A construção sustentável vem se consolidando a cada ano, sempre superando as expectativas do mercado. Os números expressam esse movimento crescente e, também, diversificado, abrangendo cada vez mais estados do país, e cada vez mais segmentos.
Esta edição aborda um dos aspectos mais importantes das construções sustentáveis, que é a Saúde e o Bem-Estar nas edificações. A qualidade do ar, dos ambientes, das condições de trabalho são fatores fundamentais no processo de apropriação do es- paço pelos ocupantes. Estes aspectos são analisados nesta edição e cases são apresentados, comentando suas particularidades.
1. ANO3 / Nº11 / 2016
VIBEDITORA
DOSSIÊ ESPECIAL
SAÚDE E BEM-
ESTAR NAS EDIFI-
CAÇÕES GANHA
IMPORTÂNCIA
ESCRITÓRIO
GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L
REVISTA
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
HABITAT 3: Discussões
renovam agenda urbana
para os próximos 20 anos
Comitês técnicos do GBC
atuam para aperfeiçoar o
mercado
LEED CI: Cases e soluções
nos projetos de interiores
WORKPLACE
OF THE FUTURE,
EM SÃO PAULO,
É LEED CI
PLATINUM
EY
2. SÃO PAULO - SP
SP EXPO EXHIBITION &
CONVENTION CENTER
08A 10
AGOSTO
2017
Seja um palestrante do maior evento da
construção sustentável da América Latina!
www.expogbcbrasil.org.br
Acesse SEJA UM PALESTRANTE em nosso site e apresente
sua proposta ou se candidate a ser um de nossos revisores!
Faça parte da Comunidade Greenbuilding!
CALL FOR PROPOSALS
A GREENBUILDING BRASIL CONFERÊNCIA
INTERNACIONAL E EXPO:
e CALL FOR REVIEWERS
A sua participação é peça fundamental para o sucesso da
Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo! No
evento você poderá ter a oportunidade de compartilhar seus
conhecimentos e experiências, apresentar seus cases de sucesso
e novos empreendimentos. As inscrições para participar como
palestrante ou revisor estão abertas. Nosso objetivo é enfatizar
cada vez mais a importância de uma comunidade engajada e
que contribua com a disseminação de conceitos e conteúdos
relevantes para o mercado da construção sustentável.
9É o principal evento da construção sustentável no Brasil e um
dos principais do segmento no mundo.
9É o mais forte e abrangente encontro para os setores de
Arquitetura, Construção e Design.
9Reúne mais de 15 mil profissionais dos setores relacionados.
REALIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO
PARCERIA
ESTRATÉGICAPATROCÍNIO OUROPATROCÍNIO PLATINUM
10 ANOS DE
GBC BRASIL
PATROCÍNIO PRATA
4. 4 nov-dez/16 rev/gbc/br
índice
GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO 3 / Nº11 / 2016
REVISTA
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
EDITORIAL............................................................. > 3
COLUNA GBC........................................................ > 6
GREEN PAGES
EDO ROCHA...................................> 8
COLUNA CBIC..................................................... > 12
PROJETO DESTAQUE...........................> 14
URBANISMO - HABITAT 3................................... > 20
COMITÊS TÉCNICOS GBC BRASIL..................... > 22
ESPECIAL SAÚDE E BEM-ESTAR
AMBIENTES DE TRABALHO MAIS SAUDÁVEIS........ > 28
CERTIFICAÇÃO WELL......................................... > 34
CLIMATIZAÇÃO PARA SAÚDE............................ > 36
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E TECNOLOGIA...... > 39
ESCRITÓRIOS E BEM-ESTAR DOS OCUPANTES
NOVA SEDE HTB........................................................ > 40
ATHIÊ WOHNRATH............................................. > 44
MARCETEX........................................................... > 48
GREEN PEOPLE................................................... > 54
VISÃO DA AMÉRICA............................................ > 56
POLÍTICAS PÚBLICAS................................................. > 60
INOVAÇÃO - EVENTO DANFOSS...................... > 64
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS................................ > 66
HTB: 50 ANOS NO BRASIL.................................. > 68
5.
6. 6 nov-dez/16 rev/gbc/br
coluna gbc
A
construção sustentável mantém ótimos resulta-
dos de crescimento em 2016, ano em que a cons-
trução civil esteve rendida a condições adversas
da economia e política. Mesmo com o crescimen-
to do LEED em outros países, o Brasil continua na
4º posição na lista do USGBC dos maiores mer-
cados, destacando os países que estão desempenhando um pa-
pel significativo na concepção, construção e operação, de forma
integrada, eficiente e sustentável.
O país registrou 7.43 milhões de metros quadrados de edificações
certificadas LEED e 30.97 milhões de metros quadrados cumula-
dos de projetos registrados e certificados. Atualmente, são 1.224
projetos registrados em praticamente todos os Estados do Brasil.
Também celebramos os primeiros projetos registrados no Estado
do Acre.
Abaixo, a lista do TOP 10 países:
A construção sustentável segue inabalada frente os desafios eco-
nômicos e políticos que assolam o país. A liderança interdepen-
dente dos profissionais e empresas atuantes na construção sus-
tentável consolidou a presença dos green buildings nos principais
Ranking País m2
Projetos
Certificados* Certificados
1 China 34,62 931
2 Canadá 34,39 2.586
3 India 15,90 644
4 Brasil 7,43 380
5 Coréia do Sul 5,95 97
6 Taiwan 5,66 99
7 Alemanha 5,03 215
8 Turquia 4,78 191
9 Suécia 3,88 210
10 Emirados Árabes 3,64 180
Estados Unidos** 336,84 27.699
segmentos da construção e criou as condições necessárias para
sua expansão e fortalecimento. Os números de novos projetos
LEED e CASA, considerando um ano de timidez no que se refere a
novos lançamentos, são impressionantes.
O desempenho equipara-se ao ano de 2012, quando tivemos mui-
tos projetos corporativos de alto padrão lançados e registrados
LEED. O ano de 2016 é a comprovação que nosso movimento
aumentou a participação no mercado e passou a abranger dife-
rentes segmentos, não estando mais restrito ao corporativo de alto
padrão.
