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MINISTERIO PUBLIC() FEDERAL
PROCURADORIA DA REPUBLICA NO ESTADO DE SAO PAULO
Procuradoria Regional dos Direitos do ,Cidadão
Rua Frei Ceneca, 1360 - Consolano — Sao Paulo — SP — CEP 01307-002 - Fone: (11)3269-5000
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DA
SECAO JUDICIARIA EM SAO PAULO (SP).
JFSP - FORUM C EL
SETOR DE PROTOCOLO INICIRE
6/02/2012 1 :1 h
1111111E.11111111100
"Urn novo mandamento vos dou: que
vos amei uns aos outros; assim como
eu vos carrel a vos, .que tambem vos
vos ameis uns aos outros."
(Joao 13:34)
Inquirito Civil n° 1.34.001.006152/2011-33 -- Ref. "CIDADANIA. Preconceito
contra homossexuais. Program; da TV aberta. Pastor Silas Malafria."
0 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, pelo Procurador da
RepUblica infra assinado, comparece perante Vossa Exceléncia para, corn fundamento
no art. 129, III, da Constituiedo Federal de 1988, art. 6°, VII, a e d, da Lei
Complementar n° 75/93, e art. 1°, IV, da Lei n° 7.347/85, propor a presente
ACAO CIVIL PUBLICA
com pedido de lirninar
em face de •
MINISTERIO PCIBLICO FEDERAL
Procuradoria da Republica no Estado de São Paulo
Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadâo
SILAS LIMA MALAFAIA, brasileiro, casado, pastor
evangelic°, corn endereco na Associacdo VitOria em Cristo, Estrada do Guerengué n°
1851 — Taquara, Rio de Janeiro/RJ;
RADIO E TELEVISAO BANDEIRANTES LTDA., corn sede
na Rua Radiantes n° 13, Morumbi, Sao Paulo/SP, CEP: 05699-900, na pessoa de seu
representante legal; e
UNIAO, pessoa juridica de direito publico intern°, corn sede na
Rua da Consolacào n.° 1875, 5.° andar, Cerqueira Cesar, Sao Paulo (SP), CEP 01.301-
100, na pessoa de seu representante legal,
pelas seguintes razeies faticas e juridicas:
I - DO OBJETO DA PRESENTE ACAO
0 objeto da presente acäo consiste em obter provimento
jurisdicional, que imponha: a) obrigacão de ilk) fazer a Silas Lima Malafaia e
Radio e Televisao Bandeirantes Ltda. no sentido de ndo proferirem e nä° exibirem,
respectivamente, comentarios homoffibicos ou que incitem violência ou desrespeito
contra homossexuais; b) obrigacão de fazer a Silas Lima Malafaia e Radio e
Televisäo Bandeirantes Ltda. para que exibam durante a veiculacdo do Programa
"VitOria em Cristo" mensagem de retratacao dos comentarios homoffibicos proferidos,
corn duracão de, no minimo, o dobro do tempo utilizado para exibicao de referidos
comentarios e c) obrigaeão de fazer a Uniao, por meio da Secretaria de Comunicacdo
EletrOnica do Ministerio das Comunicacties, para que proceda a fiscalizacdo da
referida exibicäb.
II - DOS FUNDAMENTOS DE FATO
A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadao instaurou ern 25
de outubro de 2011 o Procedimento Administrativo n° 1.34.001.006152/2011-33, corn
o objetivo de apurar a ocorréncia de manifestacão de preconceito e incitacão de
violência contra homossexuais em program_ a de TV aberta, proferida pelo Mu, o pastor
Silas Lima Malafaia, no dia 02 de julho de 2011', corn duracão de 16min23-seg (fl. 19).
A instauracdo se deu a partir de reclamacäo encaminhada pelo
Presidente da Associacão Brasileira de Ldsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transsexuais — ABGLT (fls. 04/06). Posteriormente, outras entidades tambern
apresentaram reclamacties a respeito do caso (fls. 40/41, 55/58, 107/109 e Apenso I).
Data mencionada em: http://resistenciacristaj.blogspot.com/2011/11/pr-silas-responde-aos-gays-
desesperados.html . Acesso em: 14/02/2012.
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Houve juntada de correspondencias de apoio ao referido reu e
apresentando link para o video completo do supracitado programa (fls.. 12/32, 39/41 e
81/85).
0 Ministério Pablico Federal expediu officio ao Mu requisitando
informacOes (fls. 35).
Em resposta, o Mu afirmou que sua manifestacão tratou-se apenas
de "critica severa a determinadas atitudes de determinadas pessoas desse segmento
social, acrescida tambêm de rellexab e critica sobre a auséncia de posicionamento
adequado por parte das pessoas atingidas". Ainda, argumentou que a manifestacao
combatida era apenas parte de uma frase retirada de seu contexto. Por fim, defendeu
que as expressiies "baixar o porrete" ou "meter o pau" significam: "formular criticas,
tomar providéncias legais". (fls. 60/64 e 67/68).
Os videos mencionados nos Autos do Procedimento
Administrativo foram extraidos da internet e gravados em midia prOpria (fls. 51/52).
No video em que consta sua declaracao completa no Programa
"VitOria em Cristo", aos 08 minutos e 10 segundos, o Mu Silas Lima Malafaia diz:
"Os caras na Parada Gay ridicularizaram simbolos da Igreja
CatOlica e ninguèm fala nada. E pra Igreja CatOlica 'entrar de
pau' em cima desses caras, sabe? 'Baixar o porrete' em cima pra
esses caras aprender (sic). E uma vergonha".
As girias "entrar de pau" e "baixar o porrete" tern claro conteado
homoffibico, por incitar a violencia em relacao aos homossexuais, desrespeitando seus
direitos fundamentais baseados na dignidade da pessoa humana. Mais do que expressar
uma opinido, as palavras do Mu em programa veiculado em rede nacional configuram
um discurso de odio, nao condizente cem as funcOes constitucionais da Comunicacao
Social.
No site "Verdade	 indicado pelo Mu Silas Malafaia em
sua defesa, este conclama seus fieis a enviarem e-mail ao. Procurador da Republica
signatario e ao Ministro da Educacao, incluindo o endereco de e-mail de ambos. No
video-resposta, presente no mesmo sitio, tambem ha o pedido do Mu para que envie e-
mail a Procuradora Federal dos Direitos do. Cidadao. Em razao disso, centenas, de e-
mails e correspondencias foram recebidos, corn o texto sugerido pelo referido reu, o
que demonstra sua influencia sobre seus espectadores.
= , Disponivel em: http://www.verdadegospel.com/pr-malafaia-responde-ao-movimento-gay-que-quer-tirar-seu-
programa-de-tv-do-ar/. Acesso em 08/02/2012.
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Da mesma forma que seus seguidores atenderam prontamente o.
seu apelo para o envio de tais e-mails, o que podera acontecer se eles decidirem,
literalmente, "entrar de pau" ou "baixar o porrete" em homossexuais?
Assim, diante dos fatos e da negligéncia da Radio e Televisdo
Bandeirantes Ltda. e da omissdo da Unido em evitar a divulgaedo de contend°
homolObico em rede nacional, näo existe outra alternativa send() socorrer-se ao Poder
Judiciario a fim de impedir que tais comentarios voltem a ocorrer e, ainda, alcancar a
retrataedo e a devida proteeab legal aos cidadaos lesados, para que tenham seus direitos
fundamentais efetivamente garantidos.
III — DA LEGITIMIDADE DO MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
Na dice-do do art. 127 da Carta Magna, o Ministêrio
constitui instituiedo permanente, imprescindivel a funedo jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem juridica.
Entre suas funeOes institucionais; inserem-se aquelas arroladas nos
incisos II e III do art. 129 do Texto Constitucional:
"Art. 129 - Siio funcOes institucionais do Ministerio Pthblico:
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pthblicos e dos servicos
de relevcincia pthblica aos direitos •assegurados na Constitui0o,
promovendo as medidas necessärias a sua garantia;
III - Promover o inquerito civil e acao civil pthblica para a
proteedo do patrimemio pziblico e social, do meio ambiente e de
outros interesses clifusos e coletivos."
Tambérn o Estatuto do Ministério Pablico da Unido diz
especificamente ser funedo institucional do Orgao promover a defesa da ordem
juridica, do regime democratic°, dos interesses sociais e dos interesses individuais
indisponiveis, a proteeäo dos direitos constitucionais, bem como a observdncia dos
principios constitucionais relativos a comunicaedo social e ao respeito dos meios de
comunicaedo social aos direitos e garantias constitucionais (arts. 5°, I, II, d, III e IV, e;
e 6°, VII, a e d da Lei Complementar n° 75/93).
