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Provas Expiações –
Entrevistando Joanna de
Angelis
i
SUMÁRIO
1 Provas e Expiações – Conceitos e Fundamentos........................................................................................................1
1.1 Provas.....................................................................................................................................................................1
1.2 Expiação.................................................................................................................................................................1
1.3 Síntese ....................................................................................................................................................................3
2 Provas e Expiações – Entrevista com Joanna de Angelis..........................................................................................6
2.1 Provas e Expiações – Significado.........................................................................................................................6
2.2 Provas e Expiações – Causas................................................................................................................................7
2.3 Provas e Expiações – O Carma e o Determinismo.............................................................................................8
2.4 Provas e Expiações – Morais e Físicas ................................................................................................................8
2.5 Provas e Expiações – O Verdadeiro Infortúnio .................................................................................................9
2.6 Provas e Expiações – A Fatalidade na Família ................................................................................................10
2.7 Provas e Expiações – O Suicídio........................................................................................................................10
2.8 Provas e Expiações – A Aflição em Você ..........................................................................................................10
2.9 Provas e Expiações – A Dor e o Sofrimento .....................................................................................................11
2.10 Provas e Expiações – Dentro da Família...........................................................................................................11
3 Provas e Expiações – Visões Doutrinárias................................................................................................................12
3.1 Allan Kardec .......................................................................................................................................................12
3.1.1 Sobre a Expiação e a Prova...........................................................................................................................12
3.2 Joanna de Angelis ...............................................................................................................................................15
3.2.1 Provas e Expiações .......................................................................................................................................15
3.2.2 Necessidade da Reencarnação ......................................................................................................................17
3.2.3 Considerando o Sofrimento e a Aflição........................................................................................................18
3.2.4 Dor Benfeitora ..............................................................................................................................................19
3.2.5 Aprendizagem pela Dor................................................................................................................................20
3.2.6 Provações......................................................................................................................................................21
3.2.7 Sequelas do Sofrimento ................................................................................................................................22
3.2.8 Sofrimento Reparador...................................................................................................................................24
3.2.9 Serão Consolados..........................................................................................................................................26
3.2.10 Funções do Sofrimento .................................................................................................................................26
3.2.11 Infortúnios e Bênçãos ...................................................................................................................................30
3.2.12 Dores e Resignação.......................................................................................................................................32
3.2.13 Provações......................................................................................................................................................33
3.2.14 Inconformismo e Revolta..............................................................................................................................34
3.2.15 Amor a Vida..................................................................................................................................................35
3.2.16 Desígnios de Deus ........................................................................................................................................36
3.2.17 Aceita a Vida ................................................................................................................................................37
3.2.18 Ascenção Espiritual ......................................................................................................................................38
3.2.19 Momentos de Aflição e Prova.......................................................................................................................39
ii
3.2.20 Carma e Consciência ....................................................................................................................................40
3.2.21 Dores Morais.................................................................................................................................................41
3.2.22 Infortúnios.....................................................................................................................................................42
3.2.23 Glórias e Insucessos......................................................................................................................................44
3.2.24 Cristo em Casa..............................................................................................................................................45
3.2.25 Suicídio.........................................................................................................................................................47
3.2.26 Aflição e Consolação....................................................................................................................................49
3.2.27 Ante a Dor.....................................................................................................................................................50
3.2.28 Necessidade de Evolução..............................................................................................................................51
3.2.29 Almas Problema............................................................................................................................................55
3.2.30 Sob testes e exames.......................................................................................................................................56
3.3 Emmanuel............................................................................................................................................................58
3.3.1 Provação e Expiação.....................................................................................................................................58
3.3.2 Expiação .......................................................................................................................................................59
3.3.3 Inferno Antes ................................................................................................................................................60
3.3.4 Na Senda Evolutiva ......................................................................................................................................61
3.3.5 Na Terra e no Além ......................................................................................................................................62
3.3.6 No Problema da Dor .....................................................................................................................................63
3.3.7 Dentro da Luta ..............................................................................................................................................64
3.3.8 Em Plena Prova.............................................................................................................................................65
3.3.9 Perante a Dor ................................................................................................................................................66
3.4 André Luiz...........................................................................................................................................................67
3.4.1 Bem-Aventurados.........................................................................................................................................67
3.5 Hermínio de Miranda.........................................................................................................................................68
3.5.1 Terapia Homeopata da Dor...........................................................................................................................68
3.6 Marta Antunes de Moura...................................................................................................................................71
3.6.1 As Provas e Expiações como mecanismos Evolutivos.................................................................................71
3.7 Maria Dolores......................................................................................................................................................73
3.7.1 Jornadas no Tempo .......................................................................................................................................73
3.8 Cornélio Pires......................................................................................................................................................72
3.8.1 Escolha das Provas........................................................................................................................................72
3.9 Antero de Quental...............................................................................................................................................74
3.9.1 A Dor ............................................................................................................................................................74
4 Anexo – Joanna de Angelis – Biografia ....................................................................................................................75
4.1 Joanna de Angelis e a Codificação Espírita......................................................................................................75
4.2 Joanna de Angelis e as suas Vidas Passadas.....................................................................................................76
4.2.1 Joana de Cusa................................................................................................................................................76
4.2.2 Clara de Assis ...............................................................................................................................................77
4.2.3 Juana Inês de La Cruz...................................................................................................................................79
4.2.4 Joana Angélica de Jesus................................................................................................................................80
5 Referências ..................................................................................................................................................................81
iii
1
PROVAS e EXPIAÇÕES
1 Provas e Expiações – Conceitos e Fundamentos
Provas e expiações, eis a condição do homem na Terra. Expiação do passado, provas para fortalecê-lo
contra a tentação; para desenvolver o Espírito pela atividade da luta; para habituá-lo a dominar a matéria e prepará-
lo para os prazeres puros que o esperam no mundo dos Espíritos.
O Espírito de Verdade – Revista Espírita – 1864 – Dezembro
1.1 Provas
Provas – vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam segundo a maneira pela qual as
suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito desprendido do corpo, reconhecendo sua imperfeição, escolhe ele
próprio, por ato de seu livre arbítrio, o gênero de provas que julga mais próprio ao seu adiantamento e que sofrerá
em sua nova existência. Se ele escolhe uma prova acima de suas forças, sucumbe, e seu adiantamento retarda.
Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário
(...)
No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai
acontecer durante a vida?
Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre arbítrio.
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 258
(...)
É na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores existências, pondo em prática resoluções
tomadas na vida espiritual. Assim se explicam as misérias e vicissitudes mundanas que, à primeira vista, parecem
não ter razão de ser. Justas são elas, no entanto, como espólio do passado – herança que serve à nossa romagem para
a perfectibilidade.
Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 31
(...)
Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas
imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam
as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente.
Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo 5 – item 10.
(...)
Provas – Lições retardadas que nós mesmos acumulamos no caminho, através de erros impensados ou
conscientes em transatas reencarnações, e que somos compelidos a rememorar e reaprender.
André Luiz – Estude e Viva – Cap. 40: O Espiritismo em sua Vida
(...)
A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação
espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime.
Emmanuel – O Consolador – Perg. 246
1.2 Expiação
2
Expiação – pena que sofrem os Espíritos como punição das faltas cometidas durante a vida corporal. A
expiação, sofrimento moral, ocorre no estado de Erraticidade como o sofrimento físico ocorre no estado corporal.
As vicissitudes e os tormentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiação do passado.
Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário
(...)
O que orienta o Espírito na escolha das provas?
Ele escolhe as que lhe podem servir de expiação, segundo a natureza de suas faltas, e fazê-lo adiantar mais
rapidamente.
Uns podem impor-se uma vida de misérias e privações, para tentar suportá-la com coragem; outros,
experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais perigosas pelo abuso e o mau emprego que lhes pode dar
e pelas más paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar no contato
com o vício.
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 264
(...)
Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe
são consequentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.
Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 17
(...)
Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada
falta.
Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu
progresso.
Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.
Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não
precisa ser provado.
Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se
mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto
mais rude haja sido a luta.
Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres
sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com
resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar.
Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à
revolta contra Deus. Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é indício de
que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso
Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Causas anteriores das aflições – item 9
3
1.3 Síntese
As aflições na terra são os remédios da alma; elas salvam para o futuro, como uma operação cirúrgica
dolorosa salva a vida de um doente e lhe devolve a saúde. É por isso que o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos,
pois eles serão consolados."
Allan Kardec – O Espiritismo em sua Expressão mais Simples – Cap. 1 – Item 40
Quando o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence", não se referia de modo
geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre
a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem
conduzi-los ao reino de Deus.
Lacordaire – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Item 18
Nada existe sem razão de ser.
A Sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade.
O sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto quanto a tempestade tem o seu lugar
importante na economia da natureza física.
Emmanuel– Fonte Viva – Cap. 162:Dentro da Luta
Não existe dor sem causa, nem alegria sem título de merecimento.
Em ambas as situações, mantém-te vigilante, porque ninguém passa pelo mundo sem as suas vivências, e a
dor faz parte do processo iluminativo.
O aperfeiçoamento moral do Espírito é da sombra para a luz, do bruto para o sublime.
Joanna de Angelis – Reformador – Maio/2016: Provas e Expiações
As provas e expiações, resgates e sofrimentos são formas de reajustamento do Espírito, que soma a essas
experiências dolorosas os esforços empregados na aquisição de conhecimento e virtude.
Juvanir Borges de Souza – Tempos de Renovação – Cap.13: Auto-Educação
Bastará apenas sofrer para que resgatemos os compromissos adquiridos nas existências passadas ?
Se temos o coração aberto em feridas profundas, isso não basta; é preciso transubstanciar as próprias dores
em esperanças e ensinamentos.
Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 6 – Item 2:Redenção
Com muita propriedade a Terra é considerada planeta de “provas e expiações”.
A prova examina, experimentando o grau de preparação do educando.
A expiação ensina, rigorosa, a lição desperdiçada na inutilidade ou na viciação.
A prova lembra escolaridade.
A expiação solicita enfermagem.
O aprendiz estuda e se prepara para a vida.
O enfermo se reeduca e disciplina para continuar a vida.
Escola e Hospital são os valiosos recursos que se multiplicam para o discípulo sincero de Jesus, na jornada
libertadora.
Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Cap. 39
4
(...)
Divaldo, Porque sendo Espírita sofro tanto e há tanto tempo ?
Porque o Espiritismo não nos torna indenes à dor.
A função do Espiritismo é preparar-nos para a dor e não libertar-nos, sem o necessário mérito, do
sofrimento. A função do Espiritismo é a de dar-nos uma visão ampla da vida, oferecer-nos recursos para superarmos
as nossas limitações. Eleve-se pela confiança, porque a dor, ao invés de punição, é benção, é crédito perante a vida.
O Espiritismo nos dá o lenitivo, o otimismo para enfrentarmos as aflições; é uma terapêutica para vencer o
sofrimento.
Divaldo Franco – Viagens e Entrevistas – Perg. 89:Sofrimento
(...)
Bem-aventurados os que choram – , disse Jesus.
Nem todos, porém.
Há lágrimas que não traduzem humildade nem esperança.
Choros que fomentam vinganças ultrizes e engendram males de largo curso.
Jesus reportou-se, sem dúvida:
− Àqueles que choram sob o açodar das injustiças humanas, sem qualquer rebeldia;
− Àqueles que sofrem as contingências afligentes, sem acalentar os sentimentos de vingança;
− Aos que expungem os débitos pretéritos, sem desespero;
− Aos que sentem a alma pungida, e no entanto, transformam a agonia lacrimejante em esperanças estelares;
− Aos que, padecendo, não infligem aflições a ninguém; .
− Àqueles que, perseguidos, jamais se deixam consumir pelo desejo do desforço;
− Aos que, esfaimados e sedentos de amor e paz, laboram pela felicidade do próximo ...
... Estes serão consolados.
O choro é reação do sentimento, da emoção, nem sempre credor de respeito e solidariedade.
Por isso, bem-aventurados todos os que choram, tocados pelo espírito do bem e da misericórdia, sofrendo
para não fazer sofrer, burilando-se sem macerar ninguém, porquanto, assim, serão realmente consolados.
Joanna de Angelis – Alerta – 2º Parte – Cap. 7: Nem Todos Consolados
(...)
Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de misericórdia divina junto às
ocorrências da divina justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que
tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.
Emmanuel – Chico Xavier pede Licença – Cap. 19: Desencarnações Coletivas
(…)
Não nos iludamos. Mais dia, menos dia, todos sofrem. Há, contudo, quem sofra com rebeldia, com revolta,
com desânimo ou com desespero, perdendo o valor da prova em que se vê.
Emmanuel – Segue-me – Cap. 19:O Ponto Certo
5
(...)
As dores enrijam as fibras da alma e fortalecem as disposições do sentimento.
Quanto mais rude a tormenta mais rápido cessam as forças do seu desgoverno.
A carga de aflições que conduzes não significa abandono a que estejas relegada, e sim recordação de que
não és esquecida.
A fé não libera a alma dos resgates que lhe cumpre atender, como esperam alguns crentes apressados.
Ela é a fonte de energia e o dínamo de força, o penso que balsamiza a ferida e o conforto que ampara a
coragem, não um mecanismo de evasão das responsabilidades ou documento para chantagear o equilíbrio da justiça
Victor Hugo – Calvário da Libertação – 4º Parte – Cap. 7
(...)
Se sobes calvário agreste, irriga em suor e pranto a senda para o futuro.
Qual ocorre ao enfermo que solicita assistência adequada antes da consulta, imploraste, antes do berço, a
prova que te agracia.
Aspirando a sanar as chagas do pretérito, comissionaste o próprio destino para que te entregasse à existência
o problema inquietante e a frustração temporária, o embaraço imprevisto e a trama da obsessão, o parente
amargoso e a doença difícil.
Não atraiçoes a ti mesmo, fugindo ao merecimento da concessão.
Milhares de companheiros desenleados da carne suplicam o ensejo que já desfrutas.
Mergulhados na dor maior, tudo dariam para obter a dor menor em que te refazes.
Desse modo, quando estiveres em oração, sorvendo a taça de angústia, na sentença que indicaste a ti pró-
prio diante das Leis Divinas, roga a bênção da saúde e a riqueza da paz, a luz da consolação e o favor da alegria,
mas pede a Deus, acima de tudo, o apoio da humildade e a força da paciência.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 75: Em Plena Prova
(...)
Toda aflição se fixa em raízes que devem ser extirpadas. Algumas possuem causas atuais, enquanto outras
se prendem ao passado espiritual, constituindo tais fatores a justiça impertérrita que alcança os infratores dos
códigos divinos do amor e do equilíbrio.
Joanna de Angelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35: Serão Consolados
(...)
Muitas vezes exclamas: — Justiça! Justiça!
E afirmas-te demasiadamente sofredor, perseguido pelas sombras ou desamparado pela Bênção do Céu!
Nos dias de aflição e cinza, não te recolhas à blasfêmia e nem peças por maiores manifestações da
Justiça, em teu campo de ação, porque a Justiça mais ampla poderia agravar-te as dores, mas sim roga o
acréscimo da Divina Misericórdia, em teu benefício, a fim de que disponhas de ombros fortes para que não venhas
a lançar longe de ti os favores da própria cruz.
Emmanuel – Assim Vencerás – Cap. 9: Justiça e Misericórdia
6
2 Provas e Expiações – Entrevista com Joanna de Angelis
2.1 Provas e Expiações – Significado
[1] Qual o significado das Provações em nossas Vidas?
(...)
A provação para o espírito encarnado é fogo purificador.
Dores na alma, em forma de angustia e saudade, provando a resistência da fé.
Dores no corpo, em úlceras purulentas, provando o valor da fé.
Dores no sentimento, em forma de ansiedade e frustração, provando a fé.
Guarda-te, nas provações, no valioso refúgio da paciência, confiando no celeste Pai.
Mesmo que chovam dificuldades, que a solidão assinale os teus dias e que ardam labaredas na alma, impedindo
que o claro sol pareça luminoso aos seus olhos, confia no Senhor e segue.
Joanna de Angelis – Messe de Amor – Cap. 53: Provações (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
(...)
Não te consideres inatingível.
Acostuma-te à fragilidade do corpo e às necessidades decrescimento como espírito que és.
Nenhuma dor te alcança sem critério superior de justiça.
Sofrimento algum no teu campo emocional, que se não acabe, deixando o resultado do seu trânsito.
Utiliza-te das ocorrências que trazem dor, para crescer, e não te apresentes inconformado.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 20:Inconformismo e Revolta (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
(...)
Desgraça real é o desconhecimento dos objetivos superiores da existência sem a chama luminosa do amor
como benção e a imperiosa necessidade de seguir, arrastado pelas circunstâncias penosas.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap.39: Amor a Vida (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
(...)
Em Momento algum deixa de confiar nos desígnios de Deus.
Não te encontras à deriva, apesar de supores que o rumo para a felicidade perdeu-se em definitivo.
A ausência aparente de respostas diretas aos teus apelos e necessidades faz parte de uma programática para o teu
bem.
Sem que o percebas, chegam-te os socorros imprescindíveis para o equilíbrio e êxito, sem os quais, certamente,
não suportarias as provas a que te propuseste por impositivo da própria evolução.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap.51: Desígnios de Deus ( Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
(...)
Aceita a vida e ganha-a com alegria para o teu próprio bem.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap.4: Aceita a Vida (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54)
Nota: As perguntas deste trabalho forma extraídas do Livro : Joanna de Angelis Responde, complementadas por
diversos outros livros da Mentora. A integra de todas as mensagens dela e dos demais Mentores estão na Seção
3: Provas e Expiações – Visões Doutrinárias.
7
2.2 Provas e Expiações – Causas
[2] Onde se encontram as Causas dos Sofrimentos atuais?
(...)
Quando a criatura sofre sem conhecimento das causas que a levam à aflição, raramente logra forças para
superar-se e suportar com resignação as suas dores.
Eis porque, ante a conjuntura ou situação dolorosa que atinge os homens, somente se pode entender, ante a
divina justiça, que se a causa dos padecimentos não se encontra na existência atual, está, sem dó vida, em precedentes
reencarnações.
Repetem-se as vidas corporais para o Espírito quantas vezes se fazem necessárias para o seu burilamento, a
sua plenitude.
Cada etapa repara os erros da fase anterior, ao. Mesmo tempo contribuindo para a aquisição de valores e
experiências que necessitam ser armazenados e que contribuem, poderosamente, para a evolução, do homem.
(...)
Se não compreendes o porquê das tuas dores atuais, ausculta a consciência e eia te inspirará a entender as
causas anteriores, ajudando-te a suportá-las ei vencê-las bem.
O sofrimento não tem exclusiva finalidade corretiva, senão educadora, abrindo percepções e facultando
valores que não seriam conhecidos sem o seu com tributo.
Não menosprezes, por essa razão, a fragilidade orgânica, a celeridade com que transcorre cada ciclo das
reencarnações.
Aproveita, quanto possas, as ensanchas que se te apresentem, reunindo experiências positivas, recuperando
lições perdidas, realizando trabalhos valiosos, provas de acréscimo que todos recebem e nem sempre utilizam como
devem, incidindo, então, na compulsória de adquirirem pela dor, o que não realizaram pelo amor.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42: Ascenção Espiritual ( Joanna de Angelis Responde – Perg.123)
[3] Objetivamente, por que passamos por momentos de aflição e prova, em nossas vidas? ,
(...)
Momentos de aflição e prova surgem pelo caminho, inesperados, concitando à disciplina espiritual
indispensável ao processo evolutivo do ser.
Enquanto domiciliado no corpo, espírito algum se encontra em segurança, vitorioso, isento de experiências
difíceis, de possíveis insucessos.
Os momentos de prova e aflição constituem recursos de aferição dos valores morais de cada um, mediante
os quais o homem deve adquirir mais, valiosas expressões iluminativas como suportes para futuros, investimentos
evolutivos.
Por isso, todos somos atingidos por tais métodos de purificação.
Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 11: Momentos de Aflição e Prova (Joanna de Angelis Responde – Perg.91)
8
2.3 Provas e Expiações – O Carma e o Determinismo
[4] Algumas pessoas dizem que certas dores são cármicas, portanto, difícil é livrarem-se delas. O carma é
realmente inalterável ou não?
(...)
O carma está sempre em processo de alteração, conforme o comportamento da criatura.
A desdita que se alonga, o cárcere moral que desarvora, a enfermidade rigorosa que alucina, a limitação que
perturba, a solidão que asfixia, o desar que amargura podem alterar-se favoravelmente, se aquele que os
experimenta resolve mudar as atitudes, aprimorando-se e desdobrando-se em prol do bem geral, no que resulta
em bem próprio.
