1. MARTINHO LUTERO
Martinho Lutero, (Eisleben Alemanhã, 10 de novembro de 1483 18 de fevereiro de
1546) foi um sacerdote católico agostiniano e professor de teologia alemão, a figura
central da Reforma Protestante. Posicionouse veementemente contra os conceitos da
Igreja Católica, contestando a alegação de que o perdão de Deus sobre o pecado poderia
ser comprada, com suas famosas “95 Teses”. Sua recusa em retirar seus escritos a
pedido do Papa Leão X, em 1520, resultou em sua excomunhão pelo Papa e a
condenação como “foradalei” pelo imperador do Sacro Império Romano, Carlos V.
Lutero ensinava que a salvação não se consegue com boas ações, mas é um livre
presente de Deus, recebida apenas pela graça, através da fé em Jesus como único
redentor do pecador. Sua teologia desafiou a autoridade papal na Igreja Católica Romana,
pois ele ensinava que a Bíblia é a única fonte de conhecimento divinamente revelada.
Aqueles que se identificavam com os ensinamentos de Lutero eram chamados
“luteranos”.
Sua tradução da Bíblia para o alemão tornou o livro mais acessível, causando um impacto
gigantesco na Igreja (única intermediária até então) e na cultura alemã. Promoveu um
desenvolvimento de uma versão padrão da língua alemã, e influenciou a tradução para o
inglês da “Bíblia do Rei James”, abrindo caminho para outras reformas futuras na
Inglaterra. Outra inovação de alto impacto no modelo estabelecido pela igreja foi o seu
casamento com a nobre alemã Catarina von Bora, abrindo a opção para a prática do
chamado “casamento clerical”, permitindo o matrimônio de padres protestantes e,
consequentemente, eliminando (pelo menos em potencial) uma das principais fontes de
renda da Igreja Católica.
A prática da indulgência é a remissão (parcial ou total) do castigo temporal imputado a
alguém por conta dos seus pecados (aplicável apenas a alguém que esteja em estado de
graça, ou seja, livre de pecados graves, e arrependido de todos os seus pecados veniais).
Na Renascença, o papa havia concedido uma indulgência plenária para quem doasse
qualquer quantia para a reforma da Basílica de São Pedro. Este modelo assumiu
2. aspectos tão mercantilistas que o slogan da época era "assim que uma moeda tilinta no
cofre, uma alma sai do Purgatório".
Lutero viu este tráfico de indulgências como um enorme abuso que poderia confundir as
pessoas e leválas a confiar apenas nas indulgências, deixando de lado a confissão e o
arrependimento verdadeiro. Proferiu, então, três sermões contra as indulgências.
Segundo a tradição da época, foram afixadas 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de
Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Essas teses condenavam o que
Lutero acreditava ser a avareza e o paganismo na Igreja como um abuso e pediam um
debate teológico sobre o que as Indulgências significavam. Para todos os efeitos,
contudo, nelas Lutero não questionava diretamente a autoridade do Papa para conceder
as tais indulgências. Mas o recado estava dado, e um novo Cisma Religioso poderia
afetar enormemente a soberania da Igreja Católica em Roma.
As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas.
Ao cabo de duas semanas se haviam espalhado por toda a Alemanha e, em dois meses,
por toda a Europa. Este foi o primeiro episódio da História em que a imprensa teve papel
fundamental, pois facilitou a distribuição simples e ampla do documento.
A resposta do Papa
Depois de fazer pouco caso de Lutero, dizendo que ele seria um "alemão bêbado que
escrevera as teses", e afirmando que "quando estiver sóbrio mudará de opinião", o Papa
Leão X ordenou que se investigasse o assunto. Confirmouse que Lutero se opunha de
maneira implícita à autoridade do Supremo Pontífice, quando discordava de uma de suas
bulas. Declarouse ser Lutero um herege e se escreveu uma refutação acadêmica às
suas teses. Nela, mantinha a autoridade papal sobre a Igreja e condenava as teorias de
Lutero como um desvio e uma apostasia.
Lutero replicou de igual forma (academicamente), dando assim início à famosa
controvérsia. Por causa de sua oposição, Lutero foi requalificado como herege e o Papa,
decidido a suprimir por completo os seus pontos de vista, ordenou que ele fosse chamado
a Roma, viagem que deixou de ser realizada por motivos políticos.
3. Lutero, que anteriormente professava a obediência implícita à Igreja, negava agora
abertamente a autoridade papal e apelava para que fosse realizado um Concílio. Também
declarava que o papado não formava parte da essência imutável da Igreja original.
Aumenta a cisão
Não parecia haver esperanças de entendimento. Os escritos de Lutero circulavam
amplamente, alcançando França, Inglaterra e Itália, e os estudantes dirigiamse a
Wittenberg para escutar Lutero que, naquele momento, publicava seus comentários sobre
a Epístola aos Gálatas e suas "Operationes in Psalmos" (Trabalho nos Salmos).
As controvérsias geradas por seus escritos e o conceito luterano de "igreja" foi
desenvolvido em seu sermão "Von dem Papsttum zu Rom" (Sobre o Papado de Roma),
uma resposta aos ataques políticos sofridos até então. Que era contrário à doutrina
católica das boas obras e dos atos como meio de perdão, mantendo que as obras do
crente são verdadeiramente boas, quer para o secular como para o clérigo, se ordenadas
por Deus. Neste ponto de vista, o papel da Igreja deixaria de ser central para a
manutenção da fé.