Para o GBC Brasil caberá manter a disseminação e fortalecimento
da presença dos green buildings nos diversos setores do mercado.
Corroborando com o célere processo de adoção pela iniciativa
privada e pública das ferramentas de certificação de edificações
verdes, pesquisas como a da Geoimóvel divulgada em agosto de
2016, comprovam os diferenciais econômicos dos green buildin-
gs. Comparando edifícios corporativos de alto padrão certificados
LEED com aqueles não certificados no mesmo bairro, nas cidades
de São Paulo e Rio de Janeiro. Concluiu-se que as edificações
certificadas possuem 7% de melhora na vacância no Rio de Janei-
ro e 9,5% em São Paulo; possuem melhor valor por metro quadra-
do, ao mesmo tempo que as taxas de condomínio são menores.
Em termos de estoque neste segmento e bairros analisados, já
somos 27% no Rio de Janeiro e 34% em São Paulo, sendo que na
região das Avenidas Berrini e Faria Lima, o montante chega a 50%
das edificações corporativas de alto padrão.
Continuamos em 4º no TOP 10 - ranking de
162 países com maior número de projetos
registrados e certificados LEED.
2016, um ano impressionante.
Ano Projetos Novos Total
LEED CASA
2016*** 188 13 201
2015 107 15 122
2014 131 1 132
2013 188 9 197
2012 209 0 209
*Escala em milhões de metros quadrados. Dados de Dezembro de 2016
**Os Estados Unidos da América, país de origem do LEED não estão incluídos nesta lista e conti-
nuam sendo o maior Mercado da certificação.
***Dados até Out/2016
7. revistagbcbrasil.com.br 7nov-dez/16
coluna gbc
FELIPE FARIA,
CEO Green Building Council Brasil
Presidente Comitê de Networking das Américas do World GBC
Em 2016 foram 67 projetos certificados e 188 novos registros LEED
em 10 diferentes Rating System e 13 novos registros CASA, sendo:
SP: 83 registros (6 LEED CI, 26 LEED CS, 21 LEED EB_OM, 1 LEED
Schools, 16 LEED NC, 1 LEED ND, 2 LEED Retail, 1 LEED v4 ID+C: CI
e 9 CASA);
RJ: 29 registros (21 LEED CS, 2 LEED EB_OM, 2 LEED Schools, 3
LEED NC e 1 LEED v4 ID+C: CI);
PE: 18 registros (16 LEED NC, 1 LEED CI e 1 LEED EB_OM);
PR: 16 registros (12 LEED NC, 3 LEED CS e 1 LEED EB_OM);
DF: 14 registros (1 LEED CI, 9 LEED CS, 3 LEED EB_OM e 1 LEED NC);
RS: 12 registros (6 LEED CS, 3 LEED NC, 1 LEED EB_OM, 1 LEED CI
e 1 CASA);
MG: 6 registros (1 LEED NC, 4 LEED CS e 1 LEED EB_OM);
SC: 6 registros (2 LEED NC, 1 LEED CI, 1 LEED CS, 1 LEED EB_OM
e 1 CASA);
BA: 5 registros (4 LEED NC e 1 LEED CI);
GO: 4 registros (1 LEED NC, 1 LEED CS, 1 LEED v4 BD+C: CS e 1
CASA);
AC: 2 registros (LEED CS);
AM: 1 registro (LEED CI);
CE: 1 registro (LEED Retail);
MS: 1 registro (LEED v4 BD+C: NC);
MT: 1 registro (CASA);
PA: 1 registro (LEED NC);
RN: 1 registro (LEED ND).
Alinhado aos números de crescimento, nosso otimismo aumenta
frente a importância e propósito nobre dos objetivos estratégicos
definidos e aprovados pelo Conselho de Administração do GBC
Brasil, em conformidade com as Políticas Nacional, Estaduais e Mu-
nicipais de Mudanças Climáticas, bem como as principais deman-
das para o crescimento contínuo da indústria da construção civil.
• Acelerar o desenvolvimento do mercado de eficiência energé-
tica em edificações existentes.
• Garantir que as edificações e espaços construídos tenham
como premissa básica de projeto, obra e operação, a saúde e
bem-estar de seus ocupantes.
• Disseminar e fortalecer a presença dos green buildings nos
diversos setores de mercado.
• Elevar o nível técnico da indústria de materiais e recursos pau-
tados na Avaliação de Ciclo de Vida e Declaração Ambiental de
Produto.
• Aumentar a visibilidade do GBC Brasil.
• Reforçar a divulgação dos benefícios econômicos da constru-
ção sustentável a todos os “stakeholders” envolvidos.
• Aumentar a receita do GBC Brasil e diversificar suas fontes.
Acompanhando este trabalho de expansão e consolidação vale
ressaltar o crescimento de nossas ações e ferramentas de disse-
minação da informação. O website cresceu 80% em relação ao
número de usuários e 25% de visualização de páginas (+160.000
profissionais), as mídias sociais aumentaram em 72% seu alcance
e 238% o número de seguidores (2.542.955 pessoas). O Green-
building Brasil, Conferência Internacional e Expo saltou de um público
de 4.000 visitantes para 14.000, 120 palestrantes (30 internacionais),
1500 conferencistas e 50 patrocinadores e expositores.
Com a direção do nosso Conselho, atuação dos nossos Membros
e engajamento dos parceiros, a equipe do GBC Brasil está certa
que o ano de 2017 será promissor. Impulsionaremos exponencial-
mente a colheita dos bons resultados de nossas atividades e não
faltaram nobres motivos para as comemorações dos dez anos do
Green Building Council Brasil.
Juntos estaremos edificando um ano rico em reflexão, harmonia
e paz.
9. revistagbcbrasil.com.br 9nov-dez/16
inovação
revistagbcbrasil.com.br 9nov-dez/16
Como você avalia o crescimento da cons-
trução sustentável no Brasil, não só em
termos de certificações, mas também da
aplicação de conceitos de sustentabilida-
de nos projetos?