Nos mapas das experiências humanas, graças às mudanças de comportamento dos reencarnados, em decorrência
do seu livre-arbítrio, são alterados com assídua frequência, sucessos e socorros, dores e problemas programados,
abreviando-se ou concedendo-se moratória à vilegiatura daqueles que se situam num como noutro campo desta ou
daquela necessidade.
Não existe nas soberanas Leis da Vida fatalidade para o mal.
O que ao ser acontece, é resultado do que ele fez de si mesmo e nunca do que Deus lhe faz, como apraz aos
pessimistas, aos derrotistas e cômodos afirmar.
Refaze, pois, a tua vida, a todo momento, para melhor, mediante os teus atos saudáveis.
Joanna de Angelis – Momentos de Consciência – Cap. 8: Carma e Consciência (Joanna de Angelis Responde –
Perg. 99)
2.4 Provas e Expiações – Morais e Físicas
[5] Existem dores físicas e dores morais. Qual a medicação para uma e para outra?
(...)
Os sofrimentos, genericamente dilaceram o corpo, alguns, todavia, esfacelam a alma, na roda dentada das
aflições.
Aqueles que decorrem das enfermidades físicas e mentais produzem desespero, levando, não raro, os que os
têm sobre os ombros, a estados de desesperação, se não se apoiam na resignação e na humildade. Todavia, os
sofrimentos morais parecem transcorrerem clima de mais ásperas provanças.
Há dores físicas que se tornam difíceis tormentos morais.
Sem embargo, os legítimos sofrimentos morais, aqueles que se transformam em feridas abertas, em chaga
viva ulcerando a alma, terminam em agonias fisicas.de largo porte...
Para as dores físicas, a ciência já conseguiu um sem número de recursos que colaboram para a recuperação
da saúde e ao mesmo tempo, produzem diminuição quando não transitória cessação dos padecimentos.
Diante, porém, das dores morais, as denominadas “ciências da alma" podem, quando muito, propor esquemas
paliativos que, decerto, não atuando no cerne do problema aflitivo, não conseguem modificar a paisagem de angústia
e sombra que escarnece e estiola a vítima.
Que medicamentos se podem propor, senão a terapia da prece, da fé abrasadora e da irrestrita confiança em
Deus!
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 21: Dores Morais (Joanna de Angelis Responde – Perg.128)
9
2.5 Provas e Expiações – O Verdadeiro Infortúnio
[6] Existem pessoas que não suportam o sofrimento e qualquer espécie de dor lhes constitui verdadeiros
infortúnios. Que são realmente os infortúnios, as dores, etc...?
(...)
Do ponto de vista humano, infortúnio ou desgraça significa tudo que perturba a comodidade e contraria as
ambições imediatas em que se compraz a criatura humana.
Observado, no entanto, do ponto de vista espiritual, o infortúnio, que poderia significar verdadeira desdita
para os desarmados morais faculta, aos que sabem entregar-se a Deus, conquistas que se trasladam para a vida imortal
– a verdadeira.
As dores de qualquer procedência, as injunções de toda natureza, as enfermidades ditas incuráveis, a presença
da pobreza material, a ausência dos valores amoedados, a ingratidão das pessoas amadas representam apelos ao
espírito calceta e atrabiliário para cuidar quanto antes da sua renovação e consequente ascensão moral.
Provas e expiações de qualquer monta são necessidades elaboradas por nós próprios, a fim de
repararmos as faltas cometidas, encontrando na dor que se deve superar os recursos valiosos para a libertação dos
gravames inditosos e a paz da consciência.
Não são, portanto, desgraças reais os chamados infortúnios, conforme conceituam as convenções do
utilitarismo e do imediatismo.
O verdadeiro infortúnio pode ser encontrado na ausência da fé em Deus, com o impositivo de prosseguir-
se caminhando entre dores e desesperações sem os arrimos abençoados da crença e da esperança.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 11: Infortúnios – Joanna de Angelis Responde –
Perg.106
[7] Muitas pessoas reclamam, dizendo-se infelizes e desgraçadas com a vida que levam. Que representam estas
dores e o que podemos considerar realmente uma desgraça?
(...)
Ninguém que esteja em estado de desgraça, enquanto transitando nas roupagens carnais.
Soledade, pobreza, doença, limitação, esquecimento constituem provas redentoras de que se utilizam os
excelsos mentores encarregados da programática reencarnatória, para a educação, a ascensão e a felicidade dos que
tombaram nos fossos da loucura e da criminalidade, quando no uso das disponibilidades que lhes abundavam no
passado...
Desgraça real é sempre o mal que se faz, nunca o que se recebe. Insucesso social, prejuízo econômico,
fatalidade são terapêuticas enérgicas da vida para a erradicação dos cânceres morais existentes em metástase cruel
nos tecidos do espírito imortal.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap.45: Glórias e Insucessos (Joanna de Angelis Responde –
Perg.178)
10
2.6 Provas e Expiações – A Fatalidade na Família
[8] A Doutrina Espírita nos ensina que não existe fatalidade, porém, determinadas famílias padecem inúmeras
desgraças, dando-nos a impressão de atrair tragédias. Qual a razão disso?
(...)
Vinculados por compromissos vigorosos para a própria evolução, os Espíritos reencarnam-se no mesmo
grupo cromossomático, endividados entre si, para o necessário reajustamento, trazendo nos refolhos da memória
espiritual as recordações traumáticas e as lembranças nefastas, deixando-se arrastar, invariavelmente, a complexos
processos de obsessão recíproca, graças ao ódio mantido, às animosidades conservadas e nutridas com as altas
contribuições da rebeldia e da violência.
Em razão disso, o desrespeito grassa, a revolta se instala, a indiferença insiste e a aversão assoma...
A família, em tais circunstâncias, se transforma em palco de tragédias sucessivas, quando não se faz aduana
de traições e desídias...
Estimulando os desajustes que se encontram inatos nos grupos da consanguinidade, a hodierna técnica da
comunicação malsã tem conspirado poderosamente contra a paz do lar e a felicidade dos homens.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 3: Cristo em Casa (Joanna de Angelis Responde –
Perg. 69)
2.7 Provas e Expiações – O Suicídio
[9] O que leva uma pessoa – às vezes, aparentemente feliz – a fugir da vida através do suicídio?
(...)
Temendo o sofrimento, o suicida impõe-se maior soma de aflições, no pressuposto de que o ato de cobardia
encetado seria sancionado pelo apagar da consciência e pelo sono do nada...
... No fundo de todas as razões predisponentes para o autocídio, excetuando-se as profundas neuroses e psicoses
de perseguição, as maníaco-depressivas – que procedem de antigas fugas espetaculares à vida e que o Espírito traz
nos refolhos do ser como predisposição à repetição da falência moral – encontra-se o orgulho tentando, pela
violência, solucionar questões que somente a ação contínua no bem e a sistemática confiança em Deus podem
regularizar com a indispensável eficiência.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 18: Suicídio (Joanna de Angelis Responde – Perg. 108)
2.8 Provas e Expiações – A Aflição em Você
[10] “Vinde a mim todos vós, que vós encontrais aflitos...” A quais aflitos o Mestre se referia?
(...)
Os aflitos, a que se refere o Mestre, são aqueles que da tribulação retiram o bom proveito; aqueles que
encontram na dor um desafio para superarem-se a si mesmo; os que abrasam na fé ardente e sobrepõem-se às
conjunturas dolorosas; todos os que convertem as dificuldades e provações em experiências de sabedoria; os que
sob o excruciar dos testemunhos demonstram a sua fé e perseverança nos ideais esposados, porfiando fieis aos
compromissos abraçados...
Os aflitos humildes e que se convertem em lições vivas de otimismo e de esperança – eis os que serão bem-
aventurados, porque após as dividas resgatadas, os labores, os testemunhos confirmados, “serão consolados” pela
benção da consciência tranquila, no país da redenção total.
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 5: Aflição e Consolação (Joanna de Angelis Responde – Perg.
168)
11
2.9 Provas e Expiações – A Dor e o Sofrimento
[11] Ninguém gosta da dor, embora soframos a sua investida. Como entender a dor e o sofrimento?
(...)
A dor é a mensageira da esperança que após a crucificação do Justo vem ensinando como se pode avançar
com segurança. Recebamo-la, pacientes, sejam quais forem às circunstâncias em que a defrontemos, nesta hora de
significativas transformações para o nosso espírito em labor de sublimação.
O sofrimento de qualquer natureza, quando aceito com resignação – e toda aflição atual possui as suas
nascentes nos atos pretéritos do espírito rebelde–propicia renovação interior com amplas possibilidades de progresso,
fator preponderante de felicidade.
A dor faculta o desgaste das imperfeições, propiciando o descobrimento dos valiosos recursos, inexauríveis,
aliás, do ser.
Após a lapidação fulgura a gema.
Burilada a aresta ajusta-se a engrenagem.
Trabalhado, o metal converte-se em utilidade.
Sublimado pelo sofrimento reparador, o Espírito liberta-se.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 17: Ante a Dor (Joanna de Angelis Responde –
Perg.118)
[12] As criaturas, de um modo geral, temem a dor, qualquer que seja. A dor é uma punição?
(...)
A dor, em qualquer situação, jamais funciona como punição, porquanto Sua finalidade não é punitiva, porém
educativa, corretora. Qualquer esforço impõe o contributo do sacrifício, da vontade disciplinada ou não, que se
exterioriza em forma de sofrimento, mal-estar, desagrado, porque o aprendiz, simplesmente, se recusa a considerar
de maneira diversa a contribuição que deve expender a benefício próprio.
Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Cap. 6: Necessidade de Evolução (Joanna de Angelis Responde –
Perg.127)
2.10 Provas e Expiações – Dentro da Família
[13] De onde procedem estas criaturas-problemas que são colocadas ao nosso lado?
(...)
A pessoa-problema que renteia contigo, no processo evolutivo, não te é desconhecida...
O filhinho–dificuldade que te exige doação integral, não se encontra ao teu lado por primeira vez.
O ancião–renitente que te parece um pesadelo contínuo, exaurindo-te as forças, não é encontro fortuito na tua
marcha...
O familiar de qualquer vinculação que te constitui provação, não é resultado do acaso que te leva a desfrutar
da convivência dolorosa.
Todos eles provêm do teu passado espiritual.
Eles caíram, sim, e ainda se ressentem do tombo moral, estando, hoje, a resgatar injunção penosa. Mas tu
também.
Quando alguém cai, sempre há fatores preponderantes e outros predisponentes, que induzem e levam ao abismo.
Normalmente, oculto, o causador do infortúnio permanece desconhecido do mundo. Não, porém, da consciência,
nem das Soberanas Leis.
Renascem em circunstancia e tempos diferentes, todavia, volvem a encontrar-se, seja na consanguinidade, através
da parentela corporal, ou mediante a espiritual, na grande família humana, tornando-se o caminho das reparações
e compensações indispensáveis.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap.6: Almas Problema (Joanna de Angelis Responde – Perg. 124)
12
3 Provas e Expiações – Visões Doutrinárias
3.1 Allan Kardec
3.1.1 Sobre a Expiação e a Prova
A expiação implica necessariamente a idéia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta
cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumida, porquanto, aquele que chegou ao ponto
culminante a que aspira, não mais necessita de provas.
Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e
reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá de
recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência que apresentou no primeiro; a segunda
prova torna-se, assim, uma expiação.
Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se bem se conduzir, a pena é,
ao mesmo tempo, uma expiação por sua falta e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver
melhor, a prova é nula e um novo castigo desencadeará uma nova prova.
Considerando-se, agora, o homem na Terra, vemos que ele aí suporta males de toda a sorte, muitas vezes
cruéis. Esses males têm uma causa. Ora, a menos que os atribuamos ao capricho do Criador, somos forçados a admitir
que a causa esteja em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser o resultado de nossas
virtudes; portanto, têm sua fonte nas nossas imperfeições.
Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, honras e todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer
que sofre a prova do arrastamento; para o que cai na desgraça por sua má conduta ou imprevidência, é a expiação de
suas faltas atuais e pode dizer-se que é punido por onde pecou. Mas que dizer daquele que, desde o nascimento, está
em luta com as necessidades e as privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora, que
sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem nada ter feito, ostensivamente, para merecer tal sorte?
Quer seja uma prova, ou uma expiação, a posição não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de
vista do nosso correspondente, porquanto, se o homem não se lembra da falta, também não se lembra de haver
escolhido a prova. Tem-se, assim, de buscar alhures a solução da questão.
Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa; se esta não
estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, tais efeitos devem ter
uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado
e prova para o futuro.
São expiações no sentido de que são consequência de uma falta, e provas em relação ao proveito que delas
se retira. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Se, pois, formos feridos, é que não somos inocentes:
o mal que sentimos é o castigo, a maneira por que o suportamos é a prova.
Mas acontece, muitas vezes, que a falta não se acha nesta vida. Então se acusa a justiça de Deus, nega-se a
sua bondade, duvida-se mesmo de sua existência. Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a
divindade.
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Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e bom deve dizer que ele não pode agir senão com
sabedoria, mesmo naquilo que não compreendemos e, se sofremos uma pena, é porque o merecemos; é, pois, uma
expiação.
O Espiritismo, pela grande lei da pluralidade das existências, levanta completamente o véu sobre o que esta
questão deixava no escuro. Ele nos ensina que se a falta não foi cometida nesta vida, o foi numa outra e, deste modo,
que a justiça de Deus segue o seu curso, punindo-nos por onde havíamos pecado.
A seguir vem a grave questão do esquecimento que, segundo o nosso correspondente, tira aos males da vida
o caráter de expiação. É um erro. Dai-lhe o nome que quiserdes: jamais fareis que não sejam a consequência de uma
falta.
Se o ignorais, o Espiritismo vo-lo ensina. Quanto ao esquecimento das faltas em si, não tem as consequências
que lhe atribuis.
Temos demonstrado alhures que a lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves,
uma vez que nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo; trariam perturbação nas
relações sociais e, por isto mesmo, entravaria o nosso livre-arbítrio.
Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto se supõe; ele só se dá na vida exterior de relação,
no interesse da própria Humanidade; mas a vida espiritual não sofre solução de continuidade. Quer na erraticidade,
quer nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança lhe deixa uma intuição que
se traduz pela voz da consciência, que o adverte do que deve ou não deve fazer. Se não a escuta, é, pois, culpado.
Além disso, o Espiritismo dá ao homem um meio de remontar ao seu passado, se não aos atos precisos, pelo
menos aos caracteres gerais desses atos, que ficaram mais ou menos desbotados na vida atual. Das tribulações que
suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo
de suas tendências instintivas e apoiando-se no princípio de que a mais justa punição é a consequência da falta, ele
pode deduzir seu passado moral; suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si.
A vida atual é para ele um novo ponto de partida; aí chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois,
estudar-se a si mesmo para ver o que lhe falta e dizer: “Se sou punido, é porque pequei”, e a própria punição lhe dirá
o que fez.
Citemos uma comparação: Suponhamos um homem condenado a tantos anos de trabalhos forçados, sofrendo
um castigo especial mais ou menos rigoroso, de acordo com a sua falta; suponhamos, ainda, que ao entrar na cadeia
perca a lembrança dos atos que para lá o conduziram. Poderá dizer: “Se estou na prisão, é que sou culpado, porquanto
aqui não se põe gente virtuosa.
Tratemos, pois, de ficar bom, para não voltarmos quando daqui sairmos.” Quer ele saber o que fez?
Estudando a lei penal, saberá quais os crimes que para ali conduzem, porque ninguém é posto a ferros por
uma leviandade.
Da duração e da severidade da pena, concluirá o gênero dos que deve ter cometido. Para ter uma idéia mais
exata, terá apenas de estudar aqueles para os quais irá sentir-se instintivamente arrastado.
Saberá, então, o que deve evitar daí em diante para conservar a liberdade, e a isso será ainda estimulado pelas
exortações dos homens de bem, encarregados de o instruir e o dirigir no bom caminho. Se não o aproveitar, sofrerá
as consequências.
14
Tal a situação do homem na Terra, onde, tanto quanto o grilheta, não pode ter sido posto por suas perfeições,
considerando-se que é infeliz e obrigado a trabalhar. Deus lhe multiplica os ensinamentos de acordo com o seu
adiantamento; adverte-o incessantemente e chega mesmo a feri-lo, para o despertar de seu torpor, e aquele que
persiste no endurecimento não pode desculpar-se com sua ignorância.
Em resumo, se certas situações da vida humana têm, mais particularmente, o caráter das provas, outras têm,
de modo incontestável, o do castigo, e todo castigo pode servir de prova.
É um erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta. Vemos diariamente na vida
expiações voluntárias, sem falar dos monges que se maceram e se fustigam com a disciplina e o cilício. Nada há,
pois, de irracional em admitir que um Espírito, na erraticidade, escolha ou solicite uma existência terrena que o leve
a reparar seus erros passados.
Se tal existência lhe tivesse sido imposta, não teria sido menos justa, apesar da ausência momentânea da
lembrança, pelos motivos acima desenvolvidos. As misérias da Terra são, pois, expiação, por seu lado efetivo e
material, e provas, por suas consequências morais.
Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o melhoramento. Em presença de um
objetivo tão importante, seria pueril fazer de um jogo de palavras uma questão de princípio. Isto provaria que se dá
mais importância às palavras que à coisa.
Allan Kardec – Revista Espírita – 1863 – Setembro: Sobre a Expiação e a Prova
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3.2 Joanna de Angelis
3.2.1 Provas e Expiações
Bendize as provas afligentes que te pungem o coração e te inquietam a mente.
Sob o açodar do sofrimento, o ser humano vê-se conduzido a reflexões que o esclarecem a respeito do sentido
da existência corporal.
A vida no corpo físico possui um significado profundo que deve ser observado, que é o da evolução.
Natural que se anele pela saúde perfeita, por ocorrências jubilosas, pelos encantamentos e distrações que
produzem o prazer e mantêm a leviana superficialidade das coisas sem valor que contribuem para o bem-estar
momentâneo.
É, normalmente, quando se está nas paisagens ricas de gozo que surgem os abusos, aumentam as aspirações
do prazer, a fim de se evitar o tédio e suas várias manifestações.
O Espírito é criado sem as experiências que lhe devem constituir o patrimônio imortal.
Toda e qualquer realização, quando repetida sem alteração, dá lugar à indiferença, deixando de produzir
novas sensações e emoções. A monotonia substitui a alegria infrene inicial e as novidades, graças à sua continuidade,
perdem o brilho, o fascínio.
Surgem ambições mais audaciosas, o ócio estimula atitudes atrevidas, radicais, e o acumpliciamento com o
desrespeito ao comportamento dos outros conduz ao ludíbrio, ao crime, na busca de gozos novos e mais fortes.
Nascem, então, as intrigas, as traições, as infâmias, os problemas de alta gravidade que entorpecem os
sentimentos, ludibriam a dignidade e induzem a situações de conduta lamentável.
É inevitável que, vivendo no universo regido pela ordem e por leis de equilíbrio, o infrator seja convidado
ao resgate, à correção dos atos reprocháveis. Eis a causa das atuais aflições.
Nada obstante, quando convocado à regularização e ainda prossegue na marcha da desobediência e da
soberba, é natural que seja recambiado à escola terrestre sob injunção penosa, amargurado nas expiações incoercíveis.
A verdade é que ninguém consegue ludibriar a divina legislação, ainda que aparente uma força e um poder
que não possui, já que a organização fisiológica, acostumada a suportar situações vigorosas, é muito frágil em relação
às infecções, aos processos degenerativos, à debilidade, reduzindo-a ao estado de fragilidade extrema.
Ademais, o fenômeno biológico da morte sempre está presente na maquinaria física... E os transtornos
emocionais de tão fácil ocorrência, os distúrbios mentais, as limitações do soma, que o precedem?
Provas e expiações constituem os regularizadores da existência plena ou aparentemente desventurada.
Agradece a Deus a tua momentânea aflição, seja qual for a sua expressão.
Autopenetra-te mentalmente em uma autoanálise honesta e pergunta-te qual é a mensagem que te está sendo
enviada. Indaga-lhe onde necessitas e como reparar a sua causa, a fim de libertar-te.
Com sinceridade, busca compreendê-la e, ao detectar-lhe a nascente, sem qualquer ressentimento, corrige o
fator de desintegração e rejubila-te.
No entanto, se não conseguires encontrá-la de imediato, não te envolvas nos tecidos sombrios da melancolia
ou do desespero, permanecendo alegre, isto é, consciente de que se trata de uma ocorrência transitória e benéfica.