A atuacdo do Ministerio Publico para compelir os réus a se
abseterem de pronunciar e veicular comentarios homofObicos a iniciativa amparada nos
principios constitucionais da cidadania e dignidade da pessoa humana (art. 1°, incisos I
e III); no objetivo constitucional fundamental de construe -do de uma sociedade livre,
justa e solidaria (art. 3°, inciso I); no priniado do principio da igualdade (art. 5°, caput e
inciso I) e na maxima eficacia dos direitos fundamentais (art. 5°, §2°).
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Ademais, os interesses defendidos na presente acao referem-se aos
principios que regem a comunicacab social no Brasil, que sac, estabelecidos pela
Constituicao Federal e encontram-se intrinsecamente ligados a cidadania.
.	 .
Desse conjunto normativo extrai-se nitidamente a lewtirruclade do
Ministório PUblico Federal para a propositura da presente acao civil ptitblica.
IV — DOS FUNDAMENTOS DE DIREITO
A Constituicao Federal, norma suprema do ordenamento juridico,
estabelece que o Estado Democratic° brasileiro tern como fundament a dignidade da
pessoa humana, nos termos de seu art. 1°, inciso III.
Para Ingo Sarlet3,
"dignidade da pessoa humana é a qualidade intrinseca e
distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo
respeito e consideracab por parte do Estado e da comunidade,
irnplicando, neste sentido, em complexo de direitos e deveres
fundamentals que assegurem a pessoa tanto contra todo e
qualquer ato de cunho degradante e tumano, como venham a
the garantir as condicOes existenciais minimas para urea vida
saudavel, alem de propiciar e promover sua participactio ativa e
corresponscivel nos destinos da prOpria existeneia e da vida em
comunhao com os demais seres humanos."
Tendo a dignidade como base, prevé em seus artigos 3°, inciso IV
é 5°, caput, o direito fundamental a igualdade:
"Art. 3° - Constituem objetivos fundamentals da Reptiblica
Federativa do Brasil:
IV — promover o bem de todos, sem preconceitos de origenz, raga,
sexo, cor, glade e quaisquer outras formas de discriminactio."
"Art 5° - Todos sao iguais perante a lei, sem distingdo de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade do direito a
vida, a liberdade, a igualdade, a seguranca e a propriedade,
1-1"
Ao prever b direito fundamental a igualdade, a Constituicao veda
qualquer tipo de discriminacao, seja qual for o motivo, inclusive prevendo punicao
Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentals na Constituietio Federal de /988. Apud DIAS, Maria
Berenice. Unitio Homoafetiva: 0 preconceito & a justice. Sao Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.
102/103.
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legal contra qualquer discriminacao atentatOria dos direitos e liberdades fundamentais
(art. 5°, XLI).
Ressalte-se que a enumeracao dos sujeitos protegidos pelo inciso
IV do art. 3° da Constituicao e exemplificativa, como bem disserta Roger Raupp
"Os ordenamentos juridicos adotam tecnicas diversas no
desenvolvimento do direito da antidiscriminactio. [...] Um sem
mimero de questdes se coloca na aplicactio de tais criterios de
proibicdo, sem depender do grupo a que pertence cada
ordenamento juridic°. 0 direito brasileiro demonstra esta
realidade. A primeira delas, e que toma a atencdo de imediato,
diz respeito a enumeracdo exemplificativa contida no artigo 3°,
inciso IV, da Constituictio de 1988, que possibilita a inclusdo de
novos criterios proibidos de discriminactio."
Roger Raupp Rios completa que o term° "sexo" do inciso IV
abrange também orientacdo sexual: "[...] a discriminacdo por motivo de sexo protege
todas as orientacdes sexuais".5
A protecao contra a discriminacao de qualquer especie tamb6m
esta presente na Declaracao Universal dos Direitos Humanos:
"Alem dos argumentos de ordem constitutional, ntio se pode
olvidar que o Brasil e signatario da Declaracdo Universal dos
Direitos Humanos, que assegura: todos os homens nascem livres
e iguais em dignidade e direitos, proibindo discriminactio de
qualquer especie. A vedacdo a discriminactio em rani° de
orientacdo sexual impede que o preconceito e a intolerdncia
prevalecam sobre o direito fundamental a igualdade substantial,
que serve de eincora para um convivio social democratic°,
respeitada a dignidade de cada hotnem."6
0 rau Silas Lima Malafaia, em programa veiculado pela Radio e
Televisao Bandeirantes Ltda., utiliza as girias "entrar de pau" e "baixar o porrete" em
relacao a alguns homossexuais, indeterminados, que participaram da Parada Gay em
Sao Paulo, por nao concordar corn uma manifestacao destes relacionada a simbolos
religiosos da Igreja CatOlica.
Sua manifestacao tern claro contendo homoffibico, por incitar a
violéncia em relacao aos homossexuais, desrespeitando seus direitos fundamentals
Direito da Antidiscriminacao, Sexo, Sexualidade e Gênero: a Compreensão da Proibicao Constitucional de
Discriminacão por Motivo de Sexo. In SARMENTO, Daniel; IKAWA, Daniela e PIOVESAN, Flavia
(coord.). Igualdade, Diferenca e Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 698.
5 Idem, ibidem, p. 705.
DIAS, Maria Berenice. Uniao Homoafetiva: 0 preconceito & a justica. Sao Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2009, p. 150.	 •
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baseados na dignidade da pessoa humana. Mais do que expressar uma opinião, as
palavras do rau configuram urn discurso de Odio, nä° condizente corn as funas
constitucionais da Comunicacdo Social, previstas nos artigos 220 e 221 da
Constituicdo Federal:
"Art. 220 -
§ 3°— Compete a lei federal:
II - estabelecer os meios legais que garantam a pessoa e a familia
a possibilidade de se defenderem de programas ou programacties
de radio e televitho que contrariem o disposto no art. 221, bem
como da propaganda de produtos, praticas e servicos que possam
ser nocivos a saade e ao meio ambiente."
Mao obstante a garantia constitucional de	 liberdade de
comunicacão social, prevista no art. 220 da Constituicâo Federal, dispiie o art. 221 do
mesmo diploma que toda a producdo e programa de radio e televisao deve se submeter
a preservacão dos valores eticos e sociais da pessoa:
"Art. 221. A producao e a programacab das ernissoras de radio e
televistio atendertio aos seguintes principios:
IV - respeito aos valores eticos e sociais da pessoa e da familia."
(destaque nosso)."
A emissora re é uma concessiondria do servico pUblico federal de
radiofusao de sons e imagens, devendo, portanto, pautar-se pelos principios
norteadores expressos no art. 37 da Carta Magna, compatibilizando a comunicacào
social corn os demais preceitos constitucionais como, nesse caso, o direito a honra e
ndo discriminacdo.
Ainda que haja a liberdade de culto e a liberdade de expressdo,
tambern previstas na Constituicdo Federal, a manifestacdo do pensamento ndo pode ser
utilizada como justificativa para ofensa de direitos fundamentais alheios. E isso que
dispeie a Convencdo Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa
Rica), ratificada pelo Brasil em 25 de setembro de 1992:
"Art 12 — Liberdade de Consciencia e de Religido:
3. A liberdade de manifestar a prOpria	 e as preprias
crencas esta sujeita unicamente as limitacOes prescritas pela lei
e que sejam necessarias para proteger a seguranca, a ordem, a
saade ou a moral pablicas ou os direitos ou liberdades das
demais pessoas.
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Art. 13 - Liberdade de Pensamento e de Expressao:
I. Toda pessoa tern o direito a liberdade de pensamento e de
expresscio. Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e
difundir informacOes e ideias de qualquer natureza, sem
consideracOes de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em
forma impressa ou artistica, ou por qualquer meio de sua
escolha.
2. 0 exercicio do direito previsto no inciso precedente nao pode
estar sujeito a censura previa, mas as responsabilidades
ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que
se facam necesstirias para assegurar:
o respell° dos direitos e da reputactio das demais pessoas;
a protecao da seguranca nacional, da ordem pablica, da
sa fide ou da moral p	 (destaques nossos).
0 Supremo Tribunal Federal ja tratou sobre o tema na Arguicdo de
Descumprimento de Preceito Fundamental 187. Destacamos trecho do voto do Relator,
Ministro Celso de Mello':
"E certo que o direito a livre express& do pensamento nao se
reveste de canker absoluto, pois sofre limitacties de natureza
etica e de crucifer juridico. E par tal raztio que a incitactio ao
Odio pablico contra qualquer pessoa, povo ou grupo social nao
esti protegida pela chiusula constitucional que assegura a
liberdade de expresstio. Cabe relembrar, neste ponto, a prOpria
Convenctio Americana sobre Direitos. Humanos (Facto de Selo
Josê da Costa Rica), cujo Art. 13, §	 exclui, do ambito de
protectio da liberdade de manifestactio do pensamento, "toda
propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ddio
nacional, racial ou religioso que constitua incitactio
discrimiriactio, a hostilidade, ao crime ou a viomacia".
