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Ética e Cidadania
Elaine Arantes
2013
Curitiba-PR
PARANÁ
Catalogação na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paraná
© INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil.
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Prof. Irineu Mario Colombo
Reitor
Prof. Joelson Juk
Chefe de Gabinete
Prof. Ezequiel Westphal
Pró-Reitor de Ensino – PROENS
Gilmar José Ferreira dos Santos
Pró-Reitor de Administração – PROAD
Prof. Silvestre Labiak
Pró-Reitor de Extensão, Pesquisa e
Inovação – PROEPI
Neide Alves
Pró-Reitor de Gestão de Pessoas – PROGEPE
Bruno Pereira Faraco
Pró-Reitor de Planejamento e
Desenvolvimento Institucional – PROPLAN
Prof. Marcelo Camilo Pedra
Diretor Geral do Câmpus EaD
Prof. Célio Alves Tibes Junior
Diretor de Ensino, Pesquisa e Extensão –
DEPE/EaD
Coordenador Geral da Rede e-Tec Brasil – IFPR
Thiago da Costa Florencio
Diretor Substituto de Planejamento e
Administração do Câmpus EaD
Prof.ª Patrícia de Souza Machado
Coordenadora de Ensino Médio e
Técnico do Câmpus EaD
Prof.ª Monica Beltrami
Coordenadora do Curso
Jessica Brisola Stori
Assistente Pedagógica
Prof.ª Ester dos Santos Oliveira
Coordenadora de Design Instrucional
Prof.ª Sheila Cristina Mocellin
Lídia Emi Ogura Fujikawa
Designers Instrucionais
Jessica Deus Soares
Revisora
Aline Kavinski
Diagramadora
e-Tec/MEC
Projeto Gráfico
e-Tec Brasil3
Prezado estudante,
Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil!
Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma
das ações do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo
principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação
Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando
caminho de o acesso mais rápido ao emprego.
É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre
a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias
promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de
Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos
e o Sistema S.
A Educação a Distância no nosso país, de dimensões continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da
formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou
economicamente, dos grandes centros.
A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do
país, incentivando os estudantes a concluir o Ensino Médio e realizar uma
formação e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições
de educação profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas
sedes das instituições quanto em suas unidades remotas, os polos.
Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional
qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz
de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com
autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social,
familiar, esportiva, política e ética.
Nós acreditamos em você!
Desejamos sucesso na sua formação profissional!
Ministério da Educação
Novembro de 2011
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br
Apresentação e-Tec Brasil
e-Tec Brasil5
Indicação de ícones
Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.
Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o
assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.
Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão
utilizada no texto.
Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes
desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos,
filmes, jornais, ambiente AVA e outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em
diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa
realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.
Sumário
Palavra da professora-autora	 11
Aula 1 – Ética e moral	 13
1.1 Introdução à Ética	 13
1.2 Introdução à Moral	 14
1.3 A visão ética de Einstein	 16
Aula 2 – Valores éticos individuais e organizacionais	 19
2.1 Valores e virtudes	 19
2.2 Consciência ética	 21
Aula 3 – Conduta humana fundamentada na ética	 23
3.1 A conduta ética	 23
3.2 Os dilemas pessoais e profissionais que enfrentamos	 23
3.3 Os interesses pessoais	 24
Aula 4 – Por que falar sobre ética?	 27
4.1 Decisões éticas e antiéticas
na história da humanidade		 27
4.2 Pesquisas científicas	 28
4.3 Internet com ética	 29
Aula 5 – A conduta cidadã	 31
5.1 Evolução do conceito de cidadania	 31
Aula 6 – Cidadãos: direitos e deveres cotidianos	 35
6.1 Cidadão ou consumidor do governo?	 35
6.2 O “jeitinho” é um traço cultural brasileiro?	 36
Aula 7 – Ética profissional	 39
7.1 O que é profissão?	 39
7.2 Virtudes exigidas na conduta profissional	 40
7.3 Código de ética de uma profissão	 40
e-Tec Brasil
Aula 8 – Código de ética	 43
8.1 Código de ética empresarial e profissional	 43
8.2 Como se elabora um código de ética empresarial	 44
Aula 9 – Gestão da reputação do profissional	 47
9.1 A ética, a reputação e a imagem do profissional	 47
9.2 Direito de uso de imagem	 47
Aula 10 – Ética na administração e gestão	 53
10.1 Habilidades para a administração	 53
10.2 Mudanças na natureza do trabalho
e a necessidadedo desenvolvimento
de novas habilidades de gestão	 	54
Aula 11 – Questões éticas envolvidasnos relacionamentos
interpessoais no trabalho	 57
11.1 O processo de comunicação	 57
11.2 Ruídos de comunicação e conflitos	 58
Aula 12 – Adversidades no ambiente de
trabalho e o papel da liderança	 61
12.1 A linha que separa a firmeza
da liderança e o assédio moral	 	 61
12.2 Resiliência: suportando pressões
num ambiente de adversidades		 61
Aula 13 – A gestão da diversidade
valorizando as diferenças no
convívio social e profissional – I	 65
13.1 A gestão da diversidade	 65
13.2 Afrodescendentes no Brasil	 65
13.3 A política de cotas no Brasil	 67
Aula 14 – A gestão da diversidade
valorizando as diferenças no
convívio social e profissional – II	 69
14.1 Exemplos de superação	 69
14.2 A normatização brasileira garantindo a
inclusão de pessoas com deficiência		 70
Aula 15 – A segurança no trabalho
para pessoas com deficiência	 73
15.1 Conceito de deficiência	 73
15.2 Pessoas com deficiência no ambiente de trabalho	 74
15.3 Segurança e medicina no trabalho
para pessoas com deficiência		 75
Aula 16 – Interculturalidade, relações
interpessoais e a conduta ética profissional	 79
16.1 A influência do contexto cultural
no comportamento ético profissional		 79
16.2 A moral brasileira	 79
Aula 17 – Ética nas negociações	 81
17.1 O “sim” nem sempre é o suficiente	 81
17.2 Natureza do conflito	 81
17.2.2 Conflitos devem ser evitados?	 82
Aula 18 – A ética no setor público	 85
18.1 O código de ética do servidor público	 85
Aula 19 – A ética, a transparência e a
responsabilidade social	 89
19.1 Como a responsabilidade social
se insere na gestão das organizações	 89
19.2 A gestão socialmenteresponsável dos
negócios e o respeito à diversidade		 90
19.3 O que a responsabilidade tem a
ver com a segurança do trabalho?		 91
Aula 20 – Ética pessoal, pública e privada	 93
20.1 Decisões éticas são tomadas por pessoas éticas	 93
Referências	 95
Atividades autointrutivas	 99
Currículo da professora-autora	 119
e-Tec Brasil
Palavra da professora-autora
e-Tec Brasil11
Querido aluno,
Ética é um tema sempre presente no nosso cotidiano desde o relacionamento
pessoal e profissional até a reflexão sobre as descobertas feitas por pesquisas
científicas feitas cujo impacto leva ao questionamento sobre os limites do
controle da vida do ser humano. Nós nos deparamos frequentemente
com escândalos e tendemos a crer que a falta de ética é a regra geral, na
conduta do homem. Quero, neste livro, ressaltar que cabe a cada um de
nós o comportamento ético e moral diário dando a devida importância ao
exercício pleno da cidadania contribuindo para a formação de pessoas e
profissionais que construam uma Nação melhor.
Iniciaremos nossa abordagem com os conceitos fundamentais de ética, moral,
cidadania, valores, conduta ética, dilemas éticos e consciência ética. Vistos
estes conceitos, vamos aplicá-los no cotidiano do homem e do profissional,
voltando para a gestão. O profissional de segurança do trabalho, assim como
aqueles de diferentes áreas, se depara diariamente com situações em que
seus valores são colocados à prova.
Quais parâmetros considerar para a tomada de decisão? Vamos discutir
amplamente neste livro os temas voltados para a gestão e sua relação com
as bases éticas fundamentais. Liderança, comunicação, relacionamento
interpessoal, código de ética profissional e organizacional, gestão da
reputação, valorização da diversidade, ética no serviço público são alguns
temas sobre os quais você refletirá em termos de consciência e conduta ética.
Ao final deste livro, fica a pergunta: Ética pública e privada: há luz no fim do
túnel? Vamos refletir e responder juntos a partir das discussões que fizemos
ao longo desta obra. Artigos, vídeos, entrevistas e enquetes complementam o
conteúdo apresentado a partir da percepção de outras pessoas e nos permitem
comparar o que foi visto neste livro, nossa própria percepção e a contribuição
de terceiros. Minha sugestão é que você leia, reflita e discuta com os seus
colegas, construindo coletivamente o conhecimento sobre este tema.
Boa leitura e bom trabalho!
Professora Elaine Cristina Arantes
e-Tec Brasil13
Aula 1 – Ética e moral
Na primeira aula, vamos abordar os conceitos fundamentais de
ética e moral desde sua abordagem nos tempos antigos, antes
de Cristo até nossos dias. Vamos refletir sobre a base destes
conceitos e compreender a diferença entre o que é moral, imo-
ral e amoral.
Desde já, quero deixar claro que não é minha pretensão abordar a ética
e seus conceitos correlatos em bases filosóficas, mas trazendo para nosso
cotidiano a reflexão sobre o que é ético e antiético assim como a relação do
cidadão com seu município, estado e país na busca pelo bem comum.
1.1 Introdução à Ética
Há uma confusão na compreensão dos termos ética e moral, inclusive levan-
do a crer que ambos têm o mesmo significado. Deixo claro que isto não está
correto. Vamos compreender o conceito de ética para depois diferenciá-lo
de moral.
Quando falamos sobre ética, parece que as coisas estão indo mal. Parece
que há uma crise e logo nos reportamos a escândalos envolvendo a admi-
nistração pública. Ora, cada um de nós tem sua própria ética baseada nas
regras impostas pelo grupo do qual fazemos parte cujas ações se fundamen-
tam na cultura transmitida de geração a geração e que nos diz o que é certo
ou errado.
“A ética, como ciência do ethos, é um saber elaborado segundo regras ou
segundo uma lógica peculiar” segundo o ensinamento de Patrus-Penas e
Castro (2010, p. 32).
É a ética, conforme Srour (2011, p.21), que esclarece o motivo que leva os
agentes sociais a tomarem esta ou aquela decisão, orientados por este ou
aquele valor, condicionados por estes ou aqueles interesses. Portanto, ser
ético, significa ser um agente social cujas decisões são fundamentadas na
moral do grupo ao qual pertence e são tomadas com base em valores e in-
teresses que busquem o bem comum.
Colombo et. al (2011, p.11) recorre a Vázquez (2005) para ensinar que ética
“pode ser compreendida como ‘teoria, investigação ou explicação de um tipo
de experiência humana ou forma de comportamento dos homens’ e possui
como função fundamental estudar a essência do comportamento moral”.
O termo ética foi trazido pelos trabalhos de Pitágoras em VI a.C. e por Aris-
tóteles, em IV a.C. em sua obra “Ética a Nicômaco”.
Cada sociedade tem sua ética própria, assim, não podemos dizer que há cer-
to ou errado quando se compara o papel que se atribui à mulher no ocidente
com aquele preconizado no Oriente Médio ou na cultura muçulmana. Veja
o exemplo da Figura 1.1, em que a mulher muçulmana está usando uma
burka, vestimenta que não é adotada pela mulher ocidental.
Figura 1.1: Burka – vestimenta obrigatória para as mulheres mulçumanas.
Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
1.2 Introdução à Moral
Colombo et. al (2011 p. 25) indica que, para Vásquez (2005) o compor-
tamento moral é legislado pela ética. Os autores reforçam ainda que “a
ética vai definir o que é bom e investigar princípios da moralidade de uma
sociedade. Ela fundamenta e justifica certos comportamentos, mas não cria
a moral”.
A moral de um povo é o conjunto de normas vigentes consideradas como
critérios que orientam o modo de agir dos indivíduos daquela sociedade.
“Quando se qualifica um comportamento como bom ou mau, tem-se um
critério que é definido no espaço da moralidade” ensina Rios (2011, p. 29) e
isso interessa à ética no sentido de procurar o fundamento dos valores que
oferecem sustentação para este comportamento bom ou mau.
Preconizado: que se
preconizou; aconselhado,
recomendado. Fonte: http://
aulete.uol.com.br/preconizado.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 14
Observe que a Figura 1.2 resume e diferencia a ética como disciplina teórica
e a ética individual, a moral e a conduta.
Figura 1.2: Terminologia para ética, moral e conduta.
Fonte: SROUR, HENRY, 2003.
A origem da palavra “ética”, conforme Srour (2011, p. 18), está no “caráter
distintivo, os costumes, hábitos e valores de determinada coletividade ou
pessoa”. Daí surge a confusão entre ética e moral, pois a palavra “costume”
foi traduzida em latim por mos ou mores no plural, derivando a palavra mo-
ral, no português.
Vamos nos reportar a Srour (2011, p. 21) para a definição de ética como
sendo “o estudo dos fatos sociais, ou seja, relações entre agentes histori-
camente definidos. A Ética é o conhecimento científico dos fatos morais”.
As escolhas que estes agentes fazem considerando suas avaliações sobre o
bem e o mal; o mal e o bem (quando se admite que há um mal necessário
para que um bem maior seja atingido); o bem e o bem (quando só é possível
beneficiar uma das partes como exemplificado na Figura 1.3); e o mal e o
mal (quando se admite que “entre os males, o menor”) é o que diferencia
fatos morais (estudados pela ética) de fatos sociais (do cotidiano).
Figura 1.3: A escolha entre o bem e o bem: o que é bom para a gazela não é bom para a leoa.
Fonte: ©Brocken Inaglory/Wikimedia Commons.
e-Tec BrasilAula 1 – Ética e moral 15
Temos então que moral, para Rios (2011, p. 32) é “um conjunto de normas
e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos em uma comunidade
social dada”. Estas normas e regras, para Rios (2011, p. 32) “se sustentam
nos valores criados pelos sujeitos em suas relações entre si e com a natureza”.
1.3 A visão ética de Einstein
A humildade, afabilidade, cordialidade e confiança naquilo que fazia eram
características de Albert Einstein (veja Figura 1.4) cuja irreverência, segundo
Sá (2010, p. 46) era fruto de seu inconformismo. Sua visão ética sobre a vida
foi um de seus legados, além das brilhantes pesquisas no campo da Física
e da Matemática. Sá (2010, p. 47) reforça alguns dos princípios éticos de
Einstein:
•	 Valor para a simplicidade, liberdade e respeito a cada ser;
•	 Recusa a normas, dogmas, inconformismo e submissão;
•	 Aceitação daquilo que se pode compreender;
•	 Repúdio à escravidão;
•	 Confiança na criatividade do ser humano;
•	 Crença de que os males são resultado do desamor e da ignorância;
•	 Aceitação de que não se ensina ou aprende o que não se ama;
•	 Fama merece cautela, pois causa inveja e ressentimento.
Albert Einstein nasceu na Alemanha em 1879.
Conhecido por ter desenvolvido a teoria da
relatividade, seu trabalho abriu caminho para
o desenvolvimento da energia atômica. Rece-
beu em 1921 o Prêmio Nobel de Física pela
sua teoria quântica, esclarecendo o efeito fo-
toelétrico. Perseguido pelos nazistas, deixou
a Alemanha passando a morar nos Estados
Unidos, como cidadão americano onde fa-
leceu em 1955. Em 2009 foi eleito por 100
renomados físicos em todo o mundo como o
físico mais memorável de todos os tempos.
Figura 1.4: Albert Einstein em 1921.
Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
Assista ao vídeo com a
entrevista concedida pelo
Prof. Mario Sergio Cortella
a Jô Soares, exibido pela TV
Globo e disponível no link
http://www.youtube.com/
watch?v=QK5LDsEKuEA. Nesta
entrevista, Cortella fala sobre
ética e explica conceitos
como: moralidade;
amoralidade e imoralidade.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 16
Resumo
Nesta aula, vimos que ética e moral não são a mesma coisa. Ética é uma
disciplina teórica que estuda os princípios da moralidade. A moral é um con-
junto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos em
uma comunidade social. Vimos também que alguns dos princípios de Eins-
tein, um gênio que não se rendeu a condutas antiéticas mesmo que tenha
sido perseguido em seu próprio país.
Atividades de aprendizagem
•	 Reflita sobre um personagem da História que tenha deixado um lega-
do ético assim como vimos nesta aula, em relação a Einstein. Faça uma
relação dos princípios desta pessoa e a utilize como exemplo para suas
reflexões sobre os temas que iremos abordar neste livro.
e-Tec BrasilAula 1 – Ética e moral 17
e-Tec Brasil19
Aula 2 – Valores éticos individuais
e organizacionais
Nesta aula, vamos abordar os valores, elementos fundamentais
para as decisões éticas individuais e organizacionais, sejam elas
públicas ou privadas.
A consciência ética também é um tema desta aula e sua abordagem será feita
com base nos exemplos que temos em nosso cotidiano. Vamos saber mais?
2.1 Valores e virtudes
Valores são princípios dos quais não se abre mão. Eles estão na base de
nossa conduta individual assim como são os fundamentos da tomada de
decisão das organizações. Você conhece os valores declarados pela empresa
onde você trabalha? Observe que na Figura 2.1, os valores estão na base do
planejamento estratégico das organizações. Os níveis estratégico, tático e
operacional executam suas tarefas e tomam decisões com base nas crenças
da organização.
Sá (2010, p. 79), recorre a Aristóteles para ensinar que “aos hábitos dig-
nos de louvor chamamos virtudes”. Vale aqui ressaltar que os virtuosos são
dignos de louvor ainda que o meio em que vivam ou trabalhem não pro-
porcione a prática da conduta virtuosa. A conduta virtuosa (respeitar todos
os seres, por exemplo) é uma qualidade fundamental no campo da ética e
somente é possível para pessoas com valores (respeito, por exemplo) fortes.
Figura 2.1: valores da organização na base de seu planejamento estratégico.
Fonte: elaborada pela autora.
Veremos mais adiante a importância dos códigos de ética profissionais e
organizacionais, contudo, vale aqui observar que de nada adianta existirem
padrões de conduta se as pessoas não se identificarem legitimamente com
seus princípios.
Quando os valores mudam os costumes também mudam, a legislação acom-
panha esta mudança e estabelece limites para o convívio harmonioso e este
conjunto determina o comportamento ético das pessoas naquela sociedade.
Por exemplo, na década de 50 não se imaginava que as mulheres traba-
lhassem fora de casa. O valor atribuído à presença da mulher no mundo do
trabalho era diferente daquele que vemos atualmente, no século XXI.
A mudança deste valor leva a uma mudança de costumes, pois atualmente
não somente a mulher trabalha como já se vê uma mudança radical de valo-
res em que o homem passa a se dedicar mais às atividades domésticas. Com
esta mudança de valores e costumes, a legislação que prevê os direitos das
mulheres passa a reger situações como a obrigatoriedade de berçário para
empresas com um número mínimo de mulheres empregadas.
Para Rios (2011, p. 29), “não é apenas no campo da moralidade que se en-
contram valores. Existe valoração na medida em que qualquer interferência
do homem na realidade se dá para conferir um significado a esta realidade”.
Figura 2.2: O papel da mulher nos anos 50 e no século XXI.
Fonte: http://office.microsoft.com
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 20
2.2 Consciência ética
O que fazer se o Código Civil protege o sigilo e a lei fiscal obriga sua quebra?
A consciência, como bem lembra Sá (2009, p. 73) “tem como mais forte o
dever de não trair e de não insurgir-se contra aquele que se tem o dever
de proteger”.
Contudo, quando prevalece o bem público, age a lei no sentido de revelar
aquilo que a consciência leva a omitir. Deveria ser necessária a ação da lei já
que se sabe que a omissão prejudica o bem estar público?
Uma imagem que me vem à mente quando falo sobre consciência ética é a
ocupação, em novembro de 2010, do Morro do Alemão e um ano depois,
em novembro de 2011 a ocupação da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.
Estas duas comunidades mantinham seu próprio código de ética respeitado
não somente pelos próprios traficantes, mas também pelos moradores inde-
pendente de sua opinião a respeito.
Figura 2.3: Ocupação do Complexo do Alemão em novembro – 2010.
Fonte: ©Agência Brasil – ABr/Wikimedia Commons.
A intervenção dos policiais, com apoio do Governo Federal brasileiro se deu
e foi legítima, pois a ética ali predominante entrava em conflito com a ética
da sociedade, prejudicando os moradores daquele local e oferecendo um
exemplo de conduta para outros indivíduos que não condiz com a convivên-
cia saudável que se espera para os seres humanos.
Insurgir: opor-se reagir.
Fonte: http://michaelis.uol.
com.br/moderno/portugues/
index.php?lingua=portugues-
portuguespalavra=insurgir
e-Tec BrasilAula 2 – Valores éticos individuais e organizacionais 21
A consciência ética daqueles que dominavam estas comunidades não condiz
com aquela que é aceita em nossa sociedade. É deste choque de percepções
sobre o que é certo e errado que se origina confrontos com estes aos quais
assistimos.
Sá (2011, p. 74) apresenta alguns estados especiais de manifestação da
consciência ética ao indicar que sentimentos morais, religiosos, partidários e
econômicos assim como as expressões do ego voltadas para o interesse e a
emoção podem tentar a consciência ética a ceder. A qualidade destas mani-
festações é que determina o quanto as circunstâncias ambientais influencia-
rão na firmeza do caráter de quem toma a decisão.
Resumo
Nesta aula, aprendemos que valores são princípios dos quais não se abre
mão, podendo ser individuais ou organizacionais. Vimos que hábitos dignos
de louvor são chamados de virtudes e que de nada adianta códigos da pro-
fissão ou de organizações se as pessoas não internalizarem seu significado.
A consciência ética também foi tema de discussão desta aula em que trata-
mos dos dilemas a que são confrontados os profissionais.
Atividades de aprendizagem
•	 E você, quais são seus valores? Já pensou sobre isso? Quais são as atitu-
des, os posicionamentos dos quais você não abre mão?
Para saber mais sobre a
ocupação da polícia na Favela da
Rocinha em 2011 acesse: http://
veja.abril.com.br/noticia/brasil/
rocinha-ganha-reforco-no-
policiamento-a-pe
Leia o artigo sobre o
pensamento e a obra de
Aristóteles, em especial “Ética
a Nicômaco” disponível no
link http://www.webartigos.
com/articles/5996/1/Etica-a-
Nicomaco/pagina1.html.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 22
e-Tec Brasil23
Aula 3 – Conduta humana
fundamentada na ética
Nesta aula, abordaremos a ética como base para a conduta do
homem, individualmente, nas organizações em que trabalha
ou nos grupos sociais aos quais pertence.
Ao compreendermos que o estudo da ética passa pela normatização das
condutas dos indivíduos, precisamos também conhecer as razões que levam
os indivíduos a aceitarem as normas impostas pelo grupo ao qual pertencem.
3.1 A conduta ética
Você já observou que há situações em que se faz necessária a orientação
quanto às roupas adequadas para situações especiais no cotidiano, no am-
biente de trabalho e no culto religioso. Veja que, no nosso país, não há
penalidades legais implícitas, mas existem punições sociais expressas pela
rejeição do grupo. Já em outros países, o desrespeito às normas de conduta
simples como o uso de vestimentas específicas ferem os princípios religio-
sos e, neste caso existe a punição pela lei. Veremos este tema mais adiante
quando tratarmos da ética presente na interculturalidade.
