4. “A história de toda língua é uma sucessão de acidentes, mas de
acidentes coletivos. Com efeito, a maior parte é preparada pela
estrutura mesma da língua e dos conteúdos virtualmente nela.”
“Cada estado de língua sai assim naturalmente do estado de língua
anterior. Isso não impede cada indivíduo de ter na evolução da língua
uma certa responsabilidade, mas o acidente individual se autoelimina e
desaparece sem deixar rastros daquele que o cometeu. Para que um
acidente sobreviva a seu autor ele deve ser consentido, sancionado pela
comunidade. Isso permite compreender o papel do indivíduo isolado.”
Vendryes, Les sciences sociales em France. Paris, s/d (1937), p. 115 (apud Marli Quadros Leite, apresentação em ppt. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3029593/mod_resource/content/1/Hist%C3%B3ria%20da%20l%C3%ADngua%20portuguesa.pdf. Último acesso em 1 de mar.
de 2022.
5. “Entendida como ficou definida, a
filologia pode ser germânica, clássica,
eslava, românica etc., conforme seu
objeto específico. Assim, a filologia será
“românica” se tiver como objeto
específico as línguas e os dialetos que se
originaram do latim vulgar, e suas
respectivas literaturas de qualquer
espécie, desde as origens até sua
situação atual”.
Bassetto (2013: 37-38)
7. • Mosaico de raças: etruscos (muito civilizados)
• Os romanos possuíam um importante aparato bélico - o que fez com
que consolidasse a primeira fase de sua expansão territorial
• Início da latinização (sem a mesma profundidade em todas as
províncias)
ROMÂNIA
8. - O costume de destruir as cidades invadidas e levar os habitantes para
Roma criou um problema de aumento populacional, ocasionando
importantes diferenças entre classes sociais.
ROMÂNIA
9. A formação da România é decorrência do percurso histórico do
Império Romano e da língua latina, desde a expansão
territorial, por intermédio de guerras, até a dissolução e queda
do Império.
As conquistas do Império Romano contribuíram para a
divulgação do latim como língua oficial do Império.
10. Os estados que se formaram após o domínio romano se
autodenominavam como romanos, e a unidade linguística e
cultural dos territórios sob domínio romano ficou conhecida como
România.
Como consequência disso, o contato dos romanos com as
diferentes famílias linguísticas dos povos dominados deu origem a
novas línguas, denominadas línguas românicas.
11. Conceito de România
O termo România surgiu a partir de romanus, que formou o
advérbio romanice ou “à maneira ou costume romano”;
Essa tradução livre originou um novo termo, romance, advérbio
que se aplicava a qualquer texto ou composição escrita em uma
das línguas vulgares.
O termo România foi usado modernamente para se referir a toda
área ocupada por línguas de origem latina, mesmo que os limites
da România atual e do antigo Império Romano não coincidam.
12.
13. Documentado pela primeira vez por Paulo Osório, discípulo de Santo
Agostinho, em Historiae Adversus Paganos (VII,6,43), o termo România
parece ser um criação popular, já que, ao citá-la, Paulo Osório
acrescenta “ut vulgariter loquar” (“para falar de modo popular”).
Inicialmente, como “romano” se opunha a “bárbaro”, no sentido de
“estrangeiro”, ou seja, “não latino” ou “ não grego”, România se opunha a
barbaria e barbaries; nesse sentido, no período clássico encontra-se o
termo Barbaria.
14. Pode-se apontar como fatores que contribuíram para que o
latim não se mantivesse como a língua falada em todo o
Império; a romanização superficial, a superioridade cultural
dos vencidos e a superposição maciça de populações não-
romanas.
Por meio dos movimentos de propagação do catolicismo e
das grandes navegações, as línguas românicas chegaram a
novos continentes e atingiram o status de línguas oficiais,
como o português, o espanhol, o francês e o italiano.
15. Curiosamente, atestação de România coincide com o
período em que o mundo romano se esfacelava e os
godos pretendiam construir a Gótia sobre as ruínas da
România.
O termo ocorre também no biógrafo de Santo Agostinho,
Possídio, que qualifica os vândalos de “Romaniae
eversores”.