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Tem a certeza de que sairás da situação melhor do que no momento quando se instalou, no instante em que
não esperavas tal acontecimento.
Notarás um amadurecimento psicológico fascinante, que te permitirá harmonia interior, compreensão do
sentido de viver e estímulo para valorizar apenas aquilo que seja de duração real: os valores do Espírito! É justo que
se aspire pela paz, no entanto, apoiando-se no amor que é o seu alicerce.
De maneira alguma se pode desfrutar de serenidade sem o concurso da afetividade correta, do sentimento de
amizade fraternal, sem a generosidade do sorriso rico de ternura, sem a consciência do dever cumprido corretamente.
O amor fomenta a compreensão das situações mais embaraçosas, porque dulcifica aquele que o cultiva.
Retira do psiquismo os miasmas do ressentimento e de outras paixões que vitalizam vidas microscópicas
na área das viroses e no sistema emocional.
Porque compreende, o amor é suave bálsamo para todas as feridas do corpo e da alma.
Quando tudo estiver bem na tua jornada, agradece a Deus e cuida-te, porque são concessões que recebes dele
para multiplicá-las em chuvas de bondade e de simpatia, beneficiando o solo dos corações para a ensementação da
plenitude.
Não existe dor sem causa, nem alegria sem título de merecimento.
Em ambas as situações, mantém-te vigilante, porque ninguém passa pelo mundo sem as suas vivências, e a
dor faz parte do processo iluminativo.
O aperfeiçoamento moral do Espírito é da sombra para a luz, do bruto para o sublime.
O estado de angelitude começa na primeira molécula que constituirá o ser, prosseguindo, indefinidamente,
no rumo da perfeição relativa que a todos está destinada.
Jesus foi peremptório quando propôs: “Sede perfeitos como o Pai Celestial é perfeito”. (Mateus, 5:48.)
Se estás sob o ardor de alguma provação alegra-te, por te encontrares no rumo libertador. Se te encontras
aureolado pela fortuna da alegria, da juventude, das facilidades, mantém-te atento e aplica com sabedoria esses bens
da vida para que mais tarde possas apresentar os resultados.
Resguarda, pois, a tua consciência de remorsos e arrependimentos, enquanto brilha a luz da tranquilidade e
da inocência nos teus sentimentos.
Mantém-te criança...
Joanna de Angelis – Reformador – Maio/2016: Provas e Expiações
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3.2.2 Necessidade da Reencarnação
"As lutas têm sido cruéis. Dificuldades me assinalam os passos em todo lugar. Sofro em demasia." – Clamam,
com irreflexão, aqueles que jornadeiam, desatentos, a trilha evolutiva.
"Acompanho a marcha do progresso e constato que o êxito a coroar tantas cabeças não me alcança. Creio
que em breve desistirei da luta". Rebelam-se os companheiros do labor diário, em pleno campo redentor.
"Fracassos me seguem nos melhores empreendimentos, conduzindo-me a desespero infrene. A dor é
comensal dos meus dias. Que fazer?" – Refletem, de mente desalinhada, os que se distanciam da fé racional e se
consomem em interrogações aflitivas.
No entanto, todos esses que seguem, sob aparente amargura, aprendem na enxerga da aflição a valorizar os
tesouros divinos que malbarataram por leviandade ou loucura. Recomeçam pelos sítios em que desertaram da vida,
fixando experiências que a rebeldia, mal contida, ainda hoje transforma em novos cardos a se lhe cravarem nos
tecidos sutis da alma.
Tem paciência diante da aflição punitiva ou libertadora.
Não recolhas à análise deprimente dos fatos ou das oportunidades.
Enquanto contabilizas desditas, olvidas a claridade estelar espargindo luminosidade, seja durante o dia, seja
na escuridade da noite.
Tudo são lições.
O desgosto de agora transformar-se-á em proveitosa experiência de amanhã. Caminho percorrido – local
identificado.
Afervora-te ao exame do trabalho sem a desarmonia ansiosa dos resultados que temes. O que hoje parece
insucesso logo mais se converterá em dadivoso bem.
A reencarnação significa precioso ensejo de sublimar e superar, registrando como bênçãos nos refolhos da
alma as experiências de libertação do imediatismo e da extravagância.
É expressivo o retorno à carne para refazimento das experiências deixadas à margem; tantas se fazem
necessárias quantas as oportunidades de evoluir, até chegar à perfeição.
Nunca se nos deparam os mesmos recursos no roteiro da vida, nas mesmas condições. Não pisarás duas vezes
as águas do mesmo rio. Embora retornes ao local da véspera, as águas que fluem não são as mesmas.
A oportunidade, conquanto se nos apresente assinalada pelo nosso desagrado, representa preciosa dádiva.
Transforma, portanto, a dor em cântico de júbilo.
Cada etapa vencida é vitória conquistada a marcar os teus triunfos sobre as próprias lutas, incessantemente
até conquistares a paz em plenitude.
Não fossem os dissabores, e os estímulos para as tarefas desapareceriam. A reencarnação ficaria destituída
de valor se não BURILASSE os espíritos quando do retorno iluminativo.
O pavio que não arde, conserva-se; todavia, não espalha luz. a lâmina que não se consome, no uso, não vai
além de ornamento a pesar na economia das utilidades.
Nasce e renasce o espírito em diversos círculos para conquistar e reconquistar afetos, alargando os horizontes
da fraternidade entre todas as criaturas, de modo a que o Reino de Deus não se transforme em oásis fechado de
felicidade grupal, distante da Humanidade inteira.
Com propriedade, portanto, anotou o Codificador do Espiritismo que "a reencarnação, aliás, precisa ter um
fim útil".
Ascendamos através das lutas diárias nesse "estado transitório" da encarnação, calcando óbices e superando
dificuldades, de tal modo que esta oportunidade significativa para os que se encontram revestidos da organização
carnal constitua a ponte que leva ao planalto da vida melhor, sem sombra, sem dor, sem desespero, fazendo-os
vencedores das paixões e da morte, verdadeiramente espíritos felizes.
Joanna de Angelis – Lampadário Espírita : Cap. 14 – Necessidade da Reencarnação
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3.2.3 Considerando o Sofrimento e a Aflição
“Se, ao contrário, concentramos o pensamento, não no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo
sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misérias e dores.”
Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1ª parte – Cap. 2 — Item 4.
Ei-los misturados em todo lugar.
Sofrimento causado pela evocação de um amor violento que passou célere, e aflição de quem, não tendo
amado, deseja escravizar-se desnecessariamente.
Sofrimento decorrente do desejo de perseguir quando gostaria de fazê-lo, e aflição, porque, perseguido, não
tem oportunidade de também perseguir.
Sofrimento pela dor que se agasalha no coração, santificando o espírito, e aflição em face da dor, por não
poder fazer quanto gostaria, comprometendo-se muito mais.
Sofrimento nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a linha básica do caráter, e aflição, porque,
desejando e possuindo tanto não pode fruir quanto pensava gozar.
Sofrimento derivado da revolta de não ser feliz nos moldes que planejou, e aflição por ter a felicidade ao
alcance das mãos, constatando, porém, quanta treva e pranto se guardam sob o manto brilhante dessa felicidade.
Sofrimento por muito ter e constatar nada ter, e aflição por nada ter e descobrir quanto poderia ter.
Sofrimento na cruz dos desajustes emocionais, e aflição causada pelos desajustes na cruz do dever reparador.
Sofrimento em quem luta pela reabilitação, e aflição em quem, errando, não tem força para reabilitar-se.
Sofrimento que vergasta, e aflição buscada para vergastar.
É, no entanto, o sofrimento uma via de purificação, e a aflição um meio libertador para quem, mantendo o
encontro com a verdade elege, na recuperação dos valores morais, a abençoada rota através da qual o espírito se
encontra consigo mesmo, depois das múltiplas Lutas do caminho por onde jornadeia, quando desatento e infeliz.
Com Jesus aprendeste que sofrer, recuperando-se interiormente, é libertar-se, e afligir-se, buscando
renovação, é ascender.
Empenha-te, valoroso, no esforço da eliminação do mal que ainda reside em ti, pagando o tributo do
sofrimento e da aflição à consciência. Recorda que antes da manhã clara e luminosa da Ressurreição do Mestre houve
a sombra da traição e a infâmia da Cruz, como ensinamento de que, precedendo a madrugada fulgurante da
imortalidade triunfal, defrontarás a noite de silêncio e testemunho como prenúncio da radiosa festa de luz e liberdade
definitiva, que alcançarás por fim.
Joanna de Angelis – Espírito e Vida – Cap. 37: Considerando o Sofrimento e a Aflição
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3.2.4 Dor Benfeitora
Floresce, espontânea, em toda parte, independendo dos fatores que lhe propiciam o desabrochar.
Inesperadamente aparece nos solos áridos, nos quais os sentimentos não medram.
Nas terras encharcadas da emotividade abundante, também surge sem qualquer programação...
Sua presença é percebida, logo de início, convidando à atenção que nela se fixa, a partir desse momento.
Em todas as épocas, ei-la presente, estabelecendo diretrizes e caracterizando pessoas, grupos e nações.
Detestada, não teme as reações, tornando o seu apelo mais forte.
Aceita, diminui a agudeza dos seus efeitos, suavizando-os.
Estudada por teóricos e práticos, todos se lhe referem de maneira variada, sem chegarem a uma conclusão
unânime.
A verdade, porém, é que se faz conhecida sempre, e ninguém pode impedir-lhe a presença.
Depois que encerra um ciclo, prepara, para um novo cometimento, a sua oportuna aparição.
Nenhum recurso a impede, porque, por enquanto, ela é a única maneira de conduzir o homem na conquista
dos Altos Cimos da Vida, desde que o amor não logre fazê-lo.
Esta flor abençoada, que surge nos terrenos de todas as vidas, é a dor.
Este homem padece de injunções sócio-econômicas e tem a alma em desalinho.
Aquele experimenta a abundância de valores amoedados e sofre a solidão afetiva que o dinheiro não pode
comprar.
Esse arde nas brasas do desejo, insatisfeito, e, lasso, entrega-se ao frenesi da promiscuidade.
Este outro esgrime o ódio e sofre-lhe a rebeldia dilacerante nos tecidos íntimos do ser.
Aqueloutro caminha chancelado pelas etiquetas das patologias cruéis.
Uns definham nas garras afiadas de enfermidades irreversíveis.
Outros derrapam em alucinações inimagináveis...
Todos, porém, sofrendo a constrição das dores de variada expressão, amargurando, lapidando, despertando
para novos valores da vida, que permanecem desprezados.
A dor é benfeitora anônima, que a todos visita.
Cessados os seus efeitos perturbadores, quantas conquistas morais e espirituais!
*
Os prepotentes, que a desconsideram, não chegam ao termo da jornada sem experimentar-lhe a companhia.
Os ingratos, que se supõem felizes, não lhe fogem à presença.
Os orgulhosos, que a desprezam, considerando-se inatingíveis, encontram-na adiante...
Ela verga toda cerviz e submete, sem exceção, todas as criaturas.
O seu cerco é invencível e ela sai-se sempre vencedora.
É instrumento da Lei, que o próprio homem vitaliza e necessita.
Tu, que conheces Jesus, recebe sem rebeldia essa benfeitora.
Não se trata de masoquismo, mas, sim, da inevitabilidade de sofrer, transformando esse estado em formosa
aquisição de bênçãos.
Há os testemunhos à fé e os resgates que procedem do passado.
Seja qual for o motivo, transforma-o em oportunidade iluminativa, porque estás na Terra para crescer e
evoluir, adquirindo experiências de profundidade.
A dor, que a muitos amesquinha, envilece e atordoa, deve constituir-te estímulo para a grande vitória sobre
ti mesmo.
Não te preocupes com mais nada, e, sob o seu jugo, confiante, avança com a dor até conseguires o teu
momento de plena libertação.
Joanna de Angelis – Momentos de Felicidade – Cap. 20: Dor Benfeitora
20
3.2.5 Aprendizagem pela Dor
Referes-te à dor como se ela se te constituísse punição imerecida, injustificável interferência nas atividades
da tua existência.
Armas-te de revolta e investes contra o sofrimento, tombando em crises de desequilíbrios e alucinações em
decorrência de enfoques defeituosos e do atavismo utilitarista que te assinala a vida.
A dor, no entanto, resulta de uma necessidade imperiosa da evolução.
Sem ela dificilmente conseguirias bendizer a felicidade, da mesma forma que, sem o concurso da sombra,
não te darias conta da elevada mensagem da luz. Não conhecendo a enfermidade, sentir-te-ias sem condição de
valorizar a saúde.
A dor pode ser considerada como um fórceps, de que se utiliza a vida para arrancar belezas nas almas calcetas,
que jazem prisioneiras das couraças do primitivismo ancestral.
Quando, no entanto, o ser é dúlcido e acessível, a dor nele funciona como um arco delicado que tange, no
violino dos sentimentos, leves acordes de uma balada sublime de amor.
Com o seu concurso, nascem os heróis e se forjam os santos: faz-se companheira dos caracteres nobres e é a
irmã da reflexão, cujo concurso invoca ao instalar-se no imo da criatura humana.
*
Até aqui, a dor tem sido considerada apenas sob o ponto de vista negativo, transformando-se numa espada
de Dâmocles sempre ameaçadora, prestes a tombar, fatalmente, sobre os que lhe sofrerão, inermes, a conjuntura
destrutiva...
Examinem-se as vidas dos artistas do pensamento e das artes, consultem-se as existências superiores dos
mártires e dos apóstolos de todos os tempos e de todos os fastos históricos, e logo se encontrará o buril da dor
trabalhando-os e embelezando-os, a fim de que a sensibilidade deles, apurada, pudesse erguer-se às regiões onde
predominam a beleza e a inspiração, de lá as transferindo para os olhos, os ouvidos e as mentes do mundo sensorial,
transformando-se em estímulos à ascensão e à liberdade.
Interroguem-se as mães e os lidadores das ciências como lograram atingir as cumeadas do ministério e se
descobrirá a dor na condição de alavanca impelindo-os para frente.
O diamante, arrancado do seio generoso da terra, somente resplandecerá após a lapidação.
*
Não te consideres em desdita, porque a dor-provação te alcança, concitando-te à regularização dos débitos
pretéritos que trazes contigo.
Não te perturbes em face da dor-enobrecimento que te conclama a meditação, de modo a amadureceres os
valores espirituais e adquirires sabedoria.
Não te desesperes ante a dor-surpresa, injustamente denominada tragédia ou infortúnio, dela retirando os
recursos da edificação íntima. Compreenderá desse modo, que a vida física é experiência rápida, e que a aparente
vitalidade orgânica, a segurança e as conquistas que se disputam, na Terra, são sempre bens muito transitórios,
desaparecendo de um momento para outro. Assim, preparar-te-ás para considerar a existência como um rápido
capítulo do livro da vida imperecível...
Jesus, que não possuía débitos, ensinou-nos a técnica de superação da dor, entregando-se em caráter de total
tranquilidade às determinações divinas, mediante o sofrimento por amor, já que a dor faz parte do programa de
ascensão, na Terra, irmã e benfeitora que deverás receber como dádiva superior para a felicidade que lograrás agora
ou mais tarde.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 10: Aprendizagem pela Dor
21
3.2.6 Provações
Referes-te a nuvens nos céus das tuas aspirações. Acusas angústias e inquietudes, macerando os melhores
programas que traças, tendo os olhos fitos no futuro.
Experimentas a sensação de pesado fardo em forma de opróbrio e dor sobre as tuas fracas forças.
E porque sonhas com a felicidade que todos gostariam de fruir, sentes a melancolia que se avoluma e
desperdiças as horas nobres da renovação espiritual entre rebeldias injustificáveis e desesperos incompreensíveis.
Sim, há dor no teu coração e não poucas frustrações se assenhoreiam das tuas horas, nublando o claro sol
das tuas esperanças, de tal modo que a aflição constringente se agasalha nos teus painéis mentais.
Medita. seriamente, porém.
Recolhe-te ao oásis da prece e refaze as paisagens sombrias, banhando-as com a clara luz da confiança.
Olha em derredor.
Dirás que o sofrimento é comensal de todas as, horas, em todos os corações em todo lugar.
Explicarás que somente poucos desfilam, no carro dourado da alegria, adornados de felicidade, enquanto a
miséria desta ou daquela natureza espia a pompa e o triunfo...
Não te demores a fitar a vida apenas a lição retificadora.
A felicidade que muitos aparentam possuir, em verdade não é legitima. ·
Aqueles que passam, sob o frêmito das glórias, não poucas vezes trazem o coração como fornalha escaldante
ardendo no peito.
Muitos deles tudo dariam por uma hora de solidão, em silêncio.
Ignoras o preço que pagam os apaniguados das láureas efêmeras da transitoriedade carnal.
*
Não te inquietes tanto ante a treva aparente no teu domicílio afetivo ou com a soledade momentânea que
te cinge o espírito.
“Logo mais” é realidade que alcançarás nesta ou em outra vibração da vida.
“Amanhã” é medida de tempo que chegará ao âmago das tuas horas.
Confia no bem e persevera.
O que agora te parece punição injusta, logo depois se te afigurará dádiva libertadora.
*
O céu carregado de brumas apaga só aparentemente o cintilar das. estrelas.
Respondendo à indagação No 258 de “O Livro dos Espíritos”, proposta por Allan Kardec, os Excelsos
Mensageiros responderam, conscientes: “Ele próprio (o homem) escolhe o gênero de provas por que há de passar
e nisso consiste o seu livre-arbítrio”.
Isto é: as dificuldades e agonias, o espírito as solicita antes de mergulhar em nova existência corporal, para
aprimorar o caráter e redimir-se das culpas.
Assim sendo, considera os Espíritos superiores de todos os tempos; consulta a história dos construtores do
Mundo Melhor; examina a vida daqueles que elaboraram. os programas da técnica do conforto, da saúde das
multidões; pensa nos santos e nos sábios e vê-los-ás desfilarem sob sarcasmos e azedumes, invariavelmente entre
névoas e dores, estigmatizados por uns e azorragados por outros, integérrimos, no entanto, pelo caminho dos elevados
ideais que esposaram.
Possivelmente aspiras à própria felicidade e por essa razão te rebelas.
Aumenta a dosagem de paciência.
O amor fluirá abundante do nosso Pai na direção da tua vida, se te converteres em instrumento do bem,
transformando as feridas do teu sentimento em condecorações luminescentes que te identificarão com a vida um
pouco mais adiante.
Fita, pois, a madrugada do dia nascente e segue a rota dos que avançam, encorajados, abrindo os caminhos,
para que os teus pés te conduzam ao porto ditoso da paz última e da felicidade real, vencidas as provações que
escolhestes antes.
Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 21: Provações
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3.2.7 Sequelas do Sofrimento
O sofrimento desempenha na Terra uma ação relevante, qual seja a de contribuir para o desenvolvimento
intelecto-moral dos seres.
Nas esferas primárias expressa-se no campo dos instintos, desenhando as primeiras sensações e emoções
nervosas.
No ser humano, não tendo caráter punitivo, é processo de desgaste dos atavismos que o retém na
retaguarda do progresso.
Graças à sua ação, alteram-se as aparências e desvelam-se os mecanismos internos, que se exteriorizam do
Espírito em conquistas necessárias.
Não obstante, o sofrimento nem sempre consegue levar, de imediato, à meta aquele que lhe experimenta o
concurso.
Nos indivíduos rebeldes, ainda mais vinculados à sensação, a sua presença causa revolta, em empurrando-
os para a animosidade, o ressentimento, o ódio, o desejo de autodestruição.
Naqueloutros de compleição emocional tímida resulta em processo de resignação estagnaria, sem produzir
a renovação, que induz à luta por superá-lo.
Não obstante, existem muitos que o recebem de maneira dinâmica, estimulante, por compreenderem que é
uma sequela de atos infelizes que ficaram no passado, ou de processos naturais do mecanismo evolutivo.
Entre os primeiros, as sequelas da rebeldia sistemática são: maior agudeza das aflições, continuidade
dos transtornos, ausência de pausas refazentes. Isto porque, bloqueados neles os centros do discernimento,
intoxicam-se com as próprias energias nefastas, ampliando a área e o tempo do processo-dor.
Nos segundos, a acomodação, de alguma forma, a revolta surda que conduz à submissão, de maneira alguma
trabalham para a renovação, gerando sequelas de parasitismo e quase inutilidade evolutiva.
Somente quando luz o entendimento das suas causas é que sequelas são: conquistas de harmonia
íntima, inteira moral, humildade legítima diante das Leis da Vida.
