos: “Buscamos organiza-
ções similares em outros países, que queiram
se comprometer com a mesma visão de sus-
tentabilidade e assumir a responsabilidade
de defender o movimento das escolas verdes
dentro de seus respectivos países”.
Nos Estados Unidos, as certificações ambien-
tais são normas obrigatórias, o que favoreceu
o lançamento e a consolidação da Coalition
naquele país, desde 2009. Lá, também as
associações de professores e de administra-
dores de escolas engajaram-se no processo.
O envolvimento garantiu o lançamento da
Global Coalition no Congress of World GBC
em 2013, com 30 membros fundadores mun-
diais, cada um representando um movimento
crescente de escolas verdes em seu país.
“China, Brasil, Argentina, Israel, Jordânia,
Croácia são alguns dos países envolvidos e
nossa rede está crescendo para atingir um
conjunto extremamente diversificado de co-
munidades e escolas”, celebra Rachel.
TÁVEL
O Colégio Estadual
Erich Walker Heine
conquistou no início
desse ano, o selo
LEED Schools Silver
14 abr/15 rev/gbc/br
tipologias
Mudar um prédio e as pessoas
Estudos já comprovaram que há benefícios
diretamente relacionados à construção de
prédios sustentáveis e a melhora na saúde
e desempenho humano, seja no trabalho ou
nos estudos. Mas um dos objetivos da GCGS
é incentivar um maior número de pesquisas
que documentem os avanços positivos asso-
ciados às escolas verdes. Os benefícios en-
volvem também uma redução nos custos de
manutenção e contas. “Nos Estados Unidos,
uma escola verde padrão economiza cerca
de US$100 mil por ano em despesas diretas,
o suficiente para contratar dois novos profes-
sores ou comprar 200 computadores”.
Mas a diretora do GCGS considera essa uma
vantagem secundária, pois o foco principal
é na formação das pessoas: “Essas escolas
criam um efeito cascata que se estende muito
além da comunidade imediata, aumentando
a demanda por edifícios mais saudáveis, a
conservação de recursos municipais, como
água e energia, e a condução de estilos de
vida sustentáveis”. Rachel também desta-
ca que o mais importante nesse processo
é a formação dos alunos: “Uma escola ver-
de educa uma nova geração de nativos de
sustentabilidade, que sabem usar o que
precisam e não tudo o que podem. Esse é o
potencial do projeto em longo prazo: não os
edifícios que levantamos, mas os alunos que
formamos dentro deles”.
Transformação social
Essa realidade é observada diariamente por
Valnei Alexandre Fonseca, diretor geral do
Colégio Estadual Erich Walter Heine, locali-
zado em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, que
é a primeira escola totalmente sustentável do
Brasil e da América Latina. Com 15 anos de
experiência docente e há três à frente da Di-
reção Geral do Colégio, Valnei é testemunha
das mudanças ocorridas na comunidade do
entorno e acredita que os alunos se tornam
multiplicadores.
“Temos 600 alunos que moram em diversas
regiões do Rio de Janeiro e acabam levando
as vivências da escola para suas famílias. Da
última turma, 60 estão inseridos em universi-
dades públicas, sinal de que também cum-
primos com nosso papel acadêmico”, afirma
o professor, que também se preocupa com
a vertente das relações humanas na visão
da sustentabilidade. Para ele, é importante
que os alunos compreendam que para se
manter sustentável, o ambiente precisa ser
harmonioso, e o cumprimento de deveres, a
otimização dos espaços e a manutenção da
ordem são quesitos indispensáveis para o
bom relacionamento entre todos.
Para Valnei, o maior desafio foi o processo
de conscientização do grupo de professores
e funcionários, mas o esforço valeu a pena:
“Foi um trabalho de formiguinha e hoje os
resultados são muito positivos. Trabalhamos
agora com a manutenção dos projetos e revi-
são anual das atividades”. A maioria dos mais
de 30 projetos do C.E. Erich Walter Heine é
fruto de ideias dos próprios alunos e envolve
coleta seletiva, reciclagem, coleta de óleo de
cozinha, carona solidária, entre outros.
Pioneirismo
O prédio do C.E. Erich Walter Heine foi cons-
truído a partir de um projeto integrativo, que
aproveitou o terreno cedido pela prefeitura
municipal do Rio de Janeiro. Luiza Junqueira,
arquiteta e consultora LEED responsável pela
certificação, explica que o espaço original era
uma praça pública com quadras poliesporti-
vas e tais características foram incorporadas
ao projeto de modo a reduzir a geração de
resíduos. “Várias coisas do espaço original
foram reaproveitadas, como a pavimentação
da praça e os postes de iluminação”, conta a
consultora.
Projetos sustentáveis demandam a integra-
ção entre as ações de arquitetura, hidráulica,
paisagismo e luminotécnica, fato que ainda
não é muito comum no Brasil. Mas para Lui-
za Junqueira, o esforço por esta integração
traz benefícios que vão além da redução de
resíduos e do consumo de água e energia: “É
recompensador ver o que os alunos ganham
na convivência em um espaço como esse,
e como os professores passam a utilizar a
própria escola como ferramenta de ensino. O
telhado verde vira horta, eles têm uma com-
posteira própria e são referência para a coleta
seletiva da comunidade”, destaca.
Colégio Positivo, Curitiba
revistagbcbrasil.com.br 15abr/15
tipologias
Colégios certificados e iniciati-
vas verdes
No Brasil, a ausência de iniciativas formais
em prol da sustentabilidade nos currículos
escolares ainda é um desafio para a forma-
ção de estudantes mais conscientes de seus
deveres. No entanto, as certificações têm
garantido iniciativas que se destacam pelas
construções sustentáveis e impactam a co-
munidade local em diversos outros aspectos.
Em Curitiba, o Colégio Positivo Internacio-
nal foi certificado em junho de 2014 com o
LEED, tornando-se a primeira escola nível
ouro no Brasil. Com iluminação natural cui-
dadosamente planejada e ventilação cruzada
nas salas de aula, o prédio oferece conforto
térmico por meio de amplas janelas e portas
em lados opostos das salas, além de vidro
laminado capaz de permitir a entrada de luz,
mas não de calor.
Outro ponto que permite o conforto térmico é
o telhado branco, que reflete os raios solares
e evita as chamadas ilhas de calor. Água é
um item em pauta que não pode ser esqueci-
do no processo: tanto a redução do consumo
quanto a captação fazem parte do projeto do
prédio do Positivo. Até o paisagismo foi pen-
sado para evitar a irrigação artificial.
Em Florianópolis, uma nova creche inaugura-
da em março deste ano também é um marco
do desenvolvimento de escolas sustentáveis
no país. Com capacidade média para 200
crianças em tempo integral, sua localização
foi cuidadosamente escolhida para estar pró-
xima a diversos serviços básicos e residên-
cias para que a locomoção dos pedestres
possa ser feita sem o uso de automóveis,
dando preferência ao transporte público.
O projeto, com consultoria da Petinelli Inc.,
empresa de engenharia e consultoria em
construções sustentáveis, já foi registrado
junto ao United States Green Building Coun-
cil (USGBC) e é candidato a ser a primeira
creche municipal do Brasil a receber a certifi-
cação LEED nível Platina. “A Creche Munici-
pal Hassis é prova que basta liderança para
construirmos um futuro melhor e mais susten-
tável para as próximas gerações. O pionei-
rismo da Prefeitura de Florianópolis merece
reconhecimento. Esse projeto estabelece um
novo benchmark para eficiência energética
e consumo de água em edifícios públicos e
educacionais no país", celebra Guido Petine-
lli, Diretor da consultoria.
Durante a obra, foram tomados cuidados
com para evitar que sedimentos de barro e
areia fosse carregados para as galerias plu-
viais e córregos. Outras características de
sustentabilidade incluem sistema de capta-
ção da água da chuva para uso nos vasos
sanitários, instalação de telhas com tinta de
alto Índice de refletância solar, diminuindo a
Colégio Estadual Erich Walter Heine,
Rio de Janeiro
16 abr/15 rev/gbc/br
tipologias
temperatura interna e o efeito ilha de calor.
Há também aquecimento solar para chuvei-
ros e torneiras, entre outros. A Creche Hassis
possui também uma central de coleta de resí-
duos recicláveis.
Para o consultor Guido Petinelli, diversos as-
pectos da obra merecem destaque: "De for-
ma inédita, a rede municipal de ensino fará
uso da energia do sol para gerar eletricidade
através da energia fotovoltaica. O excesso de
eletricidade é transferido para rede da Celesc
e entra como crédito para uso em outras uni-
dades educativas", explica.
Já no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, o
professor Fernando Ribeiro desde 2010 reali-
za projetos com seus alunos a fim de incluir o
tema das construções sustentáveis no curso
técnico de Edificações. Os estudantes são
incentivados a desenvolver trabalhos de con-
clusão de curso voltados para esta temática
e, em 2014, um grupo fez o projeto completo
para o Liceu obter a certificação LEED for
Schools. A banca de defesa contou com
a participação da arquiteta Maria Ca-
rolina Fujihara, do GBC Brasil, para
quem a iniciativa é de extrema
importância: “É nessa fase
que eles assimilam mais
e melhor as informa-
ções recebidas”. A
arquiteta acredita
também que um grande diferencial do Liceu
está no fato de formar profissionais que já
chegam ao mercado ou ao ensino superior
com conhecimentos sobre as construções
sustentáveis e suas certificações. “Os alunos
que já estão estudando na área entrarão na
universidade com um conhecimento já avan-
çado sobre o tema e possuirão um diferen-
cial importante. Levar o conhecimento para a
base da pirâmide é uma forma de dissemi-
nar com mais afinco tais práticas e colocar
a questão em pauta nas principais escolas
e universidades do país”, defende ela, que é
coordenadora técnica na GBC.
O professor destaca que a recepção dos alu-
nos ao tema é sempre muito positiva - “eles
têm uma participação intensa nas discussões,
principalmente na disciplina de Legislação”
– mas acredita que ainda é preciso avançar
na interdisciplinaridade das discussões, que
ainda são muito restritas aos cursos técnicos.
“Costumo dizer que existem muitas iniciati-
vas e poucas "acabativas". Acredito muito
que deva existir um foro adequado para
que todos os profissionais ligados
ao setor da construção possam
discutir novas diretrizes com
a comunidade. É uma
questão de cidada-
nia”.
Colégio Positivo, Curitiba
Campeonato de
Escolas Sustentáveis
Entre as iniciativas de construção susten-
tável em escolas mais bem sucedidas no
mundo, destacam-se as vencedoras da
competição Greenest School on Earth,
organizada pela GCGS anualmente. Os
últimos vencedores foram Green School
Bali, Sing Yin Secondary School em Hong
Kong e Waterbank School do Quênia. En-
tre os representantes brasileiros inscritos
em 2014, estava o Colégio Estadual Erich
Walter Heine. Este ano a vencedora foi a
Dunbarton High School do Canadá.
O campeonato premia com US$ 1 mil as
escolas que melhor exemplificam como a
sustentabilidade pode ser integralmente
tecida na infraestrutura, na cultura e no
currículo, considerando o uso eficiente de
recursos e redução do impacto ambiental;
a saúde melhorada e a aprendizagem en-
tre alunos, professores e funcionários; e a
ênfase na educação para a conservação
de recursos.
revistagbcbrasil.com.br 17abr/15
tipologias
Green Apple Day
Em setembro de 2014, a EMEF Padre Luiz de
Oliveira Andrade, em Barueri, recebeu um dia
de atividades lúdicas e sustentáveis, além da
oportunidade de ter um de seus problemas
estruturais resolvidos: a troca dos arejadores.
Foi o Green Apple Day, evento promovido
pela GCGS globalmente, em que empresas e
pessoas interessadas em transformar as es-
colas em ambientes mais sustentáveis para
as crianças se reúnem e dedicam um pouco
do seu tempo em benefício do outro.
Depois de 17 anos atuando como arquiteta no
exterior, principalmente nos Estados Unidos,
Cristina Shoji retornou ao Brasil para compar-
tilhar seus aprendizados sobre construções
sustentáveis por aqui. Participou do Green Ap-
ple Day da escola de Barueri junto com a en-
genheira e diretora técnica da LCP Engenha-
ria, Lourdes Printes, além de outros parceiros.
Ambas participaram do processo educativo
que explicou às crianças princípios de sus-
tentabilidade ao mesmo tempo em que sen-
sibilizou professores a mudar de atitude. “É
um dia em 365 do ano em que podemos doar
um pouco do nosso conhecimento e do nos-
so trabalho para mudar a realidade de uma
escola ou de uma comunidade. Foi uma ação
muito bonita e emocionante”, relembra Cristi-
na, que é consultora de sustentabilidade na
Green Design de São Paulo.
Já Lourdes é uma profissional pioneira da
construção sustentável no Brasil, atuando
desde a década de 1980 na área. Também
formada em História pela USP, ela comparti-
lha do desejo de ampliar a cultura das escolas
verdes pelo Brasil “A ideia do Green Apple Day
é trazer um retorno, fazer alguma coisa para
transformar um espaço físico e contribuir para
a disseminação do conceito sustentável. Não
é preciso ser engenheiro ou arquiteto para par-
ticipar, basta querer fazer a diferença”.
Também no mesmo mês, outra atividade
Green Apple Day + Programa de Educação
Ambiental GRS CTE foi realizado na ONG Go-
tas de Flor com Amor. O evento consistiu em
atividades recreativas sobre Resíduos, com o
objetivo de difundir conhecimentos sobre edu-
cação ambiental para as crianças. Participa-
ram 8 voluntários, sendo 7 da equipe do CTE
(Alexandre Felippes, Gabriel Casaroli, Julia
Magaldi, Juliana Webel, Marcelo Mello, Patricia
Missawa, Wagner Oliveira) e 25 crianças, além
dos educadores da ONG Gotas. As crianças
se divertiram com o jogo de Caça-ao-Tesouro
e puderam usar sua criatividade na dobradura
feita com papel já utilizado. Além disso foi fei-
ta uma atividade de upcycling com Garrafas
PETs transformando-as em puff. O evento foi
finalizado com a distribuição de brigadeiros
feitos com casca de banana. De acordo com
Rodrigo Robles, educador da ONG, “a ativi-
dade foi fantástica e nos dias seguintes eles
aproveitaram para colocar outras ações em
prática, como a reutilização de caixas de leite
como sementeiras para a horta que eles estão
cultivando na ONG”. Dessa forma, a equipe
CTE sente que está cumprindo sua missão,
encorajando as crianças a repensarem sobre
os resíduos. O Programa de Educação Am-
biental acontecerá até o final do ano e estão
previstas mais 3 encontros entre voluntários
CTE e crianças onde serão abordados outros
temas ambientais.
Eng. Lourdes Printes (LCP), Arq. Maria Carolina Fujihara
(GBC), Arq. Cristina Shoji (Green Design)
Palestra da Eng. Lourdes Printes (LCP)
Crianças montam puffs com garrafas PET na ONG Gotas de
Flor com Amor
18 abr/15 rev/gbc/br
tipologias
Qual é o objetivo da Global Coalition for
Green Schools e quando isso começou?
Rachel Gutter. Nosso compromisso do
Centro de Escolas Verdes é colocar todos os
alunos em uma escola verde durante esta ge-
ração. Lançamos a Global Coalition for Green
Schools (Coligação Global) para formar par-
cerias com organizações similares em outros
países, que queriam se comprometer com
essa mesma visão e assumir a responsa-
bilidade de defender o movimento escolas
verdes dentro de seus respectivos países. A
Coligação Mundial baseia-se no sucesso da
Coalizão dos EUA, que foi lançada em 2009,
juntamente com muitas das organizações
mais poderosas e associações no mundo da
educação e da sustentabilidade como am-
bos os sindicatos nacionais de professores
e associações de administradores escolares,
membros do conselho escolar e funcionários
da administração. Em 2013, lançamos a Coa-
lizão Mundial no congresso anual do World
GBC com outros 30 membros fundadores,
cada um representando um movimento cres-
cente de escolas verdes em seu respectivo
país.
Quem são os membros da aliança global?
RG. Temos parceria com uma série de orga-
nizações que patrocinam iniciativas de esco-
las verdes em 31 países. Da China ao Brasil,
da Argentina a Israel e Jordânia até a Croácia,
nossa rede está crescendo ao longo do tem-
po para atingir um conjunto extremamente
diversificado de comunidades e escolas. Paí-
ses participantes atuais incluem Argentina,
Austrália, Bolívia, Botsuana, Brasil, Canadá,
Chile, China, Colômbia, Croácia, Líbano, Egi-
to, Emirados Árabes, Gana, Hong Kong, Ín-
dia, Itália, Israel, Jordânia, Quênia, Ilhas Mau-
rício, México, Namíbia, Panamá, Peru, Qatar,
Romênia, Cingapura, Eslovênia, Turquia e
Estados Unidos.
Vice Presidente Senior
do Conhecimento do
U.S. Green Building
Council e
Diretora do Centro de
Escolas Verdes
Rachel
Gutter
ENTREVISTA
revistagbcbrasil.com.br 19abr/15
tipologias
Como pode uma Escola Verde melhorar a
saúde e a aprendizagem de uma criança
e de uma geração? Que tipo de benefí-
cios isso pode proporcionar a uma comu-
nidade e a um país como um todo?
RG. Uma série de estudos estabeleceram
uma relação clara entre o ambiente construí-
do (ex. Escolas) e saúde humana e perfor-
mance. Impactos na saúde e desempenho
positivo estão ligados a uma variedade de
atributos das escolas verdes desde a acústi-
ca até a iluminação natural, a qualidade do ar
interior para projetar com base numa aprendi-
zagem baseada no espaço. Um dos objetivos
da aliança global é conduzir mais pesquisas
para este movimento e também documentar
os impactos na saúde e desempenho positi-
vos associados a uma escola verde. Mais im-
portante ainda, uma escola verde educa uma
nova geração de crianças que nasceram na
sustentabilidade, aqueles que sabem usar o
que eles precisam e não tudo o que podem.
Isso é realmente onde nós vemos o potencial
a longo prazo. Não são os edifícios construí-
dos mas os alunos que se constroem den-
tro deles. Em primeiro lugar, as iniciativas de
sustentabilidade ajudam a economizar recur-
sos devolve-los para as salas de aula onde
ele pertence. Nos EUA, uma típica escola ver-
de economiza US$ 100.000 por ano em cus-
tos operacionais diretos. Isso é o suficiente
para contratar dois professores ou comprar
200 computadores. Além de poupar dinhei-
ro, as escolas verdes são uma oportunidade
para educar uma geração de cidadãos glo-
bais que entendem o seu mundo e como o
conforto que eles desfrutam está intrinseca-
mente ligado a populações ao redor do glo-
bo. Escolas Verdes criam um efeito cascata
que se estende muito além da comunidade
imediata, aumentando a demanda por edifí-
cios mais saudáveis, a conservação dos re-
cursos municipais (energia, água, dinheiro) e
a condução de estilos de vida sustentáveis.
Como é que a qualidade do ar interior de
uma escola afeta os seus ocupantes?
RG. A qualidade do ar numa escola pode ser
melhorada em uma variedade de maneiras
desde aumentar a ventilação até diminuir a
presença de produtos químicos nocivos. A
melhoria da qualidade do ar foi capaz de di-
minuir a incidência de asma e outras doenças
respiratórias, aumentar a participação de pro-
fessores, funcionários e alunos, e melhorar
os resultados de aprendizagem e retenção.
Além disso, a melhoria de atendimento para
os professores tem um impacto financeiro di-
reto sobre a escola pela poupança de custos
com substitutos e gastos com saúde reduzi-
das para o sistema escolar.
Quais são as coisas mais importantes
que uma Escola Verde deve ter em ter-
mos de educação e arquitetura?
RG. No Centro de Escolas Verdes, junto com
nossos parceiros da Coalizão Global, nós en-
caramos os objetivos de uma escola verde
apoiado em três pilares. Simplificando, uma
escola verde aspira: minimizar o impacto am-
biental, absorvendo zero para energia, água
e resíduos; ter um impacto positivo sobre a
saúde humana, bem-estar e desempenho e;
finalmente, garantir que todos os formandos
sejam ambientalmente alfabetizados.
Você pode dar um bom exemplo de uma
Escola Verde no Mundo que pode inspi-
rar outras escolas?
RG. Destacamos três escolas excepcionais
através do nossa competição “Escola Mais
Verde da Terra”. Os nossos vencedores pas-
sados incluem a Escola Green Bali, na Indo-
nésia, a Escola Secundária Sing Yin em Hong
Kong e a Escola Waterbank no Quênia. Cada
uma dessas escolas exemplifica os três pila-
res de uma escola verde. A busca para este
ano da Escola Mais Verde na Terra encerrou-
-se a pouco tempo. Recebemos pedidos de
cerca de vinte países e o prêmio de 2015 foi
para aquela que está definindo o que signi-
fica viver, respirar e ensinar sustentabilidade
em toda a escola, a Dunbarton High School,
do Canadá.
