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Minhas Senhoras, meus senhores
Começo por vos apresentar a Exma. Senhora Professora Doutora Isabel Baltazar, licenciada em
Filosofia pela Universidade Católica, Com Pós – graduação em Estudos Europeus pela
Faculdade de Direito, Mestre em História Cultural e Politica pela Universidade Nova,
Doutorada em História e Teoria das Ideias- especialidade ideias políticas pela mesma
Universidade Nova de Lisboa, etc., etc, etc….
Decidiu publicar a obra Irene de Vasconcelos- A Europeia pelo interesse e surpresa que lhe
provocou toda a actividade desta Senhora nos anos 20 e 30 do século passado, quando a
Mulher raramente tinha voz.
Convidou-me para fazer a apresentação da sua obra. Aceitei, convenhamos com alguma
timidez por razões óbvias, estando eu entre duas sumidades – a ‘’biografada’’ e a Autora.
Foi quase um mero acaso que me faz estar aqui. Como o meu saudoso querido amigo e
conterrâneo Engenheiro Amândio Galvão tenho um grande amor às coisas de Arganil e uma
ânsia enorme de as conhecer e de as divulgar. Não o faço com rigor histórico, por não ser essa
a minha área. Também não as escrevo. Baseio-me muitas vezes em testemunhos orais, de
pessoas idóneas e passo entusiasticamente a palavra aos amigos como outrora fazia aos meus
alunos.
Socorro -me além da memória dos relatos orais de velhos familiares e amigos, dos dois
periódicos da nossa Terra, ‘A Comarca de Arganil’ com mais de cem anos e ‘O Jornal de
Arganil’. Também o Sr. Engenheiro Galvão assim fazia mas com o rigor de investigador.
Tinha acabado de ler As Crónicas da Minha Terra, última obra por si publicada.
Quase em cima da hora, tive conhecimento de uma conferência a realizar acerca de uma
Ilustre Senhora da nossa Terra, do século passado, Doutora Irene de Vasconcelos.
Procurei in ‘A Comarca’ a notícia do seu falecimento, porque era usual fazer-se, ao tempo,
quase uma árvore genealógica do falecido.
Relacionei todos aqueles nomes, famílias e lugares com as estórias que a minha velha tia me
‘‘debulhava’’ ao serão enquanto preparava as minhas aulas sem tempo nem paciência para lhe
dar a devida atenção. Tantas referências importantes que os jovens não sabem aproveitar…
Fui ouvir o que nos traria como novidade a conferencista que eu não conhecia. Entre os
assistentes, estavam várias pessoas muito interessadas, ligadas à cultura. Muito poucas de
Arganil. Dos presentes, apesar de Irene de Vasconcelos aqui ter nascido, de ser uma pessoa
importantíssima, do apelativo artigo inserto em Crónicas da Minha Terra, pareceu-me que
apenas a Dra. Leonarda Tavares tinha ouvido falar dela pelos comentários com Amândio
Galvão e Rui Morgado, seu marido, e pela leitura do referido artigo. Tendo feito parte da
comissão de toponímia sugeriu que o seu nome, homenagem também às mulheres, fosse dado
a uma das ruas da vila. A proposta foi aceite por unanimidade pela Comissão. Foi aprovada em
sessão de Câmara e o nome passou a fazer parte da toponímia, no novo bairro do Abrunhós.
A conferência foi brilhantíssima. Entusiasmou toda a assistência.
Relacionei os dados com os de Amândio Galvão, com a notícia da Necrologia de ‘’A Comarca’’,
com os relatos da minha velha tia e até com a minha experiência como leitora na Universidade
de Dijon, na Bourgogne.
Após a conferência, conduzi a Senhora Professora Doutora Isabel Baltazar, aos recantos por
onde terá passado a célebre arganilense, Doutora Irene de Vasconcelos. Acompanhei-a como
cicerone, com entusiasmo e alta velocidade, porque a esperavam para um lunch.
O percurso foi curto, porque também é curto o centro histórico de Arganil. Entrámos na rua D.