Edo Rocha. Eu vejo dois aspectos importan-
tes em termos da sustentabilidade avançan-
do no Brasil. Primeiro que, no início era difícil
convencer pessoas, empresários e investido-
res da importância do conceito de sustentabi-
lidade, mas hoje em dia eles já mudaram de
opinião e acham que, de fato, é um assunto
importante, que tem uma relevância que anos
atrás não havia. Num segundo momento, a
sustentabilidade era um aspecto muito mais
de marketing e hoje é uma realidade como
valor agregado ao imóvel como economia na
operação. Hoje o imóvel certificado tem um
aspecto muito mais econômico em relação a
operação que um imóvel não certificado ou
não sustentável. Fazer bem feito ou fazer mal
feito acaba custando a mesma coisa, então é
melhor fazer da maneira correta. O que acon-
tece é que há uma diferença muito grande
para o operador e para o usuário, mas antes o
investidor e o incorporador achavam que isso
não era importante. Porém esse argumento
virou um aspecto importante de venda, pois
o prédio gastar menos energia é importante
para o usuário. Essa foi a grande mudança
de consciência.
Como definir a importância dos quesitos
saúde e bem-estar na arquitetura?
ER. A sustentabilidade de uma maneira geral
se apoia em três itens. O primeiro é a conser-
vação de energia, pois sem ela não estamos
falando em sustentabilidade. Os outros dois
são o uso racional da água e a energia huma-
na, ou seja, o lugar que faz bem, proporciona
satisfação e não me exaure fisicamente. São
três pontos que são extremamente importan-
tes na sustentabilidade. E tudo isso com um
único objetivo: não gerar de emissão de CO2
.
Se isso não for o item principal entre os 10
mandamentos da sustentabilidade, então não
conversamos sobre sustentabilidade. Nós
cometemos um grande erro aqui nos edifícios
do Brasil, pois, como nós não temos inverno,
os prédios não tem isolamento térmico e por
isso gasta-se muita energia pra refrigerar os
ambientes e precisamos ter consciência dis-
so. A minha recomendação, em termos de
soluções, seria isso: se não tiver isolamento
térmico, o calor intenso aquece a estrutura e
no final tem que se usar muito ar condicio-
nado pra refrigerar um espaço que poderia
estar isolado termi- camente. Não tem nada
pior em termos de sustentabilidade do que o
concreto aparente, por exemplo. Ele é a antí-
tese da sustentabilidade pois ele esquenta, é
escuro e transmite toda a radiação pra dentro
do edifício.
Na sua opinião, o que é necessário para
uma boa arquitetura sustentável? Em ter-
mos de eficiência energética, respeito
aos recursos naturais, soluções arqui-
tetônicas e tecnológicas, o conforto e o
bem-estar.
ER. Vou falar sobre os aspectos do conforto e
como se percebe esse conforto. São, em prin-
cí- pio, 3 modalidades: o conforto físico, onde
a arquitetura trabalha; o conforto ambiental
onde os analistas e psicólogos trabalham a
parte psicológica das pessoas e o conforto
espiritual, que se busca através das diversas
religiões. Quando falamos sobre conforto, di-
zemos que é uma sensação percebida pelos
5 sentidos: tato, olfato, visão, audição e pala-
dar. Quando você junta estes 5, acaba crian-
do um sexto sentido que chamo de TOVAP
[a palavra é uma abreviação dos cinco senti-
dos, e significa exatamente a somatória des-
tes sentido]. Um claro exemplo de TOVAP é
quando você está à mesa e todos os seus
sentidos estão ligados. E cito ainda o sétimo
sentido: a percepção do espaço. Junta-se
esses sete e se tem uma visão mais apurada
e integrada do que é conforto. Com relação
à saúde, ela está ligada a arquitetura em um
aspecto muito importante: a respiração, o ar.
De acordo com a OMS, a contaminação do
ar que a gente respira é responsável por 75%
das doenças que contraímos. Um sistema de
ar condicionado mal dimensionado pode ser
um condicionante de dores muscular e dores
nas costas, por exemplo. E um outro aspecto
importante é a ergonomia, que tem a ver com
a parte física corporal, com a coluna. Enfim,
existem muitos elementos que provocam mal
estar e desconforto na arquitetura.
A preocupação com os ocupantes e seu
bem-estar é fundamental em um projeto
de escritórios, onde as pessoas passam
a maior parte do tempo trabalhando.
Como isso se manifesta na prática nos
seus projetos?
ER. O escritório não é só o lugar em que você
passa a maior parte do tempo, mas onde
se estabelece que a relação da percepção
do bem-estar dentro do espaço de traba-
lho é um aspecto extremamente importante,
e tem a ver de novo com todos os sentidos
que falei. Tem a ver com a visão, no caso
da iluminação, com o olfato, com audição
e o tato que são as percepções que temos
em especial entre o seu corpo e o mobiliário,
a cadeira, o móvel, além da relação com o
espaço como um todo. Essa é a habilidade
que o arquiteto tem que ter de entender isso
e transformar num aspecto de conforto e não
necessariamente em um aspecto de décor.
A acústica é assunto muito importante mas
quase ninguém entende disso e os lugares se
tornam extremamente irritativos porque não
tem essa boa solução para esse problema.
Tenho vários projetos onde estes elementos
sempre são levados em consideração. Por
exemplo, a sede do Santander onde fez-se
um trabalho acústico perfeito. Lá os móveis
foram todos desenhados para que eles fa-
çam parte da acústica do ambiente, com índi-
ce de reverberação bastante grande. A sede
13. revistagbcbrasil.com.br 13nov-dez/16
Câmara Brasileira da Indústria da Construção
em vista que a participação dos parques eólicos e solares na matriz
energética mundial representa apenas 0,5%.
Outra proposta é o desenvolvimento de parcerias público-privadas
e cooperações para criação de uma cultura em sustentabilidade e
uma visualização da Indústria 4.0, onde países como a Costa Rica e
Suécia se tornarão fossil fuel free, isto é, até 2020 não farão uso de
combustíveis fósseis e o surgimento de empresários e investidores
urbanos, criando um ambiente de negócios colaborativo, urbanizado
e democrático. Além disso, para a retomada do crescimento do País
baseado na sustentabilidade, a diretriz é o investimento em tecnolo-
gia e inovação.
