1) O documento discute as tendências da construção sustentável mundial com base em um estudo recente, que aponta que a construção verde deve dobrar globalmente até 2018.
2) O estudo, realizado com mais de 1.000 participantes em 69 países, mostra que 36% dos profissionais brasileiros acreditam que mais de 60% de seus projetos serão sustentáveis até 2018.
3) A revista também aborda temas como energia renovável no Brasil, soluções de climatização em centros de distribuição e a certificação WELL no país
1. GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO 3 / Nº8 / 2016
REVISTA
VIBEDITORA
Políticas públicas trazem
ganho de escala às solu-
ções em energia solar
CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO
APRESENTAM SOLUÇÕES DE
CLIMATIZAÇÃO DIFERENCIADA
1º Registro na Certificação
WELL no Brasil: Escritório
Setri, em São Paulo
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
DOSSIÊ ESPECIAL
ENERGIAS
RENOVÁVEIS
APRESENTAM
EXPANSÃO
1º LEED CS PLATINUM NA VERSÃO 3.0
EDIFÍCIO
JACARANDÁ
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4. 4 mar-abr/16 rev/gbc/br
índice
GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO 3 / Nº8 / 2016
REVISTA
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
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EDITORIAL...............................................................> 3
COLUNA GBC..........................................................> 6
ESTUDO
WGBC TRENDS 2016.......................> 8
PROJETO DESTAQUE...........................> 16
LEED ACP..............................................................> 22
ESPECIAL
ENERGIA LIMPA
PANORAMA NO BRASIL............................................> 24
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA.....................> 28
ENOVA SOLAR.....................................................> 34
ENERGIA ZERO....................................................> 38
SOLUÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO EM
CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO.....................................> 44
PROGRAMA EDUCACIONAL...............................> 48
CERTIFICAÇÃO WELL NO BRASIL.............................> 50
POLÍTICAS PÚBLICAS EM ENERGIA SOLAR.......> 54
CPLUX: IDEIAS PARA SAIR DA CRISE..................> 60
AGENDA GBC ABR/MAI/JUN 2016.....................> 66
5.
6. 6 mar-abr/16 rev/gbc/br
coluna gbc
O
mercado da construção sustentável con-
traria toda e qualquer estimativa eventual-
mente negativa em face as consequências
da crise política e econômica que enfren-
tamos.
Uma das métricas que utilizamos para
quantificar o atendimento de metas para objetivos descritos
em nosso planejamento estratégico é o número de novos
registros de projetos LEED por mês. No primeiro trimestre
de 2016 tivemos 34 novos registros contra 24, 21 e 33, res-
pectivamente referentes aos anos de 2015, 2014 e 2013. O
começo de 2016 desponta como o segundo melhor ano da
certificação LEED no Brasil, perdendo apenas para os 64
novos projetos registrados alcançados no primeiro trimestre
de 2012.
Adicionalmente, registramos 8 novos projetos no Refe-
rencial GBC Brasil Casa, dentre eles loteamentos e condomí-
nios residenciais verticais que participarão do programa piloto.
Em termos de educação foram 7 treinamentos capaci-
tando 130 profissionais, sendo 5 na cidade de São Paulo e
2 no Rio de Janeiro. No mês de abril já estão confirmadas
turmas em Goiânia e Recife.
Os canais de comunicação do GBC Brasil com o mer-
cado, diretório de membros, revista GBC Brasil, blog, mí-
dias sociais e eventos crescem continuamente, contribuin-
do aos membros engajados, colherem ótimos proveitos no
que tange a ideia de “member value”. Mais de 3000 pro-
fissionais visitam o nosso blog e o website do GBC Brasil
possui cerca de 70000 visualizações, sendo que o tempo
de permanência de visitantes únicos é de 5 minutos.
O Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e
Expo de 2016 já possui o dobro de patrocinadores confir-
mados comparado ao ano de 2015, e o novo modelo de
gestão em parceria com o Grupo Informa e High Design
garantirá praticamente o dobro de profissionais visitantes.
De fato, nós (leia-se GBC Brasil seus membros e par-
ceiros) lideramos um movimento que há anos deixou de
ser tendência, consolidando-se em uma transformação tida
como unanimemente necessária. Cabe a nós trabalharmos
para acelerá-la. A construção sustentável continua cres-
cendo para setores diversos do mercado, assim como ini-
ciativas do Poder Público em criar políticas de fomento ao
movimento.
Alinhado com as informações acima mencionadas, te-
mos o Relatório Mundial do World Green Building Council
sobre tendências do nosso setor para os próximos anos.
Uma das curiosidades desta última pesquisa, que ocorre
a cada 3 anos, aponta a grande diminuição no número de
respondentes membros dos diferentes GBCs, de 76% para
33%, demonstrando que estamos penetrando setores di-
versos da indústria. E como resultado, destaca-se que os
36% dos profissionais e empresas no Brasil confirmaram
que até 2018 mais de 60% dos seus projetos serão verdes.
Na pesquisa anterior, divulgada em 2012, apenas 6% men-
cionaram referido comprometimento considerando o ano
de 2015 como horizonte.
Por diversos fatores, nosso movimento mantém otimis-
mo e geração de oportunidades. Aos líderes não restam dú-
vidas que construção sustentável é o caminho, onde deve-
mos investir a todo momento, e, através do Green Building
Council Brasil nós encontraremos as respostas sobre onde
e como investir.
No mês de maio reativaremos nossos Comitês Téc-
nicos para análise e discussão da certificação WELL com
foco em saúde e bem-estar, bem como o Referencial GBC
Brasil Casa para loteamentos e condomínios residenciais
verticais. Também estamos contatando todas as 800 em-
presas associadas para apresentar os detalhes do nosso
novo planejamento estratégico e discussão das atividades
presentes e futuras, além de requerer que todas contatem
o GBC para adiantarmos nossa conversa visando juntos,
insuflar a acesa chama da indústria da construção susten-
tável pátria.
Nós somos a força que rege este movimento. O poder
da transformação está nas nossas mãos.
Ótimo início de ano para
a construção sustentável.
FELIPE FARIA,
DIRETOR
Green Building Council Brasil
8. 8 mar-abr/16 rev/gbc/br
tendências
Construção verde
mundial deve dobrar
até 2018, diz estudo
de seus projetos que pretendem
certificar.
O estudo, produzido em parceria
com a United Technologies Cor-
poration, um membro do Con-
selho Consultivo Empresarial do
World GBC, e com o apoio adi-
cional do USGBC, do GBC Brasil
e da Saint-Gobain, também no
Conselho Consultivo Empresa-
rial do WorldGBC, apresenta os
resultados de mais de 1.000 par-
ticipantes da pesquisa em 69 paí-
ses - incluindo os Green Building
Councils locais e seus membros
corporativos, desde arquitetos e
empreiteiros, até os proprietários
e engenheiros.
"Este estudo nos mostra como o
movimento de construção verde
é globalmente forte e consisten-
Construção verde no mundo deverá dobrar até
2018, de acordo com um novo estudo da Dodge,
Data & Analytics e da United Technologies
Corporation, em parceria com o World Green
Building Council (WorldGBC).
O
estudo, “World
Green Building
Trends 2016
- Mercados
em Desenvol-
vimento Ace-
leram o Crescimento Global da
Construção Verde”, considera
que o percentual de empresas
que pretendem ter mais de 60%
dos seus projetos de construção
verde certificados cresce para
mais que o dobro até 2018, de
18% atualmente para 37%.
O crescimento previsto será, em
grande parte, impulsionado por
países que ainda estão se de-
senvolvendo no mercado verde,
com empresas do México, Brasil,
Colômbia, Arábia Saudita, África
do Sul, China e Índia relatando
forte crescimento no percentual
9. revistagbcbrasil.com.br 9mar-abr/16
tendências
te. No Brasil, um dos nossos mo-
vimentos motores principais são
as empresas membros do GBC
Brasil que assumiram a liderança
pró-ativa para levar a nossos am-
bientes construídos as melhores
taxas de eficiência e criar am-
bientes amigáveis e saudáveis
para os ocupantes. Para GBC
Brasil não é uma surpresa saber
que 36% das empresas esperam
certificar a maioria dos seus pro-
jetos em 2018. Percebe-se este
mesmo compromisso em nossos
treinamentos, nas salas de confe-
rências, nos comitês e em outras
iniciativas. Estamos muito con-
tentes e gratos por esse apoio”,
diz Felipe Faria, Diretor Geral do
GBC Brasil.
