[1] O documento discute o processo de desencarne espiritual após a morte física, explicando que o desligamento da alma do corpo ocorre gradualmente e de forma variável dependendo de cada indivíduo.
[2] É destacado que a família deve evitar críticas e pensamentos negativos no velório, ajudando a alma do falecido no processo de transição para a pátria espiritual.
[3] Referências bíblicas e obras espíritas são citadas para explicar que a alma pode
2. Referências Bibliográficas
EVANGELHO SEGUNDO ESPIRITISMO, Allan Kardec, Cap V, 21 perdas
de pessoas amadas e mortes prematuras.
O CÉU E O INFERNO, Allan Kardec, Segunda parte, exemplos:
Espíritos felizes, Espíritos em condições medianas, Espíritos
sofredores, suicidas, criminosos e arrependidos, Espíritos
endurecidos, Expiações terrestres.
LIVRO DOS ESPIRITOS, Allan Kardec, questões 155, 156, 157, 159,
160, 161, 162, 163, 164, 197, 199, 229, 312, 320, 321, 326, 457, 508,
664, 665, 730, 859 e 941.
O CONSOLADOR, Emannuel por Chico Xavier, questões 146, 149 e
151
OBREIROS DA VIDA ETERNA, André Luiz por Chico Xavier, capítulo
11, “o caso DIMAS”.
TEMPO DE TRANSIÇÃO, do escritor Juvanir Borges de Souza.
6. Evangelho segundo o
espiritismo(...) Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça,
tudo tem a sua razão de ser.
(...) Frequentemente, a morte prematura é um grande benefício que
Deus concede aquele que se vai e que assim se preserva das misérias da
vida, ou das seduções que talvez lhe acarretassem a perda. Não é vitima
da fatalidade aquele que morre na flor dos anos; é que Deus julga não
convir que ele permaneça por mais tempo na terra.
(...) Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a Deus retirar
deste vale de misérias um dos seus filhos. Não será egoístico desejardes
que ele aí continuasse para sofrer convosco?
(...) Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim,
estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus
pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os
transporta de alegria, mas também as vossas dores dasarrazoadas os
afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a
vontade de Deus.
8. Livro dos Espíritos
149. Que sucede à alma no instante da morte?
“Volta a ser Espírito, isto é, volta ao mundo dos Espíritos,
donde se apartara momentaneamente.”
9. Livro dos Espíritos
155. Como se opera a separação da alma e do corpo?
“Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.”
a) - A separação se dá instantaneamente por brusca
transição? Haverá alguma linha de demarcação
nitidamente traçada entre a vida e a morte?
“Não; a alma se desprende gradualmente...”
10. Livro dos Espíritos
(...) A observação demonstra que, no instante da morte, o
desprendimento do períspirito não se completa subitamente; que, ao
contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável
conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que
o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros,
naqueles sobretudo cuja vida toda material e sensual, o
desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias,
semanas e até meses... (Relação que o espírito tinha com a matéria)
(...)Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm
podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam
que a afinidade, persiste entre a alma e o corpo, em certos indivíduos,
é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o
horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a
certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com
alguns suicidas
11. Desencarne - formas
Mais
demorado o
desligamento
espiritual
Mais
doloroso o
processo de
desencarne
Vida
mais
material Mais rápido o
processo de
desligamento
espiritual
Menos
doloroso o
processo de
desencarne
Vida
mais
espiritual
12. Livro dos Espíritos
159. Que sensação experimenta a alma no momento em que
reconhece estar no mundo dos Espíritos?
“Depende. Se praticasse o mal, impelido pelo desejo de o praticar, no
primeiro momento te sentirás envergonhado de o haveres praticado.
Com a alma do justo as coisas se passam de modo bem diferente. Ela se
sente como que aliviada de grande peso, pois que não teme nenhum
olhar perscrutador.”
VERGONHA –
se praticou o
mal, desperdiçou
tempo
ALÍVIO – se
praticou o bem e
aproveitou o
tempo
13. Livro dos Espíritos
161. Em caso de morte violenta e acidental, quando os órgãos ainda se não
enfraqueceram em consequência da idade ou das moléstias, a separação da alma
e a cessação da vida ocorrem simultaneamente?