(Destaque nosso).
Citamos tamb6m outra memordvel decisao do Supremo Tribunal
Federal a tespeito dos limiter da Liberdade de Expressäo:
"HABEAS-CORPUS. PUBLICACÁO DE LIVROS: ANTI-
SEMITISMO. RACISMO. CRIME IMPRESCRITIVEL
CONCEITUAC .4°. ABRANGENCIA	 CONSTITUCIONAL.
LIBERDADE DE EXPRESSAO. LIMITES. ORDEM DENEGADA.
1. Escrever, editar, divulgar e comerciar livros 'fazendo apologia
de ideias preconceituosas e discriminatOrias" contra a
comunidade judaica. (Lei 7716/89, artigo 20, na redactio dada
' Texto	 integral	 do	 acOrdão	 ainda	 nao	 oficialmente	 publicado.	 Textos	 retirados	 de
http://www.conjur.com.br/2011-jun-16/veja-votos-celso-melio-julgamento-sobra-marcha-maconha, acesso em
13/01/2012.
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pela Lei 8081/90) constitui crime de racismo sujeito as cMusulas
de inafiancabilidade e imprescritibilidade (CF, artigo 5°, XLII) 2
Aplicacao do principio da prescritibilidade geral dos crimes: se
os judeus nilo silo uma rata, segue-se que contra eles nao pode
haver discriminacifo capaz de ensejar a excecao constitutional de
imprescritibilidade. Inconsistencia da premissa. 3. Rata humana.
Subdivisiio. Inexistencia. Corn a definicilo e o mapeamento do
genoma humano, cientificamente ntio existem distincOes entre os
homens, seja pela segmentacito da pele, formato dos olhos, altura,
pelos ou por quaisquer outras caracteristicas fisicas, visto que
todos se qualificam como especie humana. Nilo ha diferencas
biolOgicas entre os seres humanos. Na essencia silo todos iguais.
4. Raga e racismo. A divisilo dos seres humanos em ragas resulta
de um processo de conteado meramente politico-social. Desse
pressuposto origina-se o racismo que, por sua vez, gera a
discriminactio e o preconceito segregacionista. 5. Fundamento do
nacleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e
os arianos formam racas distintas. Os primeiros seriam rata
inferior, nefasta e infecta, caracteristicas suficientes para
justificar a segregacao e o exterminio: inconciabilidade corn os
padre-es iticos e morals definidos na Carta Politica do Brasil e
do mundo contemporlineo, sob os quais se ergue e se harmonize
o estado democrdtico. Estigmas que por si s6 evidencia m crime
de racismo. Concepciio atentatOria dos principios nos quais se
erige e se organize a sociedade humane, baseada na
respeitabilidade e dignidade do ser humane e de sua pacifica
convivencia no meio social. Condutas e evocacOes Slices e
imorais que implicam repulsive ay& estate! por se revestirem de
dense intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento
infraconstitucional e constitutional do Pais. 6. Adestio do Brasil
a tratados e acordos multilaterais, que energicamente repudiam
quaisquer discriminacees raciais, ai compreendidas as
distincOes entre os homens por restricees ou preferencias
oriundas de race, cor, credo, descendencia ou origem national
ou &nice, inspiradas na pretensa superioridade de um povo
sobre outro, de que silo exemplos a xenofobia, "negrofobia",
"islamafobia" e o anti-semitismo. 7. A Constituictio Federal de
1988 imp& aos agentes de delitos dessa natureza, pela gravidade
e repulsividade da ofensa, -a cMusula de imprescritibilidade, para
que Pique, ad perpetuam rei. memoriam, verberado o repadio e a
abjeciio da sociedade national a sua pratica. 8. Racismo.
Abrangencia. Compatibilizacdo dos conceitos etimolOgicos,
etnolOgicos, sociolOgicos, antropolOgicos ou biolOgicos, de modo
a construir a definiciio juridico-constitucional do termo.
Interpretactio teleolOgica e sistemica da Constituicao Federal,
conjugando Mores e circunstancias histaricas, political e socials
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que regeram sua formactio e aplicacao, a fim de obter-se o real
sentido e alcance da norma. 9. Direito comparado. A exemplo do
Brasil as legislacOes de paises organizados sob a egide do estado.
moderno de direito democrcitico igualmente adotam em seu
ordenamento legal punicOes park delitos que estimulem e
propaguem segregactio racial. ManifestacOes da Suprema Corte
Norte-Americana, da Ccimara dos Lordes da Inglaterra e da
Corte de Apelacdo da California nos Estados Unidos que
consagraram entendimento que aplicam sancOes aqueles que
transgridem as regras de boa convivencia social corn grupos
humanos que simbolizem a prOtica de racismo. 10. A edicdo e
publicactio de obras escritas veiculando ideias anti-semitas, que
buscam resgatar e dar credibilidade a concepcdo racial definida
pelo regime nazista, negadoras e subversoras de .fatos histaricos
incontroversos como o holocausto, consubstanciadas na pretensa
inferioridade e desqualificactio do povo judeu, equivalem
incitaceio ao discrimen corn acentuado conteado raeista,
reforcadas pelas consequencias histOricas dos atos em que se
baseiam. 11. Explicita conduta do agente responsavel pelo agravo
revelador de manifesto dolo, baseada na equivocada premissa de
que os judeus neio so sao uma raga, mas, mais do que isso, urn
segmento racial atavica e geneticamente menor e pernicioso. 12.
Discriminacdo que, no caso, se evidencia como deliberada e
dirigida especificamente aos judeus, que configura ato ilicito de
pratica de racismo, coin as consequencias gravosas que o
acompanham. 13. Liberdade de expressiio. Garantia
constitucional que ntio se tern como absolute. Limites morals e
juridicos. 0 direito a livre express& nä° pode abrigar, em sua
abrangencia, manifestacdes de contado imoral que implicam
ilicitude penal.	 14. As liberdades pablicas ndo sdo
incondicionais, por isso devem 'ser exercidas de maneira
harmonica, observados os limites definidos na prOpria
Constituictio Federal (CF, artigo	 § 2°, primeira parte). 0
preceito fundamental de liberdade de expreSs'do n 'do consagra o
"direito a incitaciio ao racismo", dado que urn direito individual
new pode censtituir-se em salvaguarda de condutas ilicitas,
como sucede corn os deifies contra a honra. Prevalencia dos
principios da dignidade da pessoa humana e da igualdade
juridica. 15. "Existe um nexo estreito entre a imprescritibilidade,
este tempo juridico que se escoa sem encontrar termo, e a
memOria, apelo do passado a disposictio dos vivos, triunfo da
lembranca sobre	 o esquecimento". No estado de direito
democnitice devem ser intransigentemente respeitados os
principles que garantem a prevalencia dos direitos humanos.
Jamais podern se apagar da mem6ria dos povos que se pretendam
justos os atos repulsivos do passado que permitiram e
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incentivaram o Odid entre iguais por motivos raciais de torpeza
inominavel. 16. A ausencia de prescriceio nos crimes de racismo
justifica-se como alerta grave para as geracaes de hoje e de
amanhei, para que se impeca a reinstauracdo de velhos e
ultrapassados conceitos que a consciencia juridica e histOrica
nab mais admitem. Ordem denegada." (STF, HC 82424/RS,
Orgao julgador: Tribunal Pleno. Relator: Ministro MOREIRA
ALVES. Relator p/ AcOrd-do. Ministro MAURICIO CORREA. DJ
19/03/2004, p. 00017) — Destaque nosso.
Como lider religioso, o réu Silas Lima Malafaia e formador de
opiniOes e moderador de costumes. Ainda que sua crenca nao coadune com a pratica
homossexual, incitar a violéncia ou o desrespeito a homossexuais extrapola seus
direitos de livre expressào, constituindo pratica violadora dos direitos fundamentais
dignidade, a honra e mesmo a seguranca desses cidadaos. Por isso a importancia da
retratacao de seus comentarios homofObicos diante de seus telespectadores, bem como
da abstencao do réu Silas Lima Malafaia de continuar veiculando mensagens que
incitem a violéncia contra homossexuais, atentando contra sua dignidade e seus
direitos fundamentais.
