1. Projeto de poder, ou projeto de nação?
Atualmente se ouvi muito o questionamento do por que o PT almeja tanto o poder ao ponto
de levar adiante uma candidatura que de certa forma apresentaria riscos e ao tempo criaria
uma situaçãode inibiçãode uma concretização de uma aliança politica ampla dos partidos do
dito campo progressista.
Esta questão pode ser respondida de maneira bem simples, nenhum partido político se
ausenta da lógica do poder, é abstrato dizer que uma estrutura partidária não se coloca de
maneiraveemente dentrodojogodopoder,seriamuitaingenuidadeterestavisão,aindamais
quando se trata de um partido que é considerado o maior partido progressista da América
Latina, que possui a maior estrutura partidária do país, que trás consigo aprovação atual de
quase 30% da populaçãobrasileira, sendo assim, o partido mais confiável por esta parcela da
população e tem com certeza a maior liderança política desse país desde Vargas.
Com tudoisso,para o bem ou para mal,o PT temsima sua chancelade buscar assiduamentea
disputa pelo poder nesse país. E como colocou o professor Ueber da UFES em uma postagem
recente na sua página no Facebook, quando disse que “partido que não almeja o poder é
escola de samba”.
Mas, ainda há pessoas que acham que esta postura do PT é errônea, deveria abrir brechas
para outros nomes de outros partidos até para quebrar o discurso anti-petista que se fez
presente nos últimos anos no Brasil, principalmente no processo eleitoral de 2016. O que
devemosperceberque,arealidade nesse momento é outra, o PT em 2016 sofria diretamente
com os efeitos midiáticos do impeachment, o partido foi taxado por movimentos como MBL
como o principal responsável pela estrutura corruptiva desse país, ali o PT estava fragilizado,
momentototalmentedistintode agora,onde opartido lidera todos os cenários possíveis com
Lula e o antipetismodaquelaépocaperdeude algumaformasuasintoniacomtodo cenário de
corrupção que se sobressaiuasdemaislegendas,principalmente, sobre o PSDB, que viu a sua
então principal liderança, Aécio Neves ser colocado diante do obscuro mundo do ostracismo
político.
Sem contar que as pesquisas desta ultima semana mostraram que o cenário que o PT buscou
idealizarnesse processoeleitoral vem se efetivando, o partido mesmo não tendo a presença
de Lula ainda certa já sabe que tem força para fazer uma transferência de votos que leva
possivelmente o Fernando Haddad para o segundo turno, ou seja, o PT de um partido quase
destruído no imaginário se reergueu de maneira surpreendente, deixando até mesmo seus
adversários sem entender o que rege a força desse partido.
E afinal, o que rege a força desse partido?
Possivelmente aindase fazpresentenaculturapolíticadesse paíso legadopolítico,econômico
e social dos governos petistas, Lula e Dilma, um conjunto de valores que fizeram com que a
populaçãotivesse aoportunidadede almejarcoisasmaisamplasemsuasvidas,foi possívelver
o crescimento econômico se relevar em todos os ambientes sociais, os programas de
transferênciade renda,os programas de inclusão social tudo isso são com certeza elementos
fundamentais para entender a força que rege esse partido.
2. O que foi idealizadopeloPTemquase 16 anosde governoé algo que não se apaga do dia para
noite,issofixanamentalidade daspessoasque foramasprincipaisbeneficiadasde todasessas
ações e tudo sobressai a outras temáticas, como a corrupção, onde as pessoas começam a
perceber que mesmo tendo inserido nesse jogo tenebroso da política, o PT só foi mais um
partido que se inseriu nesse sistema e extirpar o petismo da sociedade não será a melhor
forma de acabar com a corrupção, pois jamais podemos esquecer a fala de Aécio Neves no
últimodebate daGloboem 2014, quandoo mesmo disse que para acabar com a corrupção no
Brasil só teria uma saída, “tirar o PT do governo”. E ai, perguntamos e onde está o Aécio hoje
depois das malas e do primo?
A história se mostrou diferente do discurso, o PT foi tirado do poder de maneira totalmente
sem nexo, o Brasil piorou economicamente, a sociedade voltou a viver com as mazelas de
antes e a corrupção continuou sobre aqueles que taxaram um dia o PT como o grande mau
político desse país.
Assimsendo,aconcepçãodo discursolevouaoerro,e o erro hoje fomenta uma esperança de
melhora que tem nome, sobrenome e fundamento político para se colocar nesta posição.
3. A juventude e a política: um paradigma de discordância histórica.
Começo o texto com uma pergunta: “Por que a nossa juventude se tornou apolítica,
extremista e conservadora?”. Questionamento essencial para entender o papel dos nossos
jovens perante a cultura política que rege o país na atualidade.
Historicamente, a juventude sempre zelou por posicionar em períodos singulares de nossa
sociedade,principalmente emmomentosque alutaera peladefesadasoberanianacional e da
nossa democracia, exemplo marcante, os movimentos de 1968, quando a nossa juventude
agiucontra um regime militarque inibiaasliberdadesindividuais e o nosso estado de direito.