E o setor tem a oportunidade de ser protagonista em um movimen-
to favorável ao uso e disseminação de energias renováveis, citando
como exemplo, uma decisão estratégica que vem sendo tomada por
grandes empresas, como o Breaktrough Energy Coalition, um novo
modelo de negócios, que consiste em parceria público-privada entre
governos, instituições de pesquisa e investidores, além de cientistas,
engenheiros e empresários que podem construir e dimensionar as
tecnologias inovadoras que irão limitar o impacto das alterações cli-
máticas, proporcionando energia confiável e acessível a todos.
Boas e exitosas iniciativas, como as “fazendas verdes em telhados”,
onde hortas orgânicas são cultivadas no telhado do edifício, tornando
o transporte a custo zero e alcançando o máximo da acessibilidade,
compartilhamentos de veículos elétricos, entre outros, mostra o cami-
nho do futuro: a sharing economy, alcançará em 2025, o impressio-
nante número de 335 bilhões de faturamento.
A CBIC, coordenadora da Comissão de Construção Sustentável da
Federação Interamericana da Indústria da Construção, fomenta a dis-
seminação das seguintes plataformas apoiadas pelo Banco Mundial,
que incentivam diretrizes relacionadas à construção sustentável: Kno-
wledge Platform on Environmentally Sustainable Infrastructure Cons-
truction in Latin America and the Caribbean Region – KPESIC, uma
ferramenta que estabelece redes e grupos de intercâmbio entre espe-
cialistas, atores públicos e privados, para disseminar conhecimento e
estabelecer intercâmbio e contatos e estabelecer estratégias de ne-
gócio mais eficientes dos usuários, facilitando o desenvolvimento de
projetos em sustentabilidade na área de infraestrutura, e Excellence in
Design for Greater Efficiencies – EDGE, uma certificação que recom-
pensa os incorporadores que implementam estratégias para reduzir o
uso de energia e água em seus prédios, bem como a energia incor-
porada nos materiais.
ASSINATURAS
A PARTIR DE
3x
R$
49,90*
A REVISTA
OFICIAL DO
GBC BRASIL.
SÓ TEM UMA.
LIGUE E ASSINE: 11 5078 6109
Fique por dentro do melhor conteúdo da construção sustentável
*Assinatura Anual (6 edições): R$ 149,70. Para Assinatura Corporate (3 exemplares x 6 edições): R$ 299,70 ou 3x R$ 99,90
17. revistagbcbrasil.com.br 17nov-dez/16
projeto em destaque
Foco em sustentabilidade
Elaborado pelo escritório Athié|Wohnrath,
o projeto para a Ernst & Young já planejado
visando atender as diretrizes internas da em-
presa e também as requisições para a certifi-
cação LEED. Para tal, ele precisou se atentar
a uma série de detalhes em sete pilares bá-
sicos: implantação sustentável, energia, con-
forto ambiental, inovação, eficiência hídrica,
materiais e recursos e créditos regionais. A
EY também contou com consultoria do CTE
(Centro de Tecnologia de Edificações) para
obter a certificação LEED.
Com grandes janelas que valorizam a luz na-
tural, o escritório também conta com sensores
de luminosidade que detectam o movimento
e ligam/desligam as luzes automaticamente.
“Nos preocupamos bastante com luminosida-
de, porque esse talvez seja o fator mais crucial
quando pensamos no bem-estar das pessoas
nos escritórios”, enfatiza Zunara.
Ainda visando a economia de energia e tam-
bém pensando na qualidade interna do ar,
o escritório possui um sistema de ar con-
dicionado inteligente. Tal sistema percebe
a temperatura no ambiente e faz os ajustes
automaticamente, o que evita o problema de
deixar o ar condicionado ligado sem ter nin-
guém usando o local.
Os vasos dos sanitários e todas as torneiras
do escritório possuem redutores de fluxo de
água, o que gera economia imediata. Mas
de nada adiantariam essas medidas se os
funcionários não usassem conscientemente
os espaços. Nesse sentido, Zunara aponta
que a educação é fundamental. “Nos aten-
tamos para que as pessoas realmente enten-
dam como usar o espaço. Desenvolvemos
um guia para os colaboradores, explicando
como usar os ambientes do escritório pen-
sando não só em si, mas também no outro.
Porque o bem-estar está muito relacionado
ao impacto que você causa no outro”.
As mudanças visando a redução de resíduos
também foram significativas. Cerca de 80%
das impressoras do escritório foram desati-
vadas, o que desestimulou o uso do papel.
A empresa adotou uma política de mesas
limpas, ou seja, manter o menor número pos-
sível de objetos e pertences na mesa. Isso se
alinha com o conceito de multifuncionalida-
de dos ambientes, conforme lembra Zunara.
“O colaborador tem que pensar toda hora no
conceito do projeto, isso significa dizer que
ele não deve trazer nada ao espaço que o
faça se fixar ali”, explica.
Em relação ao descarte de resíduos, as lixei-
ras foram retiradas das salas, também visan-
do desestimular a geração de lixo. Na área
de convivência, há lixeiras para cada tipo
Fotos: Acervo EY
20. 20 nov-dez/16 rev/gbc/br
urbanismo
O
nferência das Nações Unidas sobre Habitação e
Desenvolvimento Sustentável Urbano, sediada na
capital do Equador, Quito, em outubro. O evento é
realizado a cada 20 anos para dar novo impulso ao
compromisso com a urbanização sustentável mun-
dial. Na edição 2016, além de promover um inter-
câmbio global em defesa de cidades social e ambientalmente susten-
táveis, com moradia adequada para todos, o foco foi a implementação
da Nova Agenda Urbana, com base na Agenda Habitat de Istambul,
desenvolvida em 1996.