Da mesma forma, a emissora re, concessionaria de servico
de telecomunicacOes, nä° pode se eximir da responsabilidade de fiscalizacao dos
programas que veicula, quando estes atentarem contra direitos a garantias
fundamentais das pessoas.
0 servico patio.) de telecomunicacOes deve respeitar todas as
normas e principios presentes na Constituicdo Federal e no ordenamento juridico
patrio. Como dispoe a Constituicao Federal, em seu. artigo 221, inciso IV, a
programacao e producäo das emissoras de televisao devem respeitar os valores eticos e
sociais da pessoa, não podendo a emissora re abster-se de fiscalizar o que esta
transniitindo.
0 COdigo Brasileiro de Telecomunicaceies (Lei 4.117/62) estipula
todas as regras de concessab do servico pablieo de telecomunicacifies. Em seu artigo
52, preceitua:
"Art. 52. A liberdade de radiodifuseionilo exclui a punktio dos
que praticarem abusos no seu exercicio."
Ainda; define como abuso a promoc -do de campanhas..
diseriminatOrias (art. 53, alinea e).
Assim, sob pena de perder o direito a renovacab do contrato de
concessao, a emissora re tern o dever de cumprir com as disposicifies legais e
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constitucionais, segundo o paragrafo Unico do art. 62 da COdigo Brasileiro de
TelecomunicacOes:
"Art. 67. [...]
Paragrafo Unica 0 direito a renovaclio decorre do cumprimento
pela empresa, de seu contrato de concessao ou permisslio, das
exigeticias legais e regulamentares, bem como das finalidades
educacionais, culturais e morals a que se obrigou, e de
persistirem a possibilidade tecnica e o interesse pUblico em sua
existemcia." (destaque nosso)
A Lei 8.987/1995, que estabelece o regime de concessao e
permissdo da prestacao de servicos pdblicos previsto no art. 175 da Constituicao
Federal, dispOe em seu art. 29 que "incumbe ao Poder Concedente regulamentar o
servico concedido e fiscalizar permanentemente a sua prestacdo."
Ou seja, ao conceder o servico de exploracdo, concessao e
radiofusdo, como preve o art. 21, inciso XII, alinea a, da Constituicao Federal, a Uniao
flea obrigada a fiscaliza-lo para que seja adequadamente prestado a populacao, akin de
aplicar penalidades de natureza administrativa aos concessiondrios pelo nao
cumprimento em conformidade corn a lei ou seus principios.
No entendimento de Maria Sylvia Zanella di Pietro:
"Embora tenha natureza de contrato administrativo, a concessao
apresenta algumas peculiaridades: [...] 2. 0 poder concedente so
transfere co concessiondrio a execucdo do servico, continuando
titular do mesmo, o que the permite dele dispor de acordo corn o
interesse pUblico[..] - (grifo nosso)
Ante a omissao dos Orgdos administrativos da Uniao, incumbidos
de fiscalizar as concessOes pUblicas de radio e TV, compete ao Poder Judiciario
conferir efetividade ao principio fundador da ordem social, exigindo responsabilidade
em relacao as manifestacOes veiculadas por concessiondrias do servico de radiofusao.
V — DA LIMINAR
Consabido e que a acao civil pablica de conhecimento admite
pedido incidental de liminar, dispensando o ajuizamento de acao cautelar
especificamente corn esse propOsito, consoante a melhor doutrina sobre o art. 12,
caput, da Lei n° 7.347/85 e torrencial jurisprudencia.
Outro ndep e o entendimento do festejado Professor Sergio Ferraz9:
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, I red, Atlas, 2006 , p. 299
9 In AO° Civil Pliblica - lei 7.347/1985 - 15 anos, Coordenador Edis Miler& 2' ediflo revista e atualizada,
Ed. Revista dos Tribunais, p. 832
12/14
MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
Procuradoria da Repithlica no Estado de Sao Paulo
Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadao
•
"A par da acid° cautelar, corn a previsdo de liminar em' seu bojo,
a Lei 7.347/85, em seu art 12, ainda estatui uma outra
modalidade de provimento antecipatOrio: a liminar na pr6pria
acdo civil ptiblica, tema disciplinado no art. 12 da Lei em
questc7o."
De resto, a liminar em ac-ao civil pUblica pressupee o fumus boni
juris e opericulum in mora.
0 primeiro consiste na fundamentacão supra, em que se demonstra
o descumprimento de relevantes principios constitucionais e o desrespeito a direitos
fundamentais das pessoas.
0 segundo desses requisites reside no fato justamente de estar a
televisao presente em pelo menos 90,3% dos domicilios brasileiros w. Trata-se de
item enorme de pessoas expostas ou passiveis de exposicAo a manifestacOes de
cunho homofebico ou que incitem a violência de homossexuais. Assim, a demora na
concessão do provimento jurisdicional poderd acarretar na inutilidade da medida, haja
vista que o réu poderd permanecer propagando tais mensagens, atentandci
continuamente contra direitos fundamentais de homossexuais, de forma
inconstitucional.
Assim, presentes os requisites necessaries a concessào da liminar,
requer o Ministério Pfiblico Federal o seu deferirnento, inaudita altera parte, para o
fim de impor, conforme art. 461 caput e paragrafos do ,Codigo de Processo Civil, c/c
art. 11 da Lei n° 7.347/85:
obrigacao de nä° fazer a Silas Lima Malafaia e Radio e Televisäo Bandeirantes
Ltda. no sentido de nao proferirem e não exibirem, respectivamente, comentarios
homofebicos ou que incitem violéncia ou desrespeito contra homossexuais; •
obrigacão de fazer a Unifio, por meio da Secretaria de Comunicacdo EletrOnica do
Minist6rio das Comunicac'Oes, para que proceda a fiscalizacdo do programa
comandado pelo r6u Silas Lima Malafaia e exibido pela emissora demandada.
Requer-se ainda, com supeaneo no art. 11 da Lei no 7.347/85 e
art. 461,'§ 4.°, do COdigo de Processo Civil, para o caso de descumprimento da ordem
judicial, a cominacão de multa em valor a ser estipulado por Vossa Exceléncia, sem
prejuizo do que preceituam os paragrafos 5.° e 6.° do mesmo art. 461 do C6digo de
Processo Civil, alem da responsabilizacdo criminal, na forma do art. 330 do Codigo
Penal (vide REsp 556814/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA
TURMA, julgado em 07/11/2006, DJ 27/11/2006 p. 307, bem como HC 86047/SP, Re1
Min. Septilveda Pertence, 4.10:2005, Informativo do STF n° 404).
Pesquisa Nacional pot. Amostra de Domicilios realizada pelo Instituto.Brasileiro de Geografia e Estatistica
(IBGE), em 2004. Disponivel em: http://www.ilme.gov.bilmtextolunadcoment7.1 )tm. Acesso em 12/04/2011.
13/14
Sao Paulo, 16 de fevereiro de 2012.
APAI CIDO pIAS
al dos	 eitos o Cidadao
14/14
MINISTERIO P(JBLICO FEDERAL
Procuradoria da Republica no Estado de Säo Paulo
. Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão
VI — DOS PEDIDOS
Diante do exposto, o Ministerio Pnblico Federal requer:
a citacao dos raus, na forma da lei, para, querendo, contestarem a presente acão , corn
as advertências de praxe, inclusive quanto a confissao da materia de fato, em caso de
revelia, e para produzir a prova que quiserem, e se verem processados ate a
condenacdo final, na forma do pedido abaixo especificado;
a condenacdo definitiva dos raus nas obrigacties ja requeridas em sede de liminar;
a condenacdo dos reus Silas Lima Malafaia e Radio e Televisao Bandeirantes Ltda
na obrigacao de fazer consistente em exibir, durante a veiculacao do Programa "VitOria
em Cristo", mensagem de retratacao dos comentarios homofObicos proferidos, corn
duracalo de, no minimo, o dobro do tempo utilizado para exibicao de referidos
comentarios;
seja fixada multa didria para o caso de descumprimento da sentenca proferida, em
valor fixado por Vossa Exceléncia, sem prejuizo do previsto nos paragrafos 5° e 6° do
art. 461 do COdigo de Processo Civil, bem como do art. 11 da Lei n° 7.347/85, alem de
responsabilizacao criminal, na forma do art. 330 do COdigo Penal (vide REsp 556814/
RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em
07/11/2006, DJ 27/11/2006 p. 307, bem como HC 86047/SP, Rel. Min. SepUlveda
Pertence, 4.10.2005, Informativo do STF n° 404);
e) a condenacao dos rats ao pagamento dos honorarios advocaticios e demais despesas
e custas processuais, devendo ser o valor total recolhido ao Fundo de que trata a Lei n°
7.347/85.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos
em direito.
