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ANO3 / Nº11 / 2016
VIBEDITORA
DOSSIÊ ESPECIAL
SAÚDE E BEM-
ESTAR NAS EDIFI-
CAÇÕES GANHA
IMPORTÂNCIA
ESCRITÓRIO
GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L
REVISTA
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
HABITAT 3: Discussões
renovam agenda urbana
para os próximos 20 anos
Comitês técnicos do GBC
atuam para aperfeiçoar o
mercado
LEED CI: Cases e soluções
nos projetos de interiores
WORKPLACE
OF THE FUTURE,
EM SÃO PAULO,
É LEED CI
PLATINUM
EY
SÃO PAULO - SP
SP EXPO EXHIBITION &
CONVENTION CENTER
08A 10
AGOSTO
2017
Seja um palestrante do maior evento da
construção sustentável da América Latina!
www.expogbcbrasil.org.br
Acesse SEJA UM PALESTRANTE em nosso site e apresente
sua proposta ou se candidate a ser um de nossos revisores!
Faça parte da Comunidade Greenbuilding!
CALL FOR PROPOSALS
A GREENBUILDING BRASIL CONFERÊNCIA
INTERNACIONAL E EXPO:
e CALL FOR REVIEWERS
A sua participação é peça fundamental para o sucesso da
Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo! No
evento você poderá ter a oportunidade de compartilhar seus
conhecimentos e experiências, apresentar seus cases de sucesso
e novos empreendimentos. As inscrições para participar como
palestrante ou revisor estão abertas. Nosso objetivo é enfatizar
cada vez mais a importância de uma comunidade engajada e
que contribua com a disseminação de conceitos e conteúdos
relevantes para o mercado da construção sustentável.
9É o principal evento da construção sustentável no Brasil e um
dos principais do segmento no mundo.
9É o mais forte e abrangente encontro para os setores de
Arquitetura, Construção e Design.
9Reúne mais de 15 mil profissionais dos setores relacionados.
REALIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO
PARCERIA
ESTRATÉGICAPATROCÍNIO OUROPATROCÍNIO PLATINUM
10 ANOS DE
GBC BRASIL
PATROCÍNIO PRATA
revistagbcbrasil.com.br 3mar-abr/16
Editorial
©BiancaWendhausen
A construção sustentável vem se consolidando a cada
ano, sempre superando as expectativas do mercado. Os
números expressam esse movimento crescente e, tam-
bém, diversificado, abrangendo cada vez mais estados
do país, e cada vez mais segmentos.
Neste final de 2016, início de 2017, o balanço feito pelo
Felipe Faria, CEO do GBC Brasil, nas próximas páginas,
mostra claramente esse desempenho.
A edição, que está recebendo agora, aborda um dos as-
pectosmais importantes das construções sustentáveis,
que é a Saúde e o Bem-Estar nas edificações. A qualida-
de do ar, dos ambientes, das condições de trabalho são
fatores fundamentais no processo de apropriação do es-
paço pelos ocupantes. Estes aspectos são analisados
nesta edição e cases são apresentados, comentando
suas particularidades.
Em 2017, o GBC Brasil comemora os 10 anos de pre-
sença no Brasil e também os 10 anos da primeira certifi-
cação no país. Desse modo, acreditamos que este ano
terá um significado mais especial para o setor.
A todos que nos acompanham, aproveito para desejar
um excelente 2017 e que a sua participação na constru-
ção de um futuro sustentável, seja cada vez mais forte.
Boa leitura!
Abrindo as portas
para 2017
LUIZ FERNANDO SAMPAIO
DIRETOR EXECUTIVO
VIB Comunicação e Editora
VIBEDITORA
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Presidente GBC Brasil
Eduardo Eleutério
Diretor Executivo Isover, Saint Gobain
Vice Presidente GBC Brasil
Antonio Lacerda
Senior Vice Presidente, BASF
1º Secretário GBC Brasil
Ernesto Ghini
Diretor Geral, Honeywell
2º Secretário GBC Brasil
Marcos Bensoussan
Sócio Presidente, Setri
MEMBROS DO CONSELHO
Martín Andrés Jaco
CEO, BR Properties
Celina Antunes
CEO América Latina, Cushman & Wakefield
Hilton Rejman
Diretor de Incorporações, Cyrela Commercial
Properties
William Ribeiro
Diretor Comercial, Daikin
Raul Penteado
Presidente, Deca
Fabian Gil
Presidente América Latina, Dow
Edo Rocha
Sócio Proprietário & CEO, Edo Rocha Arquitetura
Maurício Parolin Russomanno
CCO - Chief Commercial Office, Votorantim
Manoel Gameiro
Ex Presidente GBC Brasil
José Moulin Netto
Ex Presidente GBC Brasil
CEO Green Building Council Brasil
Felipe Faria
DIRETOR EXECUTIVO
Luiz Sampaio
lfsampaio@vibcom.com.br
REDAÇÃO
Natália Rangel - MTb 15194/MG
Veronica Soares - MTb 13093
Paulo Dias - MTb 82002/SP
Patrícia Braga - MTb 81787/SP
Taís Cruz
redacao@vibcom.com.br/ press@vibcom.com.br
COMERCIAL: comercial@vibcom.com.br
FINANCEIRO: adm@vibcom.com.br
DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL,
REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO
VIB COMUNICAÇÃO E EDITORA
Rua Roque Petrella, 46 - conj 501
Brooklin - São Paulo - SP
CEP 04581-050
RESPONSÁVEL DO GBC
Maíra Macedo
ASSINATURAS E CONTATOS:
Tel: 11 5078 6109
email: revistagbc@gbcbrasil.org.br
Capa: Escritório EY Workplace for the Future - São Paulo.
Acervo EY
3nov-dez/16
4 nov-dez/16 rev/gbc/br
índice
GBCBRASIL
C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO 3 / Nº11 / 2016
REVISTA
G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L
EDITORIAL.............................................................	> 3
COLUNA GBC........................................................	> 6
	 GREEN PAGES
	 EDO ROCHA...................................> 8
COLUNA CBIC.....................................................	> 12
	 PROJETO DESTAQUE...........................> 14
URBANISMO - HABITAT 3...................................	> 20
COMITÊS TÉCNICOS GBC BRASIL.....................	> 22
	 ESPECIAL SAÚDE E BEM-ESTAR
AMBIENTES DE TRABALHO MAIS SAUDÁVEIS........	> 28
CERTIFICAÇÃO WELL.........................................	> 34
CLIMATIZAÇÃO PARA SAÚDE............................	> 36
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E TECNOLOGIA......	> 39
ESCRITÓRIOS E BEM-ESTAR DOS OCUPANTES
NOVA SEDE HTB........................................................	> 40
ATHIÊ WOHNRATH.............................................	> 44
MARCETEX...........................................................	> 48
GREEN PEOPLE...................................................	> 54
VISÃO DA AMÉRICA............................................	> 56
POLÍTICAS PÚBLICAS.................................................	> 60
INOVAÇÃO - EVENTO DANFOSS......................	> 64
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS................................	> 66
HTB: 50 ANOS NO BRASIL..................................	> 68
6 nov-dez/16 rev/gbc/br
coluna gbc
A
construção sustentável mantém ótimos resulta-
dos de crescimento em 2016, ano em que a cons-
trução civil esteve rendida a condições adversas
da economia e política. Mesmo com o crescimen-
to do LEED em outros países, o Brasil continua na
4º posição na lista do USGBC dos maiores mer-
cados, destacando os países que estão desempenhando um pa-
pel significativo na concepção, construção e operação, de forma
integrada, eficiente e sustentável.
O país registrou 7.43 milhões de metros quadrados de edificações
certificadas LEED e 30.97 milhões de metros quadrados cumula-
dos de projetos registrados e certificados. Atualmente, são 1.224
projetos registrados em praticamente todos os Estados do Brasil.
Também celebramos os primeiros projetos registrados no Estado
do Acre.
Abaixo, a lista do TOP 10 países:
A construção sustentável segue inabalada frente os desafios eco-
nômicos e políticos que assolam o país. A liderança interdepen-
dente dos profissionais e empresas atuantes na construção sus-
tentável consolidou a presença dos green buildings nos principais
Ranking	 País	 m2
	 Projetos
		 Certificados*	 Certificados
1	China	 34,62	 931
2	Canadá	 34,39	 2.586
3	India	 15,90	 644
4	Brasil	 7,43	 380
5	 Coréia do Sul	 5,95	 97
6	Taiwan	 5,66	 99
7	Alemanha	 5,03	 215
8	Turquia	 4,78	 191
9	Suécia	 3,88	 210
10	 Emirados Árabes	 3,64	 180
	 Estados Unidos**	 336,84	 27.699
segmentos da construção e criou as condições necessárias para
sua expansão e fortalecimento. Os números de novos projetos
LEED e CASA, considerando um ano de timidez no que se refere a
novos lançamentos, são impressionantes.
O desempenho equipara-se ao ano de 2012, quando tivemos mui-
tos projetos corporativos de alto padrão lançados e registrados
LEED. O ano de 2016 é a comprovação que nosso movimento
aumentou a participação no mercado e passou a abranger dife-
rentes segmentos, não estando mais restrito ao corporativo de alto
padrão.
Para o GBC Brasil caberá manter a disseminação e fortalecimento
da presença dos green buildings nos diversos setores do mercado.
Corroborando com o célere processo de adoção pela iniciativa
privada e pública das ferramentas de certificação de edificações
verdes, pesquisas como a da Geoimóvel divulgada em agosto de
2016, comprovam os diferenciais econômicos dos green buildin-
gs. Comparando edifícios corporativos de alto padrão certificados
LEED com aqueles não certificados no mesmo bairro, nas cidades
de São Paulo e Rio de Janeiro. Concluiu-se que as edificações
certificadas possuem 7% de melhora na vacância no Rio de Janei-
ro e 9,5% em São Paulo; possuem melhor valor por metro quadra-
do, ao mesmo tempo que as taxas de condomínio são menores.
Em termos de estoque neste segmento e bairros analisados, já
somos 27% no Rio de Janeiro e 34% em São Paulo, sendo que na
região das Avenidas Berrini e Faria Lima, o montante chega a 50%
das edificações corporativas de alto padrão.
Continuamos em 4º no TOP 10 - ranking de
162 países com maior número de projetos
registrados e certificados LEED.
2016, um ano impressionante.
Ano	 Projetos 	 Novos	 Total
	 LEED	 CASA	
2016***	188	 13	 201
2015	107	 15	 122
2014	131	 1	 132
2013	188	 9	 197
2012	209	 0	 209
*Escala em milhões de metros quadrados. Dados de Dezembro de 2016
**Os Estados Unidos da América, país de origem do LEED não estão incluídos nesta lista e conti-
nuam sendo o maior Mercado da certificação.
***Dados até Out/2016
revistagbcbrasil.com.br 7nov-dez/16
coluna gbc
FELIPE FARIA,
CEO Green Building Council Brasil
Presidente Comitê de Networking das Américas do World GBC
Em 2016 foram 67 projetos certificados e 188 novos registros LEED
em 10 diferentes Rating System e 13 novos registros CASA, sendo:
SP: 83 registros (6 LEED CI, 26 LEED CS, 21 LEED EB_OM, 1 LEED
Schools, 16 LEED NC, 1 LEED ND, 2 LEED Retail, 1 LEED v4 ID+C: CI
e 9 CASA);
RJ: 29 registros (21 LEED CS, 2 LEED EB_OM, 2 LEED Schools, 3
LEED NC e 1 LEED v4 ID+C: CI);
PE: 18 registros (16 LEED NC, 1 LEED CI e 1 LEED EB_OM);
PR: 16 registros (12 LEED NC, 3 LEED CS e 1 LEED EB_OM);
DF: 14 registros (1 LEED CI, 9 LEED CS, 3 LEED EB_OM e 1 LEED NC);
RS: 12 registros (6 LEED CS, 3 LEED NC, 1 LEED EB_OM, 1 LEED CI
e 1 CASA);
MG: 6 registros (1 LEED NC, 4 LEED CS e 1 LEED EB_OM);
SC: 6 registros (2 LEED NC, 1 LEED CI, 1 LEED CS, 1 LEED EB_OM
e 1 CASA);
BA: 5 registros (4 LEED NC e 1 LEED CI);
GO: 4 registros (1 LEED NC, 1 LEED CS, 1 LEED v4 BD+C: CS e 1
CASA);
AC: 2 registros (LEED CS);
AM: 1 registro (LEED CI);
CE: 1 registro (LEED Retail);
MS: 1 registro (LEED v4 BD+C: NC);
MT: 1 registro (CASA);
PA: 1 registro (LEED NC);
RN: 1 registro (LEED ND).
Alinhado aos números de crescimento, nosso otimismo aumenta
frente a importância e propósito nobre dos objetivos estratégicos
definidos e aprovados pelo Conselho de Administração do GBC
Brasil, em conformidade com as Políticas Nacional, Estaduais e Mu-
nicipais de Mudanças Climáticas, bem como as principais deman-
das para o crescimento contínuo da indústria da construção civil.
•	 Acelerar o desenvolvimento do mercado de eficiência energé-
tica em edificações existentes.
•	 Garantir que as edificações e espaços construídos tenham
como premissa básica de projeto, obra e operação, a saúde e
bem-estar de seus ocupantes.
•	 Disseminar e fortalecer a presença dos green buildings nos
diversos setores de mercado.
•	 Elevar o nível técnico da indústria de materiais e recursos pau-
tados na Avaliação de Ciclo de Vida e Declaração Ambiental de
Produto.
•	 Aumentar a visibilidade do GBC Brasil.
•	 Reforçar a divulgação dos benefícios econômicos da constru-
ção sustentável a todos os “stakeholders” envolvidos.
•	 Aumentar a receita do GBC Brasil e diversificar suas fontes.
Acompanhando este trabalho de expansão e consolidação vale
ressaltar o crescimento de nossas ações e ferramentas de disse-
minação da informação. O website cresceu 80% em relação ao
número de usuários e 25% de visualização de páginas (+160.000
profissionais), as mídias sociais aumentaram em 72% seu alcance
e 238% o número de seguidores (2.542.955 pessoas). O Green-
building Brasil, Conferência Internacional e Expo saltou de um público
de 4.000 visitantes para 14.000, 120 palestrantes (30 internacionais),
1500 conferencistas e 50 patrocinadores e expositores.
Com a direção do nosso Conselho, atuação dos nossos Membros
e engajamento dos parceiros, a equipe do GBC Brasil está certa
que o ano de 2017 será promissor. Impulsionaremos exponencial-
mente a colheita dos bons resultados de nossas atividades e não
faltaram nobres motivos para as comemorações dos dez anos do
Green Building Council Brasil.
Juntos estaremos edificando um ano rico em reflexão, harmonia
e paz.
8 nov-dez/16 rev/gbc/br
inovação
GREEN PAGES
8 nov-dez/16 rev/gbc/br
Edo RochaArquiteto, Edo Rocha Arquiteturas
ENTREVISTA
Edo Rocha é arquiteto urbanista,
diplomado pela Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, em 1973,
é o Diretor Presidente da empresa Edo
Rocha Arquiteturas, fundada em 1974
e com mais de 40 anos de experiência
no planejamento e na arquitetura
de edificações, espaços interiores,
urbanismo, aeroportos, shopping
centers, arenas esportivas, estádios,
entre outros. É fundador do Consórcio
ABSIC Brasil, primeiro consórcio
licenciado pela Universidade Carnegie
Mellon fora dos Estados Unidos,
com objetivo de realizar pesquisas e
desenvolver produtos para melhorar
a qualidade e o desempenho dos
edifícios, a saúde e a produtividade
de seus ocupantes. Membro da Asbea
- Associação Brasileira de Escritórios
de Arquitetura e conselheiro do
MAM - Museu de Arte Moderna,
em São Paulo. São mais de 1.000
projetos assinados e 15.000.000 m²
projetados. Seus principais valores
são: a sustentabilidade, a reciclagem
da arquitetura - retrofit - e a
inovação. Possui mais de 680.000m²
de projetos com certificação LEED
concedidas pelo Green Building
Council Brasil, onde é membro do
Conselho Administrativo. Com mais
de 40 anos de experiência como
Artista Plástico, Edo Rocha participou
de diversas Bienais, exposições em
Galerias de Arte e Museus, nacionais
e internacionais
GREEN PAGES
"O conceito
foi aceito"
©MariQueiroz
revistagbcbrasil.com.br 9nov-dez/16
inovação
revistagbcbrasil.com.br 9nov-dez/16
Como você avalia o crescimento da cons-
trução sustentável no Brasil, não só em
termos de certificações, mas também da
aplicação de conceitos de sustentabilida-
de nos projetos?
Edo Rocha. Eu vejo dois aspectos importan-
tes em termos da sustentabilidade avançan-
do no Brasil. Primeiro que, no início era difícil
convencer pessoas, empresários e investido-
res da importância do conceito de sustentabi-
lidade, mas hoje em dia eles já mudaram de
opinião e acham que, de fato, é um assunto
importante, que tem uma relevância que anos
atrás não havia. Num segundo momento, a
sustentabilidade era um aspecto muito mais
de marketing e hoje é uma realidade como
valor agregado ao imóvel como economia na
operação. Hoje o imóvel certificado tem um
aspecto muito mais econômico em relação a
operação que um imóvel não certificado ou
não sustentável. Fazer bem feito ou fazer mal
feito acaba custando a mesma coisa, então é
melhor fazer da maneira correta. O que acon-
tece é que há uma diferença muito grande
para o operador e para o usuário, mas antes o
investidor e o incorporador achavam que isso
não era importante. Porém esse argumento
virou um aspecto importante de venda, pois
o prédio gastar menos energia é importante
para o usuário. Essa foi a grande mudança
de consciência.
Como definir a importância dos quesitos
saúde e bem-estar na arquitetura?
ER. A sustentabilidade de uma maneira geral
se apoia em três itens. O primeiro é a conser-
vação de energia, pois sem ela não estamos
falando em sustentabilidade. Os outros dois
são o uso racional da água e a energia huma-
na, ou seja, o lugar que faz bem, proporciona
satisfação e não me exaure fisicamente. São
três pontos que são extremamente importan-
tes na sustentabilidade. E tudo isso com um
único objetivo: não gerar de emissão de CO2
.
Se isso não for o item principal entre os 10
mandamentos da sustentabilidade, então não
conversamos sobre sustentabilidade. Nós
cometemos um grande erro aqui nos edifícios
do Brasil, pois, como nós não temos inverno,
os prédios não tem isolamento térmico e por
isso gasta-se muita energia pra refrigerar os
ambientes e precisamos ter consciência dis-
so. A minha recomendação, em termos de
soluções, seria isso: se não tiver isolamento
térmico, o calor intenso aquece a estrutura e
no final tem que se usar muito ar condicio-
nado pra refrigerar um espaço que poderia
estar isolado termi- camente. Não tem nada
pior em termos de sustentabilidade do que o
concreto aparente, por exemplo. Ele é a antí-
tese da sustentabilidade pois ele esquenta, é
escuro e transmite toda a radiação pra dentro
do edifício.
Na sua opinião, o que é necessário para
uma boa arquitetura sustentável? Em ter-
mos de eficiência energética, respeito
aos recursos naturais, soluções arqui-
tetônicas e tecnológicas, o conforto e o
bem-estar.
ER. Vou falar sobre os aspectos do conforto e
como se percebe esse conforto. São, em prin-
cí- pio, 3 modalidades: o conforto físico, onde
a arquitetura trabalha; o conforto ambiental
onde os analistas e psicólogos trabalham a
parte psicológica das pessoas e o conforto
espiritual, que se busca através das diversas
religiões. Quando falamos sobre conforto, di-
zemos que é uma sensação percebida pelos
5 sentidos: tato, olfato, visão, audição e pala-
dar. Quando você junta estes 5, acaba crian-
do um sexto sentido que chamo de TOVAP
[a palavra é uma abreviação dos cinco senti-
dos, e significa exatamente a somatória des-
tes sentido]. Um claro exemplo de TOVAP é
quando você está à mesa e todos os seus
sentidos estão ligados. E cito ainda o sétimo
sentido: a percepção do espaço. Junta-se
esses sete e se tem uma visão mais apurada
e integrada do que é conforto. Com relação
à saúde, ela está ligada a arquitetura em um
aspecto muito importante: a respiração, o ar.
De acordo com a OMS, a contaminação do
ar que a gente respira é responsável por 75%
das doenças que contraímos. Um sistema de
ar condicionado mal dimensionado pode ser
um condicionante de dores muscular e dores
nas costas, por exemplo. E um outro aspecto
importante é a ergonomia, que tem a ver com
a parte física corporal, com a coluna. Enfim,
existem muitos elementos que provocam mal
estar e desconforto na arquitetura.
A preocupação com os ocupantes e seu
bem-estar é fundamental em um projeto
de escritórios, onde as pessoas passam
a maior parte do tempo trabalhando.
Como isso se manifesta na prática nos
seus projetos?
ER. O escritório não é só o lugar em que você
passa a maior parte do tempo, mas onde
se estabelece que a relação da percepção
do bem-estar dentro do espaço de traba-
lho é um aspecto extremamente importante,
e tem a ver de novo com todos os sentidos
que falei. Tem a ver com a visão, no caso
da iluminação, com o olfato, com audição
e o tato que são as percepções que temos
em especial entre o seu corpo e o mobiliário,
a cadeira, o móvel, além da relação com o
espaço como um todo. Essa é a habilidade
que o arquiteto tem que ter de entender isso
e transformar num aspecto de conforto e não
necessariamente em um aspecto de décor.
A acústica é assunto muito importante mas
quase ninguém entende disso e os lugares se
tornam extremamente irritativos porque não
tem essa boa solução para esse problema.
Tenho vários projetos onde estes elementos
sempre são levados em consideração. Por
exemplo, a sede do Santander onde fez-se
um trabalho acústico perfeito. Lá os móveis
foram todos desenhados para que eles fa-
çam parte da acústica do ambiente, com índi-
ce de reverberação bastante grande. A sede
10 nov-dez/16 rev/gbc/br
inovação
GREEN PAGES
10 nov-dez/16 rev/gbc/br
da TV Globo, em São Paulo, é outro exemplo
interessante. Lá não só foi planejada toda a
questão da arquitetura, mas também do mo-
biliário e acústica o que resultou num índice
de reverberação baixo. E tem projeto da HP
com novas maneiras de trabalhar e novos
equipamentos. Por fim, cito também a sede
da Souza Cruz, um dos últimos projetos que
fizemos, com um resultado estético e de con-
forto bastante interessantes. Todas as mesas
foram desenhadas, o espaço tem uma quali-
dade acústica e de iluminação excelentes e
tem toda uma série de percepções onde as
pessoas conseguem expressar a manifesta-
ção de conforto do antes e do depois.
Recentemente você lançou um livro so-
bre o conforto na arquitetura e no de-
sign. Esse tema tem muito a ver com as
questões aqui levantadas nessa edição,
que dizem respeito à relação entre a edi-
ficação, os seus ocupantes e o meio am-
biente. Como equacionar essa relação no
projetar?
ER. O livro tem basicamente 10 capítulos,
onde eu falo sobre essa percepção do con-
for- to na arquitetura e sobre a consciência
disso. O conforto não tem uma regra, é ex-
tremante subjetivo, varia de cada pessoa.
Ele muda com o passar do tempo, você vai
envelhe- cendo e mudando a percepção de
conforto. Explico ainda os 5 sentidos, a cria-
ção do sexto sentido, o TOVAP, e o sétimo
sentido que é a percepção do espaço, como
você entende e sente a arquitetura. Por exem-
plo, você deve ter em sua casa o lugar que
mais gosta, e onde se sente mais confortá-
vel. Você cria suas referências ou desenvolve
essa percepção de conforto nesse lugar. Falo
também sobre o conforto na arquitetura, esse
sétimo sentido que é expresso pela sua emo-
ção ao se relacionar com uma edificação.
Quando você tem uma experiência marcante
com algum local que te desperta uma sen-
sação tão forte a ponto de lhe tirar o ar, esse
é o sétimo sentido. No livro cito ainda a influ-
ência da tecnologia e como ela muda a per-
cepção de conforto através dos anos. Falo
também sobre um elemento importante para
o conforto: a areia. Da areia fez-se o vidro e
isso transformou o conforto do homem, que
fez as lentes, o microscópio, o telescópio, a
televisão, a tela do computador, do celular,
os transistores, as lâmpadas, e muito mais.
O vidro, através das janelas e das portas, re-
presentou um grande carimbo da arquitetura.
Quando você olha uma janela ou uma estru-
tura arquitetônica, já sabe se é neoclássico,
colonial, e por aí vai.