Constança da Silveira, virámos à esquerda na Rua Condessa das Canas e encontrámos um
possível local – a casa de D. Beatriz Brito Pereira e de sua irmã D. Sara (respetivamente mãe e
tia do médico Dr. Alfredo Brito Pereira) – casa onde viveu o Dr. Parente dos Santos n.º14. Eram
primas de Irene de Vasconcelos. (imagem nº1)
Nas traseiras da residência masculina, nº1 da Rua Condessa das Canas entre esta casa e a rua
Armando Carvalho, viveu uma irmã do pai, D. Maria do Nascimento, avó de D. Maria da
Conceição Albuquerque de Carvalho (A Sãozinha). (Imagem2 e3) que muitos de nós ainda
conhecemos bem.
Seguimos pela rua Oliveira Matos n.º 7 e encontrámos a casa da D. Henriqueta e mais tarde da
sua sobrinha a referida D. Maria da Conceição Albuquerque. (imagem 4)
Chegámos ao largo Padre Manuel Vasconcelos Delgado e a casa antiga (nº16) que faz esquina
com a rua Dr. Luís Caetano Lobo seguindo-a até ao limite da casa que hoje pertence ao Dr. José
Frederico Nogueira pertenceu à família Vasconcelos Delgado. (5,6,7,8).
Imagem 1 Imagem 2 Imagem 3 Imagem 4
Imagem 5 Imagem 7 Imagem 8Imagem 6
Dirigimo-nos à igreja matriz onde paroquiou o grande arganilense Padre Manuel Vasconcelos
Delgado, tio de D. Irene de Vasconcelos. Foi, um reconhecido liberal, tendo sofrido os horrores
da prisão do aljube do Porto e das masmorras de Almeida e mais tarde, deputado às Cortes
Constituintes. Elevado a arcipreste, recusou cargos de governador de bispados de Leiria e
Castelo Branco. Construiu os órgãos da Matriz e da Misericórdia. Fundou a Escola elementar
de Música, a capela coral e a filarmónica. (cito, entre outras, referências do genealogista José
Caldeira).
Este distinto Padre - músico foi irmão de D. Beatriz Cândida da Cunha e Vasconcelos, que
nasceu em Arganil, casou com Francisco Inácio Freire, de Folques. Entre os filhos tiveram
Maria José Cândida de Vasconcelos nascida em Arganil que casou com Serafim da Cunha
Ribeiro da família do poeta Brás Garcia de Mascarenhas.
Deste casamento nasceu, em S. Paio de Gramaços, o Doutor
António de Vasconcelos que tendo transitado da Faculdade de
Teologia, foi o primeiro Director da Faculdade de Letras de
Coimbra, Director do Arquivo da Universidade e o Primeiro
Presidente da Academia Portuguesa de História. A ele se ficou
a dever a análise do chamado ‘’Documento precioso’’ diploma
original da fundação da Universidade (1290) entre outros.
Publicou: D. Isabel de Aragão (2 volumes) e Brás Garcia de
Mascarenhas.(2 volumes)
Era irmão de Maria do Carmo Cândida Garcia Ribeiro de
Vasconcelos, nascida em Arganil e que foi avó da única familiar
que nos visita, Drª Maria Teresa Vasconcelos Travassos Galvão, filha de Henrique Travassos
Galvão, sobrinha do Eng. Amândio Galvão e sobrinha neta do DOUTOR António Vasconcelos.
Família do mais puro quilate tanto em cultura como em bondade, dela fizeram parte ainda, o
Padre Inácio de Vasconcelos que nasceu em Folques e foi Director do correio.
Padre Joaquim Inácio V. D. capelão da Aveia-Pombeiro, regente da Filarmónica por morte do
tio, co-legatário das músicas.
Dr. José da Costa V. D. distinto executante musical, militante do Partido progressista,
correspondente da Revista Portugal Agrícola.
Padre Francisco, capelão da Misericórdia e alguns anos pároco substituto de seu primo Manuel
da Costa Vasconcelos e Cunha, Reitor de Arganil.
Os mais recentes familiares que recordo foram, além do irmão Paulo
casado com D. Placídia Rebocho, os filhos de D. Beatriz, casada com o
Sr. Armando Carvalho Nogueira, o Dr. Armando José V. de Carvalho,
Advogado e presidente da Federação portuguesa de Filatelia e o Juiz Dr.