“Geralmente assim é; mas, em todos os casos, muito breve é o instante que
medeia entre uma e outra.”
163. A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o
corpo?
“Imediatamente não é bem o termo. A alma passa algum tempo em estado de
perturbação.”
164. A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é do mesmo
grau e da mesma duração para todos os Espíritos?
“Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado, se
reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que
cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência
ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.”
14. Sequência do desligamento
Morte Física do corpo
Desligamento espiritual
Balanço Existencial
Perturbação
Condução para a Pátria Espiritual
15. Atitude da família
Léon Denis diz:
„No estado de perturbação, a alma tem
consciência dos pensamentos que se lhe
dirigem. Os pensamentos de amor e caridade,
as vibrações dos corações afetuosos brilham
para ela como raios na névoa que a envolve:
ajudam-na a soltar-se dos últimos laços que a
acorrentam à Terra, a sair da sombra em que
está imersa.“
16. Como agir no velório -
sepultamento
Como muitas dos espíritos ainda estão ligados ao corpo físico eles muitas
vezes ouvem as vozes, sentem as energias e vibrações, por isso é
fundamental:
EVITAR
Evitar críticas e piadas no local
Maus pensamentos
Atitudes inadequadas
Oração sincera
Boas vibrações
Respeito aos familiares
Silêncio respeitoso
17. Livro dos Espíritos
199. Por que tão frequentemente a vida se interrompe na infância?
“A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a
animava, o complemento de existência precedentemente interrompida antes do
momento em que devera terminar, e sua morte, também não raro, constitui
provação ou expiação para os pais.”
a) - Que sucede ao Espírito de uma criança que morre pequenina?
“Recomeça outra existência.”
229. Por que, deixando a Terra, não deixam aí os Espíritos todas as más paixões,
uma vez que lhes reconhecem os inconvenientes?
“Vês nesse mundo pessoas excessivamente invejosas. Imaginas que, mal o deixam,
perdem esse defeito? Acompanha os que da Terra partem, sobretudo os que
alimentaram paixões bem acentuadas, uma espécie de atmosfera que os envolve,
conservando-lhes o que têm de mau, por não se achar o Espírito inteiramente
desprendido da matéria. Só por momentos ele entrevê a verdade, que assim lhe
aparece como que para mostrar-lhe o bom caminho.”
18. Livro dos Espíritos
320. Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na
Terra?
“Muito mais do que podeis supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a
felicidade. Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo.”
321. O dia da comemoração dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que
os outros dias? Apraz-lhes ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre
seus túmulos?
“Os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus
pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.”
a) - Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas
sepulturas?
“Nesse dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então também é
maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento. Porém,
cada Espírito vai lá somente pelos seus amigos e não pela multidão dos
indiferentes.”
b) - Sob que forma aí comparecem e como os veríamos, se pudessem tornar-se
visíveis?
“Sob a que tinham quando encarnados.”
19. Livro dos Espíritos
664. Será útil que oremos pelos mortos e pelos Espíritos sofredores? E, neste
caso, como lhes podem as nossas preces proporcionar alívio e abreviar os
sofrimentos? Têm elas o poder de abrandar a justiça de Deus?
“A prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma por
quem se ora experimenta alívio, porque recebe assim um testemunho do
interesse que inspira àquele que por ela pede e também porque o desgraçado
sente sempre um refrigério, quando encontra almas caridosas que se
compadecem de suas dores. Por outro lado, mediante a prece, aquele que ora
concita o desgraçado ao arrependimento e ao desejo de fazer o que é necessário
para ser feliz. Neste sentido é que se lhe pode abreviar a pena, se, por sua parte,
ele secunda a prece com a boa-vontade. O desejo de melhorar-se, despertado
pela prece, atrai para junto do Espírito sofredor Espíritos melhores, que o vão
esclarecer, consolar e dar-lhe esperanças. Jesus orava pelas ovelhas desgarradas,
mostrando-vos, desse modo, que culpados vos tornaríeis, se não fizésseis o mesmo
pelos que mais necessitam das vossas preces.”
22. Livro O Consolador
149 –Logo após a morte, o homem que se desprende do invólucro material pode
sentir a companhia dos entes amados que o precederam no além-túmulo?
