Este documento resume a 6a edição da Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo, realizada em São Paulo em agosto de 2015. O evento contou com 65 expositores, 56 sessões educacionais com 125 palestrantes do Brasil e do exterior, 830 congressistas e cerca de 4 mil visitantes. O Greenbuilding Brasil reforçou o compromisso do setor privado com a sustentabilidade no Brasil através de soluções inovadoras e casos de sucesso apresentados.
Greenbuilding Brasil 2015: reforçando as tendências para um futuro sustentável
1. REVISTA
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
GREENBUILDING
BRASIL 2015:
REFORÇANDOASTENDÊNCIAS
PARAUM FUTURO SUSTENTÁVEL
GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO2 / Nº6 / 2015
Rio de Janeiro lança movimento
rumo à Resiliência
REVISTA
VA Casa da Praia é primeira loja
LEED Platinum no país
VIBEDITORA
DOSSIÊ ESPECIAL
CLIMATIZAÇÃO:
INTEGRAÇÃO
COMO SOLUÇÃO
LEED Dynamic Plaque:
desempenho em tempo real
2. INSCRIÇÕES ABERTAS EM 13/11 !!!
2016
2016
O PODER DA TRANSFORMAÇÃO
EM SUAS MÃOS
e CALL FOR REVIEWERS
CALL FOR PROPOSALS
FIQUE ATENTO ÀS NOVIDADES DESTA EDIÇÃO:
O sucesso da Greenbuilding Brasil 2016 também depende da sua participação!
Compartilhe sua expertise, experiências, cases de sucesso e novos empreendimentos
com os nossos congressistas. As inscrições estão abertas a partir de 13 de novembro.
O nosso objetivo em 2016 é enfatizar a contribuição da comunidade da construção
sustentável para a apresentação de conteúdos relevantes, atuais e necessários.
A partir de 2016 a Greenbuilding Brasil contará com a expertise do Informa Group,
grupo multinacional líder mundial na organização de Conferências e Feiras com forte
operação no Brasil, responsável por feiras como Greenbuild EUA e Mediterrâneo, World
Concrete Show, Designjunction, Dwell on Design, Interior Design Show, ForMóbile,
Expo Revestir e Fórum Internacional de Arquitetura e Construção, entre outras.
Acesse nosso site e apresente sua proposta ou se candidate a ser um de
nossos revisores! Você também pode fazer parte da transformação!
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Encontro mais forte e abrangente para os setores de Arquitetura, Construção e Design
Greenbuilding Brasil manterá seu foco em sustentabilidade dentro destes segmentos
Mais de 15 mil profissionais reunidos
25 mil metros quadrados de área total
Mais de 200 marcas em exposição.
Mais informações sobre o evento: greenbuilding@informa.com
SÃO PAULO - SP
SP EXPO EXHIBITION &
CONVENTION CENTER
09 a 11
AGOSTO
2016
4. 4 out-nov/15 rev/gbc/br
índice
EDITORIAL...................................................> 3
COLUNA GBC..............................................> 6
GREEN PAGES
MARINA SILVA.................................> 8
PROJETO DESTAQUE...........................> 14
INOVAÇÃO...................................................> 18
DESEMPENHO.............................................> 20
CAPA
COBERTURA DO EVENTO..............> 26
VIDA SUSTENTÁVEL ...................................> 36
ESPECIAL CLIMATIZAÇÃO
INTRODUÇÃO.............................................................> 40
PRÊMIO SMACNA 2015.....................................> 46
EMPRESAS EM DESTAQUE...............................> 50
POLÍTICAS PÚBLICAS..................................> 76
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS........................> 78
REFERENCIAL CASA GBC BRASIL..............> 80
GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO2 / Nº6 / 2015
REVISTA
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
CAU/SP
ABIESV
VERTIGARDEN
ZAGONEL
B.35 SALA DE PALESTRANTES/
SENSYM
E.25
USGBC
F.32a
BRASUS
E.20aA.20
C.23
A.35
A.25
A.27
ABRAVA/AHRI
ELETROBRAS
B.19
A B C D E F
B.20 C.19
E.31
E.35D.36
F.32
F.34
B.40B.39
B.33
A.21
B.30 C.30
C.22
A.30
A.22
B.24
A.32
A.34
A.36
B.34 C.33
A.40
C.20
D.23C.26
D.29
D.21 E.23
D.30
D.24
E.20D.20D.19
B.29
B.25
B.21
E.28
E.24
B.37
C.40
C.32
B.38
C.39
C.37
D.34D.33
FRG
A.33
A.29
SOBRATEMA
RAIN
BIRD BRASTON
ETRIA
SONDAREASTMAN
BEAULIEU CONEXLEDALLPEX
LUTRON
LCP
ARCO
BRAGENIX
DYSON
ECOACUSTICA
GBC
2016
REWOOD
VERTICAL
GREEN
AQUADROP
AXION
RUFFINO
BRIAND
ENERGIES
PLOT
ANDALUZ
REVISTA
ARES
ASBRAV
MMCK
EUA
BRY AIR
HEATEX
SANITRIT
A.37
REVISTA
PREFEITOS
E VICES
SALA/ 1
BVST
EVAC
REVISTA
CORPORATIVA
PLENARIA DE ABERTURA/
CONSULADO
AREA DE COFFEE/
ROOM SALA/ 2ROOM SALA/ 1ROOM SALA/ 1ROOM
OPENING PLENARY
COFFEE AREA
SPEAKER LOUNGE
Água Qualidade Produto Energia Arquitetura
& Projetos
opção2opção3opção1
Água Qualidade Materiais Energia
Arquitetura
e Projetos
11 - 13 de agosto/august, 2015
Transamerica Expo Center | São Paulo/SP - Brasil/Brazil6
ª/th
EDIÇÃO
EDITION
Planta do Evento/Floor Plan
2015
5. A área de Gestão de Projetos Sustentáveis da Cushman & Wakefield cuida de forma completa doA área de Gestão de Projetos Sustentáveis da Cushman & Wakefield cuida de forma completa do
seu empreendimento imobiliário, da configuração ao gerenciamento do produto. Isso se traduz emseu empreendimento imobiliário, da configuração ao gerenciamento do produto. Isso se traduz em
encontrar os melhores fornecedores, controlar o budget e os prazos da obra.encontrar os melhores fornecedores, controlar o budget e os prazos da obra.
E também garantir que o projeto seja sustentável desde o início, gerando economia por meioE também garantir que o projeto seja sustentável desde o início, gerando economia por meio
do aumento da eficiência energética. Com o empreendimento já em operação, uma equipedo aumento da eficiência energética. Com o empreendimento já em operação, uma equipe
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SUSTENTABILIDADE EM TODAS AS ETAPAS
DO SEU EMPREENDIMENTO.
6. 6 out-nov/15 rev/gbc/br
coluna gbc
M
ais uma vez o mercado mostrou-se forte-
mente engajado com as questões de sus-
tentabilidade nas construções, que não en-
volvem somente o fator meio ambiente, mas
questões econômicas e sociais. A 6° edição
do Greenbuilding Brasil Conferência Interna-
cional e Expo provou que a forte rede colaborativa entre o
GBC Brasil, organizações e associações, brasileiras e inter-
nacionais, na busca de melhores processos, melhores tec-
nologias em produtos e equipamentos e melhores soluções
trouxeram e, continuam trazendo resultados positivos para
o nosso país.
Um dos principais desafios em tempos preocupantes,
como a crise hídrica, crise energética, drásticas mudanças
climáticas, além da atual situação econômica que o Brasil
atravessa é a busca por soluções significativas que consi-
gam integrar preservação do meio ambiente e otimização
de recursos financeiros. Para isso, o setor da construção
sustentável se coloca em uma posição de evolução, atra-
vés da procura por especialização e capacitação dos pro-
fissionais, atentos às tendências internacionais, buscando
sempre as melhores práticas de sustentabilidade nas cons-
truções.
O GBC Brasil traz um saldo positivo para o ano de
2015, pois cada vez mais empresas como, membros asso-
ciadas ao GBC Brasil, associações e evolução das normas
reguladoras proporcionam um estímulo frente aos desafios
atuais da construção civil e da sociedade como um todo.
Vale ressaltar a importância da evolução da certificação
LEED com sua nova versão – LEED v.4, que traduz este
envolvimento do GBC Brasil em prol de construções mais
eficientes, econômicas e que se preocupam com a saúde
e bem-estar dos usuários. Em especial, com o aumento
da demanda por edificações residenciais e, consequente-
mente, o empenho do GBC Brasil com a consolidação da
certificação Referencial GBC Brasil Casa, lançado em 2014,
reforça ainda mais esta preocupação e conscientização
massiva da sociedade.
Os números mostram o comprometimento, principal-
mente do setor privado, com a sustentabilidade do país.
Nesta 6° edição do Greenbuilding Brasil foram 65 exposi-
tores que apresentaram inúmeras soluções de alto desem-
penho, alta tecnologia e criatividade. As 56 sessões educa-
cionais contaram com a apresentação 125 palestrantes do
Brasil e do mundo, que contribuíram de forma significativa
através de suas experiências profissionais e cases de su-
cesso que comprovam que estamos no caminho certo. Cer-
ca de 830 congressistas e o número extraordinário de qua-
tro mil visitantes, além dos 40 voluntários que trabalham por
esta causa, também realçou esta conscientização mundial
em busca de uma sociedade mais sustentável em todos
os sentidos. Essa integração entre pessoas e instituições,
trabalhando em prol da construção de uma sociedade mais
sustentável é que faz toda a diferença.
Integração, colaboração e evolução
em busca de um mesmo propósito,
um futuro mais sustentável
FELIPE FARIA,
DIRETOR
Green Building Council Brasil
9. revistagbcbrasil.com.br 9out-nov/15
inovação
revistagbcbrasil.com.br 9out-nov/15
Marina Silva é historiadora,
professora, ambientalista e política
brasileira. Sua atuação pela
preservação do meio ambiente
lhe rendeu reconhecimento
internacional, tendo recebido uma
série de prêmios internacionais
por sua luta pela preservação
da Floresta Amazônica, por sua
atuação na área de mudanças
climáticas e pelas iniciativas
para criar um desenvolvimento
sustentável no Brasil. Senadora
da República por dois mandatos
consecutivos e Ministra do Meio
Ambiente entre 2003 e 2008,
Marina Silva foi a keynote speaker
do 6º Greenbuilding Brasil,
apresentando a todos a audiência,
seus conceitos e posicionamento
frente aos desafios para a
consolidação de um modelo de
desenvolvimento nacional que
privilegie a sustentabilidade dos
recursos naturais, e a preservação
da humanização das relações sociais
num futuro próximo, convicções
que reafirma nesta entrevista
exclusiva à revista GBC Brasil.