Fale um pouco da importância do GBC,
que agora em 2017 completa 10 anos no
Brasil
ER. No começo tinha um certo receio sobre
se o trabalho desenvolvido pelo GBC seria
bem aceito aqui. Mas tive uma grata surpresa
ao ver como o GBC foi abraçado no Brasil e
como teve essa aceitação tão grande. Isso é
de uma importância única. O Brasil é um dos
países com maior número de projetos em
aprovação. Eu diria que no final o conceito foi
aceito. Essa é a importância que vejo como
resultado. Também acredito que a iniciativa
do Referencial CASA GBC Brasil terá uma
repercussão bastante interessante. É um co-
meço muito promissor e há uma expectativa
que terá um bom resultado.
©DivulgaçãoEdoRocha
"Essa é a habilidade
que o arquiteto tem
que ter de entender
isso [bem-estar] e
transformar isso num
aspecto de conforto e
não necessariamente
num aspecto de décor"
revistagbcbrasil.com.br 11nov-dez/16
inovação
revistagbcbrasil.com.br 11nov-dez/16
12 nov-dez/16 rev/gbc/br
Coluna CBIC
A
Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção – CMA/CBIC, lançou no mês
de setembro, em correalização com o Senai, duas pu-
blicações inéditas para o setor: Gestão Eficiente da
Água e Energias Renováveis. A cidade do Rio de Ja-
neiro inclusive nesta mesma semana do lançamento
recebeu o evento CNI Sustentabilidade, trazendo diretrizes do Ano
Internacional do Entendimento Global, onde as conexões locais se
encontram, proporcionando entendimento sobre a sustentabilidade
e seu papel em escala global. O tom do evento foi dado pelo Presi-
dente da CNI, Robson Braga, onde enfatizou que a sustentabilidade
seja incorporada ao plano de negócios das empresas, criando opor-
tunidades e novos investimentos. Com relação às publicações, uma
aborda questões e reflexões sobre como usar água com eficiência,
utilizando apenas a quantidade de água necessária e suficiente para
o desempenho esperado de determinada atividade ou equipamento,
sem desperdício, sem comprometimento da qualidade da atividade
e garantida a saúde dos usuários e segunda expõe os benefícios do
uso da energia solar fotovoltaica para o setor da Indústria da Cons-
trução, questões sobre viabilidade, tarifas e financiamentos, além de
apresentar relações entre energia fotovoltaica e aquecimento solar,
micro e mini geração de energia e respectiva aplicação em condomí-
nios verticais e horizontais e respectiva viabilidade econômica.
Muitas alianças e iniciativas internacionais em prol da economia de
baixo carbono estão sendo conduzidas desde a realização da COP
21, no final do ano de 2015 e ficou claro que estamos caminhando
para uma economia fortemente atuante em tecnologias limpas. Para
viabilizar esta transição, a partir do acordo estabelecido em Paris, os
países desenvolvidos vão contribuir com 100 bilhões de dólares a
partir de 2020 e verifica o aumento exponencial de fundos de investi-
mentos destinados a fomentar pesquisas em energias limpas.
O setor mobilizou-se e foi formada uma aliança para combater a mu-
dança climática, composta inicialmente por 20 países - o Brasil faz
parte dela - com outros países como Estados Unidos, França, Mar-
rocos, Suécia, Canadá, Áustria, Alemanha, México, entre outros, com
apoio de grandes corporações e sociedade civil, destacando-se a In-
ternational Union of Architects (UIA), o World Green Building Council
(WGBC) e a European Construction Industry Federation (FIEC). En-
tre os objetivos da Aliança está de minimizar a demanda de energia,
tornar verde a cadeia de valor da construção, integrar as energias
renováveis através da energia dos municípios, implementar projeto
de construção integrada e planejamento urbano, e envolver institui-
ções de financiamento, além de buscar mais resiliência nas cidades
e infraestrutura do futuro. Este cenário permite visualizar perspectivas
de um novo mercado para o setor da Indústria da Construção, tendo
A Sustentabilidade
como Negócio
Nilson Sarti
presidente da Comissão do
Meio Ambiente (CMA) da
Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC)
©DivulgaçãoCBIC
revistagbcbrasil.com.br 13nov-dez/16
Câmara Brasileira da Indústria da Construção
em vista que a participação dos parques eólicos e solares na matriz
energética mundial representa apenas 0,5%.
Outra proposta é o desenvolvimento de parcerias público-privadas
e cooperações para criação de uma cultura em sustentabilidade e
uma visualização da Indústria 4.0, onde países como a Costa Rica e
Suécia se tornarão fossil fuel free, isto é, até 2020 não farão uso de
combustíveis fósseis e o surgimento de empresários e investidores
urbanos, criando um ambiente de negócios colaborativo, urbanizado
e democrático. Além disso, para a retomada do crescimento do País
baseado na sustentabilidade, a diretriz é o investimento em tecnolo-
gia e inovação.
E o setor tem a oportunidade de ser protagonista em um movimen-
to favorável ao uso e disseminação de energias renováveis, citando
como exemplo, uma decisão estratégica que vem sendo tomada por
grandes empresas, como o Breaktrough Energy Coalition, um novo
modelo de negócios, que consiste em parceria público-privada entre
governos, instituições de pesquisa e investidores, além de cientistas,
engenheiros e empresários que podem construir e dimensionar as
tecnologias inovadoras que irão limitar o impacto das alterações cli-
máticas, proporcionando energia confiável e acessível a todos.
Boas e exitosas iniciativas, como as “fazendas verdes em telhados”,
onde hortas orgânicas são cultivadas no telhado do edifício, tornando
o transporte a custo zero e alcançando o máximo da acessibilidade,
compartilhamentos de veículos elétricos, entre outros, mostra o cami-
nho do futuro: a sharing economy, alcançará em 2025, o impressio-
nante número de 335 bilhões de faturamento.
A CBIC, coordenadora da Comissão de Construção Sustentável da
Federação Interamericana da Indústria da Construção, fomenta a dis-
seminação das seguintes plataformas apoiadas pelo Banco Mundial,
que incentivam diretrizes relacionadas à construção sustentável: Kno-
wledge Platform on Environmentally Sustainable Infrastructure Cons-
truction in Latin America and the Caribbean Region – KPESIC, uma
ferramenta que estabelece redes e grupos de intercâmbio entre espe-
cialistas, atores públicos e privados, para disseminar conhecimento e
estabelecer intercâmbio e contatos e estabelecer estratégias de ne-
gócio mais eficientes dos usuários, facilitando o desenvolvimento de
projetos em sustentabilidade na área de infraestrutura, e Excellence in
Design for Greater Efficiencies – EDGE, uma certificação que recom-
pensa os incorporadores que implementam estratégias para reduzir o
uso de energia e água em seus prédios, bem como a energia incor-
porada nos materiais.
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14 nov-dez/16 rev/gbc/br
projeto em destaque
Colégio Estadual Erich Walter Heine,
Rio de Janeiro
Fotos:DivulgaçãoHospitalOswaldoCruz
Inovador, novo
escritório da
recebe certificação
LEED CI Platinum
projeto em destaque
©AcervoEY
14 nov-dez/16
Por Paulo Dias
revistagbcbrasil.com.br 15nov-dez/16
projeto em destaque
A empresa precisou se
adaptar às mudanças no
perfil dos funcionários e
criar um novo conceito de
escritório que incentivasse
a colaboração e a auto-
nomia de seus colabora-
dores, sem deixar de lado
a sustentabilidade. Os
resultados já são sentidos
na prática.
O
novo escritório paulista-
no da Ernst & Young (ou
simplesmente EY), uma
das maiores empresas de
Auditoria e Consultoria do
mundo, recebeu certifica-
ção LEED CI, categoria
Platinum. Ocupando cinco
andares da Torre Norte do Condomínio São
Paulo Corporate Towers (que também é certifi-
cado LEED CS – Platinum), o escritório é local
de trabalho de cerca de 3 mil colaboradores e
se tornou um exemplo de como aliar sustenta-
bilidade, tecnologia e inovação, sem deixar de
pensar no bem-estar dos funcionários.
Ao adentrar o espaço, a primeira coisa que
chama a atenção é uma grande área de
convivência com sofás, pufes, mesas e bal-
cões, além de uma máquina de café e outra
de petiscos saudáveis. “Quisemos criar esse
espaço para atender os mais diversos tipos
de profissionais e deixar o ambiente melhor,
mais dinâmico”, explica Zunara Carvalho,
sócia em avaliação de Riscos, Mudanças Cli-
máticas e Sustentabilidade da EY.
Em outubro desse ano, o escritório recebeu
certificado LEED Commercial Interior na mais
alta categoria, a Platinum. A certificação re-
sultou do anseio da empresa por um selo
de reconhecimento global e das diretrizes
mundiais da organização, que já incentivam
a promoção de diversos critérios de sustenta-
bilidade dentro dos escritórios da EY.
Escritório do Futuro
Workplace of the Future, é o conceito para
o projeto do escritório da EY, que se baseia
numa palavra chave: multifuncionalidade.
“Temos vários escritórios no mundo, todos
têm como principal objetivo promover maior
integração entre as pessoas e incentivar o
trabalho de colaboração. Para isso tivemos
que investir em tecnologia, sustentabilidade
e integração dos escritórios a nível internacio-
nal. O conceito Workplace prevê um ambien-
te de trabalho onde não se tenha a percep-
ção de hierarquia. Investimos muito também
nessa quebra de hierarquia”, analisa Zunara.
©AcervoEY
16 nov-dez/16 rev/gbc/br
projeto em destaque
Atualmente, a Ernst & Young está presente
em 728 escritórios distribuídos em 150 paí-
ses. São cerca de 160 mil colaboradores. O
conceito de Workplace of the Future é apli-
cado em 66 desses escritórios e os planos
da empresa preveem a expansão gradual
desses números. Segundo o Relatório Anual
2015 da EY Brasil, a mudança para esse novo
conceito de escritório “foi baseada em um es-
tudo global do perfil dos colaboradores, que
revelou que 50% deles já são da geração Y
e que esse número pode chegar a 85% em
2020. Essa geração tem uma necessidade de
inovação constante e, para exercê-la, busca
ambientes de trabalho mais dinâmicos, cola-
borativos e flexíveis”.
Todos os espaços do escritório da EY são
considerados multifuncionais, ou seja, po-
dem ser usados por todos em diversas fun-
ções. Para organizar esse fluxo, a empresa
investiu em tecnologia e criou uma platafor-
ma virtual (que pode ser acessada via celular)
de consulta e reserva de salas. Tal ferramenta
é integrada mundialmente, o que permite re-
servas nos escritórios de outros países. “Nós
éramos um escritório de mesa fixa, e passa-
mos para uma estrutura de hotelling, ou seja,
temos flexibilidade no uso dos ambientes e
espaços de trabalho. Isso significa dizer que
tais ambientes tanto podem funcionar como a
sala de um diretor quanto como uma sala de
reuniões”, exemplifica Zunara.
Projeto:
EEY SP Workplace of the Future
Localização:
São Paulo - SP
Proprietário:
Ernst & Young
Área construída:
9.795,00 m²
Certificação:
22/10/2016
Sistema e Nível da Certificação:
LEED CI - Platinum
Arquitetura e Construção
Athié Wohnrath
Consultoria de sustentabilidade:
EY e CTE
Gerenciamento:
EY e Athié Wohnrath
Elétrica:
CTPF projetos e consultoria
Hidráulica:
Adolfi – Projetos de engenharia
Sistema de Ar Condicionado:
EPT engenharia
Luminotécnica:
FOCO – luz & desenho
Zunara Carvalho
©AcervoEY
revistagbcbrasil.com.br 17nov-dez/16
projeto em destaque
Foco em sustentabilidade
Elaborado pelo escritório Athié|Wohnrath,
o projeto para a Ernst & Young já planejado
visando atender as diretrizes internas da em-
presa e também as requisições para a certifi-
cação LEED. Para tal, ele precisou se atentar
a uma série de detalhes em sete pilares bá-
sicos: implantação sustentável, energia, con-
forto ambiental, inovação, eficiência hídrica,
materiais e recursos e créditos regionais. A
EY também contou com consultoria do CTE
(Centro de Tecnologia de Edificações) para
obter a certificação LEED.
Com grandes janelas que valorizam a luz na-
tural, o escritório também conta com sensores
de luminosidade que detectam o movimento
e ligam/desligam as luzes automaticamente.
“Nos preocupamos bastante com luminosida-
de, porque esse talvez seja o fator mais crucial
quando pensamos no bem-estar das pessoas
nos escritórios”, enfatiza Zunara.
Ainda visando a economia de energia e tam-
bém pensando na qualidade interna do ar,
o escritório possui um sistema de ar con-
dicionado inteligente. Tal sistema percebe
a temperatura no ambiente e faz os ajustes
automaticamente, o que evita o problema de
deixar o ar condicionado ligado sem ter nin-
guém usando o local.
Os vasos dos sanitários e todas as torneiras
do escritório possuem redutores de fluxo de
água, o que gera economia imediata. Mas
de nada adiantariam essas medidas se os
funcionários não usassem conscientemente
os espaços. Nesse sentido, Zunara aponta
que a educação é fundamental. “Nos aten-
tamos para que as pessoas realmente enten-
dam como usar o espaço. Desenvolvemos
um guia para os colaboradores, explicando
como usar os ambientes do escritório pen-
sando não só em si, mas também no outro.
Porque o bem-estar está muito relacionado
ao impacto que você causa no outro”.
As mudanças visando a redução de resíduos
também foram significativas. Cerca de 80%
das impressoras do escritório foram desati-
vadas, o que desestimulou o uso do papel.
A empresa adotou uma política de mesas
limpas, ou seja, manter o menor número pos-
sível de objetos e pertences na mesa. Isso se
alinha com o conceito de multifuncionalida-
de dos ambientes, conforme lembra Zunara.
“O colaborador tem que pensar toda hora no
conceito do projeto, isso significa dizer que
ele não deve trazer nada ao espaço que o
faça se fixar ali”, explica.
Em relação ao descarte de resíduos, as lixei-
ras foram retiradas das salas, também visan-
do desestimular a geração de lixo. Na área
de convivência, há lixeiras para cada tipo
Fotos: Acervo EY
18 nov-dez/16 rev/gbc/br
projeto em destaque
•	 Redução do consumo de água: 41,9%
•	 Redução do consumo de água potável: 82,6%
•	 Redução da potência de iluminação: 26% se comparado com a
ASHRAE 90.1-2007
•	 Sensores de presença para 100% da iluminação.
•	 61,7% da potência de iluminação integradas a sensores de ilu-
minação natural
•	 38,95%dereduçãodoconsumodeenergiadosistemadeHVAC
•	 81,1% dos resíduos de obra encaminhados para reciclagem
•	 36% de materiais regionais
•	 Uso de adesivos, selantes, tintas e revestimentos com baixo
VOC.
•	 Lâmpadas com baixo teor de mercúrio, atingindo a marca de
19,3 picograms / lumen /hour
de material, incentivando a coleta seletiva.
O descarte posterior desses materiais fica a
cargo do condomínio que, por também ser
certificado LEED, possui uma série de diretri-
zes quanto ao destino final dos mesmos.
O antes e o depois
Desfrutar de um espaço certificado LEED sig-
nifica lembrar que os processos para se che-
gar até ali também precisam estar de acordo
com uma série de diretrizes. Zunara salienta
que, durante a fase de execução do projeto,
foram tomados diversos cuidados que mui-
tas pessoas nem imaginam. “Nos atentamos
para manter a obra ventilada e o mais limpa
possível, além de fazer a coleta e o descarte
correto dos resíduos da construção. Foi feito
também serviço de controle de poeira e de
ruídos”. Além desses cuidados, também hou-
ve a preocupação para que todo o mobiliário
tivesse origem local. “Fizemos um controle de
quais seriam nossos fornecedores. Só para
exemplificar, até a madeira que usamos em
nossos rodapés segue uma série de especifi-
cações, é certificada”, complementa.
Quando questionada se todo o esforço valeu
a pena, Zunara não tem dúvidas: “Com certe-
za valeu e ainda valerá muito mais! Porque a
ideia por trás de ter um escritório como esse
é crescer. E crescer não só nó fisicamente,
mas em todos os sentidos”, finaliza.
DIFERENCIAIS SUSTENTÁVEIS
©AcervoEY
revistagbcbrasil.com.br 19mar-abr/16
tendências
20 nov-dez/16 rev/gbc/br
urbanismo
O
nferência das Nações Unidas sobre Habitação e
Desenvolvimento Sustentável Urbano, sediada na
capital do Equador, Quito, em outubro. O evento é
realizado a cada 20 anos para dar novo impulso ao
compromisso com a urbanização sustentável mun-
dial. Na edição 2016, além de promover um inter-
câmbio global em defesa de cidades social e ambientalmente susten-
táveis, com moradia adequada para todos, o foco foi a implementação
da Nova Agenda Urbana, com base na Agenda Habitat de Istambul,
desenvolvida em 1996.
As previsões e indicadores tratados no evento apontam que, até 2050,
80% da população estará vivendo nas cidades, que consomem 70% da
energia e são responsáveis por 75% das emissões de CO2 na atmosfe-
ra. No cenário das cidades sustentáveis, são fundamentais a discussão
e a implementação da Nova Agenda para o assentamento humano e
para o desenvolvimento de centros urbanos mais sustentáveis, inclu-
sivos e igualitários, com redução da desigualdade social e de gênero,
além de redução das taxas de pobreza e de desemprego. Há também
um trabalho em defesa das cidades resilientes, que têm capacidade de
se recuperar e progredir após um forte acontecimento ou desastre na-
tural. Outro ponto fundamental é fortalecer a governança urbana, já que
Conferência da ONU
renova agenda urbana
para os próximos 20 anos
Edificações verdes são consideradas cruciais para as
metas de sustentabilidade no novo contexto de desen-
volvimento urbano, com especial destaque às ações de
saúde e bem-estar nas cidades
cidades de sucesso precisam ter governança sólida, além de fundos e
autonomia suficientes.
Dentre os participantes no evento estavam entidades governamentais,
do âmbito federal, estadual e municipal, mas também profissionais
da Arquitetura e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento,
ONGs e instituições financeiras como o Banco Mundial e o Rochfeller
Fund, que apresentaram programas de investimentos para cidades
sustentáveis. O Brasil levou representantes do Ministério das Cidades,
juntamente com o Secretário de Habitação do município de São Paulo,
João Sette Ferreira, a vice-secretária de Desenvolvimento Urbano da
Prefeitura, Thereza Herling e o diretor do Uso e Ocupação do Solo,
Daniel Montandón.
Inovações para cidades sustentáveis: edificações verdes no
contexto da Nova Agenda Urbana
O movimento dos Green Buildings e o trabalho das empresas mem-
bros do GBC é considerado crucial para alavancar a indústria da
construção civil em direção à sustentabilidade e, consequentemente,
contribuir para o atingimento das metas de Sustentabilidade da Nova
Agenda. No evento, algumas das possibilidades de mudanças positi-
vas discutidas entre os países indicaram a necessidade de melhorar o
Por Natália Rangel e Verônica Soares
urbanismo
revistagbcbrasil.com.br 21nov-dez/16
urbanismo
alinhamento das políticas públicas, fortalecer a integração e o alinha-
mento entre os órgãos federais, estaduais e municipais; ampliar a mo-
bilização social, por meio de alianças com a sociedade civil; trabalhar
para o controle do uso do solo; reforçar parcerias e priorizar dados de
pesquisas como indicadores, dentre outras questões, como a valoriza-
ção da qualidade da saúde no planejamento urbano cidadão.
Um encaminhamento importante foi a sugestão de criação, pelos go-
vernos locais, de uma Agenda Nacional Urbana para implantar tudo o
que foi discutido durante o Habitat III. Os diversos países e blocos parti-
cipantes apresentaram novidades em processo de implementação que
servirão de suporte para o alcance das metas. A ideia é que os proje-
tos apresentados possam auxiliar as prefeituras a partir de processos
de comparação entre as cidades, além de proporcionar aprendizado e
troca de experiências entre diferentes modelos de gestão sustentável.
O WorldGBC representou os GBCs com a apresentação do Advanced
Net Zeros, programa global, que conta com a participação do GBC Brasil
e outros nove países. O projeto visa colocar em ação o compromisso
feito na COP Paris pelo WorldGBC e seus 74 GBCs com suas 27 mil em-
presas associadas para redução das emissões de CO2 do setor de edi-
fícios em 84 gigatoneladas até 2050, por meio de edificações Net Zero.
O objetivo do programa consiste em zerar as emissões de carbono na
atmosfera oriundas do setor da construção civil até 2050, de forma que
todas as novas edificações e grandes reformas se tornem Net Zero a
partir de 2030, e 100% dos edifícios se tornem Net Zero até 2050. A
implantação da meta se viabilizará por meio da criação de ferramentas
de certificação para edificações Net Zero, a serem desenvolvidas pelo
GBC Brasil e por nove outros países. Apesar da parceria entre os paí-
ses e do apoio do WGBC, cada país será responsável pela criação da
sua própria ferramenta de acordo com as especificidades locais.
A União Europeia, por exemplo, apresentou o projeto European Green
Capital, ferramenta que será lançada em maio de 2017 e servirá de
auxílio ao desenvolvimento de políticas públicas. As cidades inscritas
serão avaliadas dentro de categorias como desempenho do ar, adap-
tação às mudanças climáticas, ruído, água, mobilidade, crescimento
verde e inovação, energia, natureza e biodiversidade, governança, uso
da terra e resíduos. Com base na nota recebida, cada cidade receberá
recomendações para a mitigação das mudanças climáticas. A ferra-
menta também irá contemplar indicadores de emissões de CO2 das
cidades, de forma a verificar o seu desempenho em comparação à
média das outras cidades, tudo de forma anônima.
A Comissão Europeia de Ciências e Serviços do Conhecimento, por
sua vez, apresentou o instrumento The Global Human Settlement Layer,
uma plataforma global com dados abertos para a avaliação da pre-
sença humana no planeta, trazendo indicadores de densidade. A mes-
ma comissão ainda apresentou o relatório Cities leading the way to a
better future. Já a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD) apresentou o resultado de uma pesquisa sobre
relevância das metas de desenvolvimento sustentável para as cidades
americanas contribuírem para a Agenda Urbana 2030. Dentre as 169
metas para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, 102 foram
consideradas relevantes para as cidades dos Estados Unidos. Dentre
os indicadores estão: pobreza, fome, saúde, educação, gêneros, água,
energia, economia, infraestrutura, desigualdade, cidades, consumo,
clima, oceanos, terras, justiça e implementação.
COP 22 e a Saúde e bem-estar nas cidades
Em sintonia com as discussões empreendidas na Habitat III, a COP22,
realizada em novembro, no Marrocos lançou o projeto Parceria NDC
(National Governments Partner), que reuniu 33 países e nove institutos
internacionais para acelerar e promover o desenvolvimento sustentável.
A Parceria NDC tem por objetivo reforçar a cooperação entre as nações
para que os países em desenvolvimento tenham acesso mais efetivo
aos conhecimentos técnicos e ao apoio financeiro necessários para
lidar com as mudanças climáticas e alcançar os objetivos de desenvol-
vimento sustentável relacionados. Embora existam muitas iniciativas já
em curso, a Parceria pretende alinhar melhor estes esforços internacio-
nais e nacionais e melhorar a compreensão dos recursos existentes e
expandir gradualmente a capacidade de resposta às necessidades em
evolução dos países.
No Habitat III, instituições como a International Society of Urban Health
(ISUH) apontaram a importância de preservar e avançar os debates e
ações em prol da saúde em cidades de todo o mundo, colocando a
questão como um ponto-chave para o desenvolvimento sustentável.
O órgão demonstrou que, para alcançar níveis mais saudáveis nas ci-
dades, é necessário melhorar os ambientes em que as pessoas vivem
e circulam, social, econômica e fisicamente, o que envolve a melhoria
nos ambientes naturais, urbanos e construídos, além de investimentos
em educação, transporte, coesão da comunidade, moradia e desen-
volvimento econômico.
Ao reorientar as maneiras como as cidades devem ser planejadas, pro-
jetadas, financiadas e administradas, a Nova Agenda Urbana encami-
nha ações para as próximas duas décadas que pretendem acabar com
a pobreza e a fome no mundo, reduzir as desigualdades, promover o
crescimento econômico, sustentável e inclusivo, alcançar a igualdade
de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas, melhorar a
saúde humana e o bem-estar, além de aumentar a resiliência e pro-
teger o meio ambiente. Com o reconhecimento crescente de que os
países não alcançarão seus objetivos de desenvolvimento sustentável
sem abordar a mudança climática, o bem-estar contínuo das socieda-
des e economias exige ação urgente por um mundo resiliente e livre de
carbono, aproximando as temáticas da saúde dos cidadãos às discus-
sões sobre a sustentabilidade.