Há 50 anos a juventude era regida por princípios democráticos progressistas, defendiam a
democracia,a soberanianacional,aliberdadee principalmente aefetivaçãode umpaís justo e
igualitário.Eraummomentoimparde nossahistória,mas esta postura hoje vem se afastando
de nossa juventude e o que se vê no tempo presente é a expansão do discurso do
autoritarismo e do armamento como as saídas viáveis para a melhoria da nação.
Afinal,porque estajuventudeentrouemummomentode discordânciacom o seu passado de
lutas? A resposta mais condizente seria pela descrença dos jovens em relação à política,
movidapelocaossistêmicoe pelaviolência que se torna “fascinante” em todos os ambientes
de nossa sociedade,tudoissolevaao que podemos chamar de negação da política e o espaço
negado acaba sendo preenchido por discursos rasos e antidemocráticos, fascistas e
extremistas, que passam a ser vistos como solução imediata dos problemas que se fixam na
sociedade.
E como mudar esse cenário?
Primeiro passo, promover o dialogo e o debate democrático, pois não se reergue uma
democracia sem o contraditório, mas isso deve respeitar a lógica democrática, é preciso
eliminar o discurso de ódio que se consolida na mentalidade política de jovens extremistas,
seja à esquerda ou à direita.
O investimento em educação, não a privatização do ensino como muitos defendem, um pais
no qual a juventude troca a escola pelo crime não pode ser considerada eficiente, é preciso
consolidarumaeducaçãoque possibilite a formação humana, que trabalhe mais a construção
do pensamento crítico, não o cerceamento do mesmo, uma educação que não se prenda em
números na lógica estatística mercadológica.
E fortaleceroscoletivospolíticosdemocráticos de formação política (não estou dizendo MBL,
poisesse não é democrático), atualmente existe em nosso país dezenas desses movimentos
que tem como objetivo tratar a política como um bem comum de todos, mostrando que a
políticanão pode sertratada apenascomo umamera disputaentre “coxinhas”x “mortadelas”,
é buscar fazer da política um instrumento que se faz presente em todos os pontos de uma
sociedade e em todos os movimentos de nossas relações sociais.
Enfim, é preciso estabelecer uma mudança da visão da política em relação aos jovens, senão
poderemosvivenciarexperiênciaspolíticasque simbolizam o atraso de pensamento, algo que
4. vem se emoldurando e personificando como uma ameaça a nossa própria estrutura
democrática.
E esta mudança jamais irá acontecer enquanto vermos a política apenas como uma mera
disputa futebolística tem que ir além, e reestabelecer o protagonismo juvenil na política e
fator fundamental para alcançarmos esta mudança de postura em nossa política.
Pensemos nisso!
5. O Brasil de hoje direto do túnel do tempo.
Há 54 anos o nosso país vivia um ambiente político muito simular que temos atualmente,
tínhamos uma crise institucional movida por uma oposição que não vencia eleições e se
movimentava de maneira incansável para destituir o governo e assim através de um golpe
alcançar o poder.
E ponto chave de todo contextoque moviaapolíticado país naquele instantefoi umatentado,
era o “Atentado da Rua Tonelero” que culminou com o ferindo e hospitalizando o principal
nome da oposiçãoem época, Carlos Lacerda (Bolsonaro de hoje), o então líder da UDN (PSDB
de hoje) foi alvejado por um tiro que lhe atingiu no pé e isso serviu para iniciar uma fase
intensade nossahistória,poisLacerdaalvejadousoudesse ato para montar uma situação que
culminaria com uma perseguição implacável ao então presidente Getúlio Vargas (Lula da
época), mesmo sabendo que a situação era drástico Getúlio não se rendeu as pressões e viu
que o contexto caminhava a passos largos para efetivação de um golpe militar, assim, o
presidente no ato político tirou sua própria vida no dia 04 de agosto de 1954, ali morria um
homem e surgirá um mártir de nossa história republicana.
O Brasil viveu uma comoção sem precedentes e de uma só vez Getúlio Vargas mesmo
“deixandoavidae entrando na história” impediu um golpe de estado e consolidou o cenário
eleitoral daépoca,noqual o seu candidato Juscelino Kubitschek (Haddad de hoje) conseguiu
uma vitória significativa, conseguindo colocar a oposição novamente no posto político do
esvaziamento.
Enfim, hoje, a principal liderança do Brasil se encontra preso e impedido de participar do
processo eleitoral, mas, assim como Getúlio demonstra ter força mesmo que silenciado de
impulsionaracandidaturade um aliado,e a oposiçãode hoje novamente viveumambientede
atentado, que inflama a imprensa, mas que não surte efeitos práticos da mesma maneira
como foi em 1954.
A históriaé realmente umciclode eventosque se tornaminteressantesaoolharmaisamplo,a
história nesse ponto nos mostra que eventos do passado servem de parâmetros para
interpretação do presente.
Comodiz o historiadoringlêsMarcBloch,“A incompreensãodopresente nasce fatalmente da
ignorânciadopassado”,isso mostra que talvez se as pessoas, principalmente os mais jovens,
tivessemumolharmaisaguçadopara nossahistória poderíamos estar vivendo uma realidade
totalmente diferente,nãoteríamosesse ambiente político e social que se fixa em nosso país,
teriamcapacidade de construircom novosolharesuma sociedade mais justa, mas, as pessoas
ignoram a história e tendem a cometer os mesmos erros do passado e assim, trazer para os
dias atuais a reconstrução de fatos do passado.