Da-sea causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Termos em que,
pede deferimento.
o

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Ministério Público Federal Processa Silas Malafaia

  • 1. MINISTERIO PUBLIC() FEDERAL PROCURADORIA DA REPUBLICA NO ESTADO DE SAO PAULO Procuradoria Regional dos Direitos do ,Cidadão Rua Frei Ceneca, 1360 - Consolano — Sao Paulo — SP — CEP 01307-002 - Fone: (11)3269-5000 EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DA SECAO JUDICIARIA EM SAO PAULO (SP). JFSP - FORUM C EL SETOR DE PROTOCOLO INICIRE 6/02/2012 1 :1 h 1111111E.11111111100 "Urn novo mandamento vos dou: que vos amei uns aos outros; assim como eu vos carrel a vos, .que tambem vos vos ameis uns aos outros." (Joao 13:34) Inquirito Civil n° 1.34.001.006152/2011-33 -- Ref. "CIDADANIA. Preconceito contra homossexuais. Program; da TV aberta. Pastor Silas Malafria." 0 MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, pelo Procurador da RepUblica infra assinado, comparece perante Vossa Exceléncia para, corn fundamento no art. 129, III, da Constituiedo Federal de 1988, art. 6°, VII, a e d, da Lei Complementar n° 75/93, e art. 1°, IV, da Lei n° 7.347/85, propor a presente ACAO CIVIL PUBLICA com pedido de lirninar em face de •
  • 2. MINISTERIO PCIBLICO FEDERAL Procuradoria da Republica no Estado de São Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadâo SILAS LIMA MALAFAIA, brasileiro, casado, pastor evangelic°, corn endereco na Associacdo VitOria em Cristo, Estrada do Guerengué n° 1851 — Taquara, Rio de Janeiro/RJ; RADIO E TELEVISAO BANDEIRANTES LTDA., corn sede na Rua Radiantes n° 13, Morumbi, Sao Paulo/SP, CEP: 05699-900, na pessoa de seu representante legal; e UNIAO, pessoa juridica de direito publico intern°, corn sede na Rua da Consolacào n.° 1875, 5.° andar, Cerqueira Cesar, Sao Paulo (SP), CEP 01.301- 100, na pessoa de seu representante legal, pelas seguintes razeies faticas e juridicas: I - DO OBJETO DA PRESENTE ACAO 0 objeto da presente acäo consiste em obter provimento jurisdicional, que imponha: a) obrigacão de ilk) fazer a Silas Lima Malafaia e Radio e Televisao Bandeirantes Ltda. no sentido de ndo proferirem e nä° exibirem, respectivamente, comentarios homoffibicos ou que incitem violência ou desrespeito contra homossexuais; b) obrigacão de fazer a Silas Lima Malafaia e Radio e Televisäo Bandeirantes Ltda. para que exibam durante a veiculacdo do Programa "VitOria em Cristo" mensagem de retratacao dos comentarios homoffibicos proferidos, corn duracão de, no minimo, o dobro do tempo utilizado para exibicao de referidos comentarios e c) obrigaeão de fazer a Uniao, por meio da Secretaria de Comunicacdo EletrOnica do Ministerio das Comunicacties, para que proceda a fiscalizacdo da referida exibicäb. II - DOS FUNDAMENTOS DE FATO A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadao instaurou ern 25 de outubro de 2011 o Procedimento Administrativo n° 1.34.001.006152/2011-33, corn o objetivo de apurar a ocorréncia de manifestacão de preconceito e incitacão de violência contra homossexuais em program_ a de TV aberta, proferida pelo Mu, o pastor Silas Lima Malafaia, no dia 02 de julho de 2011', corn duracão de 16min23-seg (fl. 19). A instauracdo se deu a partir de reclamacäo encaminhada pelo Presidente da Associacão Brasileira de Ldsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais — ABGLT (fls. 04/06). Posteriormente, outras entidades tambern apresentaram reclamacties a respeito do caso (fls. 40/41, 55/58, 107/109 e Apenso I). Data mencionada em: http://resistenciacristaj.blogspot.com/2011/11/pr-silas-responde-aos-gays- desesperados.html . Acesso em: 14/02/2012. 2/14 I 1 11411 I Mi4IIIIMIN01,111,11 I I
  • 3. MINISTERIO PUBLIC() FEDERAL Procuradoria da Reptiblica no Estado de Sáo Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadâo Houve juntada de correspondencias de apoio ao referido reu e apresentando link para o video completo do supracitado programa (fls.. 12/32, 39/41 e 81/85). 0 Ministério Pablico Federal expediu officio ao Mu requisitando informacOes (fls. 35). Em resposta, o Mu afirmou que sua manifestacão tratou-se apenas de "critica severa a determinadas atitudes de determinadas pessoas desse segmento social, acrescida tambêm de rellexab e critica sobre a auséncia de posicionamento adequado por parte das pessoas atingidas". Ainda, argumentou que a manifestacao combatida era apenas parte de uma frase retirada de seu contexto. Por fim, defendeu que as expressiies "baixar o porrete" ou "meter o pau" significam: "formular criticas, tomar providéncias legais". (fls. 60/64 e 67/68). Os videos mencionados nos Autos do Procedimento Administrativo foram extraidos da internet e gravados em midia prOpria (fls. 51/52). No video em que consta sua declaracao completa no Programa "VitOria em Cristo", aos 08 minutos e 10 segundos, o Mu Silas Lima Malafaia diz: "Os caras na Parada Gay ridicularizaram simbolos da Igreja CatOlica e ninguèm fala nada. E pra Igreja CatOlica 'entrar de pau' em cima desses caras, sabe? 'Baixar o porrete' em cima pra esses caras aprender (sic). E uma vergonha". As girias "entrar de pau" e "baixar o porrete" tern claro conteado homoffibico, por incitar a violencia em relacao aos homossexuais, desrespeitando seus direitos fundamentais baseados na dignidade da pessoa humana. Mais do que expressar uma opinido, as palavras do Mu em programa veiculado em rede nacional configuram um discurso de odio, nao condizente cem as funcOes constitucionais da Comunicacao Social. No site "Verdade indicado pelo Mu Silas Malafaia em sua defesa, este conclama seus fieis a enviarem e-mail ao. Procurador da Republica signatario e ao Ministro da Educacao, incluindo o endereco de e-mail de ambos. No video-resposta, presente no mesmo sitio, tambem ha o pedido do Mu para que envie e- mail a Procuradora Federal dos Direitos do. Cidadao. Em razao disso, centenas, de e- mails e correspondencias foram recebidos, corn o texto sugerido pelo referido reu, o que demonstra sua influencia sobre seus espectadores. = , Disponivel em: http://www.verdadegospel.com/pr-malafaia-responde-ao-movimento-gay-que-quer-tirar-seu- programa-de-tv-do-ar/. Acesso em 08/02/2012. 3/14
  • 4. MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Procuradoria da Repthlica no Estado de Säo Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão Da mesma forma que seus seguidores atenderam prontamente o. seu apelo para o envio de tais e-mails, o que podera acontecer se eles decidirem, literalmente, "entrar de pau" ou "baixar o porrete" em homossexuais? Assim, diante dos fatos e da negligéncia da Radio e Televisdo Bandeirantes Ltda. e da omissdo da Unido em evitar a divulgaedo de contend° homolObico em rede nacional, näo existe outra alternativa send() socorrer-se ao Poder Judiciario a fim de impedir que tais comentarios voltem a ocorrer e, ainda, alcancar a retrataedo e a devida proteeab legal aos cidadaos lesados, para que tenham seus direitos fundamentais efetivamente garantidos. III — DA LEGITIMIDADE DO MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Na dice-do do art. 127 da Carta Magna, o Ministêrio constitui instituiedo permanente, imprescindivel a funedo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem juridica. Entre suas funeOes institucionais; inserem-se aquelas arroladas nos incisos II e III do art. 129 do Texto Constitucional: "Art. 129 - Siio funcOes institucionais do Ministerio Pthblico: II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pthblicos e dos servicos de relevcincia pthblica aos direitos •assegurados na Constitui0o, promovendo as medidas necessärias a sua garantia; III - Promover o inquerito civil e acao civil pthblica para a proteedo do patrimemio pziblico e social, do meio ambiente e de outros interesses clifusos e coletivos." Tambérn o Estatuto do Ministério Pablico da Unido diz especificamente ser funedo institucional do Orgao promover a defesa da ordem juridica, do regime democratic°, dos interesses sociais e dos interesses individuais indisponiveis, a proteeäo dos direitos constitucionais, bem como a observdncia dos principios constitucionais relativos a comunicaedo social e ao respeito dos meios de comunicaedo social aos direitos e garantias constitucionais (arts. 5°, I, II, d, III e IV, e; e 6°, VII, a e d da Lei Complementar n° 75/93). A atuacdo do Ministerio Publico para compelir os réus a se abseterem de pronunciar e veicular comentarios homofObicos a iniciativa amparada nos principios constitucionais da cidadania e dignidade da pessoa humana (art. 1°, incisos I e III); no objetivo constitucional fundamental de construe -do de uma sociedade livre, justa e solidaria (art. 3°, inciso I); no priniado do principio da igualdade (art. 5°, caput e inciso I) e na maxima eficacia dos direitos fundamentais (art. 5°, §2°). 4/14