Neste sentido, vale ressaltar que a conduta humana deve respeitar normas
implícitas no convívio ou explícitas em manuais, códigos ou na lei, por exem-
plo. A palavra “etiqueta” traz este conceito, pois trata-se do respeito à ética
em situações específicas do convívio, como por exemplo à mesa, durante
as refeições; numa cerimônia religiosa; num evento político. O cerimonial
segue uma etiqueta prevista que por sua vez contempla os princípios éticos
fundamentados na moral, nos costumes e valores daquele grupo.
3.2 Os dilemas pessoais e
profissionais que enfrentamos
No exercício de nossa profissão, nos deparamos frequentemente com dile-
mas éticos que exigem reflexão. Por exemplo, o que dizer de um advogado
que deve defender um criminoso? Ou de um contador que, mesmo sabendo
das atividades ilícitas de seu cliente, tenha que lhe prestar serviço? Ou de um
da obrigatoriedade de se reportar um acidente ocorrido no trabalho ainda
que isto cause impactos negativos para a empresa junto à sociedade?
Normatização: (norma+izar)
VTD Estabelecer normas para. Cf.
normalizar. Fonte: http://www.
dicionarioweb.com.br/norma-
tizar.html
A sabedoria de Salomão
Apresentaram-se duas mulheres a Salomão. Uma disse: Senhor, eu e esta
mulher habitávamos na mesma casa. Durante a noite, estando a dormir,
sufocou o filho e, aproveitando-se do meu sono, pôs o meu filho adorme-
cido junto de si e colocou aos meus pés o seu filho que estava morto. De
manhã, olhando de perto para ele, vi que não era o meu filho.
A outra mulher interrompeu: Não, o meu filho é o que está vivo, o teu
morreu. A primeira replicou: Não, o teu é que morreu. O que está vivo
é meu. E continuaram a disputar. Então o rei disse: Trazei uma espada,
dividi em duas partes o menino que está vivo e dai metade a cada uma!.
Cheia de amor ao seu filho, a mulher cujo filho estava vivo suplicou: Se-
nhor, peço-vos que lhes deis a ela o menino vivo e não o mateis!.
A outra, pelo contrário, dizia: Não seja para mim nem para ti, mas divida-
-se. Então Salomão disse: Dai a primeira o menino vivo porque é ela a
verdadeira mãe. E assim todo o povo de Israel soube que a sabedoria de
Deus assistia ao rei para julgar com retidão.
Fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/historia_biblia/17.php.Acesso em: 08 set. 2011.
3.3 Os interesses pessoais
Para Srour (2011, p. 41), interesses são “fatores tão valiosos para os agentes
sociais que eles se mobilizam para satisfazê-los e defendê-los”. O problema
começa quando os interesses pessoais encontram-se no limite do egoísmo e
da ganância. Você se lembra da fraude de 65 bilhões de dólares conduzida
por Bernard Madoff, ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq? A pirâmide
de investimentos que ele criou consistia em usar o dinheiro de novos apli-
cadores para remunerar os antigos. Quando houve uma brusca queda nos
novos investimentos em 2008 face à recessão mundial, o esquema desmoro-
nou. Em junho de 2009, Madoff foi condenado a 150 anos de prisão. Mui-
tos perderam suas economias neste investimento que contava com a boa fé
das pessoas e que acabou prejudicando suas vidas.
Por outro lado, há uma situação interessante a ser observada. Os trabalha-
dores muitas vezes se queixam da pressão sofrida no ambiente de trabalho,
mas quando são chamados a revelar a causa do estresse, não apontam suas
verdadeiras causas acreditando que colocarão em risco sua competência
profissional. Veja o resultado da pesquisa feita pela ONG britânica Mind.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 24
A ONG britânica Mind, voltada para a saúde mental, publicou um le-
vantamento referente ao estresse endêmico que acomete milhões de
trabalhadores no Reino Unido e que acarreta a perda de bilhões de dó-
lares em horas de trabalho. O mais curioso é que 93% mentiram a seus
patrões a respeito do motivo real de seu absenteísmo. Alegaram dores de
estômago, resfriados, dores de cabeça, consultas médias, problemas em
casa ou doenças na família, menos o estresse no trabalho. Não confes-
saram que aguentam cada vez menos as pressões para o cumprimento
de metas, nem tentaram discutir as questões referentes ao ambiente de
trabalho em que prevalece o moral baixo, a baixa produtividade e formas
escapistas de enfrentar tensões.
Fonte: Srour, 2011.
Citado em: www.mind.org.uk/news/4106_the_final_taboo_millions_of_employees_forced_to_lie_about_stress
À medida que cada um olha somente para seus interesses pessoais, cria-se
um círculo vicioso e todos perdem. Veja como a conduta ética permeia vários
aspectos do nosso cotidiano exigindo reflexões constantes!
Resumo
Nesta aula, vimos que o estudo da ética passa pela normatização das condutas
dos indivíduos. Ainda que o interesse pessoal exista, este não deve ser tal que
se exceda para o egoísmo e para a ganância que prejudicam a todos. Por outro
lado, a sinceridade na avaliação de situações difíceis contribui para sua solução
enquanto que condutas evasivas somente levam a uma perda coletiva.
Atividades de aprendizagem
•	 No exercício de sua profissão, você já se deparou com dilemas éticos?
Qual escolha você fez e a que você renunciou? Após sua decisão, qual foi
sua avaliação: a escolha que fez demonstrou ser a mais acertada?
Sugiro que você pesquise
sobre aCAT - Comunicação
de Acidentes de Trabalho
nos links http://www.inss.
gov.br/conteudoDinamico.
php?id=39 e http://www.mps.
gov.br/conteudoDinamico.
php?id=463.
A matéria “Hemofilia e o dilema
ético” disponível no link http://
veja.abril.com.br/blog/genetica/
arquivo/hemofilia-e-o-dilema-
etico/ é um exemplo do estudo
da ética voltado para questões
científicas e de convívio social
envolvendo a ética profissional
na área médica. Neste caso,
um dilema se impõe aos
médicos envolvendo um caso
de paternidade. Leia, reflita e dê
sua opinião. Discuta com seus
colegas a respeito e compare as
opiniões a respeito deste caso.
Endêmico: que tem caráter de
endemia. Peculiar a um povo
ou região. Endemia: Doença
que existe constantemente em
determinado lugar e ataca as
pessoas que aí vivem. Fonte:
http://www.dicionarioinformal.
com.br/end%C3%AAmico
e-Tec BrasilAula 3 – Conduta humana fundamentada na ética 25
e-Tec Brasil27
Aula 4 – Por que falar sobre ética?
Nesta aula, vamos rever alguns temas polêmicos ao longo da
história da Humanidade que nos levam a refletir sobre as ra-
zões para sermos éticos.
“Como querem que eu faça tudo direito se a justiça é morosa, os impostos
são um absurdo, todo dia vemos escândalos com os políticos em quem vota-
mos, o mundo cheio de gente esperta[...] por que eu tenho que ser ético?”
Querido aluno, estas e outras situações não podem servir como parâmetros
para nossa conduta. Vamos saber mais?
4.1 Decisões éticas e antiéticas
na história da humanidade
A história da humanidade revela situações baseadas em decisões antiéticas
que ao longo do tempo foram corrigidas. Ao declarar que a Terra se move
em torno do Sol e não o inverso, Galileu Galilei desafiou a Igreja Católica que
o convocou para julgamento diante do Santo Ofício, em Roma. Condenado
a se retratar publicamente, diz-se que ele teria sussurrado Eppur si muove ou
seja “mas ela se move” referindo-se ao movimento da Terra em torno do Sol.
Imagine que somente no Século XX, a Igreja Católica por meio do Papa João
Paulo II se retratou publicamente, assumindo o erro por esta condenação.
Figura 4.1: Galileu Galilei.
Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
Físico, matemático e astrônomo, o italiano
Galileu Galilei nasceu em Pisa em 1564 e
faleceu em Florença em 1642, na Itália.
Suas pesquisas revolucionaram a ciência
com o enunciado do princípio da inércia e
os estudos sobre o movimento uniforme-
mente acelerado e sobre o movimento do
pêndulo. Descobertas sobre manchas so-
lares, satélites de Júpiter, anéis de Saturno
e estrelas da Via Láctea complementaram
a defesa que fez do heliocentrismo.
4.2 Pesquisas científicas
Em 1996, pesquisadores escoceses surpreenderam o mundo com o resulta-
do da primeira experiência de clonagem de animais: nascia a ovelha batizada
como “Dolly” a partir de uma célula da glândula mamária de uma ovelha
adulta. Na sequência, foram também clonados bois, cavalos, ratos e porcos.
Figura 4.2: A ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado.
Fonte: ©Toni Barros/Wikimedia Commons.
Produzir artificialmente um ser vivo tornou-se objeto de polêmicas entre re-
ligiosos, políticos e movimentos sociais em diversos países. A discussão reto-
mou sua força quando Dolly precisou ser sacrificada, em 2003, devido à uma
doença pulmonar progressiva.
Pesquisas com células tronco nos levam a crer na esperança de cura para
doenças como diabetes, esclerose, Alzheimer, distrofia muscular e Parkinson.
As células embrionárias usadas nestas pesquisas são as únicas com capacida-
de de diferenciação nos 216 tecidos que formam o corpo humano. Por outro
lado, despertam discussões calorosas sobre o acesso do homem a células
embrionárias. A discussão gira em torno da vida de um indivíduo que deixa
de se formar para curar outro ser humano.
Também os resultados de pesquisas são objeto de preocupação dos órgãos
públicos. No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) divulgou diretrizes que promovem a ética na divulgação
dos resultados das pesquisas que são realizadas em nosso país. Esta iniciativa
se deu devido a fraudes ocorridas na comunicação de resultados obtidos por
pesquisadores brasileiros.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 28
Não se pode realizar procedimentos médicos sem a anuência do paciente. A
ética se faz presente na condução de situações como esta já que há grupos
de pessoas incapazes de decisão como crianças e pacientes de hospitais psi-
quiátricos cuja concordância com pesquisas científicas deve se dar por seus
representantes legais. Entram em cena a consciência ética do ser humano e
do profissional fundamentada nos valores do indivíduo que toma a decisão e
nos deveres profissionais éticos esclarecidos no código da categoria.
4.3 Internet com ética
Você faz parte de redes sociais como Orkut, Facebook ou Linkedin? Se a res-
posta for afirmativa, você sabe quantas mudanças ocorreram nestes espaços
virtuais buscando oferecer alguma privacidade aos seus participantes. Então
você também sabe o quanto esta privacidade é cada vez mais difícil de se
obter. Os usuários da internet consomem a informação quando quiserem e
a utilizam da maneira que desejarem. Quantos processos já foram movidos
por pessoas que se sentiram prejudicadas pelo uso indevido de seus nomes,
comprometendo a imagem pessoal e profissional! Ainda que seja possível
descobrir a fonte de observações equivocadas feitas na internet, somente
com o apoio da Justiça pode-se consultar os provedores e então fazer mo-
vimentos para tentar restabelecer a imagem de quem se sentiu prejudicado.
O fato é que não é possível haver um controle 100% efetivo sobre o que
acontece no ambiente virtual. Dependemos da consciência ética das pessoas
que nele navegam para que seu uso seja feito para o bem comum. É isso que
você vê no seu dia a dia?A pirataria na internet ocorre quando se obtém có-
pias não autorizadas de bens para uso pessoal (Srour, 2011), da mesma ma-
neira que estas cópias são vendidas no mercado, nas ruas ou nas casas, sem
autorização legal. A moral do oportunismo se instala e a conduta antiética
é justificada pela necessidade do suprimento de necessidades básicas do ser
humano. Esta conduta se justifica? Srour (2011, p. 38), indica que “raciona-
lização antiética” está na base desta conduta orientando práticas racionais
fundamentadas no que Sá (2010, p. 263), chama de “ética da mentira”. As
pessoas estabelecem um conjunto articulado de justificativas para seus atos
imorais e ilícitos, condenados pela sociedade.
A ovelha Dolly foi o primeiro
mamífero clonado e teve que
ser sacrificada devido à uma
doença pulmonar progressiva.
Saiba mais lendo: http://www1.
folha.uol.com.br/folha/ciencia/
ult306u8462.shtml acessado
em 04/12/2011.
Pesquisas com células tronco são
o tema da matéria publicada em
http://veja.abril.com.br/idade/
exclusivo/celulas_tronco/01.
html.Acesso em: 04 dez. 2011.
Leia esta matéria e reflita sobre
os avanços que as pesquisas
científicas podem trazer para
a medicina e considere as
polêmicas geradas por estes
movimentos científicos.
Leia no link http://www.
inovacaotecnologica.
com.br/noticias/noticia.
php?artigo=cnpq-
diretrizes-eticas-
pesquisaid=010175111026.
Acesso em: 04 dez. 2011 sobre
as diretrizes éticas estabelecidas
no Brasil pelo CNPq para que
sejam feitas pesquisas científicas.
e-Tec BrasilAula 4 – Por que falar sobre ética? 29
Resumo
Nesta aula, vimos que ao longo da história da Humanidade foram tomadas
decisões antiéticas que se basearam nos princípios vigentes naquele momen-
to e que norteavam a conduta da sociedade. Vimos também que polêmicas
são levantadas a partir de pesquisas científicas realizadas na busca pela cura
de doenças. A ética na internet é um tema contemporâneo que precisa ser
considerado orientando o comportamento dos indivíduos no sentido de pro-
mover um convívio harmônico de todos.
Atividades de aprendizagem
•	 Em que medida é válido colocar em risco seres vivos ou mesmo colocá-los
em risco para se desenvolver pesquisas científicas? Observe quantos ex-
perimentos são feitos e relacione seus benefícios comparando-os com os
riscos que apresentam. Reflita sobre os resultados desta análise e compare
com os de seus colegas.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 30
e-Tec Brasil31
Aula 5 – A conduta cidadã
Nesta aula, vamos abordar a conduta de cada cidadão em re-
lação aos seus direitos e deveres para com à coletividade a que
faz parte. Vamos refletir sobre a ética presente no cotidiano do
cidadão não somente em relação ao que ele pode exigir do Es-
tado mas no que diz respeito ao cumprimento de seus deveres.
Ao abordar o tema da conduta ética, é fundamental tratar a questão da re-
lação entre o indivíduo e o Estado, ou seja, a cidadania. Já na Roma Antiga
– um período que durou 12 séculos e se iniciou em VIII a.C. com a fundação
de Roma - se estabeleceu os direitos e deveres que cada indivíduo tem para
com o Estado.
5.1 Evolução do conceito de cidadania
Originado na Grécia antiga (1100 a.C. até 146 a.C.) o termo cidadania indica
aquele que habita uma cidade (civitas) e dizia respeito à sua atuação efetiva
o que significava dizer que nem todos eram cidadãos, mas somente aqueles
que usufruíam de privilégios em determinadas classes sociais. O conceito,
naquela época excluía mulheres, crianças e escravos e incluía somente os
homens totalmente livres, ou seja, aqueles que não precisavam trabalhar para
viver. Imagine que o número de cidadãos era bem reduzido.
Figura 5.1: Grécia Antiga.
Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
Na Roma Antiga, cidadania estava relacionada ao exercício de direitos polí-
ticos, civis e religiosos atribuída somente aos patrícios (homens livres, des-
cendentes dos fundadores da cidade); negada aos plebeus (descendentes
de estrangeiros) assim como aos escravos (todos aqueles que não saldavam
suas dívidas, os traidores e os prisioneiros de guerra). Com a expansão militar
romana, o advento da Lei das Doze Tábuas (450 a.C.) assegurou aos plebeus
o acesso ao exercício da cidadania.
Com a queda do Império Romano e o início da Idade Média, as relações
entre o cidadão e o Estado passaram a ser controladas pela Igreja Católica
e com o Feudalismo, a vassalagem estabeleceu uma relação intensa de de-
pendência do camponês. O homem medieval nunca foi cidadão. De alguma
maneira, foram “suspensos” os princípios de cidadania.
A Revolução Francesa, que iniciou em Paris em 14 de julho de 1789, com a
Queda da Bastilha, alterou o quadro político daquele país e foi um marco na
instauração de um Estado democrático voltado para os interesses de todos
os cidadãos e um exemplo seguido por outros países. Com o início da Idade
Moderna foram introduzidos os princípios de liberdade e igualdade na busca
pela justiça e contra os privilégios.
Figura 5.2: Obra de Eugène Delacroix representando
“Marianne” que personifica a República Francesa.
Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
A queda da Bastilha foi o
evento decisivo para o início da
Revolução Francesa de 1789.A
Bastilha era uma velha fortaleza
construída em 1370, utilizada
pelo regime monárquico como
prisão de criminosos comuns.
Para saber mais acesse: http://
www.infoescola.com/historia/
queda-da-bastilha/.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 32
O conceito de cidadania no Estado Democrático de Direito, conforme explica
Luiz Flávio Borges d’Urso está relacionado a
“um status jurídico e político mediante o qual o cidadão adquire direi-
tos civis, políticos e sociais; e deveres (pagar impostos, votar, cumprir
as leis) relativos a uma coletividade política, além da possibilidade de
participar na vida coletiva do Estado. Esta possibilidade surge do prin-
cípio democrático da soberania popular.”
Disponível em: http://www.oabsp.org.br/palavra_presidente/2005/88/.
Acesso em: 04 dez. 2011.
Assim, participar ativamente da condução da gestão pública faz parte do
exercício pleno da cidadania importando não somente em apontar as melho-
rias a serem realizadas, mas também em atuar na direção de sua realização.
A inclusão política se faz por meio do exercício pleno da cidadania o que é
reforçado pela colocação de Dalmo de Abreu Dallari (1998, p. 14),
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a pos-
sibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.
Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social
e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade den-
tro do grupo social”.
Observe que as palavras de Dallari (1998) indicam que “participar ativamen-
te da vida e do governo” é um direito do povo. Você tem exercido este
direito, em seu município? No Brasil, a Constituição de 1988 foi um marco
na conquista do povo pelo seu direito a participar da tomada de decisões no
país. No dia 27 de julho de 88, em que foi promulgada a nova Constituição,
Ulysses Guimarães disse:
“essa será a Constituição cidadã, porque recuperará como cidadãos
milhões de brasileiros, vítimas da pior das discriminações: a miséria”.
“Cidadão é o usuário de bens e serviços do desenvolvimento. Isso hoje
não acontece com milhões de brasileiros, segregados nos guetos da
perseguição social”.
Para relembrar o que foi o
Impeachment do Presidente
Fernando Collor de Mello leia
a reportagem disponível em:
http://g1.globo.com/politica/
noticia/2012/09/impeachment-
de-collor-faz-20-anos-relembre-
fatos-que-levaram-queda.html.
e-Tec BrasilAula 5 – A conduta cidadã 33
Movimentos populares como a Ação Ci-
dadania Contra a Miséria e pela Vida, li-
derado por Betinho e a ação dos “caras
pintadas” que incentivou o impeachment
do Presidente Fernando Collor de Mello
são exemplos do exercício destes direitos.
Outro exemplo é o recolhimento correto dos impostos que deve ser feito por
todos os cidadãos da mesma maneira que devem contribuir para a manuten-
ção da segurança e do patrimônio público. Considerando estes exemplos,
você diria que temos exercido a cidadania de maneira plena?
Vale também ressaltar que a cidadania empresarial é também uma maneira
de as organizações cumprirem com seus deveres ao mesmo tempo em que
usufruem de seus direitos na relação com os públicos que de alguma manei-
ra são impactados por suas atividades. A cidadania empresarial está presente
quando uma organização oferece aos seus funcionários mais do que prevê
a lei, como no caso de berçário, creche, assistência médica extensiva a fa-
miliares, integração de pessoas com deficiência ao ambiente de trabalho e
promoção de seu relacionamento saudável com os colegas, etc. Este é um
termo que tem sido cada vez mais utilizado no Brasil desde que o Instituto
Ethos de Responsabilidade Social iniciou suas atividades, em 1998, estimu-
lando o investimento em projetos sociais e ambientais pela iniciativa privada.
Resumo
Nesta aula, vimos que o conceito de cidadania evoluiu desde a Roma e a
Grécia Antigas até os dias de hoje, mudando ao longo do tempo face aos
novos cenários políticos que se apresentavam. Durante o Feudalismo, vimos
que os princípios relacionados à cidadania ficaram “suspensos” com a insta-
lação de relações de dependência entre o homem e o Estado que passava a
ser controlado pela Igreja Católica.
Atividades de aprendizagem
•	 Observe a conduta das pessoas que você conhece (a sua própria, inclusi-
ve!) e analise se todos estão praticando plenamente a cidadania no senti-
do de exercer o direito à gestão pública seja de seu município, seu estado
ou do nosso país.
A Declaração dos Direitos
Humanos que se encontra
na íntegra no link http://
www.onu-brasil.org.br/
documentos_direitoshumanos.
php, foi proposta pela ONU –
Organização das Nações Unidas
e assinada por todos os Estados
Membros garantindo “a todos
os membros da família humana
e de seus direitos iguais e
inalienáveis é o fundamento
da liberdade, da justiça
e da paz no mundo”.
Figura 5.3: logotipo do movimento
liderado por Betinho.
Fonte: http://www.acaodacidadania.com.br
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 34
e-Tec Brasil35
Aula 6 – Cidadãos: direitos
e deveres cotidianos
Nesta aula, vamos refletir sobre o exercício cidadão face à ad-
ministração pública. Vamos também discutir o conhecido “jei-
tinho brasileiro” de se resolver as situações delicadas.
Há aqueles que afirmam que se trata de um traço cultural do povo brasileiro,
enquanto outros defendem a afirmação de que se trata de pura falta de ética
mascarada pela culturalidade. Vamos conhecer o que alguns pesquisadores
dizem a respeito e refletir sobre seus ensinamentos, comparando-os com o
que vemos no nosso cotidiano.
6.1 Cidadão ou consumidor do governo?
Em seu artigo, Mintzberg (1998, p. 151), retoma o questionamento feito
por Tom Peters sobre a máxima que conhecemos: “o direito de uma pessoa
termina quando começa o direito da outra”. Leia atentamente o trecho do
artigo de Mintzberg:
“Eu não quero, diz Tom Peters, um burocrata da prefeitura me criando
dificuldades. Eu quero tratamento apropriado, rápido,eficaz e profis-
sional. Mas o que acontece se meu vizinho quiser uma permissão para
aumentar a casa dele, fazendo sombra sobre a minha?Quem é o clien-
te da prefeitura neste caso?” MINTZBERG, 1998.
Você sabia?
Henry Mintzberg (nascido nos EUA em 1939) é reconhecido mundial-
mente como uma referência nas áreas de estratégia e gestão de negócios.
Mintzberg afirma que o gestor gerencia os negócios em três níveis: ação,
informação e pessoas.
Thomas Peters (nascido em 1942/EUA) é uma referência mundial na ges-
tão de negócios. “Destruição Criativa” e “Descontinuidade” são temas
que ele aborda alertando para a gestão nociva da manutenção de antigos
paradigmas.
Com base no que vimos até agora, vale lembrar Matias-Pereira (2010, p. 37)
quando indica que o conceito de cliente pode ser ampliado quando se fala
em administração pública “considerando o cidadão como um cliente que
recebe serviços ao mesmo tempo em que se concebe a organização como
um sistema integrado de provedores internos e externos”.
