O documento descreve a evolução dos modos de produção industrial, desde o fordismo até formas mais recentes como o toyotismo e o volvismo. O fordismo enxergava a organização como uma máquina, onde os trabalhadores eram parte da linha de produção. O toyotismo trouxe mais flexibilidade ao priorizar a qualidade e a colaboração. O volvismo deu ainda mais autonomia aos trabalhadores na Suécia. Todas essas mudanças refletem a evolução do papel do trabalhador na sociedade.
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Fordismo: a organização como máquina
Toyotismo: a organização como organismo
Volvismo : A organização como cérebro
A Organização como Máquina
A mecanização do trabalho trouxe uma grande transformação aos métodos de
produção, não só em termos quantitativos e qualitativos, mas também uma
mudança estrutural, que consistiu na superação do conceito de organização
como associações humanas objetivando a realização predeterminada de algo,
para que estas se transformassem em fins em si mesmas. Por exemplo: o
objetivo da Empresa X, montadora de automóveis, deixa de ser montar
automóveis, para ser a busca do lucro máximo que essa atividade pode lhe
trazer.
O homem passa então a ser usado como acessório da máquina, devendo
assim, obedecer o ritmo daquela, com horários rígidos, mecanização da
atividade e controle rígido.
Esse processo trouxe sérias conseqüências não só à produtividade, que
aumentou enormemente, mas à toda sociedade em si.
Mesmo dentro das empresas ela não restringiu-se à linha de produção,
chegando também à administração, em forma de burocratização: divisão rígida
de tarefas, supervisão hierárquica e regras e regulamentos detalhados.
A Teoria Clássica
Os preceitos gerais da Teoria Clássica (também chamada Administração
Científica) são:
- Trabalhadores são motivados pela recompensa monetária
- Divisão de trabalho detalhada
- Hierarquia de autoridade, com definição clara de responsabilidade
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Dentro dela, o engenheiro Frederick Taylor desenvolveu uma série de
princípios, objetivando separar o trabalho mental do trabalho físico, que foram
reunidos numa “Teoria da Motivação”. Com ela, procurava-se explorar ao
máximo o trabalho humano, buscando o limite da fadiga.
Características Gerais do Fordismo
Ford conseguiu reduzir drasticamente os custos e melhorar radicalmente a
qualidade, numa época em que o volume de produção era baixo e aumentos
quantitativos não reduziam esses custos.
O conceito chave da produção em massa era na verdade, a
intercambiabilidade de partes, que reduziu o ciclo de tarefas radicalmente,
sendo melhorado pela linha contínua. Reduziu-se o esforço humano e facilitou-
se a operação e manutenção dos carros.
O trabalhador na linha de montagem tinha apenas uma tarefa, o que tendia a
uma desabilitação total do mesmo. As decisões era centralizadas e seu
sistema completamente inflexível. Outras conseqüências negativas eram :
imobilidade e lentidão para associar mudanças sócio-culturais e econômicas,
que têm ocorrido cada vez mais rápido; alienação o trabalhador que resulta
numa falta geral de autocontrole; não-interação com o meio-ambiente, limitação
da capacidade humana, individualidade combinada à competitividade, que
podem trazer conseqüências negativas à produtividade.
Ainda hoje são estudadas as causa do declínio do sistema fordista. Algumas
são facilmente identificáveis como a crise do petróleo, e os defeitos do próprio
sistema. Mas quais foram as condições externas que fizeram com que esses
problemas viessem à tona? Alguns deles são: a falta de políticas industriais
melhores, o declínio na qualidade de educação, o fenômeno do capitalismo de
papel e os movimentos sociais em geral.
Organizações como organismos
A evolução da produção trouxe a percepção de que era preciso enfocar o lado
humano da produção. Teorias como a dos Sistemas, a da Contingência e a
Estruturalista tratam de novas idéias, que acabaram por priorizar diferentes
dimensões dentro da produção, como a compreensão das relações
organização-meio, sobrevivência como objetivo central, importância da
inovação e acima de tudo, busca de harmonia entre estratégia, estrutura,
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tecnologia e dimensões humanas. Surgem ainda as idéias de Recursos
Humanos e a Teoria das Relações Sociais, que davam um novo enfoque ao
trabalhador em si e seu papel na produção enquanto ser humano, não
máquina.
Coloca-se em análise a dicotomia competição – colaboração. A primeira,
focalizando a sobrevivência do mais apto, na verdade significa uma “ameaça à
gerenciabilidade do mundo social” (de acordo com o próprio autor), enquanto a
segunda proporciona uma cooperação em busca de resultados melhores, uma
associação de esforços e interesses que traz melhores resultados à todos.
O Toyotismo
Sua principal característica é a flexibilização. Ao analisar o sistema fordista e
criar seu próprio, os japoneses tiveram de superar vários obstáculos para
poderem competir em larga escala, como por exemplo: seu mercado
doméstico, sua mão de obra que não se adaptaria ao esquema taylorista, a
busca por tecnologia e a dificuldade de exportar.
Eles desenvolveram assim uma série de inovações técnicas, que acabaram por
facilitar a modificação de características de seus produtos e
conseqüentemente, facilitavam o reparo de defeitos.
Em conseqüência de uma demissão me massa após a Segunda Guerra,
desenvolveu-se em suas fábricas uma particularidade também na relação
capital – trabalho, acabando por tornar-se característica do sistema japonês:
emprego vitalício, promoções por critérios de antigüidade e participação nos
lucros. A partir desta mão-de-obra diferenciada foram realizadas diversas
tarefas.