-Se a sua existência terrestre foi o apostolado do trabalho e do amor a Deus, a
transição do plano terrestre para a esfera espiritual será sempre suave. Nessas
condições, poderá encontrar imediatamente aqueles que foram, objeto de sua
afeição no mundo, na hipótese de se encontrarem no mesmo nível de evolução.
Uma felicidade doce e uma alegria perene estabelece-se nesses corações amigos e
afetuosos, depois das amarguras da separação e da prolongada ausência.
Entretanto, aqueles que se desprendem da Terra, saturados de obsessões pelas
posses efêmeras do mundo e tocados pela sombra das revoltas incompreensíveis,
não encontram tão depressa os entes queridos que os antecederam na sepultura.
Suas percepções restritas à atmosfera escura dos seus pensamentos e seus valores
negativos impossibilitam-lhes as doces venturas do reencontro.
É por isso que observais, tantas vezes, Espíritos sofredores e perturbados
fornecendo a impressão de criaturas, desamparadas e esquecidas pela esfera da
bondade superior, mas, que, de fato, são desamparados por si mesmos, pela
sua perseverança no mal, na intenção criminosa e na desobediência aos sagrados
desígnios de Deus.
23. Livro O Consolador
151 –O espírito desencarnado pode sofrer com a cremação
dos elementos cadavéricos?
-Na cremação, faz-se mister exercer a piedade com os
cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição
das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre
muitos ecos de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e
o corpo onde se extinguiu o “tônus vital”, nas primeiras horas
sequentes ao desenlace, em vista dos fluídos orgânicos que
ainda solicitam a alma para as sensações da existência
material.
24. Livro O Consolador
146 – É fatal o instante da morte?
-Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são
determinados previamente pelas forças espirituais que orientam a
atividade do homem sobre a Terra.
(...) A educação e a iluminação do íntimo constituem o amor ao santuário
de Deus em nossa alma. Quem as realiza em si, na profundeza da
liberdade interior, pode modificar o determinismo das condições materiais
de sua existência, alcançando-a para a luz e para o bem. Os que eliminam,
contudo, as suas energias próprias, atentam contra a luz divina que palpita
em si mesmos. Daí o complexo de suas dívidas dolorosas.
E existem ainda os suicidios lentos e gradativos, provocados pela
ambição ou pele inércia, pelo abuso ou pela inconsideração, tão perigoso
para a vida da alma, quanto os que se observam, de modo espetacular,
entre as lutas do mundo.
Essa a razão pela qual tantas vezes se batem os instrutores dos
encarnados, pela necessidade permanente de oração e de vigilância, a fim
de que os seus amigos não fracassem nas tentações.
25. Tipos de Desencarnes
COLETIVOS INDIVIDUAIS
Essas ocorrências, chamadas catastróficas, que ocorrem em grupos de
pessoas, em família inteira, em toda uma cidade ou até em uma
nação, não são determinismo de Deus, por ter infringido Suas Leis, o
que tornaria assim, em fatalismo. Não. Na realidade são
determinismos assumidos na espiritualidade, pelos próprios Espíritos,
antes de reencarnar, com o propósito de resgatar velhos débitos e
conquistar uma maior ascensão espiritual. O Espírito André Luiz, no
livro Ação e Reação, afirma esses fatos: “nós mesmos é que criamos o
carma e este gera o determinismo”.
26. Tipos de Desencarnes
No livro Tempo de Transição, do escritor Juvanir Borges de Souza,
tiramos os seguintes ensinamentos referentes a este assunto: “...o
mesmo princípio aplicável a cada indivíduo estende-se às coletividades;
uma família, uma nação ou uma raça formam as individualidades
coletivas; “...entidades coletivas contraem responsabilidades agindo
como individualidades coletivas, respondendo seus por seus atos e pelas
consequências deles; “...as expiações coletivas são os resgates de ações
anteriores praticadas em conjunto pelo grupo envolvido; “...os grupos
se reúnem na Terra para tarefas ou missões comuns, assim com são
reunidos, para purgar faltas cometidas em conjunto, solidariamente,
assim, o inocente de hoje pode estar respondendo por seus atos de
ontem; “...a Providência Divina tem meios e formas para determinar os
reencontros, o reinício das tarefas, os resgates, tanto no plano individual
quanto no coletivo, em processos complexos que nos escapam à
percepção”.