Observe como temos aqui afirmações que se complementam: o cidadão
pode ser visto como um consumidor na medida em que interage com a
gestão pública como provedor externo de informações, recolhimento de tri-
butos, conservação de patrimônio público, etc. Vale aqui ressaltar que na
iniciativa privada, as organizações cada vez mais têm envolvido os consumi-
dores no desenvolvimento e aperfeiçoamento de seus produtos e serviços.
Também as organizações têm sido cobradas pela sociedade pelo exercício
da “cidadania empresarial” ou seja, seu comprometimento com a gestão do
que é público por meio de parcerias estratégicas. O exercício da cidadania
empresarial não se limita ao recolhimento de tributos, é mais amplo do que
isso. São exemplos de cidadania empresarial: programas de inclusão social
por meio de investimento social; integração de pessoas com deficiência no
ambiente de trabalho, indo muito além do que exige a legislação; preserva-
ção meio ambiente, entre outros.
6.2 O “jeitinho” é um traço
cultural brasileiro?
O antropólogo Roberto da Matta (2009), ao discutir o tema: “O jeitinho brasi-
leiro é uma forma de corrupção?” ensina que esta forma de resolver situações
difíceis contando com a benevolência dos outros poderia ser mundial, não
fosse em países como a Alemanha ou Suíça onde impera a rigidez no cum-
primento das normas. Para este autor, o mesmo “jeitinho” que facilita a vida
no cotidiano também coloca o brasileiro acima da lei: “o jeitinho se confunde
com corrupção porque desiguala o que deveria ser tratado com igualdade”.
Para da Matta, há uma questão sociológica envolvida no “jeitinho” que es-
tabelece uma relação ruim com a norma estabelecida para todos. O cidadão
exige o cumprimento da lei pelo político que ocupa um cargo público, mas
por outro lado, pede a um parente que faça “vista grossa” sobre um tributo
não recolhido. Como lidar com a ética nesta situação? Como dizer que o
representante do povo foi antiético e precisa ter seus direitos políticos cassa-
dos se o próprio cidadão transgride a lei.
Leia o artigo “Você tem
cultura?” escrito por Roberto da
Matta e disponível no link http://
www.arq.ufsc.br/urbanismo5/
artigos/artigos_mr.pdf
Acesso em: 21 dez. 2012.
Compreenda a reflexão que o
autor faz sobre “o agir cultural”
brasileiro de dizer
que não tem cultura.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 36
Resumo
Aprendemos nesta aula, que a relação entre os cidadãos e o governo precisa
ser muito mais intensa do que o mero recolhimento de tributos e sua apli-
cação na área pública. A participação do cidadão na gestão faz a diferença
entre ser apenas consumidor e ser cidadão atuante na gestão pública. Vimos
também que o “jeitinho brasileiro” é uma maneira que encontramos de
resolver situações difíceis usando subterfúgios ou contando com a bene-
volência dos outros.
Atividades de aprendizagem
•	 Discuta com seus colegas as seguintes colocações: Al Gore quando era
vice-presidente dos EUA afirmou que o povo americano é consumidor
do governo; Henry Mintzberg se diz mais do que mero consumidor do
governo. Qual sua percepção sobre estas duas colocações? O que dizem
seus colegas a respeito?
Anotações
Subterfúgio: pretexto
para evitar uma dificuldade.
Fonte: http://michaelis.uol.
com.br/moderno/portugues/
index.php?lingua=portugues-
portuguespalavra=
subterf%FAgio
e-Tec BrasilAula 6 – Cidadãos: direitos e deveres cotidianos 37
e-Tec Brasil39
Aula 7 – Ética profissional
Nesta aula, veremos o conceito de profissão e as virtudes que
seu exercício exige.
Discutiremos a relação entre a habilidade técnica no exercício da profissão e
a prática das virtudes universais que permeiam as profissões.
7.1 O que é profissão?
O “exercício habitual de uma tarefa, a serviço de outras pessoas” é o concei-
to que Sá (2009, p. 155) atribui à profissão. Os benefícios, tanto para quem
desempenha esta tarefa como para quem é beneficiado por sua execução
também integram este conceito.
Figura 7.1: Profissões.
Fonte: IFPR 2013.
A ética, para Sá (2009) ,permeia o exercício da profissão na medida em que a
conduta profissional condizente com a moral e a regulação feita pela lei ga-
rantem benefícios para os profissionais, a categoria à qual pertencem e para
a sociedade. Vale aqui ressaltar que a conduta ética universal independe das
culturas cujos costumes são diferenciados, ou seja, o zelo, a honestidade,
e a competência são virtudes desejadas em qualquer exercício profissional
independente da área de atuação ou cultura em que for desenvolvido. Uma
frase de Sá (2009, p. 164) é significativa: “A profissão não deve ser um meio,
apenas de ganhar a vida, mas de ganhar pela vida que ela proporciona, re-
presentando um propósito de fé”.
7.2 Virtudes exigidas
na conduta profissional
Para o exercício de uma profissão, habilidades técnicas são exigidas. A per-
gunta que coloco para sua reflexão é: somente habilidades técnicas são su-
ficientes para que seja virtuoso o exercício de uma profissão? Na matéria
publicada na edição especial “Veja na História”, observa-se que durante a
Segunda Guerra Mundial, médicos nazistas utilizaram as técnicas da pro-
fissão para uma determinada finalidade que inclui pesquisas. Não é preciso
dizer que tais práticas foram e continuam sendo condenadas pela ausência
absoluta de respeito à dignidade humana, virtude necessária à prática de
qualquer profissão. Sei que o exemplo é extremo, mas coloco aqui para que
não nos esqueçamos que a prática de nossas profissões requer acima de
tudo o exercício da moral e da ética colocando em prática as virtudes univer-
sais que permeiam os relacionamentos, em nossa sociedade.
7.3 Código de ética de uma profissão
Em seu livro, Sá (2009, p. 152) ensina que “a profissão pode enobrecer pela
ação correta e competente, pode também ensejar a desmoralização, através
da conduta inconveniente, com a quebra de princípios éticos.” Ao pertencer
a uma classe profissional, qualquer que seja sua natureza, o indivíduo assu-
me um compromisso com a sociedade e com os colegas de profissão. O que
dizer de um médico ou um enfermeiro que negligencia os cuidados com um
paciente? E um professor que desrespeita um aluno? Veja os políticos! Te-
mos aqueles que se dedicam ao exercício da representação popular e aque-
les citados negativamente pela mídia. Observe como existe uma tendência a
generalizar a atuação profissional, fazendo referências negativas ou positivas
a uma classe profissional apenas pela observação de um ou de alguns indiví-
duos cuja ética é questionável pela sociedade.
Leia a matéria publicada na
edição especial Veja na História,
disponível no link http://veja.
abril.com.br/especiais_online/
segunda_guerra/edicao006/
sub2.shtml
Acesso em: 22 jan. 2012.
Reflita sobre exemplos de outras
atuações profissionais em que
somente o domínio da técnica
não é suficiente para garantir a
conduta ética do profissional.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 40
Resumo
Aprendemos, nesta aula, que o conceito de profissão envolve a prática ha-
bitual de uma tarefa e pressupõe a conduta ética do profissional que a de-
senvolve. Virtudes como zelo, honestidade, e competência são inerentes ao
exercício de qualquer profissão independente do país e da cultura onde for
colocada em prática.
Atividades de aprendizagem
•	 Discuta com seus colegas o seguinte tema: em que medida a ampliação
do conhecimento de um profissional para além das habilidades técnicas
contribui para sua conduta ética?
Anotações
e-Tec BrasilAula 7 – Ética profissional 41
e-Tec Brasil43
Aula 8 – Código de ética
Nesta aula, vamos falar sobre o código de ética empresarial e
profissional e para finalizar, abordaremos o código de ética do
técnico em segurança do trabalho.
Inicialmente, vamos compreender o que tem motivado as organizações a re-
digirem, publicarem e disseminarem um código de ética para os públicos com
os quais se relaciona. Na sequência, discutiremos uma metodologia de pro-
dução do código de ética envolvendo os funcionários de uma organização.
8.1 Código de ética
empresarial e profissional
O que é um código de ética? ARRUDA (2006, p. 526) ensina que se trata
de um documento cujo objetivo é “nortear condutas, mas procedimentos
específicos devem constar de normas, manuais ou políticas definidas concre-
tamente para cada setor ou atividade”.
O código de ética, segundo Patrus-Pena e Castro (2010, p. 48) representa a
“oportunidade de a empresa manifestar os valores básicos que pautam sua
conduta no mundo dos negócios e na relação com a sociedade”.
Desde que o Instituto Ethos iniciou suas atividades no Brasil, em 1998, as
organizações têm discutido o tema da responsabilidade social cujo conceito
volta-se para a gestão do negócio de maneira ética e transparente com os
públicos com os quais se relaciona, pautando-se no desenvolvimento susten-
tável, caminho para sua sustentabilidade.
Com a evolução das discussões sobre este tema, observa-se que as organiza-
ções cada vez mais têm adotado o código de ética como uma ferramenta de
orientação de conduta das pessoas que nelas trabalham. Lembre-se que já
falamos que não existem empresas éticas, mas pessoas éticas que trabalham
nas empresas. As decisões destas pessoas no cotidiano da gestão do negócio
constrói a reputação tanto da organização como dos próprios profissionais
tomadores de decisão.
No sentido de orientar a atuação dos profissionais no sentido da conduta éti-
ca, zelando pela reputação da categoria, é redigido e divulgado o código de
ética da profissão. De quantos casos você já tomou conhecimento por meio da
mídia sobre médicos, por exemplo, que tiveram cassado seu registro no con-
selho da profissão devido à sua conduta antiética? Leia a reportagem sobre a
médica do Hospital Evangélico de Curitiba. Disponível em: http://g1.globo.
com/jornal-hoje/noticia/2013/02/hospital-evangelico-de-curitiba-afas-
ta-47-funcionarios-da-uti.html e faça também outras pesquisas.
8.2 Como se elabora um
código de ética empresarial
Se um código de ética orienta a conduta dos profissionais de uma orga-
nização, então, para que seja efetivo é preciso que eles participem de sua
elaboração. Algumas sugestões são feitas por ARANTES (2011, p. 143) para
que este processo seja inclusivo e educativo. Sugiro que sejam seguidas as
seguintes etapas na produção de um código de ética empresarial:
1.	 Organizar reuniões de trabalho no formato de oficinas.
2.	 Selecionar representantes de todas as áreas da organização para partici-
par das reuniões.
3.	 Iniciar com a explicação sobre os objetivos do trabalho que será realizado.
4.	 Propor uma discussão inicial sobre o entendimento de cada participante
sobre os conceitos: ética, moral, cidadania, valores, entre outros.
5.	 Levantar as situações vividas pelos participantes que exemplifiquem con-
dutas éticas e antiéticas.
6.	 Discutir a necessidade de normas para o convívio harmonioso e produtivo.
7.	 Conhecer códigos de ética de outras organizações.
8.	 Iniciar a elaboração do código de ética da organização utilizando como
base os conhecimentos adquiridos.
9.	 Apresentar para a alta direção e validar o conteúdo.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 44
10.	Organizar reuniões com todos os funcionários divididos por área para apre-
sentação da íntegra do código elaborado e aprovado pela alta direção.
11.	Entregar o código de ética a cada um dos funcionários com protocolo.
12.	Enviar o código de ética para os demais públicos com os quais a organi-
zação se relaciona: fornecedores, principais clientes, governo, parceiros
estratégicos.
13.	Disponibilizar o texto do código de ética no website da organização.
14.	Disponibilizar um canal de denúncias para condutas antiéticas.
15.	Organizar um comitê de ética que avalie as denúncias, dê retorno àque-
les que se identificaram e acompanhe a aplicação do código de ética na
organização.
16.	Tornar público os nomes dos participantes do comitê de ética.
Resumo
Aprendemos. nesta aula, que a conduta de um profissional causa impacto
sobre sua própria reputação assim como sobre a reputação da organização
onde ele trabalha e sobre a categoria à qual ele pertence. Vimos que para
ser efetivo, é preciso que o código de ética de uma organização tenha cunho
educativo e seja elaborado com a participação de representantes de todas as
áreas. Conhecemos também os movimentos que a Federação dos Técnicos
em Segurança no Trabalho estão fazendo para que o profissional da área
tenha aprovado o código de ética de sua profissão.
Atividades de aprendizagem
•	 Pesquise o código de ética da organização em que você trabalha. Você já
o conhecia? Procure saber como ele foi construído e divulgado e se todos
os funcionários têm conhecimento de seu conteúdo, além de seguir aquilo
que nele está indicado. O que você mudaria no texto do código de sua
organização? Caso ela ainda não tenha, reflita sobre a possibilidade de pro-
por uma discussão sobre a ética e os outros temas tratados em nossas aulas.
Conheça o conteúdo do Código
de Ética e Disciplina da OAB
no link www.oab.org.br/
Content/pdf/LegislacaoOab/
codigodeetica.pdf
Acesso em: 14 maio 2013.
e-Tec BrasilAula 8 – Código de ética 45
e-Tec Brasil47
Aula 9 – Gestão da reputação
do profissional
Nesta aula, vamos discutir os impactos causados pela conduta
sobre a reputação de um profissional.
Abordaremos o quanto a exposição dos profissionais nas redes sociais pode
causar impactos positivos e negativos sobre a reputação de um profissional.
9.1 A ética, a reputação e a
imagem do profissional
O patrimônio de um profissional é constituído também da percepção que se
tem dele, de suas decisões na vida pessoal e de sua conduta na organização
com os colegas e na sua relação com o trabalho. Em sua obra, Sá (2010) re-
força o valor do código de ética da profissão no sentido de preservar o nome
profissional que causa impactos em toda categoria.
Ao tratar as condutas antiéticas do ser humano, Sá (2010, p. 153) reforça
a importância de se preservar a imagem pessoal e profissional que faz por
merecer a confiança da sociedade e das organizações. “O que se faz du-
rante toda uma vida, em poucos dias pode desmoronar, diante dos efeitos
malévolos da ação dos caluniadores, traidores, difamadores, chantagistas e
intrigantes” diz Sá (2010, p. 153). Energia e inteligência são necessárias para
que possamos nos contrapor aos resultados das ações que buscam destruir
uma imagem positiva, seja ela pessoal ou profissional.
9.2 Direito de uso de imagem
Pessoas que constroem ao longo de suas vidas uma imagem tão positiva
que acabam se tornando uma celebridade precisam cuidar para que dela
não se faça uso indevido ou sem autorização. Campanhas de comunicação
frequentemente utilizam a imagem de atletas, atores, entre outros para en-
dossar produtos ou serviços de organizações de diferentes segmentos.
A imagem de um profissional é um assunto tão sério que a normatização de
seu uso é feita pela legislação. A lei 9.610 de 19/02/1998 cuja íntegra está
disponível no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm,
acesso em: 05 fev. 2012, dispõe sobre direitos autorais.
Vale aqui ressaltar que também fazem parte desta discussão o direito ao
desenvolvimento de um produto, serviço, autoria de textos ou produções
culturais, entre outros. O INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial é
o órgão que regula os registros de patentes neste campo. Quando patentes
são registradas e seus produtos tornados públicos qualquer utilização sem
autorização prévia ou fazendo a devida referência é punida pela lei.
Da mesma maneira, textos acadêmicos devem fazer referência aos seus au-
tores originais, como fontes de referência. Veja o exemplo deste livro. Inúme-
ros autores são citados, suas referências estão no texto e ao final desta obra.
Assim, quando fazemos trabalhos acadêmicos, devemos seguir as normas
da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas que oferecem as diretri-
zes para as instituições de ensino, como a nossa, e seus alunos. Observe que
o Manual de Normas para a Redação de Trabalhos Acadêmicos do IFPR está
à sua disposição, em nosso portal.
Fica altamente prejudicada a imagem daquele que se apropria de trechos de
obras já publicadas, sem fazer a devida referência, conforme orienta a ABNT.
Para refletir
A matéria intitulada “Reputação on-
-line: como cuidar da sua imagem na
internet” que você lê a seguir aborda
um tema muito atual voltado para o
acesso ilimitado que todos têm sobre
todas as pessoas, apenas digitando
seus nomes num site de pesquisa, na
internet. Você já teve sua privacidade
invadida pela internet? Até que ponto
considera benéfica a participação em
redes sociais como Orkut, Facebook e
outros sites de relacionamento, e de que maneira esta exposição pode preju-
dicar um profissional? Que atitudes você adota para se prevenir de situações
indesejáveis que possam afetar sua imagem como profissional?
Leia no link http://www.
jornaldocampus.usp.br/index.
php/2011/03/professor-
demitido-responsabiliza-aluna-
por-plagio, acesso em: 06 fev.
2012, a matéria sobre uma
caso de apropriação indevida
de trechos de obras
publicadas onde os nomes das
pessoas envolvidas foram
também publicados.
Figura 9.1: Imagem em foco.
Fonte: IFPR 2013.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 48
Reputação on-line: como cuidar de sua imagem na internet
Atenção, você está sendo “googlado”. Qualquer pessoa com conexão à
internet pode ter acesso à informações básicas sobre outra em uma sim-
ples busca em sites, por exemplo, o Google. Inclusive o atual chefe e um
futuro empregador.
Monitorar a imagem e ter certos cuidados antes de se expor nas redes so-
ciais e sites não é uma tarefa impossível. “Ninguém enviaria um currículo
impresso com uma foto de biquíni anexada para tentar uma nova opor-
tunidade de emprego. A necessidade de etiqueta pessoal e profissional
ocorre em qualquer contexto e é apenas mais evidente na internet”, diz
Ana Paula Zacharias, sócia-diretora da Hunter Consulting Group.
Vamos fazer um teste?
1. Pesquise o seu nome:
Observe o que as outras pessoas podem descobrir sobre você e veja se
há textos e fotos comprometedores ou indesejáveis a seu respeito. Muita
gente com blog pessoal e sites de fotos como Flickr ou Fotolog pode se
esquecer de postagens antigas e até com opiniões que já não condizem
com a sua, mas que podem comprometer na busca por um emprego.
Caso o seu nome seja comum ou não apareça nos primeiros resultados,
o escreva entre aspas e veja o que é listado com o nome completo e as
variações possíveis dele. O uso de palavras-chave, como o atual emprega-
dor ou cidade, acompanhadas do nome também ajudam a potencializar
a pesquisa. Altere as configurações de privacidade das redes sociais que
aparecem nos resultados ou delete o conteúdo indesejado. Se o resultado
não puder ser removido, pode ser necessário buscar ajuda especializada.
2. Não adianta se esconder.
Quem prefere não ter conta em redes sociais ou se esconder atrás de ape-
lidos corre outro risco: perder oportunidades. “A escolha de não se expor
deixa o profissional sem visibilidade diante da busca de um recrutador.
Não estar na rede hoje pode ser grave e significar desatualização, princi-
palmente para algumas carreiras”, explica Ana Paula.
Postagens= Pôr-se,
colocar-se. Fonte: http://
michaelis.uol.com.br/
moderno/portugues/index.
php?lingua=portugues-
portuguespalavra=postar
e-Tec BrasilAula 9 – Gestão da reputação do profissional 49
Redes sociais como LinkedIn e o Facebook, se usadas corretamente, po-
dem turbinar a carreira e ser vitrine do seu trabalho. Usá-las a seu favor
conta pontos e pode ser determinante na busca por um emprego ou no
crescimento profissional.
3. O que um recrutador pode procurar?
Em um processo de seleção, por que o recrutador busca os profissionais
na internet antes de decidir se a entrevista de emprego será oferecida?
Usar o Google ou procurar informações nas redes sociais fornecem, de
antemão, dados sobre o perfil da pessoa, que poderá ser o desejado pela
empresa ou não.
Opiniões polêmicas, fotos comprometedoras ou falta de credibilidade po-
dem afetar o julgamento do profissional, mas um recrutador espera sem-
pre encontrar pontos favoráveis sobre o candidato.
“O selecionador quer ter acesso a informações pessoais do candidato,
mas deve entender que um profissional pode se expor na rede diferente-
mente da forma como conduz a vida profissional”, diz Ana Paula.
4. Qual imagem virtual agrada empregadores?
Informações sobre envolvimento em atividades e pessoas relacionadas à
função exercida pelo profissional contam a favor. “É importante que o
profissional seja verdadeiro e ativo nas redes sociais, mostrando uma ima-
gem que condiz com o histórico profissional”, diz Ana Paula.
5. Como melhorar a reputação on-line?
Publique boas informações a seu respeito na internet. Quem possui contas
de blogs, Twitter, Facebook e LinkedIn, entre os principais, pode usar a ati-
vidade online a seu favor. Poste opiniões e textos que condizem com a sua
profissão e use uma linguagem adequada.
Dê uma checada às vezes nas buscas a seu respeito, inclusive nos fóruns de
discussão da web, para não escorregar diante da liberdade de expressão.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 50
Fique atento ainda às configurações de privacidade das suas redes sociais.
Se for preciso, crie um perfil profissional no Facebook, por exemplo, e
mantenha o seu pessoal com configuração para não aparecer em buscas.
“O cuidado sempre tem que existir porque o que você publica pode estar
acessível, mas uma exposição condizente com o seu objetivo pode dar
bons resultados”, aconselha Ana Paula.
Fonte: http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/reputacao-online-veja-como-cuidar-da-sua-imagem-na-internet
Leia a íntegra da palestra
proferida pelo jurista brasileiro
Dalmo de Abreu Dallari sobre
Ética, disponível no link https://
gestao.dnit.gov.br/institucional/
comissao-de-etica/artigos-e-
publicacoes/publicacoes/Etica-
Dalmo%20de%20Abreu%20
Dallari.pdf
Acesso em: 24 abr. 2011. Quais
pontos chamaram sua atenção
no texto? Reflita e discuta com
seus amigos.Resumo
Nesta aula, vimos que a imagem de um indivíduo é elemento fundamental no
patrimônio de uma pessoa e de um profissional. Pessoas, profissionais e orga-
nizações constroem imagens positivas sustentadas por ações que beneficiam
a sociedade. Indivíduos cuja imagem está associada à ética e à retidão de ca-
ráter são frequentemente citados como exemplos para a sociedade. A legis-
lação prevê normas específicas para o uso de imagem e deve ser respeitada.
Atividades de aprendizagem
•	 Faça uma revisão dos perfis que você disponibiliza nas redes sociais. Veja
também as fotos que você publicou. Reflita sobre o impacto que estas
informações pode ter sobre sua reputação como indivíduo e como profis-
sional. Você acredita que é necessário alterar seu perfil nas redes sociais?
Discuta com seus colegas e acompanhe suas reflexões sobre este tema.
e-Tec BrasilAula 9 – Gestão da reputação do profissional 51
e-Tec Brasil53
Aula 10 – Ética na administração
e gestão
Nesta aula, discutiremos a tomada de decisão dos gestores de
uma organização com base em suas habilidades.
Você conhecerá as habilidades necessárias para um profissional atuar na ges-
tão e vamos refletir sobre a atuação profissional do técnico em segurança de
trabalho no contexto organizacional.
10.1 Habilidades para a administração
Uma organização tem três níveis para sua gestão: estratégico, ocupado pela
presidência e diretoria; tático, ocupado pela gerência; e operacional, ocupado
por todos aqueles que não estão nos dois primeiros níveis. Vale aqui lembrar
que quando falamos em nível operacional, não estamos nos referindo apenas
às pessoas que trabalham na indústria, operando máquinas, mas também
aos supervisores, coordenadores, analistas, estagiários, etc.
