1. Língua Portuguesa – Prof.ª Luciane Sartori 1
FCC/Parte II - Vamos facilitar a resolução das
questões de concordância, galera?
A DICA É ÓTIMA, APROVEITEM!
Quando falamos em concordância, estamos falando em
combinar as palavras. E de que forma isso acontece? Quais palavras
participam desse processo?
Primeiramente, somente as palavras variáveis - substantivo,
artigo, adjetivo, numeral, pronome e verbo - participam desse
processo, e, por isso, elas variam, para concordar entre si.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Em concordância nominal, temos de nos preocupar com as
palavras variáveis que determinam o nome – substantivo ou qualquer
palavra que o substitua -, são elas: o artigo, o adjetivo, o numeral e
o pronome.
Essas palavras, sempre que acompanham o nome, devem
concordar com ele em gênero e número. Vejamos o exemplo abaixo:
Os meus dois velhos soldadinhos de chumbo foram doados.
artigo pron. num. adjetivo subst./nome locução adj.
Como o artigo os, o pronome adjetivo meus, o numeral
adjetivo dois e o adjetivo velhos referem-se ao substantivo
soldadinhos, devem concordar com ele no gênero masculino e no
número plural, já que ele é substantivo masculino e está no plural.
Obs.: o pronome e o numeral são classificados aqui como
pronome adjetivo e numeral adjetivo justamente porque se referem a
um nome.
Esta concordância em nossa língua serve para que possamos
entender na leitura quais palavras estão fazendo referência à
informação principal que é sempre o nome. Por esse motivo dizemos
que o nome é sempre núcleo; costumamos dizer que ele é o chefe,
“manda” em todas as outras palavras que a ele se referem.
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Vale lembrar ainda que foram doados é locução verbal e como
estamos trabalhando ainda apenas com a concordância nominal, essa
expressão agora não nos interessa, por isso nem vamos ligar para
ela.
Atenção! Em prova, essa concentração no ponto em que a
questão está trabalhando é importantíssima, você ganha tempo e não
“filosofa” em outros aspectos da linguagem, isso acontece muito em
Português: o examinador pede para avaliar o acento da crase e a
pessoa fica entretida com “aquela vírgula que não deveria estar ali”;
pronto! errou a questão, porque pensou o que não devia.
Voltando ao exemplo, há ainda a locução adjetiva “de chumbo”
para comentarmos. Nesta frase, de modo geral, ninguém tem dúvida
de que “de chumbo” não varia para combinar com “soldadinhos”, ou
seja, ninguém acha que a frase ficaria assim:
Os meus dois velhos soldadinhos de chumbos foram doados.
Mas aí surge “a pergunta que não quer calar”: por quê?!
Também é uma expressão que se refere ao nome, e não varia, sendo
que todas as outras têm de fazer a concordância?
É isso mesmo, porque a associação dessa expressão “de
chumbo” com o substantivo “soldadinhos” se dá por meio da
preposição que é um conectivo, ou seja, está lá para fazer a relação
entre os dois substantivos: soldadinhos e chumbo. Dessa forma, não
é necessária a concordância para entendermos a relação que existe
entre a expressão e o substantivo. Se “de chumbo” estivesse sob a
forma de adjetivo “plúmbeo”, não haveria o conectivo para
estabelecer essa relação e, nesse caso, teríamos de fazer a
concordância:
Os meus dois velhos soldadinhos plúmbeos foram doados.
Em contrapartida, em outras frases, muita gente fica em dúvida
se o termo preposicionado deve ir para o plural ou para o masculino,
enfim, variar de acordo com o nome, por exemplo:
A dona deste terreno quer vendê-lo.
Se dona for para o plural, é preciso que deste terreno também
sofra flexão?
Não, a frase ficará assim:
As donas do terreno querem vendê-lo.
Ainda não é para você se preocupar com o verbo, atente
apenas ao que estamos fazendo.
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Dona passou a ser donas e, por isso, o artigo a teve de ir para
o plural normalmente, como já vimos; porém a expressão “do
terreno” não, pois a preposição já fez a relação entre os termos ser
estabelecida.
A única alteração que houve na frase foi semântica, ou seja, no
sentido da frase, dá para pensarmos que a primeira dona é mais rica
que as outras, pois são duas para ter um terreno.
É por esse motivo que a frase poderia também apresentar-se
assim:
As donas dos terrenos querem vendê-los.
A expressão “do terreno” não foi para o plural porque “donas”
está no plural, mas porque as donas têm dois terrenos ou mais.
Entenderam? Essa alteração só aconteceu por causa da semântica.
É importante observarmos, também, o que aconteceu com o
pronome los, que é um caso diferente do anterior que se refere
apenas às palavras determinantes as quais devem concordar com o
substantivo.