Com toda esta crise política e econômica, o Brasil tem condi-
ções de implantar um modelo de desenvolvimento sustentável,
qual seria este horizonte de tempo?
Marina Silva: Acredito que o Brasil reúne condições muito favoráveis
para fazer uma profunda inflexão no modelo de desenvolvimento preda-
tório e excludente, que tem prevalecido até aqui no mundo. Somos uma
potência em recursos naturais, temos 11% da água doce disponível e
22% das espécies vivas do planeta. Temos a maior floresta tropical do
mundo e diversos ecossistemas extremamente ricos como o pantanal,
cerrado, caatinga e mata atlântica, além da nossa vasta costa atlântica.
Dispomos de enorme potencial de geração de energia elétrica a partir
de fontes renováveis, como a solar, eólica, biomassa e hídrica. A grande
extensão de terras agricultáveis, superior a 300 milhões de hectares, pode
garantir produção de alimentos de qualidade sem a necessidade de des-
matar novas áreas de vegetação primária. Além disso, temos gigantescas
jazidas minerais que precisam ser cuidadosamente exploradas, porque,
como diz um amigo, são safras que só dão colheita uma única vez. Mas
apesar de toda essa riqueza natural, temos tido enormes dificuldades
para sair do modelo de exploração predatória, dos recursos naturais e da
dependência econômica das '"commodities". Infelizmente nos tem faltado
visão estratégica para construir um projeto de nação que nos faça gran-
de, não mais pela própria natureza, mas pela natureza das decisões que
tomamos, como por exemplo, investir em educação, ciência e tecnologia
de alta qualidade. Unindo a base de recursos naturais que temos com o
potencial criativo e empreendedor de nossa população, não tenho dúvi-
da de que em poucas décadas poderíamos galgar níveis de qualidade
de vida e desenvolvimento bastante satisfatórios. Mas para isso, precisa-
mos sair desta crise política com uma democracia mais saudável e com
nossas instituições mais fortes. Para tanto, é fundamental que as inves-
tigações em curso redundem em punições exemplares e que sepultem
a cultura da impunidade no Brasil. Com esses alicerces estabelecidos,
podemos debelar a crise econômica e dar os passos estruturais que o
Brasil precisa para retomar a trajetória virtuosa que vinha seguindo, e que
nos fez conquistar estabilidade econômica e inclusão social nas últimas
duas décadas.
Ninguém se conforma com o desmatamento na Amazônia. O
que vem sendo feito efetivamente nos últimos anos para a re-
dução do índice de desmatamento, e quais são as perspectivas
futuras?
MS: O Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia
foi lançado em 2004 durante minha gestão no Ministério do Meio Ambien-
te e, desde então, tem dado uma grande contribuição para a redução das
taxas de desmatamento. Desde então já atingimos uma redução de 80%
11. A Hitachi Ar Condicionado do Brasil é membro do Green Building
Council Brasil desde 2011.
Sua linha de produtos completa, atende ambientes residenciais,
comerciais e industriais, com foco na eficiência e na economia de
energia, oferecendo ao mercado o que há de melhor em tecnologia
de ar condicionado com produção no Brasil.
Todos os seus produtos são compatíveis com fluidos refrigerantes
amigáveis.
Como prova de sua preocupação com as questões ambientais, a
Hitachi oferece ao mercado equipamentos sustentáveis com a mais
alta tecnologia que contribuem para a certificação de sustentabilidade
de construção civil, LEED (Leadership in Energy and Environmental
Design).
Acesse: www.jci-hitachi.com e www.hitachiapb.com.br
14. 14 out-nov/15 rev/gbc/br
VA Casa da Praia
projeto em destaque
o Hard Rock além da VA. Vemos que, quando
focamos em desempenho, ou seja, nos benefí-
cios reais, a certificação torna-se simplesmente
a coisa certa a se fazer. Um bom investimento”,
diz o diretor da Petinelli.
A Certificação LEED, não se restringe a apenas
uma tipologia, são diversos segmentos como,
hospitais, edificações comerciais e residenciais,
indústrias, estádios, além das certificações para
projetos de interiores na categoria CI (Commer-
cial Interiors) e edificações já existentes na ca-
tegoria EB&OM (Existing Buildings – Operation
and Maintenance). Entre todos estes segmentos
existe a certificação para o setor do varejo que é
contemplado com a categoria Retail do LEED, e
ganha cada vez mais espaço.
O
setor de varejo vem ganhando
notoriedade devido o trabalho
do Green Building Council Brasil
para a promoção da preservação
do meio ambiente e programas
de qualificação frente às construções novas e
existentes. Em busca de maior conforto para o
usuário, melhora e integração com o entorno e
preservação do meio ambiente, os mais varia-
dos segmentos vem aderindo estes conceitos
em seus projetos e construções. De acordo com
Guido Petinelli, diretor da Petinelli Consultoria, o
mercado neste setor vem crescendo e continua-
rá crescendo. “Fomos pioneiros na certificação
da loja da C&A em Porto Alegre e estamos tra-
balhando junto com o Grupo Boticário e com
Primeira loja do Brasil a conquistar o nível máximo da certifi-
cação LEED traz o pioneirismo não só pelo nível de certificação,
mas pela sua autossuficiência energética
em Itajaí é LEED Platinum
15. revistagbcbrasil.com.br 15out-nov/15
projeto em destaque
Projeto:
VA Casa da Praia Itajaí
Localização:
Itajaí - SC
Cliente/proprietário:
Via Artística
Área terreno:
411,75 m²
Área construída:
361,00 m²
Conclusão da obra:
Abril de 2013
Certificação:
23/07/2015
Sistema e Nível da Certificação:
LEED NC - Platinum
Pontuação:
88 pontos - maior pontuação no Brasil
Arquitetura:
Carlos Eduardo Ramos
Construtora:
IDA Empreendimentos
Consultoria de sustentabilidade:
Petinelli Consultoria
Comissionamento e Simulação
Energética:
Petinelli Consultoria
Um exemplo disto foi a recente certificação
LEED da loja MAC Design Balneário Camboriú,
especializada em mobiliário e decoração para
áreas externas, localizada na cidade de Itajaí
– SC. A rede, presente na cidade desde 2009,
foi inaugurada em alto estilo, e traz um projeto
que alia sustentabilidade, bioarquitetura e mo-
bilidade urbana, e teve processo de certificação
acompanhado pela Petinelli Consultoria, em-
presa especializada em construções sustentá-
veis que visa à certificação LEED. A certificação
LEED Platinum, ocorreu em julho de 2015, e se
destaca no segmento varejo sendo a primeira
obra desta tipologia a conquistar o nível máximo
da certificação no Brasil.
O pioneirismo da loja não se restringe à certifi-
cação. Segundo Guido Petinelli, a loja gera sua
própria energia, sendo que, do total de energia
consumida, 17% é gerada através de painéis
fotovoltaicos na cobertura. O projeto também
foi concebido para o máximo aproveitamento
da ventilação natural, algo que acontece pouco
no segmento de varejo. “A VA demonstra que
é possível e viável economicamente certificar
empreendimentos menores, como é a grande
maioria dos casos no varejo. O cenário macroe-
conômico também força o varejista a olhar com
maior atenção questões como eficiência ener-
gética. A queda nas vendas torna esse item (re-
dução de custos de operação) uma das poucas
oportunidades para manter a lucratividade. Os
conceitos e as tecnologias aplicadas a VA não
só lhe forneceram o titulo inédito de primeira loja
certificada LEED Platina no país, como também
resultaram em grandes reduções de consumo
de energia e água”, afirma Guido Petinelli, dire-
tor da empresa de Petinelli Consultoria.
Os principais diferenciais do projeto consistem
no excelente desempenho energético do em-
preendimento, tais como, projetos de ilumina-
ção e de climatização eficientes, envoltória que
reduz os ganhos de calor, ventilação natural -
comprovada por simulações CFD - que permite
conforto dos ocupantes sem que o equipamen-
to de HVAC esteja ligado o tempo todo. Além
disso, o sistema de energia renovável por pai-
néis fotovoltaicos que produz 17% do consumo
energético em escala anual.
A sustentabilidade no varejo é uma oportunida-
de enorme de disseminação e conscientização
dos conceitos na sociedade. O planejamento
de um negócio sustentável traz esta sustenta-
PLATINUM
LEED NC
Fotos:DivulgaçãoPetinelli/ViaArtística/byCabral
16. 16 out-nov/15 rev/gbc/br
ção, começando pelo bem-estar do consumi-
dor, adicionando beleza, design aconchegante
e responsabilidade socioambiental, o que pro-
porciona para a marca uma visibilidade positiva,
levando a um reposicionamento estratégico e,
consequentemente, mais rentabilidade nos ne-
gócios.
Características sustentáveis
No projeto da loja foram definidos medidas que
atendem aos requisitos máximos do LEED, tais
como, redução no consumo de energia e de água,
aumento do conforto térmico e qualidade do ar in-
terno – que proporciona melhor qualidade de vida
aos usuários-, gestão e descarte corretos dos resí-
duos gerados na obra e durante a operação.
Com isso, a loja garante 53% de redução no
consumo de energia através de reduções em
iluminação interna (47%), iluminação externa
(10%), aquecimento de água (11%) e HVAC
(71%), representatividade de 17,3% de energia
fotovoltaica produzida, em escala anual. So-
madas a redução do consumo e produção de
energia, o empreendimento atinge 61,4% de
Redução de Custos Energéticos. Com relação
a água, o empreendimento atinge uma redução
de 81,5% de consumo de água potável através
da especificação de metais e louças eficientes e
do reuso de água de chuva.
Conforto térmico
O Projeto VA Casa na Praia, desde a sua con-
cepção junto aos projetistas, já possuía algu-
mas premissas que contemplavam a eficiência
energética. Mesmo com fachadas envidraçadas
para leste e oeste, a arquitetura mitigou o efeito
da radiação solar direta com uma fachada que
se projeta, sombreando as superfícies envidra-
çadas. Além disto, a fachada principal possui di-
versos brises que também reduzem os ganhos
de calor e, consequentemente, a carga térmi-
ca. Somam-se a isso o vidro selecionado, que
possui um excelente desempenho energético,
a cobertura da edificação, onde foram utiliza-
das telhas termoacústicas com alta refletância
solar (pintura branca), que contribuem com a
redução de transmissão de calor. Ao longo da
parceria com o cliente, diversas alternativas de
sombreamentos, brises e seleção de vidros fo-
ram simulados. Desde as primeiras definições
conceituais do empreendimento, a simulação
termoenergética estava envolvida, auxiliando
proprietário e equipe de projeto a tomar as me-
lhores decisões, tanto para a eficiência energé-
tica quanto para o melhor investimento e conse-
quente custo x benefício.