Em todos estes níveis, é necessário que o profissional domine habilidades que
estão demonstradas na Figura 10.1:
Figura 10.1: As habilidades de um administrador.
Fonte: Chiavenato (2003).
Observe que as habilidades técnicas são mais específicas do nível operacio-
nal, o que não significa dizer que os demais níveis não precisem ter domínio
sobre questões técnicas envolvidas nos processo. Eles precisam, mas numa
intensidade menor. Chiavenato (2003), denomina de “intermediário” ou ”tá-
tico” o nível em que estão os gerentes cuja visão do negócio (habilidades
conceituais) deve ser mais intensa do que o domínio de habilidades técnicas.
Quanto ao nível estratégico, observa-se pela figura 10.1 que as habilidades
conceituais são ainda mais requisitadas (CHIAVENATO, 2003; RIBEIRO, 2009).
Observe, contudo que o relacionamento humano é fundamental na gestão
de um negócio e isto fica claro na figura 10.1, pois as habilidades humanas
aparecem com a mesma intensidade nos três níveis de uma organização.
O exercício da profissão com urbanidade, independente do nível em que
o profissional se encontra é fundamental para que se forme um ambiente
saudável de trabalho em que os profissionais complementem sua formação
técnica e sua visão sobre o negócio em que estão atuando.
10.2 Mudanças na natureza do trabalho e
a necessidade do desenvolvimento
de novas habilidades de gestão
Montana e Charnov (2010, p. 468) chamam nossa atenção para as mu-
danças ocorridas na natureza do trabalho, ao longo do tempo. Conforme
indicam estes autores, em 1979, o maior número de trabalhadores ocupava
a função de balconista, posição anteriormente ocupada pelo operário e, an-
tes deste, pelo agricultor. A mudança estrutural do mundo dos negócios da
fabricação para o processamento de informações. Neste contexto, Montana
e Charnov (2010, p. 468) indicam que funções no campo da informação
tiveram um notável crescimento de 1980 a 1995, passando de uma porcen-
tagem de 17% para 65% da força de trabalho e aumentando significativa-
mente com o acesso à internet.
O perfil do trabalhador tem mudado, exigindo dos profissionais o desen-
volvimento de novos conhecimentos, habilidades e atitudes. Trabalhadores
idosos têm sido cada vez mais percebidos no mercado de trabalho da mesma
maneira que a mudança de valores sociais abriram espaço para a entrada das
mulheres na força de trabalho. Pessoas com deficiência também compõem
uma força de trabalho cuja atuação é regulada pela legislação.
Urbanidade: qualidade do
que é urbano; civilidade. Fonte:
http://michaelis.uol.com.br/
moderno/portugues/index.
php?lingua=portugues-
portuguespalavra=urbanidade.
Para saber mais sobre as
mudanças do perfil do
trabalhador acesse:
http://www.mte.gov.br/fisca_
trab/inclusao/lei_cotas_2.asp
e http://www.procon.sp.gov.br/
categoria.asp?id=680
Acesso em: 05 fev. 2012.
No link http://www.ufrgs.br/
bioetica/eticprof.htm, acesso
em: 17 maio 201,3 você
encontra reflexões sobre a ética
profissional e suas relações
sociais, propostas por Rosana
Soibelmann Glock e José
Roberto Goldim. Neste texto,
são discutidos temas como a
ética da ação voluntária com
uma perspectiva que vai fazê-lo
pensar.
Acesse os links:
http://www.mte.gov.br/fisca_
trab/inclusao/lei_cotas_2.asp
e http://www.procon.sp.gov.br/
categoria.asp?id=680
Acesso em: 17 maio 2013. E
conheça a legislação voltada
para as pessoas com deficiência.
Reflita sobre a atuação do
técnico em segurança do
trabalho para proporcionar
às pessoas com deficiência
condições adequadas para
o desenvolvimento de suas
funções, nas organizações.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 54
Resumo
Nesta aula, vimos que numa organização há três níveis nos quais se distri-
buem os profissionais: estratégico (alta direção); tático (gerência); e opera-
cional (demais funcionários) e que a cada um cabem habilidades conceituais
e técnicas em mais ou menos intensidade. Vimos também que habilidades
humanas são fundamentais para os profissionais nos três níveis para garantir
um ambiente saudável no trabalho. A mudança na força de trabalho das
organizações tem exigido dos profissionais o desenvolvimento de conheci-
mentos, habilidades e atitudes
Atividades de aprendizagem
•	 Faça uma avaliação sobre suas habilidades e verifique se você tem mais
habilidades conceituais do que técnicas. Veja também se você tem desen-
volvido habilidades humanas de maneira a promover um relacionamento
profissional que garanta um ambiente de trabalho saudável com aqueles
que o cercam.
e-Tec BrasilAula 10 – Ética na administração e gestão 55
e-Tec Brasil57
Aula 11 – Questões éticas envolvidas
nos relacionamentos
interpessoais no trabalho
Nesta aula, vamos discutir o processo de comunicação que
permeia as relações interpessoais na organização e os ruídos
que podem ocorrer.
Inúmeras ações promovem um ambiente de trabalho saudável em que as
pessoas se relacionam preservando o respeito ao próximo, adotando um
comportamento ético em suas decisões. No cotidiano da organização, os
relacionamentos entre as pessoas são fundamentais para que o ambiente
saudável de trabalho proporcione condições favoráveis para a tomada de
decisão. São as decisões dos profissionais que garantem a imagem positiva
da organização perante o mercado, fortalecendo o relacionamento com os
consumidores ao longo do tempo como ação importante na conquista da
sustentabilidade do negócio.
11.1 O processo de comunicação
Quando estudamos o processo de comunicação, nos é apresentado um con-
ceito relacionado com o esquema que você vê na figura 11.1.
Figura 11.1: Componentes do processo de comunicação.
Fonte: elaborada pela autora.
A comunicação aparentemente é muito simples: uma mensagem é enviada
por meio de um canal por um emissor para um receptor. Este dá um retorno
(feedback) sobre seu entendimento. O problema está nos ruídos[...]ah! os
ruídos de comunicação!
Feedback: retorno de informa-
ção ou, simplesmente retorno.
11.2 Ruídos de comunicação e conflitos
Na sequência, você vai conhecer algumas situações na área da comunicação
que podem gerar conflitos: comunicação com consumidores de outras cul-
turas; boatos; feedbacks para os membros da equipe. Observe as inúmeras
possibilidades de acontecerem no cotidiano das organizações situações que
podem causar constrangimentos nos relacionamentos abrindo espaço para
condutas impróprias, mesmo que sem intenção.
A gestão da atuação dos profissionais no relacionamento com outras culturas
é papel da liderança da equipe, contudo, cada um dos seus integrantes pre-
cisa ter bem definida a importância de um comportamento adequado a este
contexto. Montana e Charnov (2010, p. 453) apontam que a diferença de
idioma é o primeiro obstáculo ainda que se contrate tradutores para apoio na
comunicação. Gírias e expressões locais dão origem a situações que precisam
ser administradas para não se refletirem em conflitos.
Veja os exemplos apresentados por Montana e Charnov (2010, p. 453):
–– Nos EUA, a General Motors apresentava uma campanha de comu-
nicação em que se referia à qualidade do chassi de seus automóveis
com a expressão: “Body by Fisher” ou “feito por Fisher” em portu-
guês. Esta mesma expressão na Holanda significa: “Cadáver feito por
Fisher”.
–– Numa negociação, o norte americano propôs que as discussões fos-
sem “tabled” ou “adiadas” em português. Para o inglês que estava
na mesa de negociação, esta expressão significa exatamente o con-
trário, ou seja, trazer para discussão.
Boatos são fontes inesgotáveis de conflitos. Palavras mal utilizadas ou percep-
ções inadequadas das pessoas, falta de sigilo e predisposição em se propagar
informações não confirmadas, costumam causar situações constrangedoras
para todos. Você já presenciou alguma situação delicada na organização em
que trabalha envolvendo boatos que levaram a situações conflitantes? Como
esta situação ocorreu e como foi resolvida?
Outra possibilidade de ocorrência de conflitos face à comunicação inadequa-
da se dá em função do feedback (retorno) que os trabalhadores esperam de
suas lideranças. O acompanhamento do desempenho dos funcionários parte
do princípio que critérios de avaliação foram estabelecidos previamente e
comunicados aos funcionários. Reuniões de feedback (retorno) devem ser pe-
Uma nova ótica nos
relacionamentos interpessoais”
é o título do artigo escrito
por Anderson Alberto Canfild,
psicólogo do trabalho. Muito
mais do que habilidade técnica,
a construção de relacionamentos
no trabalho demanda uma
percepção diferenciada sobre as
pessoas. Leia e reflita sobre suas
próprias habilidades.Acesse
http://www.leituracorporativa.
com.br/open.
php?pk=246fk=83id_
ses=4canal=23
Acesso em: 17 maio 2013.
Leia o artigo publicado no link
http://www.administradores.
com.br/informe-se/artigos/a-
etica-do-networking/37375/,
acesso em: 17 maio 2013
e reflita sobre a ética do
networking. Como administrar
um relacionamento de troca
cujas normas não são escritas,
mas estão implícitas? A autora
avisa “Cuide de sua rede de
contatos com ética, ou será
melhor não tê-la”. Reflita
sobre a importância de uma
rede de contatos ativa para a
organização de eventos.
Leia o artigo “Reflexões sobre
o relacionamento interpessoal”
disponível no link http://www.
administradores.com.br/
informe-se/artigos/reflexoes-
sobre-relacionamento-
interpessoal/45725
Acesso em: 17 maio 2013.
Apesar de ser fundamental em
nosso cotidiano, muitas vezes
colocamos de lado nossas
habilidades de relacionamento
devido à carga de atividades que
temos. Reflita sobre o quanto
isso é prejudicial para você e
para as pessoas com
quem você se relaciona e
de quem você gosta.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 58
riódicas entre a liderança e os liderados a fim de que os profissionais saibam
como está sendo percebido seu desempenho, os pontos fortes e aquilo que
precisa ser desenvolvido ou aprimorado. No processo de feedback a comu-
nicação é incentivada e os relacionamentos se consolidam aproximando as
pessoas entre si.
Quando isso não acontece, dúvidas são levantadas pelos trabalhadores não
somente em relação ao seu próprio desempenho, mas também em relação
à atenção que seus superiores dão ao seu trabalho. Isto pode levar à falta de
motivação e comprometimento e, como consequência, resultados negativos
inesperados.
Resumo
Nesta aula, vimos que o processo de comunicação pode apresentar ruídos
que abrem espaço para situações constrangedoras entre as pessoas, com-
prometendo seu relacionamento interpessoal. Situações como diferença de
expressões idiomáticas não são intencionais, mas podem comprometer rela-
cionamentos de negócios. Já os boatos ocorrem a partir de comportamen-
tos inadequados. Os feedbacks, quando feitos corretamente pelas lideranças
para os membros de suas equipes previnem situações delicadas ao indicar a
necessidade de desenvolvimento e aprimoramento de atitudes das pessoas
no ambiente de trabalho.
Atividades de aprendizagem
•	 Você já se viu diante de uma situação como a que foi ilustrada na Figura
11.2? Reflita sobre as consequências para as pessoas envolvidas nesta si-
tuação de ruídos na comunicação. Faça uma relação daquilo que poderia
ter sido feito para evitar esta situação e suas consequências.
e-Tec BrasilAula 11 – Questões éticas envolvidas nos relacionamentos interpessoais no trabalho 59
e-Tec Brasil61
Aula 12 – Adversidades no ambiente de
trabalho e o papel da liderança
Nesta aula, vamos discutir um tema que tem sido objeto de
muitas discussões dentro e fora do ambiente de trabalho: o
assédio moral.
Vamos refletir sobre a seguinte pergunta: qual a diferença entre cobrar re-
sultados com firmeza e assediar moralmente? Falaremos sobre o conceito
de “resiliência”, termo que tem sido utilizado pelas organizações, na gestão
de pessoas.
12.1 A linha que separa a firmeza da
liderança e o assédio moral
Em uma organização, as lideranças são cobradas para alcançar e superar me-
tas. Você pode já ter presenciado uma situação em que o estresse tomou
conta de um líder que se viu pressionado para o alcance de resultados. A
superação destas situações faz parte do papel da liderança, assim como a
capacidade de resistência às pressões deve ser atributo de um líder. Por outro
lado, ser firme na cobrança do alcance e superação de resultados é muito
diferente de pressionar o time de trabalho! É inaceitável que líderes com o
poder de decisão extrapolem os limites impostos pela ética, assim sendo, a
legislação cuida muito bem de lhes impor a adequada punição!
12.2 Resiliência: suportando pressões num
ambiente de adversidades
Inicialmente, vamos compreender o que significa o termo “resiliente”. Este é
um termo utilizado na Física para designar a propriedade que alguns mate-
riais têm de suportar pressão interna ou externa. Alguns materiais retornam
ao seu estado inicial sem qualquer deformação após sofrer algum tipo de
pressão enquanto outros, modificam-se completamente. É o caso por exem-
plo de uma barra de gelo e uma barra de aço. Se você bater no gelo, ele se
quebra, podendo dissolver-se completamente, ou seja, apresenta baixíssimo
nível de resiliência porque ao se exercer uma pressão sobre ele, verifica-se
uma deformação até irreversível. O mesmo não ocorre com o aço que ao ser
pressionado com outro material apresenta pouca ou nenhuma deformação,
o que demonstra seu alto nível de resiliência.
O termo foi incorporado pelas organizações para indicar um profissional que
consegue suportar mais ou menos a pressão do cotidiano por resultados.
Observe que não se trata de aceitar todas
as situações, popularmente conhecido
como “engolir sapo” o tempo todo, mas de
ser capaz de lidar com situações difíceis,
buscando uma saída para os problemas ao
mesmo tempo em que se envolve com as
pessoas da equipe de trabalho.
No esporte, temos no Brasil alguns excelen-
tes exemplos de atletas com altíssimo nível
de resiliência, como Lars Grael que demons-
trou sua capacidade de superar obstáculos
ao recuperar-se e voltar a competir mesmo
após sofrer um acidente que o levou a am-
putar uma perna.
Como diz Cobra (2004, p.12), “Temos que fazer o caminho inverso, redes-
cobrir que somos fortes e que os limites na verdade, não existem. São cria-
dos por nós e vigoram apenas em nossa cabeça.” Lars Grael não permitiu
obstáculos impondo limites em sua vida.
Piovan (2010, p.25), ensina que a pessoa resiliente segue alguns princípios:
1.	 Ter consciência de que é preciso conviver com as dificuldades, pois elas
existem queiramos ou não;
2.	 A Espiritualidade é a compreensão da natureza humana são desejáveis;
3.	 É preciso persistir;
4.	 Decisões difíceis e necessárias ocorrem em nossa vida. É preciso nos de-
dicarmos a elas com a energia necessária;
5.	 Sair de nossa zona de conforto, ou seja, mudar comportamentos ou ações
que estamos acostumados é condição fundamental para o crescimento;
6.	 São as dificuldades da vida nos permitem crescer;
Figura 12.1: Lars Grael.
Fonte: ©José Cruz – ABr/Wikimedia Commons.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 62
7.	 Um ditado chinês fala sobre a resiliência: os chineses dizem que árvores
robustas não se curvam, mas são as primeiras a serem derrubadas por
uma tempestade. Por outro lado, o bambu se curva, se adapta ao am-
biente e sobrevive às tormentas.
Figura 12.2: Árvores frondosas não se curvam como o bambu,
mas são as primeiras derrubadas durante uma tempestade.
Fonte: ©Stefan Wernli/Wikimedia Commons. ©Nitin Pai/Wikimedia Commons.
Resumo
Nesta aula, discutimos a diferença entre cobrar resultados da equipe de
trabalho e praticar assédio moral. Aprendemos que a lei impõe a devida
punição para aqueles que se valem de seu poder de decisão para assediar
moralmente funcionários. Vimos que o termo “resiliência” diz respeito à ca-
pacidade que alguns materiais têm de se manter sem qualquer deformação
mesmo após terem sofrido algum tipo de pressão. Discutimos a utilização
deste termo pelas organizações associando resiliência à capacidade que um
indivíduo tem de suportar as pressões do cotidiano organizacional.
Atividades de aprendizagem
•	 Faça uma avaliação sobre seu comportamento profissional e reflita sobre
o quanto você é resiliente. Você estaria disposto a assumir um cargo de
chefia, mesmo sabendo que seu antecessor precisou sair da organização
devido ao estresse causado pela pressão por resultados? Caso sua respos-
ta seja negativa, você está disposto a mudar?
Leia mais sobre “assédio
moral” no link http://www.
assediomoral.org/spip.
php?article1
Acessado em 24/04/2011.
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e-Tec BrasilAula 12 – Adversidades no ambiente de trabalho e o papel da liderança 63
e-Tec Brasil65
Aula 13 – A gestão da diversidade
valorizando as diferenças no
convívio social e profissional – I
Nesta aula, vamos estudar a importância da valorização desta
diversidade cujas diferenças quando somadas nos enriquecem
como indivíduos e como profissionais.
Em nosso país, temos uma grande diversidade de etnias que compõem a
beleza de nossa formação cultural. A ética nos relacionamentos inclui a per-
cepção destas diferenças, seu conhecimento e sua valorização.
13.1 A gestão da diversidade
Gerenciar a diversidade dentro de uma organização, conforme ensina Car-
valho-Freitas (2009) “surge e ganha contornos específicos no contexto do
processo de globalização e fusão das empresas e em função da pressão de
organismos internacionais ou de movimentos sociais.” Não devemos confun-
dir gestão da diversidade com ações afirmativas.
As ações afirmativas das organizações têm cunho social e voltam-se exclusi-
vamente para diminuir as distâncias entre as pessoas face às suas diferentes
maneiras de ser e perceber o mundo à sua volta. Na gestão da diversidade,
conforme reforça Carvalho-Freitas “a diversidade passa a ser vista como van-
tagem competitiva para a organização”.
Observe que nesta e nas próximas aulas, vamos tratar tanto as ações afir-
mativas do governo brasileiro como seus movimentos e os movimentos das
organizações privadas no sentido de gerenciar a diversidade.
13.2 Afrodescendentes no Brasil
Em nosso país, temos profundas influências da cultura africana razão pela
qual abordaremos neste livro a importância da valorização desta etnia, tão
presente em nosso cotidiano. As relações entre o Brasil e a África se aprofun-
dam desde que o Brasil foi descoberto e vai muito além da escravidão à qual
os negros foram submetidos, em diversos países.
As lutas africanas pela independência política, pelo desenvolvimento e pela
manutenção de sua cultura são objeto de estudo e reflexão, merecendo des-
taque face à influência dos povos daquele continente na formação cultural
brasileira. As influências africanas são percebidas nas diferentes expressões
culturais brasileiras: música, pintura, culinária, religião, entre outros.
Apesar desta profunda influência da cultura africana em nosso país, observa-
-se que as desigualdades raciais existentes no Brasil têm sido objeto de estu-
dos e movimentos sociais culminando resultados que demonstram melhorias,
sobretudo na educação, mas que, por outro lado, apresentam ainda dispari-
dades em termos de renda.
A cidadania empresarial passa pelo respeito à diversidade, pela promoção do
ambiente saudável de relacionamento de todas as pessoas, independente de
seu credo, etnia, gênero, idade, local de nascimento, maneira de pensar, etc.
Esta é uma preocupação mundial e tem merecido há alguns anos, a atenção
da Administração Pública, conforme veremos a seguir. Nas tabelas a seguir,
você observa os resultados apresentados pelo 4º Relatório Nacional de Acom-
panhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para a relação
entre as etnias, no que diz respeito à educação, em nosso país.
Na tabela 13.1, você verifica que o perfil educacional brasileiro demonstra
uma evolução de 1992 a 2008 em relação à participação das etnias no ensino
fundamental, para pessoas entre 7 e 14 anos.
Tabela 13.1: Evolução do percentual de pessoas
no ensino fundamental no Brasil por etnia.
Ano Percentual pessoas entre 7 e 14 anos
Negros ou pardos Brancos
1992 75,3% 87,5%
2008 94,7% 95,4%
Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório Nacional de Acompanhamento. BRASÍLIA: Ipea, 2010.
Disponível em: http://www.mds.gov.br/.Acesso em: 03 maio 2011.
Já no ensino médio brasileiro, ou seja, para pessoas entre 15 e 17 anos, o
resultado apresentado na tabela 13.2, demonstra disparidades significativas.
Tabela 13.2: Evolução do percentual de pessoas no ensino médio no Brasil por etnia.
Ano Percentual pessoas entre 15 e 17 anos
Negros ou pardos Brancos
1992 9,2% 27,1%
2008 42,2% 61%
Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório Nacional de Acompanhamento. BRASÍLIA: Ipea, 2010. Dispo-
nível em: http://www.mds.gov.br.Acesso em: 03 maio 2011.
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 66
Foi verificado um alto percentual de queda da desigualdade em termos de
analfabetismo conforme mostra a Tabela 13.3.
Tabela 13.3: Queda da desigualdade no analfabetismo – por etnia.
Ano Percentual
Negros ou pardos Brancos
1992 86,8% 95,6%
2008 97,3% 98,7%
Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório Nacional de Acompanhamento. BRASÍLIA: Ipea, 2010. Dispo-
nível em: http://www.mds.gov.br. Acesso em: 03 maio 2011.
13.3 A política de cotas no Brasil
Quando se pensa sobre a política de cotas em nosso país, é preciso levar em
conta dados que se referem aos afrodescendentes que demonstram, confor-
me pesquisa feita por Kroth e Marchiori Neto (2006) a relação entre a média
de anos de estudos, a etnia e a renda média mensal do aluno brasileiro.
O resultado desta pesquisa indica que, no Brasil, a média de anos de estudo
dos brasileiros brancos é de 8,3 anos com uma renda mensal mínimo de 3,9
salários mínimos enquanto que os negros e pardos têm uma média de 6
anos de estudos com cerca de 1,9 salários mínimos de renda. Quando se
avalia em termos de localização geográfica desta população, os autores des-
ta pesquisa identificaram que em todo o país há uma média maior para os
brancos tanto de anos de estudos quanto de renda mensal medida por salá-
rios mínimos.
O relatório do PNUD (2010:32)
aponta no Brasil a introdução
do programa “Bolsa Família”
para exemplificar o crescimento
do envolvimento do setor pú-
blico no esforço para reduzir as
desigualdades, alocando de re-
cursos para pessoas cuja renda
é menos favorecida. Além deste,
outros programas contribuem
para reduzir as desigualdades,
em nosso país. Dentre eles es-
tão: Luz para todos; Alfabetiza-
ção de jovens e adultos; Agricul-
tura familiar; e o ProUni.
Leia o texto “Diversidade:
tolerância, respeito e
valorização” disponível no
link http://diversidadedigital.
blogspot.com/2007/05/
diversidade-tolerncia-
respeito-e.html.Acesso em: 17
maio 2013. Reflita sobre a frase:
“A diversidade só tem sentido
na troca, no compartilhamento
cultural, e não na preservação
da diferença como peça de
museu, ou pior, como vitrine
para consumo turístico e
cultural.” Quais manifestações
de “preservação” da diferença
você conhece e qual sua opinião
a respeito?
Consulte a página da SECAD
onde você encontra materiais
muito importantes sobre
Educação das Relações Étnico
Raciais e o Ensino de História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana.
http://portal.mec.gov.
br/dmdocuments/
orientacoesetnicoraciais.pdf
Acesso em: 17 maio 2013.