Como você aproxima e envolve o gover-
no na iniciativa Escolas Verdes?
RG. Nos Estados Unidos, temos parcerias
com uma série de agências estaduais e lo-
cais e o que temos feito com o Departamento
de Educação dos Estados Unidos para aju-
dá-los a incrementar o prêmio Green Ribbon
School auxiliando o nosso trabalho com os
legisladores estaduais a aprovarem políticas
locais para escolas verdes. Nós trabalhamos
até mesmo com prefeitos através da nossa
Aliança de Prefeitos para Escolas Verdes.
Como você vê o futuro das Escolas Ver-
des e educação com os conceitos sus-
tentáveis?
RG. Vemos escolas verdes como motor da
transformação na educação, dando-lhes
competências do século 21, como o pen-
samento sistêmico e o empreendedorismo.
Sabemos que a geração de estudantes que
está chegando nas escolas verdes estarão
equipados para resolver os desafios que ine-
vitavelmente deixamos para trás. No Centro,
queremos que a nova geração de cidadãos
que pensam globalmente seja o nosso lega-
do.
20 abr/15 rev/gbc/br
vida sustentável
É possível: mais saúde,
bem-estar e produtividade
Imagens:©WGBC
Por Bruna Dalto
revistagbcbrasil.com.br 21abr/15
vida sustentável
Relatório inédito do WGBC garante que construções
sustentáveis vão além dos benefícios econômicos
e ao meio ambiente, atingindo diretamente o
rendimento dos funcionários de uma empresa
A
s metrópoles se desenvolveram com muita rapidez.
Edifícios são construídos em poucos dias. Sem per-
ceber, o planejamento urbano e a preocupação com
a sustentabilidade foram deixados de lado. Grandes
cidades começaram a produzir impactos negativos ao
meio ambiente. Na construção há um gasto exagerado
de materiais com alto nível de energia embutida e materiais com alta
emissão de CO2
, além do grande volume de produção de entulho
e grande movimentação de terra. Já na operação o problema está
no grande consumo de energia, água, produção de esgotos e lixo e
impermeabilização do terreno.
Os Green Buildings vieram para reverter este quadro e comprovar
que é possível uma cidade crescer de maneira consciente e susten-
tável. O espaço construído deve ter na sua concepção, construção
e operação o uso de conceitos e procedimentos reconhecidos de
sustentabilidade ambiental, proporcionando benefícios econômicos
e, principalmente, na saúde e bem-estar das pessoas.
Nas escolas, há uma melhora de 20% nas provas; nos hospitais pa-
cientes deixam o local mais cedo; nos escritórios a produtividade da
equipe pode aumentar em até 16%, no comércio há um aumento signi-
ficativo por metro quadrado; e nas indústrias, o aumento da produção.
O World Green Building Council lançou em novembro de 2014 um
novo relatório que apresenta provas significativas nas relações dire-
tas entre o projeto de um escritório e o impacto significativo na saúde,
bem-estar e produtividade dos funcionários.
O relatório, patrocinado pela JLL, LendLease e Skanska, afirma que a
produtividade das pessoas depende de uma soma de vários fatores.
São considerados os itens físicos do espaço do escritório: Qualidade
do ar e ventilação, conforto térmico, iluminação e vistas para o exte-
rior, existência de plantas e áreas verdes, a Biofilia. Além disso, tam-
bém deve-se considerar os itens culturais e sociais, conforto acústi-
co, o layout e a ergonomia principalmente no mobiliário das mesas e
cadeiras, aspecto de limpeza e arrumação.
Principais comprovações
•	 Qualidade do ar interior: Várias pesquisas apontam que a melho-
ria na qualidade do ar interior (baixas concentrações de CO2
e de
poluentes e altas taxas de ventilação) pode elevar a melhoria da
produtividade de 8 a 11%.
•	 Conforto térmico: Pesquisas demonstram que o conforto térmico
tem um impacto significativo sobre a satisfação no local de tra-
balho e graus moderados de controle individual sobre conforto
térmico podem causar melhoria na produtividade.
•	 Iluminação e vista da área externa: Vários estudos têm estima-
do ganhos na produtividade como resultado da proximidade de
janelas; especialistas acreditam que vistas externas é, provavel-
mente, o fator mais significativo para o ganho de produtividade,
principalmente quando a vista oferece uma relação com a natu-
reza.
•	 Ruído e acústica: A pesquisa revela que quando o ruído provoca
uma distração indesejada é praticamente impossível ser produ-
tivo em um escritório baseado no conceito moderno de conheci-
mento. Esta pode ser a principal causa de insatisfação entre os
ocupantes.
•	 Layout interno: A forma como o interior de um escritório é confi-
gurado (incluindo densidade e configuração do espaço de tra-
balho, circulações, espaço social e estação de trabalho) possui
um impacto sobre a concentração, a colaboração, a confiden-
cialidade e a criatividade.
•	 Atividades e exercício: A saúde pode ser melhorada através da
prática de exercícios. Logo, um prédio que ofereça atividades,
promovendo o acesso a serviços e comodidades como acade-
mia, depósitos para bicicleta e espaços verdes, podendo esti-
mular um estilo de vida mais saudável a seus ocupantes.
Segundo a professora do Green Building Council Brasil e diretora
executiva da Asclépio Consultoria, Eleonora Zioni, o entorno do lo-
cal também é essencial no planejamento do edifício sustentável e
22 abr/15 rev/gbc/br
vida sustentável
nos benefícios aos colaboradores. “A
influência é direta caso haja a exis-
tência de facilidades como creches,
restaurantes, lojas e conveniências no
local de trabalho ou próximas. O local
determina o transporte das pessoas
diariamente, item já muito discutido
em uma grande cidade como São
Paulo, já que quanto mais tempo se
perde com o deslocamento, maior é
a fonte de stress. As empresas que
oferecem serviços alternativos como
ônibus fretado, minivans, ou sistema
de carona solidária estão ajudando
as pessoas e o planeta”, afirma.
Para ela, o acesso direto ao exterior é realmente o mais importante
para as pessoas. Os benefícios da conexão com o exterior das edifi-
cações são comprovados cientificamente, o contato com a luz solar
tem relação direta com o ciclo circadiano das pessoas, interferindo
na produção de hormônios e fontes de prevenção de esgotamento
físico e emocional.
Escolha de materiais
Outro item que merece atenção é a escolha dos materiais, seus re-
quisitos técnicos e uso de substâncias: Tintas que não deixam cheiro
e não irritam os olhos, carpetes antialérgicos, mesas com laminados
melamínicos que não tenham componentes que liberam compostos
orgânicos voláteis e o cuidado com a manutenção dos sistemas de
ar condicionado.
Ferramentas para medição
Não há dúvidas que as vantagens aos funcionários são surpreenden-
tes. Contudo, é preciso saber se o trabalho que está sendo realiza-
do está realmente garantido todos os benefícios. Por isso, o relatório
apresenta um conjunto de ferramentas simples que poderão ser utili-
zadas pelas empresas para mensurar a saúde, o bem-estar e a pro-
dutividade de seus edifícios, além de informar a tomada de decisão
financeira.
A compreensão da relação entre trabalhadores e seus locais de
trabalho é importante para o desenvolvimento de edifícios de mais
qualidade, mais saudáveis e ecológicos, aspectos valorizados pelos
investidores, projetistas e ocupantes.
•	 Métricas financeiras: Absenteísmo, rotatividade de pessoal, com-
posição da receita (por departamento ou por edifício), custos
médicos e de reclamações e queixas físicas.
•	 Métricas perceptivas: Estudos que apontam uma série de ati-
tudes de autorrelato para a saúde, bem-estar e produtividade
no local de trabalho podem conter uma grande quantidade de
informações para a melhora do desempenho do escritório.
•	 Métricas físicas: medições do ambiente físico do escritório, como
a temperatura, auxiliam a mensurar seu efeito sobre a saúde,
bem-estar e produtividade dos trabalhadores. Avanços tecnoló-
gicos e de fácil manuseio nos dão acesso a estas informações.
A ferramenta de certificação LEED também é um instrumento que
oferece um padrão de itens da infraestrutura do escritório a serem
investidos no espaço, seja reforma ou nova construção, em qualquer
edifício. A ferramenta permite o benchmarking para a empresa, com-
paração com edifícios em todo o mundo.
Integração de equipes
Quando houver uma integração entre a engenharia, o RH e o finan-
ceiro, a empresa conseguirá aplicar no espaço de trabalho as reais
necessidades a partir da percepção dos colaboradores, sem desper-
dício, de acordo com o perfil de cada pessoa e reduzirão os custos
empregatícios, aumentando a produtividade e gerando maiores re-
ceitas. Uma maneira poderia ser iniciando uma aproximação através
do cruzamento de informações quanto à satisfação com o conforto
térmico, com a iluminação, com a ventilação com o layout e os mo-
biliários. Por exemplo: Uma pessoa de olhos claros fisiologicamente
tem os olhos mais sensíveis e precisa de menos luz para trabalhar.
Uma pessoa mais alta precisa de posição do monitor diferente de
uma pessoa de estatura média.
Eleonora questionou o gerente de uma grande empresa que estava
planejando a mudança para um escritório com certificação LEED CI,
qual era o item motivador da preocupação com a sustentabilidade.
“Ele me explicou que percebeu que deveria investir na qualidade
do ambiente quando quatro funcionários, que sentavam na mesma
mesa compartilhada, faltaram no mesmo dia por causa de gripe. A
empresa entendeu que era melhor cuidar melhor do escritório”. Vale
frase ‘É melhor prevenir do que remediar’.
Atuação do GBC Brasil
O GBC Brasil iniciou uma pesquisa de estudos de casos nacionais que
contará com o apoio do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). O
objetivo do estudo é realizar uma avaliação do Bem-estar nos escritó-
rios e a sua influência sobre a Saúde e Produtividade dos ocupantes,
além da avaliação do desempenho dos sistemas e equipamentos ins-
talados nos ambientes. Serão utilizadas métricas perceptivas e físicas,
com base no Relatório desenvolvido pelo World GBC (World Green
Building Council) em parceria com UKGBC, HKGBC, USGBC e Colôm-
bia GBC. Para mais informações contate o GBC Brasil.
Eleonora Zioni
revistagbcbrasil.com.br 23abr/15
soluções
24 abr/15 rev/gbc/br
documento
Arquiteto
Siegbert Zanettini
revistagbcbrasil.com.br 25abr/15
documento
A EVOLUÇÃO DA CONSTRUÇÃO
SUSTENTÁVEL
Mesmo que aparentemente recente, as origens da visão sustentável
podem ser identificadas por mestres arquitetos como os principais
percussores etapa evolutiva presente, segundo Siegbert Zanettini.
Um deles é Frank Lloyd Wright (1867-1959)
que se afastou das experiências européias
modernistas e projetou em 1906 a Robie
House, construída entre 1908 e 1910, em
Chicago; “Fallingwater”, a Casa da Cascata
projetada em 1935 e construída entre 1936 e
1937 junto a uma cachoeira no Rio Beer Run,
na Pensilvânia; e o “Taliesin West” laboratório
e moradia de Wright e seus auxiliares, com-
plexo com vários edifícios projetado e cons-
truído entre 1937 e 1956.
Estes três exemplos, entre centenas de ou-
tros projetos, são obras feitas de acordo com
o que Wright defendia: “Um edifício deve dar
a impressão de crescer sem esforço de seu
lugar, ser projetado de modo a harmonizar
com o ambiente, se a natureza se manifesta
ali; caso contrário, procurem deixá-lo silen-
cioso, essencial e orgânico na mesma medi-
da, como se a Natureza fosse encontrada em
circunstâncias favoráveis”.
No Brasil, Rino Levi, Lucio Costa, Severiano
Porto, Sérgio Bernardes, Affonso Eduardo
Reidy e Roberto Burle Marx, renomado in-
ternacionalmente ao exercer a profissão de
arquiteto-paisagista, são considerados os
primeiros a adotar com clareza conceitos bio-
climáticos e ecoeficientes em seus projetos,
segundo Zanettini.
As experiências ecoeficientes e
bioclimáticas de Zanettini
No Brasil as péssimas administrações e es-
pecialmente a ação do BNH (Banco Nacio-
nal da Habitação) marcou toda a constru-
ção brasileira com uma postura retrógrada
e preocupada apenas em quantidade e não
com a qualidade, induzindo toda a produção
arquitetônica a um nível primário no setor da
construção ao utilizar mão de obra barata e
sem qualificação. Isto, influenciou até hoje os
baixos níveis de arquitetura e construção civil,
sem planejamento, sem urbanismo, sem no-
vas tecnologias, sem invenção, má qualidade
construtiva e estética duvidosa.
Tentando fugir a todo esse universo, Zanettini
decidiu, a partir de 1968, lutar contra a au-
sência de conceitos científicos e se direcio-
nar, mesmo com a precariedade da época, à
novas soluções com tecnologias mais indus-
trializadas, com rígido controle construtivo e
com preocupação constante com o meio am-
biente e soluções bioclimáticas e ecoeficien-
tes. “Foi então que, pioneiramente no Brasil,
iniciei o uso de estrutura metálica e também
com estruturas de madeira compostas de
sarrafos de madeira de descarte, algumas
vezes com soluções mistas desses materiais,
ou ainda, trabalhando com concreto pré-mol-
dado com controle tecnológico desde a sua
fabricação”.
Alguns pontos fundamentais dessa trajetória
com textos, teses, eventos, palestras e proje-
tos e obras, nestes 45 anos, verdadeiros mar-
cos de pesquisa e inovação, uma série de
obras com estrutura de madeira com o rea-
proveitamento de sarrafos de pinho colados,
constituindo pilares e vigas de dimensões es-
truturais significativas, estão documentadas
no livro “Siegbert Zanettini - Arquitetura Razão
Sensibilidade”.
©FábiaMercadante
Por Bruna Dalto
26 abr/15 rev/gbc/br
documento
A casa de Atibaia - 1974
Respeito profundo pela paisagem, a retoma-
da da rua interna, evolução antiga da galeria
de circulação da primeira casa própria cons-
truída, a racionalidade do setor hidráulico, o
controle da curva necessária, entre outros
aspectos. A primeira obra brasileira bioclimá-
tica e ecoeficiente, que sintetiza de conceito,
equilíbrio, simplicidade e magia na sua intera-
ção com meio ambiente.
Escola Estadual Dracena em São
Paulo - 1976
Para-sóis horizontais acima dos blocos soltos
dos ambientes de trabalho; ventilação natural
para garantir a renovação do ar e melhorar o
conforto térmico dos ambientes.
Residência Rodolfo Galvani - 1977
Atualidade de seus espaços, acolhimento
dos ambientes, clareza formal e refrescante
cobertura verde.
Residência Ilha Bela - 1976
As características físicas de um terreno com
12m de desnível determinaram a implantação
em quatro níveis, onde as linhas geométricas
promovem a adequação topográfica e a vo-
lumetria sinuosa de decks e varandas que se
alternam, planos, cilindros e um prisma trian-
gular que dialogam entre si compondo uma
unidade complexa e agradável.
Atelier Zanettini Arquitetura -1984
Muito conhecido como estúdio, laboratório e
oficina e local responsável pela experimen-
tação de inúmeras soluções construtivas de
novos materiais. Importante também por ser
o 1º edifício em aço no Brasil totalmente in-
dustrializado montado em 35 dias e desmon-
tado há um ano, em perfeito estado de pre-
servação, para ser montado em outra área.
Escolas Panamericanas de Arte -1989
e 1996
São até hoje os mais conhecidos e visitados
símbolos da arquitetura do aço do País, mo-
tivo de contínuas visitações, eventos, lança-
mentos e estudos de escolas de arquitetura
e continuamente escolhidos por alunos como
objetos de estudo;
Os projetos citados abaixo e outros que completariam essa longa
descrição são exemplos executados com soluções arquitetônicas e
sistemas construtivos que possuam controle de qualidade nos ele-
mentos produzidos industrialmente usando tecnologia limpa e prin-
cipalmente segura.
EVO
FotoscedidasporZanettiniArquitetura
revistagbcbrasil.com.br 27abr/15
documento
Casa Limpa – ECO 1992
Primeiro projeto com todos os atributos que
constituem hoje o conceito de sustentabilidade;
Hospital e Maternidade São Luiz –
Unidade Anália Franco
Primeira versão em estrutura metálica e por
solicitação do grupo executivo da obra, teve
a estrutura substituída por concreto em 2004,
finalizado em 2007 e vencedor do Prêmio
Destaque Saúde Projeto Predial no V Grande
Prêmio de Arquitetura Corporativa.
Cenpes - Centro de pesquisas da Pe-
trobras
Projeto de 2006 a 2008 e obra concluída em
2010, considerada a obra mais completa em
inovação, tecnologia, ecoeficiencia e susten-
tabilidade da América Latina e ganhadora
dos prêmios Green Building Brasil em 2011 e
Green Nation Fest de 2012.
Sede e Centro de Pesquisa da
Schlumberger
O edifício integra princípios de sustentabili-
dade na forma e função dos espaços proje-
tados, onde há presença constante de áreas
verdes, iluminação e ventilação corretas,
além de sistemas operacionais flexíveis que
permitem fácil operação e manutenção. Um
conjunto que assegura a renovação do ecos-
sistema natural, permite fáceis ampliações
futuras da estrutura em aço e minimiza os
impactos resultantes da intervenção urbana
na paisagem.
O Tribunal de Justiça do Distrito Fe-
deral Brasília, em 2009
Considerado o “Primeiro Fórum Sustentável
do Judiciário Brasileiro” em estrutura metálica
e utilização pela primeira vez de mantas de
aço inox para proteção da radiação térmica
nas fachadas. Designado de Fórum do Meio
Ambiente ganhou um selo federal comemora-
tivo dos Correios.
Centro de Convenções da Unicamp,
em 2010
É constituído de um auditório para 1800 pes-
soas e que pode ser dividido em três menores
além de várias salas de reuniões de grupos,
locais de exposição, restaurante e outros am-
bientes. Teve uma reestruturação viária ane-
xando grande estacionamento, praça pública
e grande área verde no entorno. O auditório
com forma acústica assim como todo o con-
junto utiliza estrutura metálica e importantes
soluções de sustentabilidade. Toda a água
da cobertura é recolhida num espelho d’água
paisagisticamente situado que acumula toda
a captação das águas pluviais das cobertu-
ras e as águas de reuso.
ÇOLUCÃO
28 abr/15 rev/gbc/br
documento
Hospital Mater Dei – Belo Horizonte
Projetado em 2010-2011, trata-se do primeiro
hospital de grande porte, inteiramente indus-
trializado e com estrutura metálica. Foi recen-
temente agraciado com o X Grande Prêmio
de Arquitetura Corporativa de 2013.
Graded School São Paulo em 2013
A idéia de uma “Escola Parque” com praças
cobertas e arborizadas para áreas de apren-
dizagem e de conhecimentos inovadores e
sustentáveis foi um dos pilares do projeto. Os
eixos principais de circulação foram integra-
dos a essas praças e também ao playground.
Toda área esportiva se articula com as outras
áreas de circulação, facilitando o escoamen-
to e as rotas de saída.
Complexo B.Braun em São Gonçalo/
RJ
A nova unidade da empresa alemã B.Braun,
em expansão no Brasil, será construída no
Parque Fabril e contará com um Centro Lo-
gístico, que terá um armazém para produtos
acabados e um depósito de materiais infla-
máveis, na primeira fase. Em seguida, será
construída uma fábrica de dispositivos mé-
dicos e, por último, o Centro Administrativo.
"Falar em arquitetu-
ra é falar também da
luz. Como intensida-
de, amplitude e mati-
zes moldam os espaços
e valorizam formas.
Uma arquitetura que
mostre as mutações de
luz, cores e brilhos do
amanhecer ao entar-
decer, ressalta os focos
luminosos que trans-
põem aberturas, su-
perfícies translúcidas
e vitrais reproduzindo
novos cenários."
ARQUITETO
SIEGBERT ZANETTINI
©Hochtief
revistagbcbrasil.com.br 29abr/15
documento
Perspectivas para o futuro
As conceituações decorrentes do aumento
da complexidade do conhecimento e do seu
trato, devem estar presentes desde a forma-
ção e aprofundadas no decorrer das ativi-
dades culturais e profissionais do arquiteto
e vem exigindo uma crescente contribuição
interdisciplinar em cada projeto entre os cabí-
veis participantes das várias áreas científicas
– humanas, biológicas, ambientais, exatas e
econômicas – em equilíbrio com o conheci-
mento sensível.