Portadores de enfermidades degenerativas que resvalam pelas rampas do desespero, da consciência de culpa,
do recalcitrar ante o aguilhão, partem do corpo com as sequelas correspondentes impressas nos tecidos sutis da
alma, no campo perispiritual, continuando a experimentar mais acentuadas aflições, até que, por exaustão, se
resolvem à mudança mental e à diluição dos registros gravados.
Nos processos referentes aos transtornos psicológicos, sequelas idênticas surgem, atraindo mais ao convívio
emocional os Espíritos inimigos que os atormentaram, agora prosseguindo em batalha mais inclemente.
Desse modo, em todos quantos desencarnam na aceitação parasitária das ocorrências aflitivas, as
sequelas permanecem assinalando esses pacientes por largo tempo, já que não lutaram por sobrepor-se aos
testemunhos da purificação.
Aqueles, entretanto, que se trabalharam emocional e espiritualmente, têm após o decesso tumular, como
sequelas, as ausências das impressões perturbadoras, das dores que ficaram na roupagem em diluição.
Ninguém transita pelos patamares do crescimento íntimo sem o concurso do sofrimento, que proporciona,
quando bem recebido, o direcionamento das aspirações para Deus e para o Bem, para a harmonia íntima, para a
atitude de respeito e amor pela Vida.
23
O sofrimento surge, em muitos casos, como coroa de glória, que numerosos Espíritos nobres solicitam e
recebem, tornando-se protótipos de perfeita sintonia com Deus e por amor à Humanidade.
Quando o sofrimento é aceito como força dinâmica, faculta o êxtase dos santos, dos artistas, dos pensadores,
dos cientistas, porque afrouxa os laços materiais que retém o Espírito, permitindo-lhe pairar nas regiões de onde
procede, haurindo ali mais força e energia para ensinar auto-superação e felicidade.
Quando Jesus proclamou que são bem-aventurados os aflitos, é evidente que se referiu somente àqueles
cuja aflição não produza sequelas devastadoras que dilaceram a alma.
Aflitos e sofridos, sim, mas nem todos, em face das sequelas que produzam...
Joanna de Angelis – Reformador – 2000 – Agosto: Sequelas do Sofrimento (Centro Espírita Caminho da
Redenção– 4/Janeiro/1999.)
24
3.2.8 Sofrimento Reparador
Delinquiste, sim, no passado, organizando, desde então, a programática redentora pela senda de aflição por
onde hoje segues entre agonias e interrogações para as quais parece não encontrares resposta.
Se te explicam que provéns de experiências malogradas, asseveras não concordar com a elucidação, em face
de considerares injusto um resgate referente a um compromisso de que não te recordas...
No entanto, hoje, embora conhecedor das leis de equilíbrio que regem a vida, atiras-te em desvario pelos
ínvios sítios, assumindo não menos graves responsabilidades que atiras na direção do futuro...
Sofrimento é processo purificador contra o qual será inútil a reação pela revolta ou através do desespero.
Tal atitude mais agrava o problema, qual ocorreria a alguém que, pensando ou desejando diminuir a
intensidade na dor de uma ferida aberta em chaga viva, lhe colocasse ácido ou espicace com estilete as carnes em
torpe decomposição e alta sensibilidade.
Alegas que, através do amor, pela metodologia doce da ternura, te seria fácil e melhor compreender a
Divindade, crescer nos rumos do Infinito.
Contempla a Natureza e deslumbrar-te-ás com ela ... Sem embargo, aí está a ecologia gritando contra os
danos da poluição defluente da ganância dos sistemas imediatistas, sem conseguir sensibilizar os governos ou os
povos, ou as comunidades...
Tudo é amor, inclusive quando hoje se revele em termos desagradáveis com vistas, porém, é dita mais tarde.
Parece repugnar-te ao entendimento armado contra as medidas conciliatórias, pacificadoras, o conceito das
leis de "causa e de efeito", porque, explicas que elas se diluem em incertezas sem campo de demonstrações
irrefutáveis...
Medita um pouco e convirás com a legitimidade do argumento espiritista.
Informas que todos sofrem, e, desse modo, teriam sempre errado antes...
Quando, de que forma, por que meio, isto teria ocorrido? — Gostarias de saber.
Dor é processo de desgaste natural, ínsito na estrutura da vida.
A Fitopatologia nos demonstra que os vegetais enfermam contaminando-se uns aos outros e morrem,
obedecendo a um processo de transformações paulatinas, desde que a Terra é um sublime laboratório de experiências
relevantes...
Demonstrações científicas nos comprovam a existência de "percepções" nos vegetais, vasta gama de
sensibilidade.
Nos animais, quando essa sensibilidade já é mais apurada, graças ao sistema nervoso, o processo prossegue,
obviamente sem que exista um fator causal dívida-resgate...
No homem, porém, a opção pessoal de cada um lhe enseja felicidade ou desdita. Essa situação se modifica
mediante a posição mental e a ação moral que se assuma em relação à vida em si e não compulsoriamente de indivíduo
para indivíduo...
Todas as dores, sim, que afetam o homem, têm suas causas matrizes na atitude anterior do ser, próxima ou
remotamente.
Assim, não te rebeles, não deblateres, não desesperes...
25
Espera mais, confia um pouco mais e produze no bem como ideal superior.
Perda de pessoas queridas, arrebatadas por tragédias ou infortúnios outros, ou circunstâncias inesperadas;
enfermidades irreversíveis dolorosas e lancinantes que trazem o sinete-agonia; deficiências e graves limitações
congênitas no corpo ou na mente; soledade e azorragues morais; padecimentos íntimos sem consolo; necessidades
econômicas sem solução; "azares da sorte" em carga de permanente acicate; problemas e incertezas constituem
motivo redentor se souberes e quiseres confiar e superá-los.
São cárceres sem paredes nem grades, com que a Divina Justiça, que é equilíbrio, propicia o crescimento do
ser calceta inveterado no rumo da liberdade e do júbilo.
Prossegue, portanto, em qualquer situação em que estagies, de ânimo robusto, resgatando hoje, porque ontem,
sem dúvida, delinquiste.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 19: Sofrimento Reparador
26
3.2.9 Serão Consolados
Nem todos aflitos, porém... Muitos que sofrem engendraram as aflições de que se tornaram vítimas inermes:
− Carregam o sofrimento aspirando e exalando o gás da ira mal dissimulada com que mais se
intoxicam e mais envenenam em derredor;
− Pessoas algumas esmagam-se nas paredes estreitas da usura, de que se não libertam;
− Estertoram nas garras do ciúme que as enceguecem;
− Desagregam-se sob os camartelos da insatisfação face aos prazeres dissolventes;
− Transitam em sofreguidão contínua ao estridor da revolta que as agoniam;
− Turbam-se nas densas nuvens da desesperança;
− Tombam, desfalecidas, nas urdiduras do desânimo.
Toda aflição se fixa em raízes que devem ser extirpadas. Algumas possuem causas atuais, enquanto outras
se prendem ao passado espiritual, constituindo tais fatores a justiça impertérrita que alcança os infratores dos
códigos divinos do amor e do equilíbrio.
Aflições de vário porte conduzem ao crime de muitas denominações.
Somente a aflição resignada e confiante, de pronto receberá consolo. A chuva que reverdece a terra
crestada, em tempestade, aniquila colheitas, despedaça jardins, carcome o solo...
O repouso sensato refaz as forças; prolongado, anestesia os estímulos, entorpecendo a vontade e a ação.
Aflitos que, não obstante, em lágrimas, atendem alheio pranto; apesar de perseguidos, não se fazem
perseguidores; embora sob injustiça, confiam na probidade; sem embargo, enfermos, estimam a saúde do próximo;
todavia, incompreendidos, desculpam e sustentam a coragem do bem; no entanto, esfaimados, alevantam o ânimo
onde se encontram; mesmo em quase alucinação, tal a monta de problemas e dificuldades, recorrem à oração
refazente e à meditação renovadora – serão consolados!
Nem todos os aflitos, porém, lograrão consolação.
Há os que impõem tais ou quais medidas a fim de saciar-se; que esperam este ou aquele resultado com que
pensam comprazer-se; que situam esse ou outro fator como único pelo qual se apaziguariam; uma ou duas únicas
opções para fruírem felicidade, e, entretanto, são recursos da ilicitude, quando não dos caprichos que estão sendo
disciplinados pela própria aflição...
Trasladarão oportunidades, adiarão benesses, sofrerão...Não podem ser consolados, porquanto, não
aspiram a conforto e sim desforço, triunfo, vanglória.
Nicodemos possuía dúvidas honestas – foi esclarecido.
Marta inquietava-se no afã do zelo exagerado – recebeu diretriz.
Zaqueu dispunha de moedas azinhavradas – trocou-as pelos tesouros imperecíveis.
Madalena fossilizava na perversão obsidente – conseguiu curar-se.
Antes, aflitos, abriram-se ao consolo vertido das mãos de Jesus Cristo.
Indispensável valorizar a aflição, sopesando-a com discernimento, de modo a conduzi-la às fontes
inexauríveis do Evangelho em clima de serenidade, respeito e amor. Ali, todas as dores se acalmam, todas as lágrimas
se enxugam, todos os aflitos são consolados.
Joanna de Ângelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35:Serão Consolados
3.2.10 Funções do Sofrimento
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Com propriedade afirmou Buda, numa das suas quatro nobres verdades, que tudo no mundo é
sofrimento, em face da transitoriedade da organização material anteaincomparável imortalidadedo espírito.
Para compreender-se o sofrimento e as funções que opera no ser, é necessário remontar-se-lhe às causas,
conforme acentua o nobre codificador do Espiritismo, Allan Kardec, esclarecendo que, não sendo atuais,
certamente são anteriores, apoiando-se na reencarnação.
Écompreensível,portanto, suainformação, tendo-se em vista que o efeito procede sempre de uma causa;
se esta não épróxima encontra-se remota, mas sempre existente.
Assim, o sofrimento deflui das atitudes praticadas pelo ser no seu processo de desenvolvimento ético-
moral no rumo doinfinito.
Às ações infelizes, desorientadas ou malsucedidas, sucedem as consequências compatíveis com o grau de
responsabilidade e de conhecimento espiritual do seu autor, sendo, portanto, simples ou graves, de modo que lhe
enseje a indispensável reparação. Existe, naturalmente, o sofrimento que decorre do desgaste da organização
celular que, para viver, consome energia, no que resultam processos afligentes e dolorosos, tanto do ponto de
vista físico, como emocional emental.
A atitude, porém, de cada qual diante da ocorrência, é que responde pela ampliação do sofrimento ou
a sua atenuação.
Conforme o estado interior e a visão em torno dos objetivos da vida que caracterizam o ser humano, o
sofri­ mento apresenta-se com função específica edefinidora.
No que se refere ao processo natural de consumpção pelas transformações moleculares que ocorrem, o
espírito deve encarar a ocorrência com tranquilidade, sem maiores preocupações, por tratar-se de fenômeno
biológico normal.
No entanto, quando o mesmo apresenta-se caracterizado por processos degenerativos, por agressões
violentas aos diferentes órgãos, infecções e processos tumorosos de natureza maligna, são consequências dos
atentados impostos a si mesmo ou a outrem na atual ou em existências passadas, quando houve desrespeito
pelo patrimônio concedido pela vida para o desenvolvimento espiritual.
Modelador do caráter e da personalidade sob imposição rigorosa das leis ela vida, o sofrimento
instalasse como necessidade para o despertamento do espírito para a sua realidade, que não pode ficar
detida na ilusão material, na intérmina busca do prazer e do gozo, sem responsabilidade nem compromisso
elevado com a existência.
Ao invés de um castigo infligido pela Divindade, trata-se de um recurso terapêutico valioso de
corrigenda dos hábitos doentios e recomposição dos sentimentos, tendo em vista a sublimação das tendências
atávicas do pretérito e as atrações superiores em relação ao futuro.
Cada espírito escreve a trajetória que deverá percorrermediante ospensamentos, aspalavras easações
que se permite durante cada experiência carnal. Transferindo de uma para outra as conquistas e os prejuízos,
capacita-se para desenvolver oseudeus interno através dosesforçosdeauto-iluminação edesantificação.
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Estranhamente, alguns discípulos do Evangelho restaurado pelo Espiritismo permanecem na teimosa
postura de terem solucionados os seus problemas pelos Guias espirituais, para eles transferindo as cargas da
leviandade eda invigilância quesepermitem.
Insistem emacreditar-sefrágeispara osofrimento, teimando em não compreender asuafunção libertadora
esurpreendendo-se por experimentá-lo.
Quando sãoalcançados pelos seusbenéficos recursos, reclamam e dizem-se frustrados, porque esperavam
um regime especial quelhesfosseoferecido, como se a Divindade protegesse aqueles que creem no Seu amor em
detrimento daqueloutros que, também Seus filhos, não sepermitem a crença libertadora...
Interrogam por que razão as suas ambições não são atendidas, osseussonhos injustificáveis não serealizam,
as suas enfermidades prosseguem, os dissabores os alcançam, demonstrando total desconhecimento da doutrina das
reencarnações e dos postulados que deveriam abraçar duranteafiliação aoEspiritismo.
Recorrem aos médiuns como se esses possuíssem os elixires de longa vida e as soluções miraculosas
para ser-lhes dispensados, enquanto que as demais pessoas devam carregar as suas cruzes, mesmo sem o apoio
de uma féreligiosa racional eiluminativa.
Entregam-se ao pessimismo, invariavelmente, envolvendo-se em ondas contínuas de pensamentos
tóxicos, depressivos e perturbadores, abrindo campos mentais para a instalação de parasitoses espirituais
obsessivas, deque sequeixarão mais tarde, como crianças desarvoradas...
Lamentam não encontrar o apoio fraternal, o que significa cireneus que lhes tomem os problemas e os
conduzam, enquanto eles permaneçam nas atitudes infantis da preguiça e ignorância em torno dos
processos de evolução da vida.
Uma das funções do sofrimento é demonstrar que todos são iguais, e, por isso mesmo, experimentam
idênticos tipos de padeci mentos, na pobreza ou no excesso, na penúria ou na abastança, na juventude ou na
velhice, na infância ou na idade adulta, portadores de beleza ou feiura, famosos ou ignorados...
Os que dispõem de recursos financeiros podem atenuar as dores através dos recursos médicos
sofisticados, mas nem por isso deixam de experimentar as mesmas amarguras que sofrem aqueles que
vivem nos barracos da miséria ou no abandono das ruas... A única diferença é externa, mas, interiormente,
os processos redentores são iguais.
As pessoas mais poderosas do mundo, que se dizem responsáveis pelos destinos de multidões, de povos,
que os levam à paz ou à guerra, não estão isentas do sofrimento que as constringe e submete ao seu impositivo,
porque diante de Deus não há diferenças significativas, senão aquelas de natureza moral e espiritual, em
verdadeiras hierarquias conquistadas anteriormente. Mas essa conquista, não se tenham dúvidas, ocorreu
através da dor que asprojetou aospatamares mais elevados em que transitam.
29
O conhecimento do Espiritismo e das suas propostas de amor faculta o equilíbrio necessário para os
enfrentamentos da evolução, como se apresentem no transcurso da existência.
Oferecendo coragem ebom ânimo, demonstra que tudo obedece à planificação divina e que não cai uma
folha da árvore que não seja pela vontade de Deus, conforme asseverou Jesus.
Utilizar-se do recurso valioso do sofrimento para lapidar as arestas morais, modificando a conduta
para melhor e trabalhando os metais dos sentimentos para servir e conquistar o infinito das emoções, constitui
o desafioquetodosdevemconquistar.
A fim de exemplificar que não existem exceções nas planificações divinas, Jesus, que não tinha quaisquer
dívidas perante a Consciência Cósmica, veio amar e experimentar a ingratidão humana, submetendo-se ao
holocausto com paciência, misericórdia eamor inexcedíveis.
A Sua é a lição de que se ao ramo verdefoi feito aquilo, que não se fará ao ramo seco?
Enriquecendo-te de compreensão e de lógica em relação ao sofrimento, permite que ele te conduza pelo
estreito caminho da renovação espiritual, submetendo-te aos seus impositivos de que resultarão a tua paz e a tua
plenitude.
Joanna de Angelis – Jesus e Vida – Cap. 30: Funções do Sofrimento
30
3.2.11 Infortúnios e Bênçãos
As denominadas desgraças terrestres, aquelas que se convencionaram como divinas punições, tais os
acidentes com vítimas fatais ou que ficaram imobilizadas, os terremotos e tornados, os prejuízos econômicos e
as perdas materiais, as enfermidades extenuadoras, os dissabores morais, assim se apresentam face à ignorância
humana em relação aos Soberanos Códigos.
Tais ocorrências têm sempre a providencial finalidade de demonstrar a transitoriedade da matéria e a
impermanência da existência física na Terra, convidando os seres inteligentes à reflexão em torno da sua
imortalidade e ao que lhes cumpre realizar enquanto se encontram no corpo.
Revestidos pela organização celular, perdem parcialmente a lucidez em torno da realidade do mundo causal
de onde procedem, fixando-se nos interesses existenciais da reencarnação, assim desperdiçando ou complicando,
pelos atos morais, a excepcional oportunidade para a própria evolução.
Espíritos em processo de aprimoramento, retornamos sempre ao proscênio terrestre para aprender; reeducar-
nos, quando erramos; recuperar-nos, quando nos comprometemos. Como consequência, volvemos sob a injunção das
provas e expiações, que se nos tornam os educadores ideais.
Essas provas surgem-nos, suaves e constantes, levando-nos à meditação e ao aprendizado dos deveres
elevados. Constituem-nos estímulos para o crescimento moral e espiritual, aplainando-nos as arestas e
dulcificando-nos os sentimentos, quando embrutecidos.
São verdadeiras bênçãos, e não castigo, porque nos despertam para a valorização da vida e para o
enriquecimento interior, com paz.
Tornam-se-nos, porém, desgraças, se nos rebelamos quando as experimentamos, complicando-nos a
existência por efeito da agressividade e da presunção em que nos demoramos.
As provações, normalmente, são vivenciadas em silêncio, na condição de infortúnios ocultos, quais
espículos morais que ferem, mas depuram; azorragam, porém educam; afligem e santificam.
As expiações são mais dolorosas, quase sempre irreversíveis, durante a existência física.
Enquanto as provas são voluntárias, pedidas e aceitas, que podem ser superadas com certa facilidade,
as expiações são impostas, constituindo-nos necessidades incondicionais para as reparações que tardam.
As primeiras regularizam pequenos débitos, e as outras recuperam das faltas graves, dos delitos cruéis.
Quando alguém explora o seu próximo, levando-a à miséria e ao sofrimento, isto, sim, é-lhe uma
desgraça.
Quando se trai um amigo, induzindo-o ao desequilíbrio e à loucura, eis um ato de desgraça
conscientemente praticada.
Quando se estimula o crime ou dele se vive, sem qualquer consideração pela vida das demais criaturas,
pela ordem ou pelo dever, defrontamos com a desgraça real.
31
Quando o indivíduo se permite a inveja, o ciúme, o ressentimento, e cultiva o revide, o desejo do
mal, ei-lo à borda do abismo que o derrubará na desgraça verdadeira.
Quando se vive parasitariamente, na inutilidade ou no desperdício, olvidando os compromissos para
com a existência em forma de edificação moral, pratica-se uma desgraça que se lamentará.
Quando, por insensatez ou perversidade, prejudicasse outrem, ferindo-lhe a confiança,
sobrecarregando-o de dores, infelicitando-o de qualquer maneira, aí está à desgraça sem disfarce.
Desgraça verdadeira é o mal que se pratica em relação ao próximo.
Num sentido mais lato, a agressão à natureza como resultado da ambição desmedida do ser humano; o
desrespeito à vida, na flora e na fauna, destruindo-a – tais comportamentos são desgraças quase
irremediáveis, que resultarão em expiações rudes para os seus transgressores.
Produzir sofrimento nos outros é cumular-se de desgraças.
Aqueles que são as vítimas, sabendo aproveitar o ensejo, beneficiar-se-ão pelos sofrimentos advindos,
resgatando os débitos perante a Consciência Cósmica e adquirindo a sabedoria que deles decorre.
Toda dor que alcança o ser humano deve ser bem aceita, por constituir-lhe meio de depuração.
As dívidas, embora contraídas em relação às pessoas, não são resgatadas diretamente com elas, de
forma compulsória. Muitas vezes se defrontam os comprometidos para a regularização, porém a agressão
cometida, o débito contraído é sempre contra a Ordem Divina, contra as Leis que regem o Cosmo,
podendo-se liberar daquelas desgraças praticadas, mediante a ação do bem, em qualquer direção, a quem
quer que seja.