©Divulgação
22 nov-dez/16 rev/gbc/br
inovação
Comitês atuam para
otimização e avanço
nos processos de
certificação no Brasil
Pesquisa, debates e propostas de
capacitação e networking estão
entre as atividades realizadas
©CSC
Por Natália Rangel e Verônica Soares
revistagbcbrasil.com.br 23nov-dez/16
inovação
úcleos estruturantes das
operações do Green Buil-
ding Council Brasil, os Co-
mitês Técnicos têm por ob-
jetivo encaminhar práticas
de projeto, construção e
operação de edifícios sustentáveis e auxiliar
no planejamento das ações da organização.
Formados por profissionais de renome do
mercado da construção verde, que atuam
voluntariamente como membros associados,
pela equipe do próprio GBC, além de profis-
sionais da academia, os Comitês trabalham
em frentes diversas, que vão desde o desen-
volvimento de pesquisas e novas tecnolo-
gias, passando pela capacitação do setor e
promoção de networking.
Analisar, discutir, criar e propor melhorias
técnicas e procedimentais às certificações
existentes promovidas pelo GBC Brasil, ou,
ainda, atuar no desenvolvimento de novas
certificações, estão entre as atividades dos
Comitês, que também podem contribuir na
análise de documentos ou considerações
técnicas de políticas públicas e normas para
nortear comunicados da Organização. Ao
final de 2016, os comitês entraram em uma
nova fase de pesquisas, cujos resultados
serão apresentados em 2017 em um fórum
com a participação de todos os membros,
no caso do Comitê Saúde e Bem-estar, e nas
próprias reuniões do Comitê LEED® e Refe-
rencial Casa®, dando continuidade ao traba-
lho e desenvolvimento dos pilotos. .
A Arquiteta Maíra Macedo, Coordenadora de
Relações Institucionais e Governamentais do
GBC Brasil, destaca a importância do enga-
jamento e atuação das empresas membros
para a garantia do sucesso dos trabalhos dos
Comitês Técnicos. Segundo ela, a atmosfe-
ra de trabalho é valiosa, enriquecida com a
troca de conhecimento entre os principais
stakeholders do mercado e profissionais da
Academia, gerando aprofundamento das fer-
ramentas de certificação e a verificação da
sua aplicabilidade no país. “Além disso, os
Comitês contribuem para o desenvolvimento
de pesquisas, novas tecnologias, frentes de
trabalho, capacitação do setor, ampliando a
fronteira dos green buildings através do en-
tendimento do impacto das edificações na
saúde e bem-estar das pessoas”.
Comitê Saúde e
Bem-estar Luz, Car-
los Mesquita (Saint
Gobain), Cláudio
Marracini (Lutron),
Lourdes Printes
(LCP Construções),
Maíra Macedo
(GBC Brasil), Enzo
Tessitore (GBC
Brasil)
N ©Divulgação GBC Brasil
24 nov-dez/16 rev/gbc/br
inovação
Conheça a estrutura de funcio-
namento dos comitês
Para otimizar reuniões e ações planejadas,
os comitês são divididos em duas grandes
áreas temáticas: Comitês LEED® e Referen-
cial Casa® e Comitês Saúde e Bem-estar,
cada um com objetivos e demandas especí-
ficas. Seus membros são pessoas físicas re-
presentadas por empresas membros do GBC
Brasil e convidados adicionais, e cada comitê
tem de sete a 15 membros que se reúnem
bimestralmente ou conforme a necessidade,
em reuniões presenciais ou conference calls.
Os Comitês Saúde e Bem-estar, SBE, de-
dicam-se a pensar soluções para espaços
construídos, utilizando como base a certi-
ficação internacional WELL Building Stan-
dard, versão 01, desenvolvida em setembro
de 2015. A atuação é dividida em subcomi-
tês de áreas de abrangência da Certificação
WELL, voltados para as temáticas Ar, Água,
Nutrição,Fitness, Luz,Conforto e Mente. Além
de buscar o aperfeiçoamento da ferramenta
WELL em debates e discussões, o trabalho
possibilita o engajamento dos participantes
na troca de conhecimentos e experiências,
essenciais para o avanço das propostas.
Já os Comitês do LEED® e Referencial
Casa®, sob o gerenciamento geral do Comi-
tê Diretivo , assim como o Comitê Saúde e
Bem-estar, devem apresentar sugestões téc-
nicas para melhorar créditos e pré-requisitos
de cada uma das Certificações, além de dar
apoio ao desenvolvimento da ferramenta e
fomento do mercado. O trabalho tem como
objetivos promover a redução do impacto
ambiental relacionado com construções, su-
pervisionar a melhora dos sistemas de cer-
tificação ao longo do tempo, focando a sua
aplicabilidade no Brasil, alinhar assuntos téc-
nicos descritos nas categorias do LEED® e
do Referencial Casa® com tipos de projetos
existentes, como habitações de interesse es-
pecial, e manter o rigor técnico, a equidade
e a transparência no processo de desenvol-
vimento do conteúdo.
A atuação desses dois grandes grupos
abrange áreas como implantação (Sustai-
nable Sites & Location and Planning), uso
racional da água (Water Efficiency), energia
e atmosfera (Energy and Atmosphere), mate-
riais e recursos e requisitos sociais (Materials
and Resources) e qualidade do ambiente
interno (Indoor Environmental Quality) para
garantir que a integridade das ferramentas
esteja enraizada nas considerações técnicas
e científicas disponíveis. Os Comitês revi-
sam todo o conteúdo das ferramentas, em
análises técnicas criteriosas, verificam suas
aplicabilidades e dificuldades e apresentam
sugestões para os fatores avaliados.
Em uma próxima versão de trabalho, a ser
aplicada apenas ao Referencial Casa®, os
Comitês devem identificar os créditos e pré-
-requisitos existentes que necessitam melho-
rias ou revisões, conforme o avanço técnico
e melhorias da indústria, e também identificar
questões relacionadas ao meio ambiente e a
recursos humanos que possam ser aborda-
das em novos créditos e pré-requisitos. Ou-
tras questões previstas são a identificação
de créditos existentes que possam se tornar
pré-requisitos ou serem removidos e a reco-
mendação de melhorias e revisões de texto
e formato para as próximas versões do Guia
de Referência.
Comitê Saúde e Bem-estar Água, Virgínia
Sodré (Infinitytech), Eduardo Straub
(StraubJunqueira), Adriana Hansen (CTE),
Letícia Castello (Deca) Osvaldo Oliveira
(Deca), Eleonora Zioni (Asclépio Cosulto-
ria), Enzo Tessitore (GBC Brasil),
Maíra Macedo (GBC Brasil)
©Divulgação GBC Brasil
revistagbcbrasil.com.br 25nov-dez/16
inovação
Arquiteta
IPT - Laboratório de Conforto Ambiental
“Os comitês do GBC proporcionam o envol-
vimento de pessoas das áreas de arquitetura,
tecnologia e tantas outras em discussões ri-
quíssimas que contribuem não só para o apri-
moramento profissional, mas, também, para
a melhoria de requisitos e critérios presentes
em sistemáticas de avaliação ambiental. Fico
muito feliz em poder participar”.
Adriana Camargo
de Brito
Gerente de Contas Coorporativas
Johnson Controls
“Atuar nos comitês técnicos é um crescimen-
to mútuo, tanto de quem participa, como no
desenvolvimento de bons métodos, práticas
e validações das certificações para o merca-
do. Com mais de oito anos de experiência em
soluções eficientes, tanto nos sistemas de ar
condicionado como em sistemas especiais de
automação predial, sistema de incêndio, aces-
so e CFTV, pude colaborar com as práticas,
produtos e normas vigentes no mercado”,
Adriana
Teixeira
Account Executive
Commercial & Industrial
UL do Brasil
“O envolvimento com os Comitês é uma óti-
ma oportunidade para o compartilhamento
de conhecimento, debate com profissionais
de alta competência e compatibilização de in-
teresses sobre temas de fundamental impor-
tância para a evolução da cadeia de valor da
construção sustentável no país. Busco apre-
sentar aspectos relevantes para a melhoria
contínua das certificações quanto à consis-
tência técnica, viabilidade econômica, saúde
e bem-estar social, e transparência”
Frederik
Purper
Alguns membros dos Comitês do GBC Brasil
Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
26 nov-dez/16 rev/gbc/br
inovação
Gerente de Engenharia de Aplicação
DECA
“Os Comitês possibilitam a reunião de pro-
fissionais das mais variadas formações e
experiências. Com isso, a troca de informa-
ções e de visões é ampla e muito rica. São
os Comitês que propiciam esse intercâmbio
de ideias em torno de assuntos extremamen-
te relevantes para a sociedade, de forma a
propiciar o melhor entendimento destes as-
suntos e a analisar os possíveis impactos no
Mercado da Construção Civil e nas pessoas.
Primordialmente, cabe a nós contribuir de for-
ma direta, atuante, dividindo conhecimentos
e auxiliando na condução dos trabalhos e
discussões. A junção de talentos consegui-
da através dos Comitês certamente auxilia no
avanço da Construção Sustentável no Brasil”.
Osvaldo Barbosa
de Oliveira Jr
Senior Building Science Program Lead
Owens Corning
“O trabalho voluntário em comitês técnicos
é fundamental para enriquecer as normas
e projetos de construção sustentável. É da
contribuição de vários profissionais com ex-
periências diferentes que nasce um projeto
robusto e duradouro e essa troca de ideias é
uma fonte de aprendizado constante”.
Marcus
Bianchi
Diretora
Infinitytech
“Trabalhamos para desenvolver uma constru-
ção mais sustentável dentro da realidade do
nosso país, trazendo as premissas das certi-
ficações e sua tropicalização para os padrões
brasileiros. Acredito que podemos imprimir a
sustentabilidade com mais solidez e seguran-
ça técnica dentro das melhores premissas de
engenharia e de operação, aplicáveis a nossa
realidade”.
Virgínia Dias de
Azevedo Sodre
Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
revistagbcbrasil.com.br 27nov-dez/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
28 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
DOSSIÊ ESPECIAL SAÚDE E BEM-ESTAR
AMBIENTES
DE TRABALHO
MAIS
SAUDÁVEIS
Por Taís Cruz
DOSSIÊ SOLUÇÕES
28 nov-dez/16
revistagbcbrasil.com.br 29nov-dez/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
ensar em saúde e bem-estar atrelados à sus-
tentabilidade tem sido uma preocupação cada
vez mais pertinente na construção e adequa-
ção de escritórios. Ambientes confortáveis e
bem estruturados são capazes de aumentar a
produtividade dos funcionários, o que acaba
revertendo o investimento feito na estrutura
em saldos positivos que vão muito além do fi-
nanceiro.
©AcervoEY
P
DOSSIÊ SOLUÇÕES
29nov-dez/16
30 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Ambiente de trabalho
x produtividade e bem-
-estar
Há diversos fatores que podem in-
terferir negativamente no dia-a-dia
dos ocupantes de um escritório.
Dentro eles se destacam a qualida-
de do ar, sistema de refrigeração e
luminosidade. Só para se ter uma
ideia, segundo pesquisa publicada
na Revista Indoor Air, a produtivida-
de em ambientes de trabalho frios
pode cair até 4%, enquanto que em
ambientes quentes este decrésci-
mo pode chegar a 6%.
A solução para essas questões
está no planejamento de cada
detalhe do ambiente. Para resol-
ver o problema da climatização,
por exemplo, pode-se implemen-
tar um sistema de insuflamento
do ar pelo piso. Isso faz com que
cada pessoa consiga controlar a
quantidade de ar que é direcio-
nada para si, diferentemente dos
sistemas centrais que trabalham
de forma padronizada.
Outro ponto chave para a cria-
ção de um ambiente agradável
é o planejamento de interiores
usando elementos que tragam
conforto e propiciem um ambien-
te saudável. Configuração do es-
paço de trabalho, entrada de luz
natural e espaço social são al-
guns desses itens. Todos esses
fatores afetam a concentração,
criatividade e produtividade dos
funcionários. Trazer elementos
naturais é uma ótima opção para
estabelecer uma proximidade
com a natureza. Para isso, não é
necessário utilizar apenas plan-
tas, por mais que os seus benefí-
cios também sejam muito positi-
vos, as texturas e elementos que
entregam a sensação de profun-
didade cumprem esse papel.
“Por meio de pesquisas compro-
vou-se que os ambientes inter-
nos que eram projetados com o
ser humano em mente e a interfe-
rência da natureza dentro dos es-
paços traziam maior criatividade,
produtividade e motivação. Ob-
servou-se que as pessoas que-
rem estar em um ambiente de
trabalho agradável, sendo assim,
elas não chegam atrasadas, tem
menos abstenções e acabam
querendo estar lá por mais tem-
po porque sentem um bem-estar.
Além disso, a retenção de talen-
tos também se confirmou porque
pessoas querem continuar traba-
lhando nesse ambiente”, afirma
Claudia Martins, vice-presidente
da Interface Brasil.
Biofilia
Trazer elementos naturais ao am-
biente também é uma ótima alter-
nativa para estabelecer proximi-
dade com a natureza e impactar
diretamente no bem-estar dos co-
laboradores. Isso não significa que
tais elementos precisam ser neces-
sariamente plantas. Embora elas
também tenham seu papel nesse
contexto, falar do assunto evoca
uma gama muito mais ampla de
questões, um exemplo é a biofilia.
SAÚDE E BEM-ESTAR
Em média, o brasileiro passa
cerca de 40 horas semanais no
trabalho. Isso é mais que o tem-
po que passa em casa e dormin-
do. Por isso, trabalhar em um
ambiente agradável, com boa
qualidade de ar, bem planejado
arquitetonicamente e que traz
bem-estar é tão importante. Os
escritórios brasileiros estão, de
forma ainda lenta, descobrindo
essa tendência mundial. A maio-
ria dos empreendimentos que
adotam esses conceitos no país
é de origem estrangeira. Falta
muita informação e investimento
nesse campo, mas não há dú-
vidas de que a implementação
desse pensamento, que coloca
o fator humano em foco, gera
bons frutos. O relatório realizado
pelo World Green Building Cou-
ncil (2014) comprovou que um
escritório bem projetado causa
impacto significativo na saúde,
bem-estar e na produtividade
dos funcionários.
Adriana Hansen
CTE
“SE VOCÊ TEM UM
AMBIENTE AGRADÁVEL,
COM BOA QUALIDADE
DE AR, QUE FOI
ARQUITETONICAMENTE
BEM PLANEJADO E
TRAZ CONFORTO, ISSO
AFETA DIRETAMENTE
NA PRODUTIVIDADE
E AUMENTAR A
PRODUTIVIDADE É TER
RETORNO FINANCEIRO”
©DivulgaçãoCTE
©DivulgaçãoMarcetex
revistagbcbrasil.com.br 31nov-dez/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Biofilia é com conceito científico
que vem sendo cada vez mais
usado na construção de áreas
que buscam propiciar bem-estar
aos ocupantes. Essa concep-
ção convida à reflexão sobre o
espaço como continuidade do
ambiente externo, especialmente
seu entorno. Para exemplificar:
imagine um escritório localizado
numa área de vasta vegetação,
ao aplicar a biofilia naquele am-
biente procura-se reproduzir a
vegetação exterior como um dos
principais elementos propiciado-
res de bem-estar. Por outro lado,
se o conceito for aplicado a um
escritório no centro da cidade
de São Paulo, provavelmente
buscará características urbanas.
Pode-se dizer então que esse
conceito é diretamente afetado
pela cultura e pelo ambiente em
que a biofilia é aplicada. O foco
é pensar nas pessoas que vão
ocupar esse espaço.
Em metrópoles onde se tem pou-
quíssimo contato com áreas ver-
des é difícil compreender como
os elementos naturais podem
ser trazidos para ambientes inter-
nos. A solução para isso é trazer
referências da própria cidade,
que é o meio ambiente onde os
moradores desses locais estão
inseridos.
“O urbano faz parte, nos remete
ao que vemos no dia-a-dia por-
que quando queremos relaxar é
isso que encontramos. É lógico
©DivulgaçãoHTB
Cláudia Martins
Interface
“POR MEIO
DE PESQUISAS
COMPROVOU-SE
QUE OS AMBIENTES
INTERNOS QUE ERAM
PROJETADOS COM
O SER HUMANO
EM MENTE E A
INTERFERÊNCIA DA
NATUREZA DENTRO
DOS ESPAÇOS TRAZIAM
MAIOR CRIATIVIDADE,
PRODUTIVIDADE E
MOTIVAÇÃO”
©DivulgaçãoInterface
que o elemento natural como
uma planta tem aspectos muito
bons e fortes, também não nos
sentimos bem em um ambiente
completamente concretado, sem
sombra. Mas trazer a cidade para
dentro do escritório também é um
aspecto da biofilia. E o melhor é
que esse conceito não depende
do tamanho do espaço que você
tem para ser aplicado, depen-
de de como esse ambiente vai
ser tratado. Você pode fazer um
biomimetismo e imitar elementos
da natureza na mobília, ou tra-
zer a biofilia apenas mudando
o formato dos elementos que
ocupam aquele espaço e com
texturas. Não é preciso ter gran-
des lajes, como os prédios do
Google e Twitter, para incorporar
o conceito da biofilia e garantir o
bem-estar, é só saber usa-lo de
forma inteligente”, conta Adriana
Hansen - Coordenadora de Pro-
jetos Sustentáveis do Centro de
Tecnologia de Edificações.
Para Claudia Martins, “a biofi-
lia faz parte da concepção dos
nossos produtos. Então nós nos
inspiramos na natureza para criar
novos produtos, que não pre-
cisam ser obrigatoriamente um
item da natureza, mas precisam
simular aquela sensação, seja
pela cor dos objetos ou textu-
ras. Também podemos criar um
ambiente e produtos mais des-
contraídos para trazer essa sen-
sação”.
32 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Se dentro da arquitetura o con-
ceito de biofilia é algo novo, mas
no campo das ciências já se
estuda o termo há muito tempo.
O termo foi desenvolvido pelo
biólogo americano Edward O.
Wilson, em 1984, ele foi pioneiro
em apresentar a natureza como
promotora de bem-estar e um
dos elementos essenciais para
o convívio humano. Esse estudo
deu origem ao Design Biofílico,
que busca integrar natureza e
questões de sustentabilidade
a estrutura de vida do homem
moderno, especialmente nos
centros urbanos. Já as primeiras
pesquisas sobre a relação entre
um ambiente de trabalho agradá-
vel e produtividade começaram a
serem desenvolvidas no início da
década de noventa.
Escritórios, bem-estar e
saúde
A preocupação com um ambien-
te de trabalho confortável não
está presente apenas nas empre-
sas. Dados da pesquisa da So-
ciedade Americana de Designers
de Interiores (American Society of
Interior Designers) mostram que
ter um ambiente de trabalho sa-
tisfatório é a terceira maior preo-
cupação dos funcionários (21%),
logo depois de benefícios (22%)
e bons salário (62%).
Sustentabilidade, bem-estar e
economia formam a base do
pensamento dos projetos de es-
critórios que buscam promover
saúde aos usuários. “Esse pen-
samento está se disseminando,
fundamentalmente por um ponto
chave – a sustentabilidade é um
tripé. Se analisarmos os gastos
de uma empresa veremos que
90% é despendido em salários e
benefícios de pessoas. Se você
tem um ambiente agradável,
com boa qualidade de ar, que
foi arquitetonicamente bem pla-
nejado e traz conforto, isso afeta
diretamente na produtividade e
aumentar a produtividade é ter
retorno financeiro. Esse racio-
cínio está sendo muito melhor
entendido nesse momento. As
empresas querem montar um
escritório melhor porque sabem
que as pessoas vão ficar mais
satisfeitas. Com isso, mexemos
em todos os aspectos do tripé:
social por conta do bem-estar
das pessoas, ambiental com as
questões ambientais atreladas a
isso e o econômico, com o re-
torno em produtividade”, afirma
Adriana.
Além da qualidade do ar, pen-
sar em iluminação, qualidade
da água e ergonomia também
é essencial para a saúde dos
ocupantes. É o que diz Luiza
Junqueira, sócia da StraubJun-
queira, responsável pelo projeto
do primeiro escritório Certificado
WEEL do Brasil e América Lati-
na. “Todos os macro temas (ar,
água, alimentação, iluminação,
conforto, fitness e mente) são
importantes. Entretanto existem
algumas implicâncias que não
podem ser ignoradas, e que tra-
zem benefícios reais, sentidos
pelos ocupantes e empregado-
res. Os níveis de qualidade do ar
e taxas adequadas de renovação
de ar garantem que os ocupan-
tes não percam a atenção em
suas tarefas diárias, igualmente
os níveis de iluminação, que res-
peitem nosso ciclo circadiano,
bem como mobiliários que res-
peitem a ergonomia de cada um
dos usuários. Esses são itens,
independente de políticas de Rh
e que visem bem-estar e saúde,
deveriam ser minimamente obri-
gatórios dentro de qualquer em-
presa”.
Luiza Junqueira
StraubJunqueira
“OS NÍVEIS DE
QUALIDADE DO AR E
TAXAS ADEQUADAS
DE RENOVAÇÃO DE
AR GARANTEM QUE
OS OCUPANTES NÃO
PERCAM A ATENÇÃO
EM SUAS TAREFAS
DIÁRIAS”
©CesarMoraes
SAÚDE E BEM-ESTAR
©AcervoEY
revistagbcbrasil.com.br 33jul/16
anuário GBC 2016
34 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
A
pós sete anos de pesquisa
realizados por profissionais na
área de medicina e ciência da
indústria sobre os impactos
da construção na saúde dos
ocupantes, constatou-se que
o planejamento do ambiente é decisivo nos
âmbitos do bem-estar e produtividade. Para
monitorar esses requisitos foi criada a Certifi-
cação WEEL Building Standard.
A certificação WELL foi desenvolvida para
atender as demandas em busca de qualida-
de de vida, saúde e produtividade aos usuá-
rios no âmbito da construção civil. Foi de-
senvolvida para trabalhar em harmonia com
outras certificações de construção verde por
meio da integração entre o IWBI (International
Well Building Institute) e o GBCI (Green Busi-
ness Certification Inc.) e a certificação LEED
garantem resultados positivos.
O diferencial dessa certificação é a valori-
zação da saúde, bem-estar e produtividade
dos ocupantes do edifício em primeiro plano.
A implementação da certificação WELL nas
edificações traz efeitos benéficos tanto para a
questão humana quanto para o lado financei-
ro. O ambiente com características adequa-
das e saudáveis contribui de forma plena ao
bem-estar, conforto, aumento da produtivida-
de, mais satisfação e sensação de felicidade
neste ambiente. Além de ter grande influência
em reverter efeitos psicológicos negativos,
frequentemente causados por ambientes
onde o nível de stress é muito alto, como é o
caso das edificações hospitalares.
Através do retorno significativo dos investi-
mentos, fruto da redução de despesas ao lon-
go prazo, tanto pessoal quanto em relação à
vida útil do edifício, a certificação permite agre-
gar ao projeto um elevado potencial comercial.
O processo de certificação do WELL envolve
cinco etapas: Inscrição; documentação; veri-
ficação de desempenho; certificação e recer-
tificação (não aplicável ao Core&Shell). Além
dessas etapas o projeto deve ser registrado
no IWBI através do WELL online.
Atualmente, mais de 80 edifícios, com cerca
de dois milhões de metros quadrados, loca-
lizados em 12 países, já possuem a certifica-
Certificação WELL:
Uma nova visão
de qualidade de vida
SAÚDE E BEM-ESTAR
LEED
Foconasustentabilidade
Utilizaçãoderecursos
Categorias: terreno sustentável, eficiência da
água, energia e atmosfera, materiais e recur-
sos, qualidade ambiental interna, inovação e
prioridadesregionais.
WELL
Foconaspessoas
Qualidadedosrecursos
Categorias: ar, água, nutrição, iluminação,
condicionamentofísico,confortoemente
ção ou estão em fase de desenvolvimento.
O escritório da SETRI (Consultoria em sus-
tentabilidade) foi o primeiro projeto brasilei-
ro registrado na Certificação WELL Building
Standard.