Neste último caso, o que vemos é o que acontece quando uma
palavra substitui um substantivo, ou seja, como já dissemos é um
nome. Como o pronome, neste exemplo, é um pronome substantivo,
ou seja, tem o valor de nome, pois substituiu o substantivo, o
pronome tem de assumir as características do substantivo que ele
substituiu. Assim, como terrenos é masculino e plural, o pronome los
que o substituiu tem de ficar no masculino e no plural.
Essas são as bases da concordância nominal. Assim, para
resolver questão de prova desse assunto, nunca concentre suas
energias nos termos preposicionados, ou seja, naqueles que
estiverem com preposição antes, como em “de chumbo”, bem como
não se concentrem no comportamento do verbo, porque ele não faz
parte desse raciocínio.
CONCORDÂNCIA VERBAL
Agora passaremos a nos preocupar com o comportamento do
verbo, porque a base da concordância verbal, como o próprio nome
do assunto diz, é a análise da flexão do verbo em relação ao sujeito.
Como sempre dizemos, o verbo tem de obedecer porque ele
cumpre a função de marido, já o sujeito manda no comportamento
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do verbo porque cumpre o papel de esposa – pessoal, deu briga aqui,
porque o Nélson tem uma posição diferente, mas deixa para lá.
O raciocínio é o seguinte: o verbo deve concordar em pessoa e
número com o núcleo do sujeito da oração – claro, quando o sujeito
existir. Essa concordância, então, é feita como procedemos ao
conjugar os verbos:
Eu amo – verbo em primeira pessoa do sing. como o sujeito;
Tu amas – verbo em segunda pessoa do sing. como o sujeito;
Ele ama – verbo em terceira pessoa do sing. como o sujeito;
Nós amamos – verbo em primeira pessoa do plural como o suj.;
... e assim por diante.
Não adianta, então, decorar todas as regras de concordância
verbal, se você não conseguir reconhecer o sujeito. O problema é
que, dependendo das palavras formadoras do sujeito, as pessoas se
atrapalham em reconhecer o seu núcleo, porque umas palavras
acabam chamando mais atenção que outras e as pessoas acabam por
considerar núcleo do sujeito o que chamar mais a atenção delas, sem
pensar no sentido da frase. Essa distração é fatal para se errar em
concordância verbal, vejamos:
O número de alunos participantes da excursão foi excelente.
Respondam: qual é o núcleo do sujeito dessa oração?
Se você pensou que é alunos, errou; se pensou em
participantes, errou também; se pensou número, acertou.
O problema é que alunos chama mais atenção do que número
por um motivo simples: é pessoa, é gente. Normalmente,
participantes só passa pela cabeça da pessoa, como sujeito, depois
que dizemos que alunos não é sujeito, dificilmente as pessoas
pensam em primeiro plano em número. Como falamos, é a seleção de
palavras que faz a pessoa se equivocar em relação ao núcleo do
sujeito. Vamos voltar à análise da frase:
O número de alunos participantes da excursão foi excelente.
O núcleo do sujeito da oração é número, como dissemos, e o
sujeito “todo” é o que sublinhamos acima. Assim, se substituirmos
todo o sujeito por um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele, nós,
vós, eles), o pronome será “ele”, pois a informação principal sempre
está no núcleo, ou seja, no nome. E no caso do sujeito,
NO NOME QUE NÃO ESTIVER PREPOSICIONADO.
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Essa é uma lei de que não podemos nos esquecer: em um
grupo de nomes formando o sujeito, o nome que não estiver
preposicionado será sempre o núcleo do sujeito e é ele que manda no
comportamento do verbo.
Como o sujeito da oração analisada deve ser substituído pelo
pronome pessoal “ele”, o verbo deve ficar na terceira pessoa do
singular.
O número de alunos participantes da excursão foi excelente.
ELE = 3ª pessoa do singular 3ªp.s.
Além da seleção das palavras, há também a mania que temos
de fazer concordância por aproximação. Vejamos:
O voo das grandes borboletas coloridas enfeitam qualquer lugar.
Notem como o verbo está flexionado de forma errada, pois qual
é a tendência? É as pessoas fazerem o verbo concordar com o que
está mais próximo dele, no caso, das grandes borboletas coloridas.
Substituindo o sujeito todo por um pronome pessoal, teremos,
novamente, a forma “ele” que leva o verbo para a terceira pessoa do
singular:
O voo das grandes borboletas coloridas enfeita qualquer lugar.
ELE =3ª pessoa do singular 3ªp.s.
Como dissemos, não se pode esquecer da lei: em um grupo de
nomes formando o sujeito, o nome que não estiver preposicionado
será sempre o núcleo do sujeito e é ele que manda no
comportamento do verbo.
Não é necessário fazer a substituição do sujeito da frase por um
pronome pessoal equivalente, só fizemos isso para ilustrar o raciocínio
dessas frases com o raciocínio básico apresentado no início da teoria
de concordância verbal.
Na prática e, principalmente na hora da prova, você tem de se
concentrar no núcleo do sujeito, que é o nome não preposicionado.