A soma das ações dignificadoras diminui o peso dos males praticados. O amor cobre a m u l t i d ã o
de pecados, conforme acentuou Jesus.
Diante das grandes tragédias, dos acontecimentos calamitosos, os sentimentos humanos se comovem e a
solidariedade se estende generosa, unindo as criaturas. A caridade estua e dá-se em socorro às vítimas em
desespero. O exercício dessa virtude leva, aqueles que a vivem, a descobrirem os infortúnios ocultos, as dores
morais ignoradas, distendendo-lhes os braços de apoio, os recursos salvadores, a presença confortadora.
Se te podes solidarizar com aqueles que sofrem as ocorrências coletivas, devastadoras; se consegues
enxergar os espículos morais dilaceradores cravados nas almas; se podes perceber os sinais dos testemunhos
e das provações silenciosos nos seres, e lhes ofereces a dádiva do amor em luz de caridade, encontraste
a fórmula ideal para te libertares das desgraças reais, aquelas que anestesiam os sentimentos e
alucinam a razão.
Entrega-te, desse modo, sem reservas, à sua vivência, e os teus infortúnios se converterão em
estrelas fulgurantes, clareando a tua noite de provações terrestres.
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Provas e Expiações - a luz da Doutrina Espírita

  • 2. i SUMÁRIO 1 Provas e Expiações – Conceitos e Fundamentos........................................................................................................1 1.1 Provas.....................................................................................................................................................................1 1.2 Expiação.................................................................................................................................................................1 1.3 Síntese ....................................................................................................................................................................3 2 Provas e Expiações – Entrevista com Joanna de Angelis..........................................................................................6 2.1 Provas e Expiações – Significado.........................................................................................................................6 2.2 Provas e Expiações – Causas................................................................................................................................7 2.3 Provas e Expiações – O Carma e o Determinismo.............................................................................................8 2.4 Provas e Expiações – Morais e Físicas ................................................................................................................8 2.5 Provas e Expiações – O Verdadeiro Infortúnio .................................................................................................9 2.6 Provas e Expiações – A Fatalidade na Família ................................................................................................10 2.7 Provas e Expiações – O Suicídio........................................................................................................................10 2.8 Provas e Expiações – A Aflição em Você ..........................................................................................................10 2.9 Provas e Expiações – A Dor e o Sofrimento .....................................................................................................11 2.10 Provas e Expiações – Dentro da Família...........................................................................................................11 3 Provas e Expiações – Visões Doutrinárias................................................................................................................12 3.1 Allan Kardec .......................................................................................................................................................12 3.1.1 Sobre a Expiação e a Prova...........................................................................................................................12 3.2 Joanna de Angelis ...............................................................................................................................................15 3.2.1 Provas e Expiações .......................................................................................................................................15 3.2.2 Necessidade da Reencarnação ......................................................................................................................17 3.2.3 Considerando o Sofrimento e a Aflição........................................................................................................18 3.2.4 Dor Benfeitora ..............................................................................................................................................19 3.2.5 Aprendizagem pela Dor................................................................................................................................20 3.2.6 Provações......................................................................................................................................................21 3.2.7 Sequelas do Sofrimento ................................................................................................................................22 3.2.8 Sofrimento Reparador...................................................................................................................................24 3.2.9 Serão Consolados..........................................................................................................................................26 3.2.10 Funções do Sofrimento .................................................................................................................................26 3.2.11 Infortúnios e Bênçãos ...................................................................................................................................30 3.2.12 Dores e Resignação.......................................................................................................................................32 3.2.13 Provações......................................................................................................................................................33 3.2.14 Inconformismo e Revolta..............................................................................................................................34 3.2.15 Amor a Vida..................................................................................................................................................35 3.2.16 Desígnios de Deus ........................................................................................................................................36 3.2.17 Aceita a Vida ................................................................................................................................................37 3.2.18 Ascenção Espiritual ......................................................................................................................................38 3.2.19 Momentos de Aflição e Prova.......................................................................................................................39
  • 3. ii 3.2.20 Carma e Consciência ....................................................................................................................................40 3.2.21 Dores Morais.................................................................................................................................................41 3.2.22 Infortúnios.....................................................................................................................................................42 3.2.23 Glórias e Insucessos......................................................................................................................................44 3.2.24 Cristo em Casa..............................................................................................................................................45 3.2.25 Suicídio.........................................................................................................................................................47 3.2.26 Aflição e Consolação....................................................................................................................................49 3.2.27 Ante a Dor.....................................................................................................................................................50 3.2.28 Necessidade de Evolução..............................................................................................................................51 3.2.29 Almas Problema............................................................................................................................................55 3.2.30 Sob testes e exames.......................................................................................................................................56 3.3 Emmanuel............................................................................................................................................................58 3.3.1 Provação e Expiação.....................................................................................................................................58 3.3.2 Expiação .......................................................................................................................................................59 3.3.3 Inferno Antes ................................................................................................................................................60 3.3.4 Na Senda Evolutiva ......................................................................................................................................61 3.3.5 Na Terra e no Além ......................................................................................................................................62 3.3.6 No Problema da Dor .....................................................................................................................................63 3.3.7 Dentro da Luta ..............................................................................................................................................64 3.3.8 Em Plena Prova.............................................................................................................................................65 3.3.9 Perante a Dor ................................................................................................................................................66 3.4 André Luiz...........................................................................................................................................................67 3.4.1 Bem-Aventurados.........................................................................................................................................67 3.5 Hermínio de Miranda.........................................................................................................................................68 3.5.1 Terapia Homeopata da Dor...........................................................................................................................68 3.6 Marta Antunes de Moura...................................................................................................................................71 3.6.1 As Provas e Expiações como mecanismos Evolutivos.................................................................................71 3.7 Maria Dolores......................................................................................................................................................73 3.7.1 Jornadas no Tempo .......................................................................................................................................73 3.8 Cornélio Pires......................................................................................................................................................72 3.8.1 Escolha das Provas........................................................................................................................................72 3.9 Antero de Quental...............................................................................................................................................74 3.9.1 A Dor ............................................................................................................................................................74 4 Anexo – Joanna de Angelis – Biografia ....................................................................................................................75 4.1 Joanna de Angelis e a Codificação Espírita......................................................................................................75 4.2 Joanna de Angelis e as suas Vidas Passadas.....................................................................................................76 4.2.1 Joana de Cusa................................................................................................................................................76 4.2.2 Clara de Assis ...............................................................................................................................................77 4.2.3 Juana Inês de La Cruz...................................................................................................................................79 4.2.4 Joana Angélica de Jesus................................................................................................................................80 5 Referências ..................................................................................................................................................................81
  • 4. iii
  • 5. 1 PROVAS e EXPIAÇÕES 1 Provas e Expiações – Conceitos e Fundamentos Provas e expiações, eis a condição do homem na Terra. Expiação do passado, provas para fortalecê-lo contra a tentação; para desenvolver o Espírito pela atividade da luta; para habituá-lo a dominar a matéria e prepará- lo para os prazeres puros que o esperam no mundo dos Espíritos. O Espírito de Verdade – Revista Espírita – 1864 – Dezembro 1.1 Provas Provas – vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam segundo a maneira pela qual as suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito desprendido do corpo, reconhecendo sua imperfeição, escolhe ele próprio, por ato de seu livre arbítrio, o gênero de provas que julga mais próprio ao seu adiantamento e que sofrerá em sua nova existência. Se ele escolhe uma prova acima de suas forças, sucumbe, e seu adiantamento retarda. Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário (...) No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida? Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre arbítrio. Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 258 (...) É na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores existências, pondo em prática resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se explicam as misérias e vicissitudes mundanas que, à primeira vista, parecem não ter razão de ser. Justas são elas, no entanto, como espólio do passado – herança que serve à nossa romagem para a perfectibilidade. Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 31 (...) Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo 5 – item 10. (...) Provas – Lições retardadas que nós mesmos acumulamos no caminho, através de erros impensados ou conscientes em transatas reencarnações, e que somos compelidos a rememorar e reaprender. André Luiz – Estude e Viva – Cap. 40: O Espiritismo em sua Vida (...) A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime. Emmanuel – O Consolador – Perg. 246 1.2 Expiação
  • 6. 2 Expiação – pena que sofrem os Espíritos como punição das faltas cometidas durante a vida corporal. A expiação, sofrimento moral, ocorre no estado de Erraticidade como o sofrimento físico ocorre no estado corporal. As vicissitudes e os tormentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiação do passado. Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas – Vocabulário (...) O que orienta o Espírito na escolha das provas? Ele escolhe as que lhe podem servir de expiação, segundo a natureza de suas faltas, e fazê-lo adiantar mais rapidamente. Uns podem impor-se uma vida de misérias e privações, para tentar suportá-la com coragem; outros, experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais perigosas pelo abuso e o mau emprego que lhes pode dar e pelas más paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar no contato com o vício. Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 264 (...) Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são consequentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal. Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 17 (...) Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta. Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar. Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à revolta contra Deus. Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é indício de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Causas anteriores das aflições – item 9
  • 7. 3 1.3 Síntese As aflições na terra são os remédios da alma; elas salvam para o futuro, como uma operação cirúrgica dolorosa salva a vida de um doente e lhe devolve a saúde. É por isso que o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, pois eles serão consolados." Allan Kardec – O Espiritismo em sua Expressão mais Simples – Cap. 1 – Item 40 Quando o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence", não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. Lacordaire – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Item 18 Nada existe sem razão de ser. A Sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade. O sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto quanto a tempestade tem o seu lugar importante na economia da natureza física. Emmanuel– Fonte Viva – Cap. 162:Dentro da Luta Não existe dor sem causa, nem alegria sem título de merecimento. Em ambas as situações, mantém-te vigilante, porque ninguém passa pelo mundo sem as suas vivências, e a dor faz parte do processo iluminativo. O aperfeiçoamento moral do Espírito é da sombra para a luz, do bruto para o sublime. Joanna de Angelis – Reformador – Maio/2016: Provas e Expiações As provas e expiações, resgates e sofrimentos são formas de reajustamento do Espírito, que soma a essas experiências dolorosas os esforços empregados na aquisição de conhecimento e virtude. Juvanir Borges de Souza – Tempos de Renovação – Cap.13: Auto-Educação Bastará apenas sofrer para que resgatemos os compromissos adquiridos nas existências passadas ? Se temos o coração aberto em feridas profundas, isso não basta; é preciso transubstanciar as próprias dores em esperanças e ensinamentos. Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 6 – Item 2:Redenção Com muita propriedade a Terra é considerada planeta de “provas e expiações”. A prova examina, experimentando o grau de preparação do educando. A expiação ensina, rigorosa, a lição desperdiçada na inutilidade ou na viciação. A prova lembra escolaridade. A expiação solicita enfermagem. O aprendiz estuda e se prepara para a vida. O enfermo se reeduca e disciplina para continuar a vida. Escola e Hospital são os valiosos recursos que se multiplicam para o discípulo sincero de Jesus, na jornada libertadora. Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Cap. 39
  • 8. 4 (...) Divaldo, Porque sendo Espírita sofro tanto e há tanto tempo ? Porque o Espiritismo não nos torna indenes à dor. A função do Espiritismo é preparar-nos para a dor e não libertar-nos, sem o necessário mérito, do sofrimento. A função do Espiritismo é a de dar-nos uma visão ampla da vida, oferecer-nos recursos para superarmos as nossas limitações. Eleve-se pela confiança, porque a dor, ao invés de punição, é benção, é crédito perante a vida. O Espiritismo nos dá o lenitivo, o otimismo para enfrentarmos as aflições; é uma terapêutica para vencer o sofrimento. Divaldo Franco – Viagens e Entrevistas – Perg. 89:Sofrimento (...) Bem-aventurados os que choram – , disse Jesus. Nem todos, porém. Há lágrimas que não traduzem humildade nem esperança. Choros que fomentam vinganças ultrizes e engendram males de largo curso. Jesus reportou-se, sem dúvida: − Àqueles que choram sob o açodar das injustiças humanas, sem qualquer rebeldia; − Àqueles que sofrem as contingências afligentes, sem acalentar os sentimentos de vingança; − Aos que expungem os débitos pretéritos, sem desespero; − Aos que sentem a alma pungida, e no entanto, transformam a agonia lacrimejante em esperanças estelares; − Aos que, padecendo, não infligem aflições a ninguém; . − Àqueles que, perseguidos, jamais se deixam consumir pelo desejo do desforço; − Aos que, esfaimados e sedentos de amor e paz, laboram pela felicidade do próximo ... ... Estes serão consolados. O choro é reação do sentimento, da emoção, nem sempre credor de respeito e solidariedade. Por isso, bem-aventurados todos os que choram, tocados pelo espírito do bem e da misericórdia, sofrendo para não fazer sofrer, burilando-se sem macerar ninguém, porquanto, assim, serão realmente consolados. Joanna de Angelis – Alerta – 2º Parte – Cap. 7: Nem Todos Consolados (...) Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de misericórdia divina junto às ocorrências da divina justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor. Emmanuel – Chico Xavier pede Licença – Cap. 19: Desencarnações Coletivas (…) Não nos iludamos. Mais dia, menos dia, todos sofrem. Há, contudo, quem sofra com rebeldia, com revolta, com desânimo ou com desespero, perdendo o valor da prova em que se vê. Emmanuel – Segue-me – Cap. 19:O Ponto Certo
  • 9. 5 (...) As dores enrijam as fibras da alma e fortalecem as disposições do sentimento. Quanto mais rude a tormenta mais rápido cessam as forças do seu desgoverno. A carga de aflições que conduzes não significa abandono a que estejas relegada, e sim recordação de que não és esquecida. A fé não libera a alma dos resgates que lhe cumpre atender, como esperam alguns crentes apressados. Ela é a fonte de energia e o dínamo de força, o penso que balsamiza a ferida e o conforto que ampara a coragem, não um mecanismo de evasão das responsabilidades ou documento para chantagear o equilíbrio da justiça Victor Hugo – Calvário da Libertação – 4º Parte – Cap. 7 (...) Se sobes calvário agreste, irriga em suor e pranto a senda para o futuro. Qual ocorre ao enfermo que solicita assistência adequada antes da consulta, imploraste, antes do berço, a prova que te agracia. Aspirando a sanar as chagas do pretérito, comissionaste o próprio destino para que te entregasse à existência o problema inquietante e a frustração temporária, o embaraço imprevisto e a trama da obsessão, o parente amargoso e a doença difícil. Não atraiçoes a ti mesmo, fugindo ao merecimento da concessão. Milhares de companheiros desenleados da carne suplicam o ensejo que já desfrutas. Mergulhados na dor maior, tudo dariam para obter a dor menor em que te refazes. Desse modo, quando estiveres em oração, sorvendo a taça de angústia, na sentença que indicaste a ti pró- prio diante das Leis Divinas, roga a bênção da saúde e a riqueza da paz, a luz da consolação e o favor da alegria, mas pede a Deus, acima de tudo, o apoio da humildade e a força da paciência. Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 75: Em Plena Prova (...) Toda aflição se fixa em raízes que devem ser extirpadas. Algumas possuem causas atuais, enquanto outras se prendem ao passado espiritual, constituindo tais fatores a justiça impertérrita que alcança os infratores dos códigos divinos do amor e do equilíbrio. Joanna de Angelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35: Serão Consolados (...) Muitas vezes exclamas: — Justiça! Justiça! E afirmas-te demasiadamente sofredor, perseguido pelas sombras ou desamparado pela Bênção do Céu! Nos dias de aflição e cinza, não te recolhas à blasfêmia e nem peças por maiores manifestações da Justiça, em teu campo de ação, porque a Justiça mais ampla poderia agravar-te as dores, mas sim roga o acréscimo da Divina Misericórdia, em teu benefício, a fim de que disponhas de ombros fortes para que não venhas a lançar longe de ti os favores da própria cruz. Emmanuel – Assim Vencerás – Cap. 9: Justiça e Misericórdia
  • 10. 6 2 Provas e Expiações – Entrevista com Joanna de Angelis 2.1 Provas e Expiações – Significado [1] Qual o significado das Provações em nossas Vidas? (...) A provação para o espírito encarnado é fogo purificador. Dores na alma, em forma de angustia e saudade, provando a resistência da fé. Dores no corpo, em úlceras purulentas, provando o valor da fé. Dores no sentimento, em forma de ansiedade e frustração, provando a fé. Guarda-te, nas provações, no valioso refúgio da paciência, confiando no celeste Pai. Mesmo que chovam dificuldades, que a solidão assinale os teus dias e que ardam labaredas na alma, impedindo que o claro sol pareça luminoso aos seus olhos, confia no Senhor e segue. Joanna de Angelis – Messe de Amor – Cap. 53: Provações (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54) (...) Não te consideres inatingível. Acostuma-te à fragilidade do corpo e às necessidades decrescimento como espírito que és. Nenhuma dor te alcança sem critério superior de justiça. Sofrimento algum no teu campo emocional, que se não acabe, deixando o resultado do seu trânsito. Utiliza-te das ocorrências que trazem dor, para crescer, e não te apresentes inconformado. Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 20:Inconformismo e Revolta (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54) (...) Desgraça real é o desconhecimento dos objetivos superiores da existência sem a chama luminosa do amor como benção e a imperiosa necessidade de seguir, arrastado pelas circunstâncias penosas. Joanna de Angelis – Alerta – Cap.39: Amor a Vida (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54) (...) Em Momento algum deixa de confiar nos desígnios de Deus. Não te encontras à deriva, apesar de supores que o rumo para a felicidade perdeu-se em definitivo. A ausência aparente de respostas diretas aos teus apelos e necessidades faz parte de uma programática para o teu bem. Sem que o percebas, chegam-te os socorros imprescindíveis para o equilíbrio e êxito, sem os quais, certamente, não suportarias as provas a que te propuseste por impositivo da própria evolução. Joanna de Angelis – Otimismo – Cap.51: Desígnios de Deus ( Joanna de Angelis Responde – Perg. 54) (...) Aceita a vida e ganha-a com alegria para o teu próprio bem. Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap.4: Aceita a Vida (Joanna de Angelis Responde – Perg. 54) Nota: As perguntas deste trabalho forma extraídas do Livro : Joanna de Angelis Responde, complementadas por diversos outros livros da Mentora. A integra de todas as mensagens dela e dos demais Mentores estão na Seção 3: Provas e Expiações – Visões Doutrinárias.