Os requisitos de desempenho relevantes es-
tabelecidos para obter-se a certificação são
considerados em sete categorias: ar, água,
luz, fitness, nutrição, conforto e mente. To-
dos visam fundamentalmente o bem-estar e
a saúde dos ocupantes. A certificação pode
ser atingida em três níveis, Silver, Gold e Pla-
tinum. Para conquistar qualquer um dos ní-
veis é necessário o atendimento a todas as
pré-condições estabelecidas nas diretrizes
da certificação. A obtenção dos níveis mais
elevados se dá mediante ao alcance de alto
percentual de otimização de recursos.
revistagbcbrasil.com.br 35nov-dez/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Escritório da SETRI: Pri-
meira certificação WELL
no Brasil
A Setri, empresa especializada na
identificação e diagnóstico de ris-
co com o objetivo de minimizar e
gerenciar os riscos provenientes
do uso da água em edificações
e indústrias teve seu escritório,
em São Paulo, como o primeiro
certificado pelo WELL, nível Gold,
no Brasil e na América Latina, em
outubro de 2016. É também um
dos doze escritórios do mundo a
obter esta certificação.
Para a adequação às diretrizes
do WELL, do escritório de 50m²,
foram feitas uma série de mudan-
ças no espeço ocupado por três
funcionários, como conta Luiza
Junqueira, sócia da Consultoria
StraubJunqueira, responsável
pelo projeto. “Itens como mudan-
ças de políticas corporativas, e
melhorias na qualidade do ar e
da água que atendem ao projeto
foram facilmente implementadas,
através de novos sistemas de
filtragem, instalação de equipa-
mentos modernos de medição,
substituição de lâmpadas, subs-
tituição de produtos de limpeza,
alimentação e higiene pessoal,
incentivo à prática de atividades
físicas, dentre outros. O Marcos
Bensoussan [sócio da Setri] é
uma pessoa muito visionária e
mão na massa. Para ele o objeti-
vo era buscar a maior pontuação
possível. Acabamos também in-
corporando outros benefícios ao
projeto, como uma área de des-
compressão e possibilidade de
mudança de layout para a prática
de atividades físicas”.
Conquistar a certificação foi uma
experiência desafiadora até mes-
mo para a consultoria que há
anos trabalha com construções
sustentáveis. “Foi um trabalho
pioneiro e bastante interessante.
Muitas considerações feitas pelo
WELL eram novas para a gente,
até porque ela versa sobre al-
gumas coisas relacionadas às
políticas das empresas que inter-
ferem diretamente no RH. Depois
que começamos a estudar essas
exigências, ao incorpora-las no
Escritório da Setri
escritório da Setri e quantificar os
resultados, percebemos o quan-
to faziam sentido e, mais do que
isso, o quanto estão diretamente
ligadas aos conceitos de susten-
tabilidade. Hoje, um de nossos
maiores aprendizados é que não
tem como se dissociar as pes-
soas e as implicâncias na saúde
causada pelo ambiente construí-
do. São temas complementares
e um não existe sem o outro!”,
constata Luiza.
Projeto:
Escritório Setri	
Localização:
São Paulo - SP
Cliente/proprietário:
Setri
Consultoria WELL:
StraubJunqueira
Verificação e adequação dos siste-
mas mecânicos:
Anthares
Produtos de limpeza:
Diversey
Equipamentos de qualidade do ar:
Ecoquest
Teste de radônio:
IPEN
Testes laboratoriais de qualidade
do ar:
Conforlab
Testes laboratoriais de qualidade da
água:
NSF
Equipamento de desumidificação do
ambiente:
4Pool
Equipamentos de monitoramento do
ar:
MaxiTrack
©DivulgaçãoSETRI
36 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Q
uando se fala em saúde e
bem-estar em ambientes
internos uma das primei-
ras questões que deve ser
estudada é a qualidade
do ar e temperatura desse
ambiente. O sistema de climatização interfe-
re diretamente no conforto dos ocupantes.
Sendo assim, se o sistema é operado de for-
ma inadequada pode até propiciar sensação
de cansaço e mal-estar.
Os principais fatores que devem ser levados
em consideração na elaboração de um pro-
jeto do sistema de climatização voltado ao
bem-estar e um ambiente saudável são:
Controle de temperatura: Temperatura
agradável é essencial para que o ambiente
propicie conforto térmico aos ocupantes.
Além disso, estudos comprovam que a cli-
matização é capaz influenciar tanto de forma
positiva quanto negativa no índice de produ-
tividade dos ocupantes do ambiente;
A importância do sistema de
climatização para a saúde e bem-estar
Grupo NEWSET busca as
melhores soluções sustentáveis
no segmento de climatização,
pensando no conforto e bem-
estar dos seus clientes
SAÚDE E BEM-ESTAR
Fotos:DivulgaçãoNewset
revistagbcbrasil.com.br 37nov-dez/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Filtragem do ar: Um ambiente sadio, com
filtragem adequada de acordo com as nor-
mas também representa qualidade de vida
para os ocupantes do local;
Cálculo correto da vazão exterior: A va-
zão é responsável por fazer a renovação do
ar dentro do ambiente e diminuir a concen-
tração de poluentes no ambiente interno;
Controle de CO2: O excesso de monóxido
de carbono em ambientes fechados pode
causar sensação de cansaço e sono. Esse
cuidado deve ser tomado principalmente em
garagens fechadas e em algumas lojas de
departamento, utilizando sistemas que me-
dem o nível de CO2 e tomam medidas para
diminuí-lo, como o acionamento de exausto-
res ou o aumento da vazão do ar exterior;
Acústico: sistemas ruidosos também cau-
sam desconforto. A procura por equipamen-
tos silenciosos, aplicação de matérias que
diminuem o nível de ruído, o calculo e espe-
cificação dos equipamentos de forma a dimi-
nuir o ruído tem sido uma preocupação cada
vez maior nos projetos de empreendimentos;
Em alguns casos específicos, como em algu-
mas áreas hospitalares, o controle da umi-
dade é necessário e muito importante.
Eficiência energética e conforto
Um dos motivos que mais levam os funcio-
nários a se sentirem satisfeitos ou insatisfei-
tos em relação a seus ambientes de trabalho
é a temperatura do mesmo. Quando levamos
em consideração que a maioria dos funcio-
nários de ambientes internos precisa dividir
o espaço com outras pessoas, logo enten-
demos o quão difícil é encontrar consenso
no que diz respeito à temperatura ‘ideal’ do
ambiente. Para resolver esse impasse, exis-
tem os chamados sistemas dedicados, que
possibilitam a separação do sistema por an-
dares e regiões, assim cada sistema pode
ser controlado separadamente e em diferen-
tes intensidades.
“Nestes sistemas cada pessoa regula a
temperatura do seu ambiente. Já em open
space, onde equipamentos centrais são
instalados, é importante fazer um balance-
amento adequado para que todas as áreas
recebam a climatização apropriada. Se não
for feito um projeto de balanceamento alguns
lugares sofrerão variações térmicas. Em um
ambiente coletivo é difícil atender a neces-
sidade de cada um. Mas se as normas e
as temperaturas de conforto indicadas para
esses ambientes de escritório forem atendi-
das, fazendo um balanceamento adequado,
um projeto correto e utilizando bocas de ar
adequadas para cada situação se consegue
atingir a temperatura ideal para esse tipo de
escritório”, diz Maria Luiza Palinkas – Geren-
te de contas da Newset.
Em 2008, a ANBT – Associação Brasileira de
Normas técnicas introduziu algumas regu-
lamentações para melhorar a qualidade do
ar em ambientes internos, passando a ditar,
por exemplo, o mínimo de vazão do ar exte-
rior, mínimo de filtragem do ar para cada tipo
Eduardo Rodovalho
Maria Luiza Palinkas
Fotos:DivulgaçãoNewset
38 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕESDOSSIÊ SOLUÇÕES
SAÚDE E BEM-ESTAR
de aplicação do ambiente (shoppings, edifí-
cios comerciais, lojas de rua) e os requisitos
técnicos para os sistemas e componentes.
“Essa iniciativa foi importante para norma-
tizar as condições ligadas à saúde do am-
biente interno e das pessoas que estão nele.
Partir daí todos os projetos começaram as
partir desses requisitos”, afirma Maria Luiza.
Adaptação em projetos de Re-
trofit
A preocupação com o bem-estar não está
presente apenas em novos projetos, muitos
escritórios já existentes estão se adaptando
a essa concepção. Nesses casos, o sistema
de climatização existente geralmente encon-
tra-se ultrapassado, insuficiente ou não aten-
dem os requisitos para uma boa qualidade
de ar, e precisa ser substituído. Na maioria
dos casos essa substituição tem que ser feita
sem a interrupção do sistema antigo, o que
é um desafio para a elaboração do projeto.
“O projeto de retrofit tem que ser muito bem
pensado e projetado para além das inter-
ferências do edifício que já está em funcio-
namento. Neste processo, o projeto de um
sistema mais eficiente será elaborado dentro
de todas as limitações existentes no edifício
e no projeto antigo”, completa Maria Luiza.
Além de propiciar melhorias no ar interno dos
ambientes, após passaram pela atualização
do sistema de climatização, a reestrutura-
ção do sistema faz com que esses edifícios
comerciais se tornam mais competitivos no
mercado para locação e venda. Bem como
impactar positivamente na produtividade dos
funcionários por conta das melhorias na qua-
lidade do ar e temperatura do ambiente.
O futuro do sistema de climati-
zação e bem-estar
A preocupação com o bem-estar e um sis-
tema de climatização eficiente tem crescido
cada vez mais. Para atender a essas exigên-
cias empresas de engenharia no segmento
de climatização como a Newset, investem
em tecnologia e mão de obra especializada
para garantir bons resultados.
“Sem duvida alguma, atualmente os diferen-
ciais dos empreendimentos que atendem a
grandes exigências, certificações, susten-
tabilidade e o bem-estar dos ocupantes, já
se tornaram pré-requisitos em uma procura
de espaço. Além disso, se compararmos
os ganhos, ou ‘não perdas’, sobre a eficiên-
cia dos funcionários em seus ambientes de
trabalho, isto já justifica matematicamente
os investimentos na qualidade e bem-estar
dos ocupantes. E quando falamos de bem-
-estar e qualidade do ar, estamos nos diri-
gindo diretamente às instalações de ar con-
dicionado, que devem ser bem projetadas e
executadas, observando a estabilidade e o
maior conforto possível com o menor gasto
de energia elétrica em sua operação”, afirma
o diretor de engenharia da Newset, Eduardo
Rodovalho.
revistagbcbrasil.com.br 39nov-dez/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
P
ara que haja conforto em um ambiente de trabalho,
um bom sistema de climatização é essencial. A Dan-
foss, líder global no fornecimento de tecnologias que
atendem à eficiência energética, oferece, basicamen-
te, dois tipos de equipamentos de ar condicionado
usados em escritórios no Brasil: sistema VRF e água
gelada. O VRF faz a captura térmica e intercâmbio do ar interno com
o meio externo. Já o sistema água gelada, distribui a água gelada por
meio de tubulações. A instalação do VRF geralmente é mais simples
e rápida, entretanto o sistema água gelada é mais manejável em caso
de ampliações ou troca de equipamentos já instalados.
Temperatura estável
Em relação ao conforto, os dois sistemas oferecem benefícios. Geral-
mente a temperatura ideal em um escritório é de 24°C. Com o siste-
ma de água gelada essa temperatura é atingida e mantida facilmente.
Sempre que a temperatura sofre variação, para mais ou para menos,
há consequências na sensação de bem-estar dos ocupantes, por isso
é importante que a temperatura se mantenha estável e entorno de 24°C.
Além disso, às variações constantes de calor e frio podem afetar a
saúde por conta do enfraquecimento do sistema imunológico, po-
dendo causar doenças como gripes e resfriados. A manutenção
constante do ar condicionado também é muito importante para man-
ter a pureza do ar, já que pessoas alérgicas podem desencadear
reações adversas por conta das partículas jogadas no ar pelo sis-
tema de climatização. Não podemos esquecer também da troca do
ar constante entre o ambiente interno e externo que elimina vírus e
bactérias do ambiente.
Um sistema de climatização eficiente para o ambiente de escritório
traz benefícios para as pessoas que trabalham neste local e também
para economia da empresa. “A procura por equipamentos voltados
a saúde e bem-estar e eficientes tem crescido cada vez mais, prin-
cipalmente depois do aumento dos preços da energia elétrica. Isso
faz parte da necessidade de contenção de custos, porque o brasi-
leiro nem sempre está acostumado a pensar a longo prazo. Outro
ponto é a manutenção da temperatura constante no ambiente para
gerar conforto e condições de trabalho melhor para os funcionários.
Se você mantém a temperatura agradável, sem excesso de calor ou
de frio, consequentemente o funcionário se torna mais produtivo e
focado. Além de correr menos risco de ter afastamentos por questões
de saúde causadas pelo ar condicionado do ambiente”, afirma João
Paulo Piovesan, gerente de vendas da Danfoss.
Qualidade do ar
A qualidade do ar pode ser facilmente desequilibrada por poluentes
químicos como o monóxido e o dióxido de carbono (CO e CO2), amô-
nia e dióxido de enxofre produzidos no interior dos estabelecimentos
a partir de materiais de construção, materiais de limpeza, fumaça de
cigarro e pelo próprio metabolismo humano. E por poluentes biológi-
cos, como fungos, bactérias e ácaros, cuja proliferação é favorecida
pela limpeza inadequada do ambiente e do sistema de climatização.
Por isso, o investimento em equipamentos que avaliam constante-
mente a qualidade do ar e concentração de CO2 é tão importante.
Para João Paulo, “ter uma tecnologia de avaliação da qualidade do
ar e concentração de CO2 é importante porque isso de fato melhora
a qualidade do ar. É necessário ter um ar mais oxigenado e filtrado.
No futuro, seria ideal que o sistema de climatização e equipamentos
que avaliam a qualidade do ar possam se comunicar por meio de
sensores, para que esses dois sistemas trabalhem juntos e garantam
um ambiente saudável e com temperatura agradável”.
Tecnologias para o futuro
A Danfoss acredita e está investindo em um novo sistema de clima-
tização chamado District Energy. Essa tecnologia já é amplamente
usada na Europa e é uma das apostas no futuro dos sistemas de
climatização no Brasil.
“A energia distrital é a energia gerada em uma central de grande por-
te, ela serve tanto para aquecer quanto para esfriar o ar em várias
construções ao redor desse sistema”, explica João Paulo. Usando a
Europa como exemplo, João Paulo diz que “lá eles fazem uma cen-
tral, e essa central manda energia para todos os prédios de acordo
com a demanda de cada um. Ou seja, ela tem a flexibilidade de man-
dar mais energia para um ou menos para outro prédio, fazendo com
que haja mais eficiência na geração de calor, ou frio. Há também
centrais que geram energia a partir do descarte de energia de uma
termelétrica, por exemplo, e essa energia usada para o aquecimen-
to ou resfriamento do ar em ambientes internos pode ser distribuída
em residências, condomínios de escritórios ou comerciais. A ideia
da Danfoss é usar o descarte de energia de termoelétrica ou fontes
geotérmicas de calor (água de rios e do mar) para ajudar na geração
de frio e calor”, complementa.
Esse sistema ainda não é usado no Brasil, mas o investimento em
estudos e tecnologias para a implementação no país já está sendo
feita. Quem sabe no futuro próximo já teremos projetos que com esse
conceito que usa a energia de forma mais limpa e sustentável.
Danfoss alia bem-estar,
eficiência energética e
tecnologia
João Paulo Piovesan
Foto:DivulgaçãoDanfoss
40 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS
LEED CI
ESCRITÓRIOS
VISAM SAÚDE
E BEM-ESTAR
DOS SEUS
OCUPANTES
revistagbcbrasil.com.br 41nov-dez/16
DOSSIÊ TIPOLOGIAS
B
onito e funcional. Esses talvez
sejam os adjetivos que melhor
descrevem o Edifício Souza
Aranha, na Chácara Santo An-
tônio, São Paulo. Nova sede
da HTB Engenharia e Construção, o prédio
foi erguido pela própria construtora (com in-
vestimento da BR Properties) ao lado de sua
antiga sede. O empreendimento possui 6.200
m² de área construída, sete pavimentos, dois
elevadores sociais e é totalmente adaptado
para portadores de necessidades especiais.
Quem assina o projeto é o escritório paulista-
no Athié|Wohnrath.
O processo de construção do Souza Aranha
envolveu algumas particularidades. Pensan-
do na durabilidade, baixa geração de resí-
duos e alto desempenho térmico e acústico,
o revestimento de fachadas do edifício foi fei-
to com placas cimentícias, num o processo
chamado light steel framing, um tipo de cons-
trução a seco. Também foram usadas placas
de cimento com polímeros e malha de fibra
de vidro, facilitando o corte e a fixação.
O edifício que abriga a nova sede da HTB está
em processo de certificação LEED CS v3.0.
Justamente por isso, foi projetado e construí-
do de acordo com diversos aspectos de sus-
tentabilidade, abrangendo áreas como ilumi-
nação, uso eficiente da água e da energia. “A
preocupação com o meio ambiente e a neces-
sidade de ajuste a um novo modelo de mer-
cado, baseando-se em princípios de eficiência
energética e de desempenho ambiental, fize-
ram com que a empresa buscasse a obtenção
da certificação LEED”, explica Volselei Wolff
Barreiros, gerente de negócios da HTB.
©VítorBrandão©DivulgaçãoHTB
Sustentabilidade
e bem-estar na
nova sede
da HTB
Por Paulo Dias
42 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ TIPOLOGIAS
Para a execução, o projeto buscou usar ma-
teriais construtivos que incorporam conteúdo
reciclado em sua constituição, o que ocasio-
na diminuição dos impactos relacionados à
extração e ao beneficiamento da matéria vir-
gem. Utilizou também materiais originários
de regiões próximas ao projeto, buscando
promover o uso de recursos locais e o desen-
volvimento da economia regional e reduzindo
os impactos causados pelo uso do transpor-
te. Além disso, “o projeto também teve como
objetivo a redução do uso de compostos or-
gânicos voláteis no interior da edificação, de
forma a não oferecer nenhum tipo de risco ao
meio ambiente e à saúde dos operários e fu-
turos ocupantes”, salienta Barreiros.
O prédio conta com um gerador 750 KVA, o
que garante abastecimento a todo o edifício
em caso de falta de energia. Ainda sobre
esse assunto, o Souza Aranha possui amplas
janelas que valorizam a luz natural e toda a
iluminação das dependências do edifício pro-
vém de lâmpadas LED. Também foram insta-
ladas persianas que minimizam a incidência
dos raios UV, além de sistemas de ilumina-
ção individualizados.
Volselei Wolff Barreiros
HTB Brasil
“A PREOCUPAÇÃO
COM O MEIO
AMBIENTE E A
NECESSIDADE
DE AJUSTE A UM
NOVO MODELO
DE MERCADO,
BASEANDO-SE
EM PRINCÍPIOS
DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA E
DE DESEMPENHO
AMBIENTAL”
LEED CI
revistagbcbrasil.com.br 43nov-dez/16
DOSSIÊ TIPOLOGIAS
Pensando no conceito de funcionalidade do
ambiente e dos materiais, todo o mobiliário
foi escolhido levando em consideração seu
design flexível, o que facilita possíveis ajustes
de layout dos espaços de acordo com as de-
mandas da empresa. Além disso, a escolha
visa criar um ambiente claro, sem poluição
visual e cujos objetos e materiais facilitem os
processos de limpeza e organização.
De modo geral, conceito do prédio busca
contribuir para a qualidade de vida de seus
usuários e de seu entorno. Barreiros lembra
que o edifício “oferece infraestrutura para
ciclistas, vagas preferenciais para veículos
menos poluentes e favorece a reciclagem de
resíduos da operação do prédio”.
Tantas mudanças geraram impactos nos co-
laboradores. Eles tiveram que se adaptar a
um ambiente novo, com novas especificida-
des e um espaço muito maior que o antigo.
Por outro lado, estão notando que as mudan-
ças vieram para seu melhor conforto e bem-
-estar. “As equipes contam agora com uma
infraestrutura melhor para realizar suas as ati-
vidades com o máximo de excelência, além
de poderem permanecer no mesmo endere-
ço, uma vez que já estruturaram suas vidas
na região”, finaliza Volselei Wolff Barreiros.
Projeto:
Edifício Souza Aranha	
Localização:
São Paulo - SP
Proprietário:
BR Properties
Área construída:
6.200 m²
Certificação:
LEED em processo
Sistema:
Core & Shell 2009 v.3.0
Arquitetura:
Athié|Wohnrath
Construtora:
HTB Engenharia e Construção
Consultoria de sustentabilidade:
OTEC
Execução elétrica, hidráulica e comba-
te a incêndio:
Temon Técnica de Montagens e
Construções
Execução Sistema de Ar Condicionado:
Konar Instalação, Comércio e Manu-
tenção de Condicionadores de Ar
Execução Sistema de Detecção e
Alarme de Incêndio:
MML Sistemas de Automação
Fotos:DivulgaçãoHTB
44 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Athié|Wohnrath: o lugar onde
escritórios do futuro já são o presente
O escritório de arquitetura Athié Wohnrath,
ou simplesmente AW, tem-se tornado
referência em arquitetura corporativa
e projetos sustentáveis no Brasil.
LEED CI
Por Paulo Dias
©AcervoEY
Escritório EY São Paulo
revistagbcbrasil.com.br 45nov-dez/16
DOSSIÊ SOLUÇÕES
escritório
Athié Wo-
hnrath é um
dos mais
renomados
do merca-
do no que-
sito sustentabilidade: 57 de seus
projetos são certificados LEED,
dos quais 27 são certificados
LEED CI, certificação entregue a
projetos de interiores. Com cerca
de 500 colaboradores e mais de
2.350 clientes, a cartela de clien-
tes corporativos da AW apresenta
empresas como Google, Johnson
& Johnson, Ernst & Young, Bun-
ge, Unilever e KPMG.
Sérgio Athié, um dos fundadores
da empresa e diretor de arquite-
tura do escritório, explica que o
segredo do sucesso é respeitar
e atender a todas as solicitações
dos clientes, buscando sempre
as melhores alternativas para
executá-las, independentemente
do desafio. Ele cita os pilares da
AW ao desenvolver um projeto:
“A prioridade é atender as neces-
sidades e solicitações dos clien-
tes. Buscamos também garantir
o cumprimento dos princípios da
empresa, com respeito à vizinhan-
ça. Por fim, estamos sempre na
busca pelo equilíbrio entre o que
pode ser feito com o investimento
que há, quais as novas tecnolo-
gias disponíveis e como fazer pro-
jetos cada vez mais sustentáveis”.
Quando o assunto é sustenta-
bilidade, a AW mostra que está
em constante evolução, em bus-
ca do que há de melhor e mais
moderno em termos de diminui-
ção dos impactos ao meio am-
biente. As 57 certificações LEED
conquistadas pelo escritório
comprovam isso. Sérgio cita as
maiores preocupações de seus
clientes quando o assunto é sus-
tentabilidade: “A maior preocu-
pação é a questão da iluminação
dos ambientes e como isso pode
ser feito de modo a se ter a maior
eficiência energética possível.
Também há grande atenção a
respeito de quais materiais serão
usados no projeto e qual a pro-
cedência dos mesmos”.
Ao longo de sua história, a AW
desenvolveu alguns projetos
particularmente desafiadores. É
o caso do projeto para o novo
escritório da consultora Ernst
& Young, em São Paulo. O es-
critório, de cinco andares, foi
concluído em meados de 2015
e recebeu certificação LEED Pla-
tinum, justamente por sua alta
preocupação com o bem-estar
dos ocupantes e as questões
sustentáveis. “Foi um grande de-
safio entregar o escritório porque
haviam muitos pontos a serem
atendidos e os requerimentos
do cliente eram bastante sofisti-
cados. Além disso, tivemos um
prazo bastante curto para as
obras”, lembra Sérgio Athié.
Outro caso desafiador foi o pro-
jeto para a empresa de audito-
ria e consultoria KPMG. Nesse
caso, além de toda a tecnologia
e design envolvida no projeto, o
que chamou a atenção foi o tem-
po gasto na execução: menos
de cinco meses.
O ©Pregnolato&KusukiEstúdioFotográfico
Escritório KPMG São Paulo
46 nov-dez/16 rev/gbc/br
DOSSIÊ SOLUÇÕES
Projeto KPMG: um
exemplo de sucesso
Presente em 155 países, a KPMG
tem cerca de 160 mil colabora-
dores. No Brasil, a empresa já
atua há mais de 100 anos. São
cerca de 4,2 mil colaboradores e
22 escritórios, distribuídos por 14
Estados.
A AW atuou no projeto e na exe-
cução da nova sede da empresa
em São Paulo. Um espaço de 7
andares que já foi projetado vi-
sando a certificação LEED Gold.