As previsões e indicadores tratados no evento apontam que, até 2050,
80% da população estará vivendo nas cidades, que consomem 70% da
energia e são responsáveis por 75% das emissões de CO2 na atmosfe-
ra. No cenário das cidades sustentáveis, são fundamentais a discussão
e a implementação da Nova Agenda para o assentamento humano e
para o desenvolvimento de centros urbanos mais sustentáveis, inclu-
sivos e igualitários, com redução da desigualdade social e de gênero,
além de redução das taxas de pobreza e de desemprego. Há também
um trabalho em defesa das cidades resilientes, que têm capacidade de
se recuperar e progredir após um forte acontecimento ou desastre na-
tural. Outro ponto fundamental é fortalecer a governança urbana, já que
Conferência da ONU
renova agenda urbana
para os próximos 20 anos
Edificações verdes são consideradas cruciais para as
metas de sustentabilidade no novo contexto de desen-
volvimento urbano, com especial destaque às ações de
saúde e bem-estar nas cidades
cidades de sucesso precisam ter governança sólida, além de fundos e
autonomia suficientes.
Dentre os participantes no evento estavam entidades governamentais,
do âmbito federal, estadual e municipal, mas também profissionais
da Arquitetura e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento,
ONGs e instituições financeiras como o Banco Mundial e o Rochfeller
Fund, que apresentaram programas de investimentos para cidades
sustentáveis. O Brasil levou representantes do Ministério das Cidades,
juntamente com o Secretário de Habitação do município de São Paulo,
João Sette Ferreira, a vice-secretária de Desenvolvimento Urbano da
Prefeitura, Thereza Herling e o diretor do Uso e Ocupação do Solo,
Daniel Montandón.
Inovações para cidades sustentáveis: edificações verdes no
contexto da Nova Agenda Urbana
O movimento dos Green Buildings e o trabalho das empresas mem-
bros do GBC é considerado crucial para alavancar a indústria da
construção civil em direção à sustentabilidade e, consequentemente,
contribuir para o atingimento das metas de Sustentabilidade da Nova
Agenda. No evento, algumas das possibilidades de mudanças positi-
vas discutidas entre os países indicaram a necessidade de melhorar o
Por Natália Rangel e Verônica Soares
urbanismo
25. revistagbcbrasil.com.br 25nov-dez/16
inovação
Arquiteta
IPT - Laboratório de Conforto Ambiental
“Os comitês do GBC proporcionam o envol-
vimento de pessoas das áreas de arquitetura,
tecnologia e tantas outras em discussões ri-
quíssimas que contribuem não só para o apri-
moramento profissional, mas, também, para
a melhoria de requisitos e critérios presentes
em sistemáticas de avaliação ambiental. Fico
muito feliz em poder participar”.
Adriana Camargo
de Brito
Gerente de Contas Coorporativas
Johnson Controls
“Atuar nos comitês técnicos é um crescimen-
to mútuo, tanto de quem participa, como no
desenvolvimento de bons métodos, práticas
e validações das certificações para o merca-
do. Com mais de oito anos de experiência em
soluções eficientes, tanto nos sistemas de ar
condicionado como em sistemas especiais de
automação predial, sistema de incêndio, aces-
so e CFTV, pude colaborar com as práticas,
produtos e normas vigentes no mercado”,
Adriana
Teixeira
Account Executive
Commercial & Industrial
UL do Brasil
“O envolvimento com os Comitês é uma óti-
ma oportunidade para o compartilhamento
de conhecimento, debate com profissionais
de alta competência e compatibilização de in-
teresses sobre temas de fundamental impor-
tância para a evolução da cadeia de valor da
construção sustentável no país. Busco apre-
sentar aspectos relevantes para a melhoria
contínua das certificações quanto à consis-
tência técnica, viabilidade econômica, saúde
e bem-estar social, e transparência”
Frederik
Purper
Alguns membros dos Comitês do GBC Brasil
Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
26. 26 nov-dez/16 rev/gbc/br
inovação
Gerente de Engenharia de Aplicação
DECA
“Os Comitês possibilitam a reunião de pro-
fissionais das mais variadas formações e
experiências. Com isso, a troca de informa-
ções e de visões é ampla e muito rica. São
os Comitês que propiciam esse intercâmbio
de ideias em torno de assuntos extremamen-
te relevantes para a sociedade, de forma a
propiciar o melhor entendimento destes as-
suntos e a analisar os possíveis impactos no
Mercado da Construção Civil e nas pessoas.
Primordialmente, cabe a nós contribuir de for-
ma direta, atuante, dividindo conhecimentos
e auxiliando na condução dos trabalhos e
discussões. A junção de talentos consegui-
da através dos Comitês certamente auxilia no
avanço da Construção Sustentável no Brasil”.
Osvaldo Barbosa
de Oliveira Jr
Senior Building Science Program Lead
Owens Corning
“O trabalho voluntário em comitês técnicos
é fundamental para enriquecer as normas
e projetos de construção sustentável. É da
contribuição de vários profissionais com ex-
periências diferentes que nasce um projeto
robusto e duradouro e essa troca de ideias é
uma fonte de aprendizado constante”.
Marcus
Bianchi
Diretora
Infinitytech
“Trabalhamos para desenvolver uma constru-
ção mais sustentável dentro da realidade do
nosso país, trazendo as premissas das certi-
ficações e sua tropicalização para os padrões
brasileiros. Acredito que podemos imprimir a
sustentabilidade com mais solidez e seguran-
ça técnica dentro das melhores premissas de
engenharia e de operação, aplicáveis a nossa
realidade”.
Virgínia Dias de
Azevedo Sodre
Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
28. 28 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
DOSSIÊ ESPECIAL SAÚDE E BEM-ESTAR
AMBIENTES
DE TRABALHO
MAIS
SAUDÁVEIS
Por Taís Cruz
DOSSIÊ SOLUÇÕES
28 nov-dez/16
34. 34 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
A
pós sete anos de pesquisa
realizados por profissionais na
área de medicina e ciência da
indústria sobre os impactos
da construção na saúde dos
ocupantes, constatou-se que
o planejamento do ambiente é decisivo nos
âmbitos do bem-estar e produtividade. Para
monitorar esses requisitos foi criada a Certifi-
cação WEEL Building Standard.
A certificação WELL foi desenvolvida para
atender as demandas em busca de qualida-
de de vida, saúde e produtividade aos usuá-
rios no âmbito da construção civil. Foi de-
senvolvida para trabalhar em harmonia com
outras certificações de construção verde por
meio da integração entre o IWBI (International
Well Building Institute) e o GBCI (Green Busi-
ness Certification Inc.) e a certificação LEED
garantem resultados positivos.