Conheça a agenda afro-brasileira
acessando o link http://www.
agendaafrobrasileira.com.br
Acesso em: 17 maio 2013.
Figura 13.1: interior do Museu Afro Brasil:
vitrine com máscaras africanas.
Fonte: ©Dornicke/Wikimedia Commons.
e-Tec Brasil67
Instalado na Capital de São Paulo desde 2004, o Museu Afro Brasil apresen-
tado na figura 13.1 preserva e celebra a cultura, a memória e a história do
Brasil quando vista a partir da influência africana ao longo de tantos anos.
Localizado no Parque do Ibirapuera, num espaço de 11 mil metros quadrados
o Museu Afrobrasil expõe mais de 5 mil obras. Quando você tiver a oportuni-
dade visite este espaço cultural em São Paulo!
Resumo
Nesta aula, abordamos a relevância de se tratar com ética o tema da gestão
da diversidade nas organizações. Nosso país tem influências fortes da cultura
africana, o que nos leva à necessidade de conhecer e discutir a importância
da redução das desigualdades sociais e a promoção da valorização da cultura
africana como parte integrante de nosso cotidiano. Há leis específicas em
nosso país que garantem o acesso de pessoas com deficiência a inúmeros
serviços, bem como preserva os direitos da criança, do adolescente e do
idoso além de punir qualquer tipo de discriminação. A educação inclusiva é
um direito do cidadão.
Atividades de aprendizagem
•	 Reflita sobre a frase “A diversidade só tem sentido na troca, no compar-
tilhamento cultural, e não na preservação da diferença como peça de
museu, ou pior, como vitrine para consumo turístico e cultural.” Quais
manifestações de “preservação” da diferença você conhece e qual sua
opinião a respeito?
Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 68
Ética, cidadania e conduta humana
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Ética, cidadania e conduta humana

  • 1. Ética e Cidadania Elaine Arantes 2013 Curitiba-PR PARANÁ
  • 2. Catalogação na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal do Paraná © INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil. Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Prof. Irineu Mario Colombo Reitor Prof. Joelson Juk Chefe de Gabinete Prof. Ezequiel Westphal Pró-Reitor de Ensino – PROENS Gilmar José Ferreira dos Santos Pró-Reitor de Administração – PROAD Prof. Silvestre Labiak Pró-Reitor de Extensão, Pesquisa e Inovação – PROEPI Neide Alves Pró-Reitor de Gestão de Pessoas – PROGEPE Bruno Pereira Faraco Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional – PROPLAN Prof. Marcelo Camilo Pedra Diretor Geral do Câmpus EaD Prof. Célio Alves Tibes Junior Diretor de Ensino, Pesquisa e Extensão – DEPE/EaD Coordenador Geral da Rede e-Tec Brasil – IFPR Thiago da Costa Florencio Diretor Substituto de Planejamento e Administração do Câmpus EaD Prof.ª Patrícia de Souza Machado Coordenadora de Ensino Médio e Técnico do Câmpus EaD Prof.ª Monica Beltrami Coordenadora do Curso Jessica Brisola Stori Assistente Pedagógica Prof.ª Ester dos Santos Oliveira Coordenadora de Design Instrucional Prof.ª Sheila Cristina Mocellin Lídia Emi Ogura Fujikawa Designers Instrucionais Jessica Deus Soares Revisora Aline Kavinski Diagramadora e-Tec/MEC Projeto Gráfico
  • 3. e-Tec Brasil3 Prezado estudante, Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil! Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma das ações do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando caminho de o acesso mais rápido ao emprego. É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos e o Sistema S. A Educação a Distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes centros. A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país, incentivando os estudantes a concluir o Ensino Médio e realizar uma formação e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições de educação profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas sedes das instituições quanto em suas unidades remotas, os polos. Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profissional! Ministério da Educação Novembro de 2011 Nosso contato etecbrasil@mec.gov.br Apresentação e-Tec Brasil
  • 4.
  • 5. e-Tec Brasil5 Indicação de ícones Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVA e outras. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.
  • 6.
  • 7. Sumário Palavra da professora-autora 11 Aula 1 – Ética e moral 13 1.1 Introdução à Ética 13 1.2 Introdução à Moral 14 1.3 A visão ética de Einstein 16 Aula 2 – Valores éticos individuais e organizacionais 19 2.1 Valores e virtudes 19 2.2 Consciência ética 21 Aula 3 – Conduta humana fundamentada na ética 23 3.1 A conduta ética 23 3.2 Os dilemas pessoais e profissionais que enfrentamos 23 3.3 Os interesses pessoais 24 Aula 4 – Por que falar sobre ética? 27 4.1 Decisões éticas e antiéticas na história da humanidade 27 4.2 Pesquisas científicas 28 4.3 Internet com ética 29 Aula 5 – A conduta cidadã 31 5.1 Evolução do conceito de cidadania 31 Aula 6 – Cidadãos: direitos e deveres cotidianos 35 6.1 Cidadão ou consumidor do governo? 35 6.2 O “jeitinho” é um traço cultural brasileiro? 36 Aula 7 – Ética profissional 39 7.1 O que é profissão? 39 7.2 Virtudes exigidas na conduta profissional 40 7.3 Código de ética de uma profissão 40 e-Tec Brasil
  • 8. Aula 8 – Código de ética 43 8.1 Código de ética empresarial e profissional 43 8.2 Como se elabora um código de ética empresarial 44 Aula 9 – Gestão da reputação do profissional 47 9.1 A ética, a reputação e a imagem do profissional 47 9.2 Direito de uso de imagem 47 Aula 10 – Ética na administração e gestão 53 10.1 Habilidades para a administração 53 10.2 Mudanças na natureza do trabalho e a necessidadedo desenvolvimento de novas habilidades de gestão 54 Aula 11 – Questões éticas envolvidasnos relacionamentos interpessoais no trabalho 57 11.1 O processo de comunicação 57 11.2 Ruídos de comunicação e conflitos 58 Aula 12 – Adversidades no ambiente de trabalho e o papel da liderança 61 12.1 A linha que separa a firmeza da liderança e o assédio moral 61 12.2 Resiliência: suportando pressões num ambiente de adversidades 61 Aula 13 – A gestão da diversidade valorizando as diferenças no convívio social e profissional – I 65 13.1 A gestão da diversidade 65 13.2 Afrodescendentes no Brasil 65 13.3 A política de cotas no Brasil 67 Aula 14 – A gestão da diversidade valorizando as diferenças no convívio social e profissional – II 69 14.1 Exemplos de superação 69 14.2 A normatização brasileira garantindo a inclusão de pessoas com deficiência 70
  • 9. Aula 15 – A segurança no trabalho para pessoas com deficiência 73 15.1 Conceito de deficiência 73 15.2 Pessoas com deficiência no ambiente de trabalho 74 15.3 Segurança e medicina no trabalho para pessoas com deficiência 75 Aula 16 – Interculturalidade, relações interpessoais e a conduta ética profissional 79 16.1 A influência do contexto cultural no comportamento ético profissional 79 16.2 A moral brasileira 79 Aula 17 – Ética nas negociações 81 17.1 O “sim” nem sempre é o suficiente 81 17.2 Natureza do conflito 81 17.2.2 Conflitos devem ser evitados? 82 Aula 18 – A ética no setor público 85 18.1 O código de ética do servidor público 85 Aula 19 – A ética, a transparência e a responsabilidade social 89 19.1 Como a responsabilidade social se insere na gestão das organizações 89 19.2 A gestão socialmenteresponsável dos negócios e o respeito à diversidade 90 19.3 O que a responsabilidade tem a ver com a segurança do trabalho? 91 Aula 20 – Ética pessoal, pública e privada 93 20.1 Decisões éticas são tomadas por pessoas éticas 93 Referências 95 Atividades autointrutivas 99 Currículo da professora-autora 119 e-Tec Brasil
  • 10.
  • 11. Palavra da professora-autora e-Tec Brasil11 Querido aluno, Ética é um tema sempre presente no nosso cotidiano desde o relacionamento pessoal e profissional até a reflexão sobre as descobertas feitas por pesquisas científicas feitas cujo impacto leva ao questionamento sobre os limites do controle da vida do ser humano. Nós nos deparamos frequentemente com escândalos e tendemos a crer que a falta de ética é a regra geral, na conduta do homem. Quero, neste livro, ressaltar que cabe a cada um de nós o comportamento ético e moral diário dando a devida importância ao exercício pleno da cidadania contribuindo para a formação de pessoas e profissionais que construam uma Nação melhor. Iniciaremos nossa abordagem com os conceitos fundamentais de ética, moral, cidadania, valores, conduta ética, dilemas éticos e consciência ética. Vistos estes conceitos, vamos aplicá-los no cotidiano do homem e do profissional, voltando para a gestão. O profissional de segurança do trabalho, assim como aqueles de diferentes áreas, se depara diariamente com situações em que seus valores são colocados à prova. Quais parâmetros considerar para a tomada de decisão? Vamos discutir amplamente neste livro os temas voltados para a gestão e sua relação com as bases éticas fundamentais. Liderança, comunicação, relacionamento interpessoal, código de ética profissional e organizacional, gestão da reputação, valorização da diversidade, ética no serviço público são alguns temas sobre os quais você refletirá em termos de consciência e conduta ética. Ao final deste livro, fica a pergunta: Ética pública e privada: há luz no fim do túnel? Vamos refletir e responder juntos a partir das discussões que fizemos ao longo desta obra. Artigos, vídeos, entrevistas e enquetes complementam o conteúdo apresentado a partir da percepção de outras pessoas e nos permitem comparar o que foi visto neste livro, nossa própria percepção e a contribuição de terceiros. Minha sugestão é que você leia, reflita e discuta com os seus colegas, construindo coletivamente o conhecimento sobre este tema. Boa leitura e bom trabalho! Professora Elaine Cristina Arantes
  • 12.
  • 13. e-Tec Brasil13 Aula 1 – Ética e moral Na primeira aula, vamos abordar os conceitos fundamentais de ética e moral desde sua abordagem nos tempos antigos, antes de Cristo até nossos dias. Vamos refletir sobre a base destes conceitos e compreender a diferença entre o que é moral, imo- ral e amoral. Desde já, quero deixar claro que não é minha pretensão abordar a ética e seus conceitos correlatos em bases filosóficas, mas trazendo para nosso cotidiano a reflexão sobre o que é ético e antiético assim como a relação do cidadão com seu município, estado e país na busca pelo bem comum. 1.1 Introdução à Ética Há uma confusão na compreensão dos termos ética e moral, inclusive levan- do a crer que ambos têm o mesmo significado. Deixo claro que isto não está correto. Vamos compreender o conceito de ética para depois diferenciá-lo de moral. Quando falamos sobre ética, parece que as coisas estão indo mal. Parece que há uma crise e logo nos reportamos a escândalos envolvendo a admi- nistração pública. Ora, cada um de nós tem sua própria ética baseada nas regras impostas pelo grupo do qual fazemos parte cujas ações se fundamen- tam na cultura transmitida de geração a geração e que nos diz o que é certo ou errado. “A ética, como ciência do ethos, é um saber elaborado segundo regras ou segundo uma lógica peculiar” segundo o ensinamento de Patrus-Penas e Castro (2010, p. 32). É a ética, conforme Srour (2011, p.21), que esclarece o motivo que leva os agentes sociais a tomarem esta ou aquela decisão, orientados por este ou aquele valor, condicionados por estes ou aqueles interesses. Portanto, ser ético, significa ser um agente social cujas decisões são fundamentadas na moral do grupo ao qual pertence e são tomadas com base em valores e in- teresses que busquem o bem comum.
  • 14. Colombo et. al (2011, p.11) recorre a Vázquez (2005) para ensinar que ética “pode ser compreendida como ‘teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens’ e possui como função fundamental estudar a essência do comportamento moral”. O termo ética foi trazido pelos trabalhos de Pitágoras em VI a.C. e por Aris- tóteles, em IV a.C. em sua obra “Ética a Nicômaco”. Cada sociedade tem sua ética própria, assim, não podemos dizer que há cer- to ou errado quando se compara o papel que se atribui à mulher no ocidente com aquele preconizado no Oriente Médio ou na cultura muçulmana. Veja o exemplo da Figura 1.1, em que a mulher muçulmana está usando uma burka, vestimenta que não é adotada pela mulher ocidental. Figura 1.1: Burka – vestimenta obrigatória para as mulheres mulçumanas. Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons. 1.2 Introdução à Moral Colombo et. al (2011 p. 25) indica que, para Vásquez (2005) o compor- tamento moral é legislado pela ética. Os autores reforçam ainda que “a ética vai definir o que é bom e investigar princípios da moralidade de uma sociedade. Ela fundamenta e justifica certos comportamentos, mas não cria a moral”. A moral de um povo é o conjunto de normas vigentes consideradas como critérios que orientam o modo de agir dos indivíduos daquela sociedade. “Quando se qualifica um comportamento como bom ou mau, tem-se um critério que é definido no espaço da moralidade” ensina Rios (2011, p. 29) e isso interessa à ética no sentido de procurar o fundamento dos valores que oferecem sustentação para este comportamento bom ou mau. Preconizado: que se preconizou; aconselhado, recomendado. Fonte: http:// aulete.uol.com.br/preconizado. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 14
  • 15. Observe que a Figura 1.2 resume e diferencia a ética como disciplina teórica e a ética individual, a moral e a conduta. Figura 1.2: Terminologia para ética, moral e conduta. Fonte: SROUR, HENRY, 2003. A origem da palavra “ética”, conforme Srour (2011, p. 18), está no “caráter distintivo, os costumes, hábitos e valores de determinada coletividade ou pessoa”. Daí surge a confusão entre ética e moral, pois a palavra “costume” foi traduzida em latim por mos ou mores no plural, derivando a palavra mo- ral, no português. Vamos nos reportar a Srour (2011, p. 21) para a definição de ética como sendo “o estudo dos fatos sociais, ou seja, relações entre agentes histori- camente definidos. A Ética é o conhecimento científico dos fatos morais”. As escolhas que estes agentes fazem considerando suas avaliações sobre o bem e o mal; o mal e o bem (quando se admite que há um mal necessário para que um bem maior seja atingido); o bem e o bem (quando só é possível beneficiar uma das partes como exemplificado na Figura 1.3); e o mal e o mal (quando se admite que “entre os males, o menor”) é o que diferencia fatos morais (estudados pela ética) de fatos sociais (do cotidiano). Figura 1.3: A escolha entre o bem e o bem: o que é bom para a gazela não é bom para a leoa. Fonte: ©Brocken Inaglory/Wikimedia Commons. e-Tec BrasilAula 1 – Ética e moral 15
  • 16. Temos então que moral, para Rios (2011, p. 32) é “um conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos em uma comunidade social dada”. Estas normas e regras, para Rios (2011, p. 32) “se sustentam nos valores criados pelos sujeitos em suas relações entre si e com a natureza”. 1.3 A visão ética de Einstein A humildade, afabilidade, cordialidade e confiança naquilo que fazia eram características de Albert Einstein (veja Figura 1.4) cuja irreverência, segundo Sá (2010, p. 46) era fruto de seu inconformismo. Sua visão ética sobre a vida foi um de seus legados, além das brilhantes pesquisas no campo da Física e da Matemática. Sá (2010, p. 47) reforça alguns dos princípios éticos de Einstein: • Valor para a simplicidade, liberdade e respeito a cada ser; • Recusa a normas, dogmas, inconformismo e submissão; • Aceitação daquilo que se pode compreender; • Repúdio à escravidão; • Confiança na criatividade do ser humano; • Crença de que os males são resultado do desamor e da ignorância; • Aceitação de que não se ensina ou aprende o que não se ama; • Fama merece cautela, pois causa inveja e ressentimento. Albert Einstein nasceu na Alemanha em 1879. Conhecido por ter desenvolvido a teoria da relatividade, seu trabalho abriu caminho para o desenvolvimento da energia atômica. Rece- beu em 1921 o Prêmio Nobel de Física pela sua teoria quântica, esclarecendo o efeito fo- toelétrico. Perseguido pelos nazistas, deixou a Alemanha passando a morar nos Estados Unidos, como cidadão americano onde fa- leceu em 1955. Em 2009 foi eleito por 100 renomados físicos em todo o mundo como o físico mais memorável de todos os tempos. Figura 1.4: Albert Einstein em 1921. Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons. Assista ao vídeo com a entrevista concedida pelo Prof. Mario Sergio Cortella a Jô Soares, exibido pela TV Globo e disponível no link http://www.youtube.com/ watch?v=QK5LDsEKuEA. Nesta entrevista, Cortella fala sobre ética e explica conceitos como: moralidade; amoralidade e imoralidade. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 16
  • 17. Resumo Nesta aula, vimos que ética e moral não são a mesma coisa. Ética é uma disciplina teórica que estuda os princípios da moralidade. A moral é um con- junto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos em uma comunidade social. Vimos também que alguns dos princípios de Eins- tein, um gênio que não se rendeu a condutas antiéticas mesmo que tenha sido perseguido em seu próprio país. Atividades de aprendizagem • Reflita sobre um personagem da História que tenha deixado um lega- do ético assim como vimos nesta aula, em relação a Einstein. Faça uma relação dos princípios desta pessoa e a utilize como exemplo para suas reflexões sobre os temas que iremos abordar neste livro. e-Tec BrasilAula 1 – Ética e moral 17
  • 18.
  • 19. e-Tec Brasil19 Aula 2 – Valores éticos individuais e organizacionais Nesta aula, vamos abordar os valores, elementos fundamentais para as decisões éticas individuais e organizacionais, sejam elas públicas ou privadas. A consciência ética também é um tema desta aula e sua abordagem será feita com base nos exemplos que temos em nosso cotidiano. Vamos saber mais? 2.1 Valores e virtudes Valores são princípios dos quais não se abre mão. Eles estão na base de nossa conduta individual assim como são os fundamentos da tomada de decisão das organizações. Você conhece os valores declarados pela empresa onde você trabalha? Observe que na Figura 2.1, os valores estão na base do planejamento estratégico das organizações. Os níveis estratégico, tático e operacional executam suas tarefas e tomam decisões com base nas crenças da organização. Sá (2010, p. 79), recorre a Aristóteles para ensinar que “aos hábitos dig- nos de louvor chamamos virtudes”. Vale aqui ressaltar que os virtuosos são dignos de louvor ainda que o meio em que vivam ou trabalhem não pro- porcione a prática da conduta virtuosa. A conduta virtuosa (respeitar todos os seres, por exemplo) é uma qualidade fundamental no campo da ética e somente é possível para pessoas com valores (respeito, por exemplo) fortes. Figura 2.1: valores da organização na base de seu planejamento estratégico. Fonte: elaborada pela autora.