O que mais chama a atenção foi
o tempo de execução do projeto:
menos de cinco meses! Com a
construção iniciada no começo
de janeiro de 2015, o escritório
foi entregue no dia primeiro de
maio daquele mesmo ano.
Todos os detalhes da obra foram
pensados da forma mais sus-
tentável possível. A nova sede
da KPMG reúne os conceitos
da arquitetura focados em mo-
bilidade, tecnologia, integração,
compartilhamento e colabora-
ção. O prédio de sete andares
se divide em áreas modernas
e práticas com espaços para
área colaborativa e de descom-
pressão, cafeteria e salas de
reunião. O layout do escritório
segue o modelo full open space
(sem divisórias entre as mesas)
para fomentar o contato entre os
profissionais. As grandes janelas
também contribuem para o bem-
-estar dos funcionários, pois ga-
rante um melhor proveito da luz
natural no ambiente interno.
Para se adequar as formas da
certificação LEED, o projeto bus-
cou a eficiência energética por
meio da instalação de ar condi-
cionado de alta eficiência, uso
de luminárias e lâmpadas LED,
uso de sensores de presença
que controlam 100% da ilumi-
nação e equipamentos elétricos
certificados. Já o consumo de
água foi reduzido em cerca de
40% através da instalação de
dispositivos sanitários econo-
mizadores e aproveitamento de
água de chuva. E mais de 70%
dos resíduos da obra foram en-
caminhados à reciclagem.
A preocupação com todos esses
detalhes fez do projeto "KPMG
– Workplace of The Future" uma
experiência premiada. Graças
a ele, a AW recebeu o prêmio
ABRAFAC Melhores do Ano
2015, na categoria Space Plan-
ning.
Esse, no entanto, não foi o único
projeto da AW a ser premiado.
A empresa já recebeu outros 56
prêmios por sua excelência em
arquitetura e design de escritó-
rios e organizações. No que de-
pender de Sérgio Athié, Ivo Wo-
hnrath e todo o time da AW, isso
é só o começo.
Sérgio Athié
Athié|Wohnrath
“ESTAMOS SEMPRE
NA BUSCA PELO
EQUILÍBRIO ENTRE O
QUE PODE SER FEITO
COM O INVESTIMENTO
QUE HÁ, QUAIS AS
NOVAS TECNOLOGIAS
DISPONÍVEIS E COMO
FAZER PROJETOS
CADA VEZ MAIS
SUSTENTÁVEIS”
©DivulgaçãoAthiéWohnrath
LEED CI
©Pregnolato&KusukiEstúdioFotográfico
Escritório KPMG São Paulo
revistagbcbrasil.com.br 47nov-dez/16
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  • 1. ANO3 / Nº11 / 2016 VIBEDITORA DOSSIÊ ESPECIAL SAÚDE E BEM- ESTAR NAS EDIFI- CAÇÕES GANHA IMPORTÂNCIA ESCRITÓRIO GBCBRASIL C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L REVISTA G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L HABITAT 3: Discussões renovam agenda urbana para os próximos 20 anos Comitês técnicos do GBC atuam para aperfeiçoar o mercado LEED CI: Cases e soluções nos projetos de interiores WORKPLACE OF THE FUTURE, EM SÃO PAULO, É LEED CI PLATINUM EY
  • 2. SÃO PAULO - SP SP EXPO EXHIBITION & CONVENTION CENTER 08A 10 AGOSTO 2017 Seja um palestrante do maior evento da construção sustentável da América Latina! www.expogbcbrasil.org.br Acesse SEJA UM PALESTRANTE em nosso site e apresente sua proposta ou se candidate a ser um de nossos revisores! Faça parte da Comunidade Greenbuilding! CALL FOR PROPOSALS A GREENBUILDING BRASIL CONFERÊNCIA INTERNACIONAL E EXPO: e CALL FOR REVIEWERS A sua participação é peça fundamental para o sucesso da Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo! No evento você poderá ter a oportunidade de compartilhar seus conhecimentos e experiências, apresentar seus cases de sucesso e novos empreendimentos. As inscrições para participar como palestrante ou revisor estão abertas. Nosso objetivo é enfatizar cada vez mais a importância de uma comunidade engajada e que contribua com a disseminação de conceitos e conteúdos relevantes para o mercado da construção sustentável. 9É o principal evento da construção sustentável no Brasil e um dos principais do segmento no mundo. 9É o mais forte e abrangente encontro para os setores de Arquitetura, Construção e Design. 9Reúne mais de 15 mil profissionais dos setores relacionados. REALIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO PARCERIA ESTRATÉGICAPATROCÍNIO OUROPATROCÍNIO PLATINUM 10 ANOS DE GBC BRASIL PATROCÍNIO PRATA
  • 3. revistagbcbrasil.com.br 3mar-abr/16 Editorial ©BiancaWendhausen A construção sustentável vem se consolidando a cada ano, sempre superando as expectativas do mercado. Os números expressam esse movimento crescente e, tam- bém, diversificado, abrangendo cada vez mais estados do país, e cada vez mais segmentos. Neste final de 2016, início de 2017, o balanço feito pelo Felipe Faria, CEO do GBC Brasil, nas próximas páginas, mostra claramente esse desempenho. A edição, que está recebendo agora, aborda um dos as- pectosmais importantes das construções sustentáveis, que é a Saúde e o Bem-Estar nas edificações. A qualida- de do ar, dos ambientes, das condições de trabalho são fatores fundamentais no processo de apropriação do es- paço pelos ocupantes. Estes aspectos são analisados nesta edição e cases são apresentados, comentando suas particularidades. Em 2017, o GBC Brasil comemora os 10 anos de pre- sença no Brasil e também os 10 anos da primeira certifi- cação no país. Desse modo, acreditamos que este ano terá um significado mais especial para o setor. A todos que nos acompanham, aproveito para desejar um excelente 2017 e que a sua participação na constru- ção de um futuro sustentável, seja cada vez mais forte. Boa leitura! Abrindo as portas para 2017 LUIZ FERNANDO SAMPAIO DIRETOR EXECUTIVO VIB Comunicação e Editora VIBEDITORA CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Presidente GBC Brasil Eduardo Eleutério Diretor Executivo Isover, Saint Gobain Vice Presidente GBC Brasil Antonio Lacerda Senior Vice Presidente, BASF 1º Secretário GBC Brasil Ernesto Ghini Diretor Geral, Honeywell 2º Secretário GBC Brasil Marcos Bensoussan Sócio Presidente, Setri MEMBROS DO CONSELHO Martín Andrés Jaco CEO, BR Properties Celina Antunes CEO América Latina, Cushman & Wakefield Hilton Rejman Diretor de Incorporações, Cyrela Commercial Properties William Ribeiro Diretor Comercial, Daikin Raul Penteado Presidente, Deca Fabian Gil Presidente América Latina, Dow Edo Rocha Sócio Proprietário & CEO, Edo Rocha Arquitetura Maurício Parolin Russomanno CCO - Chief Commercial Office, Votorantim Manoel Gameiro Ex Presidente GBC Brasil José Moulin Netto Ex Presidente GBC Brasil CEO Green Building Council Brasil Felipe Faria DIRETOR EXECUTIVO Luiz Sampaio lfsampaio@vibcom.com.br REDAÇÃO Natália Rangel - MTb 15194/MG Veronica Soares - MTb 13093 Paulo Dias - MTb 82002/SP Patrícia Braga - MTb 81787/SP Taís Cruz redacao@vibcom.com.br/ press@vibcom.com.br COMERCIAL: comercial@vibcom.com.br FINANCEIRO: adm@vibcom.com.br DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL, REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO VIB COMUNICAÇÃO E EDITORA Rua Roque Petrella, 46 - conj 501 Brooklin - São Paulo - SP CEP 04581-050 RESPONSÁVEL DO GBC Maíra Macedo ASSINATURAS E CONTATOS: Tel: 11 5078 6109 email: revistagbc@gbcbrasil.org.br Capa: Escritório EY Workplace for the Future - São Paulo. Acervo EY 3nov-dez/16
  • 4. 4 nov-dez/16 rev/gbc/br índice GBCBRASIL C O N S T R U I N D O U M F U T U R O S U S T E N T Á V E L ANO 3 / Nº11 / 2016 REVISTA G R E E N B U I L D I N G C O U N C I L EDITORIAL............................................................. > 3 COLUNA GBC........................................................ > 6 GREEN PAGES EDO ROCHA...................................> 8 COLUNA CBIC..................................................... > 12 PROJETO DESTAQUE...........................> 14 URBANISMO - HABITAT 3................................... > 20 COMITÊS TÉCNICOS GBC BRASIL..................... > 22 ESPECIAL SAÚDE E BEM-ESTAR AMBIENTES DE TRABALHO MAIS SAUDÁVEIS........ > 28 CERTIFICAÇÃO WELL......................................... > 34 CLIMATIZAÇÃO PARA SAÚDE............................ > 36 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E TECNOLOGIA...... > 39 ESCRITÓRIOS E BEM-ESTAR DOS OCUPANTES NOVA SEDE HTB........................................................ > 40 ATHIÊ WOHNRATH............................................. > 44 MARCETEX........................................................... > 48 GREEN PEOPLE................................................... > 54 VISÃO DA AMÉRICA............................................ > 56 POLÍTICAS PÚBLICAS................................................. > 60 INOVAÇÃO - EVENTO DANFOSS...................... > 64 SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS................................ > 66 HTB: 50 ANOS NO BRASIL.................................. > 68
  • 5.
  • 6. 6 nov-dez/16 rev/gbc/br coluna gbc A construção sustentável mantém ótimos resulta- dos de crescimento em 2016, ano em que a cons- trução civil esteve rendida a condições adversas da economia e política. Mesmo com o crescimen- to do LEED em outros países, o Brasil continua na 4º posição na lista do USGBC dos maiores mer- cados, destacando os países que estão desempenhando um pa- pel significativo na concepção, construção e operação, de forma integrada, eficiente e sustentável. O país registrou 7.43 milhões de metros quadrados de edificações certificadas LEED e 30.97 milhões de metros quadrados cumula- dos de projetos registrados e certificados. Atualmente, são 1.224 projetos registrados em praticamente todos os Estados do Brasil. Também celebramos os primeiros projetos registrados no Estado do Acre. Abaixo, a lista do TOP 10 países: A construção sustentável segue inabalada frente os desafios eco- nômicos e políticos que assolam o país. A liderança interdepen- dente dos profissionais e empresas atuantes na construção sus- tentável consolidou a presença dos green buildings nos principais Ranking País m2 Projetos Certificados* Certificados 1 China 34,62 931 2 Canadá 34,39 2.586 3 India 15,90 644 4 Brasil 7,43 380 5 Coréia do Sul 5,95 97 6 Taiwan 5,66 99 7 Alemanha 5,03 215 8 Turquia 4,78 191 9 Suécia 3,88 210 10 Emirados Árabes 3,64 180 Estados Unidos** 336,84 27.699 segmentos da construção e criou as condições necessárias para sua expansão e fortalecimento. Os números de novos projetos LEED e CASA, considerando um ano de timidez no que se refere a novos lançamentos, são impressionantes. O desempenho equipara-se ao ano de 2012, quando tivemos mui- tos projetos corporativos de alto padrão lançados e registrados LEED. O ano de 2016 é a comprovação que nosso movimento aumentou a participação no mercado e passou a abranger dife- rentes segmentos, não estando mais restrito ao corporativo de alto padrão. Para o GBC Brasil caberá manter a disseminação e fortalecimento da presença dos green buildings nos diversos setores do mercado. Corroborando com o célere processo de adoção pela iniciativa privada e pública das ferramentas de certificação de edificações verdes, pesquisas como a da Geoimóvel divulgada em agosto de 2016, comprovam os diferenciais econômicos dos green buildin- gs. Comparando edifícios corporativos de alto padrão certificados LEED com aqueles não certificados no mesmo bairro, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Concluiu-se que as edificações certificadas possuem 7% de melhora na vacância no Rio de Janei- ro e 9,5% em São Paulo; possuem melhor valor por metro quadra- do, ao mesmo tempo que as taxas de condomínio são menores. Em termos de estoque neste segmento e bairros analisados, já somos 27% no Rio de Janeiro e 34% em São Paulo, sendo que na região das Avenidas Berrini e Faria Lima, o montante chega a 50% das edificações corporativas de alto padrão. Continuamos em 4º no TOP 10 - ranking de 162 países com maior número de projetos registrados e certificados LEED. 2016, um ano impressionante. Ano Projetos Novos Total LEED CASA 2016*** 188 13 201 2015 107 15 122 2014 131 1 132 2013 188 9 197 2012 209 0 209 *Escala em milhões de metros quadrados. Dados de Dezembro de 2016 **Os Estados Unidos da América, país de origem do LEED não estão incluídos nesta lista e conti- nuam sendo o maior Mercado da certificação. ***Dados até Out/2016
  • 7. revistagbcbrasil.com.br 7nov-dez/16 coluna gbc FELIPE FARIA, CEO Green Building Council Brasil Presidente Comitê de Networking das Américas do World GBC Em 2016 foram 67 projetos certificados e 188 novos registros LEED em 10 diferentes Rating System e 13 novos registros CASA, sendo: SP: 83 registros (6 LEED CI, 26 LEED CS, 21 LEED EB_OM, 1 LEED Schools, 16 LEED NC, 1 LEED ND, 2 LEED Retail, 1 LEED v4 ID+C: CI e 9 CASA); RJ: 29 registros (21 LEED CS, 2 LEED EB_OM, 2 LEED Schools, 3 LEED NC e 1 LEED v4 ID+C: CI); PE: 18 registros (16 LEED NC, 1 LEED CI e 1 LEED EB_OM); PR: 16 registros (12 LEED NC, 3 LEED CS e 1 LEED EB_OM); DF: 14 registros (1 LEED CI, 9 LEED CS, 3 LEED EB_OM e 1 LEED NC); RS: 12 registros (6 LEED CS, 3 LEED NC, 1 LEED EB_OM, 1 LEED CI e 1 CASA); MG: 6 registros (1 LEED NC, 4 LEED CS e 1 LEED EB_OM); SC: 6 registros (2 LEED NC, 1 LEED CI, 1 LEED CS, 1 LEED EB_OM e 1 CASA); BA: 5 registros (4 LEED NC e 1 LEED CI); GO: 4 registros (1 LEED NC, 1 LEED CS, 1 LEED v4 BD+C: CS e 1 CASA); AC: 2 registros (LEED CS); AM: 1 registro (LEED CI); CE: 1 registro (LEED Retail); MS: 1 registro (LEED v4 BD+C: NC); MT: 1 registro (CASA); PA: 1 registro (LEED NC); RN: 1 registro (LEED ND). Alinhado aos números de crescimento, nosso otimismo aumenta frente a importância e propósito nobre dos objetivos estratégicos definidos e aprovados pelo Conselho de Administração do GBC Brasil, em conformidade com as Políticas Nacional, Estaduais e Mu- nicipais de Mudanças Climáticas, bem como as principais deman- das para o crescimento contínuo da indústria da construção civil. • Acelerar o desenvolvimento do mercado de eficiência energé- tica em edificações existentes. • Garantir que as edificações e espaços construídos tenham como premissa básica de projeto, obra e operação, a saúde e bem-estar de seus ocupantes. • Disseminar e fortalecer a presença dos green buildings nos diversos setores de mercado. • Elevar o nível técnico da indústria de materiais e recursos pau- tados na Avaliação de Ciclo de Vida e Declaração Ambiental de Produto. • Aumentar a visibilidade do GBC Brasil. • Reforçar a divulgação dos benefícios econômicos da constru- ção sustentável a todos os “stakeholders” envolvidos. • Aumentar a receita do GBC Brasil e diversificar suas fontes. Acompanhando este trabalho de expansão e consolidação vale ressaltar o crescimento de nossas ações e ferramentas de disse- minação da informação. O website cresceu 80% em relação ao número de usuários e 25% de visualização de páginas (+160.000 profissionais), as mídias sociais aumentaram em 72% seu alcance e 238% o número de seguidores (2.542.955 pessoas). O Green- building Brasil, Conferência Internacional e Expo saltou de um público de 4.000 visitantes para 14.000, 120 palestrantes (30 internacionais), 1500 conferencistas e 50 patrocinadores e expositores. Com a direção do nosso Conselho, atuação dos nossos Membros e engajamento dos parceiros, a equipe do GBC Brasil está certa que o ano de 2017 será promissor. Impulsionaremos exponencial- mente a colheita dos bons resultados de nossas atividades e não faltaram nobres motivos para as comemorações dos dez anos do Green Building Council Brasil. Juntos estaremos edificando um ano rico em reflexão, harmonia e paz.
  • 8. 8 nov-dez/16 rev/gbc/br inovação GREEN PAGES 8 nov-dez/16 rev/gbc/br Edo RochaArquiteto, Edo Rocha Arquiteturas ENTREVISTA Edo Rocha é arquiteto urbanista, diplomado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, em 1973, é o Diretor Presidente da empresa Edo Rocha Arquiteturas, fundada em 1974 e com mais de 40 anos de experiência no planejamento e na arquitetura de edificações, espaços interiores, urbanismo, aeroportos, shopping centers, arenas esportivas, estádios, entre outros. É fundador do Consórcio ABSIC Brasil, primeiro consórcio licenciado pela Universidade Carnegie Mellon fora dos Estados Unidos, com objetivo de realizar pesquisas e desenvolver produtos para melhorar a qualidade e o desempenho dos edifícios, a saúde e a produtividade de seus ocupantes. Membro da Asbea - Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura e conselheiro do MAM - Museu de Arte Moderna, em São Paulo. São mais de 1.000 projetos assinados e 15.000.000 m² projetados. Seus principais valores são: a sustentabilidade, a reciclagem da arquitetura - retrofit - e a inovação. Possui mais de 680.000m² de projetos com certificação LEED concedidas pelo Green Building Council Brasil, onde é membro do Conselho Administrativo. Com mais de 40 anos de experiência como Artista Plástico, Edo Rocha participou de diversas Bienais, exposições em Galerias de Arte e Museus, nacionais e internacionais GREEN PAGES "O conceito foi aceito" ©MariQueiroz
  • 9. revistagbcbrasil.com.br 9nov-dez/16 inovação revistagbcbrasil.com.br 9nov-dez/16 Como você avalia o crescimento da cons- trução sustentável no Brasil, não só em termos de certificações, mas também da aplicação de conceitos de sustentabilida- de nos projetos? Edo Rocha. Eu vejo dois aspectos importan- tes em termos da sustentabilidade avançan- do no Brasil. Primeiro que, no início era difícil convencer pessoas, empresários e investido- res da importância do conceito de sustentabi- lidade, mas hoje em dia eles já mudaram de opinião e acham que, de fato, é um assunto importante, que tem uma relevância que anos atrás não havia. Num segundo momento, a sustentabilidade era um aspecto muito mais de marketing e hoje é uma realidade como valor agregado ao imóvel como economia na operação. Hoje o imóvel certificado tem um aspecto muito mais econômico em relação a operação que um imóvel não certificado ou não sustentável. Fazer bem feito ou fazer mal feito acaba custando a mesma coisa, então é melhor fazer da maneira correta. O que acon- tece é que há uma diferença muito grande para o operador e para o usuário, mas antes o investidor e o incorporador achavam que isso não era importante. Porém esse argumento virou um aspecto importante de venda, pois o prédio gastar menos energia é importante para o usuário. Essa foi a grande mudança de consciência. Como definir a importância dos quesitos saúde e bem-estar na arquitetura? ER. A sustentabilidade de uma maneira geral se apoia em três itens. O primeiro é a conser- vação de energia, pois sem ela não estamos falando em sustentabilidade. Os outros dois são o uso racional da água e a energia huma- na, ou seja, o lugar que faz bem, proporciona satisfação e não me exaure fisicamente. São três pontos que são extremamente importan- tes na sustentabilidade. E tudo isso com um único objetivo: não gerar de emissão de CO2 . Se isso não for o item principal entre os 10 mandamentos da sustentabilidade, então não conversamos sobre sustentabilidade. Nós cometemos um grande erro aqui nos edifícios do Brasil, pois, como nós não temos inverno, os prédios não tem isolamento térmico e por isso gasta-se muita energia pra refrigerar os ambientes e precisamos ter consciência dis- so. A minha recomendação, em termos de soluções, seria isso: se não tiver isolamento térmico, o calor intenso aquece a estrutura e no final tem que se usar muito ar condicio- nado pra refrigerar um espaço que poderia estar isolado termi- camente. Não tem nada pior em termos de sustentabilidade do que o concreto aparente, por exemplo. Ele é a antí- tese da sustentabilidade pois ele esquenta, é escuro e transmite toda a radiação pra dentro do edifício. Na sua opinião, o que é necessário para uma boa arquitetura sustentável? Em ter- mos de eficiência energética, respeito aos recursos naturais, soluções arqui- tetônicas e tecnológicas, o conforto e o bem-estar. ER. Vou falar sobre os aspectos do conforto e como se percebe esse conforto. São, em prin- cí- pio, 3 modalidades: o conforto físico, onde a arquitetura trabalha; o conforto ambiental onde os analistas e psicólogos trabalham a parte psicológica das pessoas e o conforto espiritual, que se busca através das diversas religiões. Quando falamos sobre conforto, di- zemos que é uma sensação percebida pelos 5 sentidos: tato, olfato, visão, audição e pala- dar. Quando você junta estes 5, acaba crian- do um sexto sentido que chamo de TOVAP [a palavra é uma abreviação dos cinco senti- dos, e significa exatamente a somatória des- tes sentido]. Um claro exemplo de TOVAP é quando você está à mesa e todos os seus sentidos estão ligados. E cito ainda o sétimo sentido: a percepção do espaço. Junta-se esses sete e se tem uma visão mais apurada e integrada do que é conforto. Com relação à saúde, ela está ligada a arquitetura em um aspecto muito importante: a respiração, o ar. De acordo com a OMS, a contaminação do ar que a gente respira é responsável por 75% das doenças que contraímos. Um sistema de ar condicionado mal dimensionado pode ser um condicionante de dores muscular e dores nas costas, por exemplo. E um outro aspecto importante é a ergonomia, que tem a ver com a parte física corporal, com a coluna. Enfim, existem muitos elementos que provocam mal estar e desconforto na arquitetura. A preocupação com os ocupantes e seu bem-estar é fundamental em um projeto de escritórios, onde as pessoas passam a maior parte do tempo trabalhando. Como isso se manifesta na prática nos seus projetos? ER. O escritório não é só o lugar em que você passa a maior parte do tempo, mas onde se estabelece que a relação da percepção do bem-estar dentro do espaço de traba- lho é um aspecto extremamente importante, e tem a ver de novo com todos os sentidos que falei. Tem a ver com a visão, no caso da iluminação, com o olfato, com audição e o tato que são as percepções que temos em especial entre o seu corpo e o mobiliário, a cadeira, o móvel, além da relação com o espaço como um todo. Essa é a habilidade que o arquiteto tem que ter de entender isso e transformar num aspecto de conforto e não necessariamente em um aspecto de décor. A acústica é assunto muito importante mas quase ninguém entende disso e os lugares se tornam extremamente irritativos porque não tem essa boa solução para esse problema. Tenho vários projetos onde estes elementos sempre são levados em consideração. Por exemplo, a sede do Santander onde fez-se um trabalho acústico perfeito. Lá os móveis foram todos desenhados para que eles fa- çam parte da acústica do ambiente, com índi- ce de reverberação bastante grande. A sede
  • 10. 10 nov-dez/16 rev/gbc/br inovação GREEN PAGES 10 nov-dez/16 rev/gbc/br da TV Globo, em São Paulo, é outro exemplo interessante. Lá não só foi planejada toda a questão da arquitetura, mas também do mo- biliário e acústica o que resultou num índice de reverberação baixo. E tem projeto da HP com novas maneiras de trabalhar e novos equipamentos. Por fim, cito também a sede da Souza Cruz, um dos últimos projetos que fizemos, com um resultado estético e de con- forto bastante interessantes. Todas as mesas foram desenhadas, o espaço tem uma quali- dade acústica e de iluminação excelentes e tem toda uma série de percepções onde as pessoas conseguem expressar a manifesta- ção de conforto do antes e do depois. Recentemente você lançou um livro so- bre o conforto na arquitetura e no de- sign. Esse tema tem muito a ver com as questões aqui levantadas nessa edição, que dizem respeito à relação entre a edi- ficação, os seus ocupantes e o meio am- biente. Como equacionar essa relação no projetar? ER. O livro tem basicamente 10 capítulos, onde eu falo sobre essa percepção do con- for- to na arquitetura e sobre a consciência disso. O conforto não tem uma regra, é ex- tremante subjetivo, varia de cada pessoa. Ele muda com o passar do tempo, você vai envelhe- cendo e mudando a percepção de conforto. Explico ainda os 5 sentidos, a cria- ção do sexto sentido, o TOVAP, e o sétimo sentido que é a percepção do espaço, como você entende e sente a arquitetura. Por exem- plo, você deve ter em sua casa o lugar que mais gosta, e onde se sente mais confortá- vel. Você cria suas referências ou desenvolve essa percepção de conforto nesse lugar. Falo também sobre o conforto na arquitetura, esse sétimo sentido que é expresso pela sua emo- ção ao se relacionar com uma edificação. Quando você tem uma experiência marcante com algum local que te desperta uma sen- sação tão forte a ponto de lhe tirar o ar, esse é o sétimo sentido. No livro cito ainda a influ- ência da tecnologia e como ela muda a per- cepção de conforto através dos anos. Falo também sobre um elemento importante para o conforto: a areia. Da areia fez-se o vidro e isso transformou o conforto do homem, que fez as lentes, o microscópio, o telescópio, a televisão, a tela do computador, do celular, os transistores, as lâmpadas, e muito mais. O vidro, através das janelas e das portas, re- presentou um grande carimbo da arquitetura. Quando você olha uma janela ou uma estru- tura arquitetônica, já sabe se é neoclássico, colonial, e por aí vai. Fale um pouco da importância do GBC, que agora em 2017 completa 10 anos no Brasil ER. No começo tinha um certo receio sobre se o trabalho desenvolvido pelo GBC seria bem aceito aqui. Mas tive uma grata surpresa ao ver como o GBC foi abraçado no Brasil e como teve essa aceitação tão grande. Isso é de uma importância única. O Brasil é um dos países com maior número de projetos em aprovação. Eu diria que no final o conceito foi aceito. Essa é a importância que vejo como resultado. Também acredito que a iniciativa do Referencial CASA GBC Brasil terá uma repercussão bastante interessante. É um co- meço muito promissor e há uma expectativa que terá um bom resultado. ©DivulgaçãoEdoRocha "Essa é a habilidade que o arquiteto tem que ter de entender isso [bem-estar] e transformar isso num aspecto de conforto e não necessariamente num aspecto de décor"