Orlando V. de Carvalho, donos da casa onde foi a residência masculina,
Rua Condessa das Canas nº1
A referida madrinha D. Clotilde Taborda, que conheci muito bem,
morou no fim da vida, no rés-do-chão, nº1 da Rua Maestro Alves
Coelho. (9)
Foi a partir destes elementos que fizemos o itinerário da família da interessante arganilense.
Em Lisboa, descobri na biblioteca nacional a fotografia inserta no Diário de Lisboa que a Prof.ª
Dr.ª Isabel procurava, o artigo respectivo e muitos outros.
Contei tudo a José Caldeira e, através da sua informação genealógica descobrimos sua
sobrinha D. Silvia Teixeira Lopes, filha da irmã Norvinda, que, com 90 anos lúcidos,
emocionada com saudades da tia, nos fez o historial do que conhecia da família e de seus
descendentes, e nos facultou as fotografias que possuía.
Assim se concretizou o projecto da Prof. Doutora Isabel Baltazar-dar a conhecer a Arganil o
valor da sua ilustre filha.
Irene dos Anjos Brito de Vasconcelos era filha de Alexandre Magno Freire de Castro e
Vasconcelos, professor do ensino primário e que nesse tempo leccionava em Pombeiro da
Beira. Curiosamente, este senhor era sobrinho e afilhado de Bernardino Freire de Figueiredo
de Abreu e Castro, (11) fundador da cidade de Moçâmedes). A mãe, D. Camila Augusta de
Campos Frias de Brito (10) era prima em 4º grau do marido e filha do escrivão notário
Francisco António Costa e Brito e de D. Emília Ribeiro de Campos. A família Ribeiro de Campos
era ela também ligada ao Direito e à música e parente dos Vasconcelos.
Existe o Largo Ribeiro de Campos que vem da Fonte do Asno até à casa grande da Família
Mota, precisamente onde começa o largo de Dr. José da Costa (Vasconcelos Delgado) também
da mesma família, cuja placa em tempos foi retirada e nunca mais foi reposta.
Encontramos alguns ‘de Brito’ ligados aos solares de Lagares da Beira.
Talvez por ser professor do ensino primário, na itinerância que sempre foi apanágio desta
profissão ou por ser natural de Nogueira do Cravo, cedo partiu com a família. Aliás a filha mais
velha Norvinda que foi também professora do Ensino primário, nasceu em Nogueira do Cravo.
Esta Senhora foi casada com o Dr. Luís de Faria Teixeira Lopes, advogado e notário em Arouca
e mais tarde em Lisboa, ele, por sua vez, filho do coronel Luís Maria Teixeira Lopes. Serão
ainda da família do célebre escultor que fez a sublime estátua de Eça de Queiroz.
Imagem 13 Imagem 15
Imagem 10 Imagem 11
Dra. Irene nasceu em 26-5-1892. Foi afilhada de Pedro Mendoça
Taborda e D. Maria Clotilde Taborda, atrás citada, familiares de
Fernando Taborda, um dos impulsionadores do Coreto.
Casou em Espinho, em 1925, com Joaquim Fernando Vaz Piçarra antigo
oficial de Cavalaria, proprietário em Moura. Sem prova fidedigna consta
ter sido este senhor o alentejano mais cosmopolita do seu tempo,
vivendo grande parte da sua vida em Paris, onde mantinha no hotel
Ritz, um quarto todo o ano. Foi um casamento infeliz, que acabou cedo.
Casou 2.ª vez com o Engenheiro João Nunes Correia, gerente industrial
(imagem15)
Em 1923 era prof.ª da Escola Primária Superior Ribeiro Sanches.
Entrevistou Benés, Briant, Mussolini, Mauriac, Jules Roumains, Primo de Rivera, Unamuno, o
Rei do Egipto enfim um mundo das mais altas personalidades europeias, como poderão
verificar.
