O documento descreve os principais eventos e ideias da Reforma Protestante, incluindo: 1) Martinho Lutero questionou a venda de indulgências e espalhou suas ideias na Alemanha no século 16; 2) João Calvino desenvolveu o Calvinismo em Genebra, enfatizando a predestinação; 3) Henrique VIII estabeleceu a Igreja Anglicana na Inglaterra para poder se divorciar.
2. A Reforma Religiosa
A Reforma religiosa foi o movimento que,
dividindo os cristãos do Ocidente no século
XVI, originou diversas novas Igrejas chamadas
protestantes, as quais não mais seguiriam o
comando e a orientação do papa de Roma.
Quebrando a unidade religiosa cristã, a
Reforma protestante estabeleceu o fim da
quase milenar supremacia eclesiástica na
Europa.
3. As origens do movimento reformista
A posição que a Igreja conservava de maior
proprietá-ria de terras em toda a Europa: controlava,
por exemplo, perto de 1/3 das terras francesas e mais
de 40% das terras férteis alemãs.
O papa era visto como um estrangeiro que arrecadava
os impostos cobrados nos feudos da Igreja, além de
diversos outros tributos extraídos de todos os cristãos,
para enviá-los a Roma, dificultando as fi-nanças
nacionais.
Os reis, fortalecidos com o desenvolvimento dos
Estados nacionais, opunham-se a tal situação,
favorecendo atitudes contrárias à Igreja e seus
eclesiásticos.
4. o desregramento moral que predominava na
hierarquia eclesiástica como a prática constante a
venda de cargos eclesiásticos, levando sacerdotes,
bispos, arcebispos e até papas a exercerem seus cargos
pela ambição do título e da posição, estimulando o
mau comportamento dos clérigos e o descrédito entre
os fiéis.
A venda de indulgências, por parte das autoridades da
Igreja, comercializando o perdão a pecados cometidos,
com promessas de redução das penas do purgatório.
A venda cargos eclesiásticos e até "relíquias
sagradas", como milhares de "lascas da cruz de Cristo"
ou "ossos do burrico de São José".
Essa comercialização desregrada transformou-se no
estopim do movimento protestante.
5. Os precursores da Reforma
John Wyclif, professor da Universidade de Oxford,
condenava a venda de indulgências e defendia a
formação de uma igreja nacional.
Essas propostas foram retomadas pelo professor da
Universidade de Praga, John Huss.
Tanto Wyclif quanto Huss foram perseguidos e
excomungados pela Igreja de Roma.
Suas ideias, porém, foram assimiladas por muitos
cristãos que passaram a contestar enfaticamente a
autoridade do papa.
7. A reforma de Lutero na Alemanha
Em 1517, na Alemanha, o monge agostiniano e
professor da Universidade de Wittenberg, Martinho
Lutero, rebelou-se contra o vendedor de indulgências
João Tetzel, dominicano a serviço do papa Leão X, que
recolhia recursos para a construção da basílica de São
Pedro.
Lutero, revoltado com a desmoralização da Igreja, fixou
na porta de sua igreja as 95 teses, ern que criticava
ferozmente a Igreja papal.
Em 1520, Leão X ordenou a sua retratação, sob pena de
ser considerado um herege.
Lutero queimou em praça pública a ordem papal,
sendo excomungado em 1521.
8. As ideias luteranas espalharam-se rapidamen-te por
toda a Alemanha, onde encontraram condições
particularmente favoráveis para a sua difusão.
Nobres e camponeses apoiaram Lutero; os nobres,
ambicionando apoderarem-se das terras da Igreja para
ampliar seus poderes abaiados com a decadência
feudal; os camponeses, desejando escapar da situação
de miséria em que viviam.
Parte destes camponeses, conhecidos por anabatistas
e comandados por um seguidor de Lutero, chamado
Thomas Múntzer, reivindicava a divisão das terras da
Igreja entre os mais pobres.
Lutero acusou-os de radicais e apoiou a violenta
repressão da nobreza sobre eles, resultando na morte
de mais de 100 mil camponeses.