  • 20. Veremos mais adiante a importância dos códigos de ética profissionais e organizacionais, contudo, vale aqui observar que de nada adianta existirem padrões de conduta se as pessoas não se identificarem legitimamente com seus princípios. Quando os valores mudam os costumes também mudam, a legislação acom- panha esta mudança e estabelece limites para o convívio harmonioso e este conjunto determina o comportamento ético das pessoas naquela sociedade. Por exemplo, na década de 50 não se imaginava que as mulheres traba- lhassem fora de casa. O valor atribuído à presença da mulher no mundo do trabalho era diferente daquele que vemos atualmente, no século XXI. A mudança deste valor leva a uma mudança de costumes, pois atualmente não somente a mulher trabalha como já se vê uma mudança radical de valo- res em que o homem passa a se dedicar mais às atividades domésticas. Com esta mudança de valores e costumes, a legislação que prevê os direitos das mulheres passa a reger situações como a obrigatoriedade de berçário para empresas com um número mínimo de mulheres empregadas. Para Rios (2011, p. 29), “não é apenas no campo da moralidade que se en- contram valores. Existe valoração na medida em que qualquer interferência do homem na realidade se dá para conferir um significado a esta realidade”. Figura 2.2: O papel da mulher nos anos 50 e no século XXI. Fonte: http://office.microsoft.com Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 20
  • 21. 2.2 Consciência ética O que fazer se o Código Civil protege o sigilo e a lei fiscal obriga sua quebra? A consciência, como bem lembra Sá (2009, p. 73) “tem como mais forte o dever de não trair e de não insurgir-se contra aquele que se tem o dever de proteger”. Contudo, quando prevalece o bem público, age a lei no sentido de revelar aquilo que a consciência leva a omitir. Deveria ser necessária a ação da lei já que se sabe que a omissão prejudica o bem estar público? Uma imagem que me vem à mente quando falo sobre consciência ética é a ocupação, em novembro de 2010, do Morro do Alemão e um ano depois, em novembro de 2011 a ocupação da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Estas duas comunidades mantinham seu próprio código de ética respeitado não somente pelos próprios traficantes, mas também pelos moradores inde- pendente de sua opinião a respeito. Figura 2.3: Ocupação do Complexo do Alemão em novembro – 2010. Fonte: ©Agência Brasil – ABr/Wikimedia Commons. A intervenção dos policiais, com apoio do Governo Federal brasileiro se deu e foi legítima, pois a ética ali predominante entrava em conflito com a ética da sociedade, prejudicando os moradores daquele local e oferecendo um exemplo de conduta para outros indivíduos que não condiz com a convivên- cia saudável que se espera para os seres humanos. Insurgir: opor-se reagir. Fonte: http://michaelis.uol. com.br/moderno/portugues/ index.php?lingua=portugues- portuguespalavra=insurgir e-Tec BrasilAula 2 – Valores éticos individuais e organizacionais 21
  • 22. A consciência ética daqueles que dominavam estas comunidades não condiz com aquela que é aceita em nossa sociedade. É deste choque de percepções sobre o que é certo e errado que se origina confrontos com estes aos quais assistimos. Sá (2011, p. 74) apresenta alguns estados especiais de manifestação da consciência ética ao indicar que sentimentos morais, religiosos, partidários e econômicos assim como as expressões do ego voltadas para o interesse e a emoção podem tentar a consciência ética a ceder. A qualidade destas mani- festações é que determina o quanto as circunstâncias ambientais influencia- rão na firmeza do caráter de quem toma a decisão. Resumo Nesta aula, aprendemos que valores são princípios dos quais não se abre mão, podendo ser individuais ou organizacionais. Vimos que hábitos dignos de louvor são chamados de virtudes e que de nada adianta códigos da pro- fissão ou de organizações se as pessoas não internalizarem seu significado. A consciência ética também foi tema de discussão desta aula em que trata- mos dos dilemas a que são confrontados os profissionais. Atividades de aprendizagem • E você, quais são seus valores? Já pensou sobre isso? Quais são as atitu- des, os posicionamentos dos quais você não abre mão? Para saber mais sobre a ocupação da polícia na Favela da Rocinha em 2011 acesse: http:// veja.abril.com.br/noticia/brasil/ rocinha-ganha-reforco-no- policiamento-a-pe Leia o artigo sobre o pensamento e a obra de Aristóteles, em especial “Ética a Nicômaco” disponível no link http://www.webartigos. com/articles/5996/1/Etica-a- Nicomaco/pagina1.html. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 22
  • 23. e-Tec Brasil23 Aula 3 – Conduta humana fundamentada na ética Nesta aula, abordaremos a ética como base para a conduta do homem, individualmente, nas organizações em que trabalha ou nos grupos sociais aos quais pertence. Ao compreendermos que o estudo da ética passa pela normatização das condutas dos indivíduos, precisamos também conhecer as razões que levam os indivíduos a aceitarem as normas impostas pelo grupo ao qual pertencem. 3.1 A conduta ética Você já observou que há situações em que se faz necessária a orientação quanto às roupas adequadas para situações especiais no cotidiano, no am- biente de trabalho e no culto religioso. Veja que, no nosso país, não há penalidades legais implícitas, mas existem punições sociais expressas pela rejeição do grupo. Já em outros países, o desrespeito às normas de conduta simples como o uso de vestimentas específicas ferem os princípios religio- sos e, neste caso existe a punição pela lei. Veremos este tema mais adiante quando tratarmos da ética presente na interculturalidade. Neste sentido, vale ressaltar que a conduta humana deve respeitar normas implícitas no convívio ou explícitas em manuais, códigos ou na lei, por exem- plo. A palavra “etiqueta” traz este conceito, pois trata-se do respeito à ética em situações específicas do convívio, como por exemplo à mesa, durante as refeições; numa cerimônia religiosa; num evento político. O cerimonial segue uma etiqueta prevista que por sua vez contempla os princípios éticos fundamentados na moral, nos costumes e valores daquele grupo. 3.2 Os dilemas pessoais e profissionais que enfrentamos No exercício de nossa profissão, nos deparamos frequentemente com dile- mas éticos que exigem reflexão. Por exemplo, o que dizer de um advogado que deve defender um criminoso? Ou de um contador que, mesmo sabendo das atividades ilícitas de seu cliente, tenha que lhe prestar serviço? Ou de um da obrigatoriedade de se reportar um acidente ocorrido no trabalho ainda que isto cause impactos negativos para a empresa junto à sociedade? Normatização: (norma+izar) VTD Estabelecer normas para. Cf. normalizar. Fonte: http://www. dicionarioweb.com.br/norma- tizar.html
  • 24. A sabedoria de Salomão Apresentaram-se duas mulheres a Salomão. Uma disse: Senhor, eu e esta mulher habitávamos na mesma casa. Durante a noite, estando a dormir, sufocou o filho e, aproveitando-se do meu sono, pôs o meu filho adorme- cido junto de si e colocou aos meus pés o seu filho que estava morto. De manhã, olhando de perto para ele, vi que não era o meu filho. A outra mulher interrompeu: Não, o meu filho é o que está vivo, o teu morreu. A primeira replicou: Não, o teu é que morreu. O que está vivo é meu. E continuaram a disputar. Então o rei disse: Trazei uma espada, dividi em duas partes o menino que está vivo e dai metade a cada uma!. Cheia de amor ao seu filho, a mulher cujo filho estava vivo suplicou: Se- nhor, peço-vos que lhes deis a ela o menino vivo e não o mateis!. A outra, pelo contrário, dizia: Não seja para mim nem para ti, mas divida- -se. Então Salomão disse: Dai a primeira o menino vivo porque é ela a verdadeira mãe. E assim todo o povo de Israel soube que a sabedoria de Deus assistia ao rei para julgar com retidão. Fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/historia_biblia/17.php.Acesso em: 08 set. 2011. 3.3 Os interesses pessoais Para Srour (2011, p. 41), interesses são “fatores tão valiosos para os agentes sociais que eles se mobilizam para satisfazê-los e defendê-los”. O problema começa quando os interesses pessoais encontram-se no limite do egoísmo e da ganância. Você se lembra da fraude de 65 bilhões de dólares conduzida por Bernard Madoff, ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq? A pirâmide de investimentos que ele criou consistia em usar o dinheiro de novos apli- cadores para remunerar os antigos. Quando houve uma brusca queda nos novos investimentos em 2008 face à recessão mundial, o esquema desmoro- nou. Em junho de 2009, Madoff foi condenado a 150 anos de prisão. Mui- tos perderam suas economias neste investimento que contava com a boa fé das pessoas e que acabou prejudicando suas vidas. Por outro lado, há uma situação interessante a ser observada. Os trabalha- dores muitas vezes se queixam da pressão sofrida no ambiente de trabalho, mas quando são chamados a revelar a causa do estresse, não apontam suas verdadeiras causas acreditando que colocarão em risco sua competência profissional. Veja o resultado da pesquisa feita pela ONG britânica Mind. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 24
  • 25. A ONG britânica Mind, voltada para a saúde mental, publicou um le- vantamento referente ao estresse endêmico que acomete milhões de trabalhadores no Reino Unido e que acarreta a perda de bilhões de dó- lares em horas de trabalho. O mais curioso é que 93% mentiram a seus patrões a respeito do motivo real de seu absenteísmo. Alegaram dores de estômago, resfriados, dores de cabeça, consultas médias, problemas em casa ou doenças na família, menos o estresse no trabalho. Não confes- saram que aguentam cada vez menos as pressões para o cumprimento de metas, nem tentaram discutir as questões referentes ao ambiente de trabalho em que prevalece o moral baixo, a baixa produtividade e formas escapistas de enfrentar tensões. Fonte: Srour, 2011. Citado em: www.mind.org.uk/news/4106_the_final_taboo_millions_of_employees_forced_to_lie_about_stress À medida que cada um olha somente para seus interesses pessoais, cria-se um círculo vicioso e todos perdem. Veja como a conduta ética permeia vários aspectos do nosso cotidiano exigindo reflexões constantes! Resumo Nesta aula, vimos que o estudo da ética passa pela normatização das condutas dos indivíduos. Ainda que o interesse pessoal exista, este não deve ser tal que se exceda para o egoísmo e para a ganância que prejudicam a todos. Por outro lado, a sinceridade na avaliação de situações difíceis contribui para sua solução enquanto que condutas evasivas somente levam a uma perda coletiva. Atividades de aprendizagem • No exercício de sua profissão, você já se deparou com dilemas éticos? Qual escolha você fez e a que você renunciou? Após sua decisão, qual foi sua avaliação: a escolha que fez demonstrou ser a mais acertada? Sugiro que você pesquise sobre aCAT - Comunicação de Acidentes de Trabalho nos links http://www.inss. gov.br/conteudoDinamico. php?id=39 e http://www.mps. gov.br/conteudoDinamico. php?id=463. A matéria “Hemofilia e o dilema ético” disponível no link http:// veja.abril.com.br/blog/genetica/ arquivo/hemofilia-e-o-dilema- etico/ é um exemplo do estudo da ética voltado para questões científicas e de convívio social envolvendo a ética profissional na área médica. Neste caso, um dilema se impõe aos médicos envolvendo um caso de paternidade. Leia, reflita e dê sua opinião. Discuta com seus colegas a respeito e compare as opiniões a respeito deste caso. Endêmico: que tem caráter de endemia. Peculiar a um povo ou região. Endemia: Doença que existe constantemente em determinado lugar e ataca as pessoas que aí vivem. Fonte: http://www.dicionarioinformal. com.br/end%C3%AAmico e-Tec BrasilAula 3 – Conduta humana fundamentada na ética 25
  • 26.
  • 27. e-Tec Brasil27 Aula 4 – Por que falar sobre ética? Nesta aula, vamos rever alguns temas polêmicos ao longo da história da Humanidade que nos levam a refletir sobre as ra- zões para sermos éticos. “Como querem que eu faça tudo direito se a justiça é morosa, os impostos são um absurdo, todo dia vemos escândalos com os políticos em quem vota- mos, o mundo cheio de gente esperta[...] por que eu tenho que ser ético?” Querido aluno, estas e outras situações não podem servir como parâmetros para nossa conduta. Vamos saber mais? 4.1 Decisões éticas e antiéticas na história da humanidade A história da humanidade revela situações baseadas em decisões antiéticas que ao longo do tempo foram corrigidas. Ao declarar que a Terra se move em torno do Sol e não o inverso, Galileu Galilei desafiou a Igreja Católica que o convocou para julgamento diante do Santo Ofício, em Roma. Condenado a se retratar publicamente, diz-se que ele teria sussurrado Eppur si muove ou seja “mas ela se move” referindo-se ao movimento da Terra em torno do Sol. Imagine que somente no Século XX, a Igreja Católica por meio do Papa João Paulo II se retratou publicamente, assumindo o erro por esta condenação. Figura 4.1: Galileu Galilei. Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons. Físico, matemático e astrônomo, o italiano Galileu Galilei nasceu em Pisa em 1564 e faleceu em Florença em 1642, na Itália. Suas pesquisas revolucionaram a ciência com o enunciado do princípio da inércia e os estudos sobre o movimento uniforme- mente acelerado e sobre o movimento do pêndulo. Descobertas sobre manchas so- lares, satélites de Júpiter, anéis de Saturno e estrelas da Via Láctea complementaram a defesa que fez do heliocentrismo.
  • 28. 4.2 Pesquisas científicas Em 1996, pesquisadores escoceses surpreenderam o mundo com o resulta- do da primeira experiência de clonagem de animais: nascia a ovelha batizada como “Dolly” a partir de uma célula da glândula mamária de uma ovelha adulta. Na sequência, foram também clonados bois, cavalos, ratos e porcos. Figura 4.2: A ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado. Fonte: ©Toni Barros/Wikimedia Commons. Produzir artificialmente um ser vivo tornou-se objeto de polêmicas entre re- ligiosos, políticos e movimentos sociais em diversos países. A discussão reto- mou sua força quando Dolly precisou ser sacrificada, em 2003, devido à uma doença pulmonar progressiva. Pesquisas com células tronco nos levam a crer na esperança de cura para doenças como diabetes, esclerose, Alzheimer, distrofia muscular e Parkinson. As células embrionárias usadas nestas pesquisas são as únicas com capacida- de de diferenciação nos 216 tecidos que formam o corpo humano. Por outro lado, despertam discussões calorosas sobre o acesso do homem a células embrionárias. A discussão gira em torno da vida de um indivíduo que deixa de se formar para curar outro ser humano. Também os resultados de pesquisas são objeto de preocupação dos órgãos públicos. No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou diretrizes que promovem a ética na divulgação dos resultados das pesquisas que são realizadas em nosso país. Esta iniciativa se deu devido a fraudes ocorridas na comunicação de resultados obtidos por pesquisadores brasileiros. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 28
  • 29. Não se pode realizar procedimentos médicos sem a anuência do paciente. A ética se faz presente na condução de situações como esta já que há grupos de pessoas incapazes de decisão como crianças e pacientes de hospitais psi- quiátricos cuja concordância com pesquisas científicas deve se dar por seus representantes legais. Entram em cena a consciência ética do ser humano e do profissional fundamentada nos valores do indivíduo que toma a decisão e nos deveres profissionais éticos esclarecidos no código da categoria. 4.3 Internet com ética Você faz parte de redes sociais como Orkut, Facebook ou Linkedin? Se a res- posta for afirmativa, você sabe quantas mudanças ocorreram nestes espaços virtuais buscando oferecer alguma privacidade aos seus participantes. Então você também sabe o quanto esta privacidade é cada vez mais difícil de se obter. Os usuários da internet consomem a informação quando quiserem e a utilizam da maneira que desejarem. Quantos processos já foram movidos por pessoas que se sentiram prejudicadas pelo uso indevido de seus nomes, comprometendo a imagem pessoal e profissional! Ainda que seja possível descobrir a fonte de observações equivocadas feitas na internet, somente com o apoio da Justiça pode-se consultar os provedores e então fazer mo- vimentos para tentar restabelecer a imagem de quem se sentiu prejudicado. O fato é que não é possível haver um controle 100% efetivo sobre o que acontece no ambiente virtual. Dependemos da consciência ética das pessoas que nele navegam para que seu uso seja feito para o bem comum. É isso que você vê no seu dia a dia?A pirataria na internet ocorre quando se obtém có- pias não autorizadas de bens para uso pessoal (Srour, 2011), da mesma ma- neira que estas cópias são vendidas no mercado, nas ruas ou nas casas, sem autorização legal. A moral do oportunismo se instala e a conduta antiética é justificada pela necessidade do suprimento de necessidades básicas do ser humano. Esta conduta se justifica? Srour (2011, p. 38), indica que “raciona- lização antiética” está na base desta conduta orientando práticas racionais fundamentadas no que Sá (2010, p. 263), chama de “ética da mentira”. As pessoas estabelecem um conjunto articulado de justificativas para seus atos imorais e ilícitos, condenados pela sociedade. A ovelha Dolly foi o primeiro mamífero clonado e teve que ser sacrificada devido à uma doença pulmonar progressiva. Saiba mais lendo: http://www1. folha.uol.com.br/folha/ciencia/ ult306u8462.shtml acessado em 04/12/2011. Pesquisas com células tronco são o tema da matéria publicada em http://veja.abril.com.br/idade/ exclusivo/celulas_tronco/01. html.Acesso em: 04 dez. 2011. Leia esta matéria e reflita sobre os avanços que as pesquisas científicas podem trazer para a medicina e considere as polêmicas geradas por estes movimentos científicos. Leia no link http://www. inovacaotecnologica. com.br/noticias/noticia. php?artigo=cnpq- diretrizes-eticas- pesquisaid=010175111026. Acesso em: 04 dez. 2011 sobre as diretrizes éticas estabelecidas no Brasil pelo CNPq para que sejam feitas pesquisas científicas. e-Tec BrasilAula 4 – Por que falar sobre ética? 29
  • 30. Resumo Nesta aula, vimos que ao longo da história da Humanidade foram tomadas decisões antiéticas que se basearam nos princípios vigentes naquele momen- to e que norteavam a conduta da sociedade. Vimos também que polêmicas são levantadas a partir de pesquisas científicas realizadas na busca pela cura de doenças. A ética na internet é um tema contemporâneo que precisa ser considerado orientando o comportamento dos indivíduos no sentido de pro- mover um convívio harmônico de todos. Atividades de aprendizagem • Em que medida é válido colocar em risco seres vivos ou mesmo colocá-los em risco para se desenvolver pesquisas científicas? Observe quantos ex- perimentos são feitos e relacione seus benefícios comparando-os com os riscos que apresentam. Reflita sobre os resultados desta análise e compare com os de seus colegas. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 30
  • 31. e-Tec Brasil31 Aula 5 – A conduta cidadã Nesta aula, vamos abordar a conduta de cada cidadão em re- lação aos seus direitos e deveres para com à coletividade a que faz parte. Vamos refletir sobre a ética presente no cotidiano do cidadão não somente em relação ao que ele pode exigir do Es- tado mas no que diz respeito ao cumprimento de seus deveres. Ao abordar o tema da conduta ética, é fundamental tratar a questão da re- lação entre o indivíduo e o Estado, ou seja, a cidadania. Já na Roma Antiga – um período que durou 12 séculos e se iniciou em VIII a.C. com a fundação de Roma - se estabeleceu os direitos e deveres que cada indivíduo tem para com o Estado. 5.1 Evolução do conceito de cidadania Originado na Grécia antiga (1100 a.C. até 146 a.C.) o termo cidadania indica aquele que habita uma cidade (civitas) e dizia respeito à sua atuação efetiva o que significava dizer que nem todos eram cidadãos, mas somente aqueles que usufruíam de privilégios em determinadas classes sociais. O conceito, naquela época excluía mulheres, crianças e escravos e incluía somente os homens totalmente livres, ou seja, aqueles que não precisavam trabalhar para viver. Imagine que o número de cidadãos era bem reduzido. Figura 5.1: Grécia Antiga. Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons.
  • 32. Na Roma Antiga, cidadania estava relacionada ao exercício de direitos polí- ticos, civis e religiosos atribuída somente aos patrícios (homens livres, des- cendentes dos fundadores da cidade); negada aos plebeus (descendentes de estrangeiros) assim como aos escravos (todos aqueles que não saldavam suas dívidas, os traidores e os prisioneiros de guerra). Com a expansão militar romana, o advento da Lei das Doze Tábuas (450 a.C.) assegurou aos plebeus o acesso ao exercício da cidadania. Com a queda do Império Romano e o início da Idade Média, as relações entre o cidadão e o Estado passaram a ser controladas pela Igreja Católica e com o Feudalismo, a vassalagem estabeleceu uma relação intensa de de- pendência do camponês. O homem medieval nunca foi cidadão. De alguma maneira, foram “suspensos” os princípios de cidadania. A Revolução Francesa, que iniciou em Paris em 14 de julho de 1789, com a Queda da Bastilha, alterou o quadro político daquele país e foi um marco na instauração de um Estado democrático voltado para os interesses de todos os cidadãos e um exemplo seguido por outros países. Com o início da Idade Moderna foram introduzidos os princípios de liberdade e igualdade na busca pela justiça e contra os privilégios. Figura 5.2: Obra de Eugène Delacroix representando “Marianne” que personifica a República Francesa. Fonte: Domínio Público/Wikimedia Commons. A queda da Bastilha foi o evento decisivo para o início da Revolução Francesa de 1789.A Bastilha era uma velha fortaleza construída em 1370, utilizada pelo regime monárquico como prisão de criminosos comuns. Para saber mais acesse: http:// www.infoescola.com/historia/ queda-da-bastilha/. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 32
  • 33. O conceito de cidadania no Estado Democrático de Direito, conforme explica Luiz Flávio Borges d’Urso está relacionado a “um status jurídico e político mediante o qual o cidadão adquire direi- tos civis, políticos e sociais; e deveres (pagar impostos, votar, cumprir as leis) relativos a uma coletividade política, além da possibilidade de participar na vida coletiva do Estado. Esta possibilidade surge do prin- cípio democrático da soberania popular.” Disponível em: http://www.oabsp.org.br/palavra_presidente/2005/88/. Acesso em: 04 dez. 2011. Assim, participar ativamente da condução da gestão pública faz parte do exercício pleno da cidadania importando não somente em apontar as melho- rias a serem realizadas, mas também em atuar na direção de sua realização. A inclusão política se faz por meio do exercício pleno da cidadania o que é reforçado pela colocação de Dalmo de Abreu Dallari (1998, p. 14), “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a pos- sibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade den- tro do grupo social”. Observe que as palavras de Dallari (1998) indicam que “participar ativamen- te da vida e do governo” é um direito do povo. Você tem exercido este direito, em seu município? No Brasil, a Constituição de 1988 foi um marco na conquista do povo pelo seu direito a participar da tomada de decisões no país. No dia 27 de julho de 88, em que foi promulgada a nova Constituição, Ulysses Guimarães disse: “essa será a Constituição cidadã, porque recuperará como cidadãos milhões de brasileiros, vítimas da pior das discriminações: a miséria”. “Cidadão é o usuário de bens e serviços do desenvolvimento. Isso hoje não acontece com milhões de brasileiros, segregados nos guetos da perseguição social”. Para relembrar o que foi o Impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello leia a reportagem disponível em: http://g1.globo.com/politica/ noticia/2012/09/impeachment- de-collor-faz-20-anos-relembre- fatos-que-levaram-queda.html. e-Tec BrasilAula 5 – A conduta cidadã 33
  • 34. Movimentos populares como a Ação Ci- dadania Contra a Miséria e pela Vida, li- derado por Betinho e a ação dos “caras pintadas” que incentivou o impeachment do Presidente Fernando Collor de Mello são exemplos do exercício destes direitos. Outro exemplo é o recolhimento correto dos impostos que deve ser feito por todos os cidadãos da mesma maneira que devem contribuir para a manuten- ção da segurança e do patrimônio público. Considerando estes exemplos, você diria que temos exercido a cidadania de maneira plena? Vale também ressaltar que a cidadania empresarial é também uma maneira de as organizações cumprirem com seus deveres ao mesmo tempo em que usufruem de seus direitos na relação com os públicos que de alguma manei- ra são impactados por suas atividades. A cidadania empresarial está presente quando uma organização oferece aos seus funcionários mais do que prevê a lei, como no caso de berçário, creche, assistência médica extensiva a fa- miliares, integração de pessoas com deficiência ao ambiente de trabalho e promoção de seu relacionamento saudável com os colegas, etc. Este é um termo que tem sido cada vez mais utilizado no Brasil desde que o Instituto Ethos de Responsabilidade Social iniciou suas atividades, em 1998, estimu- lando o investimento em projetos sociais e ambientais pela iniciativa privada. Resumo Nesta aula, vimos que o conceito de cidadania evoluiu desde a Roma e a Grécia Antigas até os dias de hoje, mudando ao longo do tempo face aos novos cenários políticos que se apresentavam. Durante o Feudalismo, vimos que os princípios relacionados à cidadania ficaram “suspensos” com a insta- lação de relações de dependência entre o homem e o Estado que passava a ser controlado pela Igreja Católica. Atividades de aprendizagem • Observe a conduta das pessoas que você conhece (a sua própria, inclusi- ve!) e analise se todos estão praticando plenamente a cidadania no senti- do de exercer o direito à gestão pública seja de seu município, seu estado ou do nosso país. A Declaração dos Direitos Humanos que se encontra na íntegra no link http:// www.onu-brasil.org.br/ documentos_direitoshumanos. php, foi proposta pela ONU – Organização das Nações Unidas e assinada por todos os Estados Membros garantindo “a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”. Figura 5.3: logotipo do movimento liderado por Betinho. Fonte: http://www.acaodacidadania.com.br Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 34
  • 35. e-Tec Brasil35 Aula 6 – Cidadãos: direitos e deveres cotidianos Nesta aula, vamos refletir sobre o exercício cidadão face à ad- ministração pública. Vamos também discutir o conhecido “jei- tinho brasileiro” de se resolver as situações delicadas. Há aqueles que afirmam que se trata de um traço cultural do povo brasileiro, enquanto outros defendem a afirmação de que se trata de pura falta de ética mascarada pela culturalidade. Vamos conhecer o que alguns pesquisadores dizem a respeito e refletir sobre seus ensinamentos, comparando-os com o que vemos no nosso cotidiano. 6.1 Cidadão ou consumidor do governo? Em seu artigo, Mintzberg (1998, p. 151), retoma o questionamento feito por Tom Peters sobre a máxima que conhecemos: “o direito de uma pessoa termina quando começa o direito da outra”. Leia atentamente o trecho do artigo de Mintzberg: “Eu não quero, diz Tom Peters, um burocrata da prefeitura me criando dificuldades. Eu quero tratamento apropriado, rápido,eficaz e profis- sional. Mas o que acontece se meu vizinho quiser uma permissão para aumentar a casa dele, fazendo sombra sobre a minha?Quem é o clien- te da prefeitura neste caso?” MINTZBERG, 1998. Você sabia? Henry Mintzberg (nascido nos EUA em 1939) é reconhecido mundial- mente como uma referência nas áreas de estratégia e gestão de negócios. Mintzberg afirma que o gestor gerencia os negócios em três níveis: ação, informação e pessoas. Thomas Peters (nascido em 1942/EUA) é uma referência mundial na ges- tão de negócios. “Destruição Criativa” e “Descontinuidade” são temas que ele aborda alertando para a gestão nociva da manutenção de antigos paradigmas.