Foi condecorada pelo governo do Reino da Roménia em 1928 pela sua acção no Congresso da
Imprensa latina de Bucareste. (imagem16)
O entusiasmo da biografada em divulgar Portugal e criar bem-estar aos portugueses na’’
cidade Luz’’ foi abrasador como poderão constatar na leitura do livro ora apresentado. Longe
da Pátria sentimos um frémito imenso de a divulgar e de mostrar ao Mundo o valor que não
cabe no peito fechado. Senti fortemente tudo isto quando o destino me colocou na
Universidade de Bourgogne.
Fiz este preambulo como achega ao livro e para nos situarmos como arganilenses na história
da família De Vasconcelos tão grande, tão importante, tão generosa e da qual, se a memória
não me atraiçoa, já ninguém existe na nossa terra.
Esta notável família proliferou entre Torroselo, Nogueira do Cravo, Cerdeira, Oliveira do
Hospital, S. Paio de Gramaços. Teve padres, professores da Universidade, escritores,
advogados, juízes, músicos…Parece-nos uma família unida mesmo quando as dificuldades lhes
batiam à porta…
Eis uma pequena amostra desta grande família.
Para falar de Irene Vasconcelos, a Europeia, temos a Exma. Senhora Profª Doutora Isabel
Baltazar.
Remeto-vos para a leitura entusiástica da obra. Pasmem-se com as conferências que fez, com
as personalidades que entrevistou, com os prémios e louvores que recebeu, com as ideias que
divulgou, com as cartas de Paris. Infelizmente penso que não conseguimos ter acesso aos
artigos que divulgou pelos periódicos do Mundo. Mas a mim, encanta-me particularmente o
desafio que fez a Giotto e ao grande Dante no domínio das Artes e da literatura tal como o seu
entusiasmo para a criação de uma biblioteca luso- brasileira e a construção de uma casa de
Portugal em Paris.
Creio que Arganil e, do Além a memória de Irene de Vasconcelos e a memória de Amândio
Galvão, que tudo tentou para a tornar conhecida, estão eternamente gratas à Senhora Profª
Doutora Isabel Baltazar por nos ter dado a conhecer mais uma faceta de tão ilustre
conterrânea por não a ter deixado sepultada na necrologia da Comarca por nos ter legado uma
obra de qualidade irrefutável e para quem vão os nossos mais vivos e reconhecidos aplausos.
Muito obrigada.

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Retrato de Irene de Vasconcelos e sua família ilustre de Arganil

  • 1. Minhas Senhoras, meus senhores Começo por vos apresentar a Exma. Senhora Professora Doutora Isabel Baltazar, licenciada em Filosofia pela Universidade Católica, Com Pós – graduação em Estudos Europeus pela Faculdade de Direito, Mestre em História Cultural e Politica pela Universidade Nova, Doutorada em História e Teoria das Ideias- especialidade ideias políticas pela mesma Universidade Nova de Lisboa, etc., etc, etc…. Decidiu publicar a obra Irene de Vasconcelos- A Europeia pelo interesse e surpresa que lhe provocou toda a actividade desta Senhora nos anos 20 e 30 do século passado, quando a Mulher raramente tinha voz. Convidou-me para fazer a apresentação da sua obra. Aceitei, convenhamos com alguma timidez por razões óbvias, estando eu entre duas sumidades – a ‘’biografada’’ e a Autora. Foi quase um mero acaso que me faz estar aqui. Como o meu saudoso querido amigo e conterrâneo Engenheiro Amândio Galvão tenho um grande amor às coisas de Arganil e uma ânsia enorme de as conhecer e de as divulgar. Não o faço com rigor histórico, por não ser essa a minha área. Também não as escrevo. Baseio-me muitas vezes em testemunhos orais, de pessoas idóneas e passo entusiasticamente a palavra aos amigos como outrora fazia aos meus alunos. Socorro -me além da memória dos relatos orais de velhos familiares e amigos, dos dois periódicos da nossa Terra, ‘A Comarca de Arganil’ com mais de cem anos e ‘O Jornal de Arganil’. Também o