SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 89
Baixar para ler offline
O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E
FILHOS NUM MUNDO EM TRANSIÇÃO
SUMÁRIO
1 Relacionamento Pais e Filhos num Mundo em Transição ............................................1
1.1 A Família e o Relacionamento com os Filhos..............................................................1
1.1.1 Considerações Doutrinárias..................................................................................1
1.1.2 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Geração de Pais................................15
1.1.2.1 Geração Asa e Pescoço.......................................................................................15
1.1.2.2 Geração Peito e Coxas........................................................................................16
1.1.3 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Pais ...................................................17
1.1.3.1 Autoritativo.........................................................................................................17
1.1.3.2 Autoritário ..........................................................................................................17
1.1.3.3 Permissivo ..........................................................................................................18
1.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Depoimentos – Acertos e Desacertos ..................19
1.2.1 De um Pai Encarnado .........................................................................................19
1.2.2 De um Pai Desencarnado....................................................................................23
1.2.3 De uma Mãe Encarnada......................................................................................24
1.2.4 De uma Mãe Desencarnada................................................................................26
1.2.5 De um Filho Encarnado......................................................................................28
1.2.6 De um Filho Desencarnado ................................................................................30
1.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma e Cartas..................................................32
1.3.1 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma de Pai ..............................................32
1.3.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Pais.................................................35
1.3.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Filhos .............................................37
2 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família - Conceitos..............................39
2.1 Os conflitos/desencontros no núcleo Familiar ...................................................39
2.2 De modo geral, quem é, nas leis do destino, o marido faltoso ? ........................54
2.3 E o filho rebelde ?...............................................................................................58
2.4 E a filha desatinada ?..........................................................................................58
2.5 E os parentes/amigos abnegados ?......................................................................59
2.6 Como é encarado o divórcio nos planos superiores ?.........................................62
2.7 Que precisamos para vencer na luta doméstica? ................................................65
3 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família – Estudo de Casos..................66
3.1 Caso 1 – Mãe/Filho - Epifânio Leite – Luz no Lar ............................................67
3.2 Caso 2 – Pais/Filho – Chico Xavier – Chico de Francisco.................................68
3.3 Caso 3 – Pai/Filhos – André Luiz – Ação e Reação...........................................68
3.4 Caso 4 - Pais/Filho – Hélio Ossamu – Resgate e Amor.....................................70
3.5 Caso 5 - Mãe/Filho – Mario Sobral – Memórias de um Suicida........................71
3.6 Caso 6 – Avó/Neta – Maria da Conceição – Vozes do Grande Além................72
3.7 Caso 7 – Pais/Filha - Marina da Conceição – Depois da Vida...........................73
3.8 Caso 8 – Pai/Filho – Inácio Ferreira – Psiquiatria em Face da Reencarnação...76
3.9 Caso 9 – Pai/Filhos – Yvonne Pereira – Dramas da Obsessão...........................78
3.10 Caso 10 – Pai/Filho – Epifânio Leite – Luz no Lar............................................81
4 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família – Síntese..................................82
1
1 Relacionamento Pais e Filhos num Mundo em Transição
1.1 A Família e o Relacionamento com os Filhos
1.1.1 Considerações Doutrinárias
Há mais enfermos no mundo do que se supõe que existam. Isto porque, no reduto
familiar raramente fecundam a conversação edificante, o entendimento fraterno, a
tolerância geral, o amor desinteressado...
Joanna de Angelis – SOS Família – Cap. 11: Cristo em Casa
E nesse vastíssimo roteiro de Espíritos em desajuste, não identificaremos tão somente
os cônjuges infortunados. Além deles, há fenômenos sentimentais mais complexos.
Existem Pais que não toleram os filhos e Mães que se voltam, impassivelmente, contra
os próprios descendentes.
Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam dentro
do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando-se uns aos outros, com os raios
mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja e do despeito, apaixonadamente cultivados
no solo mental.
Os hospitais e principalmente os manicômios apresentam significativo número de
enfermos, que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta na
trincheira mascarada sob o nome de Lar.
Batizam-nos os médicos com rotulagens diversas, na esfera da diagnose complicada;
entretanto, na profundez das causas, reside a influência maligna da parentela consanguínea que,
não raro, copia as atitudes da tribo selvagem e enfurecida.
Todos os dias, semelhantes farrapos humanos atravessam os pórticos das casas de saúde
ou de caridade, à maneira de restos indefiníveis de náufragos, perdidos em mar tormentoso,
procurando a terra firme da costa.
Ninguém pode negar a existência do amor no fundo das multiformes uniões a que
nos referimos. Mas esse amor ainda se encontra, à maneira do ouro inculto, incrustado no
cascalho duro e contundente do egoísmo e da ignorância que, às vezes, matam sem a intenção
de destruir e ferem sem perceber a inocência ou a grandeza de suas vítimas.
2
Por isso mesmo, o Espiritismo com Jesus, convidando-nos ao sacrifício e à bondade,
ao conhecimento e ao perdão, aclarando a origem de nossos antagonismos e reportando-
nos aos dramas por nós todos já vividos no pretérito, acenderá um facho de luz em cada
coração, inclinando as almas rebeldes ou enfermiças à justa compreensão do programa sublime
de melhoria individual, em favor da tranquilidade coletiva e da ascensão de todos.
Humberto de Campos – Luz no Lar - Cap. 5 – No Reino Doméstico
Necessário que os Pais conversem mais cordialmente com os seus filhos no clima
da harmonia doméstica, dentro da própria casa e nunca adiar essas conversações para
tempos de desastre sentimental.
Frequentemente, os pais não se sentam com os filhos para um entendimento afável, para
uma conversação mais doce, para que o intercâmbio da amizade se processe, para que o amor
realize a sua Obra Divina nos corações, e bastas vezes, assumem atitudes atormentadas, quando
os filhos ou as filhas mais jovens adquirem dificuldades ou problemas íntimos para a solução
dos quais eles, os pais, não os preparam.
Precisamos agora, mormente na atualidade quando se opera vasta revisão de
valores domésticos, familiares e sociais, da prática de um amor sem limites, de uma tolerância
imensa — de nós todos, de uns para com os outros —, para que atinjamos um acordo geral de
rearmonização e, então, iniciar uma era nova, em que a criança receba realmente aquele
amparo de que necessite e a que tem direito, para que nunca venhamos a condenar
indebitamente, os mais jovens.
Francisco Cândido Xavier – Entrevistas – Cap. 10: Pais e Filhos
Claro que a qualidade do relacionamento é muito importante, mas qual o mínimo de
tempo considerado ideal?
Dez minutos por dia?
Três ou quatro beijinhos sôfregos antes de sair correndo ou ao voltar do trabalho e
encontrar a criança já na cama, banhada e alimentada?
Isso é qualidade? E nos fins de semana? Trazer trabalho para casa e ficar o fim de
semana inteiro plugado no computador, resolvendo os problemas da firma e pedindo silêncio,
às vezes irritado porque precisa trabalhar?
Alguém já fez uma planilha e se deu conta de quanto tempo fica com os filhos por dia,
por semana, por mês?
Já pensou o que isso vai significar no final de um ano ou de toda a infância?
Qual o percentual de presença que você está dando para seus filhos?
José Martins Filho – A Criança Terceirizada – Cap. 6: Os descaminhos das Relações
Familiares no mundo contemporâneo.
3
Nota: José Martins Filho é o médico pediatra, neonatologista, professor titular emérito de
pediatria da Unicamp, na qual foi reitor da universidade entre os anos de 1994 e 1998.
O livro O Executivo & sua Família, afirma – “o sucesso dos pais não garante a
felicidade dos filhos”, do psiquiatra e psicoterapeuta Içami Tiba
Por isso, afirma Tiba, “o melhor investimento não é o plano de previdência privada,
mas sim o relacionamento com os filhos”. Se não for assim, diz o autor, “a pessoa corre o
risco de acabar num asilo, rica, mas sem afeto”.
(...) Tiba chega a afirmar que, às vezes, os filhos formam-se de tal maneira distante da
própria família que nem adquirem seus valores nem absorvem o espírito da formação de um
lar.
Carlos Abranches – Revista Reformador – 1999 – Julho: Sucesso no Trabalho,
fracasso em Casa
Não importa a idade física de teus filhos ou tutelados.
Ausculta-lhes as tendências e aspirações, oferecendo-lhes na frase amiga a luz de
tuas próprias experiências, de modo a auxiliá-los, tanto quanto possível, a sentir raciocinando
e a discernir o rumo exato que se lhe descerre à frente, nas sendas que lhes caiba trilhar.
Todavia, não deixes o diálogo amigo tão somente para os dias de aflição, quando a
crise haja surgido, estabelecendo desastre e sofrimento nos trilhos da experiência doméstica.
Mantém o hábito de conversar frequentemente com os seres amados, praticando a
caridade da cortesia e da tolerância, e reconhecerás sem dificuldade que, muitas vezes, alguns
simples minutos de diálogo afetuoso, na paz do cotidiano, conseguem realizar verdadeiros
prodígios de tranquilidade e segurança, francamente inabordáveis por longos e longos meses
de azedume ou de discussão.
Emmanuel – Vida em Vida – Cap. 9: Dialogo no Lar
Dialoga com teus filhos com lúcida argumentação, ouvindo o que têm a dizer-te, com
tranquilidade e compreensão, fazendo-os sentir que o nosso percurso humano é por demais
meteórico e deveremos aproveitar o mundo para aprender e empreender o melhor, porque, como
cidadãos do Universo, os lares da imensidão nos aguardam, e todos nós, pais, filhos e irmãos
na Terra, em realidade somos todos irmãos em Deus, na marcha determinada para a felicidade.
Camilo – Revelações da Luz: Cap. 19 – Que Fazes de Teu Filho?
4
O que vem acontecendo, quase sempre, nas estruturas do mundo, é uma interpretação
equivocada de como deve ser o nosso relacionamento com os nossos filhos. Muitas vezes, os
enchemos de proteção. Protegemos de tal forma os filhos que eles ficam incapazes, não sabem
dar um passo por si mesmos, não sabem dizer nada sem olhar para nós e pedir permissão com
o olhar.
Tornam-se criaturas completamente verdes, flores de estufa, na grande construção da
vida. Certamente sofrerão. Quantas são as vezes em que os enchemos de dinheiro. Para nossos
filhos não falta nada, não falta coisa alguma. Não faltam as coisas.
É importantíssimo que percebamos se, isto é, o devido, se deveríamos encher os nossos
filhos de recursos pecuniários, de mesadas, de dinheiro para que eles aprendam a ganhar sem
fazer qualquer esforço, aprendam a ter coisas que outros trabalharam por eles. Para eles, na
medida em que o tempo passe, a vida terá que ser assim: Alguém trabalha para mim, eu usufruo.
Começaremos a criar os nossos filhos com essa mentalidade de que eles só exigem, só
querem. Apenas cobram e os pais, na condição de Banco Central, de Caixa
Econômica, de burra, de recursos amoedados. Mas não foram nossos filhos que se fizeram
assim. Nós os estamos acomodando a esse status quo.
Outras vezes, enchemos nossos filhos de coisas, de bugigangas, damos-lhes os carros
que eles querem, as motos que eles querem, as roupas que eles querem, as marcas que eles
querem e, para isso, nos desdobramos trabalhando, fazendo extra, tendo que tirar de algum lugar
para locupletar a vontade dos filhos.
(...) Quantas e quantas vezes fazemos com os nossos filhos como na brincadeira das
cabras-cegas. Vendamos-lhes os olhos para a realidade do mundo, rodopiamos nossos filhos
em torno das quinquilharias da Terra e os soltamos. E eles se acharão completamente tontos. A
tendência será errar o caminho, a tendência será cair, perder-se.
(...) Nunca sabemos quem são os nossos filhos. Não foi por outra razão que Jesus Cristo,
ao conversar com Nicodemos, de acordo com o Evangelho de São João, lhe disse: O Espírito
sopra onde quer, não sabemos de onde vem nem para onde vai, de que realidades experienciais
ele vem, para que realidades experienciais ele vai. Por causa disso, vale a pena termos cuidado
com o tipo de norte que estamos dando aos nossos filhos.
Imaginando que seus filhos sejam seus pertences, são muitos os pais, são muitas as mães
que os criam como se os fossem colocar numa redoma e venerá-los para sempre aos seus pés.
Nossos filhos são aves que devem voar, singrar altos céus, missionários que todos eles são, em
nível alto, em nível mais simples e para isto devemos cooperar.
Raul Teixeira - Programa Vida e Valores, de número 184 – 2009 - Federação
Espírita do Paraná
5
Em todas as situações, ouve teus filhos com afetuoso apreço. E auxilia-os a seguir
pela estrada que julguem mais adequada ao que anseiam fazer, na base da consciência
tranquila.
Todos estamos no endereço de Deus, entretanto cada um de nós transita em estrada
diferente para chegar ao destino.
Não provoques o desespero dos filhos pela imposição das ideias que te modelam a
experiência.
Tempera o calor da disciplina com a bênção da brandura.
De qualquer modo e quaisquer que sejam as circunstâncias, compadece-te de teus
filhos para que eles se compadeçam de ti.
Emmanuel – Caminhos de Volta – Cap. 9: Vocação dos filhos
A convivência entre filhos e pais é recurso psicoterapêutico valioso, trabalhando o
inconsciente de ambos, de maneira a serem superadas as reminiscências negativas que possam
ressumar, programando a reconciliação e o bem-estar através do amor incessante, delineador
da felicidade tio grupo.
(....) Somente no relacionamento doméstico é possível a preparação para a fraternidade
generalizada, desde que, no grupamento familiar, de menor dimensão, onde todos se conhecem
e se podem desculpar com mais facilidade, são trabalhados os sentimentos e superadas as
exigências do ego, dando lugar aos interesses gerais que farão bem igualmente a cada indivíduo.
Joanna de Angelis – Constelação Familiar: Cap. 4 - Os Filhos
Em meu livro “Amor, Casamento & Família”, refletindo sobre a natureza dos
componentes da família, considerando os fenômenos da atração afetiva que caracteriza os lares,
exprimindo a realidade espiritual de seus integrantes, propus, como hipótese de trabalho, três
categorias de grupos familiares: famílias relativamente compensatórias, famílias afetivamente
amorfas e famílias afetivamente passionais.
As famílias afetivamente compensatórias, embora grandemente diferenciadas entre
si, apresentam uma unidade emocional, psíquica, intelectual e moral, razoavelmente equilibrada
e produtiva.
As famílias afetivamente amorfas apresentam um relacionamento insatisfatório,
instável e embora não atinjam níveis de conflitos angustiantes, também não estimulam a
formação de liames profundos. A interação é insuficiente para gerar uniões permanentes e por
isso tendem a se desagregar.
6
As famílias passionais são marcadas pela reunião de Espíritas traumatizados,
conflitados entre si, gerando desajustes que atingem o clima de tragédia, desde as que
ocultamente dilaceram o coração, até as agressões abertas e os crimes.
Estatisticamente, as famílias afetivamente amorfas são a maioria, enquanto as
afetivamente compensatórias e as passionais permanecem nos extremos minoritários.
Esse quadro demonstra que existe todo um espaço a ser trabalhado na reformulação das
ideias. Que a grande maioria dos componentes das famílias afetivamente amorfas permanece
num estágio de estagnação pessoal e afetivo, sem estimulação própria para superar o apelo à
futilidade.
O sofrimento, o isolamento afetivo não produz neles, imediatamente, respostas de
eliminação, mas de esquiva.
Enquanto que os componentes das famílias compensatórias e passionais, por possuírem
a paixão, poderão prosseguir no seu aperfeiçoamento ou reverter os fatores negativos com maior
facilidade, se encontrarem oportunidade de estimulação adequada.
Jaci Regis – Abertura – Jornal de Cultura Espírita, outubro de 1996. Licespe –
Santos–SP – O Espiritismo e a Família Perante o Século 21
Convicto de que trazes espirituais compromissos com teus herdeiros, nunca te inibas
quando os tenhas de abordar.
Senta-te com eles e demonstra a alma sensível que és. Não te faças distante dos teus
filhos. Abraça-os, beija-os, envolve-os com ternura, pois na Terra terás pouco tempo para
expressar-lhes todo o teu amor.
Nunca te envergonhes de falar aos teus filhos sobre as tuas fragilidades - naturalmente
observando os níveis de sua maturidade, - sobre as lutas que travas portas adentro da alma, dos
teus medo e inseguranças, para que eles sintam que seus genitores são homens e mulheres
normais, e, por sua vez, procurem ajudar-te com os recursos de que já disponham.
Evitarás, assim, a falsa postura de super-homem ou de mulher-maravilha, que não
sofrem, não choram, não perdem e não cometem erros.
Os pais não se devem esconder sob capas de super-heróis, porque é comum que não
suportem manter a posição por muito tempo, o que leva os filhos a terríveis frustrações, quando
passaram longo tempo de suas vidas acreditando nos poderes especiais de seus pais.
Faze-te, pai ou mãe, mais fácil para os teus filhos. Importante que sejam mais acessíveis
à conversa, aos diálogos, às trocas de ideias. Em nada essa prática diminuirá as figuras paterna
e materna ou o respeito.
Camilo – Minha Família, o Mundo e Eu: Cap.3 – Sobre os Teus Filhos
7
Deploravelmente, invertendo por completo, a hierarquia dos valores reclamados pelos
filhos, Pais existem que só se preocupam com o futuro deles e, no afã de preparar-lhes
“dias melhores”, isto é, uma vida de luxo e regalos, esquecem-se do essencial, que é
proporcionar-lhes, no presente, aquele ambiente repleto de amor, compreensão, ternura, paz e
alegria, indispensável a uma boa educação, isenta dos problemas de personalidade.
(...) Quantas vezes, a falta de diálogo com os filhos e, consequentemente, o
desconhecimento do que lhes vai pela alma, tem feito com que interpretemos mal suas atitudes,
julgando-as agressivas e desrespeitosas, quando não passam de apelos dramáticos para que
nos apercebamos de que eles existem?
E quantas outras, ao se sentirem perplexos face a uma situação inusitada, precisariam
não que lhes aumentássemos a “mesada” ou que os presenteássemos com um carro novo, mas
simplesmente que nos sentássemos a seu lado e nos dispuséssemos a ouví-los, pelo menos
durante quinze ou vinte minutos?
Como pretender, pois, que eles nos estimem e nos demonstrem gratidão, a traduzir-se
por uma conduta irreprochável, se o que recebem de nós são migalhas afetivas nem sempre
dadas de boa vontade, insuficientes para saciar a fome de carinho que os consome?
Rodolfo Calligaris – A Vida em Família – 2º Parte – Relacionamento entre Pais e
Filhos – Item: Preservemos os vínculos Familiares.
Os diálogos pessoais, no momento, cedem lugar às comunicações eletrônicas, o prazer
da convivência entre os amigos é transferido para as mensagens ligeiras, ortograficamente
incorretas e atentatórias à boa linguagem.
Diz-se que são os novos tempos e, sem dúvida, trata-se de um novo período no processo
sociológico e psicológico da Humanidade, lamentavelmente com resultados bastantes afugentes
para os seus áulicos.
A falta de comunhão fraternal, de conversação edificante, de estudos sociais abrangentes
com objetivos libertadores caracteriza o crepúsculo desta civilização, em um claro-escuro de
sentimentos, enquanto surge nova madrugada anunciando outros valores que estão esquecidos,
mas que são de sabor e significado permanente.
Joanna de Ângelis – Liberta-te do Mal - Cap. 4 – Tempo Mental
8
Faze de teu filho o melhor amigo se desejas um continuador para os teus ideais.
Que será de ti se depois de tua passagem pela carne não houver um cântico singelo de
agradecimento endereçado ao teu Espírito, por parte daqueles que deves amar?
(...) Ama teu filho e faze dele o teu confidente e companheiro.
E, quanto puderes, com o teu entendimento e com o teu coração, auxilia-o, cada dia,
para que te não falte a visão consoladora da noite estrelada na hora do teu repouso e para que
te glorifiques, em plena luz, no instante bendito do sublime despertar.
Emmanuel – Trilha de Luz – Cap. 12: Página do irmão mais velho
Auxilia a criança, não apenas a sorrir, mas também a se educar.
Aprendamos a não gritar e sim conversemos.
Não te esqueças: a união começa de casa, mas a calma geral começa em ti mesmo.
Emmanuel – Calma – Cap. 14: Rusgas Domésticas
Acostuma-te a dialogar com teus filhos, tão logo comecem a se comunicar contigo,
ainda que da forma mais rudimentar.
Não os temas quando gritem, quando batam portas, quando se trancafiem e não
compareçam às refeições, quando fechem o cenho ou quando chorem copiosamente. Não há
por que temê-los.
Importante será entendê-los, retornando à realidade de que são reencarnados, trazendo
do seu pretérito as rebeldias, os destemperos, as manias e quejandos, a fim de que, pouco a
pouco, possam corrigir esses dislates sob o comando do teu amor responsável.
Dialoga, apresenta teus raciocínios, argumenta ou contra argumenta, nada obstante
também eles devam ser levados a se expressar, exteriorizando anseios, sonhos e agonias.
Indispensável ouvi-los, sem que sejam transformados em reizinhos ou princesinhas,
sempre com a última palavra na relação familiar, convertidos em criaturas mimadas e
caprichosas, o que seria fatal no processo da sua formação moral tanto para a família quanto
para a sociedade, uma vez que eles mesmos se tornariam pessoas muito infelizes.
Aprende, pai ou mãe, a fazê-los também ouvintes do que tenhas a lhes dizer, quando
lhes fales sem arrogância, sem crueldade, sem autoritarismo, sem aranzéis, sem gritarias ou
encenações de todo indevidas, quanto dispensáveis.
(...) Crê, contudo, que tantos tormentos que encontra hoje, aqui e, ali, no íntimo de tantos
lares, devem-se ao relaxamento, ao descaso para com a educação, tida por muitos como algo
dispensável e cerceadora da liberdade.
9
Não adiras a essa onda e deixa-te conduzir pelo pensamento luminar do Cristo ao propor:
Deixai que venham a mim os pequeninos ...
Camilo - Nos Passos da Vida Terrestre - Cap. 8 - Descaso na Educação
Em "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec recebe dos Espíritos a informação de que a
paternidade é uma verdadeira missão e, mais do que isto, que é um grandíssimo dever e que
envolve, mais do que pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro, conforme
notamos na questão 582.
Acredito que a questão grave não seja a situação em que a mãe precisa trabalhar fora do
lar, mas sim, como fará ela a necessária compensação, quando ao lar retorna.
É certo que admitimos que a ausência da mãe sempre provocará, sobre os filhos
pequenos, processos de carências que ninguém suprirá devidamente. De acordo com o tipo de