  • 12. 12 nov-dez/16 rev/gbc/br Coluna CBIC A Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CMA/CBIC, lançou no mês de setembro, em correalização com o Senai, duas pu- blicações inéditas para o setor: Gestão Eficiente da Água e Energias Renováveis. A cidade do Rio de Ja- neiro inclusive nesta mesma semana do lançamento recebeu o evento CNI Sustentabilidade, trazendo diretrizes do Ano Internacional do Entendimento Global, onde as conexões locais se encontram, proporcionando entendimento sobre a sustentabilidade e seu papel em escala global. O tom do evento foi dado pelo Presi- dente da CNI, Robson Braga, onde enfatizou que a sustentabilidade seja incorporada ao plano de negócios das empresas, criando opor- tunidades e novos investimentos. Com relação às publicações, uma aborda questões e reflexões sobre como usar água com eficiência, utilizando apenas a quantidade de água necessária e suficiente para o desempenho esperado de determinada atividade ou equipamento, sem desperdício, sem comprometimento da qualidade da atividade e garantida a saúde dos usuários e segunda expõe os benefícios do uso da energia solar fotovoltaica para o setor da Indústria da Cons- trução, questões sobre viabilidade, tarifas e financiamentos, além de apresentar relações entre energia fotovoltaica e aquecimento solar, micro e mini geração de energia e respectiva aplicação em condomí- nios verticais e horizontais e respectiva viabilidade econômica. Muitas alianças e iniciativas internacionais em prol da economia de baixo carbono estão sendo conduzidas desde a realização da COP 21, no final do ano de 2015 e ficou claro que estamos caminhando para uma economia fortemente atuante em tecnologias limpas. Para viabilizar esta transição, a partir do acordo estabelecido em Paris, os países desenvolvidos vão contribuir com 100 bilhões de dólares a partir de 2020 e verifica o aumento exponencial de fundos de investi- mentos destinados a fomentar pesquisas em energias limpas. O setor mobilizou-se e foi formada uma aliança para combater a mu- dança climática, composta inicialmente por 20 países - o Brasil faz parte dela - com outros países como Estados Unidos, França, Mar- rocos, Suécia, Canadá, Áustria, Alemanha, México, entre outros, com apoio de grandes corporações e sociedade civil, destacando-se a In- ternational Union of Architects (UIA), o World Green Building Council (WGBC) e a European Construction Industry Federation (FIEC). En- tre os objetivos da Aliança está de minimizar a demanda de energia, tornar verde a cadeia de valor da construção, integrar as energias renováveis através da energia dos municípios, implementar projeto de construção integrada e planejamento urbano, e envolver institui- ções de financiamento, além de buscar mais resiliência nas cidades e infraestrutura do futuro. Este cenário permite visualizar perspectivas de um novo mercado para o setor da Indústria da Construção, tendo A Sustentabilidade como Negócio Nilson Sarti presidente da Comissão do Meio Ambiente (CMA) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) ©DivulgaçãoCBIC
  • 13. revistagbcbrasil.com.br 13nov-dez/16 Câmara Brasileira da Indústria da Construção em vista que a participação dos parques eólicos e solares na matriz energética mundial representa apenas 0,5%. Outra proposta é o desenvolvimento de parcerias público-privadas e cooperações para criação de uma cultura em sustentabilidade e uma visualização da Indústria 4.0, onde países como a Costa Rica e Suécia se tornarão fossil fuel free, isto é, até 2020 não farão uso de combustíveis fósseis e o surgimento de empresários e investidores urbanos, criando um ambiente de negócios colaborativo, urbanizado e democrático. Além disso, para a retomada do crescimento do País baseado na sustentabilidade, a diretriz é o investimento em tecnolo- gia e inovação. E o setor tem a oportunidade de ser protagonista em um movimen- to favorável ao uso e disseminação de energias renováveis, citando como exemplo, uma decisão estratégica que vem sendo tomada por grandes empresas, como o Breaktrough Energy Coalition, um novo modelo de negócios, que consiste em parceria público-privada entre governos, instituições de pesquisa e investidores, além de cientistas, engenheiros e empresários que podem construir e dimensionar as tecnologias inovadoras que irão limitar o impacto das alterações cli- máticas, proporcionando energia confiável e acessível a todos. Boas e exitosas iniciativas, como as “fazendas verdes em telhados”, onde hortas orgânicas são cultivadas no telhado do edifício, tornando o transporte a custo zero e alcançando o máximo da acessibilidade, compartilhamentos de veículos elétricos, entre outros, mostra o cami- nho do futuro: a sharing economy, alcançará em 2025, o impressio- nante número de 335 bilhões de faturamento. A CBIC, coordenadora da Comissão de Construção Sustentável da Federação Interamericana da Indústria da Construção, fomenta a dis- seminação das seguintes plataformas apoiadas pelo Banco Mundial, que incentivam diretrizes relacionadas à construção sustentável: Kno- wledge Platform on Environmentally Sustainable Infrastructure Cons- truction in Latin America and the Caribbean Region – KPESIC, uma ferramenta que estabelece redes e grupos de intercâmbio entre espe- cialistas, atores públicos e privados, para disseminar conhecimento e estabelecer intercâmbio e contatos e estabelecer estratégias de ne- gócio mais eficientes dos usuários, facilitando o desenvolvimento de projetos em sustentabilidade na área de infraestrutura, e Excellence in Design for Greater Efficiencies – EDGE, uma certificação que recom- pensa os incorporadores que implementam estratégias para reduzir o uso de energia e água em seus prédios, bem como a energia incor- porada nos materiais. ASSINATURAS A PARTIR DE 3x R$ 49,90* A REVISTA OFICIAL DO GBC BRASIL. SÓ TEM UMA. LIGUE E ASSINE: 11 5078 6109 Fique por dentro do melhor conteúdo da construção sustentável *Assinatura Anual (6 edições): R$ 149,70. Para Assinatura Corporate (3 exemplares x 6 edições): R$ 299,70 ou 3x R$ 99,90
  • 14. 14 nov-dez/16 rev/gbc/br projeto em destaque Colégio Estadual Erich Walter Heine, Rio de Janeiro Fotos:DivulgaçãoHospitalOswaldoCruz Inovador, novo escritório da recebe certificação LEED CI Platinum projeto em destaque ©AcervoEY 14 nov-dez/16 Por Paulo Dias
  • 15. revistagbcbrasil.com.br 15nov-dez/16 projeto em destaque A empresa precisou se adaptar às mudanças no perfil dos funcionários e criar um novo conceito de escritório que incentivasse a colaboração e a auto- nomia de seus colabora- dores, sem deixar de lado a sustentabilidade. Os resultados já são sentidos na prática. O novo escritório paulista- no da Ernst & Young (ou simplesmente EY), uma das maiores empresas de Auditoria e Consultoria do mundo, recebeu certifica- ção LEED CI, categoria Platinum. Ocupando cinco andares da Torre Norte do Condomínio São Paulo Corporate Towers (que também é certifi- cado LEED CS – Platinum), o escritório é local de trabalho de cerca de 3 mil colaboradores e se tornou um exemplo de como aliar sustenta- bilidade, tecnologia e inovação, sem deixar de pensar no bem-estar dos funcionários. Ao adentrar o espaço, a primeira coisa que chama a atenção é uma grande área de convivência com sofás, pufes, mesas e bal- cões, além de uma máquina de café e outra de petiscos saudáveis. “Quisemos criar esse espaço para atender os mais diversos tipos de profissionais e deixar o ambiente melhor, mais dinâmico”, explica Zunara Carvalho, sócia em avaliação de Riscos, Mudanças Cli- máticas e Sustentabilidade da EY. Em outubro desse ano, o escritório recebeu certificado LEED Commercial Interior na mais alta categoria, a Platinum. A certificação re- sultou do anseio da empresa por um selo de reconhecimento global e das diretrizes mundiais da organização, que já incentivam a promoção de diversos critérios de sustenta- bilidade dentro dos escritórios da EY. Escritório do Futuro Workplace of the Future, é o conceito para o projeto do escritório da EY, que se baseia numa palavra chave: multifuncionalidade. “Temos vários escritórios no mundo, todos têm como principal objetivo promover maior integração entre as pessoas e incentivar o trabalho de colaboração. Para isso tivemos que investir em tecnologia, sustentabilidade e integração dos escritórios a nível internacio- nal. O conceito Workplace prevê um ambien- te de trabalho onde não se tenha a percep- ção de hierarquia. Investimos muito também nessa quebra de hierarquia”, analisa Zunara. ©AcervoEY
  • 16. 16 nov-dez/16 rev/gbc/br projeto em destaque Atualmente, a Ernst & Young está presente em 728 escritórios distribuídos em 150 paí- ses. São cerca de 160 mil colaboradores. O conceito de Workplace of the Future é apli- cado em 66 desses escritórios e os planos da empresa preveem a expansão gradual desses números. Segundo o Relatório Anual 2015 da EY Brasil, a mudança para esse novo conceito de escritório “foi baseada em um es- tudo global do perfil dos colaboradores, que revelou que 50% deles já são da geração Y e que esse número pode chegar a 85% em 2020. Essa geração tem uma necessidade de inovação constante e, para exercê-la, busca ambientes de trabalho mais dinâmicos, cola- borativos e flexíveis”. Todos os espaços do escritório da EY são considerados multifuncionais, ou seja, po- dem ser usados por todos em diversas fun- ções. Para organizar esse fluxo, a empresa investiu em tecnologia e criou uma platafor- ma virtual (que pode ser acessada via celular) de consulta e reserva de salas. Tal ferramenta é integrada mundialmente, o que permite re- servas nos escritórios de outros países. “Nós éramos um escritório de mesa fixa, e passa- mos para uma estrutura de hotelling, ou seja, temos flexibilidade no uso dos ambientes e espaços de trabalho. Isso significa dizer que tais ambientes tanto podem funcionar como a sala de um diretor quanto como uma sala de reuniões”, exemplifica Zunara. Projeto: EEY SP Workplace of the Future Localização: São Paulo - SP Proprietário: Ernst & Young Área construída: 9.795,00 m² Certificação: 22/10/2016 Sistema e Nível da Certificação: LEED CI - Platinum Arquitetura e Construção Athié Wohnrath Consultoria de sustentabilidade: EY e CTE Gerenciamento: EY e Athié Wohnrath Elétrica: CTPF projetos e consultoria Hidráulica: Adolfi – Projetos de engenharia Sistema de Ar Condicionado: EPT engenharia Luminotécnica: FOCO – luz & desenho Zunara Carvalho ©AcervoEY
  • 17. revistagbcbrasil.com.br 17nov-dez/16 projeto em destaque Foco em sustentabilidade Elaborado pelo escritório Athié|Wohnrath, o projeto para a Ernst & Young já planejado visando atender as diretrizes internas da em- presa e também as requisições para a certifi- cação LEED. Para tal, ele precisou se atentar a uma série de detalhes em sete pilares bá- sicos: implantação sustentável, energia, con- forto ambiental, inovação, eficiência hídrica, materiais e recursos e créditos regionais. A EY também contou com consultoria do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) para obter a certificação LEED. Com grandes janelas que valorizam a luz na- tural, o escritório também conta com sensores de luminosidade que detectam o movimento e ligam/desligam as luzes automaticamente. “Nos preocupamos bastante com luminosida- de, porque esse talvez seja o fator mais crucial quando pensamos no bem-estar das pessoas nos escritórios”, enfatiza Zunara. Ainda visando a economia de energia e tam- bém pensando na qualidade interna do ar, o escritório possui um sistema de ar con- dicionado inteligente. Tal sistema percebe a temperatura no ambiente e faz os ajustes automaticamente, o que evita o problema de deixar o ar condicionado ligado sem ter nin- guém usando o local. Os vasos dos sanitários e todas as torneiras do escritório possuem redutores de fluxo de água, o que gera economia imediata. Mas de nada adiantariam essas medidas se os funcionários não usassem conscientemente os espaços. Nesse sentido, Zunara aponta que a educação é fundamental. “Nos aten- tamos para que as pessoas realmente enten- dam como usar o espaço. Desenvolvemos um guia para os colaboradores, explicando como usar os ambientes do escritório pen- sando não só em si, mas também no outro. Porque o bem-estar está muito relacionado ao impacto que você causa no outro”. As mudanças visando a redução de resíduos também foram significativas. Cerca de 80% das impressoras do escritório foram desati- vadas, o que desestimulou o uso do papel. A empresa adotou uma política de mesas limpas, ou seja, manter o menor número pos- sível de objetos e pertences na mesa. Isso se alinha com o conceito de multifuncionalida- de dos ambientes, conforme lembra Zunara. “O colaborador tem que pensar toda hora no conceito do projeto, isso significa dizer que ele não deve trazer nada ao espaço que o faça se fixar ali”, explica. Em relação ao descarte de resíduos, as lixei- ras foram retiradas das salas, também visan- do desestimular a geração de lixo. Na área de convivência, há lixeiras para cada tipo Fotos: Acervo EY
  • 18. 18 nov-dez/16 rev/gbc/br projeto em destaque • Redução do consumo de água: 41,9% • Redução do consumo de água potável: 82,6% • Redução da potência de iluminação: 26% se comparado com a ASHRAE 90.1-2007 • Sensores de presença para 100% da iluminação. • 61,7% da potência de iluminação integradas a sensores de ilu- minação natural • 38,95%dereduçãodoconsumodeenergiadosistemadeHVAC • 81,1% dos resíduos de obra encaminhados para reciclagem • 36% de materiais regionais • Uso de adesivos, selantes, tintas e revestimentos com baixo VOC. • Lâmpadas com baixo teor de mercúrio, atingindo a marca de 19,3 picograms / lumen /hour de material, incentivando a coleta seletiva. O descarte posterior desses materiais fica a cargo do condomínio que, por também ser certificado LEED, possui uma série de diretri- zes quanto ao destino final dos mesmos. O antes e o depois Desfrutar de um espaço certificado LEED sig- nifica lembrar que os processos para se che- gar até ali também precisam estar de acordo com uma série de diretrizes. Zunara salienta que, durante a fase de execução do projeto, foram tomados diversos cuidados que mui- tas pessoas nem imaginam. “Nos atentamos para manter a obra ventilada e o mais limpa possível, além de fazer a coleta e o descarte correto dos resíduos da construção. Foi feito também serviço de controle de poeira e de ruídos”. Além desses cuidados, também hou- ve a preocupação para que todo o mobiliário tivesse origem local. “Fizemos um controle de quais seriam nossos fornecedores. Só para exemplificar, até a madeira que usamos em nossos rodapés segue uma série de especifi- cações, é certificada”, complementa. Quando questionada se todo o esforço valeu a pena, Zunara não tem dúvidas: “Com certe- za valeu e ainda valerá muito mais! Porque a ideia por trás de ter um escritório como esse é crescer. E crescer não só nó fisicamente, mas em todos os sentidos”, finaliza. DIFERENCIAIS SUSTENTÁVEIS ©AcervoEY
  • 20. 20 nov-dez/16 rev/gbc/br urbanismo O nferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Sustentável Urbano, sediada na capital do Equador, Quito, em outubro. O evento é realizado a cada 20 anos para dar novo impulso ao compromisso com a urbanização sustentável mun- dial. Na edição 2016, além de promover um inter- câmbio global em defesa de cidades social e ambientalmente susten- táveis, com moradia adequada para todos, o foco foi a implementação da Nova Agenda Urbana, com base na Agenda Habitat de Istambul, desenvolvida em 1996. As previsões e indicadores tratados no evento apontam que, até 2050, 80% da população estará vivendo nas cidades, que consomem 70% da energia e são responsáveis por 75% das emissões de CO2 na atmosfe- ra. No cenário das cidades sustentáveis, são fundamentais a discussão e a implementação da Nova Agenda para o assentamento humano e para o desenvolvimento de centros urbanos mais sustentáveis, inclu- sivos e igualitários, com redução da desigualdade social e de gênero, além de redução das taxas de pobreza e de desemprego. Há também um trabalho em defesa das cidades resilientes, que têm capacidade de se recuperar e progredir após um forte acontecimento ou desastre na- tural. Outro ponto fundamental é fortalecer a governança urbana, já que Conferência da ONU renova agenda urbana para os próximos 20 anos Edificações verdes são consideradas cruciais para as metas de sustentabilidade no novo contexto de desen- volvimento urbano, com especial destaque às ações de saúde e bem-estar nas cidades cidades de sucesso precisam ter governança sólida, além de fundos e autonomia suficientes. Dentre os participantes no evento estavam entidades governamentais, do âmbito federal, estadual e municipal, mas também profissionais da Arquitetura e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, ONGs e instituições financeiras como o Banco Mundial e o Rochfeller Fund, que apresentaram programas de investimentos para cidades sustentáveis. O Brasil levou representantes do Ministério das Cidades, juntamente com o Secretário de Habitação do município de São Paulo, João Sette Ferreira, a vice-secretária de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura, Thereza Herling e o diretor do Uso e Ocupação do Solo, Daniel Montandón. Inovações para cidades sustentáveis: edificações verdes no contexto da Nova Agenda Urbana O movimento dos Green Buildings e o trabalho das empresas mem- bros do GBC é considerado crucial para alavancar a indústria da construção civil em direção à sustentabilidade e, consequentemente, contribuir para o atingimento das metas de Sustentabilidade da Nova Agenda. No evento, algumas das possibilidades de mudanças positi- vas discutidas entre os países indicaram a necessidade de melhorar o Por Natália Rangel e Verônica Soares urbanismo
  • 21. revistagbcbrasil.com.br 21nov-dez/16 urbanismo alinhamento das políticas públicas, fortalecer a integração e o alinha- mento entre os órgãos federais, estaduais e municipais; ampliar a mo- bilização social, por meio de alianças com a sociedade civil; trabalhar para o controle do uso do solo; reforçar parcerias e priorizar dados de pesquisas como indicadores, dentre outras questões, como a valoriza- ção da qualidade da saúde no planejamento urbano cidadão. Um encaminhamento importante foi a sugestão de criação, pelos go- vernos locais, de uma Agenda Nacional Urbana para implantar tudo o que foi discutido durante o Habitat III. Os diversos países e blocos parti- cipantes apresentaram novidades em processo de implementação que servirão de suporte para o alcance das metas. A ideia é que os proje- tos apresentados possam auxiliar as prefeituras a partir de processos de comparação entre as cidades, além de proporcionar aprendizado e troca de experiências entre diferentes modelos de gestão sustentável. O WorldGBC representou os GBCs com a apresentação do Advanced Net Zeros, programa global, que conta com a participação do GBC Brasil e outros nove países. O projeto visa colocar em ação o compromisso feito na COP Paris pelo WorldGBC e seus 74 GBCs com suas 27 mil em- presas associadas para redução das emissões de CO2 do setor de edi- fícios em 84 gigatoneladas até 2050, por meio de edificações Net Zero. O objetivo do programa consiste em zerar as emissões de carbono na atmosfera oriundas do setor da construção civil até 2050, de forma que todas as novas edificações e grandes reformas se tornem Net Zero a partir de 2030, e 100% dos edifícios se tornem Net Zero até 2050. A implantação da meta se viabilizará por meio da criação de ferramentas de certificação para edificações Net Zero, a serem desenvolvidas pelo GBC Brasil e por nove outros países. Apesar da parceria entre os paí- ses e do apoio do WGBC, cada país será responsável pela criação da sua própria ferramenta de acordo com as especificidades locais. A União Europeia, por exemplo, apresentou o projeto European Green Capital, ferramenta que será lançada em maio de 2017 e servirá de auxílio ao desenvolvimento de políticas públicas. As cidades inscritas serão avaliadas dentro de categorias como desempenho do ar, adap- tação às mudanças climáticas, ruído, água, mobilidade, crescimento verde e inovação, energia, natureza e biodiversidade, governança, uso da terra e resíduos. Com base na nota recebida, cada cidade receberá recomendações para a mitigação das mudanças climáticas. A ferra- menta também irá contemplar indicadores de emissões de CO2 das cidades, de forma a verificar o seu desempenho em comparação à média das outras cidades, tudo de forma anônima. A Comissão Europeia de Ciências e Serviços do Conhecimento, por sua vez, apresentou o instrumento The Global Human Settlement Layer, uma plataforma global com dados abertos para a avaliação da pre- sença humana no planeta, trazendo indicadores de densidade. A mes- ma comissão ainda apresentou o relatório Cities leading the way to a better future. Já a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) apresentou o resultado de uma pesquisa sobre relevância das metas de desenvolvimento sustentável para as cidades americanas contribuírem para a Agenda Urbana 2030. Dentre as 169 metas para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, 102 foram consideradas relevantes para as cidades dos Estados Unidos. Dentre os indicadores estão: pobreza, fome, saúde, educação, gêneros, água, energia, economia, infraestrutura, desigualdade, cidades, consumo, clima, oceanos, terras, justiça e implementação. COP 22 e a Saúde e bem-estar nas cidades Em sintonia com as discussões empreendidas na Habitat III, a COP22, realizada em novembro, no Marrocos lançou o projeto Parceria NDC (National Governments Partner), que reuniu 33 países e nove institutos internacionais para acelerar e promover o desenvolvimento sustentável. A Parceria NDC tem por objetivo reforçar a cooperação entre as nações para que os países em desenvolvimento tenham acesso mais efetivo aos conhecimentos técnicos e ao apoio financeiro necessários para lidar com as mudanças climáticas e alcançar os objetivos de desenvol- vimento sustentável relacionados. Embora existam muitas iniciativas já em curso, a Parceria pretende alinhar melhor estes esforços internacio- nais e nacionais e melhorar a compreensão dos recursos existentes e expandir gradualmente a capacidade de resposta às necessidades em evolução dos países. No Habitat III, instituições como a International Society of Urban Health (ISUH) apontaram a importância de preservar e avançar os debates e ações em prol da saúde em cidades de todo o mundo, colocando a questão como um ponto-chave para o desenvolvimento sustentável. O órgão demonstrou que, para alcançar níveis mais saudáveis nas ci- dades, é necessário melhorar os ambientes em que as pessoas vivem e circulam, social, econômica e fisicamente, o que envolve a melhoria nos ambientes naturais, urbanos e construídos, além de investimentos em educação, transporte, coesão da comunidade, moradia e desen- volvimento econômico. Ao reorientar as maneiras como as cidades devem ser planejadas, pro- jetadas, financiadas e administradas, a Nova Agenda Urbana encami- nha ações para as próximas duas décadas que pretendem acabar com a pobreza e a fome no mundo, reduzir as desigualdades, promover o crescimento econômico, sustentável e inclusivo, alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas, melhorar a saúde humana e o bem-estar, além de aumentar a resiliência e pro- teger o meio ambiente. Com o reconhecimento crescente de que os países não alcançarão seus objetivos de desenvolvimento sustentável sem abordar a mudança climática, o bem-estar contínuo das socieda- des e economias exige ação urgente por um mundo resiliente e livre de carbono, aproximando as temáticas da saúde dos cidadãos às discus- sões sobre a sustentabilidade. ©Divulgação