Sr. Engenheiro Galvão assim fazia mas com o rigor de investigador. Tinha acabado de ler As Crónicas da Minha Terra, última obra por si publicada. Quase em cima da hora, tive conhecimento de uma conferência a realizar acerca de uma Ilustre Senhora da nossa Terra, do século passado, Doutora Irene de Vasconcelos. Procurei in ‘A Comarca’ a notícia do seu falecimento, porque era usual fazer-se, ao tempo, quase uma árvore genealógica do falecido. Relacionei todos aqueles nomes, famílias e lugares com as estórias que a minha velha tia me ‘‘debulhava’’ ao serão enquanto preparava as minhas aulas sem tempo nem paciência para lhe dar a devida atenção. Tantas referências importantes que os jovens não sabem aproveitar… Fui ouvir o que nos traria como novidade a conferencista que eu não conhecia. Entre os assistentes, estavam várias pessoas muito interessadas, ligadas à cultura. Muito poucas de Arganil. Dos presentes, apesar de Irene de Vasconcelos aqui ter nascido, de ser uma pessoa importantíssima, do apelativo artigo inserto em Crónicas da Minha Terra, pareceu-me que apenas a Dra. Leonarda Tavares tinha ouvido falar dela pelos comentários com Amândio Galvão e Rui Morgado, seu marido, e pela leitura do referido artigo. Tendo feito parte da comissão de toponímia sugeriu que o seu nome, homenagem também às mulheres, fosse dado a uma das ruas da vila. A proposta foi aceite por unanimidade pela Comissão. Foi aprovada em sessão de Câmara e o nome passou a fazer parte da toponímia, no novo bairro do Abrunhós. A conferência foi brilhantíssima. Entusiasmou toda a assistência. Relacionei os dados com os de Amândio Galvão, com a notícia da Necrologia de ‘’A Comarca’’, com os relatos da minha velha tia e até com a minha experiência como leitora na Universidade de Dijon, na Bourgogne.
  • 2. Após a conferência, conduzi a Senhora Professora Doutora Isabel Baltazar, aos recantos por onde terá passado a célebre arganilense, Doutora Irene de Vasconcelos. Acompanhei-a como cicerone, com entusiasmo e alta velocidade, porque a esperavam para um lunch. O percurso foi curto, porque também é curto o centro histórico de Arganil. Entrámos na rua D. Constança da Silveira, virámos à esquerda na Rua Condessa das Canas e encontrámos um possível local – a casa de D. Beatriz Brito Pereira e de sua irmã D. Sara (respetivamente mãe e tia do médico Dr. Alfredo Brito Pereira) – casa onde viveu o Dr. Parente dos Santos n.º14. Eram primas de Irene de Vasconcelos. (imagem nº1) Nas traseiras da residência masculina, nº1 da Rua Condessa das Canas entre esta casa e a rua Armando Carvalho, viveu uma irmã do pai, D. Maria do Nascimento, avó de D. Maria da Conceição Albuquerque de Carvalho (A Sãozinha). (Imagem2 e3) que muitos de nós ainda conhecemos bem. Seguimos pela rua Oliveira Matos n.º 7 e encontrámos a casa da D. Henriqueta e mais tarde da sua sobrinha a referida D. Maria da Conceição Albuquerque. (imagem 4) Chegámos ao largo Padre Manuel Vasconcelos Delgado e a casa antiga (nº16) que faz esquina com a rua Dr. Luís Caetano Lobo seguindo-a até ao limite da casa que hoje pertence ao Dr. José Frederico Nogueira pertenceu à família Vasconcelos Delgado. (5,6,7,8). Imagem 1 Imagem 2 Imagem 3 Imagem 4 Imagem 5 Imagem 7 Imagem 8Imagem 6