Este estudo segue uma edição
anterior de 2012, para o qual o
Green Building Council também
contribuiu. Para aquele estudo,
como neste, um projeto verde é
identificado como aquele que é
certificado ou construído visando
à qualificação para a certificação
no âmbito de um padrão susten-
tável reconhecido, como LEED,
BREEAM e Green Star.
Outras principais conclusões
do relatório demonstram que
a construção verde no mundo
continua a duplicar a cada três
anos. O Brasil, por exemplo,
espera um crescimento de seis
vezes no percentual de empre-
sas que pretendem certificar a
maioria dos seus projetos ver-
des (de 6% para 36%). Na Chi-
na o crescimento previsto é de
cinco vezes (de 5% para 28%).
Um crescimento de quatro vezes
“PARA GBC BRASIL
NÃO É UMA
SURPRESA SABER
QUE 36% DAS
EMPRESAS ESPERAM
CERTIFICAR A
MAIORIA DOS SEUS
PROJETOS EM 2018”
Felipe Faria,
Diretor Geral GBC Brasil
24%
39%
21%
44%
6%
36%
18%
38%
27%
61%
5%
28%
20%
52%
EUA MexicoBrasil Colômbia África do
Sul
China Índia
2015 2018
Porcentagem de entrevistados cuja empresa tem feito mais de
60% de projetos certificados
(2015 e expectativa para 2018)
18%
21%
23%
26%
12%
37%
22%
13%
8%
20%
Explorando (nenhum projeto ainda)
1% a 15% Projetos Verdes
16% a 30% Projetos Verdes
31% a 60% Projetos Verdes
Mais de 60% Projetos Verdes
Nível de Atividade de Construção Verde
(resultado global)
2015 2018
10. 10 mar-abr/16 rev/gbc/br
tendências
fundamental na entrega deste
crescimento projetado, e esta li-
derança e experiência será vital
na percepção dos muitos bene-
fícios sociais, econômicos e am-
bientais que os edifícios verdes
oferecem."
Proprietários dizem ter sentido
um aumento médio de 7% no
valor dos seus edifícios verdes
em comparação com os edifícios
tradicionais (um aumento consis-
tente entre os novos edifícios ver-
des e em retrofits).
Outro benefício amplo e global-
mente relatado são os baixos
custos operacionais. Mas cerca
de 30% dos entrevistados tam-
bém consideram que a docu-
mentação e certificação propor-
cionam garantia de qualidade,
também é esperado na Arábia
Saudita (de 8% a 32%).
Para Terri Wills, CEO do World-
GBC, este estudo oferece evi-
dência adicional sobre a força
dos cases de negócios em cons-
trução verde. “Este crescimento
é verdadeiramente um fenôme-
no global. O edifício verde está
desempenhando um papel de
extrema importância no desen-
volvimento de muitas economias
emergentes, particularmente na-
quelas cujas populações cres-
cem e criam uma necessidade
premente para que o ambiente
construído seja sustentável e
garanta uma elevada qualidade
de vida”, e ainda complementa,
"os Green Building Councils e
seus membros em todo o mun-
do irão desempenhar um papel
33%
28%
22%
13%
57%
52%
18%
10%
17%
8%
15%
11%
2015
2012
Métricas usadas para medir os benefícios dos edifícios verdes
(2012 e 2015)
Redução dos custos
de operação
Documentação e
certificação que
asseguram a qualidade
Aumento do valor de
negociação
Aumento das taxas de
ocupação
Aumento da produtividade
dos ocupantes
Aumento dos valores
de locação
Redução dos custos
de operação
após 1 ano
Redução dos custos
de operação
após 5 anos
Aumento do valor
do Edifício verde
versus um projeto
não verde
Aumento do valor
patrimonial do Edifí-
cio verde versus um
projeto não verde
Payback para inves-
timentos verdes
Construção
Nova
Retrofit
Benefícios de negócios esperados do investimento
em edifícios verdes
(Valores médios reportados em 2012 e 2015)
2015
2012
8% 9%
15% 14%
7% 8%
5% 7%
8 anos 8 anos
9% 9%
13% 13%
5% 7%
4% 7%
7 anos 7 anos
Benefícios
Setores com planos para certificação
nos próximos 3 anos
New Construction
New Construction Institucional
(escolas, hospitais, edifícios
públicos)
Retrofit (Existing Building)
Comunidades
Commercial Interiors
Brasil | Média global
47% 46%
33% 38%
47% 37%
33% 21%
22%
20%
12. 12 mar-abr/16 rev/gbc/br
tendências
educação dos ocupantes sobre
sustentabilidade que agrega va-
lor de venda, considerados como
benefícios adicionais importantes
em seus mercados.
O maior crescimento mundial de
construção verde está o setor
comercial onde quase metade
(46%) de todos os entrevistados
pretende desenvolver um proje-
to comercial verde nos próximos
três anos.
A redução no consumo de ener-
gia continua sendo a maior razão
ambiental para a construção ver-
de (selecionado como uma das
duas principais razões por 66%
de todos os entrevistados). A pro-
teção dos recursos naturais ficou
em segundo lugar a nível mundial
(37%), e a redução do consumo
de água em terceiro (31%).
"Na Saint-Gobain, trabalhamos
fortemente a cada dia para me-
lhorar a vida das pessoas e, ao
mesmo tempo, enfrentar os de-
safios globais de crescimento,
eficiência energética e proteção
ambiental. Há muito tempo es-
tamos convencidos de que a
sustentabilidade é uma grande
tendência no mercado de cons-
trução. Esse estudo do World-
GBC 2016 está nos confortando,
pois mostra que é um mercado
que deve dobrar até 2018”, afir-
ma Pascal Eveillard, Diretor da
Saint-Gobain para o Habitat Sus-
tentável.
“OS GREEN
BUILDING COUNCILS
E SEUS MEMBROS
EM TODO O MUNDO
IRÃO DESEMPENHAR
UM PAPEL
FUNDAMENTAL NA
ENTREGA DESTE
CRESCIMENTO
PROJETADO”
Terri Wills,
CEO WorldGBC
6%
31%
37%18%
8%
36%
21%
9%
2%
32%
Explorando (nenhum projeto ainda)
1% a 15% Projetos Verdes
16% a 30% Projetos Verdes
31% a 60% Projetos Verdes
Mais de 60% Projetos Verdes
Nível de Atividade de Construção Verde
no Brasil
(2015-expectativa 2018)
2015 2018
74%
26%
Brasil
Participação média de projetos verdes na atividade
de construção de edifícios
(Brasil, Colômbia e 11 outros países da América do
Sul e Caribe)
Projetos verdes
Projetos não verdes
73%
27%
71%
29%
Colômbia Outros 11 países
13.
14. 14 mar-abr/16 rev/gbc/br
tendências
“HÁ MUITO
TEMPO ESTAMOS
CONVENCIDOS
DE QUE A
SUSTENTABILIDADE
É UMA GRANDE
TENDÊNCIA NO
MERCADO DE
CONSTRUÇÃO. ”
Pascal Eveillard,
Diretor da Saint-Gobain
para o Habitat Sustentável
Redução dos custos
de operação
após 1 ano
Redução dos custos
de operação
após 5 anos
Payback para inves-
timentos verdes
Construção
Nova
Retrofit
Benefícios de negócios esperados do investimento em edifícios
verdes na América do Sul e Caribe
(Brasil, Colômbia e média dos outros 11 países)
8% 12%
20% 9%
4 anos 5 anos
12%12%
12%13%
8 anos4 anos
Benefícios
6%
13%
4 anos
12%
12%
8 anos
Brasil Colômbia Outros 11
países
Brasil Colômbia Outros 11
países
Principais motivos para futura atividade em construção verde no
Brasil, Colômbia e outros 11 países da América do Sul e Caribe
Demanda dos clientes
29%
19%
30%
12%
22%
33%
8%
33%
15%
29%
3%
15%
29%
26%
41%
20%
31%
22%
27%
22%
22%
37%
31%
19%
Demanda de mercado
Compromisso interno da
empresa
Aumento de ROI
Fazer a coisa certa
Transformações de mercado
Diminuir custos de operação
Legislação ambiental
BRASIL
COLÔMBIA
11 PAÍSES
Razões sociais mais importantes para
a construção verde
Encorajar práticas
de negócios sustentáveis
Criar um senso
de Comunidade
Aumentar a produtividade
no trabalho
Ajudar na economia
doméstica
Esteticamente
agradável
Brasil | Média global
53% 58%
26% 29%
34% 29%
24% 29%
19% 14%
Razões ambientais mais importantes
para a construção verde
Reduzir o consumo
de energia
Proteger os
recursos naturais
Reduzir o consumo
de água
Diminuição da emissão de
gases de efeito estufa
Melhorar a qualidade
interna do ar
Brasil | Média global
51% 66%
47% 37%
47% 31%
15% 24%
17% 17%
17. revistagbcbrasil.com.br 17mar-abr/16
projeto em destaque
ITETURA
INUM
Aposta em arquitetura
de alto estilo e estratégias
sustentáveis garantem
o LEED Platinum para
empreendimento na zona
sul de São Paulo
C
om um design marcante e
imponente em sinergia com
alto nível de sustentabilida-
de, o Edifício Jacarandá,
localizado na Avenida En-
genheiro Luiz Carlos Berri-
ni, região sul de São Paulo,
conquistou em janeiro deste
ano o mais alto nível da certificação interna-
cional LEED. Trata-se do primeiro edifício co-
mercial no Brasil a conquistar o nível Platinum
na versão 3.0 do LEED dentro da categoria
Core&Shell.
Impossível não impressionar-se com as cur-
vas do edifício. Sua forma arredondada reme-
te a uma percepção de leveza aos olhos, meio
a um cenário envoltório de grandes edifícios
e construções tradicionais. O que também
chama muito a atenção é a robusta facha-
da composta por vidros com a mistura das
cores levemente esverdeadas e amareladas
unindo-se um tom acinzentado mais sóbrio,
que permitem a absorção do calor e promo-
vem maior conforto térmico nos ambientes
internos, além da economia de energia.
De acordo com o arquiteto responsável pelo
projeto, Carlos Bratke, um dos aspectos de
maior valorização do edifício é a sua forma,
que conta com grandes espaços internos e
vãos estruturais. “Este formato é interessante,
pois possui uma igualdade de distância en-
tre o núcleo central e as extremidades. Caso
contrário teria uma configuração muito pesa-
da. A equidistância dos pontos centrais do
edifício que deram margem para uma condi-
ção de imagem contínua”, afirma o arquiteto.
Flávio Martins, sócio da Construtora Bratke Col-
let e engenheiro responsável pela obra, com-
plementa ainda, que o formato do edifício foi
desenvolvido devido à extensão do terreno, que
possui aproximadamente 65 metros de com-
primento, incluindo o terraço. “Uma fachada
projetada de forma tradicional, reta, transporia
a sensação de um bloco muito denso. Então,
houve a criação deste movimento em um for-
mato elíptico de tal forma que pôde suavizar
este impacto visual da fachada, o que conse-
quentemente também contribuiu para um me-
lhor sombreamento do próprio prédio”, afirma.
O edifício Jacarandá foi construído em um
terreno de 5.839m², e conta com aproxima-
damente 27.927,89m² de área construída. A
construção é composta por auditório, áreas
de serviços específicas para o prédio, setor
administrativo, segurança e vestiários. Toda
a parte de instalações e serviços como ele-
vadores, banheiros, escadas, shafts são dis-
postos na região central edifício a fim de ma-
ximizar o fluxo nas extremidades e otimizar a
ocupação da fachada pelo usuário final.
19. revistagbcbrasil.com.br 19mar-abr/16
projeto em destaque
Outra estratégia que garantiu alta eficiência
energética para o edifício foi a instalação de
vidros semiopacos de alta performance na
fachada. De acordo com o CTE (Centro Tec-
nológico de Edificações), a simulação ener-
gética apontou uma economia de energia de
22,18%, o que possibilitou 8 pontos da certi-
ficação, determinando o salto do nível Gold
da certificação, inicialmente requerida, para o
nível Platinum. As estratégias utilizadas para
a redução no consumo foram baseadas nos
parâmetros da norma ASHRAE 90.1-2007.
Água
As medidas implementadas relativas ao con-
sumo racional da água resultaram em 100%
de redução de água potável para irrigação e
redução de 20,16% com a utilização de dispo-
sitivos economizadores. O edifício conta com
tratamento e reaproveitamento de água plu-
viais, águas cinzas e também as provenientes
do dreno do sistema de ar condicionado para
fins não potáveis, como irrigação, descarga de
bacias sanitárias e mictórios, reduzindo a de-
manda de água potável do empreendimento.
Complementando estas medidas, já comu-
mente empregadas nos edifícios certificados,
houve também a implantação de lajes ajar-
dinadas e pavimentos permeáveis, onde foi
possível reduzir o escoamento pluvial em mais
de 25% onde, antes de entrar na rede pública
de drenagem, passa por filtros Vortex capazes
de remover mais de 80% do Total de Sólidos
Suspensos (TSS), contribuindo para redução
de alagamentos e enchentes na cidade. Além
disso, o paisagismo conta com plantas regio-
nais que se adaptam ao clima da região e que
não necessitam de alta demanda de irrigação,
resultando na redução do consumo de água,
ocupando 1.925 m² do terreno.
Qualidade do ar
Visando um ambiente interno de qualidade
foi desenvolvido um layout que permite aces-
so de visibilidade das paisagens externas em
todos os ambientes, oferecendo ao ocupante
o conforto e relaxamento visual que, conse-
quentemente, contribui para uma melhora da
produtividade e qualidade do ambiente inter-
no. A preocupação com a qualidade do ar se
iniciou no período de obra, através da utili-
zação de adesivos, selantes, tintas e reves-
timentos com baixa emissão de Compostos
Orgânicos Voláteis (COV), além da instalação
de equipamentos de controle de CO2 em to-
dos os ambientes internos possibilitando o
monitoramento e garantia de melhor qualida-
de do ar interno. Também houve a proibição
de fumo em todas as áreas internas do edifí-
cio e em áreas externas a menos de 8 metros
de entradas de ar, como portas, janelas e to-
madas de ar externo.
Materiais
Na seleção dos materiais utilizados na obra
foi priorizada a utilização de componentes re-
gionais e com conteúdo reciclado bem como
a opção por produtos de madeira com cer-
tificação FSC (Forest Stewardship Council).
Houve ainda um Plano de Gestão de Resí-
duos e Coleta Seletiva, o que contribui para
que 85,63% dos resíduos gerados em obra
fossem desviados de aterros sanitários.
ECONOMIA DE ENERGIA 22,18%
ECONOMIA DE ÁGUA POTÁVEL EM DISPOSITIVOS 20,16%
ECONOMIA DE ÁGUA POTÁVEL NO PAISAGISMO 100,00%
RESÍDUOS DESVIADOS DE ATERRO 85,63%
MATERIAIS COM CONTEÚDO RECICLADO 21,08%
MATERIAIS REGIONAIS 34,55%
MADEIRA CERTIFICADA FSC 100,00%
ÁREAS VERDES (% em relação à área do terreno) 36,82%
DADOS TÉCNICOS (em %):
22. 22 mar-abr/16 rev/gbc/br
desempenho
O
s ACPs - AlternativeCompliance Paths (Caminhos
Alternativos de Conformidade, em português) foram
desenvolvidos para proporcionar maiores opções e
um método mais flexível para empreendimentos de
todo o mundo, possibilitando a conformidade com
créditos do LEED, uma vez que alguns créditos uti-
lizam normas e contem exigências de difícil cumprimento fora dos Es-
tados Unidos.
Os ACPCs for South America foram criados especificamente para atender
as necessidades dos projetos LEED na América do Sul após o encontro de
representantes do GBC Brasil, GBC Chile, GBC Argentina, GBC Colômbia,
GBC Peru com o USGBC em Santiago em setembro de 2013.
Segundo a arquiteta Marcia Picarelli Davis, LEED AP BD+C, O+M e
diretora da Novva Solutions, o LEED 2009 BD&C ACPs for South Ameri-
ca foi desenvolvido para os sistemas Building Design and Construction
(Novas Construções e Reformas) para edifícios comerciais e edifícios
institucionais, empreendimentos Core and Shell (Envelope e Áreas Co-
muns), e Schools (Escolas) especificamente para empreendimentos na
América do Sul. “Os ACPs globais se aplicam a todos os empreendi-
mentos, independentemente de sua localização, embora alguns só es-
tejam disponíveis para aqueles fora dos EUA. Eles também podem ser
aplicados de acordo com o empreendimento com base em sua viabili-
dade, não sendo obrigatórios para nenhum empreendimento”, afirma.
Para que um ACP seja aprovado, ele passa pelo LEED International
Caminhos alternativos
para os créditos do
LEED
ACPs asseguram que a certificação LEED siga o mesmo
nível de excelência em todo o mundo
Roundtable (Mesa Redonda Internacional LEED), um grupo consultivo
do Green Building Council que representa 40 países, que discute as
barreiras técnicas encontradas em seus respectivos mercados, para
assim propor a criação de ACPs. ”Nesse grupo são discutidas várias
questões da Certificação LEED como a criação de ACPs ou a definição
dos créditos de Prioridade Regional, dentre outros”, garante Marcia.
Além disso, o trabalho tem o intuito de reforçar a orientação internacio-
nal da certificação LEED, visando tornar este sistema mais eficaz em
nível global.
De acordo com Felipe Faria, diretor do GBC Brasil, “a ideia é manter
a consistência da ferramenta de certificação LEED presente em 153
países, sendo flexível através de normas técnicas locais, tornando-o ao
mesmo tempo local, regional e global. O GBC Brasil lidera o número de
ACPs criados graças à larga experiência e disposição dos profissionais
voluntários”.
“Concentrando-se em normas e soluções globais, estes caminhos al-
ternativos de cumprimento fazem do LEED cada vez mais flexível e
garantem uma linguagem comum para todos os greenbuildings.” Scott
Horst, Vice Presidente, LEED, USGBC
Após rigorosa análise técnica das normas e práticas locais, os seguintes
créditos LEED receberam ACPs para empreendimentos na América do Sul:
LEED ACP
Por Bruna Dalto
23. revistagbcbrasil.com.br 23mar-abr/16
desempenho
SSc4.3 - Transporte Alternativo – Baixa Emissividade e
Veículos de Combustível Eficiente
Objetivo: Reduzir os impactos da poluição e de desenvolvimento
da terra pelo uso do automóvel.
Empreendimentos na América do Sul podem agora usar os programas
governamentais brasileiros como o INMETRO e IBAMA para determinar
se um veículo é classificado como de baixa emissão ou baixo consu-
mo de combustível. Estes programas produziram uma lista de veículos
classificados como sustentáveis, que representa de maneira mais pre-
cisa em termos de eficiência, emissividade e consumo dos veículos
disponíveis na América do Sul em relação ao que era fornecido nas
exigências do crédito original.
EAc6 - Green Power
Objetivo: Estimular o desenvolvimento e uso de fontes de energia
com base líquida zero de poluição e tecnologias de energia renovável.
Empreendimentos na América do Sul podem usar agora o Certificado
de Energia Renovável brasileiro, uma iniciativa da ABBEólica – Associa-
ção brasileira de energia eólica, e da ABRAGEL – Associação brasileira
de energia limpa, em parceria com o Instituto Totum. Este ACP permite
a empreendimentos na América do Sul comprarem energia verde pro-
duzida localmente, ao invés de RECs (Renewable Energy Certificates)
de energia verde produzida nos EUA. Isso estimula ainda mais o inves-
timento em tecnologias de energia verde na América do Sul.
O regulamento do Programa de Certificação em Energias Renováveis
também prevê a possibilidade de comercializar e/ou transferir certifi-
cados aos consumidores da energia elétrica gerada por estas usinas
certificadas. Deste modo, é possível adquirir o número determinado de
selos de acordo com o consumo energético aferido da planta consu-
midora que pode ser representada por uma indústria, condomínio resi-
dencial, ou ainda prédio comercial.
A primeira empresa no Brasil a buscar a certificação LEED, utilizan-
do o Programa de Certificação em Energia Renovável foi o Citibank,
com sua agência inteligente na avenida Nova Faria Lima, em São Paulo
(SP), conhecida como Flagship Faria Lima, que adquiriu 244 certifica-
dos, equivalentes ao uso de 244 MWh de energia renovável certificada,
o que equivale ao consumo energético da agência por dois anos.
Segundo Elbia Ganoum, presidente da ABEEólica “entre os principais
benefícios da utilização do Programa de Certificação estão incentivar
as fontes renováveis complementares e obter uma acreditação que
ateste que foram respeitados aspectos socioambientais relevantes nas
etapas de construção e operação de um empreendimento. Assim, o
gerador adquire a possibilidade de comercializar certificados para seus
clientes (novo mercado de negócio) e também possibilita a diferencia-
ção no mercado de um produto.
“CONCENTRANDO-
SE EM NORMAS E
SOLUÇÕES GLOBAIS,
ESTES CAMINHOS
ALTERNATIVOS DE
CONFORMIDADE
FAZEM DO LEED
CADA VEZ MAIS
FLEXÍVEL E
GARANTEM UMA
LINGUAGEM COMUM
PARA TODOS OS
GREENBUILDINGS.”
Scott Horst,
Vice Presidente,
LEED, USGBC
24. 24 mar-abr/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
E
nergia limpa é um dos temas de
maior relevância na atualidade
brasileira. A necessidade em
gerar energia através de fontes
renováveis se tornou imprescin-
dível para o suprimento das de-
mandas energéticas. De acordo
com o Ministério de Minas e Energia (MME)
as fontes renováveis contribuem para a diver-
sificação da matriz elétrica, além de estarem
usualmente relacionadas a projetos menos
impactantes do ponto de vista ambiental.
Grande parte das fontes renováveis é obtida
sem a emissão de gases de efeito estufa, o
que contribui com a estratégia brasileira para
atingir as metas de redução de emissões
desses gases, conforme a Política Nacional
sobre Mudança do Clima (PNMC).
Segundo o Plano Decenal de Expansão de
Energia (PDE – 2024), ao final de 2015, as
energias renováveis representavam 42,5% de
toda a matriz energética brasileira, com des-
taque para o crescimento das fontes alterna-
tivas à geração hidrelétrica, como a eólica,
solar e biomassa. “Em dez anos, esse tipo
de energia renovável cresceu 30%, passando
de 2,8% de toda a oferta de energia interna
em 2004 para 4,1% em 2014”. Na matriz tam-
bém incluem, por exemplo, o petróleo e seus
derivados, como a gasolina, e o gás de co-
zinha. “Esse cenário faz parte da política do
Ministério de diversificação da matriz energé-
tica brasileira, que considera uma forma mais
eficiente do uso de recursos naturais do pla-
neta”, explica o secretário de Planejamento
Energético do MME, Altino Ventura.
A diversificação da matriz energética bra-
sileira é fundamental para as potenciais
crises de energia que o país atravessa, diz
w(Associação Brasileira de Energia Eólica).
Segundo ela, nenhum país pode ter uma ma-
triz energética baseada apenas em uma úni-
DOSSIÊ ESPECIAL
ENERGIA LIMPA
26. 26 mar-abr/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Crescimento da energia solar
através da geração distribuída
A energia solar garante um potencial energé-
tico muito alto no Brasil, pois há uma gran-
de incidência de luz solar durante a maior
parte do ano, que atualmente se desenvolve
também de uma forma sustentável, verifica-
-se este desenvolvimento através da utiliza-
ção de placas fotovoltaicas nas construções
atuais brasileira, cujo objetivo é, além da
preservação do meio ambiente, evitando o
uso de energia da matriz energética, mas
também focando na economia e retorno fi-
nanceiro para investidores desta tecnologia.
A irradiação no Brasil é muito melhor do que
em outros países. Pegando exemplo de paí-
ses como Alemanha, Japão, Estados Unidos,
China, que são os países que mais estão
usando esta tecnologia, a irradiação solar é
pelo menos 30% menor do que no Brasil, ga-
rante Márcio Takata, sócio-diretor da Enova
Solar e professor do curso de Energias Reno-
váveis do Green Building Council Brasil.
Em dezembro de 2015, o Ministério de Mi-
nas e Energia (MME) lançou o Programa de
Desenvolvimento da Geração Distribuída
de Energia Elétrica (ProGD), para ampliar e
aprofundar as ações de estímulo à geração
de energia pelos próprios consumidores,
com base nas fontes renováveis de energia
(em especial a solar fotovoltaica). O Progra-
ma pode movimentar pouco mais de R$ 100
bilhões em investimentos, até 2030. “A gera-
ção distribuída traz benefícios para o consu-
midor e para o setor elétrico, o que reduz a
necessidade de estrutura de transmissão elé-
trica e evita perdas. Até 2030, 2,7 milhões de
unidades consumidoras poderão ter energia
gerada por elas mesmas, entre residência,
comércios, indústrias e no setor agrícola, o
que pode resultar em 23.500 MW (48 TWh
produzidos) de energia limpa e renovável, o
equivalente à metade da geração da Usina
Hidrelétrica de Itaipu. Com isso, o Brasil pode
evitar que sejam emitidos 29 milhões de to-
neladas de CO2
na atmosfera”, afirma MME.
De acordo com a Agência Nacional de Ener-
gia Elétrica (Aneel), o Sistema de Compen-
sação de Energia Elétrica, instituído pela
Resolução Normativa nº 482/2012, é um dos
avanços no setor e tem crescido expressi-
vamente desde as primeiras instalações,
em 2012. Entre 2014 e 2016, os registros de
adesões ao modelo de geração distribuída
quadruplicaram, e com a revisão da norma,
que simplificam procedimentos de registro, a
estimativa é que até 2024 mais 1,2 milhão de
consumidores passem a produzir sua própria
energia, o equivalente a 4,5 gigawatts (GW)
de potência instalada.
Brasil em 1° lugar no grupo da
BRICS com participação de ener-
gia renovável na matriz
No cenário internacional, o Brasil tornou-se o
4º país no ranking mundial de expansão de
potência na energia eólica em 2014, e subiu
cinco posições no ranking mundial de capa-
cidade instalada. Agora, ocupa o 10º lugar
em geração, tendo sido o 15º em 2013.
O Brasil também é o país com a maior par-
ticipação de energia renovável na matriz de
geração elétrica dentro do grupo conhecido
como BRICS, que inclui também Rússia, Ín-
dia, China e África do Sul. De acordo com
o relatório “Energia no Bloco dos BRICS”
(agosto de 2015), as fontes renováveis repre-
sentaram 73% da geração de energia elétrica
do país, em 2014. Nos demais países do gru-
po, este percentual varia de 2% (no caso da
África do Sul) a 22%, na China.
Já em novembro de 2015, conforme apresen-
ENERGIA LIMPA
este é um cenário virtuoso de crescimento. “É
um cenário favorável para o futuro, pois a fon-
te eólica é, atualmente, a segunda fonte de
energia mais competitiva do país, é a fonte de
energia mais abundante”, destaca.
Considerando que o Brasil tem pouco poten-
cial hidrelétrico para explorar, a fonte eólica se
tornou a segunda fonte mais importante. Em
2014 o Brasil tornou-se o segundo país mais
atrativo em geração de energias renováveis,
ficando atrás somente da China. “Atualmen-
te, o Brasil possui uma potência instalada de
mais de 8 GW, representando quase 6% da
geração de energia total da matriz brasileira.
As outras fontes que possuem participação
relevante são as hidrelétricas, que possui o
primeiro lugar em geração de energia, com
65%, termelétricas com 9,9% e biomassa,
representando 9,5% da geração de energia
total da rede”, explica Elbia Ganoum. “Com
o crescimento de instalação dos parques
eólicos e leilões, a previsão é que a energia
eólica seja a segunda maior fonte de geração
de energia até 2020.”
O foco de uma das conferências mais im-
portantes do mundo é a redução de CO2
na
atmosfera, que mobilizou centenas de países
a se reunirem por um bem maior, a preserva-
ção do meio ambiente e condições climáti-
cas drásticas em que o planeta se encontra.
A energia eólica é uma aliada importante no
processo de redução de emissões de CO2
.
Segundo informações da ABEEólica, a gera-
ção de energia eólica contribuiu para redução
de 6 milhões de toneladas de CO2
em 2015,
considerando os parques instalados no ano.
Para cada GW instalado há uma redução de
1,8 milhões de CO2
evitados. “A perspectiva
de instalação para o ano de 2016 é de 11 GW
de potência, o que evitará cerca de 20 milhões
de toneladas de CO2
lançados na atmosfera”,
analisa a presidente da associação.
29. revistagbcbrasil.com.br 29mar-abr/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Geração distribuída em edifica-
ções
A geração distribuída se tornou um mercado
competitivo para os grandes e adensados
centros urbanos do país. O consumidor pode
gerar sua própria energia através da utiliza-
ção de sistemas solares fotovoltaicos nos te-
lhados ou fachadas de edifícios, o que dimi-
nui sua demanda por eletricidade da rede de
distribuição. A característica mais marcante
deste tipo de geração é a possibilidade deste
consumidor fornecer energia limpa e renová-
vel para a matriz elétrica do país, ao mesmo
tempo em que economiza dinheiro, incentiva
a geração de novos empregos e negócios na
sua região, ajuda na proteção ambiental e
ainda contribui para o desenvolvimento sus-
tentável do país rumo a uma economia de
baixo carbono.
A resolução normativa nº 482 da ANEEL
(Agência Nacional de Energia Elétrica), insti-
tuída em abril de 2012, divide a geração dis-
tribuída em dois tipos, a micro e minigeração
de energia. Com a revisão desta normativa
através da resolução nº 687 da ANEEL, de
novembro de 2015, as faixas de potência
nominal foram ajustadas de 100 kW para 75
kW para microgeração, ao passo que a mini-
geração teve sua potência nominal ampliada
para a partir de 75 kW e até 5 MW. A revisão,
qualificada como histórica por especialistas
do setor, deve promover uma ampliação ex-
ponencial no mercado de micro e minigera-
ção ao longo dos próximos anos. Além disso,
a revisão 687/2015, que entrou em efeito a
partir de 1º de março de 2016, trouxe uma
série de aprimoramentos estratégicos para
incentivar a geração distribuída em residên-
cias e edifícios de todo o país.
Ao final de 2012, o Brasil possuía apenas três
sistemas de micro e minigeração instalados
e em 2013 este número aumentou 25 vezes,
chegando a um total de 75 sistemas instala-
dos em todo país. No ano de 2014, os siste-
mas implantados deram um salto para 423
projetos. De 2014 para 2015 o crescimento de
sistemas implantados foi de impressionantes
308% no segmento de micro e minigeração,
atingindo a marca de 1731 sistemas. Atual-
mente são mais de 1.900 sistemas instalados
no Brasil, segundo dados da ANEEL, sendo
que mais de 96% de todos os sistemas são
da fonte solar fotovoltaica, a maioria em resi-
dências e pequenos comércios.
“Podemos dizer que a energia solar foto-
voltaica é a tecnologia líder de mercado no
segmento de micro e minigeração distribuí-
da, em especial por ser a mais abundante do
país, de fácil instalação e operação. A nossa
expectativa para o ano de 2016 é de que este
segmento cresça ainda mais fortemente do
que no ano de 2015. A resolução normativa
687/2015 incorporou uma série de aprimo-
ramentos regulatórios favoráveis ao desen-
volvimento da micro e minigeração do Bra-
sil”, afirma Rodrigo Sauaia. “Essa resolução
posicionou o país na vanguarda, como uma
referência internacional na área de promoção
à geração distribuída a partir de fontes reno-
váveis”, complementa.
De acordo com Rodrigo Sauaia, qualquer
empresa ou residência pode se tornar uma
geradora de energia limpa e renovável, bas-
tando para isso possuir um telhado adequa-
do para a instalação de um sistema solar
fotovoltaico. Um exemplo exposto pelo presi-
dente executivo da ABSOLAR são as empre-
sas comerciais e de serviços que não operam
aos finais de semana. Neste caso, a empre-
sa gera energia diariamente com o sistema
solar fotovoltaico, porém consome a energia
apenas durante os dias úteis semana. Ainda
assim, enquanto a unidade não está em ope-
ração, a energia gerada é injetada na rede de
distribuição, ajudando a atender a demanda
do bairro e da região. Este processo, além de
contribuir com o meio ambiente, através da
redução da demanda de eletricidade gerada
por combustíveis fósseis, diminui as perdas
do sistema elétrico nacional. No Brasil estas
perdas chegam a representar quase 15%
da demanda total de eletricidade, segundo
dados oficiais EPE, e são ocasionadas pelo
transporte da energia elétrica por milhares
de quilômetros através das linhas de trans-
missão e na distribuição. “Podemos reduzir
essas perdas quando geramos a energia de
forma distribuída e próxima do ponto de con-
sumo, o que aumenta a eficiência técnica e
econômica da matriz elétrica nacional, redu-
zindo custos e aumentando a competitivida-
de das empresas brasileiras”, explica.
Compensação de energia elétrica
A resolução normativa nº 482/2012 da ANEEL
estabeleceu também o Sistema de Compen-
sação de Energia Elétrica, que permite a ge-
ração de créditos pela unidade consumidora
com micro ou minigeração. O mecanismo
simplificou a conexão da geração distribuída
à rede de distribuição de energia elétrica e
Fotos:Divulgação
30. 30 mar-abr/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
permitiu que a produção de energia exceden-
te seja repassada à matriz, gerando “crédi-
tos de energia”, válidos por 60 meses. Estes
créditos podem ser posteriormente utilizados
para abater a demanda desta unidade consu-
midora, ou ainda de outras unidades consu-
midoras da mesma pessoa ou empresa.
De acordo com Márcio Takata, sócio-diretor
da Enova Solar e professor do curso de Ener-
gias Renováveis do Green Building Council
Brasil, o sistema de compensação de energia
é um avanço muito importante da normativa.
“A geração de energia solar fotovoltaica em
condomínios verticais é um grande desafio,
pois geralmente na há área suficiente que
permita geração de energia para todos os
condôminos, geralmente a quantidade de
energia gerada acaba atendendo somente
as áreas comuns dos edifícios. Mas com a
revisão da norma, abriram-se possibilidades
para o setor, pois é possível instalar o siste-
ma fotovoltaico em um local de maior área,
maximizando a geração desta energia, além
de proporcionar que esta energia seja utiliza-
da em outro imóvel, desde que este seja do
mesmo proprietário. Com isso o mercado de
gerado de distribuída tende a cresce muito
nos próximos anos”, destaca.
O cliente pode usufruir deste benefício abaten-
do o seu consumo na proporção de 1 kWh de
energia gerada para 1 kWh de energia consu-
mida. Esse modelo é chamado de medição
líquida e conhecido internacionalmente como
net-metering. Com ele, evitam-se os custos de
armazenamento a energia elétrica gerada, que
é repassada à rede para consumo imediato e
eficiente. Desta forma, o país otimiza a gera-
ção de energia para atender a demanda, pois
o próprio consumidor contribui para a geração
de parte da energia elétrica que o Brasil preci-
sa, além de contribuir para a preservação dos
níveis dos reservatórios das hidrelétricas.
Geração compartilhada
Um novo modelo de geração de energia elé-
trica inovador segundo Rodrigo Sauaia e,
que alavanca o desenvolvimento do setor é
a chamada geração compartilhada, estabe-
lecida pela resolução normativa nº 687/2015.
Ela funciona como um tipo de “compra cole-
tiva” de energia solar fotovoltaica. Este novo
modelo, com potencial de geração de novas
oportunidades de negócios, poderia ser uti-
lizado também junto a certificações susten-
táveis, qualidade construtiva, redução de
impactos ambientais, mesmo em empreen-
dimentos que não possuem espaços fisica-
mente projetados para comportar sistemas
de geração de energia.
Através da geração compartilhada, consu-
midores de todos os tipos podem se reunir
e investir em conjunto em um sistema solar
fotovoltaico único e de porte maior. Com
isso, é possível reduzir custos com o ganho
de escala, tornando a energia solar fotovol-
taica mais barata aos consumidores. “A ideia
deste novo modelo é dinamizar e criar novas
oportunidades e modelos de negócios para
a participação da população brasileira na
geração distribuída a partir de fontes renová-
veis. A nossa expectativa é de que a energia
solar fotovoltaica seja uma das principais
fontes deste modelo, pelo interesse que a
população tem. As análises de opinião públi-
ca apontam que mais de 80% da população
brasileira apoia e se interessa por energia so-
lar fotovoltaica, o que favorece a integração
desta fonte na nossa sociedade”, destaca o
presidente executivo da ABSOLAR.
Financiamentos e redução de im-
postos para a cadeia produtiva
Atualmente existe uma série de linhas de finan-
ciamento destinados à instalação de sistemas
solares fotovoltaicos em edificações. Alguns
exemplos, incluem o BNB (Banco do Nordeste),
que possui a linha de financiamento FNE Ver-
de; o BNDES, que disponibiliza financiamentos
para empresas com interesse em investir em
projetos de sustentabilidade e podem ser uti-
lizados tanto para eficiência energética quanto
para geração de energia renovável, bem como
oportunidades específicas de financiamento via
agências e bancos estaduais, a exemplo dos
Estados de São Paulo, Goiás e Pernambuco.
Outros financiamentos voltados para o seg-
mento são as linhas PROGER e PROGER Tu-
Solarfotovoltaica
Biogás
Biomassa
Eólica
Hidráulica
Solar/Eólica
TOTAL
Potência Total Instalada (kW)
18.000
16.000
14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
13.383 951 1.000 121 829 281 16.565
ENERGIA LIMPA
Solarfotovoltaica
Biogás
Biomassa
Eólica
Hidráulica
Solar/Eólica
TOTAL
Número de conexões por fonte
1.800
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400
200
0
1.675 6 1 33 2 14 1.731
Fonte ANEEL
Fonte ANEEL
Fotos:Divulgação
31. revistagbcbrasil.com.br 31mar-abr/16
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32. 32 mar-abr/16 rev/gbc/br
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ENERGIA LIMPArismo, a primeira com foco em pequenas e
médias empresa, e a segunda voltada para o
segmento de construções hoteleiras, ambos
os programas são oferecidos pelo Banco do
Brasil. Nas linhas Producard e Construcard
da Caixa Econômica Federal, foi também in-
corporada a energia solar fotovoltaica, a partir
de 2014. A Caixa Econômica Federal também
possui linha CAIXA BCD – Pessoa Jurídica –
Eco Eficiência, que possui foco nas peque-
nas e médias empresas.
Segundo Sauaia, ainda existem as linhas de
financiamento através do BNDES (Banco Na-
cional de Desenvolvimento Social), que foca
em equipamentos nacionalizados, bem como
linhas através de bancos de fomento e fundos
estaduais, além das várias oportunidades em
bancos privados. “Já existem várias oportuni-
dades disponíveis, incluindo bancos privados,
que também investem em soluções no setor
fotovoltaico” explica Rodrigo Sauaia.
Apesar de diversas linhas de financiamento
disponíveis para o segmento, Sauaia salienta
que muitas opções ainda não estão alinhadas
com as características de um projeto de lon-
go prazo, como um sistema solar fotovoltaico.
Para tanto, é necessário levar em considera-
ção o baixo risco que um sistema como este
traz ao longo dos anos. “Recomendamos aos
entes financeiros que o produto financeiro em
projetos deste tipo tenham entre oito e 12 anos
de prazo de amortização, o que já é aplicado
pelos bancos públicos. Além disso, deve-se
levar em consideração que o sistema fotovol-
taico é um equipamento de baixo risco, que
opera robustamente por 25 anos e as taxas de
financiamento precisam refletir esta caracterís-
tica. Isso ainda não está aparecendo, pois os
juros são muito elevados”, destaca.
Questões tributárias também são barreiras
para o crescimento do setor solar fotovoltai-
co, devido aos impostos ainda elevados para
este setor no Brasil, muito superior à carga
tributária sobre equipamentos de outras fon-
tes renováveis. De acordo com Sauaia, “a
tributação faz toda a diferença. É uma forma
de reduzir o preço médio da energia solar e
aumentar sua competitividade de inserção na
matriz elétrica brasileira. Buscamos igualda-
de, sem prejuízo às demais fontes”, diz.
Nesse tem também avanços importantes,
com a isenção de tributos federais, como PIS
e COFINS, que não incidem mais sobre a mi-
cro e minigeração de energia. Com o aumen-
to da tarifa de energia elétrica no país, combi-
nado com a redução no custo da tecnologia,
que teve uma queda de cerca de 70% e 80%
nos últimos 10 anos no mundo, a energia
solar fotovoltaica se tornou economicamen-
te atrativa para os diferentes segmentos no
país. “O benefício não fica só na geração de
energia, mas também para as empresas que
investem na obtenção de um selo, como o
LEED do Green Building Council, pela sinali-
zação junto à sua marca do reconhecimento
e engajamento com temas ambientais e de
sustentabilidade, além do impacto visual po-
sitivo trazido por um sistema solar fotovoltai-
co, além, é claro, da economia com a energia
elétrica”, argumenta Sauaia.
Desenvolvimento social e capaci-
tação profissional
A expectativa do setor é que com o desenvolvi-
mento da energia solar fotovoltaica, o Brasil gere
uma média de entre 25 a 30 empregos por MW
instalado por ano. A previsão é que sejam ins-
talados 3.300 MW de energia solar fotovoltaica
até 2018, em uma média de pelo menos 1.000
MW por ano, o que corresponderia a cerca de
30 mil novos empregos gerados pelo setor. Ou-
tra área importante é a formação profissional.
Segundo Sauaia, o Brasil já tem profissionais
com níveis técnico e superior voltados para a
área de engenharia elétrica, mas muitos ainda
não conhecem as especificidades da energia
solar fotovoltaica. Por isso, é preciso trabalhar
essas especificidades através de cursos de for-
mação, aprofundamentos e parcerias acadêmi-
cas. “A capacitação é um tema importante para
o avanço do setor, mas é um tipo de trabalho
que uma associação não faz sozinha, mas com
parceiros, com universidades, escolas técnicas,
SENAI, centros de formação, agências e entida-
des do governo, entre outras”, conclui.
Perspectivas que vão além dos
compromissos
Um dos grandes acontecimentos em prol da
sustentabilidade do planeta ocorreu em Pa-
ris, no final de 2015, com a COP21. As me-
tas estabelecidas pelo Brasil em relação ao
setor elétrico, são que o Brasil deverá gerar
pelo menos 23% de sua demanda elétrica
até 2030 a partir de fontes renováveis não-
-hídricas, como, biomassa, eólica e solar. A
energia solar fotovoltaica é um eixo importan-
te desta meta, com a perspectiva de repre-
sentar mais de 7% da matriz elétrica nacional.
Apesar destes objetivos oficiais, Sauaia res-
salta que as expectativas do setor vão além
dos compromissos firmados. “Acreditamos
que o Brasil reúne as condições necessá-
rias para não apenas atingir, como também
superar estas metas, em especial devido ao
enorme potencial de fontes renováveis que
o país possui. Por isso, entendemos que o
Brasil pode inclusive ousar mais, realizando
um trabalho de aceleração do uso de suas
renováveis não-hídricas, ajudando inclusive a
substituir parte da demanda de termelétricas
muito poluentes e com custos elevados”, afir-
ma. Segundo ele, a sinalização do Ministério
de Minas e Energia é de buscar substituir em
torno 15 mil MW das termelétricas mais anti-
gas e caras, localizadas nas regiões nordeste
e norte do Brasil, por energias renováveis nos
próximos anos.
Para o presidente executivo da ABSOLAR, a
COP21 foi um primeiro passo de um trabalho
mais amplo e abrangente que deverá ser de-
senvolvido ao longo das próximas décadas.
Sobretudo, foi uma sinalização muito impor-
tante por parte dos mais de 190 países que
estiveram reunidos aprovando, em comum
acordo, essa meta internacional de transição
para uma economia de baixo carbono e para
a mitigação dos efeitos mais adversos das
mudanças climáticas. “Neste âmbito, expec-
tativa do setor solar fotovoltaico é de contri-
buir com os governos ao redor do mundo na
transformação da matriz energética global. A
energia solar fotovoltaica é parte estratégica
desta solução, contribuindo para atingirmos
as nossas metas de redução de emissões
de gases efeito estufa, trazendo geração de
renda, empregos de qualidade, uso de tecno-
logias cada vez mais eficientes, bem como,
geração de valor econômico com sustentabi-
lidade e consciência ambiental”, finaliza.
34. 34 mar-abr/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
D
ando exemplo não somente através da teoria, a
Enova Solar dissemina na prática o conceito e
a importância do desenvolvimento de projetos
solares fotovoltaicos para geração de energia
limpa. A empresa especializada em soluções,
serviços e capacitação na área de energia solar
tem como premissa enraizada em seus valores
ações como o compartilhamento de informações do setor através da
capacitação profissional.
Comprovando que o exemplo é um dos melhores meios de inserção
do aprendizado na sociedade, a empresa tem instalado em sua sede
o próprio sistema fotovoltaico que gera maior parte da energia consu-
mida, e tem expectativa de começar a injetar o excedente de energia
gerada na rede em um curto prazo. “Esse esquema de utilização de
energia solar é muito interessante, que é o conceito de geração dis-
tribuída, na qual você pode gerar energia no seu próprio local, casa,
empresa, injetar essa energia quando ocorre um excedente, além de
utilizar este crédito”, afirma Márcio Takata, diretor da Enova Solar.
Com o foco em consultoria e capacitação profissional, a Enova
Solar, busca fornecer a seus parceiros as ferramentas necessárias
para o desenvolvimento de projetos solares através de treinamen-
tos, workshop, cursos de capacitação alinhando conceitos teóricos
e práticos. Além disso, a empresa oferece consultoria para o desen-
volvimento de sistemas fotovoltaicos no segmento de geração distri-
buída e projetos de porte, como as usinas voltadas para o segmento
de geração centralizada.
Esta consultoria abrange estudos de viabilidade, levantamento de po-
tencial de geração solar, estudos de conexão de rede, elaboração de
projetos e comissionamento. De acordo com Márcio Takata, existe
uma escassez de conhecimento muito grande no setor e precisa ser
abastecida, por este motivo a empresa fornece o Know How necessá-
rio para o desenvolvimento do setor solar fotovoltaico.
Márcio ressalta a importância da disseminação de conteúdo com
transparência, apresentando ao mercado as novas tecnologias,
operações dos projetos, informações sobre a evolução e cenário no
setor através de cursos e treinamentos, ou seja, transmitir o conhe-
cimento que as empresas e clientes precisam para desenvolverem
seus próprios projetos. Só em 2015 a Enova Solar capacitou cerca
de 580 profissionais, entre engenheiros, arquitetos e até mesmo em-
preendedores. Segundo ele, em 2016 as expectativas vão além, com
pelo menos 750 profissionais capacitados presencialmente. “Ajuda-
mos as empresas entenderem quais são os caminhos. Este é o nos-
so papel aqui, o compartilhamento de conhecimento. É um tema que
tratamos com muito carinho”, enfatiza.
Outra novidade e um avanço em relação à acessibilidade à capacita-
ção profissional é a ferramenta de ensino a distancia oferecida pela
empresa, com previsão para lançamento nos próximos dois meses,
que contribuirá para alcançar o mercado em maior escala de profis-
sionais. “Entendemos que este compartilhamento de conhecimento
e experiências é algo muito significativo para o aquecimento do setor
fotovoltaico, é o início de um relacionamento com os clientes e em-
presas iniciantes neste mercado”, esclarece Takata.
Para o diretor da Enova Solar, entidades e associações de fomento
são fundamentais para disseminar este conhecimento e potencializar
os procedimentos adequados nos projetos de geração de energia re-
novável. Em especial, o GBC Brasil tem como base a educação e capa-
citação profissional, pilar fundamental na trajetória da entidade no país.
Além do setor solar fotovoltaico, a Enova Solar vem trabalhando mui-
to com a parte de capacitação profissional de uma nova tecnologia
chamada CSP (Concentraited Solar Power), que gera energia solar
ENOVA SOLAR: Compartilhando
conhecimento e experiências
Com um Know How impressionante no setor fotovoltaico,
a Enova Solar contribui para o crescimento do setor solar
fotovoltaico através de capacitação profissional
ENERGIA LIMPA
35. revistagbcbrasil.com.br 35mar-abr/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
através de uma grande concentração de calor direcionada através de
espelhos para um ponto central do sistema. “Formamos a primeira
turma de capacitação no sistema CSP em fevereiro, no Brasil, foram
18 engenheiros que se especializaram nesta tecnologia. Importante
ressaltar que esse Know How também vem do apoio de profissionais
da Alemanha, país que possui vasta experiência em capacitação do
pessoal para este tecnologia”.
Renovável não quer dizer sustentável
A nossa matriz, embora renovável, devido a maior parte de geração de
energia ser proveniente das hidrelétricas, não significa necessariamen-
te que se trata de uma fonte sustentável de energia, segundo diretor
da Enova Solar. Para ele é preciso, de fato, mudar a matriz energética
brasileira e, de uma forma muito rápida diversificar os recursos. “A fon-
te hidrelétrica continuará sendo extremamente importante para o país.
É uma característica que está em nosso DNA. Por outro lado, não se
pode concentrar 70% da geração em uma única fonte, pois é só parar
de chover um pouco que já começamos a ficar preocupado”, alerta.
De acordo com Takata, a sociedade começa a entender a importân-
cia da geração distribuída da energia solar, e que esta diversificação
dos recursos é fundamental para atingir maior grau de sustentabili-
dade e segurança para a matriz energética brasileira. Por isso, várias
medidas que estão sendo tomadas, começou na Resolução Norma-
tiva n° 482/12, que definiu os critérios de conexão a rede, e vem se
desenvolvendo ainda mais com a nova revisão da normativa.
Energia solar no Brasil e no mundo
O Brasil possui um potencial muito favorável para geração de energia
solar. Segundo Márcio Takata, o nível de irradiação em nosso país é
no mínimo 30% melhor do que em outros países. Mas, apesar des-
ses países possuírem pouco recurso solar, já estão muito à frente do
Brasil em relação ao desenvolvimento da geração de energia solar
fotovoltaica. O diretor da Enova Solar explica que o motivo pelo qual
o mercado brasileiro ainda não avançou neste sentido, apesar de
sua capacidade de alta irradiação em praticamente todo o país, é
que o tema ainda e muito jovem.
A Alemanha está neste mercado há mais de 20 anos, e vem trabalhan-
do não somente a questão da energia solar, mas o conceito de gera-
ção distribuída. Outro país que se destaca em relação à energia solar
é a China, que detém um quarto das instalações fotovoltaicas mundial,
contando com as novas instalações. Japão e Estados Unidos também
vêm crescendo fortemente no setor, pois são países que já trazem em
sua cultura a ideia de gerar sua própria energia. “É uma tecnologia
mais sustentável, epermite menores volumes de perdas devido à gera-
ção de energia ocorrer próximo ao local de consumo, isso representa
uma maior independência de outras fontes, sobretudo nesses países,
que a fonte de geração é fóssil, extremamente poluente. Então, são
alguns fatores que fizeram eles começarem antes”, destaca.
Apesar de um mercado ainda pequeno, o Brasil possui um poten-
cial gigantesco, que atrai, mundialmente, o interesse de fabricantes
e empresas do setor. Isso contribui para a geração e parceria de
negócios entre empreendedores e corrobora cada vez mais para o
aquecimento do setor fotovoltaico no país.
Fotos:DivulgaçãoEnovaSolar
Treinamento e capacitação na Enova Solar
37. revistagbcbrasil.com.br 37mar-abr/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
A
capacitação profissional qualificada vem se tornando
requisito cada vez mais forte quando se fala em sus-
tentabilidade. O diferencial do profissional que possui
qualificações específicas para construção de edifícios
verdes é cada vez mais valorizado pelas empresas in-
vestidoras no setor da construção civil. Profissionais
do setor estão atentos a esta demanda e procuram se especializar
assumindo o compromisso de projetar e construir cada vez melhor e
com maior eficiência.
Um dos temas que vem se evidenciando no setor da construção civil
brasileira é a utilização de geração de energia através de fontes re-
nováveis, que deixou de ser uma solução para o futuro, tornando-se
uma das principais alternativas para a questão energética nas cons-
truções. A mais comum encontrada nas construções de edifícios é
a geração de energia solar - normalmente gerada através de placas
fotovoltaicas. Outras fontes de energia são: energia eólica – que utili-
za o regime de ventos -, além da geração de energia através de siste-
mas dos próprios edifícios – tais como cogeração que produz energia
através de gás natural -, regenerativa – que utiliza o calor gerado nos
sistema de elevadores-, entre outras.
O GBC Brasil vem fazendo um trabalho forte, dentro do quesito capa-
citação, nos últimos anos. Entre os diversos cursos que a organiza-
ção oferece existe o de Energias Renováveis em Edifícios Sustentá-
veis. O curso é destinado aos profissionais das áreas de engenharia,
arquitetura, incorporadores, empreiteiros, representantes de entida-
des de classe, bem como profissionais da área de meio ambiente.
O conteúdo do curso contempla os seguintes temas: Panorama da
Energia no Brasil; Sustentabilidade e Energias Renováveis; Energias
Renováveis no processo de certificação de Prédios Sustentáveis;
Tecnologias; Energia Solar Térmica; Energia Solar Fotovoltáica; Ener-
gia Eólica; PCHs; Geotérmica; Solar Cooling; Cálculo de Demanda e
Dimensionamento; Estudos de Casos; Debates finais.
A metodologia de ensino é feita através exposição dialogada áudio/
visual, aulas práticas, além de fornecerem o material para o curso.
Fontes de energias
renováveis em alta
GBC Brasil oferece capacitação para utilização de
energias renováveis em edifícios sustentáveis
Para mais informações sobre o curso acesse:
gbcbrasil.org.br/cursos.php.
43. revistagbcbrasil.com.br 43mar-abr/16
inovação
Melhores estratégias de otimização energética, segundo o Masterplan
energético assinado pelo engenheiro Guilherme Carrilho da Graça, da Na-
turalWorks:
Inverno:promoveroaproveitamentodaradiaçãosolardeformaareduzir
asnecessidadesdeaquecimentoeiluminaçãoartificial;isolartermicamente
aenvolventetérmicaparalimitarasperdasdecalor;promoveraestabilida-
dedatemperaturainterioratravésdainérciatérmica.
Verão:sombrearadequadamenteosvãosduranteoperíododeincidência
solar;combinaraventilaçãonaturalcomainérciatérmicaparatirarpartido
da capacidade de arrefecimento noturno; assegurar umforte isolamento
térmico da cobertura, que é a superfície opaca em que a incidência solar é
maispenalizadora.
Temos como Missão, criarmos um habitat mais integrado com o ser humano, através da prestação
de serviços diferenciados nos mercados da construção e desenvolvimento imobiliário.
Quem Somos:
Arquitetura e Urbanismo desenvolve um trabalho criterioso voltado a busca contínua da qualida-
de, atendendo prazos e custos propostos. A Natureza destas atividades vai desde a Pesquisa e Aná-
lise de Restrições, Programação, Pré-Dimensionamento e Planejamento Físico, ao Projeto Arquite-
tônico Completo, o Projeto de Reforma, o Projeto de Arquitetura de Interiores, Planos Urbanísticos
e de Paisagismo, a Coordenação de Projetos Complementares, Fiscalização e Acompanhamento da
Obra e Desenhos de Apresentação.
Asau – Arquitetura e Urbanismo
Projetos que atendem suas necessidades: Comercial, Residencial e Industrial.
Projetos
• Arquitetura Sustentável
• Arquitetura Residencial, Comercial, industrial
• Design de Interiores e Decoração
• Paisagismo e urbanismo
• Loteamentos
Consultoria
• Gerenciamento de Projetos e Obras
• Paisagismo, Design e Decoração de interiores
• Perícia Judicial (Engenharia e Ambiental)
• Licenciamento Ambiental
• Estudo de viabilidade econômica para empreendimentos imobiliários
• Projetos de engenharia (topografia, instalações em geral etc.)
• Consultas técnicas para Arquitetura e Engenharia
Contatos
Rua Doutor José Roberto Freire, 206
Centro - Itaguaí, 23815-203
Tel: 55 (21) 2688-3229
Email: atendimento@asau.com.br
www.asau.com.br
www.facebook.com/asauarquitetura
44. 44 mar-abr/16 rev/gbc/br
desempenho
P
ensando em sustentabilidade
no planejamento de um Centro
de Distribuição, a princípio a
primeira grande diferença entre
as construções sustentáveis e
convencionais é a dimensão e
extensão da área que se deve ser analisada,
projetada e, consequentemente executado.
No caso do investimento em soluções sus-
tentáveis, especificamente nas áreas de cli-
matização, tais como, instalação de sistemas
de ar condicionado, ventilação mecânica, en-
CLIMATIZAÇÃO
EM CENTROS DE
DISTRIBUIÇÃO
tre outros, se tornou um desafio ainda maior
dependendo da complexidade do projeto.
De acordo com o diretor da Newset, Eduar-
do Rodovalho “Nos centros de distribuição
como em qualquer projeto, os cuidados com
a operação adequada e eficiente, levando
o conforto aos usuários traduzindo em um
aumento de produtividade dos funcionários,
alinhado a um projeto explorando ao máximo
os recursos e as soluções naturais, agrega
ao projeto um grande diferencial e destaque
junto a concorrência.”
NEWSET: Investimentos em ações sustentáveis tomadas na concepção
e instalação de sistemas de ar condicionado e ventilação mecânica em
centros de distribuição
Prologis CCP Dutra