Espírito, essas carências poderão atingir índices altos de transtornos na formação da
personalidade infantil, a desaguar nos desajustes da adolescência, quando não corrigidos a
tempo.
Faz-se, assim, importante que a mãe que trabalhe fora de casa, empreenda maiores
esforços para envolver a criança, atendê-la, entendê-la, ajudá-la em seus trabalhos
escolares, dialogando sempre. Enfim, torna-se imprescindível que os pais, e particularmente
a mãe, conversem com as crianças sobre as razões ponderáveis.
Não deverão os pais, em chegando ao lar, fixarem-se nas intermináveis novelas, em
leituras de jornais delongadas, irritando-se com a aproximação ou solicitação dos pequenos, aos
quais, antes deveriam buscar para aconchegá-los.
Nesses casos, depois que os pais cheguem em casa, eles próprios superarão o cansaço
para cuidarem, com atenção e carinho, dos filhos que ficaram sem eles durante todo o dia, ou
grande parte do dia. Os finais de semana, igualmente, deverão ser passados junto dos filhos,
aproveitados na companhia deles, salvo em casos de necessidade imperiosa que determina o
contrário.
Necessário se faz renunciar a alguns prazeres e divertimentos, enquanto os filhos disto
careçam, a fim de formá-los no equilíbrio para o futuro, agindo dentro da orientação espírita,
de acordo com o que nos lembra a Codificação Espírita.
Raul Teixeira – Entrevista em Catanduva-SP – Jornal Mundo Espírita – 1986 –
Agosto
10
(...)
Pouca gente se dará conta de que esses menores abandonados não são apenas os que
nascem nos guetos, nas favelas, mas todos aqueles que deixaram de receber de alguma
maneira, o suporte, a atenção, o respaldo sejam da família, seja dos governos, seja da
sociedade em geral.
É dessa maneira que vamos encontrando menores abandonados que nunca poderíamos
supor que o fossem. Porque eles estão dentro dos lares, com seu pai, com sua mãe, com seus
irmãos, mas costumeiramente são órfãos. Órfãos sociais, órfãos, diríamos, de pais vivos.
E quando é que essa situação passará a ocorrer? Quando é que teremos esses órfãos de
pais vivos?
Todas as vezes que eles recebam desses pais coisas, mas não tenham propriamente
os pais. Seja pelo motivo que for. Se essas crianças, se esses moços estiverem fadados a crescer
nas mãos de servidores domésticos ou nas mãos da via pública, sob o impacto das violências
cotidianas das ruas da cidade, serão menores abandonados.
Abandonados pelos pais, que nunca têm tempo para conversar com eles, para dialogar
com eles, de explicar-lhes os perigos encontrados pelas avenidas do mundo nas pessoas que
não merecem confiança. Serão menores abandonados pelas autoridades que pouco se
preocupam com o menor em si.
(...)
Nós temos tantos menores abandonados nas ruas, como os temos nos lares, onde os pais
lhes dão brinquedos, brindes, viagens, dinheiro, carros, motos, mas não lhes dão o coração.
(...)
Aqueles meninos, meninas que vivem dentro de casa com seu pai, com sua mãe, apenas
como um dado. É que esses pais são sempre ausentes, seja pelo trabalho, seja pela vida social
intensa que levam, seja porque motivo for.
Esses moços, essas crianças, esses jovens ou adolescentes, o que é que deverão pensar,
o que é que lhes passa pela cabeça?
Parecerá que eles são verdadeiros estorvos na vida dos seus pais. Porque os pais nunca
têm tempo para eles. Sempre coisas muito rápidas para atender a necessidades econômico-
financeiras, para dar-lhes dinheiro, para ouvir a respeito de alguma das suas necessidades.
Aqueles que têm casa, que têm pão, que têm comida, que têm roupa, que têm quase
tudo, mas lhes falta o amor dos pais, cabe-nos pensar no estilo de apoio que estamos dando às
nossas crianças, nossos filhos, nossos menores.
E, honestamente, verificarmos se, apesar de todas as coisas que lhes damos, se não
estamos convertendo nossos filhos em outros tantos menores abandonados.
11
Raul Teixeira – Programa Vida e Valores, de número 105 – Federação Espírita do
Paraná – Menores Abandonados
O importante na tarefa de administrar o relacionamento “pais filhos” está na
nítida convicção da realidade espiritual. Ou seja, a de que trazemos em nós um vasto e pouco
explorado universo inespacial extremamente rico em potencialidades, cujo conhecimento muito
poderá ajudar-nos a entender melhor aquilo a que costumo chamar de o oficio de viver.
Hermínio de Miranda – Nossos Filhos são Espíritos – Cap. 28
12
O relacionamento no lar constitui preparação para as conquistas da solidariedade
com todos os seres, não apenas os humanos, porquanto o desenvolvimento dos valores
intelecto-morais proporciona aspirações mais amplas que vão sendo conquistadas à medida que
o indivíduo amplia a capacidade volitiva de amar.
(...) Mede-se o desenvolvimento e a maturidade psicológica de uma pessoa, quando
o seu relacionamento no lar é positivo, mesmo que enfrentando clima de hostilidade ou de
indiferença, que o prepara emocionalmente para outros cometimentos na convivência social.
(...) Representando a família a mais valiosa célula do organismo social, é nela que se
encontram os Espíritos necessitados de entendimento, de intercâmbio de sentimentos e de
experiências, de forma que o lar se faz sempre a escola na qual os hábitos irão definir todo
o rumo existencial do ser humano.
(...) Por serem profundos e inevitáveis os relacionamentos domésticos, positivos ou não,
apressam o desenvolvimento da afetividade que prepondera, quando negativos, em forma
reagente, porém viva, e quando saudáveis, em mecanismos de evolução que apressa a lídima
fraternidade.
(...) Quando, porém, alguém não consegue evitar os constrangimentos domésticos,
porque outrem – aquele a quem desejaria ser simpático – se recusa à mudança de atitude hostil,
é possível tornar o problema um valioso recurso para a prática de tolerância, tentando
compreender a sua dificuldade, desculpando-o pelo estágio primário em que ainda permanece,
mas tratando de não se deter no aparente impedimento, e crescendo sem amarras emocionais
com a retaguarda.
(...) Quando não vicejam sentimentos felizes na família – que se apresenta dispersiva ou
sempre mal disposta, egoísta ou agressiva –, a melhor terapia para um bom relacionamento
é aquela que não envolve as emoções, evitando-se dilacerações sentimentais, porquanto os
menos equipados de grandeza moral são insensíveis às palavras e aos gestos de ternura,
caracterizando-se pela forma brutal de comportamento.
(...) Os relacionamentos familiares são particulares testes para a fraternidade,
desde que o campo é fértil para as discussões, as agressões, as discrepâncias, mas também para
a compreensão, a ajuda recíproca, o interesse comum, mediante cujas ocorrências, dá-se
naturalmente a integração do ser na convivência social.
(...) A fornalha mais preciosa para o amoldamento do caráter e da personalidade é
o lar.
13
Quando esse falta, deixando o ser em formação em mãos estranhas ou ao abandono, o
sofrimento marca-lhe o desenvolvimento psicológico, que passa a exigir terapia de amor
muito bem direcionada, evitando-se os apelos de compaixão, de proteção injustificada, para se
tornar natural, franco, encorajador, e que faculte a compreensão do educando sobre o fenômeno
que lhe aconteceu, mas em realidade não lhe pode afetar a existência, desde que se trata de uma
ocorrência proposta pelas Leis naturais da Vida.
O ser humano, em qualquer fase do seu desenvolvimento na Escola terrestre, é sempre
aprendiz sensível a quem o amor oferece os mais poderosos recursos para a felicidade ou para
a desdita, dependendo de como esse seja encaminhado.
O lar, desse modo, é oficina de crescimento moral e intelectual, mas sobretudo
espiritual, que deve ser aprimorado sempre, abrindo espaço para tornar-se célula eficiente da
sociedade.
Joanna de Angelis – O Despertar do Espírito – Cap.: Relacionamentos Familiares
Somente através de uma convivência positiva, que resulte agradável, é que se podem
formar relacionamentos saudáveis, que resultam em harmonia no grupo, em interesse sincero
em favor do bem-estar de todos.
O isolamento a que se entregam os indivíduos contemporâneos, especialmente nestes
dias de comunicação virtual, trabalha em favor de conflitos mais graves do que aqueles
que já se lhes instalaram, empurrando-os para distanciamentos físicos cada vez maiores, em
que perdem a sensibilidade da convivência, o calor da amizade, e os anseios que os movem são
sempre pertinentes aos interesses financeiros, aos gozos sexuais, quando não, às perversões que
grassam avassaladoras.
Quando esse isolamento não decorre da fuga para a convivência virtual, os conflitos
existentes nessa pessoa afastam-na do meio social, da intimidade na família, procurando
justificações para entregar-se ao sofrimento, quando não tombando em depressão.
Os relacionamentos, portanto, devem iniciar-se no próprio meio familiar, no
interesse pelo que ocorre em relação ao grupo sanguíneo, no qual se renasceu, participando das
atividades domésticas e das preocupações, procurando solucionar os problemas e as
dificuldades, enfim, movimentando-se de maneira edificante na constelação do lar.
Mais facilmente se torna partir do simples para o complexo, da família para o vizinho,
do grupo de interesses comuns para as aspirações da sociedade, oferecendo-se de maneira ativa
para tornar melhores os dias da existência, em relação à própria como às que se referem às
demais pessoas.
Joanna de Angelis – Constelação Familiar – Cap. 16: Relacionamentos Sociais
14
Mesmo havendo dificuldades e problemas, como é perfeitamente natural, esses devem
ser examinados com naturalidade, sem os extremos da revolta ou os escamoteamentos para
disfarçá-los, dando-se uma falsa idéia de que tudo está bem.
Quando não ocorrem os hábitos de confiança e de lealdade na convivência
doméstica, a família começa a desestruturar-se, avançando para o desmoronamento.
É imprescindível, portanto, que antes de tal acontecimento todos os seus membros
estejam informados das ocorrências que têm lugar no ninho familiar, de forma que os mesmos,
em conjunto, contribuam, conforme possam, para solucionar as dificuldades e ampliar os bons
resultados do trabalho desenvolvido.
As experiências que se vão acumulando nos relacionamentos domésticos serão,
mais tarde, automaticamente transferidas para a convivência fora do lar, quando as lutas
são mais severas e a ausência de parâmetros da afetividade concorre para as definições em torno
daqueles que devem ser eleitos como amigos, em relação aos demais que passarão a ser
conhecidos apenas, credores de consideração, mas não de confiança ou de intimidade.
Nesse ambiente de entendimento familiar, todos auxiliam-se reciprocamente, nas
atividades domésticas, nos trabalhos escolares, nas preocupações de sustentação
econômica, evitando-se exageros de gastos e de consumismo, sempre perturbadores e
responsáveis por situações aflitivas em relação ao futuro.
A consciência coletiva na família é o resultado da participação de todos os seus
membros nas ocorrências diárias, facultando o trabalho geral e ordeiro de preservação do afeto
e da manutenção do respeito.
Sendo a família constituída por espíritos de diversas procedências, alguns dos quais
cobradores de débitos anteriores, é compreensível que se manifestem com azedume, constante
insatisfação, agressividade ou reagentes aos planos de entendimento coletivo.
Será sempre este membro o criador de problemas, o reclamador, o calceta, o rebelde...
Fragilizado espiritualmente, corre o perigo de tombar na fuga pelas drogas, pelo álcool, e, na
sua insegurança, iniciar-se no furto, como recurso psicológico para chamar a atenção.
Torna-se, então, um verdadeiro desafio familiar, que deve ser levado em consideração,
numa representação diminuta em relação ao que será encontrado multiplicadamente na
sociedade fora do lar, que exigirá comportamento equilibrado e desafiador.
A família, portanto, é a célula primordial do grupamento social, o reduto onde se
forjam os sentimentos e as qualificações para os relacionamentos humanos em toda parte.
Manter-se, desse modo, uma convivência agradável e louçã, é a regra de bem proceder
no lar, para os enfrentamentos coletivos no futuro.
Joanna de Angelis – Constelação Familiar – Cap. 17: Relacionamentos Familiares
15
1.1.2 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Geração de Pais
1.1.2.1 Geração Asa e Pescoço
a. Pais hipersolícitos
Nós, Pais, criamos os filhos procurando dar-lhes o melhor.
Fizemos de tudo para que não sofressem o que nós tínhamos sofrido. Porém, o que tenho
observado na sociedade e no consultório levou-me a concluir que tais gestos de amor mais
prejudicaram que ajudaram na formação dos jovens.
Portanto, foram erros de amor.
Os Pais, hoje, são hipersolícitos, deixam a criança fazer o que quiser, toleram e relevam
os erros dela, colocam-na sempre em primeiro lugar, não estabelecem limites para suas ações,
fazem por ela o que ela mesma teria de fazer.
São gestos de amor, mas inadequados, pois dessa forma os pais não a educarão para que
viva em sociedade.
Algum pai se lembra de como os filhos obedeciam só pelo olhar do pai? O pai era uma
autoridade suprema, um patriarca.
Quando havia frango no cardápio, quem comia a melhor parte, peito e coxa, era o pai.
Para nós, filhos, sobravam asa e pescoço. E hoje, pais que somos, não queremos que nossos
filhos comam asa e pescoço, como nós havíamos comido, portanto nos empenhamos em lhes
dar o melhor. O que eles comem?
Peito e coxa. E o que sobra para nós? Asa e pescoço.
Somos, portanto, a geração asa e pescoço, ou seja, uma geração-sanduíche, sufocada de
asa-e-pescoço entre duas gerações de peito-e-coxas.
b. Pães: Pais com a função de mães
As crianças começam a se acostumar com o pai carregando sua mochila, tarefa antes
exclusiva da mãe. Com frequência podemos observar, em áreas sociais como as praças de
alimentação dos shoppings, crianças que dão respostas mal-educadas ao Pai e, não raro, tapas
no rosto dele quando não atendidas.
É a tirania despontando.
16
1.1.2.2 Geração Peito e Coxas
a. Avós patriarcas: geração peito-e-coxas. Criaram uma geração de pais
sufocados. Que criou uma geração de netos folgados.
b. Crianças príncipes. Pais criam verdadeiros príncipes (outra geração peito-e-
coxa), que se transformam em tiranos. (criam “crionças”).
Do alto de seus 2 anos de idade, aquele nanico consegue desafiar a mãe, até que ela
cede: "Tá bom, só dessa vez...”
Quer dizer: outra vez ele venceu. Venceu porque ela mesma decretou a sua falência,
passando então a autoridade para o catatau.
É assim que a criança aprende que basta fazer birra para confirmar seu poder.
Sem entender os porquês de a mãe negar-lhe algo, ela aprende a não tolerar frustrações.
Não consegue "passar vontade", isto é, querer algo e não ter.
c. Adolescentes, “aborrescentes”: Dificuldade muito grande de assumir
compromissos: “A escola é boa o que atrapalha são as aulas”; não querem a
Escola, querem a Turma.
Um aborrescente não nasce da noite para o dia. Antes ele já, foi uma “crionça” (mistura
de criança com onça).
Talvez uma crioncinha linda naquele tempo em que os pais a deixavam fazer tudo. O
pobrezinho começava a chorar, logo ofereciam colo. Qual é a criança que não gosta de colo?
Pode não resolver o que provocou o choro, mas dá certa tranquilidade. Assim, aprende que é
mais importante o alívio do sofrimento do que a resolução do problema.
Percebemos, então, que não é assim tão de repente que o adolescente decreta: "Eu quero,
eu faço, e ponto final".
O fato de sermos Pais biológicos não nos capacita a educar nossos filhos. Somos Pais
silvestres, educadores sem capacitação, pois há muita informação disponível para quem estiver
interessado.
Ainda há tempo de fazer valer o não. Educação é um fenômeno vivo. A cada momento
podemos evoluir e fazer mudanças.
Içami Tibo – Juventude & Drogas – Cap. 5 - Anjos Caídos
17
1.1.3 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Pais
Estudos científicos relacionados à educação familiar, iniciados a partir da década de 60,
indicam que há três protótipos básicos de Pais: o autoritativo, o autoritário e o permissivo.
FEB - Campanha Nacional Antidrogas – Cap. 3: Influência da família e do meio
social
1.1.3.1 Autoritativo
• Tentam direcionar as atividades dos filhos de maneira racional e orientada; ouvem-
lhes as solicitações e procuram atendê-las de acordo com o plano de boa conduta
estabelecido na família.
• São responsivos e, também, exigentes.
Nunca te envergonhes de falar aos teus filhos sobre as tuas fragilidades - naturalmente
observando os níveis de sua maturidade, - sobre as lutas que travas portas adentro da alma, dos
teus medo e inseguranças, para que eles sintam que seus genitores são homens e mulheres
normais, e, por sua vez, procurem ajudar-te com os recursos de que já disponham.
Evitarás, assim, a falsa postura de super-homem ou de mulher-maravilha, que não
sofrem, não choram, não perdem e não cometem erros.
Os pais não se devem esconder sob capas de super-heróis, porque é comum que não
suportem manter a posição por muito tempo, o que leva os filhos a terríveis frustrações, quando
passaram longo tempo de suas vidas acreditando nos poderes especiais de seus pais.
Faze-te, pai ou mãe, mais fácil para os teus filhos. Importante que sejam mais acessíveis
à conversa, aos diálogos, às trocas de ideias. Em nada essa prática diminuirá as figuras paterna
e materna ou o respeito.
Camilo – Minha Família, o Mundo e Eu: Cap.3 – Sobre os Teus Filhos
1.1.3.2 Autoritário
• Definem, controlam e avaliam o comportamento dos filhos de acordo com regras de
conduta pré-estabelecidas, em geral, absolutas; estimam a obediência irrestrita, por
considerá-la virtude, e aplicam medidas punitivas para lidar com as desobediências ou
conflitos identificados na relação pais-filhos.
• São exigentes e não responsivos.
18
1.1.3.3 Permissivo
• Pais permissivos podem ser subdivididos em dois tipos: indulgente e negligente
o Os permissivo-indulgentes são excessivamente tolerantes, "maquiam" a
realidade e sempre apresentam desculpas para os comportamentos
inconvenientes dos filhos.
o Pais permissivo negligentes não são exigentes nem responsivos. São
irresponsáveis em relação à educação dos filhos, ausentes e indiferentes.
19
1.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Depoimentos – Acertos e Desacertos
1.2.1 De um Pai Encarnado
O pai moderno, muitas vezes perplexo, aflito, angustiado, passa a vida inteira correndo
atrás do futuro e se esquecendo do agora. Na luta para edificar este futuro, ele renuncia ao
presente. Por isso, é um homem ocupado, sem tempo para os filhos, envolvido em mil
atividades — tudo com o objetivo de garantir o seu amanhã.
É com que prazer e orgulho, a cada ano, ele preenche sua declaração de bens para o
Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito esforço, muito trabalho.
Lote, casa, apartamento, sítio — tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas ele está
sedimentando o futuro da sua família. Se ele parte um dia, por qualquer motivo, já cumpriu sua
missão e não vai deixar ninguém desamparado.
E para ir escrevendo cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta
com um emprego só — é preciso ter dois ou três; vender parte das férias, em vez de descansar
junto à família; levar serviço para fazer em casa, em vez de ficar com os filhos; e é um tal de
viajar, almoçar fora, discutir negócios, marcar reuniões, preencher a agenda — afinal, ele é um
executivo dinâmico, faz parte do mundo competitivo, não pode fraquejar.
No entanto, esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens, o valor
mais alto, aquele que efetivamente conta, está em outra página do formulário do Imposto de
Renda — mais precisamente, naquelas modestas linhas, quase es condidas, onde se lê “relação
dos dependentes”.
Aqueles que dependem dele, os filhos que ele colocou no mundo, e a quem deve dedicar
o melhor de seu tempo.
Os filhos são novos demais, não estão interessados em lotes, casas, salas para alugar,
aumento da renda bruta — nada disso.
Eles só querem um pai com quem possam conviver, dialogar, brincar.
Os anos vão passando, os meninos vão crescendo, e o pai nem percebe, porque se
entregou de tal forma ao trabalho - vulgo construção do futuro - que não viveu com eles, não
participou de suas pequenas alegrias, não os levou ou buscou no colégio, nunca foi a uma festa
infantil, não teve tempo para assistir à coroação da menina — pois um executivo não deve
desviar sua atenção para essas bobagens. São coisas de desocupados.
Há filhos órfãos de pais vivos, porque estão “entregues” - o pai para um lado, a mãe
para o outro, e a família desintegrada, sem amor, sem diálogo, sem convivência. E é esta
convivência que solidifica a fraternidade entre os irmãos, abre seu coração, elimina problemas,
resolve as coisas na base do entendimento.
20
Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos, porque correm de um lado para o
outro o dia inteiro — ginástica, natação, judô, balé, aula de música, curso de Inglês, terapia,
lição de piano, etc. — e só se encontram de passagem em casa, um chegando, o outro saindo.
Não vivem juntos, não saem juntos, não conversam — e, para ver os pais, quase é
preciso marcar hora.
* * *
Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a única mensagem que
tenho para dar — e que tem sido repetida exaustivamente em paróquias, encontros familiares,
movimentos e entidades — é esta: não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos
filhos.
Dos 18 anos de casado, passei 15 anos correndo e trabalhando, absorvido por muitas
tarefas, envolvido em várias ocupações, totalmente entregue a um objetivo único e prioritário:
construir o futuro para três filhos e minha mulher. Isso me custou longos afastamentos de casa,
viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugadas no estúdio da televisão, uma vida
sempre agitada, atarefada, tormentosa, e apaixonante na dedicação à profissão escolhida — que
foi, na verdade, mais importante do que minha família.
E agora, aqui estou eu, de mãos cheias e de coração aberto, diante de todos vocês, que
me conhecem muito bem. Aqui está o resultado de tanto esforço: construí o futuro,
penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda do Luiz Otávio.
De que valem casa, carros, sala, lote, e tudo o mais que foi possível juntar nesses anos
todos de esforço, se ele não está mais aqui para aproveitar isso com a gente?
Se o resultado de 30 anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio, e desses
bens todos não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância, não ia
provocar o menor abalo em nossa vida, porque a escala de valores mudou, e o dinheiro passou
a ter um peso mínimo e relativo em tudo.
Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura e a saúde de um filho amado, para que
serve ele? Para que ser escravo dele?
Eu trocaria — explodindo de felicidade — todas as linhas da declaração de bens por
uma única linha que eu tive de retirar, do outro lado da folha: o nome do meu filho na relação
dos dependentes. E como me doeu retirar essa linha, na declaração de 1983, ano-base de 82.
Hélio Fraga - Família, último lugar? – Cap. 1 – Declaração de Bens
21
Nota:
1- Versões criminosamente falsificadas desta crônica (Declaração de Bens) circulam
pela Internet e em diversas publicações. Algumas das versões plagiadas acrescentam ao texto
original que Luiz Otávio morreu drogado e que teve uma irmã Priscila, que fugiu de casa.
O filho de Hélio Fraga, Luiz Otávio, faleceu aos 12 anos, em novembro de 1982,
vítima de tumor cerebral (meduloblastoma). Teve dois irmãos: Marcelo, nascido em 1972, e
Ana Cristina, em 1977. Eles estudam, trabalham e moram em Belo Horizonte. A outra irmã
jamais existiu.
2 - Hélio Fraga morreu na noite de 13/07/2021 em consequência da COVID-
19. (21/04/1937 – 13/07/2021)
Hélio Fraga Atuou como jornalista, editor e colunista nos principais jornais de
Minas Gerais. Ele tinha um blog de Turismo.
Hélio Fraga teve uma extensa carreira no jornalismo. Começou em 1960, quando obteve
o registro, de número 1.427, de jornalista profissional e filiou-se ao Sindicato dos Jornalistas