  • 3. Dirigimo-nos à igreja matriz onde paroquiou o grande arganilense Padre Manuel Vasconcelos Delgado, tio de D. Irene de Vasconcelos. Foi, um reconhecido liberal, tendo sofrido os horrores da prisão do aljube do Porto e das masmorras de Almeida e mais tarde, deputado às Cortes Constituintes. Elevado a arcipreste, recusou cargos de governador de bispados de Leiria e Castelo Branco. Construiu os órgãos da Matriz e da Misericórdia. Fundou a Escola elementar de Música, a capela coral e a filarmónica. (cito, entre outras, referências do genealogista José Caldeira). Este distinto Padre - músico foi irmão de D. Beatriz Cândida da Cunha e Vasconcelos, que nasceu em Arganil, casou com Francisco Inácio Freire, de Folques. Entre os filhos tiveram Maria José Cândida de Vasconcelos nascida em Arganil que casou com Serafim da Cunha Ribeiro da família do poeta Brás Garcia de Mascarenhas. Deste casamento nasceu, em S. Paio de Gramaços, o Doutor António de Vasconcelos que tendo transitado da Faculdade de Teologia, foi o primeiro Director da Faculdade de Letras de Coimbra, Director do Arquivo da Universidade e o Primeiro Presidente da Academia Portuguesa de História. A ele se ficou a dever a análise do chamado ‘’Documento precioso’’ diploma original da fundação da Universidade (1290) entre outros. Publicou: D. Isabel de Aragão (2 volumes) e Brás Garcia de Mascarenhas.(2 volumes) Era irmão de Maria do Carmo Cândida Garcia Ribeiro de Vasconcelos, nascida em Arganil e que foi avó da única familiar que nos visita, Drª Maria Teresa Vasconcelos Travassos Galvão, filha de Henrique Travassos Galvão, sobrinha do Eng. Amândio Galvão e sobrinha neta do DOUTOR António Vasconcelos. Família do mais puro quilate tanto em cultura como em bondade, dela fizeram parte ainda, o Padre Inácio de Vasconcelos que nasceu em Folques e foi Director do correio. Padre Joaquim Inácio V. D. capelão da Aveia-Pombeiro, regente da Filarmónica por morte do tio, co-legatário das músicas. Dr. José da Costa V. D. distinto executante musical, militante do Partido progressista, correspondente da Revista Portugal Agrícola. Padre Francisco, capelão da Misericórdia e alguns anos pároco substituto de seu primo Manuel da Costa Vasconcelos e Cunha, Reitor de Arganil. Os mais recentes familiares que recordo foram, além do irmão Paulo casado com D. Placídia Rebocho, os filhos de D. Beatriz, casada com o Sr. Armando Carvalho Nogueira, o Dr. Armando José V. de Carvalho, Advogado e presidente da Federação portuguesa de Filatelia e o Juiz Dr. Orlando V. de Carvalho, donos da casa onde foi a residência masculina, Rua Condessa das Canas nº1 A referida madrinha D. Clotilde Taborda, que conheci muito bem, morou no fim da vida, no rés-do-chão, nº1 da Rua Maestro Alves Coelho. (9)
  • 4. Foi a partir destes elementos que fizemos o itinerário da família da interessante arganilense. Em Lisboa, descobri na biblioteca nacional a fotografia inserta no Diário de Lisboa que a Prof.ª Dr.ª Isabel procurava, o artigo respectivo e muitos outros. Contei tudo a José Caldeira e, através da sua informação genealógica descobrimos sua sobrinha D. Silvia Teixeira Lopes, filha da irmã Norvinda, que, com 90 anos lúcidos, emocionada com saudades da tia, nos fez o historial do que conhecia da família e de seus descendentes, e nos facultou as fotografias que possuía. Assim se concretizou o projecto da Prof. Doutora Isabel Baltazar-dar a conhecer a Arganil o valor da sua ilustre filha. Irene dos Anjos Brito de Vasconcelos era filha de Alexandre Magno Freire de Castro e Vasconcelos, professor do ensino primário e que nesse tempo leccionava em Pombeiro da Beira. Curiosamente, este senhor era sobrinho e afilhado de Bernardino Freire de Figueiredo de Abreu e Castro, (11) fundador da cidade de Moçâmedes). A mãe, D. Camila Augusta de Campos Frias de Brito (10) era prima em 4º grau do marido e filha do escrivão notário Francisco António Costa e Brito e de D. Emília Ribeiro de Campos. A família Ribeiro de Campos era ela também ligada ao Direito e à música e parente dos Vasconcelos. Existe o Largo Ribeiro de Campos que vem da Fonte do Asno até à casa grande da Família Mota, precisamente onde começa o largo de Dr. José da Costa (Vasconcelos Delgado) também da mesma família, cuja placa em