16. O moderno conceito de România, porém, somente foi fixado com
o advento da Filologia Românica. Em sua grammatik der
romnischen Sprache, de 1836, Friedrich Diez (1794-1876)
consagrou o termo ao dividir a România em Ocidental e
Oriental, no que foi seguido posteriormente pelos romanistas
em geral;
Com isso, o termo se tornou corrente. Gaston Paris buscou
definir esse conceito em 1872; com base na tradição, define-se
România como o conjunto dos territórios onde se falou latim ou
onde se fala atualmente uma língua românica, incluindo as
respectivas literaturas e a cultura de seus povos.
17. ROMÂNIA
Originaram-se duas normas linguísticas: sermo urbanus (norma da classe culta)
e sermo plebeius (norma da massa popular inculta)
18. - Sermo classicus ou litterarius: escrito e artístico; é uma espécie de
glamourização do sermos urbanus
- Sermo urbanus: língua da classe culta romana, falada corretamente do ponto
de vista gramatical, mas sem a estilização do sermo litterarius; detinha a
norma literária
- Sermo plebeius: falado; norma da classe menos favorecida socialmente e
analfabeta; era a língua viva e real de onde derivam as línguas
românicas
ROMÂNIA
19. LATINIZAÇÃO
A latinização é o processo de dominação dos povos conquistados ou de alianças feitas
com outras nações;
A evolução da língua latina
- Espontaneamente: economia linguística; aparece dialetos dentro da mesma língua;
- Motivada: nasce da motivação de alguma lacuna da própria língua (especialmente
as crianças), ou depende de algum contato entre línguas; provoca o aparecimento
de um dialeto; modificação da estrutura linguística de maneira acentuada; é de
onde provêm as línguas românicas.
20. FATORES DE LATINIZAÇÃO
- Exército: os primeiros a entrar em contato com os povos que seriam dominados;
- Criação de Colônias Militares: recompensas dadas aos soldados logo após a sua
aposentadoria (16 anos), a exemplo de doação de terras férteis; casavam-se com
mulheres autóctones, o que causava uma espécie de fomento do latim em outras
terras;
- Criação de Colônias Civis: compostas por cidadãos com direitos romanos ou com
direitos latinos, após retirada dos primeiros habitantes. O grande objetivo era a
produção de bens de consumo. A consequência trazida era o fato de que os muitos
falantes de latim levavam a cultura local a uma espécie de uniformização cultural e
linguística
21. FATORES DE LATINIZAÇÃO
- Administração Romana: distribuição estratégica das “províncias” conquistadas e
entregues aos cônsules pelos senadores – promoção de defesa, cobrança de
impostos – senatoriais (mais antigas e mais associadas a Roma) e imperiais (mais
distantes de Roma e com característica mais escrava);
- Obras Públicas: imposição da cultura, língua e estilo de vida por meio da criação
de estradas (para maior e mais fácil movimentação do exército), abastecimento de
água, criação de teatros (forte processo de latinização), construções de edifícios
(fóruns, templos, basílicas, bibliotecas, escolas e a implementação da disciplina de
retórica latina), comércio
22. “É sabido que as línguas românicas provêm do “latim”, porém, não é unívoco,
já que existem numerosas variedades. Interessa à FILOLOGIA ROMÂNICA
particularmente o chamado LATIM VULGAR, EMINENTEMENTE
FALADO e, por isso, de reconstituição árdua, mas a verdadeira fonte das
línguas românicas. É preciso também saber como essa variedade do latim foi
levada a todos os recantos do Império Romano, a documentação existente,
além de fatores que propiciaram o aparecimento de várias línguas a partir
desse latim vulgar” (grifo meu)
Em suma, sobre a origem das línguas românicas...
23. Fatores da
História
DIVERSIDADE
Situações de uso da língua
SOCIEDADE
Mais complexa e articulada
INDIVÍDUOS
Um homem público do final do período republicano não utilizaria a
mesma linguagem para discursar no forum, para escrever cartas aos
amigos e familiares e para dirigir-se a seus serviçais.
É necessário, portanto, compreender…
24. Aspecto da diversificação da sociedade romana é o
aparecimento da literatura latinas.