  • 11. 7 2.2 Provas e Expiações – Causas [2] Onde se encontram as Causas dos Sofrimentos atuais? (...) Quando a criatura sofre sem conhecimento das causas que a levam à aflição, raramente logra forças para superar-se e suportar com resignação as suas dores. Eis porque, ante a conjuntura ou situação dolorosa que atinge os homens, somente se pode entender, ante a divina justiça, que se a causa dos padecimentos não se encontra na existência atual, está, sem dó vida, em precedentes reencarnações. Repetem-se as vidas corporais para o Espírito quantas vezes se fazem necessárias para o seu burilamento, a sua plenitude. Cada etapa repara os erros da fase anterior, ao. Mesmo tempo contribuindo para a aquisição de valores e experiências que necessitam ser armazenados e que contribuem, poderosamente, para a evolução, do homem. (...) Se não compreendes o porquê das tuas dores atuais, ausculta a consciência e eia te inspirará a entender as causas anteriores, ajudando-te a suportá-las ei vencê-las bem. O sofrimento não tem exclusiva finalidade corretiva, senão educadora, abrindo percepções e facultando valores que não seriam conhecidos sem o seu com tributo. Não menosprezes, por essa razão, a fragilidade orgânica, a celeridade com que transcorre cada ciclo das reencarnações. Aproveita, quanto possas, as ensanchas que se te apresentem, reunindo experiências positivas, recuperando lições perdidas, realizando trabalhos valiosos, provas de acréscimo que todos recebem e nem sempre utilizam como devem, incidindo, então, na compulsória de adquirirem pela dor, o que não realizaram pelo amor. Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42: Ascenção Espiritual ( Joanna de Angelis Responde – Perg.123) [3] Objetivamente, por que passamos por momentos de aflição e prova, em nossas vidas? , (...) Momentos de aflição e prova surgem pelo caminho, inesperados, concitando à disciplina espiritual indispensável ao processo evolutivo do ser. Enquanto domiciliado no corpo, espírito algum se encontra em segurança, vitorioso, isento de experiências difíceis, de possíveis insucessos. Os momentos de prova e aflição constituem recursos de aferição dos valores morais de cada um, mediante os quais o homem deve adquirir mais, valiosas expressões iluminativas como suportes para futuros, investimentos evolutivos. Por isso, todos somos atingidos por tais métodos de purificação. Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 11: Momentos de Aflição e Prova (Joanna de Angelis Responde – Perg.91)
  • 12. 8 2.3 Provas e Expiações – O Carma e o Determinismo [4] Algumas pessoas dizem que certas dores são cármicas, portanto, difícil é livrarem-se delas. O carma é realmente inalterável ou não? (...) O carma está sempre em processo de alteração, conforme o comportamento da criatura. A desdita que se alonga, o cárcere moral que desarvora, a enfermidade rigorosa que alucina, a limitação que perturba, a solidão que asfixia, o desar que amargura podem alterar-se favoravelmente, se aquele que os experimenta resolve mudar as atitudes, aprimorando-se e desdobrando-se em prol do bem geral, no que resulta em bem próprio. Nos mapas das experiências humanas, graças às mudanças de comportamento dos reencarnados, em decorrência do seu livre-arbítrio, são alterados com assídua frequência, sucessos e socorros, dores e problemas programados, abreviando-se ou concedendo-se moratória à vilegiatura daqueles que se situam num como noutro campo desta ou daquela necessidade. Não existe nas soberanas Leis da Vida fatalidade para o mal. O que ao ser acontece, é resultado do que ele fez de si mesmo e nunca do que Deus lhe faz, como apraz aos pessimistas, aos derrotistas e cômodos afirmar. Refaze, pois, a tua vida, a todo momento, para melhor, mediante os teus atos saudáveis. Joanna de Angelis – Momentos de Consciência – Cap. 8: Carma e Consciência (Joanna de Angelis Responde – Perg. 99) 2.4 Provas e Expiações – Morais e Físicas [5] Existem dores físicas e dores morais. Qual a medicação para uma e para outra? (...) Os sofrimentos, genericamente dilaceram o corpo, alguns, todavia, esfacelam a alma, na roda dentada das aflições. Aqueles que decorrem das enfermidades físicas e mentais produzem desespero, levando, não raro, os que os têm sobre os ombros, a estados de desesperação, se não se apoiam na resignação e na humildade. Todavia, os sofrimentos morais parecem transcorrerem clima de mais ásperas provanças. Há dores físicas que se tornam difíceis tormentos morais. Sem embargo, os legítimos sofrimentos morais, aqueles que se transformam em feridas abertas, em chaga viva ulcerando a alma, terminam em agonias fisicas.de largo porte... Para as dores físicas, a ciência já conseguiu um sem número de recursos que colaboram para a recuperação da saúde e ao mesmo tempo, produzem diminuição quando não transitória cessação dos padecimentos. Diante, porém, das dores morais, as denominadas “ciências da alma" podem, quando muito, propor esquemas paliativos que, decerto, não atuando no cerne do problema aflitivo, não conseguem modificar a paisagem de angústia e sombra que escarnece e estiola a vítima. Que medicamentos se podem propor, senão a terapia da prece, da fé abrasadora e da irrestrita confiança em Deus! Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 21: Dores Morais (Joanna de Angelis Responde – Perg.128)
  • 13. 9 2.5 Provas e Expiações – O Verdadeiro Infortúnio [6] Existem pessoas que não suportam o sofrimento e qualquer espécie de dor lhes constitui verdadeiros infortúnios. Que são realmente os infortúnios, as dores, etc...? (...) Do ponto de vista humano, infortúnio ou desgraça significa tudo que perturba a comodidade e contraria as ambições imediatas em que se compraz a criatura humana. Observado, no entanto, do ponto de vista espiritual, o infortúnio, que poderia significar verdadeira desdita para os desarmados morais faculta, aos que sabem entregar-se a Deus, conquistas que se trasladam para a vida imortal – a verdadeira. As dores de qualquer procedência, as injunções de toda natureza, as enfermidades ditas incuráveis, a presença da pobreza material, a ausência dos valores amoedados, a ingratidão das pessoas amadas representam apelos ao espírito calceta e atrabiliário para cuidar quanto antes da sua renovação e consequente ascensão moral. Provas e expiações de qualquer monta são necessidades elaboradas por nós próprios, a fim de repararmos as faltas cometidas, encontrando na dor que se deve superar os recursos valiosos para a libertação dos gravames inditosos e a paz da consciência. Não são, portanto, desgraças reais os chamados infortúnios, conforme conceituam as convenções do utilitarismo e do imediatismo. O verdadeiro infortúnio pode ser encontrado na ausência da fé em Deus, com o impositivo de prosseguir- se caminhando entre dores e desesperações sem os arrimos abençoados da crença e da esperança. Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 11: Infortúnios – Joanna de Angelis Responde – Perg.106 [7] Muitas pessoas reclamam, dizendo-se infelizes e desgraçadas com a vida que levam. Que representam estas dores e o que podemos considerar realmente uma desgraça? (...) Ninguém que esteja em estado de desgraça, enquanto transitando nas roupagens carnais. Soledade, pobreza, doença, limitação, esquecimento constituem provas redentoras de que se utilizam os excelsos mentores encarregados da programática reencarnatória, para a educação, a ascensão e a felicidade dos que tombaram nos fossos da loucura e da criminalidade, quando no uso das disponibilidades que lhes abundavam no passado... Desgraça real é sempre o mal que se faz, nunca o que se recebe. Insucesso social, prejuízo econômico, fatalidade são terapêuticas enérgicas da vida para a erradicação dos cânceres morais existentes em metástase cruel nos tecidos do espírito imortal. Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap.45: Glórias e Insucessos (Joanna de Angelis Responde – Perg.178)
  • 14. 10 2.6 Provas e Expiações – A Fatalidade na Família [8] A Doutrina Espírita nos ensina que não existe fatalidade, porém, determinadas famílias padecem inúmeras desgraças, dando-nos a impressão de atrair tragédias. Qual a razão disso? (...) Vinculados por compromissos vigorosos para a própria evolução, os Espíritos reencarnam-se no mesmo grupo cromossomático, endividados entre si, para o necessário reajustamento, trazendo nos refolhos da memória espiritual as recordações traumáticas e as lembranças nefastas, deixando-se arrastar, invariavelmente, a complexos processos de obsessão recíproca, graças ao ódio mantido, às animosidades conservadas e nutridas com as altas contribuições da rebeldia e da violência. Em razão disso, o desrespeito grassa, a revolta se instala, a indiferença insiste e a aversão assoma... A família, em tais circunstâncias, se transforma em palco de tragédias sucessivas, quando não se faz aduana de traições e desídias... Estimulando os desajustes que se encontram inatos nos grupos da consanguinidade, a hodierna técnica da comunicação malsã tem conspirado poderosamente contra a paz do lar e a felicidade dos homens. Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 3: Cristo em Casa (Joanna de Angelis Responde – Perg. 69) 2.7 Provas e Expiações – O Suicídio [9] O que leva uma pessoa – às vezes, aparentemente feliz – a fugir da vida através do suicídio? (...) Temendo o sofrimento, o suicida impõe-se maior soma de aflições, no pressuposto de que o ato de cobardia encetado seria sancionado pelo apagar da consciência e pelo sono do nada... ... No fundo de todas as razões predisponentes para o autocídio, excetuando-se as profundas neuroses e psicoses de perseguição, as maníaco-depressivas – que procedem de antigas fugas espetaculares à vida e que o Espírito traz nos refolhos do ser como predisposição à repetição da falência moral – encontra-se o orgulho tentando, pela violência, solucionar questões que somente a ação contínua no bem e a sistemática confiança em Deus podem regularizar com a indispensável eficiência. Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 18: Suicídio (Joanna de Angelis Responde – Perg. 108) 2.8 Provas e Expiações – A Aflição em Você [10] “Vinde a mim todos vós, que vós encontrais aflitos...” A quais aflitos o Mestre se referia? (...) Os aflitos, a que se refere o Mestre, são aqueles que da tribulação retiram o bom proveito; aqueles que encontram na dor um desafio para superarem-se a si mesmo; os que abrasam na fé ardente e sobrepõem-se às conjunturas dolorosas; todos os que convertem as dificuldades e provações em experiências de sabedoria; os que sob o excruciar dos testemunhos demonstram a sua fé e perseverança nos ideais esposados, porfiando fieis aos compromissos abraçados... Os aflitos humildes e que se convertem em lições vivas de otimismo e de esperança – eis os que serão bem- aventurados, porque após as dividas resgatadas, os labores, os testemunhos confirmados, “serão consolados” pela benção da consciência tranquila, no país da redenção total. Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 5: Aflição e Consolação (Joanna de Angelis Responde – Perg. 168)
  • 15. 11 2.9 Provas e Expiações – A Dor e o Sofrimento [11] Ninguém gosta da dor, embora soframos a sua investida. Como entender a dor e o sofrimento? (...) A dor é a mensageira da esperança que após a crucificação do Justo vem ensinando como se pode avançar com segurança. Recebamo-la, pacientes, sejam quais forem às circunstâncias em que a defrontemos, nesta hora de significativas transformações para o nosso espírito em labor de sublimação. O sofrimento de qualquer natureza, quando aceito com resignação – e toda aflição atual possui as suas nascentes nos atos pretéritos do espírito rebelde–propicia renovação interior com amplas possibilidades de progresso, fator preponderante de felicidade. A dor faculta o desgaste das imperfeições, propiciando o descobrimento dos valiosos recursos, inexauríveis, aliás, do ser. Após a lapidação fulgura a gema. Burilada a aresta ajusta-se a engrenagem. Trabalhado, o metal converte-se em utilidade. Sublimado pelo sofrimento reparador, o Espírito liberta-se. Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 17: Ante a Dor (Joanna de Angelis Responde – Perg.118) [12] As criaturas, de um modo geral, temem a dor, qualquer que seja. A dor é uma punição? (...) A dor, em qualquer situação, jamais funciona como punição, porquanto Sua finalidade não é punitiva, porém educativa, corretora. Qualquer esforço impõe o contributo do sacrifício, da vontade disciplinada ou não, que se exterioriza em forma de sofrimento, mal-estar, desagrado, porque o aprendiz, simplesmente, se recusa a considerar de maneira diversa a contribuição que deve expender a benefício próprio. Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Cap. 6: Necessidade de Evolução (Joanna de Angelis Responde – Perg.127) 2.10 Provas e Expiações – Dentro da Família [13] De onde procedem estas criaturas-problemas que são colocadas ao nosso lado? (...) A pessoa-problema que renteia contigo, no processo evolutivo, não te é desconhecida... O filhinho–dificuldade que te exige doação integral, não se encontra ao teu lado por primeira vez. O ancião–renitente que te parece um pesadelo contínuo, exaurindo-te as forças, não é encontro fortuito na tua marcha... O familiar de qualquer vinculação que te constitui provação, não é resultado do acaso que te leva a desfrutar da convivência dolorosa. Todos eles provêm do teu passado espiritual. Eles caíram, sim, e ainda se ressentem do tombo moral, estando, hoje, a resgatar injunção penosa. Mas tu também. Quando alguém cai, sempre há fatores preponderantes e outros predisponentes, que induzem e levam ao abismo. Normalmente, oculto, o causador do infortúnio permanece desconhecido do mundo. Não, porém, da consciência, nem das Soberanas Leis. Renascem em circunstancia e tempos diferentes, todavia, volvem a encontrar-se, seja na consanguinidade, através da parentela corporal, ou mediante a espiritual, na grande família humana, tornando-se o caminho das reparações e compensações indispensáveis. Joanna de Angelis – Alerta – Cap.6: Almas Problema (Joanna de Angelis Responde – Perg. 124)
  • 16. 12 3 Provas e Expiações – Visões Doutrinárias 3.1 Allan Kardec 3.1.1 Sobre a Expiação e a Prova A expiação implica necessariamente a idéia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumida, porquanto, aquele que chegou ao ponto culminante a que aspira, não mais necessita de provas. Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá de recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência que apresentou no primeiro; a segunda prova torna-se, assim, uma expiação. Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se bem se conduzir, a pena é, ao mesmo tempo, uma expiação por sua falta e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver melhor, a prova é nula e um novo castigo desencadeará uma nova prova. Considerando-se, agora, o homem na Terra, vemos que ele aí suporta males de toda a sorte, muitas vezes cruéis. Esses males têm uma causa. Ora, a menos que os atribuamos ao capricho do Criador, somos forçados a admitir que a causa esteja em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser o resultado de nossas virtudes; portanto, têm sua fonte nas nossas imperfeições. Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, honras e todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do arrastamento; para o que cai na desgraça por sua má conduta ou imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais e pode dizer-se que é punido por onde pecou. Mas que dizer daquele que, desde o nascimento, está em luta com as necessidades e as privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora, que sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem nada ter feito, ostensivamente, para merecer tal sorte? Quer seja uma prova, ou uma expiação, a posição não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de vista do nosso correspondente, porquanto, se o homem não se lembra da falta, também não se lembra de haver escolhido a prova. Tem-se, assim, de buscar alhures a solução da questão. Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta, e provas em relação ao proveito que delas se retira. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Se, pois, formos feridos, é que não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira por que o suportamos é a prova. Mas acontece, muitas vezes, que a falta não se acha nesta vida. Então se acusa a justiça de Deus, nega-se a sua bondade, duvida-se mesmo de sua existência. Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a divindade.
  • 17. 13 Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e bom deve dizer que ele não pode agir senão com sabedoria, mesmo naquilo que não compreendemos e, se sofremos uma pena, é porque o merecemos; é, pois, uma expiação. O Espiritismo, pela grande lei da pluralidade das existências, levanta completamente o véu sobre o que esta questão deixava no escuro. Ele nos ensina que se a falta não foi cometida nesta vida, o foi numa outra e, deste modo, que a justiça de Deus segue o seu curso, punindo-nos por onde havíamos pecado. A seguir vem a grave questão do esquecimento que, segundo o nosso correspondente, tira aos males da vida o caráter de expiação. É um erro. Dai-lhe o nome que quiserdes: jamais fareis que não sejam a consequência de uma falta. Se o ignorais, o Espiritismo vo-lo ensina. Quanto ao esquecimento das faltas em si, não tem as consequências que lhe atribuis. Temos demonstrado alhures que a lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves, uma vez que nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo; trariam perturbação nas relações sociais e, por isto mesmo, entravaria o nosso livre-arbítrio. Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto se supõe; ele só se dá na vida exterior de relação, no interesse da própria Humanidade; mas a vida espiritual não sofre solução de continuidade. Quer na erraticidade, quer nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz pela voz da consciência, que o adverte do que deve ou não deve fazer. Se não a escuta, é, pois, culpado. Além disso, o Espiritismo dá ao homem um meio de remontar ao seu passado, se não aos atos precisos, pelo menos aos caracteres gerais desses atos, que ficaram mais ou menos desbotados na vida atual. Das tribulações que suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas e apoiando-se no princípio de que a mais justa punição é a consequência da falta, ele pode deduzir seu passado moral; suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo ponto de partida; aí chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar-se a si mesmo para ver o que lhe falta e dizer: “Se sou punido, é porque pequei”, e a própria punição lhe dirá o que fez. Citemos uma comparação: Suponhamos um homem condenado a tantos anos de trabalhos forçados, sofrendo um castigo especial mais ou menos rigoroso, de acordo com a sua falta; suponhamos, ainda, que ao entrar na cadeia perca a lembrança dos atos que para lá o conduziram. Poderá dizer: “Se estou na prisão, é que sou culpado, porquanto aqui não se põe gente virtuosa. Tratemos, pois, de ficar bom, para não voltarmos quando daqui sairmos.” Quer ele saber o que fez? Estudando a lei penal, saberá quais os crimes que para ali conduzem, porque ninguém é posto a ferros por uma leviandade. Da duração e da severidade da pena, concluirá o gênero dos que deve ter cometido. Para ter uma idéia mais exata, terá apenas de estudar aqueles para os quais irá sentir-se instintivamente arrastado. Saberá, então, o que deve evitar daí em diante para conservar a liberdade, e a isso será ainda estimulado pelas exortações dos homens de bem, encarregados de o instruir e o dirigir no bom caminho. Se não o aproveitar, sofrerá as consequências.
  • 18. 14 Tal a situação do homem na Terra, onde, tanto quanto o grilheta, não pode ter sido posto por suas perfeições, considerando-se que é infeliz e obrigado a trabalhar. Deus lhe multiplica os ensinamentos de acordo com o seu adiantamento; adverte-o incessantemente e chega mesmo a feri-lo, para o despertar de seu torpor, e aquele que persiste no endurecimento não pode desculpar-se com sua ignorância. Em resumo, se certas situações da vida humana têm, mais particularmente, o caráter das provas, outras têm, de modo incontestável, o do castigo, e todo castigo pode servir de prova. É um erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta. Vemos diariamente na vida expiações voluntárias, sem falar dos monges que se maceram e se fustigam com a disciplina e o cilício. Nada há, pois, de irracional em admitir que um Espírito, na erraticidade, escolha ou solicite uma existência terrena que o leve a reparar seus erros passados. Se tal existência lhe tivesse sido imposta, não teria sido menos justa, apesar da ausência momentânea da lembrança, pelos motivos acima desenvolvidos. As misérias da Terra são, pois, expiação, por seu lado efetivo e material, e provas, por suas consequências morais. Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o melhoramento. Em presença de um objetivo tão importante, seria pueril fazer de um jogo de palavras uma questão de princípio. Isto provaria que se dá mais importância às palavras que à coisa. Allan Kardec – Revista Espírita – 1863 – Setembro: Sobre a Expiação e a Prova
  • 19. 15 3.2 Joanna de Angelis 3.2.1 Provas e Expiações Bendize as provas afligentes que te pungem o coração e te inquietam a mente. Sob o açodar do sofrimento, o ser humano vê-se conduzido a reflexões que o esclarecem a respeito do sentido da existência corporal. A vida no corpo físico possui um significado profundo que deve ser observado, que é o da evolução. Natural que se anele pela saúde perfeita, por ocorrências jubilosas, pelos encantamentos e distrações que produzem o prazer e mantêm a leviana superficialidade das coisas sem valor que contribuem para o bem-estar momentâneo. É, normalmente, quando se está nas paisagens ricas de gozo que surgem os abusos, aumentam as aspirações do prazer, a fim de se evitar o tédio e suas várias manifestações. O Espírito é criado sem as experiências que lhe devem constituir o patrimônio imortal. Toda e qualquer realização, quando repetida sem alteração, dá lugar à indiferença, deixando de produzir novas sensações e emoções. A monotonia substitui a alegria infrene inicial e as novidades, graças à sua continuidade, perdem o brilho, o fascínio. Surgem ambições mais audaciosas, o ócio estimula atitudes atrevidas, radicais, e o acumpliciamento com o desrespeito ao comportamento dos outros conduz ao ludíbrio, ao crime, na busca de gozos novos e mais fortes. Nascem, então, as intrigas, as traições, as infâmias, os problemas de alta gravidade que entorpecem os sentimentos, ludibriam a dignidade e induzem a situações de conduta lamentável. É inevitável que, vivendo no universo regido pela ordem e por leis de equilíbrio, o infrator seja convidado ao resgate, à correção dos atos reprocháveis. Eis a causa das atuais aflições. Nada obstante, quando convocado à regularização e ainda prossegue na marcha da desobediência e da soberba, é natural que seja recambiado à escola terrestre sob injunção penosa, amargurado nas expiações incoercíveis. A verdade é que ninguém consegue ludibriar a divina legislação, ainda que aparente uma força e um poder que não possui, já que a organização fisiológica, acostumada a suportar situações vigorosas, é muito frágil em relação às infecções, aos processos degenerativos, à debilidade, reduzindo-a ao estado de fragilidade extrema. Ademais, o fenômeno biológico da morte sempre está presente na maquinaria física... E os transtornos emocionais de tão fácil ocorrência, os distúrbios mentais, as limitações do soma, que o precedem? Provas e expiações constituem os regularizadores da existência plena ou aparentemente desventurada. Agradece a Deus a tua momentânea aflição, seja qual for a sua expressão. Autopenetra-te mentalmente em uma autoanálise honesta e pergunta-te qual é a mensagem que te está sendo enviada. Indaga-lhe onde necessitas e como reparar a sua causa, a fim de libertar-te. Com sinceridade, busca compreendê-la e, ao detectar-lhe a nascente, sem qualquer ressentimento, corrige o fator de desintegração e rejubila-te. No entanto, se não conseguires encontrá-la de imediato, não te envolvas nos tecidos sombrios da melancolia ou do desespero, permanecendo alegre, isto é, consciente de que se trata de uma ocorrência transitória e benéfica.