Iluminação
Na parte de sistemas, o projeto luminotécnico
levou em consideração a seleção adequada
de luminárias e lâmpadas, com simulação para
verificar os níveis de luz nos espaços internos.
Ainda, a iluminação externa possui controles por
sensores fotoelétricos e controladores horários
para reduzir potência de iluminação ligada ao
longo da noite.
17. revistagbcbrasil.com.br 17out-nov/15
projeto em destaque
Ar condicionado e ventilação
natural
O sistema de ar condicionado foi dimensionado
levando em consideração todas as especifica-
ções da arquitetura para a envoltória. Paredes,
cobertura, vidros, projeções de sombreamento
e os brises foram considerados. A carga tér-
mica, com relação a uma envoltória padrão
de mercado foi reduzida em 50% aproximada-
mente, assim, reduz-se o investimento inicial
e os custos operacionais sem prejudicar as
condições internas de conforto. O sistema uti-
lizado é do tipo VRF e se adapta as condições
de cargas parciais verificadas, em simulação
computacional, para este tipo de empreendi-
mento e ocupação de varejo. A especificação
de janelas operáveis em fachadas opostas pos-
sibilitou a ventilação natural, reduzindo a neces-
sidade por climatização mecânica em épocas
de clima ameno. Para tanto, fez-se uso de CFD
para comprovação (simulação fluido-dinâmica
computacional). A sinergia de todas as medidas
de eficiência energética proporcionou a obten-
ção de todos os pontos de eficiência energéti-
ca (EAc1) da certificação LEED. A redução do
consumo energético e consequente redução de
custos energéticos associados possibilitou o in-
vestimento em um sistema de energia renovável
por módulos fotovoltaicos. Com uma potência
instalada de 1.96 kWp, aproximadamente 17%
do consumo energético do empreendimento é
produzido in loco, em escala anual. “Todas es-
tas medidas de eficiência energética, a busca
pelo pioneirismo, impacto e preocupação com
os recursos naturais fez este empreendimento
ter um excelente desempenho na dimensão de
energia e atmosfera. Mesmo certificada, a Peti-
nelli mantém uma estreita relação com o cliente
(Via Artística) e monitora o desempenho e ope-
ração deste empreendimento nível Platina”. afir-
ma Guido Petinelli.
Economia de água
Em relação às estratégias adotadas para redu-
ção no consumo de água, durante a especifi-
cação dos materiais e tecnologias no empre-
endimento foi considerado todo o controle de
gestão da água de chuva, onde pavimentos
drenantes e concregrama foram utilizados em
53%de redução no consumo através:
• 47% de redução com iluminação interna
• 10% de redução com iluminação externa
• 11% de redução com aquecimento de água
• 71% de redução com sistema HVAC
17,3%de representatividade da energia
fotovoltaica produzida, em escala anual;
Somadas a redução do consumo e a produção
de energia, atinge-se 61,4%de Redução de
Custos Energéticos.
Economia de Energia
toda o perímetro da obra e todo o telhado capta
a água de chuva. A água captada é filtrada e
abastece um reservatório de 9m³ que após de-
sinfecção via lâmpada de UV, abastece descar-
ga dos vasos sanitários. A escolha por metais
sanitários como torneiras com arejadores para
vazão de 1,8 litros de água por segundo/m³ e
vasos com sistema double flash. Além disso,
também foi incorporado um sistema de trata-
mento de efluentes para que seja enviada água
tratada à rede de saneamento público. “A VA é
um empreendimento pequeno. Para viabilizar
economicamente a certificação tivemos que fo-
car tanto em custo de obra (CapEx) quanto de
operação (OpEx). Quando falamos em certifica-
ção, o foco geralmente é na economia gerada
na operação. Nesse caso, tivemos que buscar
desde o início, soluções práticas dentro de um
orçamento restrito. Acredito que viabilidade eco-
nômica é um ponto critico para o varejo, prin-
cipalmente quando falamos em lojas menores.
A VA mostra que é possível e viável”, destaca
Guido.
18. 18 out-nov/15 rev/gbc/br
inovação
A
comunicação é uma das
formas mais eficazes de se
garantir o sucesso em qual-
quer tipo de processo. No
setor da construção susten-
tável, é primordial que haja
essa comunicação, não
somente no momento da concepção e exe-
cução do projeto, mas também na fase de
operação e manutenção, que são acompa-
nhadas principalmente pela equipe de facility
das edificações.
A nova plataforma tem como principal objeti-
vo manter esta comunicação integrada com
todos os usuários do edifício em tempo real.
A ferramenta LEED Dynamic Plaque, trata-se
de um painel de monitoramento do desempe-
nho de edificações aliado a uma plataforma
de pontuação.
O processo de medição deste painel inte-
ligente é feito através de cinco categorias:
energia, água, resíduos, transporte e expe-
riência humana, categorias semelhantes às
exigidas para a certificação internacional
LEED na construção. A medição de desem-
penho destas categorias gera uma pontua-
ção, a qual é atualizada instantaneamente tão
logo quando atualizado o banco de dados do
edifício na plataforma.
Alguns dos benefícios mais importantes con-
quistados com a implantação desta platafor-
ma na edificação vão desde a possibilidade
de reduzir os custos de operação e manuten-
ção do prédio até a visualização panorâmica
da satisfação dos usuários nos ambientes
de trabalho. Além disso, sua funcionalidade
também contribui para observação dos re-
sultados, tendências de forma ampla, o que
possibilita a ações de melhorias e gerencia-
mento de projetos tanto no ambiente quanto
nos processos do edifício.
Segundo o Diretor Executivo do GBC Brasil,
Felipe Faria, o principal objetivo com a con-
cepção do Dynamic Plaque é estimular ações
nas equipes relacionadas à administração
predial e também nos usuários do prédio,
considerando que eles passam a ter conheci-
mento de que a eficiência de seu prédio está
caindo ou melhorando.
Esta troca de informações entre edifício e
pessoas contribui para a conscientização
quanto à sustentabilidade nas edificações
de forma contínua, tornado as ações de res-
ponsabilidade ambiental e social inerente ao
cotidiano dos usuários e, consequentemente,
aumentando o engajamento das pessoas na
busca da preservação do meio ambiente.
LEED Dynamic Plaque:
Desempenho em tempo real
Os resultados do monitoramento da platafor-
ma LEED Dynamic Plaque é visualizado de
forma integrativa através de uma placa de
medição instalada na entrada da edificação.
A unidade de medição pode ser utilizada em
qualquer tipo de projeto de construção para
visualização do desempenho em todas as
categorias, além daqueles que já possuem a
certificação LEED.
As principais vantagens adquiridas ao utilizar
o painel inteligente são: Medição de cinco
categorias de desempenho da construção;
Utilização dos dados de monitoramento para
19. revistagbcbrasil.com.br 19out-nov/15
inovação
contribuir na obtenção da certificação ou re-
certificação LEED; Observação de dados reais
de desempenho para contribuição de melho-
rias significativas e redução de custos; Unida-
de de exibição atrativa que mostra a pontua-
ção de desempenho; Acúmulo do histórico de
desempenho do edifício local e global.
Categorias e pontuações do
LEED Dynamic Plaque
Os critérios de pontuação se baseiam atra-
vés dos critérios definidos para edificações
que possuem a certificação ou recertificação
LEED. Além disso, a utilização dos dados de
monitoramento gerados pelo LEED Dynamic
Plaque também pode ser utilizado para con-
quistar a certificação LEED nas edificações.
Caso a pontuação regularmente atingida re-
cue, a plataforma LEED Dynamic Plaque, por
se tratar de um dispositivo inteligente, identi-
fica áreas de melhorias no edifício através de
mecanismos de rastreamento com o intuito
melhorar o desempenho e, consequente-
mente, melhorar a pontuação.
Para receber a pontuação de desempenho
é necessário o fornecimento dos dados de
um período de 12 meses das seguintes ca-
tegorias: energia, água, resíduos, transporte
e experiência humana. Nas primeiras duas
categorias, a forma de coleta de dados se dá
através do uso total de consumo do edifício,
no caso de “energia”, e uso de água potá-
vel, incluindo irrigação, torres de resfriamen-
to, entre outros, no caso da “água”. Para a
categoria “resíduos” é necessário efetuar um
conjunto de leitura compatível para o peso to-
tal de todo o resíduo desviado para aterros.
Já nas categorias “transporte” e “experiência
humana”, o cálculo dos dados é feitos atra-
vés de pesquisas com os ocupantes, sendo
que no segundo caso, deverá ser inclusa lei-
tura de CO2
e VOC (Composto Orgânico Volá-
til) nos ambientes internos.
Pontuação máxima por categoria
Apesar de não ser obrigatório, o fornecimento
de todos os dados do período é fundamental
para visualizar um desempenho mais próxi-
mo possível do real.
O LEED Dynamic Plaque é uma ferramenta
que contribuiu significativamente para melho-
ra do desempenho do edifício de forma geral.
No caso de empreendimentos cuja pontua-
ção declinou ou não chegou a atingir o nível
desejado, a plataforma, por meio de meca-
nismos de monitoramento contribui para cria-
ção de estratégias para melhoria do edifício.
Inclusão de dados na plataforma
de software
A configuração do empreendimento na plata-
forma de software é feitas através das diver-
sas opções de entrada de dados. Inicialmente
é necessário imputar no sistema dados bási-
cos do empreendimento, tais como, LEED ID
online, endereço, ano da construção, horário
de funcionamento, ocupação e área cons-
truída. Após este procedimento é necessário
incluir os dados de consumo de água, ener-
gia, resíduos, CO2 e VOC do período de 12
meses através do compartilhamento da con-
ta Energy Star Portfólio Manager no projeto
LEED. Desta forma a LEED Dynamic Plaque
instalada irá monitorar o desempenho através
da comunicação feita com os dados imputa-
dos na plataforma software conferindo a pon-
tuação em tempo real ao edifício.
Comunicação e transparência para
melhor desempenho. Este é o principal
objetivo desta nova tecnologia
Para adquirir a certificação ou
recertificação com o LEED Dy-
namic Plaque
Apenas os resultados obtidos através do mo-
nitoramento do LEED Dynamic Plaque não
garantem a certificação ou recertificação do
LEED, mas servirá como complemento. Para
atender os requisitos exigidos para a certifi-
cação ou recertificação é necessário apre-
sentação da seguinte documentação: contas
de serviço de energia e água; relatório de
auditoria relativo a resíduos gerados; leituras
de sensores e relatório de auditoria relativo à
categoria “experiência humana”.