  • 22. 22 nov-dez/16 rev/gbc/br inovação Comitês atuam para otimização e avanço nos processos de certificação no Brasil Pesquisa, debates e propostas de capacitação e networking estão entre as atividades realizadas ©CSC Por Natália Rangel e Verônica Soares
  • 23. revistagbcbrasil.com.br 23nov-dez/16 inovação úcleos estruturantes das operações do Green Buil- ding Council Brasil, os Co- mitês Técnicos têm por ob- jetivo encaminhar práticas de projeto, construção e operação de edifícios sustentáveis e auxiliar no planejamento das ações da organização. Formados por profissionais de renome do mercado da construção verde, que atuam voluntariamente como membros associados, pela equipe do próprio GBC, além de profis- sionais da academia, os Comitês trabalham em frentes diversas, que vão desde o desen- volvimento de pesquisas e novas tecnolo- gias, passando pela capacitação do setor e promoção de networking. Analisar, discutir, criar e propor melhorias técnicas e procedimentais às certificações existentes promovidas pelo GBC Brasil, ou, ainda, atuar no desenvolvimento de novas certificações, estão entre as atividades dos Comitês, que também podem contribuir na análise de documentos ou considerações técnicas de políticas públicas e normas para nortear comunicados da Organização. Ao final de 2016, os comitês entraram em uma nova fase de pesquisas, cujos resultados serão apresentados em 2017 em um fórum com a participação de todos os membros, no caso do Comitê Saúde e Bem-estar, e nas próprias reuniões do Comitê LEED® e Refe- rencial Casa®, dando continuidade ao traba- lho e desenvolvimento dos pilotos. . A Arquiteta Maíra Macedo, Coordenadora de Relações Institucionais e Governamentais do GBC Brasil, destaca a importância do enga- jamento e atuação das empresas membros para a garantia do sucesso dos trabalhos dos Comitês Técnicos. Segundo ela, a atmosfe- ra de trabalho é valiosa, enriquecida com a troca de conhecimento entre os principais stakeholders do mercado e profissionais da Academia, gerando aprofundamento das fer- ramentas de certificação e a verificação da sua aplicabilidade no país. “Além disso, os Comitês contribuem para o desenvolvimento de pesquisas, novas tecnologias, frentes de trabalho, capacitação do setor, ampliando a fronteira dos green buildings através do en- tendimento do impacto das edificações na saúde e bem-estar das pessoas”. Comitê Saúde e Bem-estar Luz, Car- los Mesquita (Saint Gobain), Cláudio Marracini (Lutron), Lourdes Printes (LCP Construções), Maíra Macedo (GBC Brasil), Enzo Tessitore (GBC Brasil) N ©Divulgação GBC Brasil
  • 24. 24 nov-dez/16 rev/gbc/br inovação Conheça a estrutura de funcio- namento dos comitês Para otimizar reuniões e ações planejadas, os comitês são divididos em duas grandes áreas temáticas: Comitês LEED® e Referen- cial Casa® e Comitês Saúde e Bem-estar, cada um com objetivos e demandas especí- ficas. Seus membros são pessoas físicas re- presentadas por empresas membros do GBC Brasil e convidados adicionais, e cada comitê tem de sete a 15 membros que se reúnem bimestralmente ou conforme a necessidade, em reuniões presenciais ou conference calls. Os Comitês Saúde e Bem-estar, SBE, de- dicam-se a pensar soluções para espaços construídos, utilizando como base a certi- ficação internacional WELL Building Stan- dard, versão 01, desenvolvida em setembro de 2015. A atuação é dividida em subcomi- tês de áreas de abrangência da Certificação WELL, voltados para as temáticas Ar, Água, Nutrição,Fitness, Luz,Conforto e Mente. Além de buscar o aperfeiçoamento da ferramenta WELL em debates e discussões, o trabalho possibilita o engajamento dos participantes na troca de conhecimentos e experiências, essenciais para o avanço das propostas. Já os Comitês do LEED® e Referencial Casa®, sob o gerenciamento geral do Comi- tê Diretivo , assim como o Comitê Saúde e Bem-estar, devem apresentar sugestões téc- nicas para melhorar créditos e pré-requisitos de cada uma das Certificações, além de dar apoio ao desenvolvimento da ferramenta e fomento do mercado. O trabalho tem como objetivos promover a redução do impacto ambiental relacionado com construções, su- pervisionar a melhora dos sistemas de cer- tificação ao longo do tempo, focando a sua aplicabilidade no Brasil, alinhar assuntos téc- nicos descritos nas categorias do LEED® e do Referencial Casa® com tipos de projetos existentes, como habitações de interesse es- pecial, e manter o rigor técnico, a equidade e a transparência no processo de desenvol- vimento do conteúdo. A atuação desses dois grandes grupos abrange áreas como implantação (Sustai- nable Sites & Location and Planning), uso racional da água (Water Efficiency), energia e atmosfera (Energy and Atmosphere), mate- riais e recursos e requisitos sociais (Materials and Resources) e qualidade do ambiente interno (Indoor Environmental Quality) para garantir que a integridade das ferramentas esteja enraizada nas considerações técnicas e científicas disponíveis. Os Comitês revi- sam todo o conteúdo das ferramentas, em análises técnicas criteriosas, verificam suas aplicabilidades e dificuldades e apresentam sugestões para os fatores avaliados. Em uma próxima versão de trabalho, a ser aplicada apenas ao Referencial Casa®, os Comitês devem identificar os créditos e pré- -requisitos existentes que necessitam melho- rias ou revisões, conforme o avanço técnico e melhorias da indústria, e também identificar questões relacionadas ao meio ambiente e a recursos humanos que possam ser aborda- das em novos créditos e pré-requisitos. Ou- tras questões previstas são a identificação de créditos existentes que possam se tornar pré-requisitos ou serem removidos e a reco- mendação de melhorias e revisões de texto e formato para as próximas versões do Guia de Referência. Comitê Saúde e Bem-estar Água, Virgínia Sodré (Infinitytech), Eduardo Straub (StraubJunqueira), Adriana Hansen (CTE), Letícia Castello (Deca) Osvaldo Oliveira (Deca), Eleonora Zioni (Asclépio Cosulto- ria), Enzo Tessitore (GBC Brasil), Maíra Macedo (GBC Brasil) ©Divulgação GBC Brasil
  • 25. revistagbcbrasil.com.br 25nov-dez/16 inovação Arquiteta IPT - Laboratório de Conforto Ambiental “Os comitês do GBC proporcionam o envol- vimento de pessoas das áreas de arquitetura, tecnologia e tantas outras em discussões ri- quíssimas que contribuem não só para o apri- moramento profissional, mas, também, para a melhoria de requisitos e critérios presentes em sistemáticas de avaliação ambiental. Fico muito feliz em poder participar”. Adriana Camargo de Brito Gerente de Contas Coorporativas Johnson Controls “Atuar nos comitês técnicos é um crescimen- to mútuo, tanto de quem participa, como no desenvolvimento de bons métodos, práticas e validações das certificações para o merca- do. Com mais de oito anos de experiência em soluções eficientes, tanto nos sistemas de ar condicionado como em sistemas especiais de automação predial, sistema de incêndio, aces- so e CFTV, pude colaborar com as práticas, produtos e normas vigentes no mercado”, Adriana Teixeira Account Executive Commercial & Industrial UL do Brasil “O envolvimento com os Comitês é uma óti- ma oportunidade para o compartilhamento de conhecimento, debate com profissionais de alta competência e compatibilização de in- teresses sobre temas de fundamental impor- tância para a evolução da cadeia de valor da construção sustentável no país. Busco apre- sentar aspectos relevantes para a melhoria contínua das certificações quanto à consis- tência técnica, viabilidade econômica, saúde e bem-estar social, e transparência” Frederik Purper Alguns membros dos Comitês do GBC Brasil Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
  • 26. 26 nov-dez/16 rev/gbc/br inovação Gerente de Engenharia de Aplicação DECA “Os Comitês possibilitam a reunião de pro- fissionais das mais variadas formações e experiências. Com isso, a troca de informa- ções e de visões é ampla e muito rica. São os Comitês que propiciam esse intercâmbio de ideias em torno de assuntos extremamen- te relevantes para a sociedade, de forma a propiciar o melhor entendimento destes as- suntos e a analisar os possíveis impactos no Mercado da Construção Civil e nas pessoas. Primordialmente, cabe a nós contribuir de for- ma direta, atuante, dividindo conhecimentos e auxiliando na condução dos trabalhos e discussões. A junção de talentos consegui- da através dos Comitês certamente auxilia no avanço da Construção Sustentável no Brasil”. Osvaldo Barbosa de Oliveira Jr Senior Building Science Program Lead Owens Corning “O trabalho voluntário em comitês técnicos é fundamental para enriquecer as normas e projetos de construção sustentável. É da contribuição de vários profissionais com ex- periências diferentes que nasce um projeto robusto e duradouro e essa troca de ideias é uma fonte de aprendizado constante”. Marcus Bianchi Diretora Infinitytech “Trabalhamos para desenvolver uma constru- ção mais sustentável dentro da realidade do nosso país, trazendo as premissas das certi- ficações e sua tropicalização para os padrões brasileiros. Acredito que podemos imprimir a sustentabilidade com mais solidez e seguran- ça técnica dentro das melhores premissas de engenharia e de operação, aplicáveis a nossa realidade”. Virgínia Dias de Azevedo Sodre Fotos:DivulgaçãoGBCBrasil
  • 28. 28 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ SOLUÇÕES DOSSIÊ ESPECIAL SAÚDE E BEM-ESTAR AMBIENTES DE TRABALHO MAIS SAUDÁVEIS Por Taís Cruz DOSSIÊ SOLUÇÕES 28 nov-dez/16
  • 29. revistagbcbrasil.com.br 29nov-dez/16 DOSSIÊ SOLUÇÕES ensar em saúde e bem-estar atrelados à sus- tentabilidade tem sido uma preocupação cada vez mais pertinente na construção e adequa- ção de escritórios. Ambientes confortáveis e bem estruturados são capazes de aumentar a produtividade dos funcionários, o que acaba revertendo o investimento feito na estrutura em saldos positivos que vão muito além do fi- nanceiro. ©AcervoEY P DOSSIÊ SOLUÇÕES 29nov-dez/16
  • 30. 30 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ SOLUÇÕES Ambiente de trabalho x produtividade e bem- -estar Há diversos fatores que podem in- terferir negativamente no dia-a-dia dos ocupantes de um escritório. Dentro eles se destacam a qualida- de do ar, sistema de refrigeração e luminosidade. Só para se ter uma ideia, segundo pesquisa publicada na Revista Indoor Air, a produtivida- de em ambientes de trabalho frios pode cair até 4%, enquanto que em ambientes quentes este decrésci- mo pode chegar a 6%. A solução para essas questões está no planejamento de cada detalhe do ambiente. Para resol- ver o problema da climatização, por exemplo, pode-se implemen- tar um sistema de insuflamento do ar pelo piso. Isso faz com que cada pessoa consiga controlar a quantidade de ar que é direcio- nada para si, diferentemente dos sistemas centrais que trabalham de forma padronizada. Outro ponto chave para a cria- ção de um ambiente agradável é o planejamento de interiores usando elementos que tragam conforto e propiciem um ambien- te saudável. Configuração do es- paço de trabalho, entrada de luz natural e espaço social são al- guns desses itens. Todos esses fatores afetam a concentração, criatividade e produtividade dos funcionários. Trazer elementos naturais é uma ótima opção para estabelecer uma proximidade com a natureza. Para isso, não é necessário utilizar apenas plan- tas, por mais que os seus benefí- cios também sejam muito positi- vos, as texturas e elementos que entregam a sensação de profun- didade cumprem esse papel. “Por meio de pesquisas compro- vou-se que os ambientes inter- nos que eram projetados com o ser humano em mente e a interfe- rência da natureza dentro dos es- paços traziam maior criatividade, produtividade e motivação. Ob- servou-se que as pessoas que- rem estar em um ambiente de trabalho agradável, sendo assim, elas não chegam atrasadas, tem menos abstenções e acabam querendo estar lá por mais tem- po porque sentem um bem-estar. Além disso, a retenção de talen- tos também se confirmou porque pessoas querem continuar traba- lhando nesse ambiente”, afirma Claudia Martins, vice-presidente da Interface Brasil. Biofilia Trazer elementos naturais ao am- biente também é uma ótima alter- nativa para estabelecer proximi- dade com a natureza e impactar diretamente no bem-estar dos co- laboradores. Isso não significa que tais elementos precisam ser neces- sariamente plantas. Embora elas também tenham seu papel nesse contexto, falar do assunto evoca uma gama muito mais ampla de questões, um exemplo é a biofilia. SAÚDE E BEM-ESTAR Em média, o brasileiro passa cerca de 40 horas semanais no trabalho. Isso é mais que o tem- po que passa em casa e dormin- do. Por isso, trabalhar em um ambiente agradável, com boa qualidade de ar, bem planejado arquitetonicamente e que traz bem-estar é tão importante. Os escritórios brasileiros estão, de forma ainda lenta, descobrindo essa tendência mundial. A maio- ria dos empreendimentos que adotam esses conceitos no país é de origem estrangeira. Falta muita informação e investimento nesse campo, mas não há dú- vidas de que a implementação desse pensamento, que coloca o fator humano em foco, gera bons frutos. O relatório realizado pelo World Green Building Cou- ncil (2014) comprovou que um escritório bem projetado causa impacto significativo na saúde, bem-estar e na produtividade dos funcionários. Adriana Hansen CTE “SE VOCÊ TEM UM AMBIENTE AGRADÁVEL, COM BOA QUALIDADE DE AR, QUE FOI ARQUITETONICAMENTE BEM PLANEJADO E TRAZ CONFORTO, ISSO AFETA DIRETAMENTE NA PRODUTIVIDADE E AUMENTAR A PRODUTIVIDADE É TER RETORNO FINANCEIRO” ©DivulgaçãoCTE ©DivulgaçãoMarcetex
  • 31. revistagbcbrasil.com.br 31nov-dez/16 DOSSIÊ SOLUÇÕES Biofilia é com conceito científico que vem sendo cada vez mais usado na construção de áreas que buscam propiciar bem-estar aos ocupantes. Essa concep- ção convida à reflexão sobre o espaço como continuidade do ambiente externo, especialmente seu entorno. Para exemplificar: imagine um escritório localizado numa área de vasta vegetação, ao aplicar a biofilia naquele am- biente procura-se reproduzir a vegetação exterior como um dos principais elementos propiciado- res de bem-estar. Por outro lado, se o conceito for aplicado a um escritório no centro da cidade de São Paulo, provavelmente buscará características urbanas. Pode-se dizer então que esse conceito é diretamente afetado pela cultura e pelo ambiente em que a biofilia é aplicada. O foco é pensar nas pessoas que vão ocupar esse espaço. Em metrópoles onde se tem pou- quíssimo contato com áreas ver- des é difícil compreender como os elementos naturais podem ser trazidos para ambientes inter- nos. A solução para isso é trazer referências da própria cidade, que é o meio ambiente onde os moradores desses locais estão inseridos. “O urbano faz parte, nos remete ao que vemos no dia-a-dia por- que quando queremos relaxar é isso que encontramos. É lógico ©DivulgaçãoHTB Cláudia Martins Interface “POR MEIO DE PESQUISAS COMPROVOU-SE QUE OS AMBIENTES INTERNOS QUE ERAM PROJETADOS COM O SER HUMANO EM MENTE E A INTERFERÊNCIA DA NATUREZA DENTRO DOS ESPAÇOS TRAZIAM MAIOR CRIATIVIDADE, PRODUTIVIDADE E MOTIVAÇÃO” ©DivulgaçãoInterface que o elemento natural como uma planta tem aspectos muito bons e fortes, também não nos sentimos bem em um ambiente completamente concretado, sem sombra. Mas trazer a cidade para dentro do escritório também é um aspecto da biofilia. E o melhor é que esse conceito não depende do tamanho do espaço que você tem para ser aplicado, depen- de de como esse ambiente vai ser tratado. Você pode fazer um biomimetismo e imitar elementos da natureza na mobília, ou tra- zer a biofilia apenas mudando o formato dos elementos que ocupam aquele espaço e com texturas. Não é preciso ter gran- des lajes, como os prédios do Google e Twitter, para incorporar o conceito da biofilia e garantir o bem-estar, é só saber usa-lo de forma inteligente”, conta Adriana Hansen - Coordenadora de Pro- jetos Sustentáveis do Centro de Tecnologia de Edificações. Para Claudia Martins, “a biofi- lia faz parte da concepção dos nossos produtos. Então nós nos inspiramos na natureza para criar novos produtos, que não pre- cisam ser obrigatoriamente um item da natureza, mas precisam simular aquela sensação, seja pela cor dos objetos ou textu- ras. Também podemos criar um ambiente e produtos mais des- contraídos para trazer essa sen- sação”.
  • 32. 32 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ SOLUÇÕES Se dentro da arquitetura o con- ceito de biofilia é algo novo, mas no campo das ciências já se estuda o termo há muito tempo. O termo foi desenvolvido pelo biólogo americano Edward O. Wilson, em 1984, ele foi pioneiro em apresentar a natureza como promotora de bem-estar e um dos elementos essenciais para o convívio humano. Esse estudo deu origem ao Design Biofílico, que busca integrar natureza e questões de sustentabilidade a estrutura de vida do homem moderno, especialmente nos centros urbanos. Já as primeiras pesquisas sobre a relação entre um ambiente de trabalho agradá- vel e produtividade começaram a serem desenvolvidas no início da década de noventa. Escritórios, bem-estar e saúde A preocupação com um ambien- te de trabalho confortável não está presente apenas nas empre- sas. Dados da pesquisa da So- ciedade Americana de Designers de Interiores (American Society of Interior Designers) mostram que ter um ambiente de trabalho sa- tisfatório é a terceira maior preo- cupação dos funcionários (21%), logo depois de benefícios (22%) e bons salário (62%). Sustentabilidade, bem-estar e economia formam a base do pensamento dos projetos de es- critórios que buscam promover saúde aos usuários. “Esse pen- samento está se disseminando, fundamentalmente por um ponto chave – a sustentabilidade é um tripé. Se analisarmos os gastos de uma empresa veremos que 90% é despendido em salários e benefícios de pessoas. Se você tem um ambiente agradável, com boa qualidade de ar, que foi arquitetonicamente bem pla- nejado e traz conforto, isso afeta diretamente na produtividade e aumentar a produtividade é ter retorno financeiro. Esse racio- cínio está sendo muito melhor entendido nesse momento. As empresas querem montar um escritório melhor porque sabem que as pessoas vão ficar mais satisfeitas. Com isso, mexemos em todos os aspectos do tripé: social por conta do bem-estar das pessoas, ambiental com as questões ambientais atreladas a isso e o econômico, com o re- torno em produtividade”, afirma Adriana. Além da qualidade do ar, pen- sar em iluminação, qualidade da água e ergonomia também é essencial para a saúde dos ocupantes. É o que diz Luiza Junqueira, sócia da StraubJun- queira, responsável pelo projeto do primeiro escritório Certificado WEEL do Brasil e América Lati- na. “Todos os macro temas (ar, água, alimentação, iluminação, conforto, fitness e mente) são importantes. Entretanto existem algumas implicâncias que não podem ser ignoradas, e que tra- zem benefícios reais, sentidos pelos ocupantes e empregado- res. Os níveis de qualidade do ar e taxas adequadas de renovação de ar garantem que os ocupan- tes não percam a atenção em suas tarefas diárias, igualmente os níveis de iluminação, que res- peitem nosso ciclo circadiano, bem como mobiliários que res- peitem a ergonomia de cada um dos usuários. Esses são itens, independente de políticas de Rh e que visem bem-estar e saúde, deveriam ser minimamente obri- gatórios dentro de qualquer em- presa”. Luiza Junqueira StraubJunqueira “OS NÍVEIS DE QUALIDADE DO AR E TAXAS ADEQUADAS DE RENOVAÇÃO DE AR GARANTEM QUE OS OCUPANTES NÃO PERCAM A ATENÇÃO EM SUAS TAREFAS DIÁRIAS” ©CesarMoraes SAÚDE E BEM-ESTAR ©AcervoEY
  • 34. 34 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ SOLUÇÕES A pós sete anos de pesquisa realizados por profissionais na área de medicina e ciência da indústria sobre os impactos da construção na saúde dos ocupantes, constatou-se que o planejamento do ambiente é decisivo nos âmbitos do bem-estar e produtividade. Para monitorar esses requisitos foi criada a Certifi- cação WEEL Building Standard. A certificação WELL foi desenvolvida para atender as demandas em busca de qualida- de de vida, saúde e produtividade aos usuá- rios no âmbito da construção civil. Foi de- senvolvida para trabalhar em harmonia com outras certificações de construção verde por meio da integração entre o IWBI (International Well Building Institute) e o GBCI (Green Busi- ness Certification Inc.) e a certificação LEED garantem resultados positivos. O diferencial dessa certificação é a valori- zação da saúde, bem-estar e produtividade dos ocupantes do edifício em primeiro plano. A implementação da certificação WELL nas edificações traz efeitos benéficos tanto para a questão humana quanto para o lado financei- ro. O ambiente com características adequa- das e saudáveis contribui de forma plena ao bem-estar, conforto, aumento da produtivida- de, mais satisfação e sensação de felicidade neste ambiente. Além de ter grande influência em reverter efeitos psicológicos negativos, frequentemente causados por ambientes onde o nível de stress é muito alto, como é o caso das edificações hospitalares. Através do retorno significativo dos investi- mentos, fruto da redução de despesas ao lon- go prazo, tanto pessoal quanto em relação à vida útil do edifício, a certificação permite agre- gar ao projeto um elevado potencial comercial. O processo de certificação do WELL envolve cinco etapas: Inscrição; documentação; veri- ficação de desempenho; certificação e recer- tificação (não aplicável ao Core&Shell). Além dessas etapas o projeto deve ser registrado no IWBI através do WELL online. Atualmente, mais de 80 edifícios, com cerca de dois milhões de metros quadrados, loca- lizados em 12 países, já possuem a certifica- Certificação WELL: Uma nova visão de qualidade de vida SAÚDE E BEM-ESTAR LEED Foconasustentabilidade Utilizaçãoderecursos Categorias: terreno sustentável, eficiência da água, energia e atmosfera, materiais e recur- sos, qualidade ambiental interna, inovação e prioridadesregionais. WELL Foconaspessoas Qualidadedosrecursos Categorias: ar, água, nutrição, iluminação, condicionamentofísico,confortoemente ção ou estão em fase de desenvolvimento. O escritório da SETRI (Consultoria em sus- tentabilidade) foi o primeiro projeto brasilei- ro registrado na Certificação WELL Building Standard. Os requisitos de desempenho relevantes es- tabelecidos para obter-se a certificação são considerados em sete categorias: ar, água, luz, fitness, nutrição, conforto e mente. To- dos visam fundamentalmente o bem-estar e a saúde dos ocupantes. A certificação pode ser atingida em três níveis, Silver, Gold e Pla- tinum. Para conquistar qualquer um dos ní- veis é necessário o atendimento a todas as pré-condições estabelecidas nas diretrizes da certificação. A obtenção dos níveis mais elevados se dá mediante ao alcance de alto percentual de otimização de recursos.