27. Tipos de Desencarnes
Os Espíritos Superiores possuem todo conhecimento prévio desses
fatos supervenientes, tendo em vista as próprias determinações
assumidas pelos Espíritos emaranhados na teia de suas construções
infelizes, aí, providenciam equipes de socorros altamente treinadas
para a assistência a esses Espíritos que darão entrada no plano
espiritual. Mesmo que o desencarne coletivo ocorra identicamente
para todos, a situação dos traumas e do despertar dependerá,
individualmente, da evolução de cada um. Estes fatos, mais uma
vez André Luiz confirma: “se os desastres são os mesmos para
todos, a “morte” é diferente para cada um”.
Assim, a Previdência Divina, com sua pré-ciência, aparelha
circunstâncias de hora, dia e local, para congregar aqueles que
assumiram tais resgates aflitivos, e, por outro lado, os que não vão
fazer parte desse processo coletivo, por um motivo ou outro, não
estarão presentes.
28. Exemplos de desencarnes
O céu e o Inferno, Allan Kardec: Segunda
parte, exemplos: Espíritos felizes,
Espíritos em condições medianas,
Espíritos sofredores, suicidas, criminosos
e arrependidos, Espíritos endurecidos,
Expiações terrestres.
Morri e agora, Vera Luicia Marinzecki,
pelo Espírito Antônio Carlos.
Obreiros da Vida Eterna, André Luiz por
Chico Xavier, Caso Dimas. Cap 11.
29. ANTE O ALÉM
A vida não termina onde a morte aparece.
Não transformes saudade em fel nos que se foram.
Eles seguem contigo, conquanto de outra forma.
Dá-lhes amor e paz, por muito que padeças.
Eles também te esperam procurando amparar-te.
Todos estamos juntos, na presença de Deus.
EMMANUEL
Psicografia de Chico Xavier
32. Livro dos Espíritos
156. A separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer antes da
cessação completa da vida orgânica?
“Na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há
que a vida orgânica. O homem já não tem consciência de si mesmo;
entretanto, ainda lhe resta um sopro de vida orgânica. O corpo é a máquina
que o coração põe em movimento. Existe, enquanto o coração faz circular
nas veias o sangue, para o que não necessita da alma.”
157. No momento da morte, a alma sente, alguma vez, qualquer aspiração
ou êxtase que lhe faça entrever o mundo onde vai de novo entrar?
“Muitas vezes a alma sente que se desfazem os laços que a prendem ao
corpo. Entrega então todos os esforços para desfazê-los inteiramente. Já em
parte desprendida da matéria, vê o futuro desdobrar-se diante de si e goza,
por antecipação, do estado de Espírito.”
33. Livro dos Espíritos
161. Em caso de morte violenta e acidental, quando os órgãos ainda se não
enfraqueceram em consequência da idade ou das moléstias, a separação da alma
e a cessação da vida ocorrem simultaneamente?
“Geralmente assim é; mas, em todos os casos, muito breve é o instante que
medeia entre uma e outra.”
162. Após a decapitação, por exemplo, conserva o homem por alguns instantes a
consciência de si mesmo?
“Não raro a conserva durante alguns minutos, até que a vida orgânica se tenha
extinguido completamente. Mas, também, quase sempre a apreensão da morte
lhe faz perder aquela consciência antes do momento do suplício.”
Trata-se aqui da consciência que o supliciado pode ter de si mesmo, como homem
e por intermédio dos órgãos, e não como Espírito. Se não perdeu essa consciência
antes do suplício, pode conservá-la por alguns breves instantes. Ela, porém, cessa
necessariamente com a vida orgânica do cérebro, o que não quer dizer que o
perispírito esteja inteiramente separado do corpo. Ao contrário: em todos os casos
de morte violenta, quando a morte não resulta da extinção gradual das forças
vitais, mais tenazes são os laços que prendem o corpo ao perispírito e, portanto,
mais lento o desprendimento completo.
34. Livro dos Espíritos
165. O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?
“Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a
consciência pura são o que maior influência exercem.”
Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se
acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre a sua situação. A
lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e
à medida que se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.
Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses
e até de muitos anos. Aqueles que, desde quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o estado futuro que os aguardava, são
os em quem menos longa ela é, porque esses compreendem imediatamente a posição em que se encontram.
Aquela perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres dos indivíduos e, principalmente, com o gênero
de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreendido,
espantado e não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que
esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por
que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se
reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido
de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como
sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a
ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de
estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder
palpá-lo. Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir. É que têm sono por
sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos
Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente. Todavia, sempre mais
generalizada se apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer. Observa-se então o singular espetáculo de um
Espírito assistir ao seu próprio enterramento como se fora o de um estranho, falando desse ato como de coisa que lhe não diz
respeito, até ao momento em que compreende a verdade.
A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se conserva calmo, semelhante em tudo a
quem acompanha as fases de um tranquilo despertar. Para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é cheia de
ansiedade e de angústias, que aumentam à proporção que ele da sua situação se compenetra.
Nos casos de morte coletiva, tem sido observado que todos os que perecem ao mesmo tempo nem sempre tornam a ver-se logo.
Presas da perturbação que se segue à morte, cada um vai para seu lado, ou só se preocupa com os que lhe interessam.
35. Livro dos Espíritos
197. Poderá ser tão adiantado quanto o de um adulto o Espírito de uma criança
que morreu em tenra idade?
“Algumas vezes o é muito mais, porquanto pode dar-se que muito mais já tenha
vivido e adquirido maior soma de experiência, sobretudo se progrediu.”
a) - Pode então o Espírito de uma criança ser mais adiantado que o de seu pai?
“Isso é muito freqüente. Não o vedes vós mesmos tão amiudadas vezes na Terra?”
199. Por que tão freqüentemente a vida se interrompe na infância?
“A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a
animava, o complemento de existência precedentemente interrompida antes do
momento em que devera terminar, e sua morte, também não raro, constitui
provação ou expiação para os pais.”
a) - Que sucede ao Espírito de uma criança que morre pequenina?
“Recomeça outra existência.”
36. Livro dos Espíritos
229. Por que, deixando a Terra, não deixam aí os Espíritos todas as más paixões,
uma vez que lhes reconhecem os inconvenientes?
“Vês nesse mundo pessoas excessivamente invejosas. Imaginas que, mal o deixam,
perdem esse defeito? Acompanha os que da Terra partem, sobretudo os que
alimentaram paixões bem acentuadas, uma espécie de atmosfera que os envolve,
conservando-lhes o que têm de mau, por não se achar o Espírito inteiramente
desprendido da matéria. Só por momentos ele entrevê a verdade, que assim lhe
aparece como que para mostrar-lhe o bom caminho.”
312. E a lembrança dos sofrimentos por que passaram na última existência
corporal, os Espíritos a conservam?
“Freqüentemente assim acontece e essa lembrança lhes faz compreender melhor o
valor da felicidade de que podem gozar como Espíritos.”
37. Livro dos Espíritos
326. Comovem a alma que volta à vida espiritual as honras que lhe prestem aos
despojos mortais?
“Quando já ascendeu a certo grau de perfeição, o Espírito se acha escoimado de
vaidades terrenas e compreende a futilidade de todas essas coisas. Porém, ficai
sabendo, há Espíritos que, nos primeiros momentos que se seguem à sua morte
material, experimentam grande prazer com as honras que lhes tributam, ou se
aborrecem com o pouco caso que façam de seus envoltórios corporais. É que ainda
conservam alguns dos preconceitos desse mundo.”
508. Os Espíritos que se achavam em boas condições ao deixarem a Terra, sempre
podem proteger os que lhes são caros e que lhes sobrevivem?
“Mais ou menos restrito é o poder de que desfrutam. A situação em que se
encontram nem sempre lhes permite inteira liberdade de ação.”
38. Livro dos Espíritos
457. Podem os Espíritos conhecer os nossos mais secretos pensamentos?
“Muitas vezes chegam a conhecer o que desejaríeis ocultar de vós mesmos. Nem
atos, nem pensamentos se lhes podem dissimular.”
a) - Assim, mais fácil nos seria ocultar de uma pessoa viva qualquer coisa, do que
a esconder dessa mesma pessoa depois de morta?