  • 5. MINISTERIO PUBLIC() FEDERAL Procuradoria da Republica no Estado de Säo Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão Ademais, os interesses defendidos na presente acao referem-se aos principios que regem a comunicacab social no Brasil, que sac, estabelecidos pela Constituicao Federal e encontram-se intrinsecamente ligados a cidadania. . . Desse conjunto normativo extrai-se nitidamente a lewtirruclade do Ministório PUblico Federal para a propositura da presente acao civil ptitblica. IV — DOS FUNDAMENTOS DE DIREITO A Constituicao Federal, norma suprema do ordenamento juridico, estabelece que o Estado Democratic° brasileiro tern como fundament a dignidade da pessoa humana, nos termos de seu art. 1°, inciso III. Para Ingo Sarlet3, "dignidade da pessoa humana é a qualidade intrinseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideracab por parte do Estado e da comunidade, irnplicando, neste sentido, em complexo de direitos e deveres fundamentals que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e tumano, como venham a the garantir as condicOes existenciais minimas para urea vida saudavel, alem de propiciar e promover sua participactio ativa e corresponscivel nos destinos da prOpria existeneia e da vida em comunhao com os demais seres humanos." Tendo a dignidade como base, prevé em seus artigos 3°, inciso IV é 5°, caput, o direito fundamental a igualdade: "Art. 3° - Constituem objetivos fundamentals da Reptiblica Federativa do Brasil: IV — promover o bem de todos, sem preconceitos de origenz, raga, sexo, cor, glade e quaisquer outras formas de discriminactio." "Art 5° - Todos sao iguais perante a lei, sem distingdo de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a seguranca e a propriedade, 1-1" Ao prever b direito fundamental a igualdade, a Constituicao veda qualquer tipo de discriminacao, seja qual for o motivo, inclusive prevendo punicao Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentals na Constituietio Federal de /988. Apud DIAS, Maria Berenice. Unitio Homoafetiva: 0 preconceito & a justice. Sao Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 102/103. 5/14
  • 6. MINISTERIO PDBLICO FEDERAL Procuradoria da Reptthlica no Estado. de Säo Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadáo legal contra qualquer discriminacao atentatOria dos direitos e liberdades fundamentais (art. 5°, XLI). Ressalte-se que a enumeracao dos sujeitos protegidos pelo inciso IV do art. 3° da Constituicao e exemplificativa, como bem disserta Roger Raupp "Os ordenamentos juridicos adotam tecnicas diversas no desenvolvimento do direito da antidiscriminactio. [...] Um sem mimero de questdes se coloca na aplicactio de tais criterios de proibicdo, sem depender do grupo a que pertence cada ordenamento juridic°. 0 direito brasileiro demonstra esta realidade. A primeira delas, e que toma a atencdo de imediato, diz respeito a enumeracdo exemplificativa contida no artigo 3°, inciso IV, da Constituictio de 1988, que possibilita a inclusdo de novos criterios proibidos de discriminactio." Roger Raupp Rios completa que o term° "sexo" do inciso IV abrange também orientacdo sexual: "[...] a discriminacdo por motivo de sexo protege todas as orientacdes sexuais".5 A protecao contra a discriminacao de qualquer especie tamb6m esta presente na Declaracao Universal dos Direitos Humanos: "Alem dos argumentos de ordem constitutional, ntio se pode olvidar que o Brasil e signatario da Declaracdo Universal dos Direitos Humanos, que assegura: todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos, proibindo discriminactio de qualquer especie. A vedacdo a discriminactio em rani° de orientacdo sexual impede que o preconceito e a intolerdncia prevalecam sobre o direito fundamental a igualdade substantial, que serve de eincora para um convivio social democratic°, respeitada a dignidade de cada hotnem."6 0 rau Silas Lima Malafaia, em programa veiculado pela Radio e Televisao Bandeirantes Ltda., utiliza as girias "entrar de pau" e "baixar o porrete" em relacao a alguns homossexuais, indeterminados, que participaram da Parada Gay em Sao Paulo, por nao concordar corn uma manifestacao destes relacionada a simbolos religiosos da Igreja CatOlica. Sua manifestacao tern claro contendo homoffibico, por incitar a violéncia em relacao aos homossexuais, desrespeitando seus direitos fundamentals Direito da Antidiscriminacao, Sexo, Sexualidade e Gênero: a Compreensão da Proibicao Constitucional de Discriminacão por Motivo de Sexo. In SARMENTO, Daniel; IKAWA, Daniela e PIOVESAN, Flavia (coord.). Igualdade, Diferenca e Direitos Humanos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 698. 5 Idem, ibidem, p. 705. DIAS, Maria Berenice. Uniao Homoafetiva: 0 preconceito & a justica. Sao Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 150. • 6/14
  • 7. MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Procuradoria da ReptibIlea no Estado de Säo Paulo , Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadäo baseados na dignidade da pessoa humana. Mais do que expressar uma opinião, as palavras do rau configuram urn discurso de Odio, nä° condizente corn as funas constitucionais da Comunicacdo Social, previstas nos artigos 220 e 221 da Constituicdo Federal: "Art. 220 - § 3°— Compete a lei federal: II - estabelecer os meios legais que garantam a pessoa e a familia a possibilidade de se defenderem de programas ou programacties de radio e televitho que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, praticas e servicos que possam ser nocivos a saade e ao meio ambiente." Mao obstante a garantia constitucional de liberdade de comunicacão social, prevista no art. 220 da Constituicâo Federal, dispiie o art. 221 do mesmo diploma que toda a producdo e programa de radio e televisao deve se submeter a preservacão dos valores eticos e sociais da pessoa: "Art. 221. A producao e a programacab das ernissoras de radio e televistio atendertio aos seguintes principios: IV - respeito aos valores eticos e sociais da pessoa e da familia." (destaque nosso)." A emissora re é uma concessiondria do servico pUblico federal de radiofusao de sons e imagens, devendo, portanto, pautar-se pelos principios norteadores expressos no art. 37 da Carta Magna, compatibilizando a comunicacào social corn os demais preceitos constitucionais como, nesse caso, o direito a honra e ndo discriminacdo. Ainda que haja a liberdade de culto e a liberdade de expressdo, tambern previstas na Constituicdo Federal, a manifestacdo do pensamento ndo pode ser utilizada como justificativa para ofensa de direitos fundamentais alheios. E isso que dispeie a Convencdo Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica), ratificada pelo Brasil em 25 de setembro de 1992: "Art 12 — Liberdade de Consciencia e de Religido: 3. A liberdade de manifestar a prOpria e as preprias crencas esta sujeita unicamente as limitacOes prescritas pela lei e que sejam necessarias para proteger a seguranca, a ordem, a saade ou a moral pablicas ou os direitos ou liberdades das demais pessoas. 7/14