Profissionais de Minas Gerais (SJPMG).
Na TV Itacolomi, trabalhou, nos anos de 1960, durante sete anos, como redator do Jornal
Banco Minas, o noticioso noturno da emissora.
No jornal impresso, também quase na mesma época, chefiou as redações dos
jornais Correio de Minas e Diário de Minas.
Hélio Fraga também teve passagem pelo setor público. Foi assessor de Comunicação do
Governo de Minas entre 1964 e 1966 e, algum tempo depois, ocupou a mesma função na
Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
No jornal Estado de Minas, foi editor e colunista de Esportes. Em redação, seu último
trabalho foi como editor de Turismo do jornal Hoje em Dia.
Além destas atividades, Hélio Fraga foi escritor. Em O menino valente, ele descreveu a
história da perda de seu primeiro filho, aos 12 anos, de câncer. Foi uma experiência dramática
para ele, que havia dado prioridade ao trabalho. Com isso, a convivência familiar acabou sendo
colocada em segundo plano.
No livro, ele contou seu arrependimento por ter desprezado o tempo do convívio
familiar com o filho. Por isso, exaustivamente, nas palestras que dava sobre o assunto, Hélio
Fraga repetia exaustivamente o mesmo conselho: “Não há tempo melhor aplicado do que aquele
destinado aos filhos”.
22
Na vida sindical, Hélio Fraga foi diretor do SJPMG de 1978 1980. De tempos em
tempos, ele dava um plantão no sindicato para fazer o atendimento à categoria. Cuidadoso no
contato com os jornalistas, ele fazia um relatório de todos os atendimentos.
Com mais de 20 diplomas, troféus e prêmios internacionais, incluindo oito diplomas de
Reconhecimento da Comissão Européia de Turismo - CET e Medalha de Ouro do Governo da
França e três títulos de Cidadão Honorário nos Estados Unidos, Hélio Fraga fez mais de 240
viagens ao exterior a partir dos anos 60. Conheceu quase 100 países. Acumulou 10 mil horas
de voo em 117 companhias aéreas e mais de 2.500 horas de navegação.
"Meu pai foi um homem ímpar. Um exemplo de caráter, integridade e resiliência.
Dedicou sua vida à profissão que tanto amava: o jornalismo. Conheceu o mundo inteiro mas
não perdeu sua essência e seus valores. Hoje nos resta a saudade e a certeza de que um dia nos
encontraremos", disse ao Estado de Minas a filha Ana Cristina.
23
1.2.2 De um Pai Desencarnado
Compreendemos, sim.
Atiramos-te cedo à luta, sem considerar-te a mentalidade em reformulação.
Quantas vezes tua mãe e eu te entregamos à mãos mercenárias e quase sempre
irresponsáveis, quando despontavas do berço, à vista dos imperativos de relacionamento social!
Noutras ocasiões, assim procedíamos de modo a desfrutarmos sozinhos as horas
feriadas que nos surgissem, a título de refazimento ou distração.
E, em regressando à casa, nunca te perguntamos pelo que viste ou ouviste, a fim de
estabelecermos contigo um diálogo adequado para que se te pacificasse o espírito inquieto à
frente da vida.
Enviamos-te à escola, no entanto, para falar a verdade, não expressávamos interesse
permanente por teu currículo de lições. E quando nos apresentavas certos assuntos colhidos
involuntariamente à margem do ensino, frequentemente dávamos de ombros, julgando-te a
conversação demasiado infantil, afastando-nos sob pretexto de serviço urgente.
Largamos-te às impressões alheias, nem sempre as mais construtivas, de maneira a nos
encasularmos no ócio doméstico.
Quiseste associar-nos às tuas companhias e leituras, caminhadas e afetos, mas, via de
regra, recusamos-te o convite, com a desculpa de fazer dinheiro ou mobilizar providências
para sustentar-te, qual se fosses um peso em nossa economia ao invés de abençoada luz do
nosso amor.
Distanciamo-nos de ti e deixamos-te a sós, impensadamente é verdade.
Achávamo-nos como que anestesiados pela obsessão de ganho para excessivo
reconforto, incapazes de oferecer-te cobertura nos domínios do coração.
A morte, entretanto, apareceu quando nem havíamos começado a pensar con-
venientemente na vida, a transferir-nos de plano e hoje vemos-te em perigo, espiritualmente
desprotegido, cansado, desiludido, enredado em desequilíbrio e doença.
Somente agora reconhecemos o quanto te amamos, unicamente agora notamos que não
teremos futuro sem ti. E porque nada conseguimos realizar de bom sem amor, ante a
necessidade de nossa reintegração nos interesses e aspirações uns dos outros, abeiramo-nos com
humildade do caminho em que segues hoje, tão longe de nós, para dizer-te simplesmente:
- CONSIDERA O NOSSO ENGANO e perdoa-nos, meu filho!...
I.R. – Astronautas do Além – Cap. 12(médium Francisco Cândido Xavier)
24
1.2.3 De uma Mãe Encarnada
“Depois de 400 noites em claro, finalmente consegui dormir, pois sei que ela está sendo
cuidada.”
Sempre fomos muito pobres, mas nunca deixei de lutar. Sou mãe solteira, tenho outros
quatro filhos: uma menina de 19, que já está casada; um de 16; outro de 13; e o pequeno de 4
anos. Cuidei de todos sozinha.
Solange trabalhava como auxiliar de cozinha, mas teve de sair do emprego porque a
filha tinha começado “a dar trabalho”. Para ter comida em casa, virou catadora de recicláveis.
Por uns tempos, dormia em calçadas e praças com os filhos. “Tinha vergonha e me
escondia. Foi quando uma instituição espírita me tirou da rua e fez uma casa de dois cômodos
e banheiro para mim e as crianças.”
A família viveu uma curta boa fase, segundo ela. “Minha filha estudava e me dava
orgulho. Era muito boa em Química, Física e Matemática. Todo ano era a melhor da classe. Até
que, de 2015 para 2016, começou a mudar. Ela, que era tímida, de poucas palavras, começou a
tagarelar. Achei que estava alterada.”
A adolescente trabalhava como babá e ganhava dinheiro para comprar sandálias e
roupas. “Começou a ir em baladinhas, andar com algumas amizades. Foi quando conheceu o
‘doce’ (droga sintética).” A garota começou a matar aulas e o colégio suspendeu sua vaga. “Ela
se perdia no caminho da escola. Aí parei de trabalhar. Larguei tudo para ficar em cima.”
Solange conta que, um dia, a menina invadiu a casa onde havia trabalhado, pegou roupas
e bijuterias e as jogou na rua. “Foi quando compreendi que ela estava fora de si por causa da
droga. Apanhava na rua e chegava machucada. Ficamos três meses presas em casa eu e ela ,
com porta e janela trancadas. Ela ‘surtava’ e queria explodir botijão, quebrar batedeira.”
A mãe procurou ajuda, chegou a internar a filha no Centro de Apoio Psicossocial (Caps),
mas ela fugia.
“Não posso afirmar que ela se prostituía, mas desconfio que sim, pois sempre tinha
dinheiro para droga.”
Decisão extrema
Solange conta que decidiu acorrentar a filha quando percebeu que ela corria risco de
vida. “O cerco estava se fechando. Eu já tinha ido atrás de traficantes para pagar a droga que
ela devia, mas aí acusaram minha filha de sumir com uma droga que eu não tinha dinheiro para
pagar. Vi a corrente que usava para trancar o portão, tive a ideia e comprei o cadeado.”
Nos 43 dias acorrentada, a filha dormiu pouco. “Ficava a noite inteira ouvindo funk e
ninguém dormia.Ia até 6 da manhã. Meus filhos precisavam levantar cedo para a escola.”
25
Com o início do tratamento da filha, Solange espera ter mais tempo para cuidar dos
outros filhos. No bairro, segundo ela, há muitos casos de dependência química.
Solange espera que a filha se recupere e retome os estudos, mas sabe que há um longo
caminho. Sobre o processo por maus tratos que terá de responder, não se preocupa tanto.
“Espero que o delegado e o juiz tenham filhos. Eles vão entender.”
Solange Bueno dos Santos – O Estado de São Paulo – Reportagem – 21/Junho/2017
https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,nao-fui-carrasca-desabafa-mae-que-
acorrentou-filha-para-impedir-uso-de-crack,70001851971
26
1.2.4 De uma Mãe Desencarnada
Que Deus tenha compaixão das nossas necessidades!
Não sou digna sequer de vos chamar irmãos, eu que não soube honrar a maternidade.
Sou aqui trazida pelos Instrutores desta Casa para apresentar as chagas da enfermidade
ultriz que me aniquila lentamente através de remorso causticante, que ainda me infelicita e
inquieta sem piedade.
Tentarei contar a minha tragédia em forma de um: Apelo as Mães.
Fui mãe, no entanto, sou uma suicida moral.
Troquei as claras manhãs da esperança pelas noites tenebrosas do arrependimento;
permutei a brisa suave do entardecer pelo vento gélido do remorso devastador; joguei e perdi,
na mesa das ilusões, a promessa de tranquilidade, sendo arrastada na voragem ardente e cruel
de vulcão interior.
Deslustrei o compromisso do respeito recíproco no matrimônio, por alimentar, na
vacuidade em que me acomodei, a sede terrificante do prazer mentiroso...
Abençoada, porém, por uma filha que me iluminava a loucura da mocidade mal vivida,
fiz-me requintada no modernismo faccioso, vestindo-a de boneca para a vitrina da ilusão.
Atarefada nas mil mentiras da fantasia, ajudei-a a crescer sob os artifícios da imaginação
e descobria-a subitamente selvagem, poluída...
Quando lhe bati as portas do sentimento encontrei somente a avenida larga das
futilidades ; quando lhe busque! a honra, somente pude ver a face vulgarizada pelo desrespeito;
quando a convoquei ao dever, o sorriso que lhe bailava nos lábios dizia da loucura da sua
irresponsabilidade.
E tomada repentinamente por enfermidade irreversível, demandei a sepultura sem ter
tido tempo de reparar os males que fiz a filha que Deus me emprestou, fazendo-me mordoma
de um bem que é Seu e que eu atirei fora.
Hoje, de coração ralado, de alma despedaçada, acompanho-a pelas ruas em caminhadas
noctívagas — borboleta da ilusão —, e escuto-lhe o pensamento chicoteando-me: “Megera e
ingrata, que se evadiu do mundo através da morte, deixando-me morta nesta vida de misérias.”
Quando lhe tento falar aos ouvidos: “Filhinha, aqui estou, perdoa-me o que fiz de ti!”,
parecendo ouvir-me pelo pensamento atormentado, retruca, desgostosa e infeliz: “Não tenho
mãe! Sou um corpo vencido ajudando o mundo a apodrecer”.
Oh! mães, meditai um pouco, ouvi meu apelo. Não venho da sepultura para gritar
inutilmente! Não é a voz do remorso que clama, nem o arrependimento que grita.
27
É o sofrimento que suplica: “Poupai vossas filhas, guardai vossos filhos!”
O cinema moderno e a televisão educativa para onde os levais são a serpe enganosa que
os pica, injetando-lhes o veneno letal do desejo que os consumirá e os desgraçará.
A noite de alegria que reservais para vós outras, nas reuniões da futilidade, dai-as aos
vossos filhos, ficando com eles no lar.
A planta tenra que não recebe sombra protetora vai queimada pelo sol inclemente ou
crestada pelo frio cortante que a açoita, vencida pela chama ardente ou arrancada pelo vento
tempestuoso.
As crianças são débeis plantas do jardim do amor!
Todo sacrifício pelos filhos é pouco.
Nós os nominamos como amores nossos, mas não lhes damos o nosso amor. Dizemos
que são o futuro, mas lhes amarguramos o presente com a quase indiferença. Chamamo-los
promessas e martirizamos-lhes a esperança.
Ganhamos todos os prazeres, brilhando no mundo e deixamos que a inconsequência,
filha da negligência dos nossos atos, lhes assinale os passos.
Trocai as fantasias pelo respeito a verdade, ao lado das crianças: nem a austeridade da
clausura, nem a libertinagem da “motoca”; nem a exigência monacal, nem a indiferença do
anarquismo; nem o potro da proibição, nem o descuido da invigilância; nem a corda punitiva,
nem o desrespeito total.
Acima de todas as coisas, o amor que observa e corrige, que acompanha e educa, que
disciplina e consola, porquanto, sem dúvida alguma, não há melhor método pedagógico de
educação do que o amor honrado, constante e firme de uma mãe que faz do lar um santuário
onde os filhos são as messes abençoadas da vida.
Dai as vossas alegrias de agora, mães, sofrendo um pouco, certamente, para
experimentardes a ventura, mais tarde, vendo os vossos filhos ditosos, e não carregardes o fardo
que ora me esmaga, experimentando, dia-a-dia sem nunca cessar, o gosto amargo do fel do
remorso.
Marta da Anunciação – Depoimentos Vivos – Cap. 19 – Apelo de Mãe
28
1.2.5 De um Filho Encarnado
Emocionado, ele desabafou:
Só tenho um problema: a minha mãe. Ela havia terminado o doutorado, no curso de
biologia. Em razão de meu envolvimento com os entorpecentes, ela estudou tanto, e estava se
preparando para publicar um livro sobre a dependência de drogas.
Entretanto, numa madrugada de domingo, quando eu retornava das baladas, excitado e
agressivo pelo consumo da cocaína, assim que ela me recriminou a conduta, chamando-me a
atenção para os perigos que eu corria, enfrentei-a como nunca.
Passei a gritar, acusando-a de não me dar atenção, dizendo-lhe que suas viagens e o seu
doutorado eram o que mais lhe importava, enquanto eu e meu pai nada valíamos.
Foi quando, sem que me desse conta, desferi-lhe um empurrão, provocando-lhe a queda.
Humilhada, permaneceu no chão chorando.
A seguir, sem nutrir qualquer pena de minha mãe, tranquei-me no quarto, coloquei o
fone de ouvido e passei a ouvir rock pesado. Pouco depois, adormeci pela exaustão em que me
achava.
Pela manhã fui acordado pelo meu pai que retornava de uma viagem, me informando
que mamãe estava hospitalizada em decorrência de um enfarte muito grave ocorrido de
madrugada.
Conhecendo meus hábitos, meu pai nem perguntou onde me encontrava naquele
momento. A notícia me feriu como um punhal . . .
Foi muito difícil, mas reuni minhas forças e fui vê-la na UTI do hospital. Ela apenas
dormia sedada por força dos medicamentos.
No dia seguinte, ao visitá-la, ela apenas sorria e me fitava com seus olhos cheios de
ternura, sem nada conseguir falar. Essa imagem jamais me abandonou, porque no dia seguinte
ela morreu, sem que eu pudesse lhe pedir perdão.
A morte de minha mãe, e ainda nessas circunstâncias, é o que me atormenta sem cessar
até hoje.
No dia de sua morte, apenas meu pai a visitara, e por alguns momentos ela conseguiu
falar com ele, mas não lhe revelou nada sobre nossa discussão. Até hoje, não tive a coragem de
contar ao meu pai e à minha irmã que "matei minha mãe''. Esmaga-me ver o silêncio, a tristeza
e a saudade deles.
Ela era o sol de nossa casa..., somente pude perceber a sua luz quando ela se apagou.
Túlio – Filhos da Dor – Cap. 5 – Os desafios da Família
29
Nota:
Túlio, 25 anos, órfão de mãe aos 19 anos, residia com o pai, com quem tinha enormes
conflitos de relacionamento.
Compreendido em seu drama pessoal, sentia-se aceito pelo pai, o que permitiu a melhora
de sua autoestima. Sua luta, a partir de então, se travaria no campo aberto do autoperdão.
Atualmente, vive em companhia do pai, concluindo o curso de engenharia, e prossegue
com acompanhamento psicológico, estando há três anos sem as drogas.
30
1.2.6 De um Filho Desencarnado
Não sei qual seria a maneira correta de introduzir-me nesta reunião.
Na impossibilidade de agir como exige a tradição, eu saúdo a todos, pedindo a Deus
misericórdia para os infelizes.
Meus pais, aflitos, pedem notícias de mim, procuram-me por toda parte, exigem que eu
lhes comunique como estou passando, desejam uma evidência da continuação da minha vida.
Desesperam-se, porque tardam as minhas cartas. . .
Esperam que a morte seja um trampolim para um mundo estranho, abstrato, talvez
sobrenatural. Não se dão conta, como também não me dei, de que morrer é pegar um veículo
em desabalada correria que nos arroja de chofre noutro lugar, sem nos arrancar da vida,
atirando-nos numa dimensão poderosa e diferente que a mente antes não pôde conceber, mas
que a defrontando não pode negar.
Pedem-me que lhes diga se é verdade que eu prossigo vivendo e gostariam que eu
retornasse como um anjo para lhes incensar as vaidades pessoais, tornando-os privilegiados,
diminuindo-lhes a responsabilidade no insucesso de que fui vítima.
Reconheço a minha imprudência, constato a minha miséria, mas não posso descartar
que tenho sido vítima educação e do meio onde vivi.
Meus pais deram-me tudo. Educação bem cuidada, liberdade, amigos e dinheiro, só
não foram pais. . . Eu pude desfrutar de regalias, mas não pude desfrutar de uma família.
De cedo, os vícios e as dissipações sociais que eu encontrei em casa passaram a tomar
parte nas minhas horas. Como os vícios sociais constituem motivo de projeção na comunidade,
eu projetei-me. Mas, aos vinte e três anos minha projeção se apagou no acidente de um “Porche”
depois de uma ingestão de drogas além da dose habitual.
Que notícias eu posso dar? Dizer que despertei como um sátrapa, recolhido a um
hospital onde a dor, nivelando os Espíritos, era também o meu quinhão da vida?
Relatar o que tem sido este tempo sem tempo que o calendário da Terra não pode
representar?
O arrependimento toma uma dimensão que se perde nas medidas habituais. Por isso, o
vulgo diz que, se o “arrependimento matasse". . . No entanto, a muitos aniquila o corpo, a
outros tantos apaga a lucidez.
31
Eu diria a todos os pais, a todos aqueles que sentem saudade dos que viajaram para cá,
que há um padrão de avaliação de como se encontram os que a morte conduziu para a
realidade da vida. A conduta que tinham, as ações que praticaram, o comportamento que
se permitiram – eis os documentos de identificação para receber aval para a felicidade ou
algema para a desdita.
Muda-se de lugar, porém, não se muda de estado íntimo.
E porque se encontram pessoas queridas que nos aguardam com lágrimas de júbilos
quando aportamos no Mundo Espiritual, de maneira nenhuma este amor modifica a paisagem
em sombra de quem enxergou o bem pelas lentes do mal, ou perdeu a oportunidade de agir
corretamente. Não há critério de exceção, nem regimes de privilégios.
Todos nós despertamos, no Mundo dos Espíritos, com o cabedal que trouxemos do
mundo dos homens. Somente a conduta bem vivida e as ações bem delineadas constituem o
patrimônio de felicidade para os que a morte não consumiu.
Sem desejar enviar uma mensagem de desencanto, eu gostaria de dizer aos meus pais e
a quantos esperam a prevalência de novidades e a caracterização de júbilos infindáveis pelos
que morreram, que se resguardem no discernimento e no equilíbrio, e, meditando sobre o
que foram os seus amores, compreendam que permanecem iguais no esforço por melhorar-se,
se se encontram lúcidos, e na redenção por evoluir, se se encontram agoniados sob os látegos
das próprias aflições. . .
Francisco Ângelo de Souza – Depois da Vida – Cap. 5 (médium Divaldo Franco)
32
1.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma e Cartas
1.3.1 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma de Pai
É um diálogo entre o escriba que vos fala e o Pai Eterno. O cenário é o céu, o ano, 1920.
Por ordem do Senhor, Pedro, o querido Pescador de Almas, porteiro perpétuo da mansão
celestial, recebe aquele que seria eu e me leva à presença do Altíssimo. Acho até que a Ana-
Maria estava por lá, escutando discretamente, por trás de alguma nuvem diáfana, dado que ela
reproduziu fielmente a momentosa conversa.
Eis o que ela escreveu:
E como vai você, meu filho?
Vou muito bem, Senhor. Melhor agora, na Sua presença.
“— Que bom que você pensa assim. Mas, te chamei aqui porque, você sabe, você pediu
para voltar e resolvi que você vai descer dia 5!
“— Dia 5?
É. Lá na Terra, tem dia, hora, meses, essas coisas... Lá existe o tempo.
“— Ah, sei...
“— Bem, você vai se chamar Hermínio Corrêa de Miranda; sua mãe, Helena, e seu pai,
Reduzindo, estão te esperando com muita ansiedade. Você vai ser o primeiro filho desse casal
que está muito próximo do meu Amor.
“— Sim, Senhor.
“- Seu plano de vida já está, como é de praxe, decidido, seguindo sua prévia solicitação.
Mas, naturalmente, você terá o livre-arbítrio, ou seja, o direito de escolher outro plano,
de mudar.
”- Sim, Senhor.
“— Você vai primeiro ser filho. Depois, vai ser afilhado, depois, irmão, depois aluno,
e...
“- Aluno, Senhor?
“— É, aluno e tio, primo, funcionário, e assim por diante, até ser namorado, noivo e
esposo, pra depois ser... PAI. Esta é a mais importante de todas as categorias citadas.
“— PAI, Senhor? Pensei que só o Senhor pudesse ser Pai.
“— Bem, digamos que sou o PAI de todos os pais.
“— Ah, sei...
“— Mas você também vai ser PAI, como disse. Você pediu três filhos; duas meninas e
um menino.
“— É mesmo, Senhor?
33
“— É. Primeiro, é claro, tem a Inez — aquela que vai ser a eterna companheira, a mãe
de seus filhos. Depois então, virão a Ana-Maria, a Marta e o Gilberto.
“— Ana-Maria, Marta e Gilberto?
“— É. Foi o que você pediu. Vão te dar muito trabalho, muitos problemas, muitas
descrenças, muitos desgostos, mas algumas alegrias que compensam muito de tudo isto. É assim
que os pais pensam...
“- Sei...
“— Naturalmente, que isto só vai começar a acontecer daqui a 23 anos.
“— Naturalmente, Senhor. Vinte e três anos...
“- Mas, como ia dizendo, de tudo o que você pediu pra ser, ser PAI é o mais difícil lá na
Terra. E com o passar dos anos, vai ser cada vez pior.
“— Entendo, Senhor...
“- Não, meu filho, você não entende. Mas quando chegar a hora você saberá o que fazer;
às vezes até com muito sacrifício, renúncia, angústia e até revolta. Mas, com muita
compreensão.
“— Senhor, me parece difícil demais. Revolta e compreensão?
“— É, realmente. Você é quem sabe. Foi o que me pediu.
“— Estou muito receoso, Senhor. Ser pai, como o Senhor... Não vou conseguir.
“— Quem sabe? Daqui a muitos anos, vamos nos encontrar de novo e assim
retomaremos esta conversa...
“— Sim, Senhor... Mas, vejo dois envelopes em Suas mãos. São para mim?
“— Ah, já ia chegar lá. Vamos ver. Este aqui, contém minhas instruções para a sua vida
de pai. Aqui estão as soluções para todas as situações que vai enfrentar com Ana-Maria, Marta
e Gilberto. Aqui está o que lhes dizer, fazer, aconselhar, ensinar, repreender, incluir, tudo. Vou
instalar estas instruções no computador do seu Espírito!
“— Computa... o quê, Senhor?
“— Computador? Um dia você vai saber. Quando chegar a hora de resolver o problema
com um dos rebentos, é só você chamar a memória e já virão todas as MINHAS instruções.
Aqui está o programa.
“— Obrigado, Senhor, mas deve haver algum engano, aqui só há uma folha de papel em
branco!
“- Não é engano não, meu filho. É que só os PAIS podem ler o que está aí.
“- Ah, entendi, Senhor. E o outro envelope? “— Este contém uma única palavra.
“— Só uma?
34
“— Só uma. E você só vai poder abrir este envelope no dia em que sentir necessidade
de saber uma coisa muito importante.
“— Verdade, Senhor?
“-É.
“— Mas que coisa é esta? Algo relacionado com os filhos?
“— Sim. Vou explicar. Eu sei o que você pensará a respeito de seus filhos. Sei o que
eles três pensarão a teu respeito. Mas você não saberá o que eles pensam a teu respeito, como
pai.
“-Ah...
“— Então, no dia em que você quiser saber, abra este envelope. Se pelo menos um deles
três te chamar da palavra escrita aqui, nesta folha, você terá se aproximado ainda mais de
MIM, como... PAI.
“— Sim, Senhor.
“— Bem, chegou a hora. Daqui a um segundo, você não se lembrará de mais nada, por
muitos e muitos anos. Vai, Hermínio. Minha bênção e boa sorte.
“— Obrigado, Senhor. Vou sentir Sua falta. Até a volta...”
(O segundo ato se passa na Terra, em 1991. O casal está comemorando 49 anos de união.
Recebo de Ana-Maria, o seguinte recado: )
“— Pai, abra aquele envelope hoje. Veja se a palavra escrita pelo Senhor, não foi...
AMIGO.
- Era.
* * *
Assim, este livro, que começou com Ana-Maria, termina com esta página que ela criou
com o talento e a emoção de que foi generosamente dotada. Ela assinou o meu Diploma de
Pai. Ele me responde a uma das perguntas que eu li nos olhos de Ana-Maria, quando, pela
primeira vez, nos encontramos do lado de cá da vida. Lembram-se? Ela se perguntava assim:
— Será que esse sujeito vai ser um bom pai para mim?
Com ele (com o Diploma), poderei, um dia, me apresentar lá em cima, como aquele
trabalhador de que falou Paulo de Tarso, que não se envergonhará do trabalho que
realizou por aqui, na Terra.
Hermínio de Miranda – Nossos Filhos são Espíritos – Cap. 29
35
1.3.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Pais
Filhos
Ensinarás a voar ...
Mas não voarão o teu voo.
Ensinarás a sonhar ...
Mas não sonharão o teu sonho.
Ensinarás a viver...
Mas não viverão a tua vida.
Ensinarás a cantar ...
Mas não cantarão a tua canção.