  • 20. 16 Tem a certeza de que sairás da situação melhor do que no momento quando se instalou, no instante em que não esperavas tal acontecimento. Notarás um amadurecimento psicológico fascinante, que te permitirá harmonia interior, compreensão do sentido de viver e estímulo para valorizar apenas aquilo que seja de duração real: os valores do Espírito! É justo que se aspire pela paz, no entanto, apoiando-se no amor que é o seu alicerce. De maneira alguma se pode desfrutar de serenidade sem o concurso da afetividade correta, do sentimento de amizade fraternal, sem a generosidade do sorriso rico de ternura, sem a consciência do dever cumprido corretamente. O amor fomenta a compreensão das situações mais embaraçosas, porque dulcifica aquele que o cultiva. Retira do psiquismo os miasmas do ressentimento e de outras paixões que vitalizam vidas microscópicas na área das viroses e no sistema emocional. Porque compreende, o amor é suave bálsamo para todas as feridas do corpo e da alma. Quando tudo estiver bem na tua jornada, agradece a Deus e cuida-te, porque são concessões que recebes dele para multiplicá-las em chuvas de bondade e de simpatia, beneficiando o solo dos corações para a ensementação da plenitude. Não existe dor sem causa, nem alegria sem título de merecimento. Em ambas as situações, mantém-te vigilante, porque ninguém passa pelo mundo sem as suas vivências, e a dor faz parte do processo iluminativo. O aperfeiçoamento moral do Espírito é da sombra para a luz, do bruto para o sublime. O estado de angelitude começa na primeira molécula que constituirá o ser, prosseguindo, indefinidamente, no rumo da perfeição relativa que a todos está destinada. Jesus foi peremptório quando propôs: “Sede perfeitos como o Pai Celestial é perfeito”. (Mateus, 5:48.) Se estás sob o ardor de alguma provação alegra-te, por te encontrares no rumo libertador. Se te encontras aureolado pela fortuna da alegria, da juventude, das facilidades, mantém-te atento e aplica com sabedoria esses bens da vida para que mais tarde possas apresentar os resultados. Resguarda, pois, a tua consciência de remorsos e arrependimentos, enquanto brilha a luz da tranquilidade e da inocência nos teus sentimentos. Mantém-te criança... Joanna de Angelis – Reformador – Maio/2016: Provas e Expiações
  • 21. 17 3.2.2 Necessidade da Reencarnação "As lutas têm sido cruéis. Dificuldades me assinalam os passos em todo lugar. Sofro em demasia." – Clamam, com irreflexão, aqueles que jornadeiam, desatentos, a trilha evolutiva. "Acompanho a marcha do progresso e constato que o êxito a coroar tantas cabeças não me alcança. Creio que em breve desistirei da luta". Rebelam-se os companheiros do labor diário, em pleno campo redentor. "Fracassos me seguem nos melhores empreendimentos, conduzindo-me a desespero infrene. A dor é comensal dos meus dias. Que fazer?" – Refletem, de mente desalinhada, os que se distanciam da fé racional e se consomem em interrogações aflitivas. No entanto, todos esses que seguem, sob aparente amargura, aprendem na enxerga da aflição a valorizar os tesouros divinos que malbarataram por leviandade ou loucura. Recomeçam pelos sítios em que desertaram da vida, fixando experiências que a rebeldia, mal contida, ainda hoje transforma em novos cardos a se lhe cravarem nos tecidos sutis da alma. Tem paciência diante da aflição punitiva ou libertadora. Não recolhas à análise deprimente dos fatos ou das oportunidades. Enquanto contabilizas desditas, olvidas a claridade estelar espargindo luminosidade, seja durante o dia, seja na escuridade da noite. Tudo são lições. O desgosto de agora transformar-se-á em proveitosa experiência de amanhã. Caminho percorrido – local identificado. Afervora-te ao exame do trabalho sem a desarmonia ansiosa dos resultados que temes. O que hoje parece insucesso logo mais se converterá em dadivoso bem. A reencarnação significa precioso ensejo de sublimar e superar, registrando como bênçãos nos refolhos da alma as experiências de libertação do imediatismo e da extravagância. É expressivo o retorno à carne para refazimento das experiências deixadas à margem; tantas se fazem necessárias quantas as oportunidades de evoluir, até chegar à perfeição. Nunca se nos deparam os mesmos recursos no roteiro da vida, nas mesmas condições. Não pisarás duas vezes as águas do mesmo rio. Embora retornes ao local da véspera, as águas que fluem não são as mesmas. A oportunidade, conquanto se nos apresente assinalada pelo nosso desagrado, representa preciosa dádiva. Transforma, portanto, a dor em cântico de júbilo. Cada etapa vencida é vitória conquistada a marcar os teus triunfos sobre as próprias lutas, incessantemente até conquistares a paz em plenitude. Não fossem os dissabores, e os estímulos para as tarefas desapareceriam. A reencarnação ficaria destituída de valor se não BURILASSE os espíritos quando do retorno iluminativo. O pavio que não arde, conserva-se; todavia, não espalha luz. a lâmina que não se consome, no uso, não vai além de ornamento a pesar na economia das utilidades. Nasce e renasce o espírito em diversos círculos para conquistar e reconquistar afetos, alargando os horizontes da fraternidade entre todas as criaturas, de modo a que o Reino de Deus não se transforme em oásis fechado de felicidade grupal, distante da Humanidade inteira. Com propriedade, portanto, anotou o Codificador do Espiritismo que "a reencarnação, aliás, precisa ter um fim útil". Ascendamos através das lutas diárias nesse "estado transitório" da encarnação, calcando óbices e superando dificuldades, de tal modo que esta oportunidade significativa para os que se encontram revestidos da organização carnal constitua a ponte que leva ao planalto da vida melhor, sem sombra, sem dor, sem desespero, fazendo-os vencedores das paixões e da morte, verdadeiramente espíritos felizes. Joanna de Angelis – Lampadário Espírita : Cap. 14 – Necessidade da Reencarnação
  • 22. 18 3.2.3 Considerando o Sofrimento e a Aflição “Se, ao contrário, concentramos o pensamento, não no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misérias e dores.” Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1ª parte – Cap. 2 — Item 4. Ei-los misturados em todo lugar. Sofrimento causado pela evocação de um amor violento que passou célere, e aflição de quem, não tendo amado, deseja escravizar-se desnecessariamente. Sofrimento decorrente do desejo de perseguir quando gostaria de fazê-lo, e aflição, porque, perseguido, não tem oportunidade de também perseguir. Sofrimento pela dor que se agasalha no coração, santificando o espírito, e aflição em face da dor, por não poder fazer quanto gostaria, comprometendo-se muito mais. Sofrimento nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a linha básica do caráter, e aflição, porque, desejando e possuindo tanto não pode fruir quanto pensava gozar. Sofrimento derivado da revolta de não ser feliz nos moldes que planejou, e aflição por ter a felicidade ao alcance das mãos, constatando, porém, quanta treva e pranto se guardam sob o manto brilhante dessa felicidade. Sofrimento por muito ter e constatar nada ter, e aflição por nada ter e descobrir quanto poderia ter. Sofrimento na cruz dos desajustes emocionais, e aflição causada pelos desajustes na cruz do dever reparador. Sofrimento em quem luta pela reabilitação, e aflição em quem, errando, não tem força para reabilitar-se. Sofrimento que vergasta, e aflição buscada para vergastar. É, no entanto, o sofrimento uma via de purificação, e a aflição um meio libertador para quem, mantendo o encontro com a verdade elege, na recuperação dos valores morais, a abençoada rota através da qual o espírito se encontra consigo mesmo, depois das múltiplas Lutas do caminho por onde jornadeia, quando desatento e infeliz. Com Jesus aprendeste que sofrer, recuperando-se interiormente, é libertar-se, e afligir-se, buscando renovação, é ascender. Empenha-te, valoroso, no esforço da eliminação do mal que ainda reside em ti, pagando o tributo do sofrimento e da aflição à consciência. Recorda que antes da manhã clara e luminosa da Ressurreição do Mestre houve a sombra da traição e a infâmia da Cruz, como ensinamento de que, precedendo a madrugada fulgurante da imortalidade triunfal, defrontarás a noite de silêncio e testemunho como prenúncio da radiosa festa de luz e liberdade definitiva, que alcançarás por fim. Joanna de Angelis – Espírito e Vida – Cap. 37: Considerando o Sofrimento e a Aflição
  • 23. 19 3.2.4 Dor Benfeitora Floresce, espontânea, em toda parte, independendo dos fatores que lhe propiciam o desabrochar. Inesperadamente aparece nos solos áridos, nos quais os sentimentos não medram. Nas terras encharcadas da emotividade abundante, também surge sem qualquer programação... Sua presença é percebida, logo de início, convidando à atenção que nela se fixa, a partir desse momento. Em todas as épocas, ei-la presente, estabelecendo diretrizes e caracterizando pessoas, grupos e nações. Detestada, não teme as reações, tornando o seu apelo mais forte. Aceita, diminui a agudeza dos seus efeitos, suavizando-os. Estudada por teóricos e práticos, todos se lhe referem de maneira variada, sem chegarem a uma conclusão unânime. A verdade, porém, é que se faz conhecida sempre, e ninguém pode impedir-lhe a presença. Depois que encerra um ciclo, prepara, para um novo cometimento, a sua oportuna aparição. Nenhum recurso a impede, porque, por enquanto, ela é a única maneira de conduzir o homem na conquista dos Altos Cimos da Vida, desde que o amor não logre fazê-lo. Esta flor abençoada, que surge nos terrenos de todas as vidas, é a dor. Este homem padece de injunções sócio-econômicas e tem a alma em desalinho. Aquele experimenta a abundância de valores amoedados e sofre a solidão afetiva que o dinheiro não pode comprar. Esse arde nas brasas do desejo, insatisfeito, e, lasso, entrega-se ao frenesi da promiscuidade. Este outro esgrime o ódio e sofre-lhe a rebeldia dilacerante nos tecidos íntimos do ser. Aqueloutro caminha chancelado pelas etiquetas das patologias cruéis. Uns definham nas garras afiadas de enfermidades irreversíveis. Outros derrapam em alucinações inimagináveis... Todos, porém, sofrendo a constrição das dores de variada expressão, amargurando, lapidando, despertando para novos valores da vida, que permanecem desprezados. A dor é benfeitora anônima, que a todos visita. Cessados os seus efeitos perturbadores, quantas conquistas morais e espirituais! * Os prepotentes, que a desconsideram, não chegam ao termo da jornada sem experimentar-lhe a companhia. Os ingratos, que se supõem felizes, não lhe fogem à presença. Os orgulhosos, que a desprezam, considerando-se inatingíveis, encontram-na adiante... Ela verga toda cerviz e submete, sem exceção, todas as criaturas. O seu cerco é invencível e ela sai-se sempre vencedora. É instrumento da Lei, que o próprio homem vitaliza e necessita. Tu, que conheces Jesus, recebe sem rebeldia essa benfeitora. Não se trata de masoquismo, mas, sim, da inevitabilidade de sofrer, transformando esse estado em formosa aquisição de bênçãos. Há os testemunhos à fé e os resgates que procedem do passado. Seja qual for o motivo, transforma-o em oportunidade iluminativa, porque estás na Terra para crescer e evoluir, adquirindo experiências de profundidade. A dor, que a muitos amesquinha, envilece e atordoa, deve constituir-te estímulo para a grande vitória sobre ti mesmo. Não te preocupes com mais nada, e, sob o seu jugo, confiante, avança com a dor até conseguires o teu momento de plena libertação. Joanna de Angelis – Momentos de Felicidade – Cap. 20: Dor Benfeitora
  • 24. 20 3.2.5 Aprendizagem pela Dor Referes-te à dor como se ela se te constituísse punição imerecida, injustificável interferência nas atividades da tua existência. Armas-te de revolta e investes contra o sofrimento, tombando em crises de desequilíbrios e alucinações em decorrência de enfoques defeituosos e do atavismo utilitarista que te assinala a vida. A dor, no entanto, resulta de uma necessidade imperiosa da evolução. Sem ela dificilmente conseguirias bendizer a felicidade, da mesma forma que, sem o concurso da sombra, não te darias conta da elevada mensagem da luz. Não conhecendo a enfermidade, sentir-te-ias sem condição de valorizar a saúde. A dor pode ser considerada como um fórceps, de que se utiliza a vida para arrancar belezas nas almas calcetas, que jazem prisioneiras das couraças do primitivismo ancestral. Quando, no entanto, o ser é dúlcido e acessível, a dor nele funciona como um arco delicado que tange, no violino dos sentimentos, leves acordes de uma balada sublime de amor. Com o seu concurso, nascem os heróis e se forjam os santos: faz-se companheira dos caracteres nobres e é a irmã da reflexão, cujo concurso invoca ao instalar-se no imo da criatura humana. * Até aqui, a dor tem sido considerada apenas sob o ponto de vista negativo, transformando-se numa espada de Dâmocles sempre ameaçadora, prestes a tombar, fatalmente, sobre os que lhe sofrerão, inermes, a conjuntura destrutiva... Examinem-se as vidas dos artistas do pensamento e das artes, consultem-se as existências superiores dos mártires e dos apóstolos de todos os tempos e de todos os fastos históricos, e logo se encontrará o buril da dor trabalhando-os e embelezando-os, a fim de que a sensibilidade deles, apurada, pudesse erguer-se às regiões onde predominam a beleza e a inspiração, de lá as transferindo para os olhos, os ouvidos e as mentes do mundo sensorial, transformando-se em estímulos à ascensão e à liberdade. Interroguem-se as mães e os lidadores das ciências como lograram atingir as cumeadas do ministério e se descobrirá a dor na condição de alavanca impelindo-os para frente. O diamante, arrancado do seio generoso da terra, somente resplandecerá após a lapidação. * Não te consideres em desdita, porque a dor-provação te alcança, concitando-te à regularização dos débitos pretéritos que trazes contigo. Não te perturbes em face da dor-enobrecimento que te conclama a meditação, de modo a amadureceres os valores espirituais e adquirires sabedoria. Não te desesperes ante a dor-surpresa, injustamente denominada tragédia ou infortúnio, dela retirando os recursos da edificação íntima. Compreenderá desse modo, que a vida física é experiência rápida, e que a aparente vitalidade orgânica, a segurança e as conquistas que se disputam, na Terra, são sempre bens muito transitórios, desaparecendo de um momento para outro. Assim, preparar-te-ás para considerar a existência como um rápido capítulo do livro da vida imperecível... Jesus, que não possuía débitos, ensinou-nos a técnica de superação da dor, entregando-se em caráter de total tranquilidade às determinações divinas, mediante o sofrimento por amor, já que a dor faz parte do programa de ascensão, na Terra, irmã e benfeitora que deverás receber como dádiva superior para a felicidade que lograrás agora ou mais tarde. Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 10: Aprendizagem pela Dor
  • 25. 21 3.2.6 Provações Referes-te a nuvens nos céus das tuas aspirações. Acusas angústias e inquietudes, macerando os melhores programas que traças, tendo os olhos fitos no futuro. Experimentas a sensação de pesado fardo em forma de opróbrio e dor sobre as tuas fracas forças. E porque sonhas com a felicidade que todos gostariam de fruir, sentes a melancolia que se avoluma e desperdiças as horas nobres da renovação espiritual entre rebeldias injustificáveis e desesperos incompreensíveis. Sim, há dor no teu coração e não poucas frustrações se assenhoreiam das tuas horas, nublando o claro sol das tuas esperanças, de tal modo que a aflição constringente se agasalha nos teus painéis mentais. Medita. seriamente, porém. Recolhe-te ao oásis da prece e refaze as paisagens sombrias, banhando-as com a clara luz da confiança. Olha em derredor. Dirás que o sofrimento é comensal de todas as, horas, em todos os corações em todo lugar. Explicarás que somente poucos desfilam, no carro dourado da alegria, adornados de felicidade, enquanto a miséria desta ou daquela natureza espia a pompa e o triunfo... Não te demores a fitar a vida apenas a lição retificadora. A felicidade que muitos aparentam possuir, em verdade não é legitima. · Aqueles que passam, sob o frêmito das glórias, não poucas vezes trazem o coração como fornalha escaldante ardendo no peito. Muitos deles tudo dariam por uma hora de solidão, em silêncio. Ignoras o preço que pagam os apaniguados das láureas efêmeras da transitoriedade carnal. * Não te inquietes tanto ante a treva aparente no teu domicílio afetivo ou com a soledade momentânea que te cinge o espírito. “Logo mais” é realidade que alcançarás nesta ou em outra vibração da vida. “Amanhã” é medida de tempo que chegará ao âmago das tuas horas. Confia no bem e persevera. O que agora te parece punição injusta, logo depois se te afigurará dádiva libertadora. * O céu carregado de brumas apaga só aparentemente o cintilar das. estrelas. Respondendo à indagação No 258 de “O Livro dos Espíritos”, proposta por Allan Kardec, os Excelsos Mensageiros responderam, conscientes: “Ele próprio (o homem) escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio”. Isto é: as dificuldades e agonias, o espírito as solicita antes de mergulhar em nova existência corporal, para aprimorar o caráter e redimir-se das culpas. Assim sendo, considera os Espíritos superiores de todos os tempos; consulta a história dos construtores do Mundo Melhor; examina a vida daqueles que elaboraram. os programas da técnica do conforto, da saúde das multidões; pensa nos santos e nos sábios e vê-los-ás desfilarem sob sarcasmos e azedumes, invariavelmente entre névoas e dores, estigmatizados por uns e azorragados por outros, integérrimos, no entanto, pelo caminho dos elevados ideais que esposaram. Possivelmente aspiras à própria felicidade e por essa razão te rebelas. Aumenta a dosagem de paciência. O amor fluirá abundante do nosso Pai na direção da tua vida, se te converteres em instrumento do bem, transformando as feridas do teu sentimento em condecorações luminescentes que te identificarão com a vida um pouco mais adiante. Fita, pois, a madrugada do dia nascente e segue a rota dos que avançam, encorajados, abrindo os caminhos, para que os teus pés te conduzam ao porto ditoso da paz última e da felicidade real, vencidas as provações que escolhestes antes. Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 21: Provações
  • 26. 22 3.2.7 Sequelas do Sofrimento O sofrimento desempenha na Terra uma ação relevante, qual seja a de contribuir para o desenvolvimento intelecto-moral dos seres. Nas esferas primárias expressa-se no campo dos instintos, desenhando as primeiras sensações e emoções nervosas. No ser humano, não tendo caráter punitivo, é processo de desgaste dos atavismos que o retém na retaguarda do progresso. Graças à sua ação, alteram-se as aparências e desvelam-se os mecanismos internos, que se exteriorizam do Espírito em conquistas necessárias. Não obstante, o sofrimento nem sempre consegue levar, de imediato, à meta aquele que lhe experimenta o concurso. Nos indivíduos rebeldes, ainda mais vinculados à sensação, a sua presença causa revolta, em empurrando- os para a animosidade, o ressentimento, o ódio, o desejo de autodestruição. Naqueloutros de compleição emocional tímida resulta em processo de resignação estagnaria, sem produzir a renovação, que induz à luta por superá-lo. Não obstante, existem muitos que o recebem de maneira dinâmica, estimulante, por compreenderem que é uma sequela de atos infelizes que ficaram no passado, ou de processos naturais do mecanismo evolutivo. Entre os primeiros, as sequelas da rebeldia sistemática são: maior agudeza das aflições, continuidade dos transtornos, ausência de pausas refazentes. Isto porque, bloqueados neles os centros do discernimento, intoxicam-se com as próprias energias nefastas, ampliando a área e o tempo do processo-dor. Nos segundos, a acomodação, de alguma forma, a revolta surda que conduz à submissão, de maneira alguma trabalham para a renovação, gerando sequelas de parasitismo e quase inutilidade evolutiva. Somente quando luz o entendimento das suas causas é que sequelas são: conquistas de harmonia íntima, inteira moral, humildade legítima diante das Leis da Vida. Portadores de enfermidades degenerativas que resvalam pelas rampas do desespero, da consciência de culpa, do recalcitrar ante o aguilhão, partem do corpo com as sequelas correspondentes impressas nos tecidos sutis da alma, no campo perispiritual, continuando a experimentar mais acentuadas aflições, até que, por exaustão, se resolvem à mudança mental e à diluição dos registros gravados. Nos processos referentes aos transtornos psicológicos, sequelas idênticas surgem, atraindo mais ao convívio emocional os Espíritos inimigos que os atormentaram, agora prosseguindo em batalha mais inclemente. Desse modo, em todos quantos desencarnam na aceitação parasitária das ocorrências aflitivas, as sequelas permanecem assinalando esses pacientes por largo tempo, já que não lutaram por sobrepor-se aos testemunhos da purificação. Aqueles, entretanto, que se trabalharam emocional e espiritualmente, têm após o decesso tumular, como sequelas, as ausências das impressões perturbadoras, das dores que ficaram na roupagem em diluição. Ninguém transita pelos patamares do crescimento íntimo sem o concurso do sofrimento, que proporciona, quando bem recebido, o direcionamento das aspirações para Deus e para o Bem, para a harmonia íntima, para a atitude de respeito e amor pela Vida.