“Certamente. Quando vos julgais muito ocultos, é comum terdes ao vosso lado
uma multidão de Espíritos que vos observam.”
39. Livro dos Espíritos
665. Que se deve pensar da opinião dos que rejeitam a prece em favor dos
mortos, por não se achar prescrita no Evangelho?
“Aos homens disse o Cristo: Amai-vos uns aos outros. Esta recomendação contém a
de empregar o homem todos os meios possíveis para testemunhar aos outros
homens afeição, sem haver entrado em minúcias quanto à maneira de atingir ele
esse fim. Se é certo que nada pode fazer que o Criador, imagem da justiça perfeita,
deixe de aplicá-la a todas as ações do Espírito, não menos certo
40. Livro dos Espíritos
730. Uma vez que a morte nos faz passar a uma vida melhor, nos livra dos males
desta, sendo, pois, mais de desejar do que de temer, por que lhe tem o homem,
instintivamente, tal horror, que ela lhe é sempre motivo de apreensão?
“Já dissemos que o homem deve procurar prolongar a vida, para cumprir a sua
tarefa. Tal o motivo por que Deus lhe deu o instinto de conservação, instinto que o
sustenta nas provas. A não ser assim, ele muito freqüentemente se entregaria ao
desânimo. A voz íntima, que o induz a repelir a morte, lhe diz que ainda pode
realizar alguma coisa pelo seu progresso. A ameaça de um perigo constitui aviso,
para que se aproveite da dilação que Deus lhe concede. Mas, ingrato, o homem
rende graças mais vezes à sua estrela do que ao seu Criador.”
41. Livro dos Espíritos
859. Com todos os acidentes, que nos sobrevêm no curso da vida, se dá o mesmo
que com a morte, que não pode ser evitada, quando tem que ocorrer?
“São de ordinário coisas muito insignificantes, de sorte que vos podeis prevenir
deles e fazer que os eviteis algumas vezes, dirigindo o vosso pensamento, pois nos
desagradam os sofrimentos materiais. Isso, porém, nenhuma importância tem na
vida que escolhestes. A fatalidade, verdadeiramente, só existe quanto ao momento
em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo.”
a) - Haverá fatos que forçosamente devam dar-se e que os Espíritos não possam
conjurar, embora o queiram?
“Há, mas que tu viste e pressentiste quando, no estado de Espírito, fizeste a tua
escolha. Não creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como
costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a conseqüência de um ato
que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte que, se não o houvesses
praticado, o acontecimento não seria dado. Imagina que queimas o dedo. Isso
nada mais é senão resultado da tua imprudência e efeito da matéria. Só as grandes
dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral, Deus os prevê, porque
são úteis à tua depuração e à tua instrução.”
42. Livro dos Espíritos
941. Para muitas pessoas, o temor da morte é uma causa de perplexidade, Donde lhes vêm
esse temor, tendo elas diante de si o futuro?
“Falece-lhes fundamento para semelhante temor. Mas, que queres! Se procuram persuadi-
las, quando crianças, de que há um inferno e um paraíso e que mais certo é irem para o
inferno, visto que também lhes disseram que o que está na Natureza constitui pecado
mortal para a alma! Sucede então que, tornadas adultas, essas pessoas, se algum juízo têm,
não podem admitir tal coisa e se fazem atéias, ou materialistas. São assim levadas a crer
que, além da vida presente, nada mais há. Quanto aos que persistiram nas suas crenças da
infância, esses temem aquele fogo eterno que os queimará sem os consumir.
“Ao justo, nenhum temor inspira a morte, porque, com a fé, tem ele a certeza do futuro. A
esperança fá-lo contar com uma vida melhor; e a caridade, a cuja lei obedece, lhe dá a
segurança de que, no mundo para onde terá de ir, nenhum ser encontrará cujo olhar lhe
seja de temer.” (730)
O homem carnal, mais preso à vida corpórea do que à vida espiritual tem, na Terra, penas e
gozos materiais. Sua felicidade consiste na satisfação fugaz de todos os seus desejos. Sua
alma, constantemente preocupada e angustiada pelas vicissitudes da vida, se conserva
numa ansiedade e numa tortura perpétuas. A morte o assusta, porque ele duvida do futuro
e porque tem de deixar no mundo todas as suas afeições e esperanças.