  • 8. MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Procuradoria da Republica no Estado de Säo Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadäo Art. 13 - Liberdade de Pensamento e de Expressao: I. Toda pessoa tern o direito a liberdade de pensamento e de expresscio. Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informacOes e ideias de qualquer natureza, sem consideracOes de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artistica, ou por qualquer meio de sua escolha. 2. 0 exercicio do direito previsto no inciso precedente nao pode estar sujeito a censura previa, mas as responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se facam necesstirias para assegurar: o respell° dos direitos e da reputactio das demais pessoas; a protecao da seguranca nacional, da ordem pablica, da sa fide ou da moral p (destaques nossos). 0 Supremo Tribunal Federal ja tratou sobre o tema na Arguicdo de Descumprimento de Preceito Fundamental 187. Destacamos trecho do voto do Relator, Ministro Celso de Mello': "E certo que o direito a livre express& do pensamento nao se reveste de canker absoluto, pois sofre limitacties de natureza etica e de crucifer juridico. E par tal raztio que a incitactio ao Odio pablico contra qualquer pessoa, povo ou grupo social nao esti protegida pela chiusula constitucional que assegura a liberdade de expresstio. Cabe relembrar, neste ponto, a prOpria Convenctio Americana sobre Direitos. Humanos (Facto de Selo Josê da Costa Rica), cujo Art. 13, § exclui, do ambito de protectio da liberdade de manifestactio do pensamento, "toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ddio nacional, racial ou religioso que constitua incitactio discrimiriactio, a hostilidade, ao crime ou a viomacia". (Destaque nosso). Citamos tamb6m outra memordvel decisao do Supremo Tribunal Federal a tespeito dos limiter da Liberdade de Expressäo: "HABEAS-CORPUS. PUBLICACÁO DE LIVROS: ANTI- SEMITISMO. RACISMO. CRIME IMPRESCRITIVEL CONCEITUAC .4°. ABRANGENCIA CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE EXPRESSAO. LIMITES. ORDEM DENEGADA. 1. Escrever, editar, divulgar e comerciar livros 'fazendo apologia de ideias preconceituosas e discriminatOrias" contra a comunidade judaica. (Lei 7716/89, artigo 20, na redactio dada ' Texto integral do acOrdão ainda nao oficialmente publicado. Textos retirados de http://www.conjur.com.br/2011-jun-16/veja-votos-celso-melio-julgamento-sobra-marcha-maconha, acesso em 13/01/2012. 8/14
  • 9. MINISTERIO PCIBLICO FEDERAL Procuradoria da RepOblica no Estado de sao Paulo Procuradoria Regional dos Direitos go Cidadäo pela Lei 8081/90) constitui crime de racismo sujeito as cMusulas de inafiancabilidade e imprescritibilidade (CF, artigo 5°, XLII) 2 Aplicacao do principio da prescritibilidade geral dos crimes: se os judeus nilo silo uma rata, segue-se que contra eles nao pode haver discriminacifo capaz de ensejar a excecao constitutional de imprescritibilidade. Inconsistencia da premissa. 3. Rata humana. Subdivisiio. Inexistencia. Corn a definicilo e o mapeamento do genoma humano, cientificamente ntio existem distincOes entre os homens, seja pela segmentacito da pele, formato dos olhos, altura, pelos ou por quaisquer outras caracteristicas fisicas, visto que todos se qualificam como especie humana. Nilo ha diferencas biolOgicas entre os seres humanos. Na essencia silo todos iguais. 4. Raga e racismo. A divisilo dos seres humanos em ragas resulta de um processo de conteado meramente politico-social. Desse pressuposto origina-se o racismo que, por sua vez, gera a discriminactio e o preconceito segregacionista. 5. Fundamento do nacleo do pensamento do nacional-socialismo de que os judeus e os arianos formam racas distintas. Os primeiros seriam rata inferior, nefasta e infecta, caracteristicas suficientes para justificar a segregacao e o exterminio: inconciabilidade corn os padre-es iticos e morals definidos na Carta Politica do Brasil e do mundo contemporlineo, sob os quais se ergue e se harmonize o estado democrdtico. Estigmas que por si s6 evidencia m crime de racismo. Concepciio atentatOria dos principios nos quais se erige e se organize a sociedade humane, baseada na respeitabilidade e dignidade do ser humane e de sua pacifica convivencia no meio social. Condutas e evocacOes Slices e imorais que implicam repulsive ay& estate! por se revestirem de dense intolerabilidade, de sorte a afrontar o ordenamento infraconstitucional e constitutional do Pais. 6. Adestio do Brasil a tratados e acordos multilaterais, que energicamente repudiam quaisquer discriminacees raciais, ai compreendidas as distincOes entre os homens por restricees ou preferencias oriundas de race, cor, credo, descendencia ou origem national ou &nice, inspiradas na pretensa superioridade de um povo sobre outro, de que silo exemplos a xenofobia, "negrofobia", "islamafobia" e o anti-semitismo. 7. A Constituictio Federal de 1988 imp& aos agentes de delitos dessa natureza, pela gravidade e repulsividade da ofensa, -a cMusula de imprescritibilidade, para que Pique, ad perpetuam rei. memoriam, verberado o repadio e a abjeciio da sociedade national a sua pratica. 8. Racismo. Abrangencia. Compatibilizacdo dos conceitos etimolOgicos, etnolOgicos, sociolOgicos, antropolOgicos ou biolOgicos, de modo a construir a definiciio juridico-constitucional do termo. Interpretactio teleolOgica e sistemica da Constituicao Federal, conjugando Mores e circunstancias histaricas, political e socials 9/14
  • 10. MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Procuradoria da RepUblica no Estado de São Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadào que regeram sua formactio e aplicacao, a fim de obter-se o real sentido e alcance da norma. 9. Direito comparado. A exemplo do Brasil as legislacOes de paises organizados sob a egide do estado. moderno de direito democrcitico igualmente adotam em seu ordenamento legal punicOes park delitos que estimulem e propaguem segregactio racial. ManifestacOes da Suprema Corte Norte-Americana, da Ccimara dos Lordes da Inglaterra e da Corte de Apelacdo da California nos Estados Unidos que consagraram entendimento que aplicam sancOes aqueles que transgridem as regras de boa convivencia social corn grupos humanos que simbolizem a prOtica de racismo. 10. A edicdo e publicactio de obras escritas veiculando ideias anti-semitas, que buscam resgatar e dar credibilidade a concepcdo racial definida pelo regime nazista, negadoras e subversoras de .fatos histaricos incontroversos como o holocausto, consubstanciadas na pretensa inferioridade e desqualificactio do povo judeu, equivalem incitaceio ao discrimen corn acentuado conteado raeista, reforcadas pelas consequencias histOricas dos atos em que se baseiam. 11. Explicita conduta do agente responsavel pelo agravo revelador de manifesto dolo, baseada na equivocada premissa de que os judeus neio so sao uma raga, mas, mais do que isso, urn segmento racial atavica e geneticamente menor e pernicioso. 12. Discriminacdo que, no caso, se evidencia como deliberada e dirigida especificamente aos judeus, que configura ato ilicito de pratica de racismo, coin as consequencias gravosas que o acompanham. 13. Liberdade de expressiio. Garantia constitucional que ntio se tern como absolute. Limites morals e juridicos. 0 direito a livre express& nä° pode abrigar, em sua abrangencia, manifestacdes de contado imoral que implicam ilicitude penal. 14. As liberdades pablicas ndo sdo incondicionais, por isso devem 'ser exercidas de maneira harmonica, observados os limites definidos na prOpria Constituictio Federal (CF, artigo § 2°, primeira parte). 0 preceito fundamental de liberdade de expreSs'do n 'do consagra o "direito a incitaciio ao racismo", dado que urn direito individual new pode censtituir-se em salvaguarda de condutas ilicitas, como sucede corn os deifies contra a honra. Prevalencia dos principios da dignidade da pessoa humana e da igualdade juridica. 15. "Existe um nexo estreito entre a imprescritibilidade, este tempo juridico que se escoa sem encontrar termo, e a memOria, apelo do passado a disposictio dos vivos, triunfo da lembranca sobre o esquecimento". No estado de direito democnitice devem ser intransigentemente respeitados os principles que garantem a prevalencia dos direitos humanos. Jamais podern se apagar da mem6ria dos povos que se pretendam justos os atos repulsivos do passado que permitiram e 10/14