9. O imperador alemão, Carlos V, inquieto com a
evolução reformista, apoiou o papa, pois julgava
o luteranismo um fortalecedor dos nobres.
Depois de muitos confrontos entre as tropas
imperiais e os luteranos alemães liderados pela
nobreza, Carlos V convocou uma Dieta
(assembléia), realizada em Spira (1529).
Nela, o imperador tentou fazer valer sua
autoridade e determinou a submissão dos
luteranos.
Os partidários de Lutero, contudo, protestaram
contra a decisão imperial, passando, a partir de
então, a ser chamados de protestantes.
10. Somente em 1555 os príncipes alemães
ganharam o direito de escolher a religião que
desejavam em suas terras, confirmando o triunfo
do luteranismo na Alemanha.
Essa decisão foi alcançada graças a um acordo
assinado entre o imperador católico e os nobres
protestantes, o que foi chamado de Paz de
Augsburgo.
Em meio à expansão luterana na Alemanha e aos
conflitos com o imperador Carlos V, em 1530,
Felipe de Melanchton, discípulo de Lutero,
redigiu a Confissão de Augsburgo, definindo a
doutrina dos protestantes, sendo elas:
11. - A doutrina tinha por base a teologia agostiniana,
defendendo a fé como única fonte de salvação e o
princípio da predestinação.
- Para os luteranos, a Bíblia era a autêntica base da
religião e, portanto, o culto devia reduzir-se à leitura e
ao comentário das Sagradas Escrituras.
- Reconhecendo apenas dois sacramentos: batismo e
comunhão.
- Não aceitavam o culto da Virgem e dos santos e
negavam a existência do purgatório.
- Nos cultos religiosos adotaram a língua nacional no
lugar do latim, e os ministros religiosos deveriam
integrar-se o mais possível na comunidade dos fiéis.
- Aboliu o celibato clerical, isto é os sacerdotes podem se
casar.
13. O calvinismo
Inspirado no luteranismo alemão, o francês João Calvino
publicou, em 1536, uma obra chamada Instituição Cristã, na
qual se acham apresentados os pontos centrais do que, mais
tarde, viria a constituir-se na doutrina calvinista.
Suas pregações obtiveram rápido sucesso em Genebra, Suíça,
onde conquistou a posição de che-fe político e religioso.
Governando Genebra como senhor absoluto e de forma
intransigente, Calvino criou o Consistório, órgão que controlava
a política, a economia e os costumes dos seus cidadãos.
O culto e as práticas religiosas estabelecidos pelos calvinistas
eram simples, resumindo-se apenas no comentário da Bíblia,
preces e cantos.
Também não se admitiam imagens e só se aceitavam os
sacramentos da eucaristia e do batismo.
14. Defendendo a predestinação, Calvino via no
sucesso econômico a indicação divina dos
escolhidos para a salvação eterna.
Para ele, a miséria era a fonte de todos os males
e pecados.
Reconhecendo e exaltando o lucro e o trabalho,
passou a ser considera-do o pregador espiritual
do ideal burguês.
A doutrina calvinista, adequada as expectativas
capitalistas, conseguiu rápida assimilação pelo
segmento burguês em toda a Europa.
As pregações de João Calvino encontraram
se-guidores em vários países.
16. Henrique VIII e o Anglicanismo
O líder da Reforma protestante na Inglaterra foi o
próprio rei, Henrique VIII.
Desejando apoderar-se das terras da Igreja inglesa,
retirando, assim, a base de seu poder temporal, o
monarca inglês rompeu com o papa.
O pretexto usado para isso foi o fato de o rei precisar
casar-se novamente, pois, do casamento com Catarina
de Aragão, não tivera filhos para sucedê-lo no trono.
Isso não podia ser autorizado pela Igreja, que defendia
a indissolubilidade do sacramento do matrimônio.
Henrique VIII criou a Igreja Anglicana que adotou os
princípios econômicos calvinistas e manteve a
hierarquia da Igreja Católica, ele era o chefe da Igreja.