  • 36. Com base no que vimos até agora, vale lembrar Matias-Pereira (2010, p. 37) quando indica que o conceito de cliente pode ser ampliado quando se fala em administração pública “considerando o cidadão como um cliente que recebe serviços ao mesmo tempo em que se concebe a organização como um sistema integrado de provedores internos e externos”. Observe como temos aqui afirmações que se complementam: o cidadão pode ser visto como um consumidor na medida em que interage com a gestão pública como provedor externo de informações, recolhimento de tri- butos, conservação de patrimônio público, etc. Vale aqui ressaltar que na iniciativa privada, as organizações cada vez mais têm envolvido os consumi- dores no desenvolvimento e aperfeiçoamento de seus produtos e serviços. Também as organizações têm sido cobradas pela sociedade pelo exercício da “cidadania empresarial” ou seja, seu comprometimento com a gestão do que é público por meio de parcerias estratégicas. O exercício da cidadania empresarial não se limita ao recolhimento de tributos, é mais amplo do que isso. São exemplos de cidadania empresarial: programas de inclusão social por meio de investimento social; integração de pessoas com deficiência no ambiente de trabalho, indo muito além do que exige a legislação; preserva- ção meio ambiente, entre outros. 6.2 O “jeitinho” é um traço cultural brasileiro? O antropólogo Roberto da Matta (2009), ao discutir o tema: “O jeitinho brasi- leiro é uma forma de corrupção?” ensina que esta forma de resolver situações difíceis contando com a benevolência dos outros poderia ser mundial, não fosse em países como a Alemanha ou Suíça onde impera a rigidez no cum- primento das normas. Para este autor, o mesmo “jeitinho” que facilita a vida no cotidiano também coloca o brasileiro acima da lei: “o jeitinho se confunde com corrupção porque desiguala o que deveria ser tratado com igualdade”. Para da Matta, há uma questão sociológica envolvida no “jeitinho” que es- tabelece uma relação ruim com a norma estabelecida para todos. O cidadão exige o cumprimento da lei pelo político que ocupa um cargo público, mas por outro lado, pede a um parente que faça “vista grossa” sobre um tributo não recolhido. Como lidar com a ética nesta situação? Como dizer que o representante do povo foi antiético e precisa ter seus direitos políticos cassa- dos se o próprio cidadão transgride a lei. Leia o artigo “Você tem cultura?” escrito por Roberto da Matta e disponível no link http:// www.arq.ufsc.br/urbanismo5/ artigos/artigos_mr.pdf Acesso em: 21 dez. 2012. Compreenda a reflexão que o autor faz sobre “o agir cultural” brasileiro de dizer que não tem cultura. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 36
  • 37. Resumo Aprendemos nesta aula, que a relação entre os cidadãos e o governo precisa ser muito mais intensa do que o mero recolhimento de tributos e sua apli- cação na área pública. A participação do cidadão na gestão faz a diferença entre ser apenas consumidor e ser cidadão atuante na gestão pública. Vimos também que o “jeitinho brasileiro” é uma maneira que encontramos de resolver situações difíceis usando subterfúgios ou contando com a bene- volência dos outros. Atividades de aprendizagem • Discuta com seus colegas as seguintes colocações: Al Gore quando era vice-presidente dos EUA afirmou que o povo americano é consumidor do governo; Henry Mintzberg se diz mais do que mero consumidor do governo. Qual sua percepção sobre estas duas colocações? O que dizem seus colegas a respeito? Anotações Subterfúgio: pretexto para evitar uma dificuldade. Fonte: http://michaelis.uol. com.br/moderno/portugues/ index.php?lingua=portugues- portuguespalavra= subterf%FAgio e-Tec BrasilAula 6 – Cidadãos: direitos e deveres cotidianos 37
  • 38.
  • 39. e-Tec Brasil39 Aula 7 – Ética profissional Nesta aula, veremos o conceito de profissão e as virtudes que seu exercício exige. Discutiremos a relação entre a habilidade técnica no exercício da profissão e a prática das virtudes universais que permeiam as profissões. 7.1 O que é profissão? O “exercício habitual de uma tarefa, a serviço de outras pessoas” é o concei- to que Sá (2009, p. 155) atribui à profissão. Os benefícios, tanto para quem desempenha esta tarefa como para quem é beneficiado por sua execução também integram este conceito. Figura 7.1: Profissões. Fonte: IFPR 2013.
  • 40. A ética, para Sá (2009) ,permeia o exercício da profissão na medida em que a conduta profissional condizente com a moral e a regulação feita pela lei ga- rantem benefícios para os profissionais, a categoria à qual pertencem e para a sociedade. Vale aqui ressaltar que a conduta ética universal independe das culturas cujos costumes são diferenciados, ou seja, o zelo, a honestidade, e a competência são virtudes desejadas em qualquer exercício profissional independente da área de atuação ou cultura em que for desenvolvido. Uma frase de Sá (2009, p. 164) é significativa: “A profissão não deve ser um meio, apenas de ganhar a vida, mas de ganhar pela vida que ela proporciona, re- presentando um propósito de fé”. 7.2 Virtudes exigidas na conduta profissional Para o exercício de uma profissão, habilidades técnicas são exigidas. A per- gunta que coloco para sua reflexão é: somente habilidades técnicas são su- ficientes para que seja virtuoso o exercício de uma profissão? Na matéria publicada na edição especial “Veja na História”, observa-se que durante a Segunda Guerra Mundial, médicos nazistas utilizaram as técnicas da pro- fissão para uma determinada finalidade que inclui pesquisas. Não é preciso dizer que tais práticas foram e continuam sendo condenadas pela ausência absoluta de respeito à dignidade humana, virtude necessária à prática de qualquer profissão. Sei que o exemplo é extremo, mas coloco aqui para que não nos esqueçamos que a prática de nossas profissões requer acima de tudo o exercício da moral e da ética colocando em prática as virtudes univer- sais que permeiam os relacionamentos, em nossa sociedade. 7.3 Código de ética de uma profissão Em seu livro, Sá (2009, p. 152) ensina que “a profissão pode enobrecer pela ação correta e competente, pode também ensejar a desmoralização, através da conduta inconveniente, com a quebra de princípios éticos.” Ao pertencer a uma classe profissional, qualquer que seja sua natureza, o indivíduo assu- me um compromisso com a sociedade e com os colegas de profissão. O que dizer de um médico ou um enfermeiro que negligencia os cuidados com um paciente? E um professor que desrespeita um aluno? Veja os políticos! Te- mos aqueles que se dedicam ao exercício da representação popular e aque- les citados negativamente pela mídia. Observe como existe uma tendência a generalizar a atuação profissional, fazendo referências negativas ou positivas a uma classe profissional apenas pela observação de um ou de alguns indiví- duos cuja ética é questionável pela sociedade. Leia a matéria publicada na edição especial Veja na História, disponível no link http://veja. abril.com.br/especiais_online/ segunda_guerra/edicao006/ sub2.shtml Acesso em: 22 jan. 2012. Reflita sobre exemplos de outras atuações profissionais em que somente o domínio da técnica não é suficiente para garantir a conduta ética do profissional. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 40
  • 41. Resumo Aprendemos, nesta aula, que o conceito de profissão envolve a prática ha- bitual de uma tarefa e pressupõe a conduta ética do profissional que a de- senvolve. Virtudes como zelo, honestidade, e competência são inerentes ao exercício de qualquer profissão independente do país e da cultura onde for colocada em prática. Atividades de aprendizagem • Discuta com seus colegas o seguinte tema: em que medida a ampliação do conhecimento de um profissional para além das habilidades técnicas contribui para sua conduta ética? Anotações e-Tec BrasilAula 7 – Ética profissional 41
  • 42.
  • 43. e-Tec Brasil43 Aula 8 – Código de ética Nesta aula, vamos falar sobre o código de ética empresarial e profissional e para finalizar, abordaremos o código de ética do técnico em segurança do trabalho. Inicialmente, vamos compreender o que tem motivado as organizações a re- digirem, publicarem e disseminarem um código de ética para os públicos com os quais se relaciona. Na sequência, discutiremos uma metodologia de pro- dução do código de ética envolvendo os funcionários de uma organização. 8.1 Código de ética empresarial e profissional O que é um código de ética? ARRUDA (2006, p. 526) ensina que se trata de um documento cujo objetivo é “nortear condutas, mas procedimentos específicos devem constar de normas, manuais ou políticas definidas concre- tamente para cada setor ou atividade”. O código de ética, segundo Patrus-Pena e Castro (2010, p. 48) representa a “oportunidade de a empresa manifestar os valores básicos que pautam sua conduta no mundo dos negócios e na relação com a sociedade”. Desde que o Instituto Ethos iniciou suas atividades no Brasil, em 1998, as organizações têm discutido o tema da responsabilidade social cujo conceito volta-se para a gestão do negócio de maneira ética e transparente com os públicos com os quais se relaciona, pautando-se no desenvolvimento susten- tável, caminho para sua sustentabilidade. Com a evolução das discussões sobre este tema, observa-se que as organiza- ções cada vez mais têm adotado o código de ética como uma ferramenta de orientação de conduta das pessoas que nelas trabalham. Lembre-se que já falamos que não existem empresas éticas, mas pessoas éticas que trabalham nas empresas. As decisões destas pessoas no cotidiano da gestão do negócio constrói a reputação tanto da organização como dos próprios profissionais tomadores de decisão.
  • 44. No sentido de orientar a atuação dos profissionais no sentido da conduta éti- ca, zelando pela reputação da categoria, é redigido e divulgado o código de ética da profissão. De quantos casos você já tomou conhecimento por meio da mídia sobre médicos, por exemplo, que tiveram cassado seu registro no con- selho da profissão devido à sua conduta antiética? Leia a reportagem sobre a médica do Hospital Evangélico de Curitiba. Disponível em: http://g1.globo. com/jornal-hoje/noticia/2013/02/hospital-evangelico-de-curitiba-afas- ta-47-funcionarios-da-uti.html e faça também outras pesquisas. 8.2 Como se elabora um código de ética empresarial Se um código de ética orienta a conduta dos profissionais de uma orga- nização, então, para que seja efetivo é preciso que eles participem de sua elaboração. Algumas sugestões são feitas por ARANTES (2011, p. 143) para que este processo seja inclusivo e educativo. Sugiro que sejam seguidas as seguintes etapas na produção de um código de ética empresarial: 1. Organizar reuniões de trabalho no formato de oficinas. 2. Selecionar representantes de todas as áreas da organização para partici- par das reuniões. 3. Iniciar com a explicação sobre os objetivos do trabalho que será realizado. 4. Propor uma discussão inicial sobre o entendimento de cada participante sobre os conceitos: ética, moral, cidadania, valores, entre outros. 5. Levantar as situações vividas pelos participantes que exemplifiquem con- dutas éticas e antiéticas. 6. Discutir a necessidade de normas para o convívio harmonioso e produtivo. 7. Conhecer códigos de ética de outras organizações. 8. Iniciar a elaboração do código de ética da organização utilizando como base os conhecimentos adquiridos. 9. Apresentar para a alta direção e validar o conteúdo. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 44
  • 45. 10. Organizar reuniões com todos os funcionários divididos por área para apre- sentação da íntegra do código elaborado e aprovado pela alta direção. 11. Entregar o código de ética a cada um dos funcionários com protocolo. 12. Enviar o código de ética para os demais públicos com os quais a organi- zação se relaciona: fornecedores, principais clientes, governo, parceiros estratégicos. 13. Disponibilizar o texto do código de ética no website da organização. 14. Disponibilizar um canal de denúncias para condutas antiéticas. 15. Organizar um comitê de ética que avalie as denúncias, dê retorno àque- les que se identificaram e acompanhe a aplicação do código de ética na organização. 16. Tornar público os nomes dos participantes do comitê de ética. Resumo Aprendemos. nesta aula, que a conduta de um profissional causa impacto sobre sua própria reputação assim como sobre a reputação da organização onde ele trabalha e sobre a categoria à qual ele pertence. Vimos que para ser efetivo, é preciso que o código de ética de uma organização tenha cunho educativo e seja elaborado com a participação de representantes de todas as áreas. Conhecemos também os movimentos que a Federação dos Técnicos em Segurança no Trabalho estão fazendo para que o profissional da área tenha aprovado o código de ética de sua profissão. Atividades de aprendizagem • Pesquise o código de ética da organização em que você trabalha. Você já o conhecia? Procure saber como ele foi construído e divulgado e se todos os funcionários têm conhecimento de seu conteúdo, além de seguir aquilo que nele está indicado. O que você mudaria no texto do código de sua organização? Caso ela ainda não tenha, reflita sobre a possibilidade de pro- por uma discussão sobre a ética e os outros temas tratados em nossas aulas. Conheça o conteúdo do Código de Ética e Disciplina da OAB no link www.oab.org.br/ Content/pdf/LegislacaoOab/ codigodeetica.pdf Acesso em: 14 maio 2013. e-Tec BrasilAula 8 – Código de ética 45
  • 46.
  • 47. e-Tec Brasil47 Aula 9 – Gestão da reputação do profissional Nesta aula, vamos discutir os impactos causados pela conduta sobre a reputação de um profissional. Abordaremos o quanto a exposição dos profissionais nas redes sociais pode causar impactos positivos e negativos sobre a reputação de um profissional. 9.1 A ética, a reputação e a imagem do profissional O patrimônio de um profissional é constituído também da percepção que se tem dele, de suas decisões na vida pessoal e de sua conduta na organização com os colegas e na sua relação com o trabalho. Em sua obra, Sá (2010) re- força o valor do código de ética da profissão no sentido de preservar o nome profissional que causa impactos em toda categoria. Ao tratar as condutas antiéticas do ser humano, Sá (2010, p. 153) reforça a importância de se preservar a imagem pessoal e profissional que faz por merecer a confiança da sociedade e das organizações. “O que se faz du- rante toda uma vida, em poucos dias pode desmoronar, diante dos efeitos malévolos da ação dos caluniadores, traidores, difamadores, chantagistas e intrigantes” diz Sá (2010, p. 153). Energia e inteligência são necessárias para que possamos nos contrapor aos resultados das ações que buscam destruir uma imagem positiva, seja ela pessoal ou profissional. 9.2 Direito de uso de imagem Pessoas que constroem ao longo de suas vidas uma imagem tão positiva que acabam se tornando uma celebridade precisam cuidar para que dela não se faça uso indevido ou sem autorização. Campanhas de comunicação frequentemente utilizam a imagem de atletas, atores, entre outros para en- dossar produtos ou serviços de organizações de diferentes segmentos. A imagem de um profissional é um assunto tão sério que a normatização de seu uso é feita pela legislação. A lei 9.610 de 19/02/1998 cuja íntegra está disponível no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm, acesso em: 05 fev. 2012, dispõe sobre direitos autorais.
  • 48. Vale aqui ressaltar que também fazem parte desta discussão o direito ao desenvolvimento de um produto, serviço, autoria de textos ou produções culturais, entre outros. O INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial é o órgão que regula os registros de patentes neste campo. Quando patentes são registradas e seus produtos tornados públicos qualquer utilização sem autorização prévia ou fazendo a devida referência é punida pela lei. Da mesma maneira, textos acadêmicos devem fazer referência aos seus au- tores originais, como fontes de referência. Veja o exemplo deste livro. Inúme- ros autores são citados, suas referências estão no texto e ao final desta obra. Assim, quando fazemos trabalhos acadêmicos, devemos seguir as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas que oferecem as diretri- zes para as instituições de ensino, como a nossa, e seus alunos. Observe que o Manual de Normas para a Redação de Trabalhos Acadêmicos do IFPR está à sua disposição, em nosso portal. Fica altamente prejudicada a imagem daquele que se apropria de trechos de obras já publicadas, sem fazer a devida referência, conforme orienta a ABNT. Para refletir A matéria intitulada “Reputação on- -line: como cuidar da sua imagem na internet” que você lê a seguir aborda um tema muito atual voltado para o acesso ilimitado que todos têm sobre todas as pessoas, apenas digitando seus nomes num site de pesquisa, na internet. Você já teve sua privacidade invadida pela internet? Até que ponto considera benéfica a participação em redes sociais como Orkut, Facebook e outros sites de relacionamento, e de que maneira esta exposição pode preju- dicar um profissional? Que atitudes você adota para se prevenir de situações indesejáveis que possam afetar sua imagem como profissional? Leia no link http://www. jornaldocampus.usp.br/index. php/2011/03/professor- demitido-responsabiliza-aluna- por-plagio, acesso em: 06 fev. 2012, a matéria sobre uma caso de apropriação indevida de trechos de obras publicadas onde os nomes das pessoas envolvidas foram também publicados. Figura 9.1: Imagem em foco. Fonte: IFPR 2013. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 48
  • 49. Reputação on-line: como cuidar de sua imagem na internet Atenção, você está sendo “googlado”. Qualquer pessoa com conexão à internet pode ter acesso à informações básicas sobre outra em uma sim- ples busca em sites, por exemplo, o Google. Inclusive o atual chefe e um futuro empregador. Monitorar a imagem e ter certos cuidados antes de se expor nas redes so- ciais e sites não é uma tarefa impossível. “Ninguém enviaria um currículo impresso com uma foto de biquíni anexada para tentar uma nova opor- tunidade de emprego. A necessidade de etiqueta pessoal e profissional ocorre em qualquer contexto e é apenas mais evidente na internet”, diz Ana Paula Zacharias, sócia-diretora da Hunter Consulting Group. Vamos fazer um teste? 1. Pesquise o seu nome: Observe o que as outras pessoas podem descobrir sobre você e veja se há textos e fotos comprometedores ou indesejáveis a seu respeito. Muita gente com blog pessoal e sites de fotos como Flickr ou Fotolog pode se esquecer de postagens antigas e até com opiniões que já não condizem com a sua, mas que podem comprometer na busca por um emprego. Caso o seu nome seja comum ou não apareça nos primeiros resultados, o escreva entre aspas e veja o que é listado com o nome completo e as variações possíveis dele. O uso de palavras-chave, como o atual emprega- dor ou cidade, acompanhadas do nome também ajudam a potencializar a pesquisa. Altere as configurações de privacidade das redes sociais que aparecem nos resultados ou delete o conteúdo indesejado. Se o resultado não puder ser removido, pode ser necessário buscar ajuda especializada. 2. Não adianta se esconder. Quem prefere não ter conta em redes sociais ou se esconder atrás de ape- lidos corre outro risco: perder oportunidades. “A escolha de não se expor deixa o profissional sem visibilidade diante da busca de um recrutador. Não estar na rede hoje pode ser grave e significar desatualização, princi- palmente para algumas carreiras”, explica Ana Paula. Postagens= Pôr-se, colocar-se. Fonte: http:// michaelis.uol.com.br/ moderno/portugues/index. php?lingua=portugues- portuguespalavra=postar e-Tec BrasilAula 9 – Gestão da reputação do profissional 49
  • 50. Redes sociais como LinkedIn e o Facebook, se usadas corretamente, po- dem turbinar a carreira e ser vitrine do seu trabalho. Usá-las a seu favor conta pontos e pode ser determinante na busca por um emprego ou no crescimento profissional. 3. O que um recrutador pode procurar? Em um processo de seleção, por que o recrutador busca os profissionais na internet antes de decidir se a entrevista de emprego será oferecida? Usar o Google ou procurar informações nas redes sociais fornecem, de antemão, dados sobre o perfil da pessoa, que poderá ser o desejado pela empresa ou não. Opiniões polêmicas, fotos comprometedoras ou falta de credibilidade po- dem afetar o julgamento do profissional, mas um recrutador espera sem- pre encontrar pontos favoráveis sobre o candidato. “O selecionador quer ter acesso a informações pessoais do candidato, mas deve entender que um profissional pode se expor na rede diferente- mente da forma como conduz a vida profissional”, diz Ana Paula. 4. Qual imagem virtual agrada empregadores? Informações sobre envolvimento em atividades e pessoas relacionadas à função exercida pelo profissional contam a favor. “É importante que o profissional seja verdadeiro e ativo nas redes sociais, mostrando uma ima- gem que condiz com o histórico profissional”, diz Ana Paula. 5. Como melhorar a reputação on-line? Publique boas informações a seu respeito na internet. Quem possui contas de blogs, Twitter, Facebook e LinkedIn, entre os principais, pode usar a ati- vidade online a seu favor. Poste opiniões e textos que condizem com a sua profissão e use uma linguagem adequada. Dê uma checada às vezes nas buscas a seu respeito, inclusive nos fóruns de discussão da web, para não escorregar diante da liberdade de expressão. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 50
  • 51. Fique atento ainda às configurações de privacidade das suas redes sociais. Se for preciso, crie um perfil profissional no Facebook, por exemplo, e mantenha o seu pessoal com configuração para não aparecer em buscas. “O cuidado sempre tem que existir porque o que você publica pode estar acessível, mas uma exposição condizente com o seu objetivo pode dar bons resultados”, aconselha Ana Paula. Fonte: http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/reputacao-online-veja-como-cuidar-da-sua-imagem-na-internet Leia a íntegra da palestra proferida pelo jurista brasileiro Dalmo de Abreu Dallari sobre Ética, disponível no link https:// gestao.dnit.gov.br/institucional/ comissao-de-etica/artigos-e- publicacoes/publicacoes/Etica- Dalmo%20de%20Abreu%20 Dallari.pdf Acesso em: 24 abr. 2011. Quais pontos chamaram sua atenção no texto? Reflita e discuta com seus amigos.Resumo Nesta aula, vimos que a imagem de um indivíduo é elemento fundamental no patrimônio de uma pessoa e de um profissional. Pessoas, profissionais e orga- nizações constroem imagens positivas sustentadas por ações que beneficiam a sociedade. Indivíduos cuja imagem está associada à ética e à retidão de ca- ráter são frequentemente citados como exemplos para a sociedade. A legis- lação prevê normas específicas para o uso de imagem e deve ser respeitada. Atividades de aprendizagem • Faça uma revisão dos perfis que você disponibiliza nas redes sociais. Veja também as fotos que você publicou. Reflita sobre o impacto que estas informações pode ter sobre sua reputação como indivíduo e como profis- sional. Você acredita que é necessário alterar seu perfil nas redes sociais? Discuta com seus colegas e acompanhe suas reflexões sobre este tema. e-Tec BrasilAula 9 – Gestão da reputação do profissional 51
  • 52.
  • 53. e-Tec Brasil53 Aula 10 – Ética na administração e gestão Nesta aula, discutiremos a tomada de decisão dos gestores de uma organização com base em suas habilidades. Você conhecerá as habilidades necessárias para um profissional atuar na ges- tão e vamos refletir sobre a atuação profissional do técnico em segurança de trabalho no contexto organizacional. 10.1 Habilidades para a administração Uma organização tem três níveis para sua gestão: estratégico, ocupado pela presidência e diretoria; tático, ocupado pela gerência; e operacional, ocupado por todos aqueles que não estão nos dois primeiros níveis. Vale aqui lembrar que quando falamos em nível operacional, não estamos nos referindo apenas às pessoas que trabalham na indústria, operando máquinas, mas também aos supervisores, coordenadores, analistas, estagiários, etc. Em todos estes níveis, é necessário que o profissional domine habilidades que estão demonstradas na Figura 10.1: Figura 10.1: As habilidades de um administrador. Fonte: Chiavenato (2003). Observe que as habilidades técnicas são mais específicas do nível operacio- nal, o que não significa dizer que os demais níveis não precisem ter domínio sobre questões técnicas envolvidas nos processo. Eles precisam, mas numa
  • 54. intensidade menor. Chiavenato (2003), denomina de “intermediário” ou ”tá- tico” o nível em que estão os gerentes cuja visão do negócio (habilidades conceituais) deve ser mais intensa do que o domínio de habilidades técnicas. Quanto ao nível estratégico, observa-se pela figura 10.1 que as habilidades conceituais são ainda mais requisitadas (CHIAVENATO, 2003; RIBEIRO, 2009). Observe, contudo que o relacionamento humano é fundamental na gestão de um negócio e isto fica claro na figura 10.1, pois as habilidades humanas aparecem com a mesma intensidade nos três níveis de uma organização. O exercício da profissão com urbanidade, independente do nível em que o profissional se encontra é fundamental para que se forme um ambiente saudável de trabalho em que os profissionais complementem sua formação técnica e sua visão sobre o negócio em que estão atuando. 10.2 Mudanças na natureza do trabalho e a necessidade do desenvolvimento de novas habilidades de gestão Montana e Charnov (2010, p. 468) chamam nossa atenção para as mu- danças ocorridas na natureza do trabalho, ao longo do tempo. Conforme indicam estes autores, em 1979, o maior número de trabalhadores ocupava a função de balconista, posição anteriormente ocupada pelo operário e, an- tes deste, pelo agricultor. A mudança estrutural do mundo dos negócios da fabricação para o processamento de informações. Neste contexto, Montana e Charnov (2010, p. 468) indicam que funções no campo da informação tiveram um notável crescimento de 1980 a 1995, passando de uma porcen- tagem de 17% para 65% da força de trabalho e aumentando significativa- mente com o acesso à internet. O perfil do trabalhador tem mudado, exigindo dos profissionais o desen- volvimento de novos conhecimentos, habilidades e atitudes. Trabalhadores idosos têm sido cada vez mais percebidos no mercado de trabalho da mesma maneira que a mudança de valores sociais abriram espaço para a entrada das mulheres na força de trabalho. Pessoas com deficiência também compõem uma força de trabalho cuja atuação é regulada pela legislação. Urbanidade: qualidade do que é urbano; civilidade. Fonte: http://michaelis.uol.com.br/ moderno/portugues/index. php?lingua=portugues- portuguespalavra=urbanidade. Para saber mais sobre as mudanças do perfil do trabalhador acesse: http://www.mte.gov.br/fisca_ trab/inclusao/lei_cotas_2.asp e http://www.procon.sp.gov.br/ categoria.asp?id=680 Acesso em: 05 fev. 2012. No link http://www.ufrgs.br/ bioetica/eticprof.htm, acesso em: 17 maio 201,3 você encontra reflexões sobre a ética profissional e suas relações sociais, propostas por Rosana Soibelmann Glock e José Roberto Goldim. Neste texto, são discutidos temas como a ética da ação voluntária com uma perspectiva que vai fazê-lo pensar. Acesse os links: http://www.mte.gov.br/fisca_ trab/inclusao/lei_cotas_2.asp e http://www.procon.sp.gov.br/ categoria.asp?id=680 Acesso em: 17 maio 2013. E conheça a legislação voltada para as pessoas com deficiência. Reflita sobre a atuação do técnico em segurança do trabalho para proporcionar às pessoas com deficiência condições adequadas para o desenvolvimento de suas funções, nas organizações. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 54
  • 55. Resumo Nesta aula, vimos que numa organização há três níveis nos quais se distri- buem os profissionais: estratégico (alta direção); tático (gerência); e opera- cional (demais funcionários) e que a cada um cabem habilidades conceituais e técnicas em mais ou menos intensidade. Vimos também que habilidades humanas são fundamentais para os profissionais nos três níveis para garantir um ambiente saudável no trabalho. A mudança na força de trabalho das organizações tem exigido dos profissionais o desenvolvimento de conheci- mentos, habilidades e atitudes Atividades de aprendizagem • Faça uma avaliação sobre suas habilidades e verifique se você tem mais habilidades conceituais do que técnicas. Veja também se você tem desen- volvido habilidades humanas de maneira a promover um relacionamento profissional que garanta um ambiente de trabalho saudável com aqueles que o cercam. e-Tec BrasilAula 10 – Ética na administração e gestão 55
  • 56.
  • 57. e-Tec Brasil57 Aula 11 – Questões éticas envolvidas nos relacionamentos interpessoais no trabalho Nesta aula, vamos discutir o processo de comunicação que permeia as relações interpessoais na organização e os ruídos que podem ocorrer. Inúmeras ações promovem um ambiente de trabalho saudável em que as pessoas se relacionam preservando o respeito ao próximo, adotando um comportamento ético em suas decisões. No cotidiano da organização, os relacionamentos entre as pessoas são fundamentais para que o ambiente saudável de trabalho proporcione condições favoráveis para a tomada de decisão. São as decisões dos profissionais que garantem a imagem positiva da organização perante o mercado, fortalecendo o relacionamento com os consumidores ao longo do tempo como ação importante na conquista da sustentabilidade do negócio. 11.1 O processo de comunicação Quando estudamos o processo de comunicação, nos é apresentado um con- ceito relacionado com o esquema que você vê na figura 11.1. Figura 11.1: Componentes do processo de comunicação. Fonte: elaborada pela autora. A comunicação aparentemente é muito simples: uma mensagem é enviada por meio de um canal por um emissor para um receptor. Este dá um retorno (feedback) sobre seu entendimento. O problema está nos ruídos[...]ah! os ruídos de comunicação! Feedback: retorno de informa- ção ou, simplesmente retorno.
  • 58. 11.2 Ruídos de comunicação e conflitos Na sequência, você vai conhecer algumas situações na área da comunicação que podem gerar conflitos: comunicação com consumidores de outras cul- turas; boatos; feedbacks para os membros da equipe. Observe as inúmeras possibilidades de acontecerem no cotidiano das organizações situações que podem causar constrangimentos nos relacionamentos abrindo espaço para condutas impróprias, mesmo que sem intenção. A gestão da atuação dos profissionais no relacionamento com outras culturas é papel da liderança da equipe, contudo, cada um dos seus integrantes pre- cisa ter bem definida a importância de um comportamento adequado a este contexto. Montana e Charnov (2010, p. 453) apontam que a diferença de idioma é o primeiro obstáculo ainda que se contrate tradutores para apoio na comunicação. Gírias e expressões locais dão origem a situações que precisam ser administradas para não se refletirem em conflitos. Veja os exemplos apresentados por Montana e Charnov (2010, p. 453): –– Nos EUA, a General Motors apresentava uma campanha de comu- nicação em que se referia à qualidade do chassi de seus automóveis com a expressão: “Body by Fisher” ou “feito por Fisher” em portu- guês. Esta mesma expressão na Holanda significa: “Cadáver feito por Fisher”. –– Numa negociação, o norte americano propôs que as discussões fos- sem “tabled” ou “adiadas” em português. Para o inglês que estava na mesa de negociação, esta expressão significa exatamente o con- trário, ou seja, trazer para discussão. Boatos são fontes inesgotáveis de conflitos. Palavras mal utilizadas ou percep- ções inadequadas das pessoas, falta de sigilo e predisposição em se propagar informações não confirmadas, costumam causar situações constrangedoras para todos. Você já presenciou alguma situação delicada na organização em que trabalha envolvendo boatos que levaram a situações conflitantes? Como esta situação ocorreu e como foi resolvida? Outra possibilidade de ocorrência de conflitos face à comunicação inadequa- da se dá em função do feedback (retorno) que os trabalhadores esperam de suas lideranças. O acompanhamento do desempenho dos funcionários parte do princípio que critérios de avaliação foram estabelecidos previamente e comunicados aos funcionários. Reuniões de feedback (retorno) devem ser pe- Uma nova ótica nos relacionamentos interpessoais” é o título do artigo escrito por Anderson Alberto Canfild, psicólogo do trabalho. Muito mais do que habilidade técnica, a construção de relacionamentos no trabalho demanda uma percepção diferenciada sobre as pessoas. Leia e reflita sobre suas próprias habilidades.Acesse http://www.leituracorporativa. com.br/open. php?pk=246fk=83id_ ses=4canal=23 Acesso em: 17 maio 2013. Leia o artigo publicado no link http://www.administradores. com.br/informe-se/artigos/a- etica-do-networking/37375/, acesso em: 17 maio 2013 e reflita sobre a ética do networking. Como administrar um relacionamento de troca cujas normas não são escritas, mas estão implícitas? A autora avisa “Cuide de sua rede de contatos com ética, ou será melhor não tê-la”. Reflita sobre a importância de uma rede de contatos ativa para a organização de eventos. Leia o artigo “Reflexões sobre o relacionamento interpessoal” disponível no link http://www. administradores.com.br/ informe-se/artigos/reflexoes- sobre-relacionamento- interpessoal/45725 Acesso em: 17 maio 2013. Apesar de ser fundamental em nosso cotidiano, muitas vezes colocamos de lado nossas habilidades de relacionamento devido à carga de atividades que temos. Reflita sobre o quanto isso é prejudicial para você e para as pessoas com quem você se relaciona e de quem você gosta. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 58
  • 59. riódicas entre a liderança e os liderados a fim de que os profissionais saibam como está sendo percebido seu desempenho, os pontos fortes e aquilo que precisa ser desenvolvido ou aprimorado. No processo de feedback a comu- nicação é incentivada e os relacionamentos se consolidam aproximando as pessoas entre si. Quando isso não acontece, dúvidas são levantadas pelos trabalhadores não somente em relação ao seu próprio desempenho, mas também em relação à atenção que seus superiores dão ao seu trabalho. Isto pode levar à falta de motivação e comprometimento e, como consequência, resultados negativos inesperados. Resumo Nesta aula, vimos que o processo de comunicação pode apresentar ruídos que abrem espaço para situações constrangedoras entre as pessoas, com- prometendo seu relacionamento interpessoal. Situações como diferença de expressões idiomáticas não são intencionais, mas podem comprometer rela- cionamentos de negócios. Já os boatos ocorrem a partir de comportamen- tos inadequados. Os feedbacks, quando feitos corretamente pelas lideranças para os membros de suas equipes previnem situações delicadas ao indicar a necessidade de desenvolvimento e aprimoramento de atitudes das pessoas no ambiente de trabalho. Atividades de aprendizagem • Você já se viu diante de uma situação como a que foi ilustrada na Figura 11.2? Reflita sobre as consequências para as pessoas envolvidas nesta si- tuação de ruídos na comunicação. Faça uma relação daquilo que poderia ter sido feito para evitar esta situação e suas consequências. e-Tec BrasilAula 11 – Questões éticas envolvidas nos relacionamentos interpessoais no trabalho 59
  • 60.
  • 61. e-Tec Brasil61 Aula 12 – Adversidades no ambiente de trabalho e o papel da liderança Nesta aula, vamos discutir um tema que tem sido objeto de muitas discussões dentro e fora do ambiente de trabalho: o assédio moral. Vamos refletir sobre a seguinte pergunta: qual a diferença entre cobrar re- sultados com firmeza e assediar moralmente? Falaremos sobre o conceito de “resiliência”, termo que tem sido utilizado pelas organizações, na gestão de pessoas. 12.1 A linha que separa a firmeza da liderança e o assédio moral Em uma organização, as lideranças são cobradas para alcançar e superar me- tas. Você pode já ter presenciado uma situação em que o estresse tomou conta de um líder que se viu pressionado para o alcance de resultados. A superação destas situações faz parte do papel da liderança, assim como a capacidade de resistência às pressões deve ser atributo de um líder. Por outro lado, ser firme na cobrança do alcance e superação de resultados é muito diferente de pressionar o time de trabalho! É inaceitável que líderes com o poder de decisão extrapolem os limites impostos pela ética, assim sendo, a legislação cuida muito bem de lhes impor a adequada punição! 12.2 Resiliência: suportando pressões num ambiente de adversidades Inicialmente, vamos compreender o que significa o termo “resiliente”. Este é um termo utilizado na Física para designar a propriedade que alguns mate- riais têm de suportar pressão interna ou externa. Alguns materiais retornam ao seu estado inicial sem qualquer deformação após sofrer algum tipo de pressão enquanto outros, modificam-se completamente. É o caso por exem- plo de uma barra de gelo e uma barra de aço. Se você bater no gelo, ele se quebra, podendo dissolver-se completamente, ou seja, apresenta baixíssimo nível de resiliência porque ao se exercer uma pressão sobre ele, verifica-se uma deformação até irreversível. O mesmo não ocorre com o aço que ao ser pressionado com outro material apresenta pouca ou nenhuma deformação, o que demonstra seu alto nível de resiliência.
  • 62. O termo foi incorporado pelas organizações para indicar um profissional que consegue suportar mais ou menos a pressão do cotidiano por resultados. Observe que não se trata de aceitar todas as situações, popularmente conhecido como “engolir sapo” o tempo todo, mas de ser capaz de lidar com situações difíceis, buscando uma saída para os problemas ao mesmo tempo em que se envolve com as pessoas da equipe de trabalho. No esporte, temos no Brasil alguns excelen- tes exemplos de atletas com altíssimo nível de resiliência, como Lars Grael que demons- trou sua capacidade de superar obstáculos ao recuperar-se e voltar a competir mesmo após sofrer um acidente que o levou a am- putar uma perna. Como diz Cobra (2004, p.12), “Temos que fazer o caminho inverso, redes- cobrir que somos fortes e que os limites na verdade, não existem. São cria- dos por nós e vigoram apenas em nossa cabeça.” Lars Grael não permitiu obstáculos impondo limites em sua vida. Piovan (2010, p.25), ensina que a pessoa resiliente segue alguns princípios: 1. Ter consciência de que é preciso conviver com as dificuldades, pois elas existem queiramos ou não; 2. A Espiritualidade é a compreensão da natureza humana são desejáveis; 3. É preciso persistir; 4. Decisões difíceis e necessárias ocorrem em nossa vida. É preciso nos de- dicarmos a elas com a energia necessária; 5. Sair de nossa zona de conforto, ou seja, mudar comportamentos ou ações que estamos acostumados é condição fundamental para o crescimento; 6. São as dificuldades da vida nos permitem crescer; Figura 12.1: Lars Grael. Fonte: ©José Cruz – ABr/Wikimedia Commons. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 62
  • 63. 7. Um ditado chinês fala sobre a resiliência: os chineses dizem que árvores robustas não se curvam, mas são as primeiras a serem derrubadas por uma tempestade. Por outro lado, o bambu se curva, se adapta ao am- biente e sobrevive às tormentas. Figura 12.2: Árvores frondosas não se curvam como o bambu, mas são as primeiras derrubadas durante uma tempestade. Fonte: ©Stefan Wernli/Wikimedia Commons. ©Nitin Pai/Wikimedia Commons. Resumo Nesta aula, discutimos a diferença entre cobrar resultados da equipe de trabalho e praticar assédio moral. Aprendemos que a lei impõe a devida punição para aqueles que se valem de seu poder de decisão para assediar moralmente funcionários. Vimos que o termo “resiliência” diz respeito à ca- pacidade que alguns materiais têm de se manter sem qualquer deformação mesmo após terem sofrido algum tipo de pressão. Discutimos a utilização deste termo pelas organizações associando resiliência à capacidade que um indivíduo tem de suportar as pressões do cotidiano organizacional. Atividades de aprendizagem • Faça uma avaliação sobre seu comportamento profissional e reflita sobre o quanto você é resiliente. Você estaria disposto a assumir um cargo de chefia, mesmo sabendo que seu antecessor precisou sair da organização devido ao estresse causado pela pressão por resultados? Caso sua respos- ta seja negativa, você está disposto a mudar? Leia mais sobre “assédio moral” no link http://www. assediomoral.org/spip. php?article1 Acessado em 24/04/2011. Este texto indica outras leituras que você pode fazer para complementar sua busca por este assunto, além de esclarecer algumas questões que envolvem este tema tão polêmico. e-Tec BrasilAula 12 – Adversidades no ambiente de trabalho e o papel da liderança 63
  • 64.
  • 65. e-Tec Brasil65 Aula 13 – A gestão da diversidade valorizando as diferenças no convívio social e profissional – I Nesta aula, vamos estudar a importância da valorização desta diversidade cujas diferenças quando somadas nos enriquecem como indivíduos e como profissionais. Em nosso país, temos uma grande diversidade de etnias que compõem a beleza de nossa formação cultural. A ética nos relacionamentos inclui a per- cepção destas diferenças, seu conhecimento e sua valorização. 13.1 A gestão da diversidade Gerenciar a diversidade dentro de uma organização, conforme ensina Car- valho-Freitas (2009) “surge e ganha contornos específicos no contexto do processo de globalização e fusão das empresas e em função da pressão de organismos internacionais ou de movimentos sociais.” Não devemos confun- dir gestão da diversidade com ações afirmativas. As ações afirmativas das organizações têm cunho social e voltam-se exclusi- vamente para diminuir as distâncias entre as pessoas face às suas diferentes maneiras de ser e perceber o mundo à sua volta. Na gestão da diversidade, conforme reforça Carvalho-Freitas “a diversidade passa a ser vista como van- tagem competitiva para a organização”. Observe que nesta e nas próximas aulas, vamos tratar tanto as ações afir- mativas do governo brasileiro como seus movimentos e os movimentos das organizações privadas no sentido de gerenciar a diversidade. 13.2 Afrodescendentes no Brasil Em nosso país, temos profundas influências da cultura africana razão pela qual abordaremos neste livro a importância da valorização desta etnia, tão presente em nosso cotidiano. As relações entre o Brasil e a África se aprofun- dam desde que o Brasil foi descoberto e vai muito além da escravidão à qual os negros foram submetidos, em diversos países. As lutas africanas pela independência política, pelo desenvolvimento e pela manutenção de sua cultura são objeto de estudo e reflexão, merecendo des-
  • 66. taque face à influência dos povos daquele continente na formação cultural brasileira. As influências africanas são percebidas nas diferentes expressões culturais brasileiras: música, pintura, culinária, religião, entre outros. Apesar desta profunda influência da cultura africana em nosso país, observa- -se que as desigualdades raciais existentes no Brasil têm sido objeto de estu- dos e movimentos sociais culminando resultados que demonstram melhorias, sobretudo na educação, mas que, por outro lado, apresentam ainda dispari- dades em termos de renda. A cidadania empresarial passa pelo respeito à diversidade, pela promoção do ambiente saudável de relacionamento de todas as pessoas, independente de seu credo, etnia, gênero, idade, local de nascimento, maneira de pensar, etc. Esta é uma preocupação mundial e tem merecido há alguns anos, a atenção da Administração Pública, conforme veremos a seguir. Nas tabelas a seguir, você observa os resultados apresentados pelo 4º Relatório Nacional de Acom- panhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para a relação entre as etnias, no que diz respeito à educação, em nosso país. Na tabela 13.1, você verifica que o perfil educacional brasileiro demonstra uma evolução de 1992 a 2008 em relação à participação das etnias no ensino fundamental, para pessoas entre 7 e 14 anos. Tabela 13.1: Evolução do percentual de pessoas no ensino fundamental no Brasil por etnia. Ano Percentual pessoas entre 7 e 14 anos Negros ou pardos Brancos 1992 75,3% 87,5% 2008 94,7% 95,4% Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório Nacional de Acompanhamento. BRASÍLIA: Ipea, 2010. Disponível em: http://www.mds.gov.br/.Acesso em: 03 maio 2011. Já no ensino médio brasileiro, ou seja, para pessoas entre 15 e 17 anos, o resultado apresentado na tabela 13.2, demonstra disparidades significativas. Tabela 13.2: Evolução do percentual de pessoas no ensino médio no Brasil por etnia. Ano Percentual pessoas entre 15 e 17 anos Negros ou pardos Brancos 1992 9,2% 27,1% 2008 42,2% 61% Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório Nacional de Acompanhamento. BRASÍLIA: Ipea, 2010. Dispo- nível em: http://www.mds.gov.br.Acesso em: 03 maio 2011. Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 66
  • 67. Foi verificado um alto percentual de queda da desigualdade em termos de analfabetismo conforme mostra a Tabela 13.3. Tabela 13.3: Queda da desigualdade no analfabetismo – por etnia. Ano Percentual Negros ou pardos Brancos 1992 86,8% 95,6% 2008 97,3% 98,7% Fonte: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório Nacional de Acompanhamento. BRASÍLIA: Ipea, 2010. Dispo- nível em: http://www.mds.gov.br. Acesso em: 03 maio 2011. 13.3 A política de cotas no Brasil Quando se pensa sobre a política de cotas em nosso país, é preciso levar em conta dados que se referem aos afrodescendentes que demonstram, confor- me pesquisa feita por Kroth e Marchiori Neto (2006) a relação entre a média de anos de estudos, a etnia e a renda média mensal do aluno brasileiro. O resultado desta pesquisa indica que, no Brasil, a média de anos de estudo dos brasileiros brancos é de 8,3 anos com uma renda mensal mínimo de 3,9 salários mínimos enquanto que os negros e pardos têm uma média de 6 anos de estudos com cerca de 1,9 salários mínimos de renda. Quando se avalia em termos de localização geográfica desta população, os autores des- ta pesquisa identificaram que em todo o país há uma média maior para os brancos tanto de anos de estudos quanto de renda mensal medida por salá- rios mínimos. O relatório do PNUD (2010:32) aponta no Brasil a introdução do programa “Bolsa Família” para exemplificar o crescimento do envolvimento do setor pú- blico no esforço para reduzir as desigualdades, alocando de re- cursos para pessoas cuja renda é menos favorecida. Além deste, outros programas contribuem para reduzir as desigualdades, em nosso país. Dentre eles es- tão: Luz para todos; Alfabetiza- ção de jovens e adultos; Agricul- tura familiar; e o ProUni. Leia o texto “Diversidade: tolerância, respeito e valorização” disponível no link http://diversidadedigital. blogspot.com/2007/05/ diversidade-tolerncia- respeito-e.html.Acesso em: 17 maio 2013. Reflita sobre a frase: “A diversidade só tem sentido na troca, no compartilhamento cultural, e não na preservação da diferença como peça de museu, ou pior, como vitrine para consumo turístico e cultural.” Quais manifestações de “preservação” da diferença você conhece e qual sua opinião a respeito? Consulte a página da SECAD onde você encontra materiais muito importantes sobre Educação das Relações Étnico Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. http://portal.mec.gov. br/dmdocuments/ orientacoesetnicoraciais.pdf Acesso em: 17 maio 2013. Conheça a agenda afro-brasileira acessando o link http://www. agendaafrobrasileira.com.br Acesso em: 17 maio 2013. Figura 13.1: interior do Museu Afro Brasil: vitrine com máscaras africanas. Fonte: ©Dornicke/Wikimedia Commons. e-Tec Brasil67
  • 68. Instalado na Capital de São Paulo desde 2004, o Museu Afro Brasil apresen- tado na figura 13.1 preserva e celebra a cultura, a memória e a história do Brasil quando vista a partir da influência africana ao longo de tantos anos. Localizado no Parque do Ibirapuera, num espaço de 11 mil metros quadrados o Museu Afrobrasil expõe mais de 5 mil obras. Quando você tiver a oportuni- dade visite este espaço cultural em São Paulo! Resumo Nesta aula, abordamos a relevância de se tratar com ética o tema da gestão da diversidade nas organizações. Nosso país tem influências fortes da cultura africana, o que nos leva à necessidade de conhecer e discutir a importância da redução das desigualdades sociais e a promoção da valorização da cultura africana como parte integrante de nosso cotidiano. Há leis específicas em nosso país que garantem o acesso de pessoas com deficiência a inúmeros serviços, bem como preserva os direitos da criança, do adolescente e do idoso além de punir qualquer tipo de discriminação. A educação inclusiva é um direito do cidadão. Atividades de aprendizagem • Reflita sobre a frase “A diversidade só tem sentido na troca, no compar- tilhamento cultural, e não na preservação da diferença como peça de museu, ou pior, como vitrine para consumo turístico e cultural.” Quais manifestações de “preservação” da diferença você conhece e qual sua opinião a respeito? Ética e Cidadaniae-Tec Brasil 68