As informações de certificação são disponi-
bilizadas na linha do tempo do projeto em
questão, bem como no diretório do projeto
USGBC, que torna pública as informações
sobre a certificação conquistada.
Design
Visualmente a plataforma física do LEED Dyna-
mic Plaque chama a atenção pelo seu design, o
que contribui para assimilação, conscientização
e atitude por parte dos usuários quanto às inicia-
tivas sustentáveis de seu ambiente.
A placa física possui aproximadamente sete
centímetros de profundidade e 45 centímetros
de diâmetro. A placa para fixação possui cerca
de 18 centímetros de largura e 19 de altura. O
peso é de aproximadamente 3,200 quilogramas.
A primeira placa foi instalada na entrada sede
do USGB, em Washington, DC, que foi certifi-
cada com o nível Platinum na categoria Com-
mercial Interiors, em 2009. No Brasil a placa
foi lançada no Greenbuilding Brasil 2015,
Conferência e Expo, que ocorreu em agosto,
e foi instalada no estande do GBC Brasil para
divulgação desta nova tecnologia.
Energia: 33
Água: 15
Resíduos: 08
Transporte: 14
Experiência humana: 20
Pontuação base: 10
20. 20 out-nov/15 rev/gbc/br
desempenho
C
om a queda do volume de chuvas e o nível baixo dos reservatórios de água
para abastecimento e geração de energia, o Brasil vem enfrentando uma de
suas maiores crises energéticas, que se traduz, entre outras questões, em
um aumento do custo das tarifas de energia elétrica. As edificações são res-
ponsáveis por cerca de 50% do consumo total de energia no país e 1/3 da
emissão de gases do efeito estufa nas cidades. Diante desse cenário, a efi-
ciência do setor torna-se uma necessidade estratégica, vinculada à economia e à valorização
dos recursos naturais.
Trocar lâmpadas comuns por LED ou instalar detectores de presença são soluções que ajudam
a reduzir a conta, mas é urgente que a eficiência energética seja concebida desde o projeto
arquitetônico, passando por todas as fases da construção. Tais soluções, quando incorporadas
globalmente aos projetos, garantem não só a redução do consumo energético como também
um retorno do investimento inicial, economia que pode chegar a 30%.
Embora já existam ações e campanhas no Brasil que direcionam para um consumo mais cons-
ciente de energia - como os selos Procel, o programa Esplanada Sustentável, dentre outras nor-
mas técnicas e sistemas de certificação -, é preciso que a eficiência energética seja incorporada
em todos os níveis de construção das edificações. Daí surge o conceito de Energy Efficiency
Building (EEB, ou Eficiência Enérgica em Edificações) uma solução proposta pelo World Busi-
ness Council for Sustainable Development (WBCSD), já aplicada em diversos países.
O objetivo do EEB é fomentar a eficiência energética de maneira financeiramente viável e
identificar barreiras não-técnicas, como falta de capacitação da mão de obra, gargalos orça-
mentários, impedimentos regulatórios e conflitos de interesses entre stakeholders, aspectos
que impedem a ação de atores do mercado da construção civil. Dentro dessa proposta, o EEB
Lab é um laboratório que serve de base para um processo de engajamento local, que busca
entender o mercado e, com a ajuda de especialistas, recomendar ações e propor soluções.
Depois de passar por cidades como Amsterdam, São Francisco, Varsóvia e Houston, o projeto
EEB Lab propõe ações
para a eficiência
energética no Rio
Por Verônica Soares
Análise do cenário carioca buscou soluções que
possam ser implementadas em todo o país
“EDIFICAÇÕES MAIS
EFICIENTES SÃO A CHAVE
PARA A SEGURANÇA
ENERGÉTICA NO BRASIL”
Roland Hunziker,
WBCSD
21. revistagbcbrasil.com.br 21out-nov/15
desempenho
desembarcou no Rio de Janeiro entre os dias 14 e 16 de abril de 2015.
A escolha do Rio para sediar essa primeira experiência no Brasil não foi
aleatória: desde 2007, quando sediou os Jogos Pan-americanos, e com
a realização da Copa do Mundo em 2014, o Rio tem recebido obras ur-
banas de grande envergadura. A cidade também passa por uma grande
mobilização em torno da realização dos Jogos Olímpicos de 2016, o que
vem contribuindo para o impulso na revitalização e construção de espa-
ços dentro de parâmetros de eficiência e sustentabilidade.
EEB Lab in Rio
O programa foi organizado pelo WBCSD, pelo Conselho Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e pela Lafarge, que
coordenou o evento na condição de empresa-membro e líder do gru-
po de eficiência energética. Contou também com o apoio do Green
Building Council Brasil, que participou do Comitê de Liderança e do
Comitê Técnico. O evento promoveu o encontro de stakeholders dos
setores público e privado, interessados em desenvolver e implemen-
tar o plano de ação que seria originado no laboratório.
Sob a direção de Roland Hunziker, o EEB Lab teve como objetivo princi-
pal obter um claro entendimento do quadro na capital fluminense para
a implantação de soluções de eficiência energética em edificações.
“Com a ajuda de variado painel de especialistas, tivemos condições
de não só recomendar como dar a início a importantes ações visando
à implantação de ações conjuntas pela eficiência energética, uma vez
que o maior desafio é justamente a fragmentação das empresas que
compõem esse setor”, explica o diretor e representante da WBCSD.
Como empresa fornecedora de materiais de construção e de solu-
ções construtivas, a Lafarge ocupa posição estratégica na rede que
vai possibilitar que as propostas do evento saiam do papel. CEO da
empresa, Alexis Langlois reconhece que, com a redução do consumo
de energia nas edificações, o Brasil pode contribuir para a mitigação
de efeitos das mudanças climáticas de maneira impactante. Em sua
análise, as principais barreiras não são as técnicas, mas a falta de in-
formação sobre o que fazer, como fazer, e o que esperar de projetos
de eficiência energética. “Existem muitos mitos que precisam ser des-
feitos. Diversos setores da sociedade acreditam que o custo é muito
alto. Também há um desconhecimento em relação às alternativas de
financiamento existentes”, comenta.
Entre outras barreiras identificadas no evento, Hunziker cita a neces-
sidade de treinar a mão de obra nas tecnologias e soluções já dis-
poníveis no mercado, a falta de modelos de financiamento adequa-
dos e também a necessidade de melhorar a aceitação de políticas
já existentes, como o selo Qualiverde. No entanto, ele é otimista e
acredita que as ações estabelecidas no Rio de Janeiro têm potencial
para serem replicadas por todo o país, principalmente considerando
o importante papel econômico e turístico que a cidade desempenha,
não só no Brasil, mas em toda a América Latina.
O diretor ainda reforça que é importante que a iniciativa, embora te-
nha sido promovida por instituições internacionais, continue mobili-
zando os atores locais, que compartilham um entendimento acerca
dos desafios, soluções e oportunidades para o mercado carioca: “Na
plenária de encerramento, representantes do setor privado e da ad-
ministração pública a nível municipal, estadual e federal defenderam
de maneira entusiasmada o interesse em gerar valor para a eficiência
energética, assim como desenvolver habilidades e reduzir impactos
no meio ambiente”.
Repercussão positiva
Para Marina Grossi, presidente do CEBDS, o EEB Lab teve o mérito de
reunir um grupo extremamente qualificado de especialistas no tema,
contribuindo não apenas para o quadro nacional, mas também em
escala mundial. Ela explica que, internacionalmente, tem-se o objeti-
vo de trabalhar com parceiros para alavancar uma transformação no
mercado e buscar 1.000 declarações de compromisso de tomadores
de decisão para implementar ações ousadas. “O EEB Lab realizado
no Rio foi tido como o mais bem-sucedido até então”, comemora.
Grossi destaca, ainda, a presença de representantes do Ministério
do Meio Ambiente: “Foi importantíssima a presença deles, sobretu-
do para que essa experiência chegue em outras cidades”. Alexandra
Albuquerque Maciel, analista de infraestrutura da Secretaria de Mu-
danças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério, explica que
a participação se deveu justamente pelo entendimento de que os re-
sultados podem ser replicados nacionalmente. “Esse tipo de evento
produz interações valiosas entre os diversos agentes, permitindo a
compreensão de problemas e experiências diversas. Há produção de
um conhecimento baseado em práticas, o que facilita a sua incorpo-
ração às propostas de políticas públicas”, esclarece.
Entre as ações do Ministério, existe o Projeto Transformação do Mer-
cado de Eficiência Energética no Brasil, que já treinou cerca de 345
gestores públicos e agentes do setor privado entre agosto de 2014 e
julho de 2015. Mais 26 capacitações estão previstas para este ano.
“Esses treinamentos são gratuitos e abertos a servidores públicos e
profissionais de engenharia e arquitetura. Além disso, estamos co-
laborando com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
para a operacionalizar a Instrução Normativa 02 de 2014, que torna
obrigatória a etiquetagem de eficiência energética PBE Edifica em to-
dos os 28 mil edifícios públicos federais, com potencial para alavan-
car o setor de prestação de serviços”, destaca.
Alexandra Maciel acredita que a principal barreira na incorporação
de ações de eficiência energética está no fato de que quem constrói
não é quem vai usar ou administrar os espaços: “Como o construtor
entende que incorporar eficiência energética ao projeto vai onerar o
empreendimento, ele não tem interesse”, analisa. Paulo Henrique de
Souza, gerente de Negócios da EcoBuilding da Schneider Electric,
também compartilha dessa opinião. Ele avalia que as empresas que
se utilizam do edifício são extremamente receptivas, pois vão se be-
neficiar diretamente da redução da conta de energia, além dos bene-
fícios corporativos de sustentabilidade e responsabilidade ambiental.
Por outro lado, reconhece que construtoras ou grandes projetistas
são pressionados para entregar a obra acabada e em funcionamento
com o menor custo possível, o que leva à necessidade de rever o
cenário e as regras atuais do mercado.
22. 22 out-nov/15 rev/gbc/br
desempenho
"Um prédio eficiente pode ser entre 10% e 15% mais caro que um
prédio convencional. Hoje, não existe nenhuma legislação que exija
ou incentive que a empresa que constrói o empreendimento coloque
soluções inteligentes e eficientes. A empresa de construção só incor-
pora essas soluções se há exigência do usuário do empreendimen-
to", observa Paulo Henrique. Ele reconhece a importância do EEB na
atual conjuntura nacional, com a escassez de água comprometendo
a geração de energia limpa e fazendo com que termelétricas, que
são extremamente nocivas ao meio ambiente, entrem em operação
para suprir a demanda. "Criar um projeto de eficiência energética em
edifícios se torna essencial do ponto de vista ambiental", destacou.
