Este documento discute como as experiências estéticas moldam o indivíduo e influenciam suas escolhas. Ele explora como a exposição a diferentes cenários durante a vida de uma pessoa afeta seu desenvolvimento e perspectiva do mundo. Também levanta questões sobre como dispositivos eletrônicos podem limitar experiências estéticas valiosas.
Experiências estéticas e a necessidade da exposição
1. FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DA REGIÃO DE JOINVILLE - FURJ
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO ESTÉTICA E PEDAGOGIA DA ESCOLHA
SILVA, YASMIN
RESUMO
O presente trabalho propõe-se a apresentar e refletir sobre a experiência estética envolvida durante
a leitura do capítulo “Educação Estética e Pedagogia da Escolha”, vinculado a disciplina de
Sensibilidade na Ação Pedagógica. A experiência decorre de uma aula presencial em que a turma
iniciou o debate acerca do capítulo, promovendo perspectivas, incertezas e desafios no que tange
às experiências estéticas. O capítulo reúne autores que dialogam sobre essas experiências, entre a
sensibilidade e a estética, levando-nos a pensar além. Convidando a refletir sobre as experiências
imprevisíveis, memórias e sentidos que só podem ser atribuídos quando o sujeito estiver exposto.
O texto também traz apontamentos sobre o sujeito que não é exposto e as questões que envolvem
esse entrave.
PALAVRAS-CHAVE: Experiência; Estética; Sensibilidade; Exposto.
INTRODUÇÃO
Compreende-se que a experiência estética deve ser envolvida pela exposição a um
determinado cenário que promova um sentido, podendo ser tristeza, alegria, entusiasmo, aflição,
entre outros. Para exemplificar, quando o sujeito prova um determinado alimento e essa
degustação evoca uma memória afetiva da infância, relacionada a um alimento que sua avó
preparava, isso configura uma experiência estética. Mesmo que o sujeito compartilhe essa
experiência ao comunicá-la a outro individuo, ela só se torna uma experiência estética quando o
outro for exposto a experiência, atribuindo-lhe seu próprio sentido. Para tratar sobre esse tema os
autores Jorge Larrosa apud Almeida e Araújo (2023) “o que nos passa, o que nos acontece, o que
nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se passam muitas
coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece”.
O sentido que o sujeito atribui às suas experiências é o que o define. Essa é a ideia
apresentada pelo texto, que nossas escolhas estão diretamente ligadas às experiências estéticas.
Ao lermos o texto, podemos refletir que o gosto musical está relacionado com as músicas que
tocavam em casa, que os livros selecionados para leitura são resultados de interesses e
curiosidades que surgiram ainda na escola, e a escolha pela profissão iniciou anos atrás, durante
as brincadeiras. Claro, essas experiências serão distintas entre cada sujeito, mas o texto aponta
que são elas que promovem a visão de mundo em cada indivíduo.
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As experiências afetam o sujeito de maneira inconsciente, uma vez que não é possível
prever a reação diante do imprevisível. Se tal previsão fosse possível, os sujeitos escolheriam
apenas as experiências que provocam sensações positivas. Entretanto, o texto aborda questões
ligadas a história da humanidade para contribuir com essa reflexão. Se todas as experiências
vivenciadas fossem positivas, não ocorreriam os desafios que levam o sujeito a pensar de forma
diferente, a explorar novas perspectivas sobre o mundo e a estimular a criatividade. A experiência
estética e sensível está intrinsicamente ligada à educação, justamente por proporcionar o
imprevisível, o questionamento, a transformação e as diferentes formas de pensar, compreender
e encarar o que é exposto.
DESENVOLVIMENTO
O texto nos propõe que cada experiência estética atribui um sentido único. Cada sujeito
desenvolve sua identidade, preferências, estilo e sotaque próprios. Essa identidade é transformada
pelas suas experiências vivenciadas, pelas amizades cultivadas, pelos lugares frequentados, pelas
comidas experimentadas, pelas músicas ouvidas, pelos amores vividos e pelas adversidades
enfrentadas. É provável que seja por isso que a necessidade de nos mantermos expostos às
incertezas do presente, a fim de nos permitir desfrutar de um futuro repleto de surpresas.
Nesse contexto, o capítulo “Educação Estética e Pedagogia da Escolha” também nos
instiga a refletir sobre o que ocorre quando o sujeito não é exposto as experiências. Em meio à
inúmeros estímulos, informações e mídias; o texto nos estimula a pensar exatamente sobre isto:
como podemos estar expostos a experiências estéticas se estamos confinados em nossos
dispositivos móveis? Como os educadores podem proporcionar vivências enriquecedoras aos
alunos quando eles próprios estão sobrecarregados de trabalho? Ao aprofundar tais questões, os
autores Almeida e Araújo pontuam sobre o uso de celular como anulação da subjetividade.
Os telefones inteligentes seriam dispositivos de anulação da possibilidade de
uma nova subjetividade; o sujeito dessubjetivado não passaria de um número,
um algoritmo que pode ser controlado ou enganado, a depender das redes sociais
pelas quais circula. (ALMEIDA; ARAÚJO, 2023, p.85).
Assim, os celulares podem atrapalhar a subjetividade necessária para as experiências
estéticas. Essa sobrecarga de informações e inovações exige eficiência, colocando pressão sobre
os sistemas de educacionais para se ajustarem às demandas do capitalismo contemporâneo.
Assim, o texto alerta sobre o ensino passivo, no qual os educandos não têm pouco espaço para
reflexão e para a vivência de experiências estéticas. Nesse sentido, os autores Almeida e Araújo
(2023) discorre sobre esse excesso como entrave à experiência: “o excesso de trabalho, o excesso
de estímulos, a "violência neuronal" são aspectos de uma "sociedade do cansaço", que anestesia
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a sensibilidade. O termo anestesia significa justamente a negação da estesia, das sensações, da
experiência estética.”
Diante desse cenário, as experiências estéticas afastam-se cada vez mais da vida das
pessoas. O constante fluxo de informações e estímulos exerce pressão incessante sobre a
capacidade do sujeito observar singularidades na experiência. Portanto, é necessário encontrar um
equilibro para continuar vivenciando as imprevisibilidades do dia a dia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A disciplina “Sensibilidades na Ação Pedagógica” criou um espaço propício para discutir
experiências estéticas, o que permitiu formular algumas considerações com base no capítulo
estudado. O capítulo apresenta que a experiência estética envolve a ideia de sujeito exposto, que
pode ser conduzido por diversos cenários. Nesse sentido, o texto considera a experiência como
algo imprevisível, que não pode ser padronizado ou produzido. É algo inato; sendo humano, o
sujeito está exposto a experiências que moldam sua história, memórias, futuro, histórias alheias e
visão de mundo.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rogério; ARAUJO, Alberto Filipe. Educação estética e pedagogia da escolha. In:
PILLOTTO, Silvia Sell Duarte; STRAPAZZON, Mirtes Antunes Locateli. Educação estética: a
pesquisa/experiência nos territórios das sensibilidades. Volume 1. Joinville, SC. Ed. Univille,
2023. (p. 81-102).