Como conseqüência e talvez a mais próxima,
seja a “re-união” de arquitetos e engenheiros
na formação e num trabalho mais interativo,
diante da constatação irrefutável de que es-
sas áreas tratam de um mesmo objeto.
Uma nova visão de mundo que decorre da
nossa consciência e sensibilidade estabele-
ce necessários vínculos com a sociologia, a
antropologia e as demais ciências que incor-
porem homem, uso, lugar, tempo, medida,
matéria, técnica com riqueza e qualidade fun-
damentais na inovação e na evolução tecno-
lógica, e que propicie condições para que o
arquiteto possa exercer sua profissão de uma
forma plena.
Mas infelizmente a busca de um mundo mais
sustentável encontra no presente sérios obs-
táculos a serem transpostos. As contra-
dições seguidas do capitalismo mundial na
suas exigências de mercado e de consumo
ditam a desordem presente em praticamente
em todas as nações, em especial as emer-
gentes e as de 3ª e 4º mundos. As cidades
e em especial os grandes aglomerados re-
fletem um inchamento com toda a sorte de
conflitos de um contexto cada vez mais insus-
tentável pela ausência de programas e ações
culturais, políticas e econômicas.
No Brasil, por exemplo, há a ausência de pre-
visão e planejamento físico e econômico; a
incompetência quase generalizada da classe
política e da “elite” econômica, principalmen-
te preocupada com o lucro fácil e rápido e
no conluio criminoso entre ambas; a desor-
dem das cidades, a ineficiência na mobilida-
de urbana, a ausência de políticas públicas
de educação e saúde; a ocupação retalhada
do território que reflete um tecido esgarçado
e destruidor do meio ambiente; o péssimo
aproveitamento da condição exuberante do
nosso clima, relevo e solo e a depredação
das paisagens no engano da ocupação dos
vales com sistema viário e os rios que res-
taram em esgotos a céu aberto. A insegu-
rança, o descuido na formação acadêmica,
o esquecimento da velhice, tirar- nos a con-
dição de cidadãos para nos reduzir a meros
consumidores. As cidades vão abandonan-
do a sua condição fundamental de lugar de
vida, nosso ar se poluiu, nossos lagos são
consumidos e nossas reservas velhas são
destruídas.
O mais breve possível devemos encontrar
caminhos que nos levem a uma visão plu-
ridimensional e um viver com uma postura
holística e sistêmica do conhecimento, com
desenvolvimentos cientifico e artístico inova-
dores que acelerem o tempo perdido e nos
coloquem num patamar digno do ser humano.
As cidades devem passar a ser entendidas
com uma visão metabólica que se renove
ciclicamente e recupere a condição de or-
ganismo vivo que se realimenta continua e
evolutivamente. Só assim alcançaremos um
mundo pleno, que tenha o homem como a
sua principal referência. Essa é a conceitua-
ção de sustentabilidade e que devemos para
que aconteça e que alimente um Projeto de
Nação que quebre paradigmas e constitua
contexto sócio-econômico e cultural.
FUTURO
30 abr/15 rev/gbc/br
CAPA
Ele é carioca...
Por Verônica Soares
CAPA
revistagbcbrasil.com.br 31abr/15
CAPA
Articular educação e arte, pen-
sar o Rio de Janeiro através
de uma leitura transversal da
história da cidade e valorizar
o âmbito social da sustentabi-
lidade são algumas das mis-
sões abraçadas pelo Museu
de Arte do Rio, inaugurado em
março de 2013. Ao completar
dois anos, o MAR, localizado
em uma área de 15 mil m2 na
Praça Mauá, celebra a con-
quista do certificado LEED Sil-
ver, obtido em 2014, e do título
de melhor construção de 2013,
na categoria museu, pelo voto
popular do maior prêmio inter-
nacional de arquitetura, o Ar-
chitizer A+ Awards. O Museu
foi também a primeira entrega
do Porto Maravilha, amplo pro-
jeto de revitalização da Região
Portuária promovido pela Pre-
feitura do Rio de Janeiro.
Museu de Arte do Rio:
Um marco da sustentabilidade
nos 450 anos da cidade
maravilhosa.
©JaimeAcioli
32 abr/15 rev/gbc/br
CAPA
milhões para a realização da complexa
proposta de retrofit, que recuperou prédios
históricos de épocas diferentes, com per-
fis heterogêneos, que foram interligados: o
Palacete Dom João VI, tombado e eclético,
e o edifício vizinho, de estilo modernista –
originalmente um terminal rodoviário. O an-
tigo palacete abriga as salas de exposição
do museu. O prédio vizinho é o espaço da
Escola do Olhar, que é um ambiente para
produção e provocação de experiências,
coletivas e pessoais, com foco principal na
formação de educadores da rede pública
de ensino. “Uma característica importante
do projeto pensada para atender as deman-
das da certificação é a fachada em vidro da
Escola do Olhar. O perfil em vidro auto por-
tante (Channel glass) possui vidro reciclado
na sua composição, e tem aplicação de uma
película que contribui para o conforto térmi-
co das salas de aula, reduzindo a sensação
de calor sem prejudicar a incidência de luz
natural. O museu ainda conta com sensores
de luminosidade, lâmpadas econômicas e
uso de materiais com conteúdo reciclado
E
m 2015, ano em que a cida-
de maravilhosa celebra seus
450 anos, o MAR se estabe-
lece também como um equi-
pamento fundamental para
difundir a cultura da interven-
ção e construção de baixo
impacto na cidade. Nas pala-
vras da gerente geral de Patrimônio e Cultura
da Fundação Roberto Marinho, Lucia Bastos
– uma das realizadoras do projeto – junta-
mente com a Prefeitura do Rio de Janeiro, o
MAR contribui para incentivar a construção
sustentável ao se estabelecer como primeiro
museu da América Latina e do país a rece-
ber a certificação LEED: “Aprendemos mui-
to com a obra. Todas as etapas do projeto
tiveram como premissa a sustentabilidade,
desde sua concepção, passando pela sen-
sibilização dos operários, descarte correto
dos materiais, uso de material certificado ou
com conteúdo reciclado, reaproveitamento
de água, entre outras ações”, destaca.
O projeto da Bernardes+Jacobsen Arqui-
tetura teve um investimento total de R$79,5
Projeto:
Museu de Arte do Rio	
Localização:
Praça Mauá, 5 - Rio de Janeiro - RJ
Área total:
15.000 m²
Realização:
Prefeitura do Rio de Janeiro e
Fundação Roberto Marinho
Gerenciamento:
Engineering SA Serviços Técnicos
Arquitetura:
Bernardes + Jacobsen Arquitetura
Construtora:
Concrejato
Consultoria de sustentabilidade:
CTE - Centro de Tecnologia de
Edificações
Concepção estrutural:
GOP – Gabinete de Organização e
Projetos
Cálculo estrutural:
Cerne Engenharia e Projetos
Sociedade
Consultoria técnica e controle de
qualidade do projeto de estrutura:
Engeti Consultoria e Engenharia
Consultores de estrutura:
Bruno Contarini e Gilberto do Valle
Desenvolvimento do traço do
concreto:
WG Côrrea Consultoria de Enge-
nharia Civil
Drenagem e SPDA:
Instal Engenharia
©ThalesLeite
revistagbcbrasil.com.br 33abr/15
CAPA
MARMuseu de Arte do Rio
©JaimeAcioli
“O MAR é nosso primeiro
projeto a receber o selo. Para
nós o principal aspecto da cer-
tificação é mostrar que é pos-
sível fazer um projeto pensa-
do desde o início para atender
os quesitos de sustentabilida-
de, resultado de uma parceria
entre projetistas, gerenciado-
res, engenheiros, Fundação
Roberto Marinho e o investi-
mento público.”
Bernardo Jacobsen,
Jacobsen Arquitetura
34 abr/15 rev/gbc/br
CAPA
como o piso em resina da Escola do Olhar,”
destaca Bernardo Jacobsen, um dos arquite-
tos do projeto.
Sob a responsabilidade do Centro de Tecno-
logia de Edificações (CTE), o MAR foi certifi-
cado no LEED NC, que é focado no projeto
e na construção do prédio, sendo a certifica-
ção obtida após a conclusão da obra. Con-
forme explica Anderson Benite, diretor da
Unidade de Sustentabilidade do CTE, “esse
tipo de certificação só perde seu valor caso
o prédio tenha seu uso alterado ou se passar
por uma reforma completa, descaracterizan-
do tudo o que existia ali no momento da en-
trega do certificado”.
Dentre as estratégias utilizadas, o projeto do
MAR aproveitou 66,77% de toda construção
que existia no local antes da obra, o que ga-
rantiu uma redução enorme de recursos que
seriam extraídos do meio natural, como ci-
mento, areia, aço, entre outros, além, é claro,
da redução da geração de resíduos e do con-
sumo de energia para a demolição. A seleção
dos materiais incorporados à obra também
teve requisitos de sustentabilidade: 20,41%
dos materiais usados no edifício foram extraí-
dos e manufaturados a menos de 800 km de
distância do empreendimento e 59% dos ma-
teriais possuem conteúdo reciclado.
Como recomenda a UNESCO, o MAR tem
atividades que envolvem coleta, registro,
pesquisa, preservação e devolução à comu-
nidade de bens culturais – sob a forma de
exposições, catálogos, programas em multi-
meios e educacionais. O complexo do mu-
seu inclui oito salas de exposições e cerca
de 2.400 m2
, divididos em quatro andares; a
Escola do Olhar e áreas de apoio técnico e
de recepção, além de serviços ao público.
Os dois prédios que formam a instituição são
unidos por meio de uma praça, uma passa-
rela e cobertura fluida, em forma de onda – o
traço mais marcante da caligrafia dos arqui-
tetos – transformando-os em um conjunto
harmônico.
O teto ondulado, uma das marcas visuais
mais impactantes do Museu, contribui para
a redução da incidência solar. A cobertura
fluida do museu foi feita a partir de fôrmas de
isopor EPS, comumente utilizado na constru-
ção civil por resistir à compressão de mais de
uma tonelada por metro quadrado e ser um
material maleável. Mas o grande diferencial
foi a confecção das fôrmas, feita nos galpões
das escolas de samba localizadas na região
portuária, com a mão de obra dos esculto-
res especializados no uso desse material. A
coordenação do trabalho dos artesãos ficou
sob a responsabilidade do artista plástico
Carlos Lopes, representando mais um exem-
plo da importância de agregar o fator social
às construções sustentáveis. Depois de uti-
lizadas, as peças de isopor foram doadas a
escolas do Grupo Especial e da Série A, que
usaram o material nos desfiles.
O cuidado com os princípios sustentáveis
foi tão grande que, ao final da obra, apurou-
-se que mais de 90% de todo resíduo pro-
duzido durante a construção foi desviado
de aterro, ou seja, reaproveitado ou enviado
para reciclagem e fins mais nobres do que
simplesmente aterrar. Outros diferenciais da
construção do MAR são a qualidade do ar
interno, o aumento da eficiência energética
e do conforto térmico, além de um processo
bem estabelecido de reciclagem por meio da
coleta seletiva e a prática do reuso. Vidros
especiais também contribuem para a redu-
ção da sensação de calor, sem reduzir a inci-
dência da luz natural.
O projeto conta, ainda, com as tecnologias
de economia de água, como torneiras com
fechamento automático e restritores de va-
zão, mictório de baixo consumo, vasos de
duplo acionamento, que reduziram em 68%
o consumo de água potável para esse fim,
quando comparado com a exigência do
LEED. “As estratégias de economia de ener-
gia permitiram que o prédio seja 12,48%
Diferenciais do projeto:
1.	 Redução do efeito de ilha de calor com
cobertura clara que absorve menos calor;
2.	 Redução do efeito de ilha de calor com uso
de pedra portuguesa;
3.	 Incentivo ao transporte alternativo, com
62 vagas em bicicletário e serviços de
transporte coletivo no entorno;
4.	 Redução do consumo de água potável pela
captação da chuva para uso no sistema de
descarga;
5.	 Redução do consumo de água potável por
meio do uso de metais sanitários econômicos;
6.	 Redução do consumo de água potável no pai-
sagismo, pelo uso de espécies que demandam
menos irrigação.
1
3
2
4
5
6
revistagbcbrasil.com.br 35abr/15
CAPA
mais eficiente do que a base de referência
do LEED, que já é rigorosa. Isso gera redu-
ção efetiva nas contas de energia do prédio”,
destaca o consultor Anderson Benite. Além
disso, 76% da madeira incorporada no edi-
fício é certificada FSC, selo que reconhece
o manejo sustentável, boas práticas, em sua
origem e toda cadeia produtiva.
Benite explica que, ao visitar o prédio, qual-
quer ocupante consegue enxergar as es-
tratégias de sustentabilidade, graças a um
primoroso trabalho de comunicação visual,
fruto de um programa de educação am-
biental específico para o Museu. O edifício
também oferece toda uma infraestrutura de
coleta e destinação de resíduos para a re-
ciclagem, entre outras propostas práticas
para os visitantes, conforme relata o diretor
de sustentabilidade: “O projeto não possui
áreas de estacionamento. Como incentivo
ao transporte alternativo na região, foram
projetadas 62 racks para bicicletas e o Mu-
seu ainda está localizado perto de pontos de
ônibus bem providos de linhas”. Anderson
exemplifica, ainda, que, para os gestores, as
tecnologias embarcadas permitem uma ope-
ração otimizada com menores despesas em
energia e água, permitindo que os investi-
mentos sejam melhor utilizados nas próprias
exposições e melhorias do museu.
Benite acredita que o fato de ter sido pionei-
ro na obtenção da certificação LEED já faz
do MAR um grande legado deixado à cidade
do Rio de Janeiro em seus 450 anos. “A cer-
tificação do Museu incentivou outros edifí-
cios a buscarem o mesmo. O Rio de Janeiro
é o segundo estado com mais certificações
no Brasil, com 175 projetos registrados e 33
já certificados. Além disso, o MAR provou
que é possível esse tipo de edifício, conce-
bido a partir da restauração de um palacete
muito antigo, ter um bom desempenho e ser
referência tanto nacional como internacional-
mente”, destaca.
Lucia Bastos, da Fundação Roberto Marinho,
reforça o coro: “A disseminação de práticas
sustentáveis é uma das diretrizes da atuação
da Fundação Roberto Marinho. O conceito
também está na base dos museus que desen-
volvemos atualmente, o Museu do Amanhã e
o Museu da Imagem e do Som, que também
buscam a certificação LEED”, conclui.
•	 Melhoria de 16% na classificação de
desempenho da edificação
•	 35% de aquisição de energia verde
•	 10% de materiais de construção com
conteúdo reciclado
•	 20% dos materiais extraídos, colhidos,
recuperado, ou fabricados regionalmente
•	 76% da madeira certificada pelo FSC
•	 67% de aproveitamento da estrutura
do edifício existente e reutilização do
envoltório
•	 90% do resíduo produzido na construção
foi desviado de aterro, ou seja, reaprovei-
tado ou enviado para reciclagem
•	 Redução de 100% no uso de água potável
no paisagismo
•	 Redução de 40% no uso de água no
interior da edificação
•	 Redução de 50% na geração de efluentes
©ThalesLeite
Certificação em números
36 abr/15 rev/gbc/br
por dentro
chega em Junho
1º Anuário de
Certificações
GBC Brasil
Contando com o apoio
das principais empresas
do setor, a publicação
especial da revista GBC
Brasil trará informações
completas sobre o merca-
do sustentável no país
36 abr/15
revistagbcbrasil.com.br 37abr/15
por dentro
R
efletindo o crescente reconhecimento da im-
portância de edifícios verdes na vida cotidia-
na das cidades brasileiras, no uso racional
dos recursos hídricos, na redução das emis-
sões de gases de efeito estufa, na melhoria
da qualidade de vida dos ocupantes, na eco-
nomia dos custos de manutenção, na busca
pela utilização de fontes de energia renová-
veis, o desenvolvimento do Green Building
Council Brasil é notório.
E continua a crescer com o fortalecimento da revista GBC Brasil, a
plataforma oficial de divulgação das melhores práticas e soluções no
mercado da construção sustentável no país.
Agora, essa plataforma ganha um novo impulso com o lançamento
de mais uma ferramenta de consulta e informação: o 1º Anuário de
Certificações GBC Brasil.
O ponto focal deste projeto foi a necessidade de ordenar e catalo-
gar todo um conjunto ordenado de informações sobre a construção
sustentável no Brasil, desenvolvendo um material de fácil acesso e
consulta, que possa chegar ao conhecimento de todo o mercado.
Em 2014 o Brasil atingiu o maior número de projetos certificados.
Foram 82 até dezembro. Em termos de projetos registrados acumu-
lados, chegamos a 944 o que significa o terceiro lugar no mundo,
apenas atrás dos EUA e da China.
O Anuário de Certificações GBC Brasil será organiza-
dos dividido por selo, tipologia, localização e abordará
todos os empreendimentos certificados em 2014, ofe-
recendo a oportunidade para que cada empresa que
tenha participado destes projetos, possa apresentar,
de forma consistente e relevante, o seu posicionamen-
to frente ao mercado sustentável. Também trará mui-
tos números e estatísticas e contará ainda a história das
certificações no país, mostrando um panorama com-
pleto do setor.
O Anuário apresentará em detalhe os empreendimentos, com infor-
mação do projeto, diferenciais sustentáveis e ficha técnica comple-
ta com os profissionais e empresas responsáveis, em verdadeiros
“Case Studies”.
Além disso, um Guia de Soluções Sustentáveis vai apresentar os
fornecedores e prestadores de serviços que estão por trás de cada
inovação, tecnologia, material ou solução sustentável que contribuiu
para a pontuação final de cada certificação.
“A construção de um futuro sustentável passa pelo aprendizado de
todo um arcabouço de soluções e estudos de caso que nos mostram
o caminho a ser seguido e aprimorado” diz Luiz Sampaio, diretor exe-
cutivo da VIB Editora, responsável pelo desenvolvimento da revista
GBC Brasil. “As empresas tem entendido a importância e relevância
desse documento e esperamos que haja cada vez maior interesse no
aprofundamento deste conhecimento”, conclui.
Com lançamento marcado para junho, a revista GBC Brasil está a
todo vapor trabalhando nas últimas etapas do projeto, sempre com o
apoio da equipe do Green Building Council Brasil.
#1 em junhoPara informações sobre como participar do
1º Anuário ou para reservar o seu exemplar,
entre em contato: revistagbc@gbcbrasil.org.br
38 abr/15 rev/gbc/br
por dentro
Quantos m² já
foram certifica-
dos no Brasil?
Onde estão localizados
os empreendimentos
certificados no Brasil?
Qual construtora
tem mais projetos
certificados? E qual
arquiteto?
Quais os prin-
cipais projetos
certificados?
Quantos projetos
LEED Gold existem
no país?
Qual foi o primeiro
shopping center
certificado?
Informações,
estatísticas e
números do
mercado
Destaque dos empreen-
dimentos certificados
Mais: o exclusivo Guia de
Soluções Sustentáveis para
destacar produtos e serviços
para a sustentabildiade
Mais de 200 páginas
de conteúdos e distri-
buição superior a 10
mil exemplares
Imagensilustrativas
revistagbcbrasil.com.br 39abr/15
por dentro
1º Anuário de
Certificações
GBC Brasil
Nesta publicação especial, sua empresa vai encontrar informações completas e detalhadas
sobre todos os empreendimentos certificados em 2014, bem como dados e estatísticas
sobre os selos LEED, tipologias, classificação, e também sobre o Referencial Casa GBC,
Procel, entre outros. A história das certificações no Brasil e a opinião dos especialistas e
consultores sobre as perspectivas de um mercado em expansão. Além disso, um guia de
fornecedores de soluções sustentáveis que contribuíram para a certificação dos projetos.
Todas as respostas estão aqui. E muito mais informações.
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Junho/2015
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40 abr/15 rev/gbc/br
desempenho
U
ma EPD - Environmental
Product Declaration (ou
DAP - Declaração Am-
biental do Produto, em
português) é o conjunto
de informações detalha-
das dos aspectos am-
bientais associados a um produto ou serviço
específico - de matérias-primas de produ-
ção, fabricação, uso e descarte - e baseado
em informações de Avaliação de Ciclo de
Vida (ACV). É uma informação particularmen-
te útil para caracterizar produtos finais com
múltiplos usos, bem como produtos interme-
diários que serão transformados ao longo da
cadeia de suprimento.