A primeira foi reunir vários trabalhadores em torno de um só líder, dando-lhes
responsabilidades sobre diversas tarefas; então passam a ser mercados
diversos encontros para discussão de melhorias no processo de produção.
Os operários são habilitados para agir em caso de detecção de problemas na
linha de montagem, fazendo com que a quantidade de defeitos caísse
bastante. O sistema Just-in-Time reduz os estoques, obrigando cada membro a
antecipar os problemas e evitar que eles ocorram.
O sistema tem por pontos fortes captar as necessidades do mercado
consumidor e adaptar-se às mudanças tecnológicas. O sistema de vendas cria
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com os fornecedores uma relação de longo termo, numa cadeia produtiva,
funcional e ágil.
Porém os mesmos problemas que atacaram o sistema fordista-taylorista está
atacando o sistema toyotista. Mas é difícil prever suas conseqüências, pois o
sistema é bastante particular do meio em que foi implantado; é difícil separá-las
do “quadro mais amplo que as gerou e as sustenta”.
O modo de produção é então compararado com o feudalismo, em que a base
da pirâmide, constituída por milhares de pequenas empresas e empregando a
maior parte da mão-de-obra existente, faz o papel do servo, continuamente
submetido a pressões para redução de custos, trabalhando com margens de
lucro insuficientes e praticamente impedido de abandonar seu clã.
E graves problemas têm surgido, sendo o mais estrutural queda relativa do
padrão de devoção dos empregados às empresas, conseqüência talvez de
mudanças culturais e comportamentais, surgindo uma nova atitude e
expectativa em relação à vida e ao trabalho.
Conclusão
Uma visão mais ampla sustenta que o toyotismo seria nada mais que uma
evolução do fordismo, e que esse sistema estaria exposto às mesmas
contradições de seu antecessor.
O conjunto de contradições internas seria potencializado pelas mudanças
sociais, enfraquecendo a flexibilidade e adaptabilidade do sistema, seus dois
trunfos competitivos em relação ao sistema fordista.
A Organização como Cérebro
Sumariamente, aqui o processo de produção é visto como um processo de
informação, com capacidade de auto-regulação, onde os membros tem um
acesso muito maior à totalidade do processo produtivo, que entre outras
conseqüências, tem: descentralização das decisões, dando mais autonomia
aos componentes do processo e inserindo mais o operário ( o que dá muito
mais flexibilidade ao sistema, ao aumentar a conexão e capacidade dos
diversos setores) e aumenta a capacidade de inovação .
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E é por causa dessa habilidade de se auto renovar é que o sistema é visto
como um cérebro, em que cada neurônio é conectado aos outros, tendo
funções específicas e com grande possibilidade de intercambiabilidade. Além
disso, o grau de conexão entre os diversos centros de controle é altíssimo,
gerando uma habilidade extra em movimentos complicados e a
descentralização de controle e execução gera o que o autor chama de
intersubstituição e independência simultânea. Os procedimentos são bastantes
simples e as especificações, mínimas.
O Volvismo
Em linhas gerais, a indústria sueca é caracterizada endogenamente altíssimo
grau de informatização e automação e exogenamente pela forte presença dos
sindicatos trabalhistas e mão-de-obra altamente qualificada. No caso das
fábricas da Volvo, é ainda marcada por um alto grau de experimentalismo, sem
o qual talvez não fosse possível ter introduzido tantas mudanças.
O Volvismo surgiu como resultado de várias inovações conjuntamente postas
em prática, com a particularidade da participação constante dos trabalhadores.
A exigências do mercado competitivo forjaram melhorias, mas o que fez a
diferença no caso da Volvo foi claramente características particulares da
sociedade sueca. Além dos sindicatos fortes, o alto grau de automação das
fábricas no país faz com que desde há tempos os jovens rejeitem serem vistos
como “acessórios das máquinas”, como no taylorismo o seriam.
Isso gerou mudanças estruturais: nessa linha, o operário tem um papel
completamente diferente daquele que tem no fordismo, e ainda mais
importante que no toyotismo: aqui é ele quem dita o ritmo das máquinas,
conhece todas as etapas da produção, é constantemente reciclado e participa,
através do sindicatos, de decisões no processo de montagem da planta da
fábrica ( o que o compromete ainda mais com o sucesso de novos projetos).
Conclusão
As tendências apontadas pelo autor para o sistemas do futuro são: estruturas
mais simples, menos níveis hierárquicos e alta flexibilização . Mais do que
melhorias na produtividade e melhor gerenciamento, essa nova visão gera
novas estruturas do trabalho, com conseqüências já citadas, como: maior
inserção do trabalhador na totalidade do processo, caracterização da vida
social do operário não mais num meio excessivamente competitivo, e sim de
cooperação, entre outras.
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Desde séculos atrás as sociedades são caracterizadas pelos seus modos de
produção, e estudamos o intercâmbio entre as particularidades de cada
civilização, as nuances sociais e ecológicas, étnicas etc., que faziam com que
elas plantassem de uma forma ou de outra, numa época do ano determinada, e
assim os modos de produção evoluíam e se modificavam ao longo do tempo.
O conjunto dessas mudanças, quando generalizado e aperfeiçoado se refletem
em mudanças na sociedade, que são, ao mesmo tempo, resultado e condição
da renovação dos sistemas de produção. Ou seja, uma nova forma de se
encarar o trabalhador é uma nova forma de se encarar o homem como
elemento social e vice versa, restando- nos refletir o quão profundas e
definitivas são essas inovações