Ensinarás a pensar...
Mas não pensarão como tu.
Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem e pensem...
Estará a semente do caminho ensinado e aprendido!
Origem Desconhecida (atribuída a madre Tereza de Calcutá)
Sobre as Crianças
Depois, uma mulher que trazia uma criança ao colo disse, Fala-nos das Crianças.
E ele respondeu:
Os vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da Vida que anseia por si mesma.
Eles vêm através de vós, mas não de vós.
E embora estejam convosco não vos pertencem.
Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não os vossos pensamentos, pois eles têm os seus
próprios pensamentos.
Podeis abrigar os seus corpos, mas não as suas almas.
Pois as suas almas vivem na casa do amanhã, que vós não podereis visitar, nem em
sonhos.
Podereis tentar ser como eles, mas não tenteis torná-los como vós.
Pois a vida não anda para trás nem se detém no ontem.
Vós sois os arcos de onde os vossos filhos, quais flechas vivas, serão lançados.
O arqueiro vê o sinal no caminho do infinito e Ele com o Seu poder faz com que as Suas
flechas partam rápidas e cheguem longe. Que a vossa inflexão na mão do Arqueiro seja para a
alegria; Pois assim como Ele ama a flecha que voa,
Também ama o arco que se mantém estável.
Gibran Khalil Gibran - O Profeta – Cap. 4: Sobre as Crianças
36
Vida não é para ser recebida, mas para ser conquistada
"(...) Um dos meus passatempos em criança era colecionar os casulos das traças (a traça
é o casulo das borboletas) e assistir, na primavera, a emersão das borboletas (...). A luta delas
para escapar do cárcere despertava sempre minha compaixão (...). E, um dia, com uma tesoura
muito fina, papai veio e cortou a parede sedosa do casulo, ajudando o bichinho a se soltar. A
borboleta daí a um instante estava morta...
- Filho - disse papai, - O esforço com que esta traça procura libertar-se do casulo
ajuda-a a segregar os venenos do corpo. Se o veneno não for expulso, o bichinho morrerá.
O mesmo ocorre com a gente: quando uma pessoa luta por aquilo que deseja, torna-se
melhor e mais forte. Mas quando as coisas se realizam sem esforço tornamo-nos fracos,
pusilânimes, sem personalidade (...). E parece que alguma coisa morre dentro de nós.
Wallace Leal V. Rodrigues – E para o resto da Vida... – Cap. 26 – A Borboleta/A
Traça (1979)
E podemos complementar com a nossa grande Amiga Joanna de Angelis:
“Nenhuma conquista pode ser lograda sem o correspondente trabalho que a torna
valiosa ou inexpressiva.
Quando se recebem títulos ou moedas, rendas ou posição sem a experiência árdua de
consegui-los, estes empalidecem, não raro, convertendo-se em algemas pesadas, estímulos à
indolência, convites ao prazer exacerbado, situações arbitrárias pelo abuso da fortuna e do
poder”.
Joanna de Angelis – SOS Família – Cap. 22 – Necessidade de Evolução (1994)
Exatamente por isso nos diz Divaldo Franco:
“Temos de ensinar aos nossos Filhos que a Vida não é para ser recebida, mas para ser
conquistada”.
Divaldo Franco – Vivências do Amor em Família – Cap. 1 – Pelos Caminhos da
Família (2016)
O que é sintetizado pelo nosso também grande Amigo Jacome Góes, não apenas para
os nossos Filhos, mas para Todos nós:
“Felicidade é nascer no Mundo e aprender a Renascer na Vida”.
Jacome Góes – Conceitos de Vida – Cap. 61 – Para Você Pensar (1990)
37
1.3.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Filhos
Filho Querido,
O mundo começa a abrir as pesadas cortinas, mostrando a ti as forças e as cores de toda
a sua realidade.
Encontrarás violências coletivas, mas saberás construir a tua paz individual!
Encontrarás indiferenças e omissões, mas procurarás dar o testemunho da fraternidade
e do trabalho!
Edifica dentro dos rígidos padrões da dignidade, o teu património material, porém não
esqueças jamais de estabeleceres em tua vida, o bom senso do critério seletivo de prioridades,
defendendo com coragem e fé, o património moral, que os ladrões não roubam e as traças não
roem.
Procura palmilhar sempre a estrada luminosa da fé, e não esqueças de que a tua
existência, por mais longa pareça, não é mais do que um momento, na imensidade dos
tempos, que constituem para todos nós, a eternidade.
Dissipas as trevas da ignorância, gerando nas usinas da tua mente e do teu coração, a
tua própria luz.
Quando alguém te falar de morte, é bom lembrares de que sempre há vida, pelo princípio
Divino da imortalidade da alma.
Sê absolutamente verdadeiro, na palavra e na ação, para não te igualares aos que mentem
e terminam por acreditar na verdade das próprias mentiras...
Nunca pretendas parecer, senão, somente aquilo que és, pois toda hipocrisia e
fingimento denotam lamentável pobreza espiritual...
Para viveres inteiramente as lições da caridade, procura atender aos teus irmãos,
lembrando-te sempre de que a maior carência é a de amor.
Onde estiverem os teus pensamentos, aí tu estarás. Educa a tua mente, para que todas
as tuas expressões louvem ao Senhor!
Confia em teus talentos, desenvolve-os e usa-os em função do amor, para não seres
alcançado pelos pesados tributos da omissão...
É imperioso que cresças e te tornes um ser ativo no bem, ao invés de permanecerei como
eterno mendigo de favores...
Irradia amor e luz em todas as direções, sem exigires o coercitivo juro do retorno.
Esteja preparado para o exercício da serenidade, quando as nuvens pesadas do
sofrimento acumularem-se sobre o teu mundo Intimo.
38
Não te esqueças de que só há dois caminhos para a liberdade: a obediência e a
humildade.
Procura conviver em equilíbrio, com a alegria e com a dor. Não consintas que uma ou
outra ajam com excessos, para que a paz não se afaste da tua vida.
Considera o trabalho não só como um valor econômico, mas, principalmente, como um
valor moral.
Jamais assumas no terreno sagrado do lar, a triste e infeliz posição de tirano e déspota,
para não te transformares em carrasco dos seres que deverás amar.
Que nada, absolutamente nada, possa vir a perturbar tua placidez: nem os aplausos pelos
teus sucessos, nem as críticas pelas tuas derrotas. Continua a agir conscientemente, procurando
sempre fazer o melhor dentro dos rígidos padrões da dignidade, e continua pela tua estrada, não
indiferente aos que te observam, mas, seguro na defesa dos teus justos valores.
Procura ouvir a todos que te falam, com a máxima atenção, e respeita, em qualquer
circunstância, o silêncio daqueles que nada te querem falar.
Os teus conhecimentos são as tuas asas. Somente os que têm os pés atolados no pântano
da ignorância não conseguem voar...
Sê livre para amar, e não imponhas o domínio ou a posse sobre ninguém, para poderes
ser não temido, mas, realmente amado.
Quando sentires saudade, alegra-te por descobrires que já aprendeste a amar!
Jamais procures montar a tribunal da tua própria justiça, julgando os teus irmãos, pois
o íntimo das pessoas, muitas vezes, nem elas próprias conhecem.
Procura respeitar o teu corpo como veículo indispensável para a plenitude da tua vida,
e como templo vivo da tua redenção.
FILHO QUERIDO, nós, teus Pais, buscamos, com sentimento do mais puro amor, a
Excelsa Mãe de Jesus, para junto, dizermos: DEUS TE ABENÇÕE!
Jacome Góes – Conceitos de Vida – Cap. 21: Paternidade Responsável
39
2 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família - Conceitos
2.1 Os conflitos/desencontros no núcleo Familiar
Duas espécies há de afeição: a do corpo e a da alma, acontecendo com frequência
tomar-se uma pela outra. Quando pura e simpática, a afeição da alma é duradoura; efêmera
a do corpo. Daí vem que, muitas vezes, os que julgavam amar-se com eterno amor passam a
odiar-se, desde que a ilusão se desfaça.
Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 939
As leis humanas casam as pessoas para que as pessoas se unam segundo as Leis
Divinas.
Emmanuel – Na Era do Espírito – Cap. 11
Muitos homens e mulheres exigem, por tempo vasto, flores celestes sobre espinhos
terrenos, reclamando dos outros atitudes e diretrizes que eles são, por enquanto, incapazes
de adotar, e o matrimônio se lhes converte em instituição detestável.
Emmanuel – Vinha de Luz – Cap. 137
Realmente, os casamentos de amor jamais adoecem, mas nos enlaces de provação
redentora, os cônjuges solicitaram, antes do berço terrestre, determinadas tarefas em regime de
compromisso perante a Vida Infinita. E ante a Vida Infinita convém lembrar sempre que os
nossos débitos não precisam de resgate, a longo prazo, pela contabilidade dos séculos, desde
que nos empenhamos a solvê-los em tempo curto, pelo crediário da paciência, a serviço do
amor.
Emmanuel – Caminhos de Volta – Pag.12
40
Se alguém não mais deseja, espontaneamente, seguir contigo, não te transformes em
algema ou prisão.
Cada ser ruma pela rota que melhor lhe apraz e vive conforme lhe convém. Estará,
porém, onde quer que vá, sob o clima que merece.
Tem paciência e confia em Deus.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.13
Em verdade, o que mantém o matrimônio não é o prazer sexual, sempre fugidio, mesmo
quando inspirado pelo amor, mas a amizade, que responde pelo intercâmbio emocional
através do diálogo, do interesse nas realizações do outro, na convivência compensadora, na
alegria de sentir-se útil e estimado.
Joanna de Angelis – Amor, Imbatível Amor – Cap.6
Os que se casam, unem-se e não se fundem, o que determina que cada qual prosseguirá
com suas conquistas e gostos, preferências e realidades íntimas, inteiramente “sui generis”.
Camilo - Educação e Vivências – Cap. 11
A cultura do exacerbado materialismo desses dias tem ensinado aos indivíduos a fechar
ouvidos e corações para o exercício da paciência, da tolerância, do perdão, da perseverança, da
cooperação recíproca, no vero cumprimento dos deveres conjugais, e, ao invés disto, há
estabelecido o culto ao “meu” prazer, ao “meu” bem-estar, a “minha” satisfação, a
“minha” razão e ao “meu” direito, num aterrador domínio egoístico, promotor de
inenarráveis tormentos para o porvir.
Camilo – Desafios da Educação – pag. 96
41
Declarar de modo geral que o divórcio é sempre errado é tão incorreto quanto
assegurar que está sempre certo.
Em algumas circunstâncias, a separação é um subterfúgio para uma saída fácil ou um
pretexto com que alguém procura esquivar-se das responsabilidades, unicamente.
Há uniões em que o divórcio é compreensível e razoável, porque a decisão de casar foi
tomada sem maturidade, porque são diversos os equívocos e desencontros humanos.
Em outros casos, há anos de atitudes de desrespeito e maus tratos, há os que
impedem o desenvolvimento do outro.
São variadas as necessidades da alma humana e, muitas vezes, é melhor que os parceiros
se decidam pela separação a permanecerem juntos, fazendo da união conjugal uma hipocrisia.
Em todas as atitudes e acontecimentos da vida, somente a própria consciência do
indivíduo pode fazer o autojulgamento e decidir sobre suas carências e dificuldades da
vida a dois.
Hammed - As Dores da Alma – Pag. 89
Frustrações, conflitos, vinculações extremadas e aversões congênitas de hoje são
frutos dos desequilíbrios afetivos de ontem a nos pedirem trabalho e restauração.
Emmanuel – Na Era do Espírito – Cap. 27
42
Famílias-problemas! ...
− Irmãos que se antagonizam...
− Cônjuges em lamentáveis litígios...
− Animosidades entre filho e pai, farpas de ódios entre filha e mãe...
− Afetos conjugais que se desmantelam em caudais de torvas acrimônias...
− Sorrisos filiais que se transfiguram em rictos de idiossincrasias e vinditas...
− Tempestades verbais em discussões extemporâneas...
− Agressões infelizes de consequências fatais...
− Tragédias nas paredes estreitas da família...
− Enfermidades rigorosas sob látegos de impiedosa maldade...
− Mãos encanecidas sob tormentos de filhos dominados por ódios inomináveis.
− Pais enfermos açoitados por filhas obsidiadas, em conúbios satânicos de
reações violentas em cadeia de ira...
− Irmãos dependentes sofrendo agressões e recebendo amargos pães, fabricados
com vinagre e fel de queixas e recriminações...
Famílias em guerras tiranizantes, famílias-problemas! ...
É da Lei Divina que o infrator renasça ligado à infração que o caracteriza.
A justiça celeste estabeleceu que a sementeira tem caráter espontânea, mas a colheita
tem impositivo de obrigatoriedade.
Não renasceste ali por circunstância anacrônica ou casual.
Não resides com uma família-problema por fator fortuito nem por engano dos Espíritos
Egrégios.
Escolheste, antes do retorno ao veículo físico, aqueles que dividiriam contigo as aflições
superlativas e os próprios desenganos.
Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Pág. 164
Há alguns sinais de alarme que podem informar a situação de dificuldade antes de
agravar a união conjugal:
− Silêncios injustificáveis quando os esposos estão juntos;
− Tédio inexplicável ante a presença do companheiro ou da companheira;
− Ira disfarçada quando o consorte ou a consorte emite uma opinião;
− Saturação dos temas habituais, versados em casa, fugindo para intérminas
leituras de jornais ou inacabáveis novelas de televisão;
− Irritabilidade contumaz sempre que se avizinha do lar;
43
− Desinteresse pelos problemas do outro;
− Falta de intercâmbio de opiniões.
− Atritos contínuos que ateiam fagulhas de irascibilidade, capazes de provocar
incêndios em forma de agressão desta ou daquela maneira...
E muitos outros mais.
Joanna de Angelis – Sol de Esperança – Cap. 35
A companheira intransigente e obsidiada, a envolver-te em farpas magnéticas de ciúme,
não é outra senão a jovem que outrora embaíste com falsos juramentos de amor,
enredando-lhe os pés em degradação e loucura.
(...)
O rapaz distinto que atrai presentemente a companheira, para os laços da comunhão
mais profunda, bastas vezes será provavelmente depois o homem cruel e desorientado,
suscetível de constrangê-la a carregar todo um calvário de aflições, incompatíveis com os
anseios de ventura que lhe palpitam na alma.
Esse mesmo rapaz distinto, porém, foi no pretérito --- em existências que já se
foram --- a vítima dela própria, quando, desregrada ou caprichosa, lhe desfigurou o caráter,
metamorfoseando-o no homem vicioso ou fingido que lhe compete tolerar e reeducar.
(...)
Habitualmente, o homem recebe a mulher, como a deixou e no ponto em que a
deixou no passado próximo, isto é, nas estâncias do tempo que se foi para o continuísmo da
obra de resgate ou de elevação no tempo de agora, sucedendo o mesmo referentemente à
mulher.
44
O parceiro desorientado, enfermo ou infiel, é aquele homem que a parceira, em
existências anteriores, conduziu à perturbação, à doença ou à deslealdade, através de
atitude que o segregaram em deploráveis estados compulsivos; e a parceira, nessas
condições, consubstancia necessidades e provas da mesma espécie.
(...)
Toda vez que amamos alguém e nós entregamos a esse alguém, no ajuste sexual,
ansiando por não nos desligarmos desse alguém, para depois - somente depois - surpreender
nesse alguém defeitos e nódoas que antes não víamos, estamos à frente de criatura
anteriormente dilapidada por nós, a ferir-nos justamente nos pontos em que a prejudicamos,
no passado, não só a cobrar-nos o pagamento de certas contas, mas, sobretudo, a esmolar-nos
compreensão e assistência, tolerância e misericórdia, para que se refaça ante as leis do
destino.
Emmanuel –Vida e Sexo – Cap. 12
O amor é de origem divina. Quanto mais se doa, mais se multiplica sem jamais
exaurir-se.
Partidários da libertinagem, porém, empenham-se em insensata cruzada para torná-lo
livre, como se jamais não o houvera sido.
Confundem-no com sensualidade e pensam convertê-lo apenas em instinto primitivo,
padronizado pelos impulsos da sexualidade atribulada.
Liberdade para amar, sem dúvida, disciplina para o sexo, também.
Amor é emoção, sexo sensação.
Compreensivelmente, mesmo nas uniões mais ajustadas, irrompem desentendimentos,
incompreensões, discórdias que o amor suplanta.
Joanna de Angelis – Celeiro de Bênçãos – Cap. 34
Nessa ou naquela idade física, o homem e a mulher, com a supervisão da Lei que nos
governa os destinos, encontram as pessoas e as situações de que necessitam para superarem
as provas do caminho, provas indispensáveis ao burilamento espiritual de que não prescindem
para a justa ascensão às Esferas Mais Altas.
Assim é que somos atraídos por determinadas almas e por determinadas questões,
nem sempre porque as estimemos em sentido profundo, mas sim porque o passado a elas
nos reúne, a fim de que por elas e com elas venhamos a adquirir a experiência necessária à
assimilação do verdadeiro amor e da verdadeira sabedoria.
45
E' por isso que a maioria dos consórcios humanos, por enquanto, constituem ligações
de aprendizado e sacrifício, em que, muitas vezes, as criaturas se querem mutuamente e
mutuamente sofrem pavorosos conflitos na convivência umas das outras.
Nesses embates, alinham-se os recursos da redenção.
Quem for mais claro e mais exato no cumprimento da Lei que ordena seja mantido
o bem de todos, acima de tudo, mais ampla liberdade encontra para a vida eterna.
Quanto mais sacrifício com serviço incessante pela felicidade dos corações que o Senhor
nos confia, mais elevada ascensão à glória do Amor Divino.
Embora estejamos todos, uns diante dos outros, em processo reparador de culpas
recíprocas, em verdade, antes de tudo, somos devedores da Lei em nossas consciências.
Fazendo mal aos outros, praticamos o mal contra nós mesmos.
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 14
Nas ligações terrenas, encontramos as grandes alegrias; no entanto, é também dentro
delas que somos habitualmente defrontados pelas mais duras provações. Isso porque,
embora não percebamos de imediato, recebemos, quase sempre, no companheiro ou na
companheira da vida íntima, os reflexos de nós próprios.
Emmanuel – Vida e Sexo – Cap. 9
Quando te vejas, diante de filhos crescidos e lúcidos, erguidos à condição de
dolorosos problemas do espirito, recorda que são eles credores do passado a te pedirem o
resgate de velhas contas.
Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos
os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme tudo haveres efetuado
para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado, em
silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação.
Emmanuel – Livro da Esperança – Cap. 38
46
Em cada companheiro que partilha a consanguinidade, temos um livro de lições que, às
vezes, nos detém o passo por tempo enorme, no esforço da repetência.
Cada um deles nos impele a desenvolver determinadas virtudes; num, a paciência,
noutro, a lealdade, e ainda em outros, o equilíbrio e a abnegação, a firmeza e a brandura
!
Ainda mesmo ao preço de todos os valores da existência física, refaze milhares de
vezes, as tuas demonstrações de humildade e serviço, perante as criaturas que te cercam,
ostentando os títulos de pai ou mãe, esposo ou esposa, filhos ou irmãos, porque é na tua vitória
moral junto deles que depende a tua admissão definitiva entre os amados que te esperam,
nas vanguardas de Luz, em perpetuidade de regozijo na Família Maior.
Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap. 62
• ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada
moral.
HOJE, guardamo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.
• ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na
lagoa do vício.
HOJE, temo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.
• ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os
exemplos menos felizes.
HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o
cálice amargo da redenção.
• ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio.
HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de
moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lagrimas, o trabalho de reajuste.
• ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio,
situando-a nas garras da delinquência.
HOJE, achamo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a
exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.
• ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-
lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão.
HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a
fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.
47
À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que
possas.
Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os te
ferem e desculpa todos àqueles que te injuriam...
A HUMILDADE É A CHAVE DE NOSSA LIBERTAÇÃO.
E, sejam quais sejam os teus obstáculos na Família, é preciso reconhecer que toda
construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta
em Casa.
Emmanuel – Luz no Lar – Cap. 49
Cede hoje à Vida o que possuas de melhor e, amanhã, aquilo que a Vida tenha de
melhor te responderá.
Emmanuel – Jóia – Pag. 8
Quando as crises te visitem, ante os problemas humanos, é justo medites nos princípios
de causa e efeito, tanto quanto é natural reflitas no impositivo de burilamento espiritual, com
que somos defrontados, entretanto, pensa igualmente na lei de renovação, capaz de trazer-nos
prodígios de paz e vitória sobre nós mesmos, se nos decidimos a aceitar, construtivamente, as
experiências que se nos façam precisas.
Se qualquer tempo é suscetível de ser ocasião para resgate e reajuste, todo dia é também
oportunidade de recomeçar, reaprender, instruir ou reerguer.
Emmanuel – Ceifa de Luz – Cap. 22 – Renovação em Amor
Sê sábio, investindo no futuro.
O que ora te acontece, resulta do passado que não podes remediar.
Mas, aquilo que irá suceder, depende do que realizes a partir de hoje.
Enquanto recolhes efeitos de ações passadas, estás atuando para consequências
futuras.
Joanna de Ângelis - Vida Feliz – Cap.152
No rio do tempo somente o hoje é vital.
Vivê-lo com elevação e nobreza é a forma feliz de anular o ontem e programar o
amanhã.
Quem deseje conhecer o próprio como o futuro da Humanidade, examine o
seu comportamento e escreva com atos atuais as determinantes que comporão as paisagens que
irá defrontar mais tarde.
Se aspiras conhecer o teu futuro, examina o teu presente, programando os
teus pensamentos, palavras e atos que formarão o tecido do que está por vir.
48
Se aspiras saber do teu passado, aprofunda reflexões nos teus dias atuais e concluirás
como ele ocorreu, em razão daquilo que és agora
Joanna de Ângelis - Revista Presença Espírita - 1996 – Julho - Desconhecimento do
futuro
O nosso futuro está sendo articulado neste instante por nós mesmos.
Façamos agora o melhor ao nosso alcance, porque o amanhã para nós será sempre o
nosso hoje passado a limpo.
Emmanuel – Algo Mais – Cap. 1
49
É um erro considerar como futuro o que se relaciona ao remoto, ao qual se atiram
realizações que deveriam ser executadas agora, definindo circunstâncias e tempo. A soma dos
segundos transforma-se em milênios.
É mais exequível realizar-se em cada pequeno lapso de minuto do que aguardar a
sucessão dos anos.
Quando se deseja realmente fazer algo, estabelece-se horário e define-se ocasião. Essa
ordem, registrada no subconsciente, faculta que se consume o programa estabelecido.
Quando não se deseja inconscientemente fazê-lo, estatui-se: Um dia… Na primeira
oportunidade…
Esse dia e essa oportunidade não existirão, porque não foram definidos.
Assim também é esse futuro, não delimitado, vazio, ameaçador.
Vivendo bem cada momento, em profundidade, o futuro torna-se natural,
acolhedor, gratificante, porquanto será conforme os atos de ontem – em reencarnações
passadas — e de hoje – na existência atual -, que alterará o mapeamento do amanhã.
Joanna de Ângelis - Autodescobrimento - Cap. 8.2– uma busca interior
Comparemos a Providência Divina a estabelecimento bancário, operando com reservas
ilimitadas, em todos os domínios do mundo.
Pela Bolsa de Causa e Efeito, cada criatura retém depósito particular, com especificação
de débitos e haveres, nitidamente diversos, mas, pela Carteira do Tempo, todas as concessões
são iguais para todos.
André Luiz - Estude e Viva – Cap. 1 – Hoje e Nós
Tempo velho, tempo novo…
Cada dia é diferente;
Por isso, o Céu nos avisa:
“Olha o tempo, minha gente”
Problemas e provações
Surgirão, constantemente…
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto
Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto

ALEITAMENTO e UTI Neonatal - livro
ALEITAMENTO e UTI Neonatal - livro ALEITAMENTO e UTI Neonatal - livro
ALEITAMENTO e UTI Neonatal - livro
Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
Curso de relacionamento conjugal e familiar manual do aluno
Curso de relacionamento conjugal e familiar   manual do alunoCurso de relacionamento conjugal e familiar   manual do aluno
Curso de relacionamento conjugal e familiar manual do aluno
Ana Paula Kuhls
 
34889235 livros-evangelicos-onde-foi-que-eu-errei-sarah-sheeva
34889235 livros-evangelicos-onde-foi-que-eu-errei-sarah-sheeva34889235 livros-evangelicos-onde-foi-que-eu-errei-sarah-sheeva
34889235 livros-evangelicos-onde-foi-que-eu-errei-sarah-sheeva
Bethegeuze Batista
 
1. A realidade e os desafios da familia.pptx
1. A realidade e os desafios da familia.pptx1. A realidade e os desafios da familia.pptx
1. A realidade e os desafios da familia.pptx
Davi154451
 
Boletim informativo setembro 2013
Boletim informativo   setembro 2013Boletim informativo   setembro 2013
Boletim informativo setembro 2013
fespiritacrista
 
PNPA - I Curso de Especialização em Primeira Infância - 6-9-2016.ppt
PNPA - I Curso de Especialização em Primeira Infância - 6-9-2016.pptPNPA - I Curso de Especialização em Primeira Infância - 6-9-2016.ppt
PNPA - I Curso de Especialização em Primeira Infância - 6-9-2016.ppt
CRASVG
 

Semelhante a Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto (20)

Jornal impressao 12-13
Jornal impressao 12-13Jornal impressao 12-13
Jornal impressao 12-13
 
Edição n. 20 do CH Notícias - Fevereiro / 2017
Edição n. 20 do CH Notícias - Fevereiro / 2017Edição n. 20 do CH Notícias - Fevereiro / 2017
Edição n. 20 do CH Notícias - Fevereiro / 2017
 
ALEITAMENTO e UTI Neonatal - livro
ALEITAMENTO e UTI Neonatal - livro ALEITAMENTO e UTI Neonatal - livro
ALEITAMENTO e UTI Neonatal - livro
 
Revista novos tempos
Revista novos temposRevista novos tempos
Revista novos tempos
 
Perspicácia Espiritual - Evangelho-e-Família
Perspicácia Espiritual - Evangelho-e-FamíliaPerspicácia Espiritual - Evangelho-e-Família
Perspicácia Espiritual - Evangelho-e-Família
 
Jornal A Voz Espírita - Edição nº 33 de Julho/Agosto 2015
Jornal A Voz Espírita - Edição nº 33 de Julho/Agosto 2015Jornal A Voz Espírita - Edição nº 33 de Julho/Agosto 2015
Jornal A Voz Espírita - Edição nº 33 de Julho/Agosto 2015
 
Por terras-das-parentalidades
Por terras-das-parentalidadesPor terras-das-parentalidades
Por terras-das-parentalidades
 
Curso de relacionamento conjugal e familiar manual do aluno
Curso de relacionamento conjugal e familiar   manual do alunoCurso de relacionamento conjugal e familiar   manual do aluno
Curso de relacionamento conjugal e familiar manual do aluno
 
34889235 livros-evangelicos-onde-foi-que-eu-errei-sarah-sheeva
34889235 livros-evangelicos-onde-foi-que-eu-errei-sarah-sheeva34889235 livros-evangelicos-onde-foi-que-eu-errei-sarah-sheeva
34889235 livros-evangelicos-onde-foi-que-eu-errei-sarah-sheeva
 
Abaixo á família monogâmica Sergio LESSA.pdf
Abaixo á família monogâmica Sergio LESSA.pdfAbaixo á família monogâmica Sergio LESSA.pdf
Abaixo á família monogâmica Sergio LESSA.pdf
 
Subsidio semana-da-família - Diocese de Guaxupé
Subsidio semana-da-família - Diocese de GuaxupéSubsidio semana-da-família - Diocese de Guaxupé
Subsidio semana-da-família - Diocese de Guaxupé
 
1. A realidade e os desafios da familia.pptx
1. A realidade e os desafios da familia.pptx1. A realidade e os desafios da familia.pptx
1. A realidade e os desafios da familia.pptx
 
Boletim informativo setembro 2013
Boletim informativo   setembro 2013Boletim informativo   setembro 2013
Boletim informativo setembro 2013
 
Conferência A FAMILIA:Constituição, Fundamentos, Responsabilidades
Conferência  A FAMILIA:Constituição, Fundamentos, ResponsabilidadesConferência  A FAMILIA:Constituição, Fundamentos, Responsabilidades
Conferência A FAMILIA:Constituição, Fundamentos, Responsabilidades
 
8 Essencia De Luz
8   Essencia De Luz8   Essencia De Luz
8 Essencia De Luz
 
Inf junho
Inf junhoInf junho
Inf junho
 
A FAMÍLIA E O TRATAMENTO INFANTO-JUVENIL.pptx
A FAMÍLIA E O TRATAMENTO INFANTO-JUVENIL.pptxA FAMÍLIA E O TRATAMENTO INFANTO-JUVENIL.pptx
A FAMÍLIA E O TRATAMENTO INFANTO-JUVENIL.pptx
 
PNPA - I Curso de Especialização em Primeira Infância - 6-9-2016.ppt
PNPA - I Curso de Especialização em Primeira Infância - 6-9-2016.pptPNPA - I Curso de Especialização em Primeira Infância - 6-9-2016.ppt
PNPA - I Curso de Especialização em Primeira Infância - 6-9-2016.ppt
 
Boletim 699 - 20/09/20
Boletim 699 - 20/09/20Boletim 699 - 20/09/20
Boletim 699 - 20/09/20
 
Amor
AmorAmor
Amor
 

Mais de ADALBERTO COELHO DA SILVA JR

A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - EX...
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - EX...A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - EX...
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - EX...
ADALBERTO COELHO DA SILVA JR
 
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTOA Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
ADALBERTO COELHO DA SILVA JR
 

Mais de ADALBERTO COELHO DA SILVA JR (20)

A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - EX...
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - EX...A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - EX...
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - EX...
 