O homem moral, que se colocou acima das necessidades factícias criadas pelas paixões, já
neste mundo experimenta gozos que o homem material desconhece. A moderação de seus
desejos lhe dá ao Espírito calma e serenidade. Ditoso pelo bem que faz, não há para ele
decepções e as contrariedades lhe deslizam por sobre a alma, sem nenhuma impressão
dolorosa deixarem.
43. Livro dos Espíritos
159. Que sensação experimenta a alma no momento em que
reconhece estar no mundo dos Espíritos?
“Depende. Se praticasse o mal, impelido pelo desejo de o praticar, no
primeiro momento te sentirás envergonhado de o haveres praticado.
Com a alma do justo as coisas se passam de modo bem diferente. Ela se
sente como que aliviada de grande peso, pois que não teme nenhum
olhar perscrutador.”
160. O Espírito se encontra imediatamente com os que conheceu na
Terra e que morreram antes dele?
“Sim, conforme à afeição que lhes votava e a que eles lhe consagravam.
Muitas vezes aqueles seus conhecidos o vêm receber à entrada do
mundo dos Espíritos e o ajudam a desligar-se das faixas da matéria.
Encontra-se também com muitos dos que conheceu e perdeu de vista
durante a sua vida terrena. Vê os que estão na erraticidade, como vê os
encarnados e os vai visitar.”
44. O que fazer diante da perda, pela morte, de alguém querido?
A mais pungente dor moral, pertinaz e profunda, é a que decorre da
separação imposta pela morte física.
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Não te rebeles ante as conjunturas da morte, que te separou,
momentaneamente, do ser a quem amas.
Não será definitiva tal circunstância.
Tem paciência e espera, preparando-te para o reencontro que logo mais se
dará.
Os teus afetos te aguardam, esperançosos. Não os decepciones com a
revolta ou com o desespero injustificado.
Eles vivem como também viverás.
Anteciparam-te na viagem, mas não se apartaram, realmente, de ti.
Não os vês, como estão ao teu lado...
Se os amas, estão contigo, se os detestas, vinculam-se a ti.
Não os fixes às memórias inditosas, aos impositivos da paixão, às condições
da tua dor.
Luariza a saudade, mediante a certeza de reencontrá-los.
Joanna de Ângelis , Divaldo Pereira Franco
45. Eles vivem
Ante os que partiram, precedendo-te na Grande Mudança, não permitas que o desespero te
ensombre o coração.
Eles não morreram.
Estão vivos.
Compartilham-te as aflições, quando te lastimas sem consolo. Inquietam-se com sua rendição aos
desafios da angústia quando te afastas da confiança em Deus.
Eles sabem igualmente quanto dói a separação.
Conhecem o pranto da despedida e te recordam as mãos trementes no adeus, conservando na
acústica do espírito as palavras que pronunciaste, quando não mais conseguiram responder as
interpelações que articulaste no auge da amargura. Não admitas estejam eles indiferentes ao teu
caminho ou à tua dor.
Eles percebem quanto te custa a readaptação ao mundo e à existência terrestre sem eles e quase
sempre se transformam em cirineus de ternura incessante, amparando-te o trabalho de renovação
ou enxugando-te as lágrimas quando tateais a lousa ou lhes enfeitas a memória perguntando
porque.
Pensa neles com a saudade convertida em oração.
As tua preces de amor representam acordes de esperança e devotamento, despertando-os para
visões mais altas na vida. Quando puderes, realiza por eles as tarefas em que estimariam prosseguir
e tê-los-ás contigo por infatigáveis zeladores de teus dias.
Se muitos deles são teu refúgio e inspiração nas atividades a que te prendes no mundo, para muitos
outros deles és o apoio e o incentivo para a elevação que se lhes faz necessária.
Quando te disponhas a buscar os entes queridos domiciliados no Mais Além, não te detenhas na
terra que lhes resguarda as últimas relíquias da experiência no plano material...
Contempla os céus em que mundos inumeráveis nos falam da união sem adeus e ouvirás a voz
deles no próprio coração, a dizer-te que não caminharam na direção da noite, mas sim ao encontro
de Novo Despertar.