O diferencial dessa certificação é a valori-
zação da saúde, bem-estar e produtividade
dos ocupantes do edifício em primeiro plano.
A implementação da certificação WELL nas
edificações traz efeitos benéficos tanto para a
questão humana quanto para o lado financei-
ro. O ambiente com características adequa-
das e saudáveis contribui de forma plena ao
bem-estar, conforto, aumento da produtivida-
de, mais satisfação e sensação de felicidade
neste ambiente. Além de ter grande influência
em reverter efeitos psicológicos negativos,
frequentemente causados por ambientes
onde o nível de stress é muito alto, como é o
caso das edificações hospitalares.
Através do retorno significativo dos investi-
mentos, fruto da redução de despesas ao lon-
go prazo, tanto pessoal quanto em relação à
vida útil do edifício, a certificação permite agre-
gar ao projeto um elevado potencial comercial.
O processo de certificação do WELL envolve
cinco etapas: Inscrição; documentação; veri-
ficação de desempenho; certificação e recer-
tificação (não aplicável ao Core&Shell). Além
dessas etapas o projeto deve ser registrado
no IWBI através do WELL online.
Atualmente, mais de 80 edifícios, com cerca
de dois milhões de metros quadrados, loca-
lizados em 12 países, já possuem a certifica-
Certificação WELL:
Uma nova visão
de qualidade de vida
SAÚDE E BEM-ESTAR
LEED
Foconasustentabilidade
Utilizaçãoderecursos
Categorias: terreno sustentável, eficiência da
água, energia e atmosfera, materiais e recur-
sos, qualidade ambiental interna, inovação e
prioridadesregionais.
WELL
Foconaspessoas
Qualidadedosrecursos
Categorias: ar, água, nutrição, iluminação,
condicionamentofísico,confortoemente
ção ou estão em fase de desenvolvimento.
O escritório da SETRI (Consultoria em sus-
tentabilidade) foi o primeiro projeto brasilei-
ro registrado na Certificação WELL Building
Standard.
Os requisitos de desempenho relevantes es-
tabelecidos para obter-se a certificação são
considerados em sete categorias: ar, água,
luz, fitness, nutrição, conforto e mente. To-
dos visam fundamentalmente o bem-estar e
a saúde dos ocupantes. A certificação pode
ser atingida em três níveis, Silver, Gold e Pla-
tinum. Para conquistar qualquer um dos ní-
veis é necessário o atendimento a todas as
pré-condições estabelecidas nas diretrizes
da certificação. A obtenção dos níveis mais
elevados se dá mediante ao alcance de alto
percentual de otimização de recursos.
36. 36 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Q
uando se fala em saúde e
bem-estar em ambientes
internos uma das primei-
ras questões que deve ser
estudada é a qualidade
do ar e temperatura desse
ambiente. O sistema de climatização interfe-
re diretamente no conforto dos ocupantes.
Sendo assim, se o sistema é operado de for-
ma inadequada pode até propiciar sensação
de cansaço e mal-estar.
Os principais fatores que devem ser levados
em consideração na elaboração de um pro-
jeto do sistema de climatização voltado ao
bem-estar e um ambiente saudável são:
Controle de temperatura: Temperatura
agradável é essencial para que o ambiente
propicie conforto térmico aos ocupantes.
Além disso, estudos comprovam que a cli-
matização é capaz influenciar tanto de forma
positiva quanto negativa no índice de produ-
tividade dos ocupantes do ambiente;
A importância do sistema de
climatização para a saúde e bem-estar
Grupo NEWSET busca as
melhores soluções sustentáveis
no segmento de climatização,
pensando no conforto e bem-
estar dos seus clientes
SAÚDE E BEM-ESTAR
Fotos:DivulgaçãoNewset
37. revistagbcbrasil.com.br 37nov-dez/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Filtragem do ar: Um ambiente sadio, com
filtragem adequada de acordo com as nor-
mas também representa qualidade de vida
para os ocupantes do local;
Cálculo correto da vazão exterior: A va-
zão é responsável por fazer a renovação do
ar dentro do ambiente e diminuir a concen-
tração de poluentes no ambiente interno;
Controle de CO2: O excesso de monóxido
de carbono em ambientes fechados pode
causar sensação de cansaço e sono. Esse
cuidado deve ser tomado principalmente em
garagens fechadas e em algumas lojas de
departamento, utilizando sistemas que me-
dem o nível de CO2 e tomam medidas para
diminuí-lo, como o acionamento de exausto-
res ou o aumento da vazão do ar exterior;
Acústico: sistemas ruidosos também cau-
sam desconforto. A procura por equipamen-
tos silenciosos, aplicação de matérias que
diminuem o nível de ruído, o calculo e espe-
cificação dos equipamentos de forma a dimi-
nuir o ruído tem sido uma preocupação cada
vez maior nos projetos de empreendimentos;
Em alguns casos específicos, como em algu-
mas áreas hospitalares, o controle da umi-
dade é necessário e muito importante.
Eficiência energética e conforto
Um dos motivos que mais levam os funcio-
nários a se sentirem satisfeitos ou insatisfei-
tos em relação a seus ambientes de trabalho
é a temperatura do mesmo. Quando levamos
em consideração que a maioria dos funcio-
nários de ambientes internos precisa dividir
o espaço com outras pessoas, logo enten-
demos o quão difícil é encontrar consenso
no que diz respeito à temperatura ‘ideal’ do
ambiente. Para resolver esse impasse, exis-
tem os chamados sistemas dedicados, que
possibilitam a separação do sistema por an-
dares e regiões, assim cada sistema pode
ser controlado separadamente e em diferen-
tes intensidades.
“Nestes sistemas cada pessoa regula a
temperatura do seu ambiente. Já em open
space, onde equipamentos centrais são
instalados, é importante fazer um balance-
amento adequado para que todas as áreas
recebam a climatização apropriada. Se não
for feito um projeto de balanceamento alguns
lugares sofrerão variações térmicas. Em um
ambiente coletivo é difícil atender a neces-
sidade de cada um. Mas se as normas e
as temperaturas de conforto indicadas para
esses ambientes de escritório forem atendi-
das, fazendo um balanceamento adequado,
um projeto correto e utilizando bocas de ar
adequadas para cada situação se consegue
atingir a temperatura ideal para esse tipo de
escritório”, diz Maria Luiza Palinkas – Geren-
te de contas da Newset.