A mobilização do Secovi Rio (Sindicato da Habitação) como um dos
representantes do Comitê Técnico demonstrou também a importân-
cia de instituições capazes de promover a disseminação de boas prá-
ticas para administradoras de condomínios, síndicos e demais atores
do segmento. Há dois anos, o Sindicato criou o projeto Condomínios
Verdes, um portal que reúne dicas, informações e cases de sucesso
sobre sustentabilidade em edificações. Em termos de capacitação, a
Universidade Corporativa Secovi Rio atua diretamente na promoção
de ações educacionais para o desenvolvimento de competências dos
funcionários de condomínios e empresas do setor imobiliário.
Luiza Marinho, representante do Sindicato, entende a oportunidade
de participar do EEB Lab como uma forma de também trazer menos
custos e mais qualidade de vida aos usuários. “As discussões reali-
zadas mostraram que a cultura de eficiência energética ainda precisa
ser mais disseminada no Brasil, tanto para as empresas, como para a
população em geral. Acreditamos que o investimento em educação,
muito presente nas propostas apresentadas no EEB Lab e no trabalho
desenvolvido pelo Secovi Rio, é um grande passo para alcançarmos
maturidade”, declara, assumindo um compromisso de fomentar prá-
ticas de consumo consciente e incentivar a educação ambiental nos
condomínios.
Entre as próximas ações previstas, está o desenvolvimento e publica-
ção de um Plano de Ação robusto e factível para ser implementado no
mercado da construção no Rio de Janeiro, além da estruturação de
uma rede de organizações interessadas em implementar as soluções
discutidas durante o EEB Lab. A longo prazo, o programa pretende
que projetos integrados de eficiência energética em edifícios tomem
escala, ou seja, passem a ser amplamente incorporados na rotina
da construção civil no país, de modo a tornar o setor da construção
sustentável mais competitivo.
Informação para avançar
Durante o evento, os participantes tiveram acesso a um Market Re-
view, que forneceu um panorama do cenário de eficiência energética
das edificações na cidade do Rio de Janeiro. Elaborado pela Univer-
sidade Federal de Fluminense (UFF), sob a coordenação da profes-
sora Louise Land B. Lomardo, doutora em Planejamento Energético
e vinculada ao Laboratório de Conservação de Energia e Conforto
Ambiental (LabCECA) da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF,
o documento apresenta um bom panorama dos desafios e oportuni-
dades da eficiência energética no Rio de Janeiro.
De acordo com Louise Lomardo, o mercado de conservação de
energia é fortemente dependente de políticas públicas, como as re-
gulamentações obrigatórias, de financiamentos e da divulgação de
informação. “Os agentes financeiros, os pesquisadores, as conces-
sionárias de energia e o poder público devem trabalhar em sintonia
para alcançar benefícios nobres de conservação ambiental, tanto
para evitar novas e gigantescas obras, quanto para evitar que a cida-
de se torne densa a ponto de impedir a passagem dos fluxos naturais
de energia, como luz solar e ventos”, defende a professora.
Análise de Louise Land B. Lomardo, doutora em Planejamento Ener-
gético e professora da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF
sobre o cenário da eficiência energética no Brasil:
•Não há conhecimento prático
sobre os benefícios diretos e in-
diretos da eficiência energética;
•A mão de obra não é capaci-
tada para realizar as tarefas nos
diversos níveis profissionais;
•O financiamento para investir
em EE;
•As políticas públicas munici-
pais não são integradas às fe-
derais;
•As informações técnicas dos
produtos não são acessíveis;
•Não há um local único onde se
possa esclarecer todas essas
dúvidas;
•Não existem benchmarks
(kWh/m2
ano) a serem "perse-
guidas" pelos consumidores.
•Há um ótimo mercado de tra-
balho ainda incipiente a ser ex-
plorado;
•As empresas que investem em
EE encontram retorno financeiro
direto e associam sua imagem
ao respeito ao meio ambiente;
•Um país que está em cresci-
mento rápido deve crescer de
forma saudável e consciente
para não ter de corrigir erros de
infraestrutura depois;
•As famílias que conservam
energia exercem influência e
ajudam a difundir essa prática;
•Dispomos de recursos naturais
abundantes como energia solar,
luz natural, ventilação natural;
•A energia solar é muito pouco
aproveitada no Rio de Janeiro.
Desafios Oportunidades
23. revistagbcbrasil.com.br 23out-nov/15
desempenho
WBCSD - Diretor
do EEB Lab
Roland
Hunziker
ENTREVISTA
Por que a cidade do Rio de Janeiro foi es-
colhida para sediar o projeto?
RH. O Brasil tem sido há muito beneficia-
do com o fornecimento de energia de baixo
carbono com base em energia hidrelétrica.
Isso começou a mudar e a questão do abas-
tecimento de energia e eficiência energética
tornou-se um tema importante.
O modelo Lab EEB é normalmente situado a
nível da cidade, a fim de reunir as principais
partes interessadas e tomadores de decisão
em um mercado local e para desenvolver
ações tangíveis com propriedade claramente
atribuída. O Rio de Janeiro é uma das gran-
des metrópoles do mundo, o núcleo de uma
vasta região metropolitana com mais de 15
milhões de habitantes. Além disso, tem gran-
de visibilidade nacional, e é o principal destino
turístico não só no Brasil, mas em todo o he-
misfério sul. Ações sobre eficiência energética
em edifícios que acontecem aqui são suscep-
tíveis de serem replicados em todo o país.
Os líderes do projeto Lab EEB, Lafarge e
CEBDS, baseiam-se no Rio e tinham, por-
tanto, excelentes oportunidades para atrair
os principais intervenientes que contribuem
para o sucesso de um EEB Lab. Além disso,
a cidade do Rio sinalizou um grande interes-
se em apoiar o trabalho e envolver as partes
interessadas do setor privado para discutir as
políticas e ações da cidade sobre a questão
da eficiência energética em edifícios.
Quais são as fases do EEB Lab?
RH. O EEB Lab começa com uma reunião
inicial, durante a qual uma uma dezena ou
mais de partes interessadas se reúnem para
debater o desejo e a viabilidade de organizar
um evento em sua cidade e para desenvolver
e implementar um plano de ação com base no
EEB Lab. A primeira fase de preparação tam-
bém é apoiada por uma análise do mercado,
que resume as principais políticas, compro-
missos e ações e listas dos players na área de
edifícios energeticamente eficientes.
O próprio EEB Lab é realizado durante 3 dias
- no primeiro dia com um comitê de peritos
técnicos entrevistam 40-50 stakeholders que
representam a cadeia de valor, a fim de com-
preender as barreiras e ouvir idéias de ações
para superar estes. No segundo dia, os peri-
O que é o EEB Lab (Laboratório de Efi-
ciência Energética em Edificações) e que
as cidades já receberam esta iniciativa?
Roland Hunziker. O EEB Lab é um Labora-
tório de 3 dias de imersão para envolver as
partes interessadas que representam toda a
cadeia de valor da construção para identifi-
car as principais barreiras de mercado para
a criação de edifícios energeticamente efi-
cientes e para desenvolver um plano de ação
para superar essas barreiras. Os EEB Labs
já foram organizados em Varsóvia (Polônia),
Houston (EUA), Bangalore (Índia), Amster-
dam (cobrindo Holanda e Bélgica), e Rio de
Janeiro (Brasil). Futuros EEB Labs serão rea-
lizados em Cingapura, Jacarta (Indonésia),
Kuala Lumpur (Malásia), Jaipur (Índia) e Chi-
na (a confirmar).
Foto:YouTube
24. 24 out-nov/15 rev/gbc/br
desempenho
tos se reúnem para categorizar os principais
obstáculos de mercado e debater ações es-
pecíficas para abordar cada uma dessas bar-
reiras. No terceiro dia, uma sessão plenária
de alto nível reúne palestrantes e um público
de mais de 100 tomadores de decisões se-
niores do setor público e privado para forne-
cer o contexto e urgência ao tema da eficiên-
cia energética nos edifícios e para apresentar
um plano de ação para superar os obstáculos
no contexto do mercado local. Após o evento,
diferentes equipes de ação são formadas e
um mecanismo de coordenação estabeleci-
do, a fim de começar a conduzir a mudança
no mercado.
Qual é o objetivo do EEB Lab na cidade do
Rio de Janeiro e quando isso começou?
RH. O objetivo do EEB Lab no Rio era ob-
ter uma compreensão clara da situação do
mercado para a eficiência energética nos edi-
fícios, e, com a ajuda de um painel de espe-
cialistas, recomendar e iniciar a ação.
O Laboratório começou com uma reunião de
lançamento em Novembro de 2014, para o
qual 20 especialistas do setor público e pri-
vado se uniram. Essas pessoas, em seguida,
ajudaram identificarm os decisores-chave e
intervenientes no mercado para serem envol-
vidos no próprio laboratório e eles concorda-
ram sobre a agenda exata para o Lab. Após a
reunião de lançamento, uma análise do mer-
cado foi contratada para entender o panora-
ma atual do mercado.
Quem são os principais envolvidos?
RH. A barreira mais importante para um es-
toque mais eficiente em termos de energia e
construção sustentável em qualquer merca-
do é a fragmentação da cadeia de valor da
construção. É, portanto, fundamental para o
sucesso de um EEB Lab envolver todos os
grupos interessados, desde empresas de
fornecedores, da construção e de desenvol-
vimento, até os investidores, gerentes, corre-
tores imobiliários, bancos, serviços públicos,
reguladores e usuários finais. Durante o EEB
Lab, cada stakeholder é entrevistado em uma
entrevista pessoal de uma hora, de modo que
todas as perspectivas podem ser plenamente
apreendidas e compreendidas. Além disso, o
Comitê Técnico de especialistas é composto
por representantes de todos os grupos-chave,
a fim de chegar a uma visão holística e reco-
mendações sobre as medidas necessárias.
Quais são os segmentos de mercado do
EEB Lab no Rio de Janeiro?
RH. O EEB Lab não se concentra em qual-
quer segmento de mercado específico, mas
tem uma visão holística através do estoque
de edifícios da cidade, residenciais, comer-
ciais e edifícios públicos. A análise do mer-
cado foi encomendado pela Universidade Fe-
deral Fluminense para descrever o panorama
do mercado de edifícios no que diz respeito
à eficiência energética, incluindo o status de
políticas relevantes e com foco em impulsio-
nadores do mercado.
Quais foram as barreiras e oportunidades
identificadas pelo projeto?
RH. As principais barreiras no mercado do
Rio foram classificadas da seguinte forma:
A falta geral de consciência sobre os bene-
fícios de um parque imobiliário de eficiência
energética; a necessidade de treinar a força
de trabalho em soluções de tecnologia dis-
ponível e modelos de negócios; a falta de
modelos de financiamento e; a necessidade
para melhorar a aceitabilidade de mercado e
captação das políticas existentes, por exem-
plo, Qualiverde. Como resultado das ações
do Lab foram feitos acordos para abordar
estas principais barreiras. O mercado precisa
de campanhas de sensibilização dedicadas
para realçar o benefício de gerenciamento de
energia ativa e mostrar histórias de sucesso.
Desenvolvimento de capacidades tem de ter
lugar a nível técnico, bem como a nível ope-
racional e de gestão, como as tecnologias
disponíveis e modelos de negócios não são
suficientemente conhecidas ou adotadas no
mercado. Em finanças, uma maior consciên-
cia precisa ser criada para mecanismos de
financiamento existentes e uma maior padro-
nização será necessária para fazer projetos
em relação à poupança de energia financiá-
veis. Em termos de política, uma maior ênfa-
se deve ser colocada sobre o desempenho
e transparência e também para incorporar a
sustentabilidade no código de construção.
Quais são os próximos passos da EEB
Lab Rio?
RH. Vamos desenvolver e publicar um pla-
no de ação para o mercado da construção
no Rio de Janeiro e vamos continuar a de-
senvolver uma rede de organizações que
estão dispostas a implementar essas ações
acordadas. Nós também estamos dispos-
tos a discutir com os parceiros se haveria
uma abordagem semelhante em reunir os
stakeholders da cadeia de valor dos edifícios
para outras cidades do Brasil ou se haveria
uma maneira de envolver os stakeholders em
outras cidades em algumas das ações acor-
dadas em andamento.
Você poderia falar sobre os benefícios
possíveis sociais, ambientais e econômi-
cos do EEB Lab para a cidade do Rio?
RH. Edifícios mais eficientes são fundamen-
tais para a segurança energética futuro do
Brasil. O país tem desfrutado de um modelo
bem sucedido de fornecimento de energia
com base na amplamente disponível gera-
ção de energia hidrelétrica. No entanto, com
secas recentes, maior controle sobre os im-
pactos ambientais de grandes projetos e
uma crescente demanda continuamente tem
sido necessário recorrer cada vez mais a fon-
tes de energia de combustíveis fósseis, que
por sua vez coloca as metas do Brasil para
a mitigação das mudanças climáticas em ris-
co. A Agência Internacional da Energia cha-
ma a eficiência energética como o "primeiro
combustível", uma vez que ajuda a aliviar os
orçamentos dos consumidores, reduzindo a
necessidade de investimentos dispendiosos
em expansão da oferta de energia. A eficiên-
cia energética é uma situação ganha-ganha
para os consumidores, bem como o meio
ambiente e a economia.
Como pode um Edifício Verde contribuir
para uma melhor eficiência energética
em uma cidade?
RH. É importante que o consumo de energia
em edifícios seja monitorado mais de perto.
Mesmo edifícios que são projetados para ser
muito eficiente nem sempre efetivamente vão
executar o nível desejado. A ênfase também
necessita ser colocada sobre o funcionamen-
25. revistagbcbrasil.com.br 25out-nov/15
desempenho
to e a manutenção de edifícios, de modo a
garantir um bom desempenho. Por último, é
importante levar em conta os padrões de uso
e comportamento das pessoas em edifícios
e como eles têm um grande impacto sobre o
consumo de energia.
Como é que o Governo pode contribuir
para enfrentar uma maior eficiência ener-
gética nos edifícios na cidade do Rio de
Janeiro?
RH. A cidade do Rio introduziu o sistema
de certificação do edifício Qualiverde para
incentivar a eficiência energética, gestão da
água e desempenho térmico. Pode, por um
lado, buscar alinhar este regime com outros
regimes nacionais, por exemplo, Procel; por
outro lado, a cidade também poderia pro-
mover e difundir exemplos de boas práticas
baseadas em evidências para aumentar a
consciência global do mercado.
Qual é a sua impressão sobre os resulta-
dos da primeira fase do EEB Lab no Rio
de Janeiro, em comparação com o resul-
tado do Lab nas outras cidades?
RH. Estamos muito satisfeito com o entu-
siasmo que os stakeholders mantiveram
para com o EEB Lab. É importante que esta
iniciativa, embora iniciada por um player in-
ternacional como o WBCSD e as suas em-
presas membros, seja levada adiante pelos
parceiros locais com base em um enten-
dimento comum não só sobre as barreiras,
mas também soluções e oportunidades. Na
sessão plenária de encerramento do EEB
Lab ouvimos fortes declarações do setor pri-
vado, bem como dos três níveis do setor pú-
blico (municipal, estadual, nacional) de apoio
ainda maior à colaboração na condução da
eficiência energética no mercado como um
meio de geração de valor, desenvolvimento
de habilidades e redução da pressão sobre o
meio ambiente.
Nós sempre dizemos que o EEB Lab é ape-
nas o começo do esforço, e estamos muito
felizes que os nossos parceiros, como o GBC
Brasil, CEBDS e outros estão interessados em
desempenhar um papel ativo na promoção
da agenda da eficiência energética no Brasil e
para ajudar a iniciar e conduzir a ação.
Sempre
a
melhor
solução
em
Clima1zação
nos
empreendimentos
Sustentáveis
A
BMS
é
uma
empresa
de
Engenharia
com
experiência
em
instalações,
manutenções
de
HVAC
e
automação
com
cerAficação
LEED,
mantendo
como
principio
básico
a
missão
de
prestar
serviços
de
qualidade
a
preço
justo,
com
o
compromisso
de
ter
parceiros,
não
só
clientes
agregando
confiabilidade
e
segurança
entre
as
partes.
Obras;
• Sistema
de
ar
condicionado
Apo
expansão
direta
e
indireta
para
conforto
e
aplicações
especificas
(Industrias,
Hospitais,
Hotéis,
Laboratórios,
Hipermercados,
Shoppings
e
EdiQcios
CorporaAvos).
• Sistema
de
Exaustão,
VenAlação
e
Extração
de
fumaça.
• Retrofit
de
Sistemas.
• Automação
Predial.
• Detecção
de
alarme
de
incêndio,
cabeamento
estruturado,
controle
de
acesso,
sistema
de
CFTV.
• A
BMS
conta
com
sua
própria
estrutura
para
fabricação
de
dutos
e
painéis.
Algumas
Obras:
Tel.:
(11)3783-‐8600
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Con1nental
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26. 26 out-nov/15 rev/gbc/br
expo gbc 2015
Colégio Estadual Erich Walter Heine,
Rio de Janeiro
EM SUA 6ª EDIÇÃO
GREENBUILDING BRASIL
REFORÇA SUA POSIÇÃO
NO MERCADO
Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
27. revistagbcbrasil.com.br 27out-nov/15
expo gbc 2015
A
6° edição do Greenbuilding
Brasil Conferência Interna-
cional e Expo, que aconte-
ceu nos dias 11, 12 e 13 de
agosto, mais uma vez foi um
grande sucesso, a feira con-
tou com diversas empresas
do setor de construção sus-
tentável bem como fabricantes e fornecedo-
res com o desenvolvimento de produtos.
O evento contou com a participação de 65 ex-
positores apresentando uma série de produ-
tos e tecnologias eficientes disponibilizadas
para o mercado. Foram abordados temas de
grande importância e relevância para o mer-
cado da construção civil, além de contribuir
para a disseminação destas soluções que
visam à sustentabilidade.
A oficialização da abertura do evento foi rea-
lizada por Felipe Faria, diretor executivo do
Green Building Council Brasil, com agrade-
cimentos aos expositores, patrocinadores,
palestrantes, estudantes voluntários e parcei-
ros, além de ressaltar a importância de ce-
lebrar o ambiente colaborativo entre o GBC
Brasil e outras ONGs e Associações. “O fato
é que nós somos decisivos para auxiliar na
crise energética e hídrica do nosso país, bem
como atender as principais demandas da
sociedade civil, e com muito otimismo nós
estamos verificando nossos avanços neste
sentido, são muitos projetos, temos uma forte
rede colaborativa, e nós estamos espalhando
para diferentes setores em todo o país. Pode-
mos aspirar sim grandes realizações”, decla-
ra Felipe Faria.
Na abertura do evento, o Greenbuilding Brasil
homenageou líderes de empresas engajados
com a questão da construção sustentável,
que contribuíram nos últimos anos com a
posição do Brasil no ranking de certificações
por meio de projetos voltados à construção
verde. Foram homenageados com o troféu
“Liderança em Ação”, Renata Leite Falcão,
superintendente da Eletrobrás, Márcio Ko-
gan, sócio-diretor do Studio MK27 e Lair Reis,
também do Stúdio MK27 com os projetos do
Referencial GBC Brasil Casa. Além disso, foi
oficializada a entrega da placa de certificação
LEED ND nível Silver, no segundo estágio da
certificação para bairros para o empreendi-
mento Parque da Cidade, e LEED Retail NC
nível Gold para o Posto Ecoeficiente Ipiranga
- Jardim Carioca.
Menção importante no evento também foi
a utilização do Alternative Compliance Path
(ACP), pela agência do Citibank Faria Lima
para atingir o crédito referente ao Green E..
O trabalho de equiparação entre as normas
contou com a colaboração da Key Associate,
entre a recém criada, certificação Selo Ener-
gias Renováveis da ABEEOLICA e ABRAGEL
e a certificação internacional GREEN E. O
Citibank Faria Lima é o primeiro empreendi-
mento certificado a utilizar esta ferramenta.
Evento de maior importância
da construção sustentável
consolida-se como um marco
na história de evolução no país
28. 28 out-nov/15 rev/gbc/br
expo gbc 2015
“A sustentabilidade não é uma
maneira de fazer, mas sim de ser”
A Plenária de abertura da 6° Greenbuilding
Brasil teve a ilustre presença da ex-ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, que compar-
tilhou com os participantes suas ideias sobre
os desafios da sustentabilidade no país. Fo-
ram abordados pela ex-ministra temas como
a crise da civilização, conceitos de susten-
tabilidade, tendências no ambiente social,
empresarial e político bem como o perfil de
liderança necessário para o avanço da cons-
cientização e para o sucesso das iniciativas
no âmbito do desenvolvimento sustentável.
Marina ressaltou em seu discurso que o país
precisa sair do modelo atual e partir para um
modelo sustentável, independente de qualifi-
cação deste modelo ou não e, sobretudo, ser
capaz de combinar duas coisas, a mudança e
a preservação, “a sustentabilidade não é uma
maneira de fazer, mas sim de ser”, declarou.
Em sua exposição a ex-ministra destaca ou-
tro ponto importante, a questão da crise ci-
vilizatória, que engloba cinco grandes crises,
a econômica, social, ambiental, política e
finalmente crise de valores. “As crises civili-
zatórias não ocorrem em função do fracas-
so, elas ocorrem em função do sucesso. O
sucesso que nos leva à estagnação, à repe-
tição do ato”, e ainda complementa, “temos
que ter política de longo prazo para o nosso
curto prazo político. Não se pode sacrificar o
rumo de uma nação por causa de uma elei-
ção”, defende. Segundo ela, é preciso pensar
neste problema em escala de atitude clínica,
“atitude clínica, este é o nosso desafio”.
ExecutiveLuncheBusinessMettings
Após a plenária de abertura, Marina Silva
também participou do Executive Lunch, al-
moço que contou com a participação de pre-
sidentes e CEO´s de 30 empresas atuantes
do setor da sustentabilidade, que realizaram
perguntas para a ex-ministra. Representantes
de empresas como, Honeyweel, Odebrecht,
Cyrela, Deca, Nestlè, CitiBank, Ingersoll, re-
presentantes do USGBC e GBC Brasil, bem
como meios de comunicação de grande
porte como Grupo O Estado de São Paulo, e
diversas outras empresas de grande influên-
cia no setor da construção civil, fabricantes e
fornecedores. Ainda no Stand do GBC Bra-
sil, ocorreram durante os três dias de even-
to, reuniões com representantes do USGBC,
GBCI e GBC Brasil. Alguns dos principais
temas discutidos durante os Business Mee-
tings foram a apresentação da Certificação
WELL Building Standard, implementação do
LEED Dynamic plaque, aplicação do LEED
ND (Neighborhood Development) em um pro-
jeto localizado em Manaus e a introdução do
LEED versão 4. Também participaram destas
reuniões diversas consultoria e empresa do
setor engajadas com o tema sustentabilidade
e que buscam inovações em seus empreen-
dimentos. Algumas empresas de destaque
foram: ITAU BBA, Odebrecht, CTE, Cushman
& Walkfield, Eletrobrás, Petrobrás, Casa do
Futuro, Arup, ETRIA, Asclépio Consultoria,
Kahn do Brasil e Sustentech.
29. revistagbcbrasil.com.br 29out-nov/15
expo gbc 2015
Lançamentos
Uma novidade de grande relevância para a
sociedade foi o lançamento do Primeiro Pro-
jeto Legado do GBC Brasil, o desenvolvimen-
to e certificação da sede do Instituto Favela
da Paz, localizado no Jardim Ângela, uma
das maiores favelas de São Paulo. O Institu-
to cria um espaço que visa a integração das
pessoas dentro dos princípios da sustentabi-
lidade. Um projeto multidisciplinar, que se ba-
seia em cinco pilares, arte e cultura, ecologia,
convivência, tecnologia sustentável e equi-
dade social. O projeto do espaço cultural foi
executado com o suporte do USGBC, GBC
Brasil e conta com a participação voluntária
dos membros do GBC Brasil para a sua reali-
zação. Aqueles que tiverem interesse em co-
laborar com a Certificação do Instituto Favela
da Paz, seja através de doações de materiais
ou serviços, podem entrar em contato com o
GBC Brasil para obter maiores informações
sobre o primeiro projeto Social.
Importante pesquisa também lançada no
evento foi apresentada pelo CTE (Centro de
Tecnologias em Edificações), no segundo
dia do evento, “Sustentabilidade: Tendências
na Construção Brasileira 2015”, estudo este
que trouxe informações relevantes sobre o
cenário brasileiro das edificações sustentá-
veis como, materiais, soluções tecnológicas
e sistemas construtivos. A pesquisa foi reali-
zada pelo CTE em parceria com o instituto de
pesquisas Criactive.
O lançamento do evento Women in Green
Power Breakfast, que ocorreu no segundo
dia do evento onde participaram mulheres
líderes da indústria da sustentabilidade e na
formação do movimento de Green Buildings.
No evento ocorreram palestras de quatro mu-
lheres, bem como mesas de discussões com
temáticas relacionadas ao papel da mulher,
sucesso e liderança. Comandaram as apre-
sentações, Maria Carolina Fujihara, Coorde-
nadora Técnica no Green Building Council
Brasil, Linda Murasawa, Superintendente de
Desenvolvimento Sustentável no Grupo San-
tander Brasil, Thassanee Wanick, Fundadora
do GBC Brasil e Cônsul Geral da Tailândia.
Como moderadora Kate Hurst, Vice-presi-
dente, Comunidade Avanço, Conferências e
Eventos, USGBC, e Kimberly Lewis, Vice pre-
sidente Senior, Comunidade Avanço, Confe-
rências e Eventos, USGBC.
Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
30. 30 out-nov/15 rev/gbc/br
expo gbc 2015
As palestras e os principais temas
abordados no 6° Greenbuilding
Brasil
O ponto forte do evento foram as palestras
comandadas por congressistas especialistas
do Brasil e da América Latina apresentando
as melhores soluções para a construção sus-
tentável no país. Entre o palestrantes estão
profissionais da arquitetura, construtores e
contratantes, designers de interiores, enge-
nheiros, incorporadores, prestadores de ser-
viços, entidades governamentais, instituições
financeiras, instituições acadêmicas, líderes
de Green Building, associações e instituições
socioambientais abordando temas como de-
senvolvimento sustentável, habitação de inte-
resse popular, planejamento urbano, energia
e água. As áreas de atuação dos profissio-
nais vão desde departamentos técnicos e
compra até presidência.
O evento consolida-se cada vez mais como
o principal evento de negócios e construção
sustentável no país. No total foram 125 pa-
lestrantes que comandaram 56 sessões edu-
cacionais apresentadas na 6° Greenbuilding
Brasil, entre eles se encontravam diversos
profissionais internacionais que apresenta-
ram as soluções, tecnologias e tendências de
cada país. Os principais temas apresentados
discursavam a cerca de dois assuntos de ex-
trema relevância no atual cenário do Brasil e
do mundo, a crise hídrica e a crise energética,
que afeta o mercado tanto no âmbito econô-
mico quanto no ambiental. Também partici-
param do evento, 830 congressistas e um
total de 4 mil visitantes nos três dias da feira.
Expositores apresentam novas
soluções para o mercado na feira
Considerado o principal encontro de negócios
sustentável da America Latina, a 6° edição do
Greenbuilding Brasil reuniu expositores de
todo o país com o objetivo de promover a
troca de informações e apresentar ao públi-
co as inovações tecnológicas destinadas às
construções sustentáveis. Seguindo a mes-
ma característica das outras edições, a feira
de exposições ocorreu simultaneamente às
sessões educacionais. O evento contou com
a participação de empresas importantes em
todas as áreas do setor, que vem ao longo
de todas as edições do evento, apresentando
suas soluções em tecnologias.
Empresas com de forte presença e credibi-
lidade no mercado marcaram presença no
evento apresentando seus produtos e novi-
dades, além de participarem ativamente des-
de a primeira edição como patrocinadores e
expositores, contribuindo diretamente para o
crescimento do mercado no que tange à sus-
tentabilidade na construção.
A Trane, uma das empresas patrocinadoras,
destacou produtos eficientes voltados para o
setor de climatização. Como membro funda-
Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
31. revistagbcbrasil.com.br 31out-nov/15
expo gbc 2015
dor do GBC Brasil, e tendo como presidente
do conselho do GBC, o diretor Manoel Gamei-
ro, a empresa possui um papel importante e
de muita responsabilidade em promover solu-
ções tecnológicas e inovadoras alinhadas aos
conceitos de sustentabilidade que o GBC tem
apresentado para o mercado brasileiro.
Também tiveram grande destaque como pa-
trocinadores, apresentações de novos produ-
tos e palestras em sessões educacionais do
evento empresas como, a consultoria Cush-
man & Wakefield, a Docol - Indústria do setor
de metais sanitários -, Honeywell - empresa
focada no desenvolvimento de soluções tec-
nológicas que visam à eficiência energética - e
o CTE (Centro de Tecnologia de Edificações),
consultoria referência no mercado da susten-
tabilidade e responsável por 100 projetos cer-
tificados pelo LEED no país.
Com o intuito de conquistar a certificação
LEED, como edificação sustentável, o Instituto
Neymar Jr participou do evento com um stand,
também para divulgação de suas ações volta-
das para o meio ambiente e responsabilidade
social, além de apresentar o trabalho realizado
com cerca de 2.400 crianças.
A WWF-Brasil também marcou presença na
Expo, a Ong, participante de uma rede inter-
nacional e comprometida com a preservação
do meio ambiente. Marco Lentini, coordena-
dor do Programa Amazônia da WWF - Brasil
apresentou em uma das sessões técnicas do
evento a problemática relacionada ao desma-
tamento e impactos ambientais, abordando a
importância da gestão consciente da madeira
durante as obras.
Comprovando sua solidez no mercado, o
Greenbuilding Brasil, é a concretização da ini-
ciativa do setor privado em construir cada vez
mais consciente e eficientemente, buscando
sempre disseminar o conceito da sustentabili-
dade nas construções para a sociedade frente
aos problemas ambientais, sociais e econômi-
cos que o país atravessa atualmente, realizan-
do parcerias com organizações governamen-
tais a fim de incentivar políticas públicas de
fomento para construção sustentável.
A 6° Greenbuilding 2015 Conferência Interna-
cional e Expo, contou com ampla cobertura da
mídia. Foram 24 veículos de comunicação e
um total de 110 profissionais de imprensa que
contribuíram, de forma assídua, para divulga-
ção de todas as etapas do evento bem como
a visão representantes de empresas que parti-
ciparam da feira de negócios.
Sustentabilidade para promover a
sustentabilidade
As ações de sustentabilidade feitas durante os
três dias de evento mostram que o importante
não é somente informar e divulgar, mas sim
incorporar para conscientizar. O evento teve a
participação de 40 voluntários, contou com um
processo de gestão de resíduos onde, foram
disponibilizadas lixeiras para coleta seletiva
pelo pavilhão e lixeiras específicas para resí-
duos orgânicos, próximas às áreas de alimen-
tação. O evento também contou com proces-
so de separação de resíduos recicláveis dos
não recicláveis, máquina de compostagem
para resíduos orgânicos gerados durante os
três dias de evento, implantação de duas ca-
çambas na área externa do pavilhão, inventá-
rio dos resíduos, além de treinamento com a
equipe de limpeza para o procedimento corre-
to da gestão dos resíduos.
Além disso, as credenciais foram confeccio-
nadas com papel semente, que poderiam ser
plantadas após o uso. O material de divulga-
ção foi impresso em papel reciclável. Tam-
bém foram disponibilizadas informações pré-
vias com relação às alternativas locomoção,
hospedagem e postura sustentável para os
visitantes como, opções de transporte públi-
co e mapas para o percurso a pé; incentivo á
hospedagem em hotéis com práticas susten-
táveis com localização próxima ao evento e
orientações como, “imprima apenas o neces-
sário” e “ leve sua própria caneta e bloco de
anotação”, ações que expandem ainda mais
os conceitos sustentáveis.
Para atender os visitantes, foram contrata-
das empresas do setor de alimentação que
ofereceram diversas opções de alimentação
32. 32 out-nov/15 rev/gbc/br
expo gbc 2015
diferenciada e saudável, como por exemplo,
Dona Linda e o Fit Truck.
Eficiênciaenergéticaétemaprincipal
abordado no primeiro dia do evento
A questão energética foi predominante no pri-
meiro dia do evento com temas relacionados
às superfícies frias e sua contribuição para o
conforto térmico e redução no consumo de
energia, avanços e oportunidades na gera-
ção de energia distribuída fotovoltaica, os
desafios e oportunidades para a indústria em
relação à crise energética, além da sessão fo-
cada para o Programa Nacional de Eficiência
Energética, trabalho conjunto realizado entre
o Ministério do Meio Ambiente, o Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimen-
to (PNUD), do Global Environmental Facility
(GEF) e do Banco Interamericano de Desen-
volvimento, programa este que abordou te-
mas como, inovações técnicas e financeiras
para suporte na implantação de projetos e
ações de eficiência energética e energia re-
novável. A apresentação do case Parque da
Cidade em uma das sessões, também foi
destaque que focou a questão energética,
conforto e bem estar do usuário.
Além das sessões educacionais focadas
em eficiência energética, o evento teve a
apresentação do Plano de Aplicação do re-
ferencial Casa bem como os desafios e obs-
táculos enfrentados utilizando como case o
projeto piloto residencial Catuçaba Ecovila,
33. revistagbcbrasil.com.br 33out-nov/15
expo gbc 2015
Trajetória da certificação LEED para lojas de
Varejo (Retail), Gestão de projetos sustentá-
veis, Natureza da cidade eficiência ecossis-
têmica dos projetos e da gestão, Escolas Net
Zero Energia, Serviços ambientais como ve-
tores de Planejamento Territorial, Selo Procel
Edificações e sua aplicação ao processo de
certificação LEED (apresentação – case Pos-
to Ipiranga) e Estratégias passivas em hospi-
tais através de simulação termodinâmica.
Temas como revisão de zoneamento, utili-
zação responsável da madeira e gestão de
resíduos sólidos, processo de certificação de
edifícios residenciais no Brasil, LEED versão
4 e a preparação da indústria para atender
a esta nova demanda, análise de microclima
para conforto ambiental em espaços urbanos
abertos, estratégias e soluções LEED para
diferentes tipos de construção e setores do
mercado, entre outros, tiveram maior desta-
que no segundo dia do congresso. Foram
16 sessões educacionais que ocorrem si-
multaneamente durante o dia. A presença de
palestrantes renomados no mercado a cons-
trução e da sustentabilidade de forma geral,
consolidou mais uma vez a importância e a
credibilidade do evento no âmbito econômi-
co, ambiental e social.
Uma das principais discussões foi a dimen-
são ambiental na proposta de revisão do zo-
neamento e uso e ocupação do solo na cida-
de de São Paulo, que determina as formas
de uso e ocupação do solo da cidade e seus
reflexos em todo o setor. Representantes da
Secretaria Municipal e Desenvolvimento Ur-
bano (SMDU), Daniel Todtmann Montandon,
diretor do Departamento de Uso do Solo, os
vereadores, Gilberto Natalini, Ricardo Young
e Paulo Frange, autor do Projeto de Lei de
Zoneamento, discursaram sobre a revisão de
zoneamento, bem como os pontos previstos
no projeto de lei que contribuem diretamen-
te para o aumento da sustentabilidade, tema
discutido há anos na cidade de São Paulo.
Além disso, abordaram a questão dos rumos
a ser seguidos pela sociedade para cons-
cientização em relação à exploração e a co-
mercialização da madeira.
A questão de resíduos sólidos urbanos, tam-
bém foi um importante tema debatido através
do case Parque da Cidade com a apresenta-
ção do sistema de coleta automatizada. Den-
tro de um projeto diferenciado, que possui
um conceito de cidade compacta, o Parque
da Cidade é o primeiro empreendimento a
aderir a gestão de coleta através do sistema
automatizado de resíduos sólidos à vácuo.
Esta tecnologia pioneira no Brasil, que pode
ser observada em grandes cidades como
Londres, Estocolmo e Barcelona, trará como
benefícios, além de uma gestão mais limpa
e eficiente, a redução da quantidade de resí-
duos encaminhados para aterros e a redução
de viagens de caminhões de lixo necessárias
para atender o empreendimento, promoven-
do assim o descarte ambientalmente corre-
to dos resíduos produzidos e reduzindo a
emissão de CO2
causada pelo transporte. A
Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
34. 34 out-nov/15 rev/gbc/br
expo gbc 2015
palestra que abordou a questão da coleta au-
tomatizada foi ministrada por Fábio Colella,
diretor da empresa Envac Brasil, idealizadora
do sistema de coleta de resíduos sólidos ur-
banos por sucção.
Leed versão 4: A importância da
comunicação transparente para
melhoria contínua aliada à análise
do ciclo de vida do produto
A importância da atualização e inovação
dos processos e materiais desenvolvidos
para o mercado sustentável também tiveram
destaque entre os assuntos debatidos do
segundo dia do Greenbuilding 2015 com a
apresentação do LEED versão 4 bem como
a preparação das indústrias para atender
esta nova demanda. Em razão desta cons-
tante busca por inovações e tecnologias
diferenciadas para atender às certificações,
os desafios atuais, comunicação transpa-
rente e a melhoria contínua dos processos,
o LEED versão 4 vem propor à indústria e
aos fabricantes os novos requisitos de sus-
tentabilidade para se atingir resultados mais
eficientes, tanto nas construções quanto nos
desenvolvimento de materiais. As novas me-
didas apresentadas englobarão ferramentas
de análise e otimização frente ao consumo
de água energia, além da preocupação em
relação à composição dos materiais visando
à toxicidade de seu conteúdo. “O LEED é um
exercício de melhoria contínua que traz vários
desafios. Existe a necessidade de um novo
posicionamento desses fabricantes em bus-
car melhoria contínua e de se comunicar de
forma transparente, e para isso é necessário
mostrar a importância dessa transparência”,
apontou Alessandra Caiado, Arquiteta, espe-
cialista em Design Ecológico e Coordenadora
de Materiais Sustentáveis do CTE.
As novidades da nova versão abrangem a
transparência em relação à composição de
materiais para comprovação desta melhoria
dos materiais, opção de número de produtos
ou em custo para atingir a certificação, preo-
cupação com a origem da matéria-prima, re-
gionalidade, emissão de COV bem como a
incorporação de questão da responsabilida-
de social. Todos os novos créditos que serão
abordados na nova versão do LEED seguirão
o conceito da análise do ciclo de vida, seja no
âmbito do edifício como um todo, seja com
um no enfoque do produto através da solici-
tação de declarações ambientais.
Segundo a engenheira ambiental e consul-
tora de Sustentabilidade do CTE, Adriana
Hansen, a análise do ciclo de vida contempla
a extração da matéria-prima e manufatura,
passando pela montagem até o descarte e
reciclagem do produto. “Para o crédito que
fala sobre a análise do ciclo de vida do edifí-
cio, as três primeiras opções estão atreladas
Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
35. revistagbcbrasil.com.br 35out-nov/15
expo gbc 2015
a reaproveitamento da estrutura existente, ou
seja, retrofit. A quarta opção é a realização de
estudo de análise de ciclo de vida do edifí-
cio a fim de demonstrar uma redução efetiva
de impacto de 10% englobando temas como
mudanças climáticas, depleção da camada
de ozônio, acidificação de solo e água, eu-
trofização, formação de ozônio troposférico,
sendo que, uma das melhorias obrigatórias
é o impacto de mudanças climáticas, sen-
do necessária uma análise que vai desde a
extração da matéria-prima até as atividades
construtivas e efetivas do prédio e a opera-
ção, considerando as simulações de água e
energia”, afirmou a engenheira durante a sua
apresentação.
Último dia da 6° Greenbuilding Brasil
2015 fecha em grande estilo com o
foco na “água”
Um dos temas reservados para agenda do úl-
timo dia do evento foi a questão da gestão no
uso da água. No total foram 20 palestras que
abordaram temáticas como, consumo cons-
ciente, otimização de sistemas eficientes,
promoção de saúde e bem estar dos usuários
de edifícios, preocupação com o tratamento
da água bem como a apresentação de estra-
tégias de gestão integrada visando à redução
no consumo deste recurso.
Uma importante questão foi abordada na
apresentação da diretora técnica da Infinityte-
ch, Virgínia Sodré, sobre o atual cenário de
escassez de água, além de apresentar um
trabalho pioneiro no mercado de desenvol-
vimento urbano, o Programa Água de Valor,
onde é levada em consideração a gestão es-
tratégica do uso da água e os impactos da
utilização deste recurso englobando proces-
sos de gestão a nível micro, meso e macro do
consumo da água através de soluções inova-
doras para diversos segmentos de negócios,
desenvolvendo inclusive o primeiro plano de
gestão estratégico de água para uma incor-
poradora no Brasil.
O Greenbuilding Brasil Conferência Interna-
cional e Expo é um evento de extrema impor-
tância para disseminação deste tipo de pro-
grama. O cenário atual e futuro é de escassez,
e existe uma necessidade de ações imediatas
e permanentes para a melhoria deste cenário.
O programa Água de Valor se encaixa perfei-
tamente dentro deste cenário com a disse-
minação e a conscientização das indústrias,
construtoras e incorporadoras, promovendo
uma abordagem mais abrangente na ques-
tão da gestão da água no desenvolvimento
urbano. “Nós como, incorporadores, agentes
da área de desenvolvimento urbano, temos
um papel muito importante na cidade quanto
à preservação dos mananciais e a contribui-
ção na gestão da água, é uma questão de
sobrevivência nas cidades”, declarou Virgínia.
Outros debates importantes realizadas com
relação ao tema na agenda foram: Certifica-
ção do setor público com destaque para a
primeira creche certificado no Brasil, a Cre-
che Hassis; Redução de custo do m² com a
sustentabilidade; Gestão de demanda com
evolução e tendências; A importância de
como “esportes verdes” estão impulsionan-
do a sustentabilidade; Arquitetura e Susten-
tabilidade; Plano de Segurança da Água fo-
cando na saúde em edificações e indústrias.