Segundo Armando Caldeira Pires, da Uni-
versidade de Brasília e integrante do PBCV
– Programa Brasileiro de Ciclo de Vida e da
ABCV – Associação Brasileira de Ciclo de
Vida, num contexto de crescente demanda
por informação ambiental detalhada, tanto
por parte dos consumidores como das au-
toridades é cada vez maior o uso da EPD,
“pois preenche a lacuna de documentação
que caracteriza o impacto ambiental de um
produto ao longo de todo seu ciclo de vida”,
declara. Além disso, a EPD não exige um de-
terminado desempenho ambiental. Ela forne-
ce informações objetivas sobre os aspectos
ambientais de um produto. A importância
atribuída ao meio ambiente é feita por parte
dos compradores. Essas informações subsi-
diam a tomada de decisão e o processo de
especificação de materiais para projetistas e
engenheiros o que contribui para a sustenta-
bilidade dos produtos.
A EPD surgiu como um instrumento de ca-
racterização do desempenho ambiental,
principalmente associado à diretriz européia
IPP - Integrated Product Policy (Política Inte-
grada do Produto, em português), no inicio
do milênio. Desde então começou a fazer
parte oficiosamente de editais e licitações na
União Européia. Em 2004 ela começou a ser
discutida oficialmente na ISO para, no final
de 2006, vir a ser um nova norma técnica, a
ISO14025 (recentemente traduzida no Brasil,
e agora uma norma ABNT BR ISO14025).
A sua aceitação internacionalmente é total,
principalmente a partir de 2007.
O mercado internacional reconhece os se-
guintes benefícios com a caracterização do
desempenho ambiental de um produto a
partir de uma DAP:
Internos:
- Redução de custos: maior transparência
nas informações dos fluxos de energia e
materiais;
- Identificação de potenciais otimizações
ao longo da cadeia de suprimentos (do
berço à cova);
- Possibilidade da criação de um modelo
parametrizado para famílias de produtos.
Externas:
- Instrumento de marketing e de vanta-
gens competitivas a nível internacional;
- Demonstração de consciência ambien-
tal nas companhias;
- Dados disponíveis para a certificação.
Consumidores em geral se mostram cada
vez mais interessados na preservação am-
biental, o que aumentou a busca por pro-
dutos que, aparentemente, causam menor
dano ao ambiente. “Essa oportunidade de
mercado estimulou a divulgação de informa-
ções ambientais por parte dos fabricantes.
Rapidamente perceberam-se rótulos subje-
tivos, com pouca ou nenhuma informação
real sobre o impacto dos produtos, que
acabam confundindo os consumidores, ao
ponto em que se torna difícil comparar pro-
Em busca da
transparência
ambiental dos
produtos
EPD
Por Bruna Dalto
revistagbcbrasil.com.br 41abr/15
desempenho
dutos que competem entre si. A EPD surgiu
como uma ferramenta para harmonizar, de
maneira confiável, a divulgação das referidas
informações”, afirma Marcella Saade, enge-
nheira ambiental e doutoranda em avaliação
de ciclo de vida.
Através de uma EPD, o consumidor, além
de adquirir conhecimento primordial sobre o
ciclo de vida de seu produto e de identificar
oportunidades de melhoria, poderá estabele-
cer uma comparação honesta entre os pro-
dutos concorrentes, valorizando o processo
de fabricação ambientalmente bem geren-
ciado.
Para Gil Anderi da Silva, professor da Univer-
sidade de São Paulo, o procedimento para
implementação de uma EDP deve seguir as
seguintes fases:
1 - Estabelecimento de um Programa de De-
claração Ambiental. É um programa voluntá-
rio com um conjunto de regras que orientam
a sua administração e operação. Estas re-
gras, gerenciadas por um operador do pro-
grama, são chamadas de Instruções Gerais
do Programa.
1.1 – Definição do operador do programa:
Empresa(s), setor industrial, associação co-
mercial ou corpo independente.
1.2 – Estabelecimento do programa, ouvidas
as partes interessadas: A partir do programa,
os interessados em obter EPD para seus
produtos se organizam para desenvolver os
seus PCRs - Product Category Rules (Regras
de Categorias de Produtos, em português) o
que, necessariamente, deve incluir um amplo
sistema aberto de consulta. “Esta é a parte
crucial do sistema pois envolve, em muitos
casos interface com a vertente econômica da
sustentabilidade”, afirma Anderi da Silva.
1.3 – Estabelecimento de PCRs
a) definição da categoria de produto e
b) definição das regras para a elaboração de
estudos de ACV para a categoria.
Uma vez estabelecidas as PCR as mesmas
devem ser submetidas à homologação pelo
operador do programa. Este programa deve
prever um esquema de análise crítica das
EPDs geradas a partir das PCRs.
Desenvolvimento e implantação
da EPD são desafios
Já para desenvolvê-la é preciso, de acordo
com a IPP (Política Integrada do Produto, em
português), pesquisar e consultar PCR’s (do-
cumentos onde são estabelecidas as regras
para o desenvolvimento de uma EPD, princi-
palmente, as categorias de impacto ambien-
tal a serem avaliadas e outras informações
que dela devem constar) relativas ao tipo de
produtos em análise; desenvolver um estudo
de ACV de acordo com as regras constantes
da PCR, com as normas internacionais (ISO
14040-43) e com os requisitos específicos
do programa de certificação de EPD’s; re-
colher e organizar a informação a incluir na
EPD; efetuar a verificação da EPD por uma
3ª parte independente e registrá-la num pro-
grama de certificação, publicar e disseminar
a EPD.
Contudo, as dificuldades de implantação
residem, principalmente, no grande número
de sistemas de EPD e PCRs desenvolvidos
recentemente e na impossibilidade de com-
paração de EPDs realizadas de acordo com
PCRs diferentes. No setor de construção,
especificamente, este problema foi sanado
por meio da norma europeia EN 15804:2012,
que funciona como um PCR base (core PCR)
para os produtos da construção. De acordo
com Vanessa Gomes, da Unicamp, “no Bra-
sil, devemos acrescentar a dificuldade de
acesso a resultados de ACV para produtos
que formam a base das EPDs. Ainda não
contamos com inventários integrados de ci-
clo de vida, e construir uma base de dados
desta natureza não é um desafio trivial”.
Armando Caldeira Pires
Vanessa Gomes
Gil Anderi da Silva
42 abr/15 rev/gbc/br
desempenho
Preparando uma EPD
A preparação de uma EPD exige uma sequ-
ência de procedimentos que garantem ao
seu usuário (em geral um consumidor do
produto em algum ponto da cadeia de su-
primentos) a qualidade das informações so-
bre o desempenho ambiental do produto ali
descrito.
Em primeiro lugar, uma EPD é definida por
uma PCR que especifica quais as categorias
de impactos ambientais que devem caracte-
rizar o produto e quais as fases do ciclo de
vida que devem ser caracterizadas. “A exi-
gência da PCR garante que todos os produ-
tos que irão exercer a mesma função terão
o seu desempenho ambiental caracterizado
pelos mesmos parâmetros dentro dos mes-
mos limites tecnológicos, espaciais e tempo-
rais”, comenta Armando.
Em segundo lugar, a preparação de uma
EPD é baseada num relatório de terceira par-
te do inventário do ciclo de vida do produ-
to. “Ou seja, o inventário do ciclo de vida
do produto, preparado de acordo com os re-
quisitos da PCR, deverá ser revisto por uma
terceira parte, em geral um grupo de profis-
sionais creditados para esse fim. Isto garante
que o inventário do ciclo de vida preparado
tem qualidade e está de acordo com a PCR”,
complementa ele.
Por fim, a EPD preparada deve ser revista por
uma terceira parte, garantindo que a decla-
ração está de acordo com os requisitos do
Sistema de EPD ao qual ela será submetida
para análise e depois arquivada em seu ban-
co de EPD.
Essa sequência de requisitos garante quali-
dade das informações descritas da EPD. E
dessa forma, um consumidor, terá capacida-
de de comparar o desempenho ambiental de
dois produtos sem ter que recorrer a labora-
tórios de análise ou à contratação de consul-
torias para averiguação da informação, po-
dendo definir suas escolhas com base nos
seus critérios de aquisição do produto que
melhor lhe convém.
Como deve ser constituída a EPD:
1.	 Descrição da Empresa e do Produto;
2.	 Desempenho Ambiental: Esta é a principal componente de uma
EPD e a informação baseia-se numa análise de ciclo de vida do
produto;
3.	 Contatos da Empresa e do Organismo Certificador: Além dos
contatos das duas empresas, deverá constar, contatos do Res-
ponsável, período de validade da certificação. Geralmente o pe-
ríodo de validade de uma certificação obtida por uma 3ª parte
tem a duração de três anos.
EPDO LEED e a EPD
A versão 4 do LEED, no Rating System LEED
BD+C e ID+C, incentiva o uso de produtos
com EPD, possibilitando o alcance de até 2
pontos dentro da categoria de Materiais e
Recursos, desde que instalados de forma
permanente e que atendam a determinados
parâmetros. O objetivo dos créditos é incen-
tivar as equipes de projetos a optar pelo uso
de materiais que contenham informações so-
bre o ciclo de vida, a fim de reduzir os possí-
veis impactos ambiental, econômico e social.
Para a concessão de 1 dos créditos, a edifi-
cação deverá utilizar ao menos 20 produtos,
de pelo menos 5 fabricantes diferentes , e
que atendam a critérios como: Declarações
específica e ambientais do produto; que es-
tejam em conformidade com as normas ISO
14025, 14040, 14044 e EN 15804 ou ISO
21930 e que contenham análise mínima do
berço ao portão (cradle to gate). Outro crité-
rio a ser considerado é que o produto cum-
pra com o Programa aprovado pelo USGBC
- quadro de declaração ambiental aprovado
pelo USGBC.
O outro crédito pode ser concedido pelo uso
de produtos os quais 50% dos seus custos
cumpram com critérios tais como: Certifica-
ção de produtos de terceiros que demons-
trem redução do impacto abaixo da média
da indústria em categorias como - potencial
de aquecimento global, destruição da cama-
da de ozônio, acidificação das fontes terres-
tres e aquáticas, dentre outras; Programa
aprovado pelo USGBC.
Cursos de EPD
O GBC Brasil oferece cursos sobre EPD. Re-
centemente foram realizados dois treinamen-
tos in company na Votorantim, ministrados
pela professora Vanessa Gomes, com 36
participantes. Para mais informações entrar
em contato diretamente com o GBC Brasil.
revistagbcbrasil.com.br 43abr/15
desempenho
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  • 2. 2015 11 a 13 de agosto de 2015 Transamerica Expo Center | São Paulo/SP6ªEDIÇÃO Água Qualidade Produto Energia Arquitetura & Projetos opção2opção3opção1 www.expogbcbrasil.org.br Água Qualidade Materiais Energia Arquitetura e Projetos A FEIRA DE NEGÓCIOS DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL Biomassa BR energias renováveis RealizaçãoApoio EspecialAgência de Viagens Organização Apoio Institucional Apoio de mídia Patrocinador Platina Patrocinador Prata
  • 3. revistagbcbrasil.com.br ©BiancaWendhausen CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO MEMBROS DO CONSELHO Manoel Gameiro - Trane - Presidente José Moulin Netto - Vice presidente José Cattel - Alcoa Celina Antunes - Cushman & Wakefield Mark Pitt - Sherwin Williams Rafael Rossi - Rossi Residencial Hugo Rosa - Método Carmen Birindelli - WTorre Daniela de Fiori - Walmart Convidada: Thassanee Wanick - Fundadora do GBC e Cônsul Geral da Tailândia no Brasil CONSELHO FISCAL Renato Alahmar - 3M Guido Petinelli DIRETOR GERENTE Felipe Faria DIRETOR EXECUTIVO Luiz Sampaio lsampaio@vidaimobiliaria.com.br JORNALISTAS Bruna Dalto - MTb 72943 Verônica Soares - MTb 13093 revistagbc@gbcbrasil.org.br DIRETORA COMERCIAL Cibele Oliveira comercial@vidaimobiliaria.com.br COMERCIAL Taís Colares revistagbc2@gbcbrasil.org.br FINANCEIRO Ana Maria Carvalho acarvalho@vidaimobiliaria.com.br DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL VIB EDITORA REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO VIDA IMOBILIÁRIA BRASIL - VIB EDITORA Rua Apotribu, 139 - conj 93 Saúde - São Paulo - SP CEP 04302-000 Tel/Fax: 11 5078 6109 www.vidaimobiliaria.com.br Capa: Museu de Arte do Rio, foto de Thales Leite 2015 tem sido um ano de grandes desafios a toda in- dústria da construção, como de fato para toda a eco- nomia nacional. Não serão poucos os obstáculos que estaremos atra- vessando esse ano, na busca pela retomada do cres- cimento econômico e pela consolidação de novos projetos. A Revista GBC Brasil se apresenta com novidades para encarar estes desafios. Além de aprimorar seu projeto gráfico ao longo das próximas edições, lan- çaremos o 1º Anuário de Certificações GBC Brasil, no final deste semestre, em uma edição especial com o mais completo conteúdo analítico e qualitativo sobre os projetos certificados em 2014 e os mais significa- tivos empreendimentos que receberam o selo LEED desde 2007, quando o Brasil começou sua caminha- da rumo a um futuro sustentável. A contribuição de todos os membros do GBC Brasil é de suma importância para atingirmos esse objeti- vo. Convidamos a todos a participarem desse projeto pioneiro. Boa leitura a todos! Novidades pela frente LUIZ SAMPAIO DIRETOR EXECUTIVO Vida Imobiliária Brasil - VIB Editora VIBEDITORA
  • 4. 4 abr/15 rev/gbc/br índice EDITORIAL...................................................> 3 COLUNA GBC..............................................> 6 GREEN PAGES ARAB HOBALLAH............................> 8 TIPOLOGIAS..........................................> 12 VIDA SUSTENTÁVEL...................................> 20 DOCUMENTO SIEGBERT ZANETTINI...................................> 24 CAPA MUSEU DE ARTE DO RIO...............> 30 POR DENTRO ..............................................> 36 DESEMPENHO.............................................> 40 CASA REFERENCIAL....................................> 46 TENDÊNCIAS...............................................> 50 ENERGIA......................................................> 56 EXPO GBC 2015....................................> 58 ECONOMIA..................................................> 54 SOLUÇÕES...................................................> 62 EMPRESAS & PESSOAS................................> 66 GBCBRASIL C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO2 / Nº3 / 2015 REVISTA G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
  • 5. www.cushmanwakefield.com.br 11 3014-5281 COM PROJETOS SUSTENTÁVEIS, O SALDO É POSITIVO PARA O PLANETA E PARA O CAIXA DA SUA EMPRESA. CONHEÇA NOSSOS SERVIÇOS GREEN BUILDING Certificações Ambientais de Edificações Eficiência Energética Conforto e Qualidade Ambiental Gestão de Obras Sustentáveis Sustentabilidade Corporativa Imagemilustrativa
  • 6. 6 abr/15 rev/gbc/br coluna gbc Consolidação, Aperfeiçoamento e Expansão. FELIPE FARIA, DIRETOR Green Building Council Brasil O título acima resume com exatidão os resultados al- cançados pelos Membros do Green Building Council Brasil e programados para o ano de 2015. Em muitos setores da construção civil, como edificações comerciais de alto padrão, a presença do movimento de construção sustentável e certificação de edificações tornou-se premissa unani- me nos novos empreendimentos e gran- des reformas. Hoje a certificação LEED já acompanha o fluxo de lançamento destas edificações comerciais, ou seja, havendo lançamento teremos projeto registrado. Todavia, a certificação LEED há tem- pos não se restringe as edificações co- merciais. Temos uma grande diversidade de edificações registradas e certificadas e esta multiplicidade de tipologias vem aumentando rapidamente. Destaca-se as plantas industriais, centro de logística, data centers e lojas de varejo. Museus, instituições de ensino, bi- bliotecas, hospitais, agências bancárias e planejamento urbano integrado também fo- ram empreendimentos certificados recen- temente e que comprovam a expansão da conscientização do mercado e busca pelo aperfeiçoamento com foco em eficiência. A certificação LEED EBOM, própria para edificações existentes desponta como grande oportunidade de expansão. Já te- mos no Brasil 75 projetos registrados e 20 certificados. Além de fazer todo sentido econômico, as ações de retrofit se desta- cam frente àquelas consideradas nos pla- nos de mitigação dos efeitos das mudan- ças climáticas que focam na reabilitação das edificações existentes. O setor residencial começa a ser trabalhado com maior ênfase pelo GBC Brasil, temos 12 casas registradas, sendo 2 certificadas e 2 prédios residenciais re- gistrados como pilotos do Referencial GBC Brasil Casa, além de outras casas e pré- dios no “pipeline” aguardando para regis- trarem seus projetos. Atualmente as edificações verdes são a principal solução para os atuais desafios do país. A crise hídrica e energética preo- cupam e podem gerar consequências eco- nômicas e ambientais irreversíveis. Além de enfatizar os resultados já alcançados pelas edificações verdes, o GBC Brasil buscará cooperar na elaboração de uma política in- tegrada com foco em eficiência na concep- ção, construção e operação de edificações. Neste sentido, cabe citar nossa re- cente conquista com o Selo Procel Edifi- cações, que envolve o nível A em envoltó- ria, A em iluminação e A no sistema de ar condicionado como “Alternative Complian- ce Path” para projetos registrados LEED no Brasil em relação ao cumprimento do pré-requisito de eficiência energética, em substituição ao ASHRAE 90.1/2007. Por fim, enfatizamos a colaboração na divulgação do Mecanismo de Garantia para Projetos de Eficiência Energética do PNUD e Ministério do Meio Ambiente, fa- cilitador e promotor de projetos de reade- quação energética de edificações eficien- tes. A equipe do GBC Brasil está motiva- da e trabalha insistentemente na criação de ferramentas estratégicas de modo a fomentar a interação entre Membros e nos- sas atividades, certo que esta aproxima- ção é a base do nosso sucesso. O novo website do GBC Brasil, que recebe cerca de 75.000 acessos por mês, aumentou as opções de interação do Dire- tório de Networking, criou a área de cases de sucesso visando descrever os projetos certificados LEED e Referencial GBC Bra- sil Casa pelos especialistas em empresas envolvidas, criou a área de divulgação dos profissionais envolvidos e passou interagir inteligentemente com todas mídias sociais. Ademais, 2015 contará com o fortale- cimento dos nossos canais de comunica- ção, parcerias de mídia, Revista GBC Bra- sil, mídias urbanas e um documentário de 5 episódios sobre construção sustentável a ser desenvolvido. Nossos agradecimentos especiais a vocês, nossos Membros, por liderarem esta transformação e juntos, vamos conti- nuar construindo um futuro sustentável.
  • 7. comercial@starcenter.com.br www.starcenter.com.br 55.11.3531.5400 Av. Jorge Bereta 184 Santo André SP 09271-400 Edifício Eco Berrini | 2011 Sistema Expansão Indireta LEED Platinum Data Center Santander | 2012 Sistema Expansão Indireta LEED Gold e Tier IV Centro Empres. Senado | 2012 Sistema Expansão Indireta LEED Gold Hospital Unimed RJ | 2013 Sistema Expansão Indireta LEED Gold
  • 8. 8 abr/15 rev/gbc/br soluções GREEN PAGES 8 abr/15 rev/gbc/br Arab Hoballah ENTREVISTA Arab Hoballah é doutor em desenvolvimento econômico pela Universidade de Paris, França, mestre em Economia e Ferramentas de Análise Prospectiva e também em Direito e Relações Internacionais. Nascido no Líbano, em 1954, Hoballah trabalhou em diversas instituições em países em desenvolvimento, incluindo vários anos com projetos do Banco Mundial no Iêmen. Também criou e gerenciou a Comissão do Mediterrâneo sobre Desenvolvimento Sustentável e por 14 anos trabalhou no programa do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) Mares Regionais como Vice-Diretor do Plano Azul e, em seguida, Vice-Coordenador do Plano de Ação do Mediterrâneo (PAM). Atualmente é Chefe de Consumo e Produção Sustentáveis na UNEP, desde 2005. Responsável pela integração de recursos e eficiência em todos os níveis, local, nacional, regional e global em diversos setores (água e energia, edifícios e cidades, indústrias mais limpos e seguros de produção, turismo, alimentação e educação), desenvolvendo metodologias e ferramentas como Dissociação e Avaliação de Ciclo de Vida, cenários e indicadores, rotulagem e aquisições, além de gerir parcerias para estreitar a colaboração com os governos, as empresas e a indústria da sociedade civil.