  • 11. MINISTERIO PDBLICO FEDERAL Procuradoria da Reptblice no Estado de Sào Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadâo incentivaram o Odid entre iguais por motivos raciais de torpeza inominavel. 16. A ausencia de prescriceio nos crimes de racismo justifica-se como alerta grave para as geracaes de hoje e de amanhei, para que se impeca a reinstauracdo de velhos e ultrapassados conceitos que a consciencia juridica e histOrica nab mais admitem. Ordem denegada." (STF, HC 82424/RS, Orgao julgador: Tribunal Pleno. Relator: Ministro MOREIRA ALVES. Relator p/ AcOrd-do. Ministro MAURICIO CORREA. DJ 19/03/2004, p. 00017) — Destaque nosso. Como lider religioso, o réu Silas Lima Malafaia e formador de opiniOes e moderador de costumes. Ainda que sua crenca nao coadune com a pratica homossexual, incitar a violéncia ou o desrespeito a homossexuais extrapola seus direitos de livre expressào, constituindo pratica violadora dos direitos fundamentais dignidade, a honra e mesmo a seguranca desses cidadaos. Por isso a importancia da retratacao de seus comentarios homofObicos diante de seus telespectadores, bem como da abstencao do réu Silas Lima Malafaia de continuar veiculando mensagens que incitem a violéncia contra homossexuais, atentando contra sua dignidade e seus direitos fundamentais. Da mesma forma, a emissora re, concessionaria de servico de telecomunicacOes, nä° pode se eximir da responsabilidade de fiscalizacao dos programas que veicula, quando estes atentarem contra direitos a garantias fundamentais das pessoas. 0 servico patio.) de telecomunicacOes deve respeitar todas as normas e principios presentes na Constituicdo Federal e no ordenamento juridico patrio. Como dispoe a Constituicao Federal, em seu. artigo 221, inciso IV, a programacao e producäo das emissoras de televisao devem respeitar os valores eticos e sociais da pessoa, não podendo a emissora re abster-se de fiscalizar o que esta transniitindo. 0 COdigo Brasileiro de Telecomunicaceies (Lei 4.117/62) estipula todas as regras de concessab do servico pablieo de telecomunicacifies. Em seu artigo 52, preceitua: "Art. 52. A liberdade de radiodifuseionilo exclui a punktio dos que praticarem abusos no seu exercicio." Ainda; define como abuso a promoc -do de campanhas.. diseriminatOrias (art. 53, alinea e). Assim, sob pena de perder o direito a renovacab do contrato de concessao, a emissora re tern o dever de cumprir com as disposicifies legais e le11/14
  • 12. MINISTERIO PUBLIC() FEDERAL Procuradoria da RepUblica no Estado de Säo Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadäo • constitucionais, segundo o paragrafo Unico do art. 62 da COdigo Brasileiro de TelecomunicacOes: "Art. 67. [...] Paragrafo Unica 0 direito a renovaclio decorre do cumprimento pela empresa, de seu contrato de concessao ou permisslio, das exigeticias legais e regulamentares, bem como das finalidades educacionais, culturais e morals a que se obrigou, e de persistirem a possibilidade tecnica e o interesse pUblico em sua existemcia." (destaque nosso) A Lei 8.987/1995, que estabelece o regime de concessao e permissdo da prestacao de servicos pdblicos previsto no art. 175 da Constituicao Federal, dispOe em seu art. 29 que "incumbe ao Poder Concedente regulamentar o servico concedido e fiscalizar permanentemente a sua prestacdo." Ou seja, ao conceder o servico de exploracdo, concessao e radiofusdo, como preve o art. 21, inciso XII, alinea a, da Constituicao Federal, a Uniao flea obrigada a fiscaliza-lo para que seja adequadamente prestado a populacao, akin de aplicar penalidades de natureza administrativa aos concessiondrios pelo nao cumprimento em conformidade corn a lei ou seus principios. No entendimento de Maria Sylvia Zanella di Pietro: "Embora tenha natureza de contrato administrativo, a concessao apresenta algumas peculiaridades: [...] 2. 0 poder concedente so transfere co concessiondrio a execucdo do servico, continuando titular do mesmo, o que the permite dele dispor de acordo corn o interesse pUblico[..] - (grifo nosso) Ante a omissao dos Orgdos administrativos da Uniao, incumbidos de fiscalizar as concessOes pUblicas de radio e TV, compete ao Poder Judiciario conferir efetividade ao principio fundador da ordem social, exigindo responsabilidade em relacao as manifestacOes veiculadas por concessiondrias do servico de radiofusao. V — DA LIMINAR Consabido e que a acao civil pablica de conhecimento admite pedido incidental de liminar, dispensando o ajuizamento de acao cautelar especificamente corn esse propOsito, consoante a melhor doutrina sobre o art. 12, caput, da Lei n° 7.347/85 e torrencial jurisprudencia. Outro ndep e o entendimento do festejado Professor Sergio Ferraz9: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, I red, Atlas, 2006 , p. 299 9 In AO° Civil Pliblica - lei 7.347/1985 - 15 anos, Coordenador Edis Miler& 2' ediflo revista e atualizada, Ed. Revista dos Tribunais, p. 832 12/14
  • 13. MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Procuradoria da Repithlica no Estado de Sao Paulo Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadao • "A par da acid° cautelar, corn a previsdo de liminar em' seu bojo, a Lei 7.347/85, em seu art 12, ainda estatui uma outra modalidade de provimento antecipatOrio: a liminar na pr6pria acdo civil ptiblica, tema disciplinado no art. 12 da Lei em questc7o." De resto, a liminar em ac-ao civil pUblica pressupee o fumus boni juris e opericulum in mora. 0 primeiro consiste na fundamentacão supra, em que se demonstra o descumprimento de relevantes principios constitucionais e o desrespeito a direitos fundamentais das pessoas. 0 segundo desses requisites reside no fato justamente de estar a televisao presente em pelo menos 90,3% dos domicilios brasileiros w. Trata-se de item enorme de pessoas expostas ou passiveis de exposicAo a manifestacOes de cunho homofebico ou que incitem a violência de homossexuais. Assim, a demora na concessão do provimento jurisdicional poderd acarretar na inutilidade da medida, haja vista que o réu poderd permanecer propagando tais mensagens, atentandci continuamente contra direitos fundamentais de homossexuais, de forma inconstitucional. Assim, presentes os requisites necessaries a concessào da liminar, requer o Ministério Pfiblico Federal o seu deferirnento, inaudita altera parte, para o fim de impor, conforme art. 461 caput e paragrafos do ,Codigo de Processo Civil, c/c art. 11 da Lei n° 7.347/85: obrigacao de nä° fazer a Silas Lima Malafaia e Radio e Televisäo Bandeirantes Ltda. no sentido de nao proferirem e não exibirem, respectivamente, comentarios homofebicos ou que incitem violéncia ou desrespeito contra homossexuais; • obrigacão de fazer a Unifio, por meio da Secretaria de Comunicacdo EletrOnica do Minist6rio das Comunicac'Oes, para que proceda a fiscalizacdo do programa comandado pelo r6u Silas Lima Malafaia e exibido pela emissora demandada. Requer-se ainda, com supeaneo no art. 11 da Lei no 7.347/85 e art. 461,'§ 4.°, do COdigo de Processo Civil, para o caso de descumprimento da ordem judicial, a cominacão de multa em valor a ser estipulado por Vossa Exceléncia, sem prejuizo do que preceituam os paragrafos 5.° e 6.° do mesmo art. 461 do C6digo de Processo Civil, alem da responsabilizacdo criminal, na forma do art. 330 do Codigo Penal (vide REsp 556814/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 07/11/2006, DJ 27/11/2006 p. 307, bem como HC 86047/SP, Re1 Min. Septilveda Pertence, 4.10:2005, Informativo do STF n° 404). Pesquisa Nacional pot. Amostra de Domicilios realizada pelo Instituto.Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), em 2004. Disponivel em: http://www.ilme.gov.bilmtextolunadcoment7.1 )tm. Acesso em 12/04/2011. 13/14
  • 14. Sao Paulo, 16 de fevereiro de 2012. APAI CIDO pIAS al dos eitos o Cidadao 14/14 MINISTERIO P(JBLICO FEDERAL Procuradoria da Republica no Estado de Säo Paulo . Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão VI — DOS PEDIDOS Diante do exposto, o Ministerio Pnblico Federal requer: a citacao dos raus, na forma da lei, para, querendo, contestarem a presente acão , corn as advertências de praxe, inclusive quanto a confissao da materia de fato, em caso de revelia, e para produzir a prova que quiserem, e se verem processados ate a condenacdo final, na forma do pedido abaixo especificado; a condenacdo definitiva dos raus nas obrigacties ja requeridas em sede de liminar; a condenacdo dos reus Silas Lima Malafaia e Radio e Televisao Bandeirantes Ltda na obrigacao de fazer consistente em exibir, durante a veiculacao do Programa "VitOria em Cristo", mensagem de retratacao dos comentarios homofObicos proferidos, corn duracalo de, no minimo, o dobro do tempo utilizado para exibicao de referidos comentarios; seja fixada multa didria para o caso de descumprimento da sentenca proferida, em valor fixado por Vossa Exceléncia, sem prejuizo do previsto nos paragrafos 5° e 6° do art. 461 do COdigo de Processo Civil, bem como do art. 11 da Lei n° 7.347/85, alem de responsabilizacao criminal, na forma do art. 330 do COdigo Penal (vide REsp 556814/ RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 07/11/2006, DJ 27/11/2006 p. 307, bem como HC 86047/SP, Rel. Min. SepUlveda Pertence, 4.10.2005, Informativo do STF n° 404); e) a condenacao dos rats ao pagamento dos honorarios advocaticios e demais despesas e custas processuais, devendo ser o valor total recolhido ao Fundo de que trata a Lei n° 7.347/85. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito. Da-sea causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Termos em que, pede deferimento. o