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTOA Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
A Obsessão por Justa Causa - – A Paixão, o Ciúme, a Traição e a obsessão - TEXTO
 
Enquanto Você ainda Pode - - TEXTO_Completo_2024_v5.pdf
Enquanto Você ainda Pode - - TEXTO_Completo_2024_v5.pdfEnquanto Você ainda Pode - - TEXTO_Completo_2024_v5.pdf
Enquanto Você ainda Pode - - TEXTO_Completo_2024_v5.pdf
 
Enquanto Você ainda Pode - - APRESENTAÇÃO
Enquanto Você ainda Pode - - APRESENTAÇÃOEnquanto Você ainda Pode - - APRESENTAÇÃO
Enquanto Você ainda Pode - - APRESENTAÇÃO
 
Esses Dias Tumultuosos e o Natal_Exposição
Esses Dias Tumultuosos e o Natal_ExposiçãoEsses Dias Tumultuosos e o Natal_Exposição
Esses Dias Tumultuosos e o Natal_Exposição
 
Estes Dias Tumultuosos e o Natal - texto
Estes Dias Tumultuosos e o Natal - textoEstes Dias Tumultuosos e o Natal - texto
Estes Dias Tumultuosos e o Natal - texto
 
Loucura e Obsessão - 35 anos_TEXTO
Loucura e Obsessão - 35 anos_TEXTOLoucura e Obsessão - 35 anos_TEXTO
Loucura e Obsessão - 35 anos_TEXTO
 
Loucura e Obsessão - 35 anos
Loucura e Obsessão - 35 anosLoucura e Obsessão - 35 anos
Loucura e Obsessão - 35 anos
 
Sexo e Destino - 60 anos_Texto
Sexo e Destino - 60 anos_TextoSexo e Destino - 60 anos_Texto
Sexo e Destino - 60 anos_Texto
 
Sexo e Destino - 60 anos
Sexo e Destino - 60 anosSexo e Destino - 60 anos
Sexo e Destino - 60 anos
 
O Martírio nos Tempos Atuais - Ave-Cristo - 70 anos_TEXTO_completo
O Martírio nos Tempos Atuais - Ave-Cristo - 70 anos_TEXTO_completoO Martírio nos Tempos Atuais - Ave-Cristo - 70 anos_TEXTO_completo
O Martírio nos Tempos Atuais - Ave-Cristo - 70 anos_TEXTO_completo
 
O Martírio nos Tempos Atuais - Ave-Cristo - 70 anos_APRESENTAÇÃO_Sintese
O Martírio nos Tempos Atuais - Ave-Cristo - 70 anos_APRESENTAÇÃO_SinteseO Martírio nos Tempos Atuais - Ave-Cristo - 70 anos_APRESENTAÇÃO_Sintese
O Martírio nos Tempos Atuais - Ave-Cristo - 70 anos_APRESENTAÇÃO_Sintese
 
O Autismo – uma Leitura Espiritual_TEXTO
O Autismo – uma Leitura Espiritual_TEXTOO Autismo – uma Leitura Espiritual_TEXTO
O Autismo – uma Leitura Espiritual_TEXTO
 
O Autismo - uma leitura espiritual_APRESENTAÇÃO
O Autismo - uma leitura espiritual_APRESENTAÇÃOO Autismo - uma leitura espiritual_APRESENTAÇÃO
O Autismo - uma leitura espiritual_APRESENTAÇÃO
 
O Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Apresentação
O Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_ApresentaçãoO Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Apresentação
O Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Apresentação
 
As Catástrofes e os Desastres Coletivos
As Catástrofes e os Desastres ColetivosAs Catástrofes e os Desastres Coletivos
As Catástrofes e os Desastres Coletivos
 
As Catástrofes e os Desastres Coletivos_Apresentação
As Catástrofes e os Desastres Coletivos_ApresentaçãoAs Catástrofes e os Desastres Coletivos_Apresentação
As Catástrofes e os Desastres Coletivos_Apresentação
 
Tempo de Recomeçar - TEXTO - 2023
Tempo de Recomeçar - TEXTO - 2023Tempo de Recomeçar - TEXTO - 2023
Tempo de Recomeçar - TEXTO - 2023
 
Tempo de Recomeçar - 2023
Tempo de Recomeçar - 2023Tempo de Recomeçar - 2023
Tempo de Recomeçar - 2023
 
Chico Xavier e o Natal - TEXTO
Chico Xavier e o Natal - TEXTOChico Xavier e o Natal - TEXTO
Chico Xavier e o Natal - TEXTO
 

Último

AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
VilmaDias11
 
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
thandreola
 
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
MiltonCesarAquino1
 

Último (13)

FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptxFORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
FORMAÇÃO LITÚRGICA - MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS.pptx
 
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdfComentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
Comentários -João - Hernandes Dias Lopes.pdf
 
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptxLição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
Lição 7 - O Perigo da Murmuração - EBD.pptx
 
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyoNovo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
Novo dia de festa o verdadeiro amor tyejaytyo
 
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptxBíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
Bíblia Sagrada - Lamentações - slides powerpoint.pptx
 
Oração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo BrasileiroOração Pelo Povo Brasileiro
Oração Pelo Povo Brasileiro
 
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptxLição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
Lição 6 - As nossas Armas Espirituais.pptx
 
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).pptAUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA  (1).ppt
AUTORA VILMA DIAS - MARIA ANTES DE SER MARIA (1).ppt
 
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdfTHIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
THIAGO-meudiadefestaparaimpressão_thandreola_300324.pdf
 
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINALAntropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
Antropologia Missionária 1.pptx O DESAFIO FINAL
 
JOGRAL para o dia das MÃES igreja .pdf
JOGRAL  para o dia das MÃES igreja .pdfJOGRAL  para o dia das MÃES igreja .pdf
JOGRAL para o dia das MÃES igreja .pdf
 
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiroO CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
O CRISTÃO E O MEIO AMBIENTE: o homem como jardineiro
 
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo MissionárioMissões News 04/2024 - Informativo Missionário
Missões News 04/2024 - Informativo Missionário
 