Em 2008, a ANBT – Associação Brasileira de
Normas técnicas introduziu algumas regu-
lamentações para melhorar a qualidade do
ar em ambientes internos, passando a ditar,
por exemplo, o mínimo de vazão do ar exte-
rior, mínimo de filtragem do ar para cada tipo
Eduardo Rodovalho
Maria Luiza Palinkas
Fotos:DivulgaçãoNewset
38. 38 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕESDOSSIÊ SOLUÇÕES
SAÚDE E BEM-ESTAR
de aplicação do ambiente (shoppings, edifí-
cios comerciais, lojas de rua) e os requisitos
técnicos para os sistemas e componentes.
“Essa iniciativa foi importante para norma-
tizar as condições ligadas à saúde do am-
biente interno e das pessoas que estão nele.
Partir daí todos os projetos começaram as
partir desses requisitos”, afirma Maria Luiza.
Adaptação em projetos de Re-
trofit
A preocupação com o bem-estar não está
presente apenas em novos projetos, muitos
escritórios já existentes estão se adaptando
a essa concepção. Nesses casos, o sistema
de climatização existente geralmente encon-
tra-se ultrapassado, insuficiente ou não aten-
dem os requisitos para uma boa qualidade
de ar, e precisa ser substituído. Na maioria
dos casos essa substituição tem que ser feita
sem a interrupção do sistema antigo, o que
é um desafio para a elaboração do projeto.
“O projeto de retrofit tem que ser muito bem
pensado e projetado para além das inter-
ferências do edifício que já está em funcio-
namento. Neste processo, o projeto de um
sistema mais eficiente será elaborado dentro
de todas as limitações existentes no edifício
e no projeto antigo”, completa Maria Luiza.
Além de propiciar melhorias no ar interno dos
ambientes, após passaram pela atualização
do sistema de climatização, a reestrutura-
ção do sistema faz com que esses edifícios
comerciais se tornam mais competitivos no
mercado para locação e venda. Bem como
impactar positivamente na produtividade dos
funcionários por conta das melhorias na qua-
lidade do ar e temperatura do ambiente.
O futuro do sistema de climati-
zação e bem-estar
A preocupação com o bem-estar e um sis-
tema de climatização eficiente tem crescido
cada vez mais. Para atender a essas exigên-
cias empresas de engenharia no segmento
de climatização como a Newset, investem
em tecnologia e mão de obra especializada
para garantir bons resultados.
“Sem duvida alguma, atualmente os diferen-
ciais dos empreendimentos que atendem a
grandes exigências, certificações, susten-
tabilidade e o bem-estar dos ocupantes, já
se tornaram pré-requisitos em uma procura
de espaço. Além disso, se compararmos
os ganhos, ou ‘não perdas’, sobre a eficiên-
cia dos funcionários em seus ambientes de
trabalho, isto já justifica matematicamente
os investimentos na qualidade e bem-estar
dos ocupantes. E quando falamos de bem-
-estar e qualidade do ar, estamos nos diri-
gindo diretamente às instalações de ar con-
dicionado, que devem ser bem projetadas e
executadas, observando a estabilidade e o
maior conforto possível com o menor gasto
de energia elétrica em sua operação”, afirma
o diretor de engenharia da Newset, Eduardo
Rodovalho.
39. revistagbcbrasil.com.br 39nov-dez/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
P
ara que haja conforto em um ambiente de trabalho,
um bom sistema de climatização é essencial. A Dan-
foss, líder global no fornecimento de tecnologias que
atendem à eficiência energética, oferece, basicamen-
te, dois tipos de equipamentos de ar condicionado
usados em escritórios no Brasil: sistema VRF e água
gelada. O VRF faz a captura térmica e intercâmbio do ar interno com
o meio externo. Já o sistema água gelada, distribui a água gelada por
meio de tubulações. A instalação do VRF geralmente é mais simples
e rápida, entretanto o sistema água gelada é mais manejável em caso
de ampliações ou troca de equipamentos já instalados.
Temperatura estável
Em relação ao conforto, os dois sistemas oferecem benefícios. Geral-
mente a temperatura ideal em um escritório é de 24°C. Com o siste-
ma de água gelada essa temperatura é atingida e mantida facilmente.
Sempre que a temperatura sofre variação, para mais ou para menos,
há consequências na sensação de bem-estar dos ocupantes, por isso
é importante que a temperatura se mantenha estável e entorno de 24°C.
Além disso, às variações constantes de calor e frio podem afetar a
saúde por conta do enfraquecimento do sistema imunológico, po-
dendo causar doenças como gripes e resfriados. A manutenção
constante do ar condicionado também é muito importante para man-
ter a pureza do ar, já que pessoas alérgicas podem desencadear
reações adversas por conta das partículas jogadas no ar pelo sis-
tema de climatização. Não podemos esquecer também da troca do
ar constante entre o ambiente interno e externo que elimina vírus e
bactérias do ambiente.
Um sistema de climatização eficiente para o ambiente de escritório
traz benefícios para as pessoas que trabalham neste local e também
para economia da empresa. “A procura por equipamentos voltados
a saúde e bem-estar e eficientes tem crescido cada vez mais, prin-
cipalmente depois do aumento dos preços da energia elétrica. Isso
faz parte da necessidade de contenção de custos, porque o brasi-
leiro nem sempre está acostumado a pensar a longo prazo. Outro
ponto é a manutenção da temperatura constante no ambiente para
gerar conforto e condições de trabalho melhor para os funcionários.
Se você mantém a temperatura agradável, sem excesso de calor ou
de frio, consequentemente o funcionário se torna mais produtivo e
focado. Além de correr menos risco de ter afastamentos por questões
de saúde causadas pelo ar condicionado do ambiente”, afirma João
Paulo Piovesan, gerente de vendas da Danfoss.