Gente, um desabafo: nós cansamos de falar isso para todos, mas
chega na hora H, as pessoas concordam o verbo com o que estiver
mais próximo dele, ou fazem seleção de palavra para considerar o
núcleo do sujeito – nem pensam no sentido da frase.
Por essa razão, criamos um método de estudo, que pode ser
empregado na hora da prova, para não deixá-los errar: eliminem os
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termos preposicionados com um traço e pronto! Vocês não farão mais
confusão.
Além disso, é importante lembrar que em um período composto
você terá de considerar oração por oração, afinal cada uma delas
apresenta um verbo e, muitas vezes, têm sujeito diferente uma da
outra.
Abaixo há uma ilustração de como se procede à resolução de
uma questão:
(FCC / TCE / 2008) A concordância verbo-nominal está
inteiramente correta na frase:
(A) Calcula-se que é necessário muita água para a
irrigação e, portanto, para que se obtenha alimentos em
quantidade suficiente.
(B) Alterações nas condições climáticas do mundo todo
resultaria em maior quantidade de chuvas em
determinadas regiões.
(C) O crescimento da população mundial e a poluição de boa
parte dos rios estão colocando em risco esse bem
essencial à vida na Terra.
(D) A ocorrência de muitas doenças, com altas taxas de
mortalidade infantil, estão relacionadas com o
consumo de água poluída.
(E) Tudo que é obtido no mundo todo, seja eles
alimentos seja produtos industrializados, consomem
grande parcela dos recursos hídricos.
GABARITO: C
Observe os esquemas abaixo com os itens comentados em
destaque:
(A) Calcula-se /que é necessário muita água para a
irrigação/ ( é necessária muita água)
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e, portanto,/ para que se obtenha alimentos em quantidade
suficiente. ( se obtenham alimentos )
O primeiro erro da questão é de concordância nominal e está na
expressão predicativa “necessário” que deveria estar flexionada na
forma do feminino singular (necessária) para concordar com o núcleo
do sujeito “água” o qual está determinado pelo pronome indefinido
“muito”. Outro erro presente na questão é de concordância verbal,
pois a forma verbal “obtenha” deveria estar flexionada no plural
(obtenham), concordando com o sujeito “alimentos”. A expressão “se
obtenham” constitui voz passiva sintética e sua construção
equivalente “alimentos são obtidos” na forma analítica determina a
palavra “alimentos” como núcleo do sujeito.
A forma verbal “Calcula” está corretamente flexionada no
singular, pois tem como sujeito a oração “que é necessário muita
água para a irrigação” e o sujeito representado por uma oração
sempre determina o singular do verbo.
(B) Alterações nas condições climáticas do mundo todo
resultaria em maior quantidade de chuvas em
determinadas regiões.
O erro da questão fica facilmente observado pela eliminação dos
termos preposicionados que, após serem “riscados”, mostram
claramente nas expressões restantes o erro de concordância verbal:
“resultaria” deveria ser grafado na forma do plural “resultariam” por
estar em desacordo com o núcleo de seu sujeito correspondente
“Alterações”.
(C) O crescimento da população mundial e a poluição de boa
parte dos rios estão colocando em risco esse bem
essencial à vida na Terra.
Eliminados os termos preposicionados, nota-se claramente
como a locução verbal “estão colocando” concorda na forma do plural
corretamente com os núcleos do sujeito composto “O crescimento” e
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“a poluição”. Também está correta a construção “esse bem essencial
à vida na Terra” como se vê pela correspondência entre os termos
“esse” e “essencial” que concordam com o termo “bem”, já que este é
o nome-núcleo que determina o comportamento da concordância
daqueles.
(D) A ocorrência de muitas doenças, com altas taxas de
mortalidade infantil, estão relacionadas com o
consumo de água poluída.
Novamente, eliminados os trechos preposicionados, evidencia-
se o erro de concordância entre sujeito e verbo, “A ocorrência”
(núcleo do sujeito) e “estão relacionados”. Para corresponder
corretamente com o núcleo do sujeito “A ocorrência”, a locução
verbal deveria concordar em número singular “está” e a forma do
verbo no particípio também deveria estar no gênero feminino e no
singular “relacionada”.
(E) Tudo /que é obtido no mundo todo,/ seja eles
alimentos/ seja produtos industrializados,/ consomem
grande parcela dos recursos hídricos.
Nessa alternativa, pode-se observar inicialmente que o termo
“Tudo” é determinante da concordância da forma verbal “consomem”
que, por isso, deveria ser grafado no singular “consome”. Outro erro,
também de concordância verbal, presente na expressão está nas
duas ocorrências da forma verbal “seja” que deveriam ser grafadas
no plural “sejam”, concordando com seus sujeitos correspondentes
respectivos “eles” e “produtos”, ambos no plural. As demais
construções de correspondência em concordância não apresentam
desvio das formas determinadas pela norma culta como “Tudo que é
obtido”, “eles alimentos”, “produtos industrializados” e “grande
parcela”.
Professora Luciane Sartori
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