tempos foi retirada e nunca mais foi reposta. Encontramos alguns ‘de Brito’ ligados aos solares de Lagares da Beira. Talvez por ser professor do ensino primário, na itinerância que sempre foi apanágio desta profissão ou por ser natural de Nogueira do Cravo, cedo partiu com a família. Aliás a filha mais velha Norvinda que foi também professora do Ensino primário, nasceu em Nogueira do Cravo. Esta Senhora foi casada com o Dr. Luís de Faria Teixeira Lopes, advogado e notário em Arouca e mais tarde em Lisboa, ele, por sua vez, filho do coronel Luís Maria Teixeira Lopes. Serão ainda da família do célebre escultor que fez a sublime estátua de Eça de Queiroz. Imagem 13 Imagem 15 Imagem 10 Imagem 11
  • 5. Dra. Irene nasceu em 26-5-1892. Foi afilhada de Pedro Mendoça Taborda e D. Maria Clotilde Taborda, atrás citada, familiares de Fernando Taborda, um dos impulsionadores do Coreto. Casou em Espinho, em 1925, com Joaquim Fernando Vaz Piçarra antigo oficial de Cavalaria, proprietário em Moura. Sem prova fidedigna consta ter sido este senhor o alentejano mais cosmopolita do seu tempo, vivendo grande parte da sua vida em Paris, onde mantinha no hotel Ritz, um quarto todo o ano. Foi um casamento infeliz, que acabou cedo. Casou 2.ª vez com o Engenheiro João Nunes Correia, gerente industrial (imagem15) Em 1923 era prof.ª da Escola Primária Superior Ribeiro Sanches. Entrevistou Benés, Briant, Mussolini, Mauriac, Jules Roumains, Primo de Rivera, Unamuno, o Rei do Egipto enfim um mundo das mais altas personalidades europeias, como poderão verificar. Foi condecorada pelo governo do Reino da Roménia em 1928 pela sua acção no Congresso da Imprensa latina de Bucareste. (imagem16) O entusiasmo da biografada em divulgar Portugal e criar bem-estar aos portugueses na’’ cidade Luz’’ foi abrasador como poderão constatar na leitura do livro ora apresentado. Longe da Pátria sentimos um frémito imenso de a divulgar e de mostrar ao Mundo o valor que não
  • 6. cabe no peito fechado. Senti fortemente tudo isto quando o destino me colocou na Universidade de Bourgogne. Fiz este preambulo como achega ao livro e para nos situarmos como arganilenses na história da família De Vasconcelos tão grande, tão importante, tão generosa e da qual, se a memória não me atraiçoa, já ninguém existe na nossa terra. Esta notável família proliferou entre Torroselo, Nogueira do Cravo, Cerdeira, Oliveira do Hospital, S. Paio de Gramaços. Teve padres, professores da Universidade, escritores, advogados, juízes, músicos…Parece-nos uma família unida mesmo quando as dificuldades lhes batiam à porta… Eis uma pequena amostra desta grande família. Para falar de Irene Vasconcelos, a Europeia, temos a Exma. Senhora Profª Doutora Isabel Baltazar. Remeto-vos para a leitura entusiástica da obra. Pasmem-se com as conferências que fez, com as personalidades que entrevistou, com os prémios e louvores que recebeu, com as ideias que divulgou, com as cartas de Paris. Infelizmente penso que não conseguimos ter acesso aos artigos que divulgou pelos periódicos do Mundo. Mas a mim, encanta-me particularmente o desafio que fez a Giotto e ao grande Dante no domínio das Artes e da literatura tal como o seu entusiasmo para a criação de uma biblioteca luso- brasileira e a construção de uma casa de Portugal em Paris. Creio que Arganil e, do Além a memória de Irene de Vasconcelos e a memória de Amândio Galvão, que tudo tentou para a tornar conhecida, estão eternamente gratas à Senhora Profª Doutora Isabel Baltazar por nos ter dado a conhecer mais uma faceta de tão ilustre conterrânea por não a ter deixado sepultada na necrologia da Comarca por nos ter legado uma obra de qualidade irrefutável e para quem vão os nossos mais vivos e reconhecidos aplausos. Muito obrigada.