  • 27. 23 O sofrimento surge, em muitos casos, como coroa de glória, que numerosos Espíritos nobres solicitam e recebem, tornando-se protótipos de perfeita sintonia com Deus e por amor à Humanidade. Quando o sofrimento é aceito como força dinâmica, faculta o êxtase dos santos, dos artistas, dos pensadores, dos cientistas, porque afrouxa os laços materiais que retém o Espírito, permitindo-lhe pairar nas regiões de onde procede, haurindo ali mais força e energia para ensinar auto-superação e felicidade. Quando Jesus proclamou que são bem-aventurados os aflitos, é evidente que se referiu somente àqueles cuja aflição não produza sequelas devastadoras que dilaceram a alma. Aflitos e sofridos, sim, mas nem todos, em face das sequelas que produzam... Joanna de Angelis – Reformador – 2000 – Agosto: Sequelas do Sofrimento (Centro Espírita Caminho da Redenção– 4/Janeiro/1999.)
  • 28. 24 3.2.8 Sofrimento Reparador Delinquiste, sim, no passado, organizando, desde então, a programática redentora pela senda de aflição por onde hoje segues entre agonias e interrogações para as quais parece não encontrares resposta. Se te explicam que provéns de experiências malogradas, asseveras não concordar com a elucidação, em face de considerares injusto um resgate referente a um compromisso de que não te recordas... No entanto, hoje, embora conhecedor das leis de equilíbrio que regem a vida, atiras-te em desvario pelos ínvios sítios, assumindo não menos graves responsabilidades que atiras na direção do futuro... Sofrimento é processo purificador contra o qual será inútil a reação pela revolta ou através do desespero. Tal atitude mais agrava o problema, qual ocorreria a alguém que, pensando ou desejando diminuir a intensidade na dor de uma ferida aberta em chaga viva, lhe colocasse ácido ou espicace com estilete as carnes em torpe decomposição e alta sensibilidade. Alegas que, através do amor, pela metodologia doce da ternura, te seria fácil e melhor compreender a Divindade, crescer nos rumos do Infinito. Contempla a Natureza e deslumbrar-te-ás com ela ... Sem embargo, aí está a ecologia gritando contra os danos da poluição defluente da ganância dos sistemas imediatistas, sem conseguir sensibilizar os governos ou os povos, ou as comunidades... Tudo é amor, inclusive quando hoje se revele em termos desagradáveis com vistas, porém, é dita mais tarde. Parece repugnar-te ao entendimento armado contra as medidas conciliatórias, pacificadoras, o conceito das leis de "causa e de efeito", porque, explicas que elas se diluem em incertezas sem campo de demonstrações irrefutáveis... Medita um pouco e convirás com a legitimidade do argumento espiritista. Informas que todos sofrem, e, desse modo, teriam sempre errado antes... Quando, de que forma, por que meio, isto teria ocorrido? — Gostarias de saber. Dor é processo de desgaste natural, ínsito na estrutura da vida. A Fitopatologia nos demonstra que os vegetais enfermam contaminando-se uns aos outros e morrem, obedecendo a um processo de transformações paulatinas, desde que a Terra é um sublime laboratório de experiências relevantes... Demonstrações científicas nos comprovam a existência de "percepções" nos vegetais, vasta gama de sensibilidade. Nos animais, quando essa sensibilidade já é mais apurada, graças ao sistema nervoso, o processo prossegue, obviamente sem que exista um fator causal dívida-resgate... No homem, porém, a opção pessoal de cada um lhe enseja felicidade ou desdita. Essa situação se modifica mediante a posição mental e a ação moral que se assuma em relação à vida em si e não compulsoriamente de indivíduo para indivíduo... Todas as dores, sim, que afetam o homem, têm suas causas matrizes na atitude anterior do ser, próxima ou remotamente. Assim, não te rebeles, não deblateres, não desesperes...
  • 29. 25 Espera mais, confia um pouco mais e produze no bem como ideal superior. Perda de pessoas queridas, arrebatadas por tragédias ou infortúnios outros, ou circunstâncias inesperadas; enfermidades irreversíveis dolorosas e lancinantes que trazem o sinete-agonia; deficiências e graves limitações congênitas no corpo ou na mente; soledade e azorragues morais; padecimentos íntimos sem consolo; necessidades econômicas sem solução; "azares da sorte" em carga de permanente acicate; problemas e incertezas constituem motivo redentor se souberes e quiseres confiar e superá-los. São cárceres sem paredes nem grades, com que a Divina Justiça, que é equilíbrio, propicia o crescimento do ser calceta inveterado no rumo da liberdade e do júbilo. Prossegue, portanto, em qualquer situação em que estagies, de ânimo robusto, resgatando hoje, porque ontem, sem dúvida, delinquiste. Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 19: Sofrimento Reparador
  • 30. 26 3.2.9 Serão Consolados Nem todos aflitos, porém... Muitos que sofrem engendraram as aflições de que se tornaram vítimas inermes: − Carregam o sofrimento aspirando e exalando o gás da ira mal dissimulada com que mais se intoxicam e mais envenenam em derredor; − Pessoas algumas esmagam-se nas paredes estreitas da usura, de que se não libertam; − Estertoram nas garras do ciúme que as enceguecem; − Desagregam-se sob os camartelos da insatisfação face aos prazeres dissolventes; − Transitam em sofreguidão contínua ao estridor da revolta que as agoniam; − Turbam-se nas densas nuvens da desesperança; − Tombam, desfalecidas, nas urdiduras do desânimo. Toda aflição se fixa em raízes que devem ser extirpadas. Algumas possuem causas atuais, enquanto outras se prendem ao passado espiritual, constituindo tais fatores a justiça impertérrita que alcança os infratores dos códigos divinos do amor e do equilíbrio. Aflições de vário porte conduzem ao crime de muitas denominações. Somente a aflição resignada e confiante, de pronto receberá consolo. A chuva que reverdece a terra crestada, em tempestade, aniquila colheitas, despedaça jardins, carcome o solo... O repouso sensato refaz as forças; prolongado, anestesia os estímulos, entorpecendo a vontade e a ação. Aflitos que, não obstante, em lágrimas, atendem alheio pranto; apesar de perseguidos, não se fazem perseguidores; embora sob injustiça, confiam na probidade; sem embargo, enfermos, estimam a saúde do próximo; todavia, incompreendidos, desculpam e sustentam a coragem do bem; no entanto, esfaimados, alevantam o ânimo onde se encontram; mesmo em quase alucinação, tal a monta de problemas e dificuldades, recorrem à oração refazente e à meditação renovadora – serão consolados! Nem todos os aflitos, porém, lograrão consolação. Há os que impõem tais ou quais medidas a fim de saciar-se; que esperam este ou aquele resultado com que pensam comprazer-se; que situam esse ou outro fator como único pelo qual se apaziguariam; uma ou duas únicas opções para fruírem felicidade, e, entretanto, são recursos da ilicitude, quando não dos caprichos que estão sendo disciplinados pela própria aflição... Trasladarão oportunidades, adiarão benesses, sofrerão...Não podem ser consolados, porquanto, não aspiram a conforto e sim desforço, triunfo, vanglória. Nicodemos possuía dúvidas honestas – foi esclarecido. Marta inquietava-se no afã do zelo exagerado – recebeu diretriz. Zaqueu dispunha de moedas azinhavradas – trocou-as pelos tesouros imperecíveis. Madalena fossilizava na perversão obsidente – conseguiu curar-se. Antes, aflitos, abriram-se ao consolo vertido das mãos de Jesus Cristo. Indispensável valorizar a aflição, sopesando-a com discernimento, de modo a conduzi-la às fontes inexauríveis do Evangelho em clima de serenidade, respeito e amor. Ali, todas as dores se acalmam, todas as lágrimas se enxugam, todos os aflitos são consolados. Joanna de Ângelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35:Serão Consolados 3.2.10 Funções do Sofrimento
  • 31. 27 Com propriedade afirmou Buda, numa das suas quatro nobres verdades, que tudo no mundo é sofrimento, em face da transitoriedade da organização material anteaincomparável imortalidadedo espírito. Para compreender-se o sofrimento e as funções que opera no ser, é necessário remontar-se-lhe às causas, conforme acentua o nobre codificador do Espiritismo, Allan Kardec, esclarecendo que, não sendo atuais, certamente são anteriores, apoiando-se na reencarnação. Écompreensível,portanto, suainformação, tendo-se em vista que o efeito procede sempre de uma causa; se esta não épróxima encontra-se remota, mas sempre existente. Assim, o sofrimento deflui das atitudes praticadas pelo ser no seu processo de desenvolvimento ético- moral no rumo doinfinito. Às ações infelizes, desorientadas ou malsucedidas, sucedem as consequências compatíveis com o grau de responsabilidade e de conhecimento espiritual do seu autor, sendo, portanto, simples ou graves, de modo que lhe enseje a indispensável reparação. Existe, naturalmente, o sofrimento que decorre do desgaste da organização celular que, para viver, consome energia, no que resultam processos afligentes e dolorosos, tanto do ponto de vista físico, como emocional emental. A atitude, porém, de cada qual diante da ocorrência, é que responde pela ampliação do sofrimento ou a sua atenuação. Conforme o estado interior e a visão em torno dos objetivos da vida que caracterizam o ser humano, o sofri­ mento apresenta-se com função específica edefinidora. No que se refere ao processo natural de consumpção pelas transformações moleculares que ocorrem, o espírito deve encarar a ocorrência com tranquilidade, sem maiores preocupações, por tratar-se de fenômeno biológico normal. No entanto, quando o mesmo apresenta-se caracterizado por processos degenerativos, por agressões violentas aos diferentes órgãos, infecções e processos tumorosos de natureza maligna, são consequências dos atentados impostos a si mesmo ou a outrem na atual ou em existências passadas, quando houve desrespeito pelo patrimônio concedido pela vida para o desenvolvimento espiritual. Modelador do caráter e da personalidade sob imposição rigorosa das leis ela vida, o sofrimento instalasse como necessidade para o despertamento do espírito para a sua realidade, que não pode ficar detida na ilusão material, na intérmina busca do prazer e do gozo, sem responsabilidade nem compromisso elevado com a existência. Ao invés de um castigo infligido pela Divindade, trata-se de um recurso terapêutico valioso de corrigenda dos hábitos doentios e recomposição dos sentimentos, tendo em vista a sublimação das tendências atávicas do pretérito e as atrações superiores em relação ao futuro. Cada espírito escreve a trajetória que deverá percorrermediante ospensamentos, aspalavras easações que se permite durante cada experiência carnal. Transferindo de uma para outra as conquistas e os prejuízos, capacita-se para desenvolver oseudeus interno através dosesforçosdeauto-iluminação edesantificação.
  • 32. 28 Estranhamente, alguns discípulos do Evangelho restaurado pelo Espiritismo permanecem na teimosa postura de terem solucionados os seus problemas pelos Guias espirituais, para eles transferindo as cargas da leviandade eda invigilância quesepermitem. Insistem emacreditar-sefrágeispara osofrimento, teimando em não compreender asuafunção libertadora esurpreendendo-se por experimentá-lo. Quando sãoalcançados pelos seusbenéficos recursos, reclamam e dizem-se frustrados, porque esperavam um regime especial quelhesfosseoferecido, como se a Divindade protegesse aqueles que creem no Seu amor em detrimento daqueloutros que, também Seus filhos, não sepermitem a crença libertadora... Interrogam por que razão as suas ambições não são atendidas, osseussonhos injustificáveis não serealizam, as suas enfermidades prosseguem, os dissabores os alcançam, demonstrando total desconhecimento da doutrina das reencarnações e dos postulados que deveriam abraçar duranteafiliação aoEspiritismo. Recorrem aos médiuns como se esses possuíssem os elixires de longa vida e as soluções miraculosas para ser-lhes dispensados, enquanto que as demais pessoas devam carregar as suas cruzes, mesmo sem o apoio de uma féreligiosa racional eiluminativa. Entregam-se ao pessimismo, invariavelmente, envolvendo-se em ondas contínuas de pensamentos tóxicos, depressivos e perturbadores, abrindo campos mentais para a instalação de parasitoses espirituais obsessivas, deque sequeixarão mais tarde, como crianças desarvoradas... Lamentam não encontrar o apoio fraternal, o que significa cireneus que lhes tomem os problemas e os conduzam, enquanto eles permaneçam nas atitudes infantis da preguiça e ignorância em torno dos processos de evolução da vida. Uma das funções do sofrimento é demonstrar que todos são iguais, e, por isso mesmo, experimentam idênticos tipos de padeci mentos, na pobreza ou no excesso, na penúria ou na abastança, na juventude ou na velhice, na infância ou na idade adulta, portadores de beleza ou feiura, famosos ou ignorados... Os que dispõem de recursos financeiros podem atenuar as dores através dos recursos médicos sofisticados, mas nem por isso deixam de experimentar as mesmas amarguras que sofrem aqueles que vivem nos barracos da miséria ou no abandono das ruas... A única diferença é externa, mas, interiormente, os processos redentores são iguais. As pessoas mais poderosas do mundo, que se dizem responsáveis pelos destinos de multidões, de povos, que os levam à paz ou à guerra, não estão isentas do sofrimento que as constringe e submete ao seu impositivo, porque diante de Deus não há diferenças significativas, senão aquelas de natureza moral e espiritual, em verdadeiras hierarquias conquistadas anteriormente. Mas essa conquista, não se tenham dúvidas, ocorreu através da dor que asprojetou aospatamares mais elevados em que transitam.
  • 33. 29 O conhecimento do Espiritismo e das suas propostas de amor faculta o equilíbrio necessário para os enfrentamentos da evolução, como se apresentem no transcurso da existência. Oferecendo coragem ebom ânimo, demonstra que tudo obedece à planificação divina e que não cai uma folha da árvore que não seja pela vontade de Deus, conforme asseverou Jesus. Utilizar-se do recurso valioso do sofrimento para lapidar as arestas morais, modificando a conduta para melhor e trabalhando os metais dos sentimentos para servir e conquistar o infinito das emoções, constitui o desafioquetodosdevemconquistar. A fim de exemplificar que não existem exceções nas planificações divinas, Jesus, que não tinha quaisquer dívidas perante a Consciência Cósmica, veio amar e experimentar a ingratidão humana, submetendo-se ao holocausto com paciência, misericórdia eamor inexcedíveis. A Sua é a lição de que se ao ramo verdefoi feito aquilo, que não se fará ao ramo seco? Enriquecendo-te de compreensão e de lógica em relação ao sofrimento, permite que ele te conduza pelo estreito caminho da renovação espiritual, submetendo-te aos seus impositivos de que resultarão a tua paz e a tua plenitude. Joanna de Angelis – Jesus e Vida – Cap. 30: Funções do Sofrimento
  • 34. 30 3.2.11 Infortúnios e Bênçãos As denominadas desgraças terrestres, aquelas que se convencionaram como divinas punições, tais os acidentes com vítimas fatais ou que ficaram imobilizadas, os terremotos e tornados, os prejuízos econômicos e as perdas materiais, as enfermidades extenuadoras, os dissabores morais, assim se apresentam face à ignorância humana em relação aos Soberanos Códigos. Tais ocorrências têm sempre a providencial finalidade de demonstrar a transitoriedade da matéria e a impermanência da existência física na Terra, convidando os seres inteligentes à reflexão em torno da sua imortalidade e ao que lhes cumpre realizar enquanto se encontram no corpo. Revestidos pela organização celular, perdem parcialmente a lucidez em torno da realidade do mundo causal de onde procedem, fixando-se nos interesses existenciais da reencarnação, assim desperdiçando ou complicando, pelos atos morais, a excepcional oportunidade para a própria evolução. Espíritos em processo de aprimoramento, retornamos sempre ao proscênio terrestre para aprender; reeducar- nos, quando erramos; recuperar-nos, quando nos comprometemos. Como consequência, volvemos sob a injunção das provas e expiações, que se nos tornam os educadores ideais. Essas provas surgem-nos, suaves e constantes, levando-nos à meditação e ao aprendizado dos deveres elevados. Constituem-nos estímulos para o crescimento moral e espiritual, aplainando-nos as arestas e dulcificando-nos os sentimentos, quando embrutecidos. São verdadeiras bênçãos, e não castigo, porque nos despertam para a valorização da vida e para o enriquecimento interior, com paz. Tornam-se-nos, porém, desgraças, se nos rebelamos quando as experimentamos, complicando-nos a existência por efeito da agressividade e da presunção em que nos demoramos. As provações, normalmente, são vivenciadas em silêncio, na condição de infortúnios ocultos, quais espículos morais que ferem, mas depuram; azorragam, porém educam; afligem e santificam. As expiações são mais dolorosas, quase sempre irreversíveis, durante a existência física. Enquanto as provas são voluntárias, pedidas e aceitas, que podem ser superadas com certa facilidade, as expiações são impostas, constituindo-nos necessidades incondicionais para as reparações que tardam. As primeiras regularizam pequenos débitos, e as outras recuperam das faltas graves, dos delitos cruéis. Quando alguém explora o seu próximo, levando-a à miséria e ao sofrimento, isto, sim, é-lhe uma desgraça. Quando se trai um amigo, induzindo-o ao desequilíbrio e à loucura, eis um ato de desgraça conscientemente praticada. Quando se estimula o crime ou dele se vive, sem qualquer consideração pela vida das demais criaturas, pela ordem ou pelo dever, defrontamos com a desgraça real.
  • 35. 31 Quando o indivíduo se permite a inveja, o ciúme, o ressentimento, e cultiva o revide, o desejo do mal, ei-lo à borda do abismo que o derrubará na desgraça verdadeira. Quando se vive parasitariamente, na inutilidade ou no desperdício, olvidando os compromissos para com a existência em forma de edificação moral, pratica-se uma desgraça que se lamentará. Quando, por insensatez ou perversidade, prejudicasse outrem, ferindo-lhe a confiança, sobrecarregando-o de dores, infelicitando-o de qualquer maneira, aí está à desgraça sem disfarce. Desgraça verdadeira é o mal que se pratica em relação ao próximo. Num sentido mais lato, a agressão à natureza como resultado da ambição desmedida do ser humano; o desrespeito à vida, na flora e na fauna, destruindo-a – tais comportamentos são desgraças quase irremediáveis, que resultarão em expiações rudes para os seus transgressores. Produzir sofrimento nos outros é cumular-se de desgraças. Aqueles que são as vítimas, sabendo aproveitar o ensejo, beneficiar-se-ão pelos sofrimentos advindos, resgatando os débitos perante a Consciência Cósmica e adquirindo a sabedoria que deles decorre. Toda dor que alcança o ser humano deve ser bem aceita, por constituir-lhe meio de depuração. As dívidas, embora contraídas em relação às pessoas, não são resgatadas diretamente com elas, de forma compulsória. Muitas vezes se defrontam os comprometidos para a regularização, porém a agressão cometida, o débito contraído é sempre contra a Ordem Divina, contra as Leis que regem o Cosmo, podendo-se liberar daquelas desgraças praticadas, mediante a ação do bem, em qualquer direção, a quem quer que seja. A soma das ações dignificadoras diminui o peso dos males praticados. O amor cobre a m u l t i d ã o de pecados, conforme acentuou Jesus. Diante das grandes tragédias, dos acontecimentos calamitosos, os sentimentos humanos se comovem e a solidariedade se estende generosa, unindo as criaturas. A caridade estua e dá-se em socorro às vítimas em desespero. O exercício dessa virtude leva, aqueles que a vivem, a descobrirem os infortúnios ocultos, as dores morais ignoradas, distendendo-lhes os braços de apoio, os recursos salvadores, a presença confortadora. Se te podes solidarizar com aqueles que sofrem as ocorrências coletivas, devastadoras; se consegues enxergar os espículos morais dilaceradores cravados nas almas; se podes perceber os sinais dos testemunhos e das provações silenciosos nos seres, e lhes ofereces a dádiva do amor em luz de caridade, encontraste a fórmula ideal para te libertares das desgraças reais, aquelas que anestesiam os sentimentos e alucinam a razão. Entrega-te, desse modo, sem reservas, à sua vivência, e os teus infortúnios se converterão em estrelas fulgurantes, clareando a tua noite de provações terrestres. Joanna de Angelis – Sob a Proteção de Deus – Cap. 9:Infortúnios e Benção