  • 35. revistagbcbrasil.com.br 35nov-dez/16 DOSSIÊ SOLUÇÕES Escritório da SETRI: Pri- meira certificação WELL no Brasil A Setri, empresa especializada na identificação e diagnóstico de ris- co com o objetivo de minimizar e gerenciar os riscos provenientes do uso da água em edificações e indústrias teve seu escritório, em São Paulo, como o primeiro certificado pelo WELL, nível Gold, no Brasil e na América Latina, em outubro de 2016. É também um dos doze escritórios do mundo a obter esta certificação. Para a adequação às diretrizes do WELL, do escritório de 50m², foram feitas uma série de mudan- ças no espeço ocupado por três funcionários, como conta Luiza Junqueira, sócia da Consultoria StraubJunqueira, responsável pelo projeto. “Itens como mudan- ças de políticas corporativas, e melhorias na qualidade do ar e da água que atendem ao projeto foram facilmente implementadas, através de novos sistemas de filtragem, instalação de equipa- mentos modernos de medição, substituição de lâmpadas, subs- tituição de produtos de limpeza, alimentação e higiene pessoal, incentivo à prática de atividades físicas, dentre outros. O Marcos Bensoussan [sócio da Setri] é uma pessoa muito visionária e mão na massa. Para ele o objeti- vo era buscar a maior pontuação possível. Acabamos também in- corporando outros benefícios ao projeto, como uma área de des- compressão e possibilidade de mudança de layout para a prática de atividades físicas”. Conquistar a certificação foi uma experiência desafiadora até mes- mo para a consultoria que há anos trabalha com construções sustentáveis. “Foi um trabalho pioneiro e bastante interessante. Muitas considerações feitas pelo WELL eram novas para a gente, até porque ela versa sobre al- gumas coisas relacionadas às políticas das empresas que inter- ferem diretamente no RH. Depois que começamos a estudar essas exigências, ao incorpora-las no Escritório da Setri escritório da Setri e quantificar os resultados, percebemos o quan- to faziam sentido e, mais do que isso, o quanto estão diretamente ligadas aos conceitos de susten- tabilidade. Hoje, um de nossos maiores aprendizados é que não tem como se dissociar as pes- soas e as implicâncias na saúde causada pelo ambiente construí- do. São temas complementares e um não existe sem o outro!”, constata Luiza. Projeto: Escritório Setri Localização: São Paulo - SP Cliente/proprietário: Setri Consultoria WELL: StraubJunqueira Verificação e adequação dos siste- mas mecânicos: Anthares Produtos de limpeza: Diversey Equipamentos de qualidade do ar: Ecoquest Teste de radônio: IPEN Testes laboratoriais de qualidade do ar: Conforlab Testes laboratoriais de qualidade da água: NSF Equipamento de desumidificação do ambiente: 4Pool Equipamentos de monitoramento do ar: MaxiTrack ©DivulgaçãoSETRI
  • 36. 36 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ SOLUÇÕES Q uando se fala em saúde e bem-estar em ambientes internos uma das primei- ras questões que deve ser estudada é a qualidade do ar e temperatura desse ambiente. O sistema de climatização interfe- re diretamente no conforto dos ocupantes. Sendo assim, se o sistema é operado de for- ma inadequada pode até propiciar sensação de cansaço e mal-estar. Os principais fatores que devem ser levados em consideração na elaboração de um pro- jeto do sistema de climatização voltado ao bem-estar e um ambiente saudável são: Controle de temperatura: Temperatura agradável é essencial para que o ambiente propicie conforto térmico aos ocupantes. Além disso, estudos comprovam que a cli- matização é capaz influenciar tanto de forma positiva quanto negativa no índice de produ- tividade dos ocupantes do ambiente; A importância do sistema de climatização para a saúde e bem-estar Grupo NEWSET busca as melhores soluções sustentáveis no segmento de climatização, pensando no conforto e bem- estar dos seus clientes SAÚDE E BEM-ESTAR Fotos:DivulgaçãoNewset
  • 37. revistagbcbrasil.com.br 37nov-dez/16 DOSSIÊ SOLUÇÕES Filtragem do ar: Um ambiente sadio, com filtragem adequada de acordo com as nor- mas também representa qualidade de vida para os ocupantes do local; Cálculo correto da vazão exterior: A va- zão é responsável por fazer a renovação do ar dentro do ambiente e diminuir a concen- tração de poluentes no ambiente interno; Controle de CO2: O excesso de monóxido de carbono em ambientes fechados pode causar sensação de cansaço e sono. Esse cuidado deve ser tomado principalmente em garagens fechadas e em algumas lojas de departamento, utilizando sistemas que me- dem o nível de CO2 e tomam medidas para diminuí-lo, como o acionamento de exausto- res ou o aumento da vazão do ar exterior; Acústico: sistemas ruidosos também cau- sam desconforto. A procura por equipamen- tos silenciosos, aplicação de matérias que diminuem o nível de ruído, o calculo e espe- cificação dos equipamentos de forma a dimi- nuir o ruído tem sido uma preocupação cada vez maior nos projetos de empreendimentos; Em alguns casos específicos, como em algu- mas áreas hospitalares, o controle da umi- dade é necessário e muito importante. Eficiência energética e conforto Um dos motivos que mais levam os funcio- nários a se sentirem satisfeitos ou insatisfei- tos em relação a seus ambientes de trabalho é a temperatura do mesmo. Quando levamos em consideração que a maioria dos funcio- nários de ambientes internos precisa dividir o espaço com outras pessoas, logo enten- demos o quão difícil é encontrar consenso no que diz respeito à temperatura ‘ideal’ do ambiente. Para resolver esse impasse, exis- tem os chamados sistemas dedicados, que possibilitam a separação do sistema por an- dares e regiões, assim cada sistema pode ser controlado separadamente e em diferen- tes intensidades. “Nestes sistemas cada pessoa regula a temperatura do seu ambiente. Já em open space, onde equipamentos centrais são instalados, é importante fazer um balance- amento adequado para que todas as áreas recebam a climatização apropriada. Se não for feito um projeto de balanceamento alguns lugares sofrerão variações térmicas. Em um ambiente coletivo é difícil atender a neces- sidade de cada um. Mas se as normas e as temperaturas de conforto indicadas para esses ambientes de escritório forem atendi- das, fazendo um balanceamento adequado, um projeto correto e utilizando bocas de ar adequadas para cada situação se consegue atingir a temperatura ideal para esse tipo de escritório”, diz Maria Luiza Palinkas – Geren- te de contas da Newset. Em 2008, a ANBT – Associação Brasileira de Normas técnicas introduziu algumas regu- lamentações para melhorar a qualidade do ar em ambientes internos, passando a ditar, por exemplo, o mínimo de vazão do ar exte- rior, mínimo de filtragem do ar para cada tipo Eduardo Rodovalho Maria Luiza Palinkas Fotos:DivulgaçãoNewset
  • 38. 38 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ SOLUÇÕESDOSSIÊ SOLUÇÕES SAÚDE E BEM-ESTAR de aplicação do ambiente (shoppings, edifí- cios comerciais, lojas de rua) e os requisitos técnicos para os sistemas e componentes. “Essa iniciativa foi importante para norma- tizar as condições ligadas à saúde do am- biente interno e das pessoas que estão nele. Partir daí todos os projetos começaram as partir desses requisitos”, afirma Maria Luiza. Adaptação em projetos de Re- trofit A preocupação com o bem-estar não está presente apenas em novos projetos, muitos escritórios já existentes estão se adaptando a essa concepção. Nesses casos, o sistema de climatização existente geralmente encon- tra-se ultrapassado, insuficiente ou não aten- dem os requisitos para uma boa qualidade de ar, e precisa ser substituído. Na maioria dos casos essa substituição tem que ser feita sem a interrupção do sistema antigo, o que é um desafio para a elaboração do projeto. “O projeto de retrofit tem que ser muito bem pensado e projetado para além das inter- ferências do edifício que já está em funcio- namento. Neste processo, o projeto de um sistema mais eficiente será elaborado dentro de todas as limitações existentes no edifício e no projeto antigo”, completa Maria Luiza. Além de propiciar melhorias no ar interno dos ambientes, após passaram pela atualização do sistema de climatização, a reestrutura- ção do sistema faz com que esses edifícios comerciais se tornam mais competitivos no mercado para locação e venda. Bem como impactar positivamente na produtividade dos funcionários por conta das melhorias na qua- lidade do ar e temperatura do ambiente. O futuro do sistema de climati- zação e bem-estar A preocupação com o bem-estar e um sis- tema de climatização eficiente tem crescido cada vez mais. Para atender a essas exigên- cias empresas de engenharia no segmento de climatização como a Newset, investem em tecnologia e mão de obra especializada para garantir bons resultados. “Sem duvida alguma, atualmente os diferen- ciais dos empreendimentos que atendem a grandes exigências, certificações, susten- tabilidade e o bem-estar dos ocupantes, já se tornaram pré-requisitos em uma procura de espaço. Além disso, se compararmos os ganhos, ou ‘não perdas’, sobre a eficiên- cia dos funcionários em seus ambientes de trabalho, isto já justifica matematicamente os investimentos na qualidade e bem-estar dos ocupantes. E quando falamos de bem- -estar e qualidade do ar, estamos nos diri- gindo diretamente às instalações de ar con- dicionado, que devem ser bem projetadas e executadas, observando a estabilidade e o maior conforto possível com o menor gasto de energia elétrica em sua operação”, afirma o diretor de engenharia da Newset, Eduardo Rodovalho.
  • 39. revistagbcbrasil.com.br 39nov-dez/16 DOSSIÊ SOLUÇÕES P ara que haja conforto em um ambiente de trabalho, um bom sistema de climatização é essencial. A Dan- foss, líder global no fornecimento de tecnologias que atendem à eficiência energética, oferece, basicamen- te, dois tipos de equipamentos de ar condicionado usados em escritórios no Brasil: sistema VRF e água gelada. O VRF faz a captura térmica e intercâmbio do ar interno com o meio externo. Já o sistema água gelada, distribui a água gelada por meio de tubulações. A instalação do VRF geralmente é mais simples e rápida, entretanto o sistema água gelada é mais manejável em caso de ampliações ou troca de equipamentos já instalados. Temperatura estável Em relação ao conforto, os dois sistemas oferecem benefícios. Geral- mente a temperatura ideal em um escritório é de 24°C. Com o siste- ma de água gelada essa temperatura é atingida e mantida facilmente. Sempre que a temperatura sofre variação, para mais ou para menos, há consequências na sensação de bem-estar dos ocupantes, por isso é importante que a temperatura se mantenha estável e entorno de 24°C. Além disso, às variações constantes de calor e frio podem afetar a saúde por conta do enfraquecimento do sistema imunológico, po- dendo causar doenças como gripes e resfriados. A manutenção constante do ar condicionado também é muito importante para man- ter a pureza do ar, já que pessoas alérgicas podem desencadear reações adversas por conta das partículas jogadas no ar pelo sis- tema de climatização. Não podemos esquecer também da troca do ar constante entre o ambiente interno e externo que elimina vírus e bactérias do ambiente. Um sistema de climatização eficiente para o ambiente de escritório traz benefícios para as pessoas que trabalham neste local e também para economia da empresa. “A procura por equipamentos voltados a saúde e bem-estar e eficientes tem crescido cada vez mais, prin- cipalmente depois do aumento dos preços da energia elétrica. Isso faz parte da necessidade de contenção de custos, porque o brasi- leiro nem sempre está acostumado a pensar a longo prazo. Outro ponto é a manutenção da temperatura constante no ambiente para gerar conforto e condições de trabalho melhor para os funcionários. Se você mantém a temperatura agradável, sem excesso de calor ou de frio, consequentemente o funcionário se torna mais produtivo e focado. Além de correr menos risco de ter afastamentos por questões de saúde causadas pelo ar condicionado do ambiente”, afirma João Paulo Piovesan, gerente de vendas da Danfoss. Qualidade do ar A qualidade do ar pode ser facilmente desequilibrada por poluentes químicos como o monóxido e o dióxido de carbono (CO e CO2), amô- nia e dióxido de enxofre produzidos no interior dos estabelecimentos a partir de materiais de construção, materiais de limpeza, fumaça de cigarro e pelo próprio metabolismo humano. E por poluentes biológi- cos, como fungos, bactérias e ácaros, cuja proliferação é favorecida pela limpeza inadequada do ambiente e do sistema de climatização. Por isso, o investimento em equipamentos que avaliam constante- mente a qualidade do ar e concentração de CO2 é tão importante. Para João Paulo, “ter uma tecnologia de avaliação da qualidade do ar e concentração de CO2 é importante porque isso de fato melhora a qualidade do ar. É necessário ter um ar mais oxigenado e filtrado. No futuro, seria ideal que o sistema de climatização e equipamentos que avaliam a qualidade do ar possam se comunicar por meio de sensores, para que esses dois sistemas trabalhem juntos e garantam um ambiente saudável e com temperatura agradável”. Tecnologias para o futuro A Danfoss acredita e está investindo em um novo sistema de clima- tização chamado District Energy. Essa tecnologia já é amplamente usada na Europa e é uma das apostas no futuro dos sistemas de climatização no Brasil. “A energia distrital é a energia gerada em uma central de grande por- te, ela serve tanto para aquecer quanto para esfriar o ar em várias construções ao redor desse sistema”, explica João Paulo. Usando a Europa como exemplo, João Paulo diz que “lá eles fazem uma cen- tral, e essa central manda energia para todos os prédios de acordo com a demanda de cada um. Ou seja, ela tem a flexibilidade de man- dar mais energia para um ou menos para outro prédio, fazendo com que haja mais eficiência na geração de calor, ou frio. Há também centrais que geram energia a partir do descarte de energia de uma termelétrica, por exemplo, e essa energia usada para o aquecimen- to ou resfriamento do ar em ambientes internos pode ser distribuída em residências, condomínios de escritórios ou comerciais. A ideia da Danfoss é usar o descarte de energia de termoelétrica ou fontes geotérmicas de calor (água de rios e do mar) para ajudar na geração de frio e calor”, complementa. Esse sistema ainda não é usado no Brasil, mas o investimento em estudos e tecnologias para a implementação no país já está sendo feita. Quem sabe no futuro próximo já teremos projetos que com esse conceito que usa a energia de forma mais limpa e sustentável. Danfoss alia bem-estar, eficiência energética e tecnologia João Paulo Piovesan Foto:DivulgaçãoDanfoss
  • 40. 40 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ TIPOLOGIAS LEED CI ESCRITÓRIOS VISAM SAÚDE E BEM-ESTAR DOS SEUS OCUPANTES
  • 41. revistagbcbrasil.com.br 41nov-dez/16 DOSSIÊ TIPOLOGIAS B onito e funcional. Esses talvez sejam os adjetivos que melhor descrevem o Edifício Souza Aranha, na Chácara Santo An- tônio, São Paulo. Nova sede da HTB Engenharia e Construção, o prédio foi erguido pela própria construtora (com in- vestimento da BR Properties) ao lado de sua antiga sede. O empreendimento possui 6.200 m² de área construída, sete pavimentos, dois elevadores sociais e é totalmente adaptado para portadores de necessidades especiais. Quem assina o projeto é o escritório paulista- no Athié|Wohnrath. O processo de construção do Souza Aranha envolveu algumas particularidades. Pensan- do na durabilidade, baixa geração de resí- duos e alto desempenho térmico e acústico, o revestimento de fachadas do edifício foi fei- to com placas cimentícias, num o processo chamado light steel framing, um tipo de cons- trução a seco. Também foram usadas placas de cimento com polímeros e malha de fibra de vidro, facilitando o corte e a fixação. O edifício que abriga a nova sede da HTB está em processo de certificação LEED CS v3.0. Justamente por isso, foi projetado e construí- do de acordo com diversos aspectos de sus- tentabilidade, abrangendo áreas como ilumi- nação, uso eficiente da água e da energia. “A preocupação com o meio ambiente e a neces- sidade de ajuste a um novo modelo de mer- cado, baseando-se em princípios de eficiência energética e de desempenho ambiental, fize- ram com que a empresa buscasse a obtenção da certificação LEED”, explica Volselei Wolff Barreiros, gerente de negócios da HTB. ©VítorBrandão©DivulgaçãoHTB Sustentabilidade e bem-estar na nova sede da HTB Por Paulo Dias
  • 42. 42 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ TIPOLOGIAS Para a execução, o projeto buscou usar ma- teriais construtivos que incorporam conteúdo reciclado em sua constituição, o que ocasio- na diminuição dos impactos relacionados à extração e ao beneficiamento da matéria vir- gem. Utilizou também materiais originários de regiões próximas ao projeto, buscando promover o uso de recursos locais e o desen- volvimento da economia regional e reduzindo os impactos causados pelo uso do transpor- te. Além disso, “o projeto também teve como objetivo a redução do uso de compostos or- gânicos voláteis no interior da edificação, de forma a não oferecer nenhum tipo de risco ao meio ambiente e à saúde dos operários e fu- turos ocupantes”, salienta Barreiros. O prédio conta com um gerador 750 KVA, o que garante abastecimento a todo o edifício em caso de falta de energia. Ainda sobre esse assunto, o Souza Aranha possui amplas janelas que valorizam a luz natural e toda a iluminação das dependências do edifício pro- vém de lâmpadas LED. Também foram insta- ladas persianas que minimizam a incidência dos raios UV, além de sistemas de ilumina- ção individualizados. Volselei Wolff Barreiros HTB Brasil “A PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE E A NECESSIDADE DE AJUSTE A UM NOVO MODELO DE MERCADO, BASEANDO-SE EM PRINCÍPIOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E DE DESEMPENHO AMBIENTAL” LEED CI
  • 43. revistagbcbrasil.com.br 43nov-dez/16 DOSSIÊ TIPOLOGIAS Pensando no conceito de funcionalidade do ambiente e dos materiais, todo o mobiliário foi escolhido levando em consideração seu design flexível, o que facilita possíveis ajustes de layout dos espaços de acordo com as de- mandas da empresa. Além disso, a escolha visa criar um ambiente claro, sem poluição visual e cujos objetos e materiais facilitem os processos de limpeza e organização. De modo geral, conceito do prédio busca contribuir para a qualidade de vida de seus usuários e de seu entorno. Barreiros lembra que o edifício “oferece infraestrutura para ciclistas, vagas preferenciais para veículos menos poluentes e favorece a reciclagem de resíduos da operação do prédio”. Tantas mudanças geraram impactos nos co- laboradores. Eles tiveram que se adaptar a um ambiente novo, com novas especificida- des e um espaço muito maior que o antigo. Por outro lado, estão notando que as mudan- ças vieram para seu melhor conforto e bem- -estar. “As equipes contam agora com uma infraestrutura melhor para realizar suas as ati- vidades com o máximo de excelência, além de poderem permanecer no mesmo endere- ço, uma vez que já estruturaram suas vidas na região”, finaliza Volselei Wolff Barreiros. Projeto: Edifício Souza Aranha Localização: São Paulo - SP Proprietário: BR Properties Área construída: 6.200 m² Certificação: LEED em processo Sistema: Core & Shell 2009 v.3.0 Arquitetura: Athié|Wohnrath Construtora: HTB Engenharia e Construção Consultoria de sustentabilidade: OTEC Execução elétrica, hidráulica e comba- te a incêndio: Temon Técnica de Montagens e Construções Execução Sistema de Ar Condicionado: Konar Instalação, Comércio e Manu- tenção de Condicionadores de Ar Execução Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio: MML Sistemas de Automação Fotos:DivulgaçãoHTB
  • 44. 44 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ SOLUÇÕES Athié|Wohnrath: o lugar onde escritórios do futuro já são o presente O escritório de arquitetura Athié Wohnrath, ou simplesmente AW, tem-se tornado referência em arquitetura corporativa e projetos sustentáveis no Brasil. LEED CI Por Paulo Dias ©AcervoEY Escritório EY São Paulo
  • 45. revistagbcbrasil.com.br 45nov-dez/16 DOSSIÊ SOLUÇÕES escritório Athié Wo- hnrath é um dos mais renomados do merca- do no que- sito sustentabilidade: 57 de seus projetos são certificados LEED, dos quais 27 são certificados LEED CI, certificação entregue a projetos de interiores. Com cerca de 500 colaboradores e mais de 2.350 clientes, a cartela de clien- tes corporativos da AW apresenta empresas como Google, Johnson & Johnson, Ernst & Young, Bun- ge, Unilever e KPMG. Sérgio Athié, um dos fundadores da empresa e diretor de arquite- tura do escritório, explica que o segredo do sucesso é respeitar e atender a todas as solicitações dos clientes, buscando sempre as melhores alternativas para executá-las, independentemente do desafio. Ele cita os pilares da AW ao desenvolver um projeto: “A prioridade é atender as neces- sidades e solicitações dos clien- tes. Buscamos também garantir o cumprimento dos princípios da empresa, com respeito à vizinhan- ça. Por fim, estamos sempre na busca pelo equilíbrio entre o que pode ser feito com o investimento que há, quais as novas tecnolo- gias disponíveis e como fazer pro- jetos cada vez mais sustentáveis”. Quando o assunto é sustenta- bilidade, a AW mostra que está em constante evolução, em bus- ca do que há de melhor e mais moderno em termos de diminui- ção dos impactos ao meio am- biente. As 57 certificações LEED conquistadas pelo escritório comprovam isso. Sérgio cita as maiores preocupações de seus clientes quando o assunto é sus- tentabilidade: “A maior preocu- pação é a questão da iluminação dos ambientes e como isso pode ser feito de modo a se ter a maior eficiência energética possível. Também há grande atenção a respeito de quais materiais serão usados no projeto e qual a pro- cedência dos mesmos”. Ao longo de sua história, a AW desenvolveu alguns projetos particularmente desafiadores. É o caso do projeto para o novo escritório da consultora Ernst & Young, em São Paulo. O es- critório, de cinco andares, foi concluído em meados de 2015 e recebeu certificação LEED Pla- tinum, justamente por sua alta preocupação com o bem-estar dos ocupantes e as questões sustentáveis. “Foi um grande de- safio entregar o escritório porque haviam muitos pontos a serem atendidos e os requerimentos do cliente eram bastante sofisti- cados. Além disso, tivemos um prazo bastante curto para as obras”, lembra Sérgio Athié. Outro caso desafiador foi o pro- jeto para a empresa de audito- ria e consultoria KPMG. Nesse caso, além de toda a tecnologia e design envolvida no projeto, o que chamou a atenção foi o tem- po gasto na execução: menos de cinco meses. O ©Pregnolato&KusukiEstúdioFotográfico Escritório KPMG São Paulo
  • 46. 46 nov-dez/16 rev/gbc/br DOSSIÊ SOLUÇÕES Projeto KPMG: um exemplo de sucesso Presente em 155 países, a KPMG tem cerca de 160 mil colabora- dores. No Brasil, a empresa já atua há mais de 100 anos. São cerca de 4,2 mil colaboradores e 22 escritórios, distribuídos por 14 Estados. A AW atuou no projeto e na exe- cução da nova sede da empresa em São Paulo. Um espaço de 7 andares que já foi projetado vi- sando a certificação LEED Gold. O que mais chama a atenção foi o tempo de execução do projeto: menos de cinco meses! Com a construção iniciada no começo de janeiro de 2015, o escritório foi entregue no dia primeiro de maio daquele mesmo ano. Todos os detalhes da obra foram pensados da forma mais sus- tentável possível. A nova sede da KPMG reúne os conceitos da arquitetura focados em mo- bilidade, tecnologia, integração, compartilhamento e colabora- ção. O prédio de sete andares se divide em áreas modernas e práticas com espaços para área colaborativa e de descom- pressão, cafeteria e salas de reunião. O layout do escritório segue o modelo full open space (sem divisórias entre as mesas) para fomentar o contato entre os profissionais. As grandes janelas também contribuem para o bem- -estar dos funcionários, pois ga- rante um melhor proveito da luz natural no ambiente interno. Para se adequar as formas da certificação LEED, o projeto bus- cou a eficiência energética por meio da instalação de ar condi- cionado de alta eficiência, uso de luminárias e lâmpadas LED, uso de sensores de presença que controlam 100% da ilumi- nação e equipamentos elétricos certificados. Já o consumo de água foi reduzido em cerca de 40% através da instalação de dispositivos sanitários econo- mizadores e aproveitamento de água de chuva. E mais de 70% dos resíduos da obra foram en- caminhados à reciclagem. A preocupação com todos esses detalhes fez do projeto "KPMG – Workplace of The Future" uma experiência premiada. Graças a ele, a AW recebeu o prêmio ABRAFAC Melhores do Ano 2015, na categoria Space Plan- ning. Esse, no entanto, não foi o único projeto da AW a ser premiado. A empresa já recebeu outros 56 prêmios por sua excelência em arquitetura e design de escritó- rios e organizações. No que de- pender de Sérgio Athié, Ivo Wo- hnrath e todo o time da AW, isso é só o começo. Sérgio Athié Athié|Wohnrath “ESTAMOS SEMPRE NA BUSCA PELO EQUILÍBRIO ENTRE O QUE PODE SER FEITO COM O INVESTIMENTO QUE HÁ, QUAIS AS NOVAS TECNOLOGIAS DISPONÍVEIS E COMO FAZER PROJETOS CADA VEZ MAIS SUSTENTÁVEIS” ©DivulgaçãoAthiéWohnrath LEED CI ©Pregnolato&KusukiEstúdioFotográfico Escritório KPMG São Paulo