Autores latinos buscavam o ideal urbanitas, evitando
expressões provincianas ou que lembrassem a educação
das classes menos favorecidas.
25. România: períodos
Levando-se em conta as mudanças ocorridas no tempo e no
espaço relativas à abrangência dos territórios considerados
românicos distinguem-se três fases na história da România.
26. România Antiga
• Bassettto (2005: 191) identifica a România Antiga como um conjunto
de territórios com um total de 301 províncias.
• A denominação se apoia em critérios mais políticos que linguísticos e
culturais.
• É certo que em todas as províncias, mesmo nas mais distantes, o
latim era falado pelo menos pelo exército, pela administração, pelos
colonos e comerciantes.
27. România Medieval
A redução da România Antiga começou, portanto, já no século II d.C.. As invasões dos
povos germânicos e eslavos, causaram a fragmentação primeiramente política e
posteriormente linguística da România.
O Império do Oriente subsistiu ainda por cerca de dez séculos; ali, porém, o predomínio
da língua e da cultura gregas sempre foi incontestável, embora o latim tivesse sido a
língua oficial por muito tempo.
Assim, com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., o conceito de
România passou a ser principalmente cultural e linguístico e eventualmente político.
28. România Medieval
A România Medieval abrange as regiões em que se continuou a falar o latim vulgar,
agora em rápido processo de fragmentação rumo a dialetos e línguas românicas
através da fase romance.
Trata-se de uma România reduzida, composta pela Itália, Récia, Gália, Ibéria, ilhas
mediterrâneas, Dalmácia e Dácia, territórios onde, grosso modo, nasceriam os dialetos
e as línguas românicas.
Com todas essas perdas, a România Medieval representa a fase territorialmente menos
extensa, mas foi nela que as línguas românicas se formaram.
29. România Moderna
Este período é o mais amplo dos três, graças às conquistas de novos
territórios, especialmente da África, pelos portugueses e espanhóis, no
fim do século XV;
Quando, com objetivos religiosos, econômicos e comerciais, lançaram-se
ao mar para conquistar novas terras.
30. A esses objetivos religiosos juntaram-se outros, econômicos
e comerciais, como estabelecer relações diretas com a África
Oriental, tendo em vista escravos, ouro, especiarias e outras
mercadorias.
România Moderna
Grandes navegações com a descoberta da Ilha da
Madeira (1419), dos Açores (1431) e Cabo Verde (1445).
Vasco da Gama encontra a rota para as Índias em 1498,
contornando o cabo das Tormentas e, em 1500, Pedro
Álvares Cabral chega ao Brasil.
31. O português
Foi implantado com as sucessivas conquistas na Guiné Portuguesa,
Angola, Moçambique e nas ilhas de São Tomé e Príncipe, Ilha da Madeira. É
falado no Brasil e em alguns portos da Ásia (Macau, Timor, Goa, e
península da Malaia).
O francês
Convive ainda hoje com dialetos locais nas antigas possessões da África
Ocidental Francesa (1904), África Equatorial Francesa (1852-1905), em
Madagascar (1896), Marrocos e Congo Francês. A Algéria pertenceu à
França de 1830 a 1962, ano em que lhe foi concedida a independência
completa, condicionada apenas à concessão de garantias aos franceses ali
residentes.
România Moderna
32. A perda desse território da România começou durante a Idade Média; os dialetos
românicos foram sendo lentamente empurrados em direção ao mar, tornando-se
SUBSTRATO das línguas eslavas hoje ali dominantes.
A Dácia (uma das principais regiões fora de Roma, controladas por seus
soldados,, mesmo isolada e totalmente cercada por falares não românicos, nunca
deixou de fazer parte da România, bem como pequenas ilhas linguísticas onde se
falam variedades consideradas dialetos do romeno.
DECLÍNIO DO IMPÉRIO ROMANO
33. DECLÍNIO DO IMPÉRIO ROMANO
A Idade Média compreende o período entre 476, quando Roma caiu nas mãos dos
povos germânicos, e 1453, com a conquista de Constantinopla, capital do Império
Romano do Oriente, pelos turcos-otomanos.