Relacionamento entre Pais e Filhos num Mundo em Transição_Texto

  • 1. O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS NUM MUNDO EM TRANSIÇÃO
  • 2. SUMÁRIO 1 Relacionamento Pais e Filhos num Mundo em Transição ............................................1 1.1 A Família e o Relacionamento com os Filhos..............................................................1 1.1.1 Considerações Doutrinárias..................................................................................1 1.1.2 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Geração de Pais................................15 1.1.2.1 Geração Asa e Pescoço.......................................................................................15 1.1.2.2 Geração Peito e Coxas........................................................................................16 1.1.3 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Pais ...................................................17 1.1.3.1 Autoritativo.........................................................................................................17 1.1.3.2 Autoritário ..........................................................................................................17 1.1.3.3 Permissivo ..........................................................................................................18 1.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Depoimentos – Acertos e Desacertos ..................19 1.2.1 De um Pai Encarnado .........................................................................................19 1.2.2 De um Pai Desencarnado....................................................................................23 1.2.3 De uma Mãe Encarnada......................................................................................24 1.2.4 De uma Mãe Desencarnada................................................................................26 1.2.5 De um Filho Encarnado......................................................................................28 1.2.6 De um Filho Desencarnado ................................................................................30 1.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma e Cartas..................................................32 1.3.1 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma de Pai ..............................................32 1.3.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Pais.................................................35 1.3.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Filhos .............................................37 2 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família - Conceitos..............................39 2.1 Os conflitos/desencontros no núcleo Familiar ...................................................39 2.2 De modo geral, quem é, nas leis do destino, o marido faltoso ? ........................54 2.3 E o filho rebelde ?...............................................................................................58 2.4 E a filha desatinada ?..........................................................................................58 2.5 E os parentes/amigos abnegados ?......................................................................59 2.6 Como é encarado o divórcio nos planos superiores ?.........................................62 2.7 Que precisamos para vencer na luta doméstica? ................................................65 3 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família – Estudo de Casos..................66 3.1 Caso 1 – Mãe/Filho - Epifânio Leite – Luz no Lar ............................................67 3.2 Caso 2 – Pais/Filho – Chico Xavier – Chico de Francisco.................................68 3.3 Caso 3 – Pai/Filhos – André Luiz – Ação e Reação...........................................68 3.4 Caso 4 - Pais/Filho – Hélio Ossamu – Resgate e Amor.....................................70
  • 3. 3.5 Caso 5 - Mãe/Filho – Mario Sobral – Memórias de um Suicida........................71 3.6 Caso 6 – Avó/Neta – Maria da Conceição – Vozes do Grande Além................72 3.7 Caso 7 – Pais/Filha - Marina da Conceição – Depois da Vida...........................73 3.8 Caso 8 – Pai/Filho – Inácio Ferreira – Psiquiatria em Face da Reencarnação...76 3.9 Caso 9 – Pai/Filhos – Yvonne Pereira – Dramas da Obsessão...........................78 3.10 Caso 10 – Pai/Filho – Epifânio Leite – Luz no Lar............................................81 4 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família – Síntese..................................82
  • 4. 1 1 Relacionamento Pais e Filhos num Mundo em Transição 1.1 A Família e o Relacionamento com os Filhos 1.1.1 Considerações Doutrinárias Há mais enfermos no mundo do que se supõe que existam. Isto porque, no reduto familiar raramente fecundam a conversação edificante, o entendimento fraterno, a tolerância geral, o amor desinteressado... Joanna de Angelis – SOS Família – Cap. 11: Cristo em Casa E nesse vastíssimo roteiro de Espíritos em desajuste, não identificaremos tão somente os cônjuges infortunados. Além deles, há fenômenos sentimentais mais complexos. Existem Pais que não toleram os filhos e Mães que se voltam, impassivelmente, contra os próprios descendentes. Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando-se uns aos outros, com os raios mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja e do despeito, apaixonadamente cultivados no solo mental. Os hospitais e principalmente os manicômios apresentam significativo número de enfermos, que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta na trincheira mascarada sob o nome de Lar. Batizam-nos os médicos com rotulagens diversas, na esfera da diagnose complicada; entretanto, na profundez das causas, reside a influência maligna da parentela consanguínea que, não raro, copia as atitudes da tribo selvagem e enfurecida. Todos os dias, semelhantes farrapos humanos atravessam os pórticos das casas de saúde ou de caridade, à maneira de restos indefiníveis de náufragos, perdidos em mar tormentoso, procurando a terra firme da costa. Ninguém pode negar a existência do amor no fundo das multiformes uniões a que nos referimos. Mas esse amor ainda se encontra, à maneira do ouro inculto, incrustado no cascalho duro e contundente do egoísmo e da ignorância que, às vezes, matam sem a intenção de destruir e ferem sem perceber a inocência ou a grandeza de suas vítimas.
  • 5. 2 Por isso mesmo, o Espiritismo com Jesus, convidando-nos ao sacrifício e à bondade, ao conhecimento e ao perdão, aclarando a origem de nossos antagonismos e reportando- nos aos dramas por nós todos já vividos no pretérito, acenderá um facho de luz em cada coração, inclinando as almas rebeldes ou enfermiças à justa compreensão do programa sublime de melhoria individual, em favor da tranquilidade coletiva e da ascensão de todos. Humberto de Campos – Luz no Lar - Cap. 5 – No Reino Doméstico Necessário que os Pais conversem mais cordialmente com os seus filhos no clima da harmonia doméstica, dentro da própria casa e nunca adiar essas conversações para tempos de desastre sentimental. Frequentemente, os pais não se sentam com os filhos para um entendimento afável, para uma conversação mais doce, para que o intercâmbio da amizade se processe, para que o amor realize a sua Obra Divina nos corações, e bastas vezes, assumem atitudes atormentadas, quando os filhos ou as filhas mais jovens adquirem dificuldades ou problemas íntimos para a solução dos quais eles, os pais, não os preparam. Precisamos agora, mormente na atualidade quando se opera vasta revisão de valores domésticos, familiares e sociais, da prática de um amor sem limites, de uma tolerância imensa — de nós todos, de uns para com os outros —, para que atinjamos um acordo geral de rearmonização e, então, iniciar uma era nova, em que a criança receba realmente aquele amparo de que necessite e a que tem direito, para que nunca venhamos a condenar indebitamente, os mais jovens. Francisco Cândido Xavier – Entrevistas – Cap. 10: Pais e Filhos Claro que a qualidade do relacionamento é muito importante, mas qual o mínimo de tempo considerado ideal? Dez minutos por dia? Três ou quatro beijinhos sôfregos antes de sair correndo ou ao voltar do trabalho e encontrar a criança já na cama, banhada e alimentada? Isso é qualidade? E nos fins de semana? Trazer trabalho para casa e ficar o fim de semana inteiro plugado no computador, resolvendo os problemas da firma e pedindo silêncio, às vezes irritado porque precisa trabalhar? Alguém já fez uma planilha e se deu conta de quanto tempo fica com os filhos por dia, por semana, por mês? Já pensou o que isso vai significar no final de um ano ou de toda a infância? Qual o percentual de presença que você está dando para seus filhos? José Martins Filho – A Criança Terceirizada – Cap. 6: Os descaminhos das Relações Familiares no mundo contemporâneo.
  • 6. 3 Nota: José Martins Filho é o médico pediatra, neonatologista, professor titular emérito de pediatria da Unicamp, na qual foi reitor da universidade entre os anos de 1994 e 1998. O livro O Executivo & sua Família, afirma – “o sucesso dos pais não garante a felicidade dos filhos”, do psiquiatra e psicoterapeuta Içami Tiba Por isso, afirma Tiba, “o melhor investimento não é o plano de previdência privada, mas sim o relacionamento com os filhos”. Se não for assim, diz o autor, “a pessoa corre o risco de acabar num asilo, rica, mas sem afeto”. (...) Tiba chega a afirmar que, às vezes, os filhos formam-se de tal maneira distante da própria família que nem adquirem seus valores nem absorvem o espírito da formação de um lar. Carlos Abranches – Revista Reformador – 1999 – Julho: Sucesso no Trabalho, fracasso em Casa Não importa a idade física de teus filhos ou tutelados. Ausculta-lhes as tendências e aspirações, oferecendo-lhes na frase amiga a luz de tuas próprias experiências, de modo a auxiliá-los, tanto quanto possível, a sentir raciocinando e a discernir o rumo exato que se lhe descerre à frente, nas sendas que lhes caiba trilhar. Todavia, não deixes o diálogo amigo tão somente para os dias de aflição, quando a crise haja surgido, estabelecendo desastre e sofrimento nos trilhos da experiência doméstica. Mantém o hábito de conversar frequentemente com os seres amados, praticando a caridade da cortesia e da tolerância, e reconhecerás sem dificuldade que, muitas vezes, alguns simples minutos de diálogo afetuoso, na paz do cotidiano, conseguem realizar verdadeiros prodígios de tranquilidade e segurança, francamente inabordáveis por longos e longos meses de azedume ou de discussão. Emmanuel – Vida em Vida – Cap. 9: Dialogo no Lar Dialoga com teus filhos com lúcida argumentação, ouvindo o que têm a dizer-te, com tranquilidade e compreensão, fazendo-os sentir que o nosso percurso humano é por demais meteórico e deveremos aproveitar o mundo para aprender e empreender o melhor, porque, como cidadãos do Universo, os lares da imensidão nos aguardam, e todos nós, pais, filhos e irmãos na Terra, em realidade somos todos irmãos em Deus, na marcha determinada para a felicidade. Camilo – Revelações da Luz: Cap. 19 – Que Fazes de Teu Filho?
  • 7. 4 O que vem acontecendo, quase sempre, nas estruturas do mundo, é uma interpretação equivocada de como deve ser o nosso relacionamento com os nossos filhos. Muitas vezes, os enchemos de proteção. Protegemos de tal forma os filhos que eles ficam incapazes, não sabem dar um passo por si mesmos, não sabem dizer nada sem olhar para nós e pedir permissão com o olhar. Tornam-se criaturas completamente verdes, flores de estufa, na grande construção da vida. Certamente sofrerão. Quantas são as vezes em que os enchemos de dinheiro. Para nossos filhos não falta nada, não falta coisa alguma. Não faltam as coisas. É importantíssimo que percebamos se, isto é, o devido, se deveríamos encher os nossos filhos de recursos pecuniários, de mesadas, de dinheiro para que eles aprendam a ganhar sem fazer qualquer esforço, aprendam a ter coisas que outros trabalharam por eles. Para eles, na medida em que o tempo passe, a vida terá que ser assim: Alguém trabalha para mim, eu usufruo. Começaremos a criar os nossos filhos com essa mentalidade de que eles só exigem, só querem. Apenas cobram e os pais, na condição de Banco Central, de Caixa Econômica, de burra, de recursos amoedados. Mas não foram nossos filhos que se fizeram assim. Nós os estamos acomodando a esse status quo. Outras vezes, enchemos nossos filhos de coisas, de bugigangas, damos-lhes os carros que eles querem, as motos que eles querem, as roupas que eles querem, as marcas que eles querem e, para isso, nos desdobramos trabalhando, fazendo extra, tendo que tirar de algum lugar para locupletar a vontade dos filhos. (...) Quantas e quantas vezes fazemos com os nossos filhos como na brincadeira das cabras-cegas. Vendamos-lhes os olhos para a realidade do mundo, rodopiamos nossos filhos em torno das quinquilharias da Terra e os soltamos. E eles se acharão completamente tontos. A tendência será errar o caminho, a tendência será cair, perder-se. (...) Nunca sabemos quem são os nossos filhos. Não foi por outra razão que Jesus Cristo, ao conversar com Nicodemos, de acordo com o Evangelho de São João, lhe disse: O Espírito sopra onde quer, não sabemos de onde vem nem para onde vai, de que realidades experienciais ele vem, para que realidades experienciais ele vai. Por causa disso, vale a pena termos cuidado com o tipo de norte que estamos dando aos nossos filhos. Imaginando que seus filhos sejam seus pertences, são muitos os pais, são muitas as mães que os criam como se os fossem colocar numa redoma e venerá-los para sempre aos seus pés. Nossos filhos são aves que devem voar, singrar altos céus, missionários que todos eles são, em nível alto, em nível mais simples e para isto devemos cooperar. Raul Teixeira - Programa Vida e Valores, de número 184 – 2009 - Federação Espírita do Paraná
  • 8. 5 Em todas as situações, ouve teus filhos com afetuoso apreço. E auxilia-os a seguir pela estrada que julguem mais adequada ao que anseiam fazer, na base da consciência tranquila. Todos estamos no endereço de Deus, entretanto cada um de nós transita em estrada diferente para chegar ao destino. Não provoques o desespero dos filhos pela imposição das ideias que te modelam a experiência. Tempera o calor da disciplina com a bênção da brandura. De qualquer modo e quaisquer que sejam as circunstâncias, compadece-te de teus filhos para que eles se compadeçam de ti. Emmanuel – Caminhos de Volta – Cap. 9: Vocação dos filhos A convivência entre filhos e pais é recurso psicoterapêutico valioso, trabalhando o inconsciente de ambos, de maneira a serem superadas as reminiscências negativas que possam ressumar, programando a reconciliação e o bem-estar através do amor incessante, delineador da felicidade tio grupo. (....) Somente no relacionamento doméstico é possível a preparação para a fraternidade generalizada, desde que, no grupamento familiar, de menor dimensão, onde todos se conhecem e se podem desculpar com mais facilidade, são trabalhados os sentimentos e superadas as exigências do ego, dando lugar aos interesses gerais que farão bem igualmente a cada indivíduo. Joanna de Angelis – Constelação Familiar: Cap. 4 - Os Filhos Em meu livro “Amor, Casamento & Família”, refletindo sobre a natureza dos componentes da família, considerando os fenômenos da atração afetiva que caracteriza os lares, exprimindo a realidade espiritual de seus integrantes, propus, como hipótese de trabalho, três categorias de grupos familiares: famílias relativamente compensatórias, famílias afetivamente amorfas e famílias afetivamente passionais. As famílias afetivamente compensatórias, embora grandemente diferenciadas entre si, apresentam uma unidade emocional, psíquica, intelectual e moral, razoavelmente equilibrada e produtiva. As famílias afetivamente amorfas apresentam um relacionamento insatisfatório, instável e embora não atinjam níveis de conflitos angustiantes, também não estimulam a formação de liames profundos. A interação é insuficiente para gerar uniões permanentes e por isso tendem a se desagregar.
  • 9. 6 As famílias passionais são marcadas pela reunião de Espíritas traumatizados, conflitados entre si, gerando desajustes que atingem o clima de tragédia, desde as que ocultamente dilaceram o coração, até as agressões abertas e os crimes. Estatisticamente, as famílias afetivamente amorfas são a maioria, enquanto as afetivamente compensatórias e as passionais permanecem nos extremos minoritários. Esse quadro demonstra que existe todo um espaço a ser trabalhado na reformulação das ideias. Que a grande maioria dos componentes das famílias afetivamente amorfas permanece num estágio de estagnação pessoal e afetivo, sem estimulação própria para superar o apelo à futilidade. O sofrimento, o isolamento afetivo não produz neles, imediatamente, respostas de eliminação, mas de esquiva. Enquanto que os componentes das famílias compensatórias e passionais, por possuírem a paixão, poderão prosseguir no seu aperfeiçoamento ou reverter os fatores negativos com maior facilidade, se encontrarem oportunidade de estimulação adequada. Jaci Regis – Abertura – Jornal de Cultura Espírita, outubro de 1996. Licespe – Santos–SP – O Espiritismo e a Família Perante o Século 21 Convicto de que trazes espirituais compromissos com teus herdeiros, nunca te inibas quando os tenhas de abordar. Senta-te com eles e demonstra a alma sensível que és. Não te faças distante dos teus filhos. Abraça-os, beija-os, envolve-os com ternura, pois na Terra terás pouco tempo para expressar-lhes todo o teu amor. Nunca te envergonhes de falar aos teus filhos sobre as tuas fragilidades - naturalmente observando os níveis de sua maturidade, - sobre as lutas que travas portas adentro da alma, dos teus medo e inseguranças, para que eles sintam que seus genitores são homens e mulheres normais, e, por sua vez, procurem ajudar-te com os recursos de que já disponham. Evitarás, assim, a falsa postura de super-homem ou de mulher-maravilha, que não sofrem, não choram, não perdem e não cometem erros. Os pais não se devem esconder sob capas de super-heróis, porque é comum que não suportem manter a posição por muito tempo, o que leva os filhos a terríveis frustrações, quando passaram longo tempo de suas vidas acreditando nos poderes especiais de seus pais. Faze-te, pai ou mãe, mais fácil para os teus filhos. Importante que sejam mais acessíveis à conversa, aos diálogos, às trocas de ideias. Em nada essa prática diminuirá as figuras paterna e materna ou o respeito. Camilo – Minha Família, o Mundo e Eu: Cap.3 – Sobre os Teus Filhos
  • 10. 7 Deploravelmente, invertendo por completo, a hierarquia dos valores reclamados pelos filhos, Pais existem que só se preocupam com o futuro deles e, no afã de preparar-lhes “dias melhores”, isto é, uma vida de luxo e regalos, esquecem-se do essencial, que é proporcionar-lhes, no presente, aquele ambiente repleto de amor, compreensão, ternura, paz e alegria, indispensável a uma boa educação, isenta dos problemas de personalidade. (...) Quantas vezes, a falta de diálogo com os filhos e, consequentemente, o desconhecimento do que lhes vai pela alma, tem feito com que interpretemos mal suas atitudes, julgando-as agressivas e desrespeitosas, quando não passam de apelos dramáticos para que nos apercebamos de que eles existem? E quantas outras, ao se sentirem perplexos face a uma situação inusitada, precisariam não que lhes aumentássemos a “mesada” ou que os presenteássemos com um carro novo, mas simplesmente que nos sentássemos a seu lado e nos dispuséssemos a ouví-los, pelo menos durante quinze ou vinte minutos? Como pretender, pois, que eles nos estimem e nos demonstrem gratidão, a traduzir-se por uma conduta irreprochável, se o que recebem de nós são migalhas afetivas nem sempre dadas de boa vontade, insuficientes para saciar a fome de carinho que os consome? Rodolfo Calligaris – A Vida em Família – 2º Parte – Relacionamento entre Pais e Filhos – Item: Preservemos os vínculos Familiares. Os diálogos pessoais, no momento, cedem lugar às comunicações eletrônicas, o prazer da convivência entre os amigos é transferido para as mensagens ligeiras, ortograficamente incorretas e atentatórias à boa linguagem. Diz-se que são os novos tempos e, sem dúvida, trata-se de um novo período no processo sociológico e psicológico da Humanidade, lamentavelmente com resultados bastantes afugentes para os seus áulicos. A falta de comunhão fraternal, de conversação edificante, de estudos sociais abrangentes com objetivos libertadores caracteriza o crepúsculo desta civilização, em um claro-escuro de sentimentos, enquanto surge nova madrugada anunciando outros valores que estão esquecidos, mas que são de sabor e significado permanente. Joanna de Ângelis – Liberta-te do Mal - Cap. 4 – Tempo Mental
  • 11. 8 Faze de teu filho o melhor amigo se desejas um continuador para os teus ideais. Que será de ti se depois de tua passagem pela carne não houver um cântico singelo de agradecimento endereçado ao teu Espírito, por parte daqueles que deves amar? (...) Ama teu filho e faze dele o teu confidente e companheiro. E, quanto puderes, com o teu entendimento e com o teu coração, auxilia-o, cada dia, para que te não falte a visão consoladora da noite estrelada na hora do teu repouso e para que te glorifiques, em plena luz, no instante bendito do sublime despertar. Emmanuel – Trilha de Luz – Cap. 12: Página do irmão mais velho Auxilia a criança, não apenas a sorrir, mas também a se educar. Aprendamos a não gritar e sim conversemos. Não te esqueças: a união começa de casa, mas a calma geral começa em ti mesmo. Emmanuel – Calma – Cap. 14: Rusgas Domésticas Acostuma-te a dialogar com teus filhos, tão logo comecem a se comunicar contigo, ainda que da forma mais rudimentar. Não os temas quando gritem, quando batam portas, quando se trancafiem e não compareçam às refeições, quando fechem o cenho ou quando chorem copiosamente. Não há por que temê-los. Importante será entendê-los, retornando à realidade de que são reencarnados, trazendo do seu pretérito as rebeldias, os destemperos, as manias e quejandos, a fim de que, pouco a pouco, possam corrigir esses dislates sob o comando do teu amor responsável. Dialoga, apresenta teus raciocínios, argumenta ou contra argumenta, nada obstante também eles devam ser levados a se expressar, exteriorizando anseios, sonhos e agonias. Indispensável ouvi-los, sem que sejam transformados em reizinhos ou princesinhas, sempre com a última palavra na relação familiar, convertidos em criaturas mimadas e caprichosas, o que seria fatal no processo da sua formação moral tanto para a família quanto para a sociedade, uma vez que eles mesmos se tornariam pessoas muito infelizes. Aprende, pai ou mãe, a fazê-los também ouvintes do que tenhas a lhes dizer, quando lhes fales sem arrogância, sem crueldade, sem autoritarismo, sem aranzéis, sem gritarias ou encenações de todo indevidas, quanto dispensáveis. (...) Crê, contudo, que tantos tormentos que encontra hoje, aqui e, ali, no íntimo de tantos lares, devem-se ao relaxamento, ao descaso para com a educação, tida por muitos como algo dispensável e cerceadora da liberdade.
  • 12. 9 Não adiras a essa onda e deixa-te conduzir pelo pensamento luminar do Cristo ao propor: Deixai que venham a mim os pequeninos ... Camilo - Nos Passos da Vida Terrestre - Cap. 8 - Descaso na Educação Em "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec recebe dos Espíritos a informação de que a paternidade é uma verdadeira missão e, mais do que isto, que é um grandíssimo dever e que envolve, mais do que pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro, conforme notamos na questão 582. Acredito que a questão grave não seja a situação em que a mãe precisa trabalhar fora do lar, mas sim, como fará ela a necessária compensação, quando ao lar retorna. É certo que admitimos que a ausência da mãe sempre provocará, sobre os filhos pequenos, processos de carências que ninguém suprirá devidamente. De acordo com o tipo de Espírito, essas carências poderão atingir índices altos de transtornos na formação da personalidade infantil, a desaguar nos desajustes da adolescência, quando não corrigidos a tempo. Faz-se, assim, importante que a mãe que trabalhe fora de casa, empreenda maiores esforços para envolver a criança, atendê-la, entendê-la, ajudá-la em seus trabalhos escolares, dialogando sempre. Enfim, torna-se imprescindível que os pais, e particularmente a mãe, conversem com as crianças sobre as razões ponderáveis. Não deverão os pais, em chegando ao lar, fixarem-se nas intermináveis novelas, em leituras de jornais delongadas, irritando-se com a aproximação ou solicitação dos pequenos, aos quais, antes deveriam buscar para aconchegá-los. Nesses casos, depois que os pais cheguem em casa, eles próprios superarão o cansaço para cuidarem, com atenção e carinho, dos filhos que ficaram sem eles durante todo o dia, ou grande parte do dia. Os finais de semana, igualmente, deverão ser passados junto dos filhos, aproveitados na companhia deles, salvo em casos de necessidade imperiosa que determina o contrário. Necessário se faz renunciar a alguns prazeres e divertimentos, enquanto os filhos disto careçam, a fim de formá-los no equilíbrio para o futuro, agindo dentro da orientação espírita, de acordo com o que nos lembra a Codificação Espírita. Raul Teixeira – Entrevista em Catanduva-SP – Jornal Mundo Espírita – 1986 – Agosto
  • 13. 10 (...) Pouca gente se dará conta de que esses menores abandonados não são apenas os que nascem nos guetos, nas favelas, mas todos aqueles que deixaram de receber de alguma maneira, o suporte, a atenção, o respaldo sejam da família, seja dos governos, seja da sociedade em geral. É dessa maneira que vamos encontrando menores abandonados que nunca poderíamos supor que o fossem. Porque eles estão dentro dos lares, com seu pai, com sua mãe, com seus irmãos, mas costumeiramente são órfãos. Órfãos sociais, órfãos, diríamos, de pais vivos. E quando é que essa situação passará a ocorrer? Quando é que teremos esses órfãos de pais vivos? Todas as vezes que eles recebam desses pais coisas, mas não tenham propriamente os pais. Seja pelo motivo que for. Se essas crianças, se esses moços estiverem fadados a crescer nas mãos de servidores domésticos ou nas mãos da via pública, sob o impacto das violências cotidianas das ruas da cidade, serão menores abandonados. Abandonados pelos pais, que nunca têm tempo para conversar com eles, para dialogar com eles, de explicar-lhes os perigos encontrados pelas avenidas do mundo nas pessoas que não merecem confiança. Serão menores abandonados pelas autoridades que pouco se preocupam com o menor em si. (...) Nós temos tantos menores abandonados nas ruas, como os temos nos lares, onde os pais lhes dão brinquedos, brindes, viagens, dinheiro, carros, motos, mas não lhes dão o coração. (...) Aqueles meninos, meninas que vivem dentro de casa com seu pai, com sua mãe, apenas como um dado. É que esses pais são sempre ausentes, seja pelo trabalho, seja pela vida social intensa que levam, seja porque motivo for. Esses moços, essas crianças, esses jovens ou adolescentes, o que é que deverão pensar, o que é que lhes passa pela cabeça? Parecerá que eles são verdadeiros estorvos na vida dos seus pais. Porque os pais nunca têm tempo para eles. Sempre coisas muito rápidas para atender a necessidades econômico- financeiras, para dar-lhes dinheiro, para ouvir a respeito de alguma das suas necessidades. Aqueles que têm casa, que têm pão, que têm comida, que têm roupa, que têm quase tudo, mas lhes falta o amor dos pais, cabe-nos pensar no estilo de apoio que estamos dando às nossas crianças, nossos filhos, nossos menores. E, honestamente, verificarmos se, apesar de todas as coisas que lhes damos, se não estamos convertendo nossos filhos em outros tantos menores abandonados.
  • 14. 11 Raul Teixeira – Programa Vida e Valores, de número 105 – Federação Espírita do Paraná – Menores Abandonados O importante na tarefa de administrar o relacionamento “pais filhos” está na nítida convicção da realidade espiritual. Ou seja, a de que trazemos em nós um vasto e pouco explorado universo inespacial extremamente rico em potencialidades, cujo conhecimento muito poderá ajudar-nos a entender melhor aquilo a que costumo chamar de o oficio de viver. Hermínio de Miranda – Nossos Filhos são Espíritos – Cap. 28
  • 15. 12 O relacionamento no lar constitui preparação para as conquistas da solidariedade com todos os seres, não apenas os humanos, porquanto o desenvolvimento dos valores intelecto-morais proporciona aspirações mais amplas que vão sendo conquistadas à medida que o indivíduo amplia a capacidade volitiva de amar. (...) Mede-se o desenvolvimento e a maturidade psicológica de uma pessoa, quando o seu relacionamento no lar é positivo, mesmo que enfrentando clima de hostilidade ou de indiferença, que o prepara emocionalmente para outros cometimentos na convivência social. (...) Representando a família a mais valiosa célula do organismo social, é nela que se encontram os Espíritos necessitados de entendimento, de intercâmbio de sentimentos e de experiências, de forma que o lar se faz sempre a escola na qual os hábitos irão definir todo o rumo existencial do ser humano. (...) Por serem profundos e inevitáveis os relacionamentos domésticos, positivos ou não, apressam o desenvolvimento da afetividade que prepondera, quando negativos, em forma reagente, porém viva, e quando saudáveis, em mecanismos de evolução que apressa a lídima fraternidade. (...) Quando, porém, alguém não consegue evitar os constrangimentos domésticos, porque outrem – aquele a quem desejaria ser simpático – se recusa à mudança de atitude hostil, é possível tornar o problema um valioso recurso para a prática de tolerância, tentando compreender a sua dificuldade, desculpando-o pelo estágio primário em que ainda permanece, mas tratando de não se deter no aparente impedimento, e crescendo sem amarras emocionais com a retaguarda. (...) Quando não vicejam sentimentos felizes na família – que se apresenta dispersiva ou sempre mal disposta, egoísta ou agressiva –, a melhor terapia para um bom relacionamento é aquela que não envolve as emoções, evitando-se dilacerações sentimentais, porquanto os menos equipados de grandeza moral são insensíveis às palavras e aos gestos de ternura, caracterizando-se pela forma brutal de comportamento. (...) Os relacionamentos familiares são particulares testes para a fraternidade, desde que o campo é fértil para as discussões, as agressões, as discrepâncias, mas também para a compreensão, a ajuda recíproca, o interesse comum, mediante cujas ocorrências, dá-se naturalmente a integração do ser na convivência social. (...) A fornalha mais preciosa para o amoldamento do caráter e da personalidade é o lar.