  • 9. revistagbcbrasil.com.br 9abr/15 soluções revistagbcbrasil.com.br 9abr/15 Qual é o conceito primordial de decou- pling? Arab Hoballah. A Decoupling corresponde a "fazer mais e melhor com menos", usando me- nos materiais e recursos naturais por unidade de produção, reduzindo os impactos sobre o meio ambiente. O aumento da população, o crescimento econômico global e, principal- mente, o consumo e os padrões de produção, em grande parte insustentáveis resultaram em aumentos substanciais na extração de recur- sos naturais, seu processamento, produção, consumo e geração de resíduos. Agora, é ób- vio que, com tais padrões insustentáveis, os recursos sobre o nosso único planeta Terra não serão suficientes para satisfazer as nos- sas necessidades, a não ser que melhoremos nossa eficiência. Ao reduzir a taxa de utilização de recursos por unidade de atividade econô- mica, a decoupling de recursos traz um bom resultado econômico. E quando mantemos, mesmo melhorando, a produção econômica, reduzindo o impacto ambiental negativo, este impacto da decoupling também traz um bom resultado ambiental. Obviamente, isso requer inovação em todos os níveis e em todos os setores, o que, juntamente com a eficiência integrada, irá apoiar e impulsionar o desenvol- vimento econômico para a sustentabilidade. Como é que se pode aplicar a decoupling ao ciclo de vida dos produtos? AH. Considerando-se uma perspectiva de ciclo de vida na avaliação da decoupling, ou seja, abordando decoupling em todo o ciclo de vida de um sistema de produção/consumo desde a aquisição de matéria-prima através do processamento e fabricação, uso/consu- mo e descarte de resíduos e reciclagem, exis- tem duas grandes vantagens. Em primeiro lugar, uma abordagem de ciclo de vida ajuda a identificar os pontos no sistema onde exis- tem maiores ineficiências, e, portanto, onde a decoupling pode ser alcançada com o menor número de intervenções e mais eficazmen- te. Por exemplo no setor automotivo a maior parte do consumo de recursos e impactos ambientais ocorrem durante a fase de utiliza- ção (associado ao consumo de combustível); portanto, os esforços para dissociar o valor econômico ou a funcionalidade de tais impac- tos ambientais devem centrar-se na fase de utilização (por exemplo, fazendo com que o carro seja mais eficiente em termos de com- bustível), a fim de ser mais significativos (sem esquecer que a ação em outras fases do ciclo de vida também pode ser importante e neces- sária). Em segundo lugar, na verdade, permite a avaliação da decoupling real em oposição a decoupling parcial; por exemplo, se um país terceiriza a indústria mais poluente vai fazer com que seus impactos no mercado interno sejam dissociados da performance econô- mica; no entanto, esses impactos ainda vão ocorrer (em outro lugar), a menos que o país também tenha reduzido o consumo de pro- dutos relacionados, e a decoupling de modo real pode não ter acontecido (a menos que a produção seja mais eficiente nos países onde esses setores foram terceirizados). Decoupling e seu "motor de eficiência" deve aplicar-se em todas as etapas e fases da ca- deia de valor, desde a extração até o proces- samento, desde a produção até o consumo, a partir da disposição da reutilização e reci- clagem. Todas as fases do ciclo de vida dos produtos podem estar sujeitas a decoupling, utilizando menos recursos naturais e redução dos impactos sobre o meio ambiente. Para um produto, seja um produto de consumo ou um edifício, o design é um processo crítico e um importante passo para a utilização de me- nos recursos, melhoria posterior na aquisição adequada e na conscientização almejada da educação para o uso, consumo e descarte responsável. Quais são as ações do governo e as em- presas para promover a decoupling? E quais os obstáculos? AH. Uma vez que os governos e as corpora- ções têm claramente entendido as oportuni- dades e benefícios da decoupling e deficiên- cia, é essencial que as autoridades públicas criem e implementem o quadro político ne- cessário que incentiva e induza a eficiência, fornecendo informações adequadas e incen- tivos necessários, se for o caso; enquanto que as empresas devem incorporar a cultura da decoupling, com menos recursos e redu- ção da poluição, em toda a sua cadeia de valor, investindo mais em inovação. No en- tanto, investir em decoupling pode não ser fácil para as pequenas e médias empresas, uma vez que eles podem precisar de alguns investimentos e tecnologias apropriadas não disponíveis no mercado local. Para o efeito, é importante que as partes interessadas e tomadores de decisão garantam que o sis- tema financeiro pode responder às exigên- cias relacionadas, para apoiar a pesquisa e inovação necessárias, bem como garantir a
  • 10. 10 abr/15 rev/gbc/br soluções GREEN PAGES 10 abr/15 rev/gbc/br resposta rápida aos mercados. Grande par- te do "know-how" da concepção de políticas necessárias para conseguir a decoupling está presente em termos de legislação, sistemas de incentivos, e reforma institucional. Muitos países têm experimentado-os com resultados tangíveis, encorajando outros a estudar e, se for caso disso, replicar e ampliar tais práticas e sucessos. Como aumentar a consciência pública sobre os limites dos recursos naturais disponíveis no planeta? AH. Para aumentar as chances que têm um impacto sobre o público, é importante: primei- ro, não apontar o dedo e acusar, mas explicar os obstáculos, desafios e riscos, identificando oportunidades para corrigir as tendências e comportamentos insustentáveis, e ao mesmo tempo manter, se não melhorar, o crescimen- to econômico e qualidade de vida; Segundo, demonstrar claramente que todos somos par- te de um sistema e que todos e cada um de nós tem um papel e uma responsabilidade; Terceiro, induzir os governos, autoridades públicas e empresas a darem o exemplo; Quarto, identificar e partilhar boas práticas, nas suas forças motrizes, permitindo novos fatores e resultados; Quinto, concentrar-se primeiro em questões às quais o público é ge- ralmente mais sensível, como a saúde, água, alimentos e energia, mostrando onde as ten- dências atuais poderiam nos levar, do local ao contexto global, assim como o oposto; Sexto, mostrando como nós podemos fazer economia, de recursos naturais e financeiros, através da eficiência e da decoupling, com pequenos esforços e investimentos, para o bem pessoal e público. Qual o papel das cidades na decoupling? AH. Desenvolvimento das cidades para a sustentabilidade é a pedra angular e condi- ção “sine qua non” para a decoupling global e a sustentabilidade. Eu costumo chamar de "as cidades, as indústrias dos três quartos" no caminho para a sustentabilidade. Por uma questão de fato, as cidades vão, em cerca de 20 a 30 anos, dependendo da região do glo- bo, acolher ¾ da população (mais de 90% na América Latina) e gerar ¾ do PIB, mas tam- bém gerar ¾ dos resíduos e as emissões de CO2 ; é claro que todos esses ¾ s são uma ordem de magnitude, mas eles mostram em que medida não poderia haver sustentabilida- de se não com e, ao nível da cidade, daí a necessidade de prosseguir a decoupling nas cidades. O aumento da demanda por produ- tos de consumo ocorrerá principalmente nas cidades enquanto que os bilhões adicionais de consumidores de classe média estará principalmente nas cidades, impulsionando o desenvolvimento global na direção certa ou errada da sustentabilidade, dependendo de seus padrões de consumo e demandas por produtos eficientes de baixo consumo de car- bono. Para o efeito, a inovação em infra-es- trutura, pesada e leve, vai melhorar a gestão dos recursos nas cidades que "lideram pelo exemplo", com amplas oportunidades para aplicação em grande número de cidades. Para o efeito, o entendimento do metabolis- mo urbano e o fluxo de recursos para e dentro das cidades irá oferecer oportunidades para separar em várias fases, desde a adaptação das infra-estruturas existentes ou a concep- ção/construção de novas. Quais países que já estão se movendo na direção da decoupling? E o que ações / práticas concretas para isso? AH. Quase todos os países estão a realizar algum tipo de decoupling, mas eles não estão qualificando ações relacionadas como tal. A eficiência dos recursos está acontecendo em todos os lugares, mas não em grande esca- la. Os campeões neste sentido têm sido até agora os países europeus, como a Holanda, Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Suécia, No- ruega, isso se aplica ao setor dos transpor- tes, bem como para os edifícios e construção, onde a promoção da eficiência energética tor- na-se uma prática normal com legislação ade- quada, incentivos e instrumentos de mercado. Isto está a ser progressivamente ampliado a muitos outros países, como Cingapura, África do Sul, Colômbia e Brasil. A redução do con- sumo de energia nos edifícios está agora bem estabelecida, mas ainda precisa ser adequa- damente implementada e ampliada, para uma redução em cerca de 30% apenas com alte- rações comportamentais e com pouco mais investimento. O mesmo vale para o transporte público e compartilhado. No setor da indús- tria, a tecnologia avançada dos fornos de co- -geração pode atingir até 40% de redução da intensidade energética para fundição e pro- cessamento de zinco, estanho, cobre e chum- bo. Os agricultores na Índia, Jordânia, Espa- nha e EUA têm mostrado que, em sistemas de irrigação por gotejamento sub-superfície,
  • 11. revistagbcbrasil.com.br 11abr/15 soluções revistagbcbrasil.com.br 11abr/15 regar diretamente raízes das plantas, pode reduzir o consumo de água entre 30-70% e aumentar o rendimento das culturas por 20- 90%. Um certo número de tecnologias propor- cionam períodos curtos de pay-back quando se comparam os investimentos com seu perí- odo de retorno; este é o caso de motores de alta eficiência, irrigação por gotejamento, aço de alta rigidez e metano do aterro de resíduos. Quais são as consequências mais ime- diatas de padrões insustentáveis de uso dos recursos naturais? AH. Os padrões insustentáveis de uso dos recursos naturais irão resultar em diminuição dos recursos, a concorrência sobre os restan- tes recursos limitados e aumento de preços dos produtos relacionados, gerando portan- to, o aumento da pobreza e instabilidade. Ele também terá um aumento dos riscos de catástrofes, afetando o equilíbrio dos ecos- sistemas em questão, resultando em inunda- ções, se não no aumento da desertificação. Os atuais padrões de utilização dos recursos estão levando ao aumento dos preços dos re- cursos, o aumento da volatilidade dos preços, a arraigada escassez de recursos e o rompi- mento de sistemas ambientais. Explique sobre as principais conclusões do "Decoupling 2" em poucas linhas. AH. A decoupling deve ser perseguida para garantir o crescimento econômico sustentado e o progresso social equitativo; decoupling é cada vez mais importante para fazer econo- mias e as empresas mais competitivas. Mui- tas tecnologias e técnicas de eficiência de recursos estão disponíveis comercialmente e sendo amplamente utilizadas em econo- mias em desenvolvimento e desenvolvidas. Elas permitem que a produção econômica seja alcançada com menos recursos e insu- mos para redução de resíduos, economia de custos e mitigação dos riscos de escassez de recursos e volatilidade dos preços. Você pode falar sobre o lançamento do State of Play América Latina, que ocorreu no ano passado durante o Green Building Brasil Expo, aqui em São Paulo? AH. A mudança climática representa um risco global para a sociedade e os ecossistemas naturais. Ela afeta as necessidades básicas de desenvolvimento, a água, a produção de alimentos, o acesso à energia, a saúde, o acesso e utilização de recursos. Enquanto o mundo está se concentrando sobre o proble- ma e as consequências das mudanças climá- ticas, há várias oportunidades para contribuir para a mitigação das alterações climáticas através da eficiência dos recursos, a começar com o típico baixo rendimento da eficiência energética no setor da construção e, em se- guida, estendido para o fluxo de recursos e usos ao nível da cidade, devido, principalmen- te, ao fato de que a população está cada vez mais urbanizada, com uma correlacionada demanda crescente para o consumo. Améri- ca Latina é a região mais urbanizada do mun- do e o potencial para corrigir as tendências insustentáveis, poupando grande quantidade de recursos, são enormes. Este relatório foi pensado para essas oportunidades em vários países da América Latina através de edifícios e habitações sociais, em especial, ao avaliar o quadro institucional relacionado existente, o nível de conhecimento e ações necessárias. Fazer mais e melhor com menos, impulsionado pela inovação e decoupling
  • 12. 12 abr/15 rev/gbc/br tipologias SUSTENT PELO EXEMPLO Colégio Estadual Erich Walter Heine, Rio de Janeiro Por Verônica Soares
  • 13. revistagbcbrasil.com.br 13abr/15 tipologias Escolas certificadas garantem ambiente propício ao desenvolvimento de uma geração consciente de suas responsabilidades socioambientais E nsinar pelo exemplo é um mote de educadores por todo o mundo e está na essên- cia das atividades da Global Coalition for Green Schools (GCGS), aliança vinculada ao Green Building Council. A Global Coalition consiste em conselhos de construções sustentáveis alia- dos a organizações que têm o interesse de empoderar comunidades com ferramentas e conhecimento, para que transformem as es- colas do seu entorno em espaços de fomento à cultura sustentável. As escolas tornam-se importantes instrumen- tos de educação para a sustentabilidade ao apresentarem a seus alunos propostas como a redução do uso de lâmpadas, a otimiza- ção da ventilação natural, o cultivo de seus próprios alimentos e o respeito à natureza. Mais do que certificar edificações, as ações da GCGS englobam atividades de conscien- tização e educação voltadas aos aspectos socioambientais. Relacionam, por exemplo, a melhora no rendimento escolar com a quali- dade interna do ar obtida por meio de técni- cas de construção sustentável. Nesse ambiente, construído para incentivar o letramento ambiental, alunos, professores e demais funcionários, juntamente com pais, mães e membros da comunidade, desenvol- vem a capacidade de compreender a com- plexidade do mundo a partir de um ponto de vista ambientalista, passando a ler a sus- tentabilidade mais como ação do que como conceito, para fazer a diferença. Responsável pela GCGS no mundo, Rachel Gutter esclarece que a aliança tem o compro- misso de colocar cada aluno das novas gera- ções em uma escola verde, desafio grande, principalmente considerando países como o Brasil, em que os projetos de sustentabili- dade ainda engatinham e não são fomenta- dos pelos setores públicos. Para superar as dificuldades, o GCGS conta com o apoio de parceiros estratégicos: “Buscamos organiza- ções similares em outros países, que queiram se comprometer com a mesma visão de sus- tentabilidade e assumir a responsabilidade de defender o movimento das escolas verdes dentro de seus respectivos países”. Nos Estados Unidos, as certificações ambien- tais são normas obrigatórias, o que favoreceu o lançamento e a consolidação da Coalition naquele país, desde 2009. Lá, também as associações de professores e de administra- dores de escolas engajaram-se no processo. O envolvimento garantiu o lançamento da Global Coalition no Congress of World GBC em 2013, com 30 membros fundadores mun- diais, cada um representando um movimento crescente de escolas verdes em seu país. “China, Brasil, Argentina, Israel, Jordânia, Croácia são alguns dos países envolvidos e nossa rede está crescendo para atingir um conjunto extremamente diversificado de co- munidades e escolas”, celebra Rachel. TÁVEL O Colégio Estadual Erich Walker Heine conquistou no início desse ano, o selo LEED Schools Silver
  • 14. 14 abr/15 rev/gbc/br tipologias Mudar um prédio e as pessoas Estudos já comprovaram que há benefícios diretamente relacionados à construção de prédios sustentáveis e a melhora na saúde e desempenho humano, seja no trabalho ou nos estudos. Mas um dos objetivos da GCGS é incentivar um maior número de pesquisas que documentem os avanços positivos asso- ciados às escolas verdes. Os benefícios en- volvem também uma redução nos custos de manutenção e contas. “Nos Estados Unidos, uma escola verde padrão economiza cerca de US$100 mil por ano em despesas diretas, o suficiente para contratar dois novos profes- sores ou comprar 200 computadores”. Mas a diretora do GCGS considera essa uma vantagem secundária, pois o foco principal é na formação das pessoas: “Essas escolas criam um efeito cascata que se estende muito além da comunidade imediata, aumentando a demanda por edifícios mais saudáveis, a conservação de recursos municipais, como água e energia, e a condução de estilos de vida sustentáveis”. Rachel também desta- ca que o mais importante nesse processo é a formação dos alunos: “Uma escola ver- de educa uma nova geração de nativos de sustentabilidade, que sabem usar o que precisam e não tudo o que podem. Esse é o potencial do projeto em longo prazo: não os edifícios que levantamos, mas os alunos que formamos dentro deles”. Transformação social Essa realidade é observada diariamente por Valnei Alexandre Fonseca, diretor geral do Colégio Estadual Erich Walter Heine, locali- zado em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, que é a primeira escola totalmente sustentável do Brasil e da América Latina. Com 15 anos de experiência docente e há três à frente da Di- reção Geral do Colégio, Valnei é testemunha das mudanças ocorridas na comunidade do entorno e acredita que os alunos se tornam multiplicadores. “Temos 600 alunos que moram em diversas regiões do Rio de Janeiro e acabam levando as vivências da escola para suas famílias. Da última turma, 60 estão inseridos em universi- dades públicas, sinal de que também cum- primos com nosso papel acadêmico”, afirma o professor, que também se preocupa com a vertente das relações humanas na visão da sustentabilidade. Para ele, é importante que os alunos compreendam que para se manter sustentável, o ambiente precisa ser harmonioso, e o cumprimento de deveres, a otimização dos espaços e a manutenção da ordem são quesitos indispensáveis para o bom relacionamento entre todos. Para Valnei, o maior desafio foi o processo de conscientização do grupo de professores e funcionários, mas o esforço valeu a pena: “Foi um trabalho de formiguinha e hoje os resultados são muito positivos. Trabalhamos agora com a manutenção dos projetos e revi- são anual das atividades”. A maioria dos mais de 30 projetos do C.E. Erich Walter Heine é fruto de ideias dos próprios alunos e envolve coleta seletiva, reciclagem, coleta de óleo de cozinha, carona solidária, entre outros. Pioneirismo O prédio do C.E. Erich Walter Heine foi cons- truído a partir de um projeto integrativo, que aproveitou o terreno cedido pela prefeitura municipal do Rio de Janeiro. Luiza Junqueira, arquiteta e consultora LEED responsável pela certificação, explica que o espaço original era uma praça pública com quadras poliesporti- vas e tais características foram incorporadas ao projeto de modo a reduzir a geração de resíduos. “Várias coisas do espaço original foram reaproveitadas, como a pavimentação da praça e os postes de iluminação”, conta a consultora. Projetos sustentáveis demandam a integra- ção entre as ações de arquitetura, hidráulica, paisagismo e luminotécnica, fato que ainda não é muito comum no Brasil. Mas para Lui- za Junqueira, o esforço por esta integração traz benefícios que vão além da redução de resíduos e do consumo de água e energia: “É recompensador ver o que os alunos ganham na convivência em um espaço como esse, e como os professores passam a utilizar a própria escola como ferramenta de ensino. O telhado verde vira horta, eles têm uma com- posteira própria e são referência para a coleta seletiva da comunidade”, destaca. Colégio Positivo, Curitiba
  • 15. revistagbcbrasil.com.br 15abr/15 tipologias Colégios certificados e iniciati- vas verdes No Brasil, a ausência de iniciativas formais em prol da sustentabilidade nos currículos escolares ainda é um desafio para a forma- ção de estudantes mais conscientes de seus deveres. No entanto, as certificações têm garantido iniciativas que se destacam pelas construções sustentáveis e impactam a co- munidade local em diversos outros aspectos. Em Curitiba, o Colégio Positivo Internacio- nal foi certificado em junho de 2014 com o LEED, tornando-se a primeira escola nível ouro no Brasil. Com iluminação natural cui- dadosamente planejada e ventilação cruzada nas salas de aula, o prédio oferece conforto térmico por meio de amplas janelas e portas em lados opostos das salas, além de vidro laminado capaz de permitir a entrada de luz, mas não de calor. Outro ponto que permite o conforto térmico é o telhado branco, que reflete os raios solares e evita as chamadas ilhas de calor. Água é um item em pauta que não pode ser esqueci- do no processo: tanto a redução do consumo quanto a captação fazem parte do projeto do prédio do Positivo. Até o paisagismo foi pen- sado para evitar a irrigação artificial. Em Florianópolis, uma nova creche inaugura- da em março deste ano também é um marco do desenvolvimento de escolas sustentáveis no país. Com capacidade média para 200 crianças em tempo integral, sua localização foi cuidadosamente escolhida para estar pró- xima a diversos serviços básicos e residên- cias para que a locomoção dos pedestres possa ser feita sem o uso de automóveis, dando preferência ao transporte público. O projeto, com consultoria da Petinelli Inc., empresa de engenharia e consultoria em construções sustentáveis, já foi registrado junto ao United States Green Building Coun- cil (USGBC) e é candidato a ser a primeira creche municipal do Brasil a receber a certifi- cação LEED nível Platina. “A Creche Munici- pal Hassis é prova que basta liderança para construirmos um futuro melhor e mais susten- tável para as próximas gerações. O pionei- rismo da Prefeitura de Florianópolis merece reconhecimento. Esse projeto estabelece um novo benchmark para eficiência energética e consumo de água em edifícios públicos e educacionais no país", celebra Guido Petine- lli, Diretor da consultoria. Durante a obra, foram tomados cuidados com para evitar que sedimentos de barro e areia fosse carregados para as galerias plu- viais e córregos. Outras características de sustentabilidade incluem sistema de capta- ção da água da chuva para uso nos vasos sanitários, instalação de telhas com tinta de alto Índice de refletância solar, diminuindo a Colégio Estadual Erich Walter Heine, Rio de Janeiro
  • 16. 16 abr/15 rev/gbc/br tipologias temperatura interna e o efeito ilha de calor. Há também aquecimento solar para chuvei- ros e torneiras, entre outros. A Creche Hassis possui também uma central de coleta de resí- duos recicláveis. Para o consultor Guido Petinelli, diversos as- pectos da obra merecem destaque: "De for- ma inédita, a rede municipal de ensino fará uso da energia do sol para gerar eletricidade através da energia fotovoltaica. O excesso de eletricidade é transferido para rede da Celesc e entra como crédito para uso em outras uni- dades educativas", explica. Já no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, o professor Fernando Ribeiro desde 2010 reali- za projetos com seus alunos a fim de incluir o tema das construções sustentáveis no curso técnico de Edificações. Os estudantes são incentivados a desenvolver trabalhos de con- clusão de curso voltados para esta temática e, em 2014, um grupo fez o projeto completo para o Liceu obter a certificação LEED for Schools. A banca de defesa contou com a participação da arquiteta Maria Ca- rolina Fujihara, do GBC Brasil, para quem a iniciativa é de extrema importância: “É nessa fase que eles assimilam mais e melhor as informa- ções recebidas”. A arquiteta acredita também que um grande diferencial do Liceu está no fato de formar profissionais que já chegam ao mercado ou ao ensino superior com conhecimentos sobre as construções sustentáveis e suas certificações. “Os alunos que já estão estudando na área entrarão na universidade com um conhecimento já avan- çado sobre o tema e possuirão um diferen- cial importante. Levar o conhecimento para a base da pirâmide é uma forma de dissemi- nar com mais afinco tais práticas e colocar a questão em pauta nas principais escolas e universidades do país”, defende ela, que é coordenadora técnica na GBC. O professor destaca que a recepção dos alu- nos ao tema é sempre muito positiva - “eles têm uma participação intensa nas discussões, principalmente na disciplina de Legislação” – mas acredita que ainda é preciso avançar na interdisciplinaridade das discussões, que ainda são muito restritas aos cursos técnicos. “Costumo dizer que existem muitas iniciati- vas e poucas "acabativas". Acredito muito que deva existir um foro adequado para que todos os profissionais ligados ao setor da construção possam discutir novas diretrizes com a comunidade. É uma questão de cidada- nia”. Colégio Positivo, Curitiba Campeonato de Escolas Sustentáveis Entre as iniciativas de construção susten- tável em escolas mais bem sucedidas no mundo, destacam-se as vencedoras da competição Greenest School on Earth, organizada pela GCGS anualmente. Os últimos vencedores foram Green School Bali, Sing Yin Secondary School em Hong Kong e Waterbank School do Quênia. En- tre os representantes brasileiros inscritos em 2014, estava o Colégio Estadual Erich Walter Heine. Este ano a vencedora foi a Dunbarton High School do Canadá. O campeonato premia com US$ 1 mil as escolas que melhor exemplificam como a sustentabilidade pode ser integralmente tecida na infraestrutura, na cultura e no currículo, considerando o uso eficiente de recursos e redução do impacto ambiental; a saúde melhorada e a aprendizagem en- tre alunos, professores e funcionários; e a ênfase na educação para a conservação de recursos.
  • 17. revistagbcbrasil.com.br 17abr/15 tipologias Green Apple Day Em setembro de 2014, a EMEF Padre Luiz de Oliveira Andrade, em Barueri, recebeu um dia de atividades lúdicas e sustentáveis, além da oportunidade de ter um de seus problemas estruturais resolvidos: a troca dos arejadores. Foi o Green Apple Day, evento promovido pela GCGS globalmente, em que empresas e pessoas interessadas em transformar as es- colas em ambientes mais sustentáveis para as crianças se reúnem e dedicam um pouco do seu tempo em benefício do outro. Depois de 17 anos atuando como arquiteta no exterior, principalmente nos Estados Unidos, Cristina Shoji retornou ao Brasil para compar- tilhar seus aprendizados sobre construções sustentáveis por aqui. Participou do Green Ap- ple Day da escola de Barueri junto com a en- genheira e diretora técnica da LCP Engenha- ria, Lourdes Printes, além de outros parceiros. Ambas participaram do processo educativo que explicou às crianças princípios de sus- tentabilidade ao mesmo tempo em que sen- sibilizou professores a mudar de atitude. “É um dia em 365 do ano em que podemos doar um pouco do nosso conhecimento e do nos- so trabalho para mudar a realidade de uma escola ou de uma comunidade. Foi uma ação muito bonita e emocionante”, relembra Cristi- na, que é consultora de sustentabilidade na Green Design de São Paulo. Já Lourdes é uma profissional pioneira da construção sustentável no Brasil, atuando desde a década de 1980 na área. Também formada em História pela USP, ela comparti- lha do desejo de ampliar a cultura das escolas verdes pelo Brasil “A ideia do Green Apple Day é trazer um retorno, fazer alguma coisa para transformar um espaço físico e contribuir para a disseminação do conceito sustentável. Não é preciso ser engenheiro ou arquiteto para par- ticipar, basta querer fazer a diferença”. Também no mesmo mês, outra atividade Green Apple Day + Programa de Educação Ambiental GRS CTE foi realizado na ONG Go- tas de Flor com Amor. O evento consistiu em atividades recreativas sobre Resíduos, com o objetivo de difundir conhecimentos sobre edu- cação ambiental para as crianças. Participa- ram 8 voluntários, sendo 7 da equipe do CTE (Alexandre Felippes, Gabriel Casaroli, Julia Magaldi, Juliana Webel, Marcelo Mello, Patricia Missawa, Wagner Oliveira) e 25 crianças, além dos educadores da ONG Gotas. As crianças se divertiram com o jogo de Caça-ao-Tesouro e puderam usar sua criatividade na dobradura feita com papel já utilizado. Além disso foi fei- ta uma atividade de upcycling com Garrafas PETs transformando-as em puff. O evento foi finalizado com a distribuição de brigadeiros feitos com casca de banana. De acordo com Rodrigo Robles, educador da ONG, “a ativi- dade foi fantástica e nos dias seguintes eles aproveitaram para colocar outras ações em prática, como a reutilização de caixas de leite como sementeiras para a horta que eles estão cultivando na ONG”. Dessa forma, a equipe CTE sente que está cumprindo sua missão, encorajando as crianças a repensarem sobre os resíduos. O Programa de Educação Am- biental acontecerá até o final do ano e estão previstas mais 3 encontros entre voluntários CTE e crianças onde serão abordados outros temas ambientais. Eng. Lourdes Printes (LCP), Arq. Maria Carolina Fujihara (GBC), Arq. Cristina Shoji (Green Design) Palestra da Eng. Lourdes Printes (LCP) Crianças montam puffs com garrafas PET na ONG Gotas de Flor com Amor
  • 18. 18 abr/15 rev/gbc/br tipologias Qual é o objetivo da Global Coalition for Green Schools e quando isso começou? Rachel Gutter. Nosso compromisso do Centro de Escolas Verdes é colocar todos os alunos em uma escola verde durante esta ge- ração. Lançamos a Global Coalition for Green Schools (Coligação Global) para formar par- cerias com organizações similares em outros países, que queriam se comprometer com essa mesma visão e assumir a responsa- bilidade de defender o movimento escolas verdes dentro de seus respectivos países. A Coligação Mundial baseia-se no sucesso da Coalizão dos EUA, que foi lançada em 2009, juntamente com muitas das organizações mais poderosas e associações no mundo da educação e da sustentabilidade como am- bos os sindicatos nacionais de professores e associações de administradores escolares, membros do conselho escolar e funcionários da administração. Em 2013, lançamos a Coa- lizão Mundial no congresso anual do World GBC com outros 30 membros fundadores, cada um representando um movimento cres- cente de escolas verdes em seu respectivo país. Quem são os membros da aliança global? RG. Temos parceria com uma série de orga- nizações que patrocinam iniciativas de esco- las verdes em 31 países. Da China ao Brasil, da Argentina a Israel e Jordânia até a Croácia, nossa rede está crescendo ao longo do tem- po para atingir um conjunto extremamente diversificado de comunidades e escolas. Paí- ses participantes atuais incluem Argentina, Austrália, Bolívia, Botsuana, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Croácia, Líbano, Egi- to, Emirados Árabes, Gana, Hong Kong, Ín- dia, Itália, Israel, Jordânia, Quênia, Ilhas Mau- rício, México, Namíbia, Panamá, Peru, Qatar, Romênia, Cingapura, Eslovênia, Turquia e Estados Unidos. Vice Presidente Senior do Conhecimento do U.S. Green Building Council e Diretora do Centro de Escolas Verdes Rachel Gutter ENTREVISTA
  • 19. revistagbcbrasil.com.br 19abr/15 tipologias Como pode uma Escola Verde melhorar a saúde e a aprendizagem de uma criança e de uma geração? Que tipo de benefí- cios isso pode proporcionar a uma comu- nidade e a um país como um todo? RG. Uma série de estudos estabeleceram uma relação clara entre o ambiente construí- do (ex. Escolas) e saúde humana e perfor- mance. Impactos na saúde e desempenho positivo estão ligados a uma variedade de atributos das escolas verdes desde a acústi- ca até a iluminação natural, a qualidade do ar interior para projetar com base numa aprendi- zagem baseada no espaço. Um dos objetivos da aliança global é conduzir mais pesquisas para este movimento e também documentar os impactos na saúde e desempenho positi- vos associados a uma escola verde. Mais im- portante ainda, uma escola verde educa uma nova geração de crianças que nasceram na sustentabilidade, aqueles que sabem usar o que eles precisam e não tudo o que podem. Isso é realmente onde nós vemos o potencial a longo prazo. Não são os edifícios construí- dos mas os alunos que se constroem den- tro deles. Em primeiro lugar, as iniciativas de sustentabilidade ajudam a economizar recur- sos devolve-los para as salas de aula onde ele pertence. Nos EUA, uma típica escola ver- de economiza US$ 100.000 por ano em cus- tos operacionais diretos. Isso é o suficiente para contratar dois professores ou comprar 200 computadores. Além de poupar dinhei- ro, as escolas verdes são uma oportunidade para educar uma geração de cidadãos glo- bais que entendem o seu mundo e como o conforto que eles desfrutam está intrinseca- mente ligado a populações ao redor do glo- bo. Escolas Verdes criam um efeito cascata que se estende muito além da comunidade imediata, aumentando a demanda por edifí- cios mais saudáveis, a conservação dos re- cursos municipais (energia, água, dinheiro) e a condução de estilos de vida sustentáveis. Como é que a qualidade do ar interior de uma escola afeta os seus ocupantes? RG. A qualidade do ar numa escola pode ser melhorada em uma variedade de maneiras desde aumentar a ventilação até diminuir a presença de produtos químicos nocivos. A melhoria da qualidade do ar foi capaz de di- minuir a incidência de asma e outras doenças respiratórias, aumentar a participação de pro- fessores, funcionários e alunos, e melhorar os resultados de aprendizagem e retenção. Além disso, a melhoria de atendimento para os professores tem um impacto financeiro di- reto sobre a escola pela poupança de custos com substitutos e gastos com saúde reduzi- das para o sistema escolar. Quais são as coisas mais importantes que uma Escola Verde deve ter em ter- mos de educação e arquitetura? RG. No Centro de Escolas Verdes, junto com nossos parceiros da Coalizão Global, nós en- caramos os objetivos de uma escola verde apoiado em três pilares. Simplificando, uma escola verde aspira: minimizar o impacto am- biental, absorvendo zero para energia, água e resíduos; ter um impacto positivo sobre a saúde humana, bem-estar e desempenho e; finalmente, garantir que todos os formandos sejam ambientalmente alfabetizados. Você pode dar um bom exemplo de uma Escola Verde no Mundo que pode inspi- rar outras escolas? RG. Destacamos três escolas excepcionais através do nossa competição “Escola Mais Verde da Terra”. Os nossos vencedores pas- sados incluem a Escola Green Bali, na Indo- nésia, a Escola Secundária Sing Yin em Hong Kong e a Escola Waterbank no Quênia. Cada uma dessas escolas exemplifica os três pila- res de uma escola verde. A busca para este ano da Escola Mais Verde na Terra encerrou- -se a pouco tempo. Recebemos pedidos de cerca de vinte países e o prêmio de 2015 foi para aquela que está definindo o que signi- fica viver, respirar e ensinar sustentabilidade em toda a escola, a Dunbarton High School, do Canadá. Como você aproxima e envolve o gover- no na iniciativa Escolas Verdes? RG. Nos Estados Unidos, temos parcerias com uma série de agências estaduais e lo- cais e o que temos feito com o Departamento de Educação dos Estados Unidos para aju- dá-los a incrementar o prêmio Green Ribbon School auxiliando o nosso trabalho com os legisladores estaduais a aprovarem políticas locais para escolas verdes. Nós trabalhamos até mesmo com prefeitos através da nossa Aliança de Prefeitos para Escolas Verdes. Como você vê o futuro das Escolas Ver- des e educação com os conceitos sus- tentáveis? RG. Vemos escolas verdes como motor da transformação na educação, dando-lhes competências do século 21, como o pen- samento sistêmico e o empreendedorismo. Sabemos que a geração de estudantes que está chegando nas escolas verdes estarão equipados para resolver os desafios que ine- vitavelmente deixamos para trás. No Centro, queremos que a nova geração de cidadãos que pensam globalmente seja o nosso lega- do.
  • 20. 20 abr/15 rev/gbc/br vida sustentável É possível: mais saúde, bem-estar e produtividade Imagens:©WGBC Por Bruna Dalto
  • 21. revistagbcbrasil.com.br 21abr/15 vida sustentável Relatório inédito do WGBC garante que construções sustentáveis vão além dos benefícios econômicos e ao meio ambiente, atingindo diretamente o rendimento dos funcionários de uma empresa A s metrópoles se desenvolveram com muita rapidez. Edifícios são construídos em poucos dias. Sem per- ceber, o planejamento urbano e a preocupação com a sustentabilidade foram deixados de lado. Grandes cidades começaram a produzir impactos negativos ao meio ambiente. Na construção há um gasto exagerado de materiais com alto nível de energia embutida e materiais com alta emissão de CO2 , além do grande volume de produção de entulho e grande movimentação de terra. Já na operação o problema está no grande consumo de energia, água, produção de esgotos e lixo e impermeabilização do terreno. Os Green Buildings vieram para reverter este quadro e comprovar que é possível uma cidade crescer de maneira consciente e susten- tável. O espaço construído deve ter na sua concepção, construção e operação o uso de conceitos e procedimentos reconhecidos de sustentabilidade ambiental, proporcionando benefícios econômicos e, principalmente, na saúde e bem-estar das pessoas. Nas escolas, há uma melhora de 20% nas provas; nos hospitais pa- cientes deixam o local mais cedo; nos escritórios a produtividade da equipe pode aumentar em até 16%, no comércio há um aumento signi- ficativo por metro quadrado; e nas indústrias, o aumento da produção. O World Green Building Council lançou em novembro de 2014 um novo relatório que apresenta provas significativas nas relações dire- tas entre o projeto de um escritório e o impacto significativo na saúde, bem-estar e produtividade dos funcionários. O relatório, patrocinado pela JLL, LendLease e Skanska, afirma que a produtividade das pessoas depende de uma soma de vários fatores. São considerados os itens físicos do espaço do escritório: Qualidade do ar e ventilação, conforto térmico, iluminação e vistas para o exte- rior, existência de plantas e áreas verdes, a Biofilia. Além disso, tam- bém deve-se considerar os itens culturais e sociais, conforto acústi- co, o layout e a ergonomia principalmente no mobiliário das mesas e cadeiras, aspecto de limpeza e arrumação. Principais comprovações • Qualidade do ar interior: Várias pesquisas apontam que a melho- ria na qualidade do ar interior (baixas concentrações de CO2 e de poluentes e altas taxas de ventilação) pode elevar a melhoria da produtividade de 8 a 11%. • Conforto térmico: Pesquisas demonstram que o conforto térmico tem um impacto significativo sobre a satisfação no local de tra- balho e graus moderados de controle individual sobre conforto térmico podem causar melhoria na produtividade. • Iluminação e vista da área externa: Vários estudos têm estima- do ganhos na produtividade como resultado da proximidade de janelas; especialistas acreditam que vistas externas é, provavel- mente, o fator mais significativo para o ganho de produtividade, principalmente quando a vista oferece uma relação com a natu- reza. • Ruído e acústica: A pesquisa revela que quando o ruído provoca uma distração indesejada é praticamente impossível ser produ- tivo em um escritório baseado no conceito moderno de conheci- mento. Esta pode ser a principal causa de insatisfação entre os ocupantes. • Layout interno: A forma como o interior de um escritório é confi- gurado (incluindo densidade e configuração do espaço de tra- balho, circulações, espaço social e estação de trabalho) possui um impacto sobre a concentração, a colaboração, a confiden- cialidade e a criatividade. • Atividades e exercício: A saúde pode ser melhorada através da prática de exercícios. Logo, um prédio que ofereça atividades, promovendo o acesso a serviços e comodidades como acade- mia, depósitos para bicicleta e espaços verdes, podendo esti- mular um estilo de vida mais saudável a seus ocupantes. Segundo a professora do Green Building Council Brasil e diretora executiva da Asclépio Consultoria, Eleonora Zioni, o entorno do lo- cal também é essencial no planejamento do edifício sustentável e
  • 22. 22 abr/15 rev/gbc/br vida sustentável nos benefícios aos colaboradores. “A influência é direta caso haja a exis- tência de facilidades como creches, restaurantes, lojas e conveniências no local de trabalho ou próximas. O local determina o transporte das pessoas diariamente, item já muito discutido em uma grande cidade como São Paulo, já que quanto mais tempo se perde com o deslocamento, maior é a fonte de stress. As empresas que oferecem serviços alternativos como ônibus fretado, minivans, ou sistema de carona solidária estão ajudando as pessoas e o planeta”, afirma. Para ela, o acesso direto ao exterior é realmente o mais importante para as pessoas. Os benefícios da conexão com o exterior das edifi- cações são comprovados cientificamente, o contato com a luz solar tem relação direta com o ciclo circadiano das pessoas, interferindo na produção de hormônios e fontes de prevenção de esgotamento físico e emocional. Escolha de materiais Outro item que merece atenção é a escolha dos materiais, seus re- quisitos técnicos e uso de substâncias: Tintas que não deixam cheiro e não irritam os olhos, carpetes antialérgicos, mesas com laminados melamínicos que não tenham componentes que liberam compostos orgânicos voláteis e o cuidado com a manutenção dos sistemas de ar condicionado. Ferramentas para medição Não há dúvidas que as vantagens aos funcionários são surpreenden- tes. Contudo, é preciso saber se o trabalho que está sendo realiza- do está realmente garantido todos os benefícios. Por isso, o relatório apresenta um conjunto de ferramentas simples que poderão ser utili- zadas pelas empresas para mensurar a saúde, o bem-estar e a pro- dutividade de seus edifícios, além de informar a tomada de decisão financeira. A compreensão da relação entre trabalhadores e seus locais de trabalho é importante para o desenvolvimento de edifícios de mais qualidade, mais saudáveis e ecológicos, aspectos valorizados pelos investidores, projetistas e ocupantes. • Métricas financeiras: Absenteísmo, rotatividade de pessoal, com- posição da receita (por departamento ou por edifício), custos médicos e de reclamações e queixas físicas. • Métricas perceptivas: Estudos que apontam uma série de ati- tudes de autorrelato para a saúde, bem-estar e produtividade no local de trabalho podem conter uma grande quantidade de informações para a melhora do desempenho do escritório. • Métricas físicas: medições do ambiente físico do escritório, como a temperatura, auxiliam a mensurar seu efeito sobre a saúde, bem-estar e produtividade dos trabalhadores. Avanços tecnoló- gicos e de fácil manuseio nos dão acesso a estas informações. A ferramenta de certificação LEED também é um instrumento que oferece um padrão de itens da infraestrutura do escritório a serem investidos no espaço, seja reforma ou nova construção, em qualquer edifício. A ferramenta permite o benchmarking para a empresa, com- paração com edifícios em todo o mundo. Integração de equipes Quando houver uma integração entre a engenharia, o RH e o finan- ceiro, a empresa conseguirá aplicar no espaço de trabalho as reais necessidades a partir da percepção dos colaboradores, sem desper- dício, de acordo com o perfil de cada pessoa e reduzirão os custos empregatícios, aumentando a produtividade e gerando maiores re- ceitas. Uma maneira poderia ser iniciando uma aproximação através do cruzamento de informações quanto à satisfação com o conforto térmico, com a iluminação, com a ventilação com o layout e os mo- biliários. Por exemplo: Uma pessoa de olhos claros fisiologicamente tem os olhos mais sensíveis e precisa de menos luz para trabalhar. Uma pessoa mais alta precisa de posição do monitor diferente de uma pessoa de estatura média. Eleonora questionou o gerente de uma grande empresa que estava planejando a mudança para um escritório com certificação LEED CI, qual era o item motivador da preocupação com a sustentabilidade. “Ele me explicou que percebeu que deveria investir na qualidade do ambiente quando quatro funcionários, que sentavam na mesma mesa compartilhada, faltaram no mesmo dia por causa de gripe. A empresa entendeu que era melhor cuidar melhor do escritório”. Vale frase ‘É melhor prevenir do que remediar’. Atuação do GBC Brasil O GBC Brasil iniciou uma pesquisa de estudos de casos nacionais que contará com o apoio do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). O objetivo do estudo é realizar uma avaliação do Bem-estar nos escritó- rios e a sua influência sobre a Saúde e Produtividade dos ocupantes, além da avaliação do desempenho dos sistemas e equipamentos ins- talados nos ambientes. Serão utilizadas métricas perceptivas e físicas, com base no Relatório desenvolvido pelo World GBC (World Green Building Council) em parceria com UKGBC, HKGBC, USGBC e Colôm- bia GBC. Para mais informações contate o GBC Brasil. Eleonora Zioni
  • 25. revistagbcbrasil.com.br 25abr/15 documento A EVOLUÇÃO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL Mesmo que aparentemente recente, as origens da visão sustentável podem ser identificadas por mestres arquitetos como os principais percussores etapa evolutiva presente, segundo Siegbert Zanettini. Um deles é Frank Lloyd Wright (1867-1959) que se afastou das experiências européias modernistas e projetou em 1906 a Robie House, construída entre 1908 e 1910, em Chicago; “Fallingwater”, a Casa da Cascata projetada em 1935 e construída entre 1936 e 1937 junto a uma cachoeira no Rio Beer Run, na Pensilvânia; e o “Taliesin West” laboratório e moradia de Wright e seus auxiliares, com- plexo com vários edifícios projetado e cons- truído entre 1937 e 1956. Estes três exemplos, entre centenas de ou- tros projetos, são obras feitas de acordo com o que Wright defendia: “Um edifício deve dar a impressão de crescer sem esforço de seu lugar, ser projetado de modo a harmonizar com o ambiente, se a natureza se manifesta ali; caso contrário, procurem deixá-lo silen- cioso, essencial e orgânico na mesma medi- da, como se a Natureza fosse encontrada em circunstâncias favoráveis”. No Brasil, Rino Levi, Lucio Costa, Severiano Porto, Sérgio Bernardes, Affonso Eduardo Reidy e Roberto Burle Marx, renomado in- ternacionalmente ao exercer a profissão de arquiteto-paisagista, são considerados os primeiros a adotar com clareza conceitos bio- climáticos e ecoeficientes em seus projetos, segundo Zanettini. As experiências ecoeficientes e bioclimáticas de Zanettini No Brasil as péssimas administrações e es- pecialmente a ação do BNH (Banco Nacio- nal da Habitação) marcou toda a constru- ção brasileira com uma postura retrógrada e preocupada apenas em quantidade e não com a qualidade, induzindo toda a produção arquitetônica a um nível primário no setor da construção ao utilizar mão de obra barata e sem qualificação. Isto, influenciou até hoje os baixos níveis de arquitetura e construção civil, sem planejamento, sem urbanismo, sem no- vas tecnologias, sem invenção, má qualidade construtiva e estética duvidosa. Tentando fugir a todo esse universo, Zanettini decidiu, a partir de 1968, lutar contra a au- sência de conceitos científicos e se direcio- nar, mesmo com a precariedade da época, à novas soluções com tecnologias mais indus- trializadas, com rígido controle construtivo e com preocupação constante com o meio am- biente e soluções bioclimáticas e ecoeficien- tes. “Foi então que, pioneiramente no Brasil, iniciei o uso de estrutura metálica e também com estruturas de madeira compostas de sarrafos de madeira de descarte, algumas vezes com soluções mistas desses materiais, ou ainda, trabalhando com concreto pré-mol- dado com controle tecnológico desde a sua fabricação”. Alguns pontos fundamentais dessa trajetória com textos, teses, eventos, palestras e proje- tos e obras, nestes 45 anos, verdadeiros mar- cos de pesquisa e inovação, uma série de obras com estrutura de madeira com o rea- proveitamento de sarrafos de pinho colados, constituindo pilares e vigas de dimensões es- truturais significativas, estão documentadas no livro “Siegbert Zanettini - Arquitetura Razão Sensibilidade”. ©FábiaMercadante Por Bruna Dalto
  • 26. 26 abr/15 rev/gbc/br documento A casa de Atibaia - 1974 Respeito profundo pela paisagem, a retoma- da da rua interna, evolução antiga da galeria de circulação da primeira casa própria cons- truída, a racionalidade do setor hidráulico, o controle da curva necessária, entre outros aspectos. A primeira obra brasileira bioclimá- tica e ecoeficiente, que sintetiza de conceito, equilíbrio, simplicidade e magia na sua intera- ção com meio ambiente. Escola Estadual Dracena em São Paulo - 1976 Para-sóis horizontais acima dos blocos soltos dos ambientes de trabalho; ventilação natural para garantir a renovação do ar e melhorar o conforto térmico dos ambientes. Residência Rodolfo Galvani - 1977 Atualidade de seus espaços, acolhimento dos ambientes, clareza formal e refrescante cobertura verde. Residência Ilha Bela - 1976 As características físicas de um terreno com 12m de desnível determinaram a implantação em quatro níveis, onde as linhas geométricas promovem a adequação topográfica e a vo- lumetria sinuosa de decks e varandas que se alternam, planos, cilindros e um prisma trian- gular que dialogam entre si compondo uma unidade complexa e agradável. Atelier Zanettini Arquitetura -1984 Muito conhecido como estúdio, laboratório e oficina e local responsável pela experimen- tação de inúmeras soluções construtivas de novos materiais. Importante também por ser o 1º edifício em aço no Brasil totalmente in- dustrializado montado em 35 dias e desmon- tado há um ano, em perfeito estado de pre- servação, para ser montado em outra área. Escolas Panamericanas de Arte -1989 e 1996 São até hoje os mais conhecidos e visitados símbolos da arquitetura do aço do País, mo- tivo de contínuas visitações, eventos, lança- mentos e estudos de escolas de arquitetura e continuamente escolhidos por alunos como objetos de estudo; Os projetos citados abaixo e outros que completariam essa longa descrição são exemplos executados com soluções arquitetônicas e sistemas construtivos que possuam controle de qualidade nos ele- mentos produzidos industrialmente usando tecnologia limpa e prin- cipalmente segura. EVO FotoscedidasporZanettiniArquitetura
  • 27. revistagbcbrasil.com.br 27abr/15 documento Casa Limpa – ECO 1992 Primeiro projeto com todos os atributos que constituem hoje o conceito de sustentabilidade; Hospital e Maternidade São Luiz – Unidade Anália Franco Primeira versão em estrutura metálica e por solicitação do grupo executivo da obra, teve a estrutura substituída por concreto em 2004, finalizado em 2007 e vencedor do Prêmio Destaque Saúde Projeto Predial no V Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa. Cenpes - Centro de pesquisas da Pe- trobras Projeto de 2006 a 2008 e obra concluída em 2010, considerada a obra mais completa em inovação, tecnologia, ecoeficiencia e susten- tabilidade da América Latina e ganhadora dos prêmios Green Building Brasil em 2011 e Green Nation Fest de 2012. Sede e Centro de Pesquisa da Schlumberger O edifício integra princípios de sustentabili- dade na forma e função dos espaços proje- tados, onde há presença constante de áreas verdes, iluminação e ventilação corretas, além de sistemas operacionais flexíveis que permitem fácil operação e manutenção. Um conjunto que assegura a renovação do ecos- sistema natural, permite fáceis ampliações futuras da estrutura em aço e minimiza os impactos resultantes da intervenção urbana na paisagem. O Tribunal de Justiça do Distrito Fe- deral Brasília, em 2009 Considerado o “Primeiro Fórum Sustentável do Judiciário Brasileiro” em estrutura metálica e utilização pela primeira vez de mantas de aço inox para proteção da radiação térmica nas fachadas. Designado de Fórum do Meio Ambiente ganhou um selo federal comemora- tivo dos Correios. Centro de Convenções da Unicamp, em 2010 É constituído de um auditório para 1800 pes- soas e que pode ser dividido em três menores além de várias salas de reuniões de grupos, locais de exposição, restaurante e outros am- bientes. Teve uma reestruturação viária ane- xando grande estacionamento, praça pública e grande área verde no entorno. O auditório com forma acústica assim como todo o con- junto utiliza estrutura metálica e importantes soluções de sustentabilidade. Toda a água da cobertura é recolhida num espelho d’água paisagisticamente situado que acumula toda a captação das águas pluviais das cobertu- ras e as águas de reuso. ÇOLUCÃO
  • 28. 28 abr/15 rev/gbc/br documento Hospital Mater Dei – Belo Horizonte Projetado em 2010-2011, trata-se do primeiro hospital de grande porte, inteiramente indus- trializado e com estrutura metálica. Foi recen- temente agraciado com o X Grande Prêmio de Arquitetura Corporativa de 2013. Graded School São Paulo em 2013 A idéia de uma “Escola Parque” com praças cobertas e arborizadas para áreas de apren- dizagem e de conhecimentos inovadores e sustentáveis foi um dos pilares do projeto. Os eixos principais de circulação foram integra- dos a essas praças e também ao playground. Toda área esportiva se articula com as outras áreas de circulação, facilitando o escoamen- to e as rotas de saída. Complexo B.Braun em São Gonçalo/ RJ A nova unidade da empresa alemã B.Braun, em expansão no Brasil, será construída no Parque Fabril e contará com um Centro Lo- gístico, que terá um armazém para produtos acabados e um depósito de materiais infla- máveis, na primeira fase. Em seguida, será construída uma fábrica de dispositivos mé- dicos e, por último, o Centro Administrativo. "Falar em arquitetu- ra é falar também da luz. Como intensida- de, amplitude e mati- zes moldam os espaços e valorizam formas. Uma arquitetura que mostre as mutações de luz, cores e brilhos do amanhecer ao entar- decer, ressalta os focos luminosos que trans- põem aberturas, su- perfícies translúcidas e vitrais reproduzindo novos cenários." ARQUITETO SIEGBERT ZANETTINI ©Hochtief
  • 29. revistagbcbrasil.com.br 29abr/15 documento Perspectivas para o futuro As conceituações decorrentes do aumento da complexidade do conhecimento e do seu trato, devem estar presentes desde a forma- ção e aprofundadas no decorrer das ativi- dades culturais e profissionais do arquiteto e vem exigindo uma crescente contribuição interdisciplinar em cada projeto entre os cabí- veis participantes das várias áreas científicas – humanas, biológicas, ambientais, exatas e econômicas – em equilíbrio com o conheci- mento sensível. Como conseqüência e talvez a mais próxima, seja a “re-união” de arquitetos e engenheiros na formação e num trabalho mais interativo, diante da constatação irrefutável de que es- sas áreas tratam de um mesmo objeto. Uma nova visão de mundo que decorre da nossa consciência e sensibilidade estabele- ce necessários vínculos com a sociologia, a antropologia e as demais ciências que incor- porem homem, uso, lugar, tempo, medida, matéria, técnica com riqueza e qualidade fun- damentais na inovação e na evolução tecno- lógica, e que propicie condições para que o arquiteto possa exercer sua profissão de uma forma plena. Mas infelizmente a busca de um mundo mais sustentável encontra no presente sérios obs- táculos a serem transpostos. As contra- dições seguidas do capitalismo mundial na suas exigências de mercado e de consumo ditam a desordem presente em praticamente em todas as nações, em especial as emer- gentes e as de 3ª e 4º mundos. As cidades e em especial os grandes aglomerados re- fletem um inchamento com toda a sorte de conflitos de um contexto cada vez mais insus- tentável pela ausência de programas e ações culturais, políticas e econômicas. No Brasil, por exemplo, há a ausência de pre- visão e planejamento físico e econômico; a incompetência quase generalizada da classe política e da “elite” econômica, principalmen- te preocupada com o lucro fácil e rápido e no conluio criminoso entre ambas; a desor- dem das cidades, a ineficiência na mobilida- de urbana, a ausência de políticas públicas de educação e saúde; a ocupação retalhada do território que reflete um tecido esgarçado e destruidor do meio ambiente; o péssimo aproveitamento da condição exuberante do nosso clima, relevo e solo e a depredação das paisagens no engano da ocupação dos vales com sistema viário e os rios que res- taram em esgotos a céu aberto. A insegu- rança, o descuido na formação acadêmica, o esquecimento da velhice, tirar- nos a con- dição de cidadãos para nos reduzir a meros consumidores. As cidades vão abandonan- do a sua condição fundamental de lugar de vida, nosso ar se poluiu, nossos lagos são consumidos e nossas reservas velhas são destruídas. O mais breve possível devemos encontrar caminhos que nos levem a uma visão plu- ridimensional e um viver com uma postura holística e sistêmica do conhecimento, com desenvolvimentos cientifico e artístico inova- dores que acelerem o tempo perdido e nos coloquem num patamar digno do ser humano. As cidades devem passar a ser entendidas com uma visão metabólica que se renove ciclicamente e recupere a condição de or- ganismo vivo que se realimenta continua e evolutivamente. Só assim alcançaremos um mundo pleno, que tenha o homem como a sua principal referência. Essa é a conceitua- ção de sustentabilidade e que devemos para que aconteça e que alimente um Projeto de Nação que quebre paradigmas e constitua contexto sócio-econômico e cultural. FUTURO
  • 30. 30 abr/15 rev/gbc/br CAPA Ele é carioca... Por Verônica Soares CAPA
  • 31. revistagbcbrasil.com.br 31abr/15 CAPA Articular educação e arte, pen- sar o Rio de Janeiro através de uma leitura transversal da história da cidade e valorizar o âmbito social da sustentabi- lidade são algumas das mis- sões abraçadas pelo Museu de Arte do Rio, inaugurado em março de 2013. Ao completar dois anos, o MAR, localizado em uma área de 15 mil m2 na Praça Mauá, celebra a con- quista do certificado LEED Sil- ver, obtido em 2014, e do título de melhor construção de 2013, na categoria museu, pelo voto popular do maior prêmio inter- nacional de arquitetura, o Ar- chitizer A+ Awards. O Museu foi também a primeira entrega do Porto Maravilha, amplo pro- jeto de revitalização da Região Portuária promovido pela Pre- feitura do Rio de Janeiro. Museu de Arte do Rio: Um marco da sustentabilidade nos 450 anos da cidade maravilhosa. ©JaimeAcioli
  • 32. 32 abr/15 rev/gbc/br CAPA milhões para a realização da complexa proposta de retrofit, que recuperou prédios históricos de épocas diferentes, com per- fis heterogêneos, que foram interligados: o Palacete Dom João VI, tombado e eclético, e o edifício vizinho, de estilo modernista – originalmente um terminal rodoviário. O an- tigo palacete abriga as salas de exposição do museu. O prédio vizinho é o espaço da Escola do Olhar, que é um ambiente para produção e provocação de experiências, coletivas e pessoais, com foco principal na formação de educadores da rede pública de ensino. “Uma característica importante do projeto pensada para atender as deman- das da certificação é a fachada em vidro da Escola do Olhar. O perfil em vidro auto por- tante (Channel glass) possui vidro reciclado na sua composição, e tem aplicação de uma película que contribui para o conforto térmi- co das salas de aula, reduzindo a sensação de calor sem prejudicar a incidência de luz natural. O museu ainda conta com sensores de luminosidade, lâmpadas econômicas e uso de materiais com conteúdo reciclado E m 2015, ano em que a cida- de maravilhosa celebra seus 450 anos, o MAR se estabe- lece também como um equi- pamento fundamental para difundir a cultura da interven- ção e construção de baixo impacto na cidade. Nas pala- vras da gerente geral de Patrimônio e Cultura da Fundação Roberto Marinho, Lucia Bastos – uma das realizadoras do projeto – junta- mente com a Prefeitura do Rio de Janeiro, o MAR contribui para incentivar a construção sustentável ao se estabelecer como primeiro museu da América Latina e do país a rece- ber a certificação LEED: “Aprendemos mui- to com a obra. Todas as etapas do projeto tiveram como premissa a sustentabilidade, desde sua concepção, passando pela sen- sibilização dos operários, descarte correto dos materiais, uso de material certificado ou com conteúdo reciclado, reaproveitamento de água, entre outras ações”, destaca. O projeto da Bernardes+Jacobsen Arqui- tetura teve um investimento total de R$79,5 Projeto: Museu de Arte do Rio Localização: Praça Mauá, 5 - Rio de Janeiro - RJ Área total: 15.000 m² Realização: Prefeitura do Rio de Janeiro e Fundação Roberto Marinho Gerenciamento: Engineering SA Serviços Técnicos Arquitetura: Bernardes + Jacobsen Arquitetura Construtora: Concrejato Consultoria de sustentabilidade: CTE - Centro de Tecnologia de Edificações Concepção estrutural: GOP – Gabinete de Organização e Projetos Cálculo estrutural: Cerne Engenharia e Projetos Sociedade Consultoria técnica e controle de qualidade do projeto de estrutura: Engeti Consultoria e Engenharia Consultores de estrutura: Bruno Contarini e Gilberto do Valle Desenvolvimento do traço do concreto: WG Côrrea Consultoria de Enge- nharia Civil Drenagem e SPDA: Instal Engenharia ©ThalesLeite
  • 33. revistagbcbrasil.com.br 33abr/15 CAPA MARMuseu de Arte do Rio ©JaimeAcioli “O MAR é nosso primeiro projeto a receber o selo. Para nós o principal aspecto da cer- tificação é mostrar que é pos- sível fazer um projeto pensa- do desde o início para atender os quesitos de sustentabilida- de, resultado de uma parceria entre projetistas, gerenciado- res, engenheiros, Fundação Roberto Marinho e o investi- mento público.” Bernardo Jacobsen, Jacobsen Arquitetura
  • 34. 34 abr/15 rev/gbc/br CAPA como o piso em resina da Escola do Olhar,” destaca Bernardo Jacobsen, um dos arquite- tos do projeto. Sob a responsabilidade do Centro de Tecno- logia de Edificações (CTE), o MAR foi certifi- cado no LEED NC, que é focado no projeto e na construção do prédio, sendo a certifica- ção obtida após a conclusão da obra. Con- forme explica Anderson Benite, diretor da Unidade de Sustentabilidade do CTE, “esse tipo de certificação só perde seu valor caso o prédio tenha seu uso alterado ou se passar por uma reforma completa, descaracterizan- do tudo o que existia ali no momento da en- trega do certificado”. Dentre as estratégias utilizadas, o projeto do MAR aproveitou 66,77% de toda construção que existia no local antes da obra, o que ga- rantiu uma redução enorme de recursos que seriam extraídos do meio natural, como ci- mento, areia, aço, entre outros, além, é claro, da redução da geração de resíduos e do con- sumo de energia para a demolição. A seleção dos materiais incorporados à obra também teve requisitos de sustentabilidade: 20,41% dos materiais usados no edifício foram extraí- dos e manufaturados a menos de 800 km de distância do empreendimento e 59% dos ma- teriais possuem conteúdo reciclado. Como recomenda a UNESCO, o MAR tem atividades que envolvem coleta, registro, pesquisa, preservação e devolução à comu- nidade de bens culturais – sob a forma de exposições, catálogos, programas em multi- meios e educacionais. O complexo do mu- seu inclui oito salas de exposições e cerca de 2.400 m2 , divididos em quatro andares; a Escola do Olhar e áreas de apoio técnico e de recepção, além de serviços ao público. Os dois prédios que formam a instituição são unidos por meio de uma praça, uma passa- rela e cobertura fluida, em forma de onda – o traço mais marcante da caligrafia dos arqui- tetos – transformando-os em um conjunto harmônico. O teto ondulado, uma das marcas visuais mais impactantes do Museu, contribui para a redução da incidência solar. A cobertura fluida do museu foi feita a partir de fôrmas de isopor EPS, comumente utilizado na constru- ção civil por resistir à compressão de mais de uma tonelada por metro quadrado e ser um material maleável. Mas o grande diferencial foi a confecção das fôrmas, feita nos galpões das escolas de samba localizadas na região portuária, com a mão de obra dos esculto- res especializados no uso desse material. A coordenação do trabalho dos artesãos ficou sob a responsabilidade do artista plástico Carlos Lopes, representando mais um exem- plo da importância de agregar o fator social às construções sustentáveis. Depois de uti- lizadas, as peças de isopor foram doadas a escolas do Grupo Especial e da Série A, que usaram o material nos desfiles. O cuidado com os princípios sustentáveis foi tão grande que, ao final da obra, apurou- -se que mais de 90% de todo resíduo pro- duzido durante a construção foi desviado de aterro, ou seja, reaproveitado ou enviado para reciclagem e fins mais nobres do que simplesmente aterrar. Outros diferenciais da construção do MAR são a qualidade do ar interno, o aumento da eficiência energética e do conforto térmico, além de um processo bem estabelecido de reciclagem por meio da coleta seletiva e a prática do reuso. Vidros especiais também contribuem para a redu- ção da sensação de calor, sem reduzir a inci- dência da luz natural. O projeto conta, ainda, com as tecnologias de economia de água, como torneiras com fechamento automático e restritores de va- zão, mictório de baixo consumo, vasos de duplo acionamento, que reduziram em 68% o consumo de água potável para esse fim, quando comparado com a exigência do LEED. “As estratégias de economia de ener- gia permitiram que o prédio seja 12,48% Diferenciais do projeto: 1. Redução do efeito de ilha de calor com cobertura clara que absorve menos calor; 2. Redução do efeito de ilha de calor com uso de pedra portuguesa; 3. Incentivo ao transporte alternativo, com 62 vagas em bicicletário e serviços de transporte coletivo no entorno; 4. Redução do consumo de água potável pela captação da chuva para uso no sistema de descarga; 5. Redução do consumo de água potável por meio do uso de metais sanitários econômicos; 6. Redução do consumo de água potável no pai- sagismo, pelo uso de espécies que demandam menos irrigação. 1 3 2 4 5 6
  • 35. revistagbcbrasil.com.br 35abr/15 CAPA mais eficiente do que a base de referência do LEED, que já é rigorosa. Isso gera redu- ção efetiva nas contas de energia do prédio”, destaca o consultor Anderson Benite. Além disso, 76% da madeira incorporada no edi- fício é certificada FSC, selo que reconhece o manejo sustentável, boas práticas, em sua origem e toda cadeia produtiva. Benite explica que, ao visitar o prédio, qual- quer ocupante consegue enxergar as es- tratégias de sustentabilidade, graças a um primoroso trabalho de comunicação visual, fruto de um programa de educação am- biental específico para o Museu. O edifício também oferece toda uma infraestrutura de coleta e destinação de resíduos para a re- ciclagem, entre outras propostas práticas para os visitantes, conforme relata o diretor de sustentabilidade: “O projeto não possui áreas de estacionamento. Como incentivo ao transporte alternativo na região, foram projetadas 62 racks para bicicletas e o Mu- seu ainda está localizado perto de pontos de ônibus bem providos de linhas”. Anderson exemplifica, ainda, que, para os gestores, as tecnologias embarcadas permitem uma ope- ração otimizada com menores despesas em energia e água, permitindo que os investi- mentos sejam melhor utilizados nas próprias exposições e melhorias do museu. Benite acredita que o fato de ter sido pionei- ro na obtenção da certificação LEED já faz do MAR um grande legado deixado à cidade do Rio de Janeiro em seus 450 anos. “A cer- tificação do Museu incentivou outros edifí- cios a buscarem o mesmo. O Rio de Janeiro é o segundo estado com mais certificações no Brasil, com 175 projetos registrados e 33 já certificados. Além disso, o MAR provou que é possível esse tipo de edifício, conce- bido a partir da restauração de um palacete muito antigo, ter um bom desempenho e ser referência tanto nacional como internacional- mente”, destaca. Lucia Bastos, da Fundação Roberto Marinho, reforça o coro: “A disseminação de práticas sustentáveis é uma das diretrizes da atuação da Fundação Roberto Marinho. O conceito também está na base dos museus que desen- volvemos atualmente, o Museu do Amanhã e o Museu da Imagem e do Som, que também buscam a certificação LEED”, conclui. • Melhoria de 16% na classificação de desempenho da edificação • 35% de aquisição de energia verde • 10% de materiais de construção com conteúdo reciclado • 20% dos materiais extraídos, colhidos, recuperado, ou fabricados regionalmente • 76% da madeira certificada pelo FSC • 67% de aproveitamento da estrutura do edifício existente e reutilização do envoltório • 90% do resíduo produzido na construção foi desviado de aterro, ou seja, reaprovei- tado ou enviado para reciclagem • Redução de 100% no uso de água potável no paisagismo • Redução de 40% no uso de água no interior da edificação • Redução de 50% na geração de efluentes ©ThalesLeite Certificação em números
  • 36. 36 abr/15 rev/gbc/br por dentro chega em Junho 1º Anuário de Certificações GBC Brasil Contando com o apoio das principais empresas do setor, a publicação especial da revista GBC Brasil trará informações completas sobre o merca- do sustentável no país 36 abr/15
  • 37. revistagbcbrasil.com.br 37abr/15 por dentro R efletindo o crescente reconhecimento da im- portância de edifícios verdes na vida cotidia- na das cidades brasileiras, no uso racional dos recursos hídricos, na redução das emis- sões de gases de efeito estufa, na melhoria da qualidade de vida dos ocupantes, na eco- nomia dos custos de manutenção, na busca pela utilização de fontes de energia renová- veis, o desenvolvimento do Green Building Council Brasil é notório. E continua a crescer com o fortalecimento da revista GBC Brasil, a plataforma oficial de divulgação das melhores práticas e soluções no mercado da construção sustentável no país. Agora, essa plataforma ganha um novo impulso com o lançamento de mais uma ferramenta de consulta e informação: o 1º Anuário de Certificações GBC Brasil. O ponto focal deste projeto foi a necessidade de ordenar e catalo- gar todo um conjunto ordenado de informações sobre a construção sustentável no Brasil, desenvolvendo um material de fácil acesso e consulta, que possa chegar ao conhecimento de todo o mercado. Em 2014 o Brasil atingiu o maior número de projetos certificados. Foram 82 até dezembro. Em termos de projetos registrados acumu- lados, chegamos a 944 o que significa o terceiro lugar no mundo, apenas atrás dos EUA e da China. O Anuário de Certificações GBC Brasil será organiza- dos dividido por selo, tipologia, localização e abordará todos os empreendimentos certificados em 2014, ofe- recendo a oportunidade para que cada empresa que tenha participado destes projetos, possa apresentar, de forma consistente e relevante, o seu posicionamen- to frente ao mercado sustentável. Também trará mui- tos números e estatísticas e contará ainda a história das certificações no país, mostrando um panorama com- pleto do setor. O Anuário apresentará em detalhe os empreendimentos, com infor- mação do projeto, diferenciais sustentáveis e ficha técnica comple- ta com os profissionais e empresas responsáveis, em verdadeiros “Case Studies”. Além disso, um Guia de Soluções Sustentáveis vai apresentar os fornecedores e prestadores de serviços que estão por trás de cada inovação, tecnologia, material ou solução sustentável que contribuiu para a pontuação final de cada certificação. “A construção de um futuro sustentável passa pelo aprendizado de todo um arcabouço de soluções e estudos de caso que nos mostram o caminho a ser seguido e aprimorado” diz Luiz Sampaio, diretor exe- cutivo da VIB Editora, responsável pelo desenvolvimento da revista GBC Brasil. “As empresas tem entendido a importância e relevância desse documento e esperamos que haja cada vez maior interesse no aprofundamento deste conhecimento”, conclui. Com lançamento marcado para junho, a revista GBC Brasil está a todo vapor trabalhando nas últimas etapas do projeto, sempre com o apoio da equipe do Green Building Council Brasil. #1 em junhoPara informações sobre como participar do 1º Anuário ou para reservar o seu exemplar, entre em contato: revistagbc@gbcbrasil.org.br
  • 38. 38 abr/15 rev/gbc/br por dentro Quantos m² já foram certifica- dos no Brasil? Onde estão localizados os empreendimentos certificados no Brasil? Qual construtora tem mais projetos certificados? E qual arquiteto? Quais os prin- cipais projetos certificados? Quantos projetos LEED Gold existem no país? Qual foi o primeiro shopping center certificado? Informações, estatísticas e números do mercado Destaque dos empreen- dimentos certificados Mais: o exclusivo Guia de Soluções Sustentáveis para destacar produtos e serviços para a sustentabildiade Mais de 200 páginas de conteúdos e distri- buição superior a 10 mil exemplares Imagensilustrativas
  • 39. revistagbcbrasil.com.br 39abr/15 por dentro 1º Anuário de Certificações GBC Brasil Nesta publicação especial, sua empresa vai encontrar informações completas e detalhadas sobre todos os empreendimentos certificados em 2014, bem como dados e estatísticas sobre os selos LEED, tipologias, classificação, e também sobre o Referencial Casa GBC, Procel, entre outros. A história das certificações no Brasil e a opinião dos especialistas e consultores sobre as perspectivas de um mercado em expansão. Além disso, um guia de fornecedores de soluções sustentáveis que contribuíram para a certificação dos projetos. Todas as respostas estão aqui. E muito mais informações. Não perca essa oportunidade de destacar a sua empresa no principal veículo de informação da construção sustentável! 11 5078 6109 | revistagbc@gbcbrasil.org.br Você já pode reservar o seu exemplar. Ligue para 11 5078 6109 e saiba como receber seu Anuário em primeira mão. Valor especial de pré-lançamento. Lançamento Junho/2015 Invista certo: garanta o seu espaço na publi- cação oficial do Green Building Council Brasil. VIBEDITORA www.revistagbcbrasil.com.br
  • 40. 40 abr/15 rev/gbc/br desempenho U ma EPD - Environmental Product Declaration (ou DAP - Declaração Am- biental do Produto, em português) é o conjunto de informações detalha- das dos aspectos am- bientais associados a um produto ou serviço específico - de matérias-primas de produ- ção, fabricação, uso e descarte - e baseado em informações de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV). É uma informação particularmen- te útil para caracterizar produtos finais com múltiplos usos, bem como produtos interme- diários que serão transformados ao longo da cadeia de suprimento. Segundo Armando Caldeira Pires, da Uni- versidade de Brasília e integrante do PBCV – Programa Brasileiro de Ciclo de Vida e da ABCV – Associação Brasileira de Ciclo de Vida, num contexto de crescente demanda por informação ambiental detalhada, tanto por parte dos consumidores como das au- toridades é cada vez maior o uso da EPD, “pois preenche a lacuna de documentação que caracteriza o impacto ambiental de um produto ao longo de todo seu ciclo de vida”, declara. Além disso, a EPD não exige um de- terminado desempenho ambiental. Ela forne- ce informações objetivas sobre os aspectos ambientais de um produto. A importância atribuída ao meio ambiente é feita por parte dos compradores. Essas informações subsi- diam a tomada de decisão e o processo de especificação de materiais para projetistas e engenheiros o que contribui para a sustenta- bilidade dos produtos. A EPD surgiu como um instrumento de ca- racterização do desempenho ambiental, principalmente associado à diretriz européia IPP - Integrated Product Policy (Política Inte- grada do Produto, em português), no inicio do milênio. Desde então começou a fazer parte oficiosamente de editais e licitações na União Européia. Em 2004 ela começou a ser discutida oficialmente na ISO para, no final de 2006, vir a ser um nova norma técnica, a ISO14025 (recentemente traduzida no Brasil, e agora uma norma ABNT BR ISO14025). A sua aceitação internacionalmente é total, principalmente a partir de 2007. O mercado internacional reconhece os se- guintes benefícios com a caracterização do desempenho ambiental de um produto a partir de uma DAP: Internos: - Redução de custos: maior transparência nas informações dos fluxos de energia e materiais; - Identificação de potenciais otimizações ao longo da cadeia de suprimentos (do berço à cova); - Possibilidade da criação de um modelo parametrizado para famílias de produtos. Externas: - Instrumento de marketing e de vanta- gens competitivas a nível internacional; - Demonstração de consciência ambien- tal nas companhias; - Dados disponíveis para a certificação. Consumidores em geral se mostram cada vez mais interessados na preservação am- biental, o que aumentou a busca por pro- dutos que, aparentemente, causam menor dano ao ambiente. “Essa oportunidade de mercado estimulou a divulgação de informa- ções ambientais por parte dos fabricantes. Rapidamente perceberam-se rótulos subje- tivos, com pouca ou nenhuma informação real sobre o impacto dos produtos, que acabam confundindo os consumidores, ao ponto em que se torna difícil comparar pro- Em busca da transparência ambiental dos produtos EPD Por Bruna Dalto
  • 41. revistagbcbrasil.com.br 41abr/15 desempenho dutos que competem entre si. A EPD surgiu como uma ferramenta para harmonizar, de maneira confiável, a divulgação das referidas informações”, afirma Marcella Saade, enge- nheira ambiental e doutoranda em avaliação de ciclo de vida. Através de uma EPD, o consumidor, além de adquirir conhecimento primordial sobre o ciclo de vida de seu produto e de identificar oportunidades de melhoria, poderá estabele- cer uma comparação honesta entre os pro- dutos concorrentes, valorizando o processo de fabricação ambientalmente bem geren- ciado. Para Gil Anderi da Silva, professor da Univer- sidade de São Paulo, o procedimento para implementação de uma EDP deve seguir as seguintes fases: 1 - Estabelecimento de um Programa de De- claração Ambiental. É um programa voluntá- rio com um conjunto de regras que orientam a sua administração e operação. Estas re- gras, gerenciadas por um operador do pro- grama, são chamadas de Instruções Gerais do Programa. 1.1 – Definição do operador do programa: Empresa(s), setor industrial, associação co- mercial ou corpo independente. 1.2 – Estabelecimento do programa, ouvidas as partes interessadas: A partir do programa, os interessados em obter EPD para seus produtos se organizam para desenvolver os seus PCRs - Product Category Rules (Regras de Categorias de Produtos, em português) o que, necessariamente, deve incluir um amplo sistema aberto de consulta. “Esta é a parte crucial do sistema pois envolve, em muitos casos interface com a vertente econômica da sustentabilidade”, afirma Anderi da Silva. 1.3 – Estabelecimento de PCRs a) definição da categoria de produto e b) definição das regras para a elaboração de estudos de ACV para a categoria. Uma vez estabelecidas as PCR as mesmas devem ser submetidas à homologação pelo operador do programa. Este programa deve prever um esquema de análise crítica das EPDs geradas a partir das PCRs. Desenvolvimento e implantação da EPD são desafios Já para desenvolvê-la é preciso, de acordo com a IPP (Política Integrada do Produto, em português), pesquisar e consultar PCR’s (do- cumentos onde são estabelecidas as regras para o desenvolvimento de uma EPD, princi- palmente, as categorias de impacto ambien- tal a serem avaliadas e outras informações que dela devem constar) relativas ao tipo de produtos em análise; desenvolver um estudo de ACV de acordo com as regras constantes da PCR, com as normas internacionais (ISO 14040-43) e com os requisitos específicos do programa de certificação de EPD’s; re- colher e organizar a informação a incluir na EPD; efetuar a verificação da EPD por uma 3ª parte independente e registrá-la num pro- grama de certificação, publicar e disseminar a EPD. Contudo, as dificuldades de implantação residem, principalmente, no grande número de sistemas de EPD e PCRs desenvolvidos recentemente e na impossibilidade de com- paração de EPDs realizadas de acordo com PCRs diferentes. No setor de construção, especificamente, este problema foi sanado por meio da norma europeia EN 15804:2012, que funciona como um PCR base (core PCR) para os produtos da construção. De acordo com Vanessa Gomes, da Unicamp, “no Bra- sil, devemos acrescentar a dificuldade de acesso a resultados de ACV para produtos que formam a base das EPDs. Ainda não contamos com inventários integrados de ci- clo de vida, e construir uma base de dados desta natureza não é um desafio trivial”. Armando Caldeira Pires Vanessa Gomes Gil Anderi da Silva
  • 42. 42 abr/15 rev/gbc/br desempenho Preparando uma EPD A preparação de uma EPD exige uma sequ- ência de procedimentos que garantem ao seu usuário (em geral um consumidor do produto em algum ponto da cadeia de su- primentos) a qualidade das informações so- bre o desempenho ambiental do produto ali descrito. Em primeiro lugar, uma EPD é definida por uma PCR que especifica quais as categorias de impactos ambientais que devem caracte- rizar o produto e quais as fases do ciclo de vida que devem ser caracterizadas. “A exi- gência da PCR garante que todos os produ- tos que irão exercer a mesma função terão o seu desempenho ambiental caracterizado pelos mesmos parâmetros dentro dos mes- mos limites tecnológicos, espaciais e tempo- rais”, comenta Armando. Em segundo lugar, a preparação de uma EPD é baseada num relatório de terceira par- te do inventário do ciclo de vida do produ- to. “Ou seja, o inventário do ciclo de vida do produto, preparado de acordo com os re- quisitos da PCR, deverá ser revisto por uma terceira parte, em geral um grupo de profis- sionais creditados para esse fim. Isto garante que o inventário do ciclo de vida preparado tem qualidade e está de acordo com a PCR”, complementa ele. Por fim, a EPD preparada deve ser revista por uma terceira parte, garantindo que a decla- ração está de acordo com os requisitos do Sistema de EPD ao qual ela será submetida para análise e depois arquivada em seu ban- co de EPD. Essa sequência de requisitos garante quali- dade das informações descritas da EPD. E dessa forma, um consumidor, terá capacida- de de comparar o desempenho ambiental de dois produtos sem ter que recorrer a labora- tórios de análise ou à contratação de consul- torias para averiguação da informação, po- dendo definir suas escolhas com base nos seus critérios de aquisição do produto que melhor lhe convém. Como deve ser constituída a EPD: 1. Descrição da Empresa e do Produto; 2. Desempenho Ambiental: Esta é a principal componente de uma EPD e a informação baseia-se numa análise de ciclo de vida do produto; 3. Contatos da Empresa e do Organismo Certificador: Além dos contatos das duas empresas, deverá constar, contatos do Res- ponsável, período de validade da certificação. Geralmente o pe- ríodo de validade de uma certificação obtida por uma 3ª parte tem a duração de três anos. EPDO LEED e a EPD A versão 4 do LEED, no Rating System LEED BD+C e ID+C, incentiva o uso de produtos com EPD, possibilitando o alcance de até 2 pontos dentro da categoria de Materiais e Recursos, desde que instalados de forma permanente e que atendam a determinados parâmetros. O objetivo dos créditos é incen- tivar as equipes de projetos a optar pelo uso de materiais que contenham informações so- bre o ciclo de vida, a fim de reduzir os possí- veis impactos ambiental, econômico e social. Para a concessão de 1 dos créditos, a edifi- cação deverá utilizar ao menos 20 produtos, de pelo menos 5 fabricantes diferentes , e que atendam a critérios como: Declarações específica e ambientais do produto; que es- tejam em conformidade com as normas ISO 14025, 14040, 14044 e EN 15804 ou ISO 21930 e que contenham análise mínima do berço ao portão (cradle to gate). Outro crité- rio a ser considerado é que o produto cum- pra com o Programa aprovado pelo USGBC - quadro de declaração ambiental aprovado pelo USGBC. O outro crédito pode ser concedido pelo uso de produtos os quais 50% dos seus custos cumpram com critérios tais como: Certifica- ção de produtos de terceiros que demons- trem redução do impacto abaixo da média da indústria em categorias como - potencial de aquecimento global, destruição da cama- da de ozônio, acidificação das fontes terres- tres e aquáticas, dentre outras; Programa aprovado pelo USGBC. Cursos de EPD O GBC Brasil oferece cursos sobre EPD. Re- centemente foram realizados dois treinamen- tos in company na Votorantim, ministrados pela professora Vanessa Gomes, com 36 participantes. Para mais informações entrar em contato diretamente com o GBC Brasil.