34. Na Gália, perdeu-se a parte oriental da Bélgica e parte da Bretanha, ocupada pelos
bretões celtas provenientes, no século VI, das ilhas britânicas e falantes de uma
variedade linguística do ramo celta britânico, como o címrico e o córnico.
Na Península Ibérica, exclui-se apenas o País Basco, na divisa com a França e ao longo
do golfo de Biscaia; seu território, porém, vem sendo diminuído através dos séculos;
hoje abrange aproximadamente a metade do espaço que ocupava no século XVI.
DECLÍNIO DO IMPÉRIO ROMANO
36. DECLÍNIO DO IMPÉRIO ROMANO
Fatores:
• Fim do expansionismo
• Crise do escravismo
• Ruralização da economia
• Aumento do cristianismo: Cristãos não queriam lutar, eram contra a escravidão e eram
monoteístas.
• Instabilidade interna: A divisão do Império: tentativa de controlar a crise.
• Invasões bárbaras
37. INFLUÊNCIAS DE SUBSTRATOS, SUPERSTRATOS E ADSTRATOS
As línguas descendentes do latim são chamadas de “irmãs”.
No entanto, elas têm suas diferenças e, às vezes, dependendo da palavra, até parece que
elas nem se dão tão bem.
Isso se deve às diversas influências que cada uma delas recebeu durante a sua formação.
Adaptado de: https://laborhistorico.letras.ufrj.br/6%20appendix%20probi.pdf. Acessado em: 13 mar. 2021.
38. INFLUÊNCIAS DE SUBSTRATOS, SUPERSTRATOS E ADSTRATOS
Estrato vem do latim stratum e significa “cobertura”, “camada”.
39. INFLUÊNCIAS DE SUBSTRATOS, SUPERSTRATOS E ADSTRATOS
Substrato, então, quer dizer “camada que está embaixo”, caracteriza as influências que o
latim recebeu das línguas dos povos conquistados pelos romanos.
Nas várias regiões do império romano, o latim se tornou a língua vencedora, os habitantes
nativos abandonavam suas próprias línguas e aprendiam a falar o latim. Algum tempo
depois, num determinado local, este latim falado apresentava palavras ou pronúncias que
não eram latinas. Estas influências são chamadas de “substratos linguísticos”.
40. INFLUÊNCIAS DE SUBSTRATOS, SUPERSTRATOS E ADSTRATOS
Superstrato, ao contrário, significa “camada que está sobre”.
Utiliza-se este termo para caracterizar as influências que o latim recebeu das línguas dos
povos conquistadores, como os germânicos (que adotaram o latim como língua quando
derrotaram os romanos, já que não possuíam uma cultura letrada, em vez de impor sua
língua).
Assim, diz-se que “superstrato” ocorre quando um povo vence outro apenas
politicamente, adotando a língua do vencido e influenciando-a apenas em parte.
41. INFLUÊNCIAS DE SUBSTRATOS, SUPERSTRATOS E ADSTRATOS
Adstrato é um tipo de influência que ocorre em forma de troca entre duas línguas usadas
ao mesmo tempo no mesmo espaço territorial.
É uma espécie de bilinguismo em que o uso de duas línguas poderá resultar em uma
terceira língua, por causa das interferências.
Quando duas línguas são muito diferentes uma da outra, elas convivem lado a lado sem
que nenhuma se sobreponha à outra, ocorrendo apenas empréstimos de palavras. A isso se
chama “adstrato permanente”, a exemplo do grego, usada por muitos romanos juntamente
ao latim.
O latim nunca dominou nem foi dominado pelo grego, mas dele recebeu várias palavras,
muitas das quais servem às línguas modernas ainda hoje para a criação de neologismos.
42. SUBSTRATO: nome que se dá à língua e um povo, abandonada em proveito de
outra língua que a ela se impõe, geralmente como consequência de uma conquista
política (CÂMARA JR.)
ADSTRATO: Toda língua que vigora ao lado de outra (bilinguismo), num território
dado, e que nela interfere como manancial permanente de empréstimos. (CAMARA
Jr.)
SUPERESTRATO: Nome que se dá à língua de um povo conquistador, que a
abandona para adotar a língua do povo vencido. (CAMARA Jr.)
RESUMINDO...