Qualidade do ar
A qualidade do ar pode ser facilmente desequilibrada por poluentes
químicos como o monóxido e o dióxido de carbono (CO e CO2), amô-
nia e dióxido de enxofre produzidos no interior dos estabelecimentos
a partir de materiais de construção, materiais de limpeza, fumaça de
cigarro e pelo próprio metabolismo humano. E por poluentes biológi-
cos, como fungos, bactérias e ácaros, cuja proliferação é favorecida
pela limpeza inadequada do ambiente e do sistema de climatização.
Por isso, o investimento em equipamentos que avaliam constante-
mente a qualidade do ar e concentração de CO2 é tão importante.
Para João Paulo, “ter uma tecnologia de avaliação da qualidade do
ar e concentração de CO2 é importante porque isso de fato melhora
a qualidade do ar. É necessário ter um ar mais oxigenado e filtrado.
No futuro, seria ideal que o sistema de climatização e equipamentos
que avaliam a qualidade do ar possam se comunicar por meio de
sensores, para que esses dois sistemas trabalhem juntos e garantam
um ambiente saudável e com temperatura agradável”.
Tecnologias para o futuro
A Danfoss acredita e está investindo em um novo sistema de clima-
tização chamado District Energy. Essa tecnologia já é amplamente
usada na Europa e é uma das apostas no futuro dos sistemas de
climatização no Brasil.
“A energia distrital é a energia gerada em uma central de grande por-
te, ela serve tanto para aquecer quanto para esfriar o ar em várias
construções ao redor desse sistema”, explica João Paulo. Usando a
Europa como exemplo, João Paulo diz que “lá eles fazem uma cen-
tral, e essa central manda energia para todos os prédios de acordo
com a demanda de cada um. Ou seja, ela tem a flexibilidade de man-
dar mais energia para um ou menos para outro prédio, fazendo com
que haja mais eficiência na geração de calor, ou frio. Há também
centrais que geram energia a partir do descarte de energia de uma
termelétrica, por exemplo, e essa energia usada para o aquecimen-
to ou resfriamento do ar em ambientes internos pode ser distribuída
em residências, condomínios de escritórios ou comerciais. A ideia
da Danfoss é usar o descarte de energia de termoelétrica ou fontes
geotérmicas de calor (água de rios e do mar) para ajudar na geração
de frio e calor”, complementa.
Esse sistema ainda não é usado no Brasil, mas o investimento em
estudos e tecnologias para a implementação no país já está sendo
feita. Quem sabe no futuro próximo já teremos projetos que com esse
conceito que usa a energia de forma mais limpa e sustentável.
Danfoss alia bem-estar,
eficiência energética e
tecnologia
João Paulo Piovesan
Foto:DivulgaçãoDanfoss
42. 42 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS
Para a execução, o projeto buscou usar ma-
teriais construtivos que incorporam conteúdo
reciclado em sua constituição, o que ocasio-
na diminuição dos impactos relacionados à
extração e ao beneficiamento da matéria vir-
gem. Utilizou também materiais originários
de regiões próximas ao projeto, buscando
promover o uso de recursos locais e o desen-
volvimento da economia regional e reduzindo
os impactos causados pelo uso do transpor-
te. Além disso, “o projeto também teve como
objetivo a redução do uso de compostos or-
gânicos voláteis no interior da edificação, de
forma a não oferecer nenhum tipo de risco ao
meio ambiente e à saúde dos operários e fu-
turos ocupantes”, salienta Barreiros.
O prédio conta com um gerador 750 KVA, o
que garante abastecimento a todo o edifício
em caso de falta de energia. Ainda sobre
esse assunto, o Souza Aranha possui amplas
janelas que valorizam a luz natural e toda a
iluminação das dependências do edifício pro-
vém de lâmpadas LED. Também foram insta-
ladas persianas que minimizam a incidência
dos raios UV, além de sistemas de ilumina-
ção individualizados.
Volselei Wolff Barreiros
HTB Brasil
“A PREOCUPAÇÃO
COM O MEIO
AMBIENTE E A
NECESSIDADE
DE AJUSTE A UM
NOVO MODELO
DE MERCADO,
BASEANDO-SE
EM PRINCÍPIOS
DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA E
DE DESEMPENHO
AMBIENTAL”
LEED CI
43. revistagbcbrasil.com.br 43nov-dez/16
DOSSIÊ TIPOLOGIAS
Pensando no conceito de funcionalidade do
ambiente e dos materiais, todo o mobiliário
foi escolhido levando em consideração seu
design flexível, o que facilita possíveis ajustes
de layout dos espaços de acordo com as de-
mandas da empresa. Além disso, a escolha
visa criar um ambiente claro, sem poluição
visual e cujos objetos e materiais facilitem os
processos de limpeza e organização.
De modo geral, conceito do prédio busca
contribuir para a qualidade de vida de seus
usuários e de seu entorno. Barreiros lembra
que o edifício “oferece infraestrutura para
ciclistas, vagas preferenciais para veículos
menos poluentes e favorece a reciclagem de
resíduos da operação do prédio”.
Tantas mudanças geraram impactos nos co-
laboradores. Eles tiveram que se adaptar a
um ambiente novo, com novas especificida-
des e um espaço muito maior que o antigo.
Por outro lado, estão notando que as mudan-
ças vieram para seu melhor conforto e bem-
-estar. “As equipes contam agora com uma
infraestrutura melhor para realizar suas as ati-
vidades com o máximo de excelência, além
de poderem permanecer no mesmo endere-
ço, uma vez que já estruturaram suas vidas
na região”, finaliza Volselei Wolff Barreiros.
Projeto:
Edifício Souza Aranha
Localização:
São Paulo - SP
Proprietário:
BR Properties
Área construída:
6.200 m²
Certificação:
LEED em processo
Sistema:
Core & Shell 2009 v.3.0
Arquitetura:
Athié|Wohnrath
Construtora:
HTB Engenharia e Construção
Consultoria de sustentabilidade:
OTEC
Execução elétrica, hidráulica e comba-
te a incêndio:
Temon Técnica de Montagens e
Construções
Execução Sistema de Ar Condicionado:
Konar Instalação, Comércio e Manu-
tenção de Condicionadores de Ar
Execução Sistema de Detecção e
Alarme de Incêndio:
MML Sistemas de Automação
Fotos:DivulgaçãoHTB