  • 16. 13 Quando esse falta, deixando o ser em formação em mãos estranhas ou ao abandono, o sofrimento marca-lhe o desenvolvimento psicológico, que passa a exigir terapia de amor muito bem direcionada, evitando-se os apelos de compaixão, de proteção injustificada, para se tornar natural, franco, encorajador, e que faculte a compreensão do educando sobre o fenômeno que lhe aconteceu, mas em realidade não lhe pode afetar a existência, desde que se trata de uma ocorrência proposta pelas Leis naturais da Vida. O ser humano, em qualquer fase do seu desenvolvimento na Escola terrestre, é sempre aprendiz sensível a quem o amor oferece os mais poderosos recursos para a felicidade ou para a desdita, dependendo de como esse seja encaminhado. O lar, desse modo, é oficina de crescimento moral e intelectual, mas sobretudo espiritual, que deve ser aprimorado sempre, abrindo espaço para tornar-se célula eficiente da sociedade. Joanna de Angelis – O Despertar do Espírito – Cap.: Relacionamentos Familiares Somente através de uma convivência positiva, que resulte agradável, é que se podem formar relacionamentos saudáveis, que resultam em harmonia no grupo, em interesse sincero em favor do bem-estar de todos. O isolamento a que se entregam os indivíduos contemporâneos, especialmente nestes dias de comunicação virtual, trabalha em favor de conflitos mais graves do que aqueles que já se lhes instalaram, empurrando-os para distanciamentos físicos cada vez maiores, em que perdem a sensibilidade da convivência, o calor da amizade, e os anseios que os movem são sempre pertinentes aos interesses financeiros, aos gozos sexuais, quando não, às perversões que grassam avassaladoras. Quando esse isolamento não decorre da fuga para a convivência virtual, os conflitos existentes nessa pessoa afastam-na do meio social, da intimidade na família, procurando justificações para entregar-se ao sofrimento, quando não tombando em depressão. Os relacionamentos, portanto, devem iniciar-se no próprio meio familiar, no interesse pelo que ocorre em relação ao grupo sanguíneo, no qual se renasceu, participando das atividades domésticas e das preocupações, procurando solucionar os problemas e as dificuldades, enfim, movimentando-se de maneira edificante na constelação do lar. Mais facilmente se torna partir do simples para o complexo, da família para o vizinho, do grupo de interesses comuns para as aspirações da sociedade, oferecendo-se de maneira ativa para tornar melhores os dias da existência, em relação à própria como às que se referem às demais pessoas. Joanna de Angelis – Constelação Familiar – Cap. 16: Relacionamentos Sociais
  • 17. 14 Mesmo havendo dificuldades e problemas, como é perfeitamente natural, esses devem ser examinados com naturalidade, sem os extremos da revolta ou os escamoteamentos para disfarçá-los, dando-se uma falsa idéia de que tudo está bem. Quando não ocorrem os hábitos de confiança e de lealdade na convivência doméstica, a família começa a desestruturar-se, avançando para o desmoronamento. É imprescindível, portanto, que antes de tal acontecimento todos os seus membros estejam informados das ocorrências que têm lugar no ninho familiar, de forma que os mesmos, em conjunto, contribuam, conforme possam, para solucionar as dificuldades e ampliar os bons resultados do trabalho desenvolvido. As experiências que se vão acumulando nos relacionamentos domésticos serão, mais tarde, automaticamente transferidas para a convivência fora do lar, quando as lutas são mais severas e a ausência de parâmetros da afetividade concorre para as definições em torno daqueles que devem ser eleitos como amigos, em relação aos demais que passarão a ser conhecidos apenas, credores de consideração, mas não de confiança ou de intimidade. Nesse ambiente de entendimento familiar, todos auxiliam-se reciprocamente, nas atividades domésticas, nos trabalhos escolares, nas preocupações de sustentação econômica, evitando-se exageros de gastos e de consumismo, sempre perturbadores e responsáveis por situações aflitivas em relação ao futuro. A consciência coletiva na família é o resultado da participação de todos os seus membros nas ocorrências diárias, facultando o trabalho geral e ordeiro de preservação do afeto e da manutenção do respeito. Sendo a família constituída por espíritos de diversas procedências, alguns dos quais cobradores de débitos anteriores, é compreensível que se manifestem com azedume, constante insatisfação, agressividade ou reagentes aos planos de entendimento coletivo. Será sempre este membro o criador de problemas, o reclamador, o calceta, o rebelde... Fragilizado espiritualmente, corre o perigo de tombar na fuga pelas drogas, pelo álcool, e, na sua insegurança, iniciar-se no furto, como recurso psicológico para chamar a atenção. Torna-se, então, um verdadeiro desafio familiar, que deve ser levado em consideração, numa representação diminuta em relação ao que será encontrado multiplicadamente na sociedade fora do lar, que exigirá comportamento equilibrado e desafiador. A família, portanto, é a célula primordial do grupamento social, o reduto onde se forjam os sentimentos e as qualificações para os relacionamentos humanos em toda parte. Manter-se, desse modo, uma convivência agradável e louçã, é a regra de bem proceder no lar, para os enfrentamentos coletivos no futuro. Joanna de Angelis – Constelação Familiar – Cap. 17: Relacionamentos Familiares
  • 18. 15 1.1.2 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Geração de Pais 1.1.2.1 Geração Asa e Pescoço a. Pais hipersolícitos Nós, Pais, criamos os filhos procurando dar-lhes o melhor. Fizemos de tudo para que não sofressem o que nós tínhamos sofrido. Porém, o que tenho observado na sociedade e no consultório levou-me a concluir que tais gestos de amor mais prejudicaram que ajudaram na formação dos jovens. Portanto, foram erros de amor. Os Pais, hoje, são hipersolícitos, deixam a criança fazer o que quiser, toleram e relevam os erros dela, colocam-na sempre em primeiro lugar, não estabelecem limites para suas ações, fazem por ela o que ela mesma teria de fazer. São gestos de amor, mas inadequados, pois dessa forma os pais não a educarão para que viva em sociedade. Algum pai se lembra de como os filhos obedeciam só pelo olhar do pai? O pai era uma autoridade suprema, um patriarca. Quando havia frango no cardápio, quem comia a melhor parte, peito e coxa, era o pai. Para nós, filhos, sobravam asa e pescoço. E hoje, pais que somos, não queremos que nossos filhos comam asa e pescoço, como nós havíamos comido, portanto nos empenhamos em lhes dar o melhor. O que eles comem? Peito e coxa. E o que sobra para nós? Asa e pescoço. Somos, portanto, a geração asa e pescoço, ou seja, uma geração-sanduíche, sufocada de asa-e-pescoço entre duas gerações de peito-e-coxas. b. Pães: Pais com a função de mães As crianças começam a se acostumar com o pai carregando sua mochila, tarefa antes exclusiva da mãe. Com frequência podemos observar, em áreas sociais como as praças de alimentação dos shoppings, crianças que dão respostas mal-educadas ao Pai e, não raro, tapas no rosto dele quando não atendidas. É a tirania despontando.
  • 19. 16 1.1.2.2 Geração Peito e Coxas a. Avós patriarcas: geração peito-e-coxas. Criaram uma geração de pais sufocados. Que criou uma geração de netos folgados. b. Crianças príncipes. Pais criam verdadeiros príncipes (outra geração peito-e- coxa), que se transformam em tiranos. (criam “crionças”). Do alto de seus 2 anos de idade, aquele nanico consegue desafiar a mãe, até que ela cede: "Tá bom, só dessa vez...” Quer dizer: outra vez ele venceu. Venceu porque ela mesma decretou a sua falência, passando então a autoridade para o catatau. É assim que a criança aprende que basta fazer birra para confirmar seu poder. Sem entender os porquês de a mãe negar-lhe algo, ela aprende a não tolerar frustrações. Não consegue "passar vontade", isto é, querer algo e não ter. c. Adolescentes, “aborrescentes”: Dificuldade muito grande de assumir compromissos: “A escola é boa o que atrapalha são as aulas”; não querem a Escola, querem a Turma. Um aborrescente não nasce da noite para o dia. Antes ele já, foi uma “crionça” (mistura de criança com onça). Talvez uma crioncinha linda naquele tempo em que os pais a deixavam fazer tudo. O pobrezinho começava a chorar, logo ofereciam colo. Qual é a criança que não gosta de colo? Pode não resolver o que provocou o choro, mas dá certa tranquilidade. Assim, aprende que é mais importante o alívio do sofrimento do que a resolução do problema. Percebemos, então, que não é assim tão de repente que o adolescente decreta: "Eu quero, eu faço, e ponto final". O fato de sermos Pais biológicos não nos capacita a educar nossos filhos. Somos Pais silvestres, educadores sem capacitação, pois há muita informação disponível para quem estiver interessado. Ainda há tempo de fazer valer o não. Educação é um fenômeno vivo. A cada momento podemos evoluir e fazer mudanças. Içami Tibo – Juventude & Drogas – Cap. 5 - Anjos Caídos
  • 20. 17 1.1.3 Relacionamento Pais e Filhos – Tipos de Pais Estudos científicos relacionados à educação familiar, iniciados a partir da década de 60, indicam que há três protótipos básicos de Pais: o autoritativo, o autoritário e o permissivo. FEB - Campanha Nacional Antidrogas – Cap. 3: Influência da família e do meio social 1.1.3.1 Autoritativo • Tentam direcionar as atividades dos filhos de maneira racional e orientada; ouvem- lhes as solicitações e procuram atendê-las de acordo com o plano de boa conduta estabelecido na família. • São responsivos e, também, exigentes. Nunca te envergonhes de falar aos teus filhos sobre as tuas fragilidades - naturalmente observando os níveis de sua maturidade, - sobre as lutas que travas portas adentro da alma, dos teus medo e inseguranças, para que eles sintam que seus genitores são homens e mulheres normais, e, por sua vez, procurem ajudar-te com os recursos de que já disponham. Evitarás, assim, a falsa postura de super-homem ou de mulher-maravilha, que não sofrem, não choram, não perdem e não cometem erros. Os pais não se devem esconder sob capas de super-heróis, porque é comum que não suportem manter a posição por muito tempo, o que leva os filhos a terríveis frustrações, quando passaram longo tempo de suas vidas acreditando nos poderes especiais de seus pais. Faze-te, pai ou mãe, mais fácil para os teus filhos. Importante que sejam mais acessíveis à conversa, aos diálogos, às trocas de ideias. Em nada essa prática diminuirá as figuras paterna e materna ou o respeito. Camilo – Minha Família, o Mundo e Eu: Cap.3 – Sobre os Teus Filhos 1.1.3.2 Autoritário • Definem, controlam e avaliam o comportamento dos filhos de acordo com regras de conduta pré-estabelecidas, em geral, absolutas; estimam a obediência irrestrita, por considerá-la virtude, e aplicam medidas punitivas para lidar com as desobediências ou conflitos identificados na relação pais-filhos. • São exigentes e não responsivos.
  • 21. 18 1.1.3.3 Permissivo • Pais permissivos podem ser subdivididos em dois tipos: indulgente e negligente o Os permissivo-indulgentes são excessivamente tolerantes, "maquiam" a realidade e sempre apresentam desculpas para os comportamentos inconvenientes dos filhos. o Pais permissivo negligentes não são exigentes nem responsivos. São irresponsáveis em relação à educação dos filhos, ausentes e indiferentes.
  • 22. 19 1.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Depoimentos – Acertos e Desacertos 1.2.1 De um Pai Encarnado O pai moderno, muitas vezes perplexo, aflito, angustiado, passa a vida inteira correndo atrás do futuro e se esquecendo do agora. Na luta para edificar este futuro, ele renuncia ao presente. Por isso, é um homem ocupado, sem tempo para os filhos, envolvido em mil atividades — tudo com o objetivo de garantir o seu amanhã. É com que prazer e orgulho, a cada ano, ele preenche sua declaração de bens para o Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito esforço, muito trabalho. Lote, casa, apartamento, sítio — tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas ele está sedimentando o futuro da sua família. Se ele parte um dia, por qualquer motivo, já cumpriu sua missão e não vai deixar ninguém desamparado. E para ir escrevendo cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta com um emprego só — é preciso ter dois ou três; vender parte das férias, em vez de descansar junto à família; levar serviço para fazer em casa, em vez de ficar com os filhos; e é um tal de viajar, almoçar fora, discutir negócios, marcar reuniões, preencher a agenda — afinal, ele é um executivo dinâmico, faz parte do mundo competitivo, não pode fraquejar. No entanto, esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens, o valor mais alto, aquele que efetivamente conta, está em outra página do formulário do Imposto de Renda — mais precisamente, naquelas modestas linhas, quase es condidas, onde se lê “relação dos dependentes”. Aqueles que dependem dele, os filhos que ele colocou no mundo, e a quem deve dedicar o melhor de seu tempo. Os filhos são novos demais, não estão interessados em lotes, casas, salas para alugar, aumento da renda bruta — nada disso. Eles só querem um pai com quem possam conviver, dialogar, brincar. Os anos vão passando, os meninos vão crescendo, e o pai nem percebe, porque se entregou de tal forma ao trabalho - vulgo construção do futuro - que não viveu com eles, não participou de suas pequenas alegrias, não os levou ou buscou no colégio, nunca foi a uma festa infantil, não teve tempo para assistir à coroação da menina — pois um executivo não deve desviar sua atenção para essas bobagens. São coisas de desocupados. Há filhos órfãos de pais vivos, porque estão “entregues” - o pai para um lado, a mãe para o outro, e a família desintegrada, sem amor, sem diálogo, sem convivência. E é esta convivência que solidifica a fraternidade entre os irmãos, abre seu coração, elimina problemas, resolve as coisas na base do entendimento.
  • 23. 20 Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos, porque correm de um lado para o outro o dia inteiro — ginástica, natação, judô, balé, aula de música, curso de Inglês, terapia, lição de piano, etc. — e só se encontram de passagem em casa, um chegando, o outro saindo. Não vivem juntos, não saem juntos, não conversam — e, para ver os pais, quase é preciso marcar hora. * * * Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a única mensagem que tenho para dar — e que tem sido repetida exaustivamente em paróquias, encontros familiares, movimentos e entidades — é esta: não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos. Dos 18 anos de casado, passei 15 anos correndo e trabalhando, absorvido por muitas tarefas, envolvido em várias ocupações, totalmente entregue a um objetivo único e prioritário: construir o futuro para três filhos e minha mulher. Isso me custou longos afastamentos de casa, viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugadas no estúdio da televisão, uma vida sempre agitada, atarefada, tormentosa, e apaixonante na dedicação à profissão escolhida — que foi, na verdade, mais importante do que minha família. E agora, aqui estou eu, de mãos cheias e de coração aberto, diante de todos vocês, que me conhecem muito bem. Aqui está o resultado de tanto esforço: construí o futuro, penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda do Luiz Otávio. De que valem casa, carros, sala, lote, e tudo o mais que foi possível juntar nesses anos todos de esforço, se ele não está mais aqui para aproveitar isso com a gente? Se o resultado de 30 anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio, e desses bens todos não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância, não ia provocar o menor abalo em nossa vida, porque a escala de valores mudou, e o dinheiro passou a ter um peso mínimo e relativo em tudo. Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura e a saúde de um filho amado, para que serve ele? Para que ser escravo dele? Eu trocaria — explodindo de felicidade — todas as linhas da declaração de bens por uma única linha que eu tive de retirar, do outro lado da folha: o nome do meu filho na relação dos dependentes. E como me doeu retirar essa linha, na declaração de 1983, ano-base de 82. Hélio Fraga - Família, último lugar? – Cap. 1 – Declaração de Bens
  • 24. 21 Nota: 1- Versões criminosamente falsificadas desta crônica (Declaração de Bens) circulam pela Internet e em diversas publicações. Algumas das versões plagiadas acrescentam ao texto original que Luiz Otávio morreu drogado e que teve uma irmã Priscila, que fugiu de casa. O filho de Hélio Fraga, Luiz Otávio, faleceu aos 12 anos, em novembro de 1982, vítima de tumor cerebral (meduloblastoma). Teve dois irmãos: Marcelo, nascido em 1972, e Ana Cristina, em 1977. Eles estudam, trabalham e moram em Belo Horizonte. A outra irmã jamais existiu. 2 - Hélio Fraga morreu na noite de 13/07/2021 em consequência da COVID- 19. (21/04/1937 – 13/07/2021) Hélio Fraga Atuou como jornalista, editor e colunista nos principais jornais de Minas Gerais. Ele tinha um blog de Turismo. Hélio Fraga teve uma extensa carreira no jornalismo. Começou em 1960, quando obteve o registro, de número 1.427, de jornalista profissional e filiou-se ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG). Na TV Itacolomi, trabalhou, nos anos de 1960, durante sete anos, como redator do Jornal Banco Minas, o noticioso noturno da emissora. No jornal impresso, também quase na mesma época, chefiou as redações dos jornais Correio de Minas e Diário de Minas. Hélio Fraga também teve passagem pelo setor público. Foi assessor de Comunicação do Governo de Minas entre 1964 e 1966 e, algum tempo depois, ocupou a mesma função na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). No jornal Estado de Minas, foi editor e colunista de Esportes. Em redação, seu último trabalho foi como editor de Turismo do jornal Hoje em Dia. Além destas atividades, Hélio Fraga foi escritor. Em O menino valente, ele descreveu a história da perda de seu primeiro filho, aos 12 anos, de câncer. Foi uma experiência dramática para ele, que havia dado prioridade ao trabalho. Com isso, a convivência familiar acabou sendo colocada em segundo plano. No livro, ele contou seu arrependimento por ter desprezado o tempo do convívio familiar com o filho. Por isso, exaustivamente, nas palestras que dava sobre o assunto, Hélio Fraga repetia exaustivamente o mesmo conselho: “Não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos”.
  • 25. 22 Na vida sindical, Hélio Fraga foi diretor do SJPMG de 1978 1980. De tempos em tempos, ele dava um plantão no sindicato para fazer o atendimento à categoria. Cuidadoso no contato com os jornalistas, ele fazia um relatório de todos os atendimentos. Com mais de 20 diplomas, troféus e prêmios internacionais, incluindo oito diplomas de Reconhecimento da Comissão Européia de Turismo - CET e Medalha de Ouro do Governo da França e três títulos de Cidadão Honorário nos Estados Unidos, Hélio Fraga fez mais de 240 viagens ao exterior a partir dos anos 60. Conheceu quase 100 países. Acumulou 10 mil horas de voo em 117 companhias aéreas e mais de 2.500 horas de navegação. "Meu pai foi um homem ímpar. Um exemplo de caráter, integridade e resiliência. Dedicou sua vida à profissão que tanto amava: o jornalismo. Conheceu o mundo inteiro mas não perdeu sua essência e seus valores. Hoje nos resta a saudade e a certeza de que um dia nos encontraremos", disse ao Estado de Minas a filha Ana Cristina.
  • 26. 23 1.2.2 De um Pai Desencarnado Compreendemos, sim. Atiramos-te cedo à luta, sem considerar-te a mentalidade em reformulação. Quantas vezes tua mãe e eu te entregamos à mãos mercenárias e quase sempre irresponsáveis, quando despontavas do berço, à vista dos imperativos de relacionamento social! Noutras ocasiões, assim procedíamos de modo a desfrutarmos sozinhos as horas feriadas que nos surgissem, a título de refazimento ou distração. E, em regressando à casa, nunca te perguntamos pelo que viste ou ouviste, a fim de estabelecermos contigo um diálogo adequado para que se te pacificasse o espírito inquieto à frente da vida. Enviamos-te à escola, no entanto, para falar a verdade, não expressávamos interesse permanente por teu currículo de lições. E quando nos apresentavas certos assuntos colhidos involuntariamente à margem do ensino, frequentemente dávamos de ombros, julgando-te a conversação demasiado infantil, afastando-nos sob pretexto de serviço urgente. Largamos-te às impressões alheias, nem sempre as mais construtivas, de maneira a nos encasularmos no ócio doméstico. Quiseste associar-nos às tuas companhias e leituras, caminhadas e afetos, mas, via de regra, recusamos-te o convite, com a desculpa de fazer dinheiro ou mobilizar providências para sustentar-te, qual se fosses um peso em nossa economia ao invés de abençoada luz do nosso amor. Distanciamo-nos de ti e deixamos-te a sós, impensadamente é verdade. Achávamo-nos como que anestesiados pela obsessão de ganho para excessivo reconforto, incapazes de oferecer-te cobertura nos domínios do coração. A morte, entretanto, apareceu quando nem havíamos começado a pensar con- venientemente na vida, a transferir-nos de plano e hoje vemos-te em perigo, espiritualmente desprotegido, cansado, desiludido, enredado em desequilíbrio e doença. Somente agora reconhecemos o quanto te amamos, unicamente agora notamos que não teremos futuro sem ti. E porque nada conseguimos realizar de bom sem amor, ante a necessidade de nossa reintegração nos interesses e aspirações uns dos outros, abeiramo-nos com humildade do caminho em que segues hoje, tão longe de nós, para dizer-te simplesmente: - CONSIDERA O NOSSO ENGANO e perdoa-nos, meu filho!... I.R. – Astronautas do Além – Cap. 12(médium Francisco Cândido Xavier)
  • 27. 24 1.2.3 De uma Mãe Encarnada “Depois de 400 noites em claro, finalmente consegui dormir, pois sei que ela está sendo cuidada.” Sempre fomos muito pobres, mas nunca deixei de lutar. Sou mãe solteira, tenho outros quatro filhos: uma menina de 19, que já está casada; um de 16; outro de 13; e o pequeno de 4 anos. Cuidei de todos sozinha. Solange trabalhava como auxiliar de cozinha, mas teve de sair do emprego porque a filha tinha começado “a dar trabalho”. Para ter comida em casa, virou catadora de recicláveis. Por uns tempos, dormia em calçadas e praças com os filhos. “Tinha vergonha e me escondia. Foi quando uma instituição espírita me tirou da rua e fez uma casa de dois cômodos e banheiro para mim e as crianças.” A família viveu uma curta boa fase, segundo ela. “Minha filha estudava e me dava orgulho. Era muito boa em Química, Física e Matemática. Todo ano era a melhor da classe. Até que, de 2015 para 2016, começou a mudar. Ela, que era tímida, de poucas palavras, começou a tagarelar. Achei que estava alterada.” A adolescente trabalhava como babá e ganhava dinheiro para comprar sandálias e roupas. “Começou a ir em baladinhas, andar com algumas amizades. Foi quando conheceu o ‘doce’ (droga sintética).” A garota começou a matar aulas e o colégio suspendeu sua vaga. “Ela se perdia no caminho da escola. Aí parei de trabalhar. Larguei tudo para ficar em cima.” Solange conta que, um dia, a menina invadiu a casa onde havia trabalhado, pegou roupas e bijuterias e as jogou na rua. “Foi quando compreendi que ela estava fora de si por causa da droga. Apanhava na rua e chegava machucada. Ficamos três meses presas em casa eu e ela , com porta e janela trancadas. Ela ‘surtava’ e queria explodir botijão, quebrar batedeira.” A mãe procurou ajuda, chegou a internar a filha no Centro de Apoio Psicossocial (Caps), mas ela fugia. “Não posso afirmar que ela se prostituía, mas desconfio que sim, pois sempre tinha dinheiro para droga.” Decisão extrema Solange conta que decidiu acorrentar a filha quando percebeu que ela corria risco de vida. “O cerco estava se fechando. Eu já tinha ido atrás de traficantes para pagar a droga que ela devia, mas aí acusaram minha filha de sumir com uma droga que eu não tinha dinheiro para pagar. Vi a corrente que usava para trancar o portão, tive a ideia e comprei o cadeado.” Nos 43 dias acorrentada, a filha dormiu pouco. “Ficava a noite inteira ouvindo funk e ninguém dormia.Ia até 6 da manhã. Meus filhos precisavam levantar cedo para a escola.”
  • 28. 25 Com o início do tratamento da filha, Solange espera ter mais tempo para cuidar dos outros filhos. No bairro, segundo ela, há muitos casos de dependência química. Solange espera que a filha se recupere e retome os estudos, mas sabe que há um longo caminho. Sobre o processo por maus tratos que terá de responder, não se preocupa tanto. “Espero que o delegado e o juiz tenham filhos. Eles vão entender.” Solange Bueno dos Santos – O Estado de São Paulo – Reportagem – 21/Junho/2017 https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,nao-fui-carrasca-desabafa-mae-que- acorrentou-filha-para-impedir-uso-de-crack,70001851971
  • 29. 26 1.2.4 De uma Mãe Desencarnada Que Deus tenha compaixão das nossas necessidades! Não sou digna sequer de vos chamar irmãos, eu que não soube honrar a maternidade. Sou aqui trazida pelos Instrutores desta Casa para apresentar as chagas da enfermidade ultriz que me aniquila lentamente através de remorso causticante, que ainda me infelicita e inquieta sem piedade. Tentarei contar a minha tragédia em forma de um: Apelo as Mães. Fui mãe, no entanto, sou uma suicida moral. Troquei as claras manhãs da esperança pelas noites tenebrosas do arrependimento; permutei a brisa suave do entardecer pelo vento gélido do remorso devastador; joguei e perdi, na mesa das ilusões, a promessa de tranquilidade, sendo arrastada na voragem ardente e cruel de vulcão interior. Deslustrei o compromisso do respeito recíproco no matrimônio, por alimentar, na vacuidade em que me acomodei, a sede terrificante do prazer mentiroso... Abençoada, porém, por uma filha que me iluminava a loucura da mocidade mal vivida, fiz-me requintada no modernismo faccioso, vestindo-a de boneca para a vitrina da ilusão. Atarefada nas mil mentiras da fantasia, ajudei-a a crescer sob os artifícios da imaginação e descobria-a subitamente selvagem, poluída... Quando lhe bati as portas do sentimento encontrei somente a avenida larga das futilidades ; quando lhe busque! a honra, somente pude ver a face vulgarizada pelo desrespeito; quando a convoquei ao dever, o sorriso que lhe bailava nos lábios dizia da loucura da sua irresponsabilidade. E tomada repentinamente por enfermidade irreversível, demandei a sepultura sem ter tido tempo de reparar os males que fiz a filha que Deus me emprestou, fazendo-me mordoma de um bem que é Seu e que eu atirei fora. Hoje, de coração ralado, de alma despedaçada, acompanho-a pelas ruas em caminhadas noctívagas — borboleta da ilusão —, e escuto-lhe o pensamento chicoteando-me: “Megera e ingrata, que se evadiu do mundo através da morte, deixando-me morta nesta vida de misérias.” Quando lhe tento falar aos ouvidos: “Filhinha, aqui estou, perdoa-me o que fiz de ti!”, parecendo ouvir-me pelo pensamento atormentado, retruca, desgostosa e infeliz: “Não tenho mãe! Sou um corpo vencido ajudando o mundo a apodrecer”. Oh! mães, meditai um pouco, ouvi meu apelo. Não venho da sepultura para gritar inutilmente! Não é a voz do remorso que clama, nem o arrependimento que grita.
  • 30. 27 É o sofrimento que suplica: “Poupai vossas filhas, guardai vossos filhos!” O cinema moderno e a televisão educativa para onde os levais são a serpe enganosa que os pica, injetando-lhes o veneno letal do desejo que os consumirá e os desgraçará. A noite de alegria que reservais para vós outras, nas reuniões da futilidade, dai-as aos vossos filhos, ficando com eles no lar. A planta tenra que não recebe sombra protetora vai queimada pelo sol inclemente ou crestada pelo frio cortante que a açoita, vencida pela chama ardente ou arrancada pelo vento tempestuoso. As crianças são débeis plantas do jardim do amor! Todo sacrifício pelos filhos é pouco. Nós os nominamos como amores nossos, mas não lhes damos o nosso amor. Dizemos que são o futuro, mas lhes amarguramos o presente com a quase indiferença. Chamamo-los promessas e martirizamos-lhes a esperança. Ganhamos todos os prazeres, brilhando no mundo e deixamos que a inconsequência, filha da negligência dos nossos atos, lhes assinale os passos. Trocai as fantasias pelo respeito a verdade, ao lado das crianças: nem a austeridade da clausura, nem a libertinagem da “motoca”; nem a exigência monacal, nem a indiferença do anarquismo; nem o potro da proibição, nem o descuido da invigilância; nem a corda punitiva, nem o desrespeito total. Acima de todas as coisas, o amor que observa e corrige, que acompanha e educa, que disciplina e consola, porquanto, sem dúvida alguma, não há melhor método pedagógico de educação do que o amor honrado, constante e firme de uma mãe que faz do lar um santuário onde os filhos são as messes abençoadas da vida. Dai as vossas alegrias de agora, mães, sofrendo um pouco, certamente, para experimentardes a ventura, mais tarde, vendo os vossos filhos ditosos, e não carregardes o fardo que ora me esmaga, experimentando, dia-a-dia sem nunca cessar, o gosto amargo do fel do remorso. Marta da Anunciação – Depoimentos Vivos – Cap. 19 – Apelo de Mãe
  • 31. 28 1.2.5 De um Filho Encarnado Emocionado, ele desabafou: Só tenho um problema: a minha mãe. Ela havia terminado o doutorado, no curso de biologia. Em razão de meu envolvimento com os entorpecentes, ela estudou tanto, e estava se preparando para publicar um livro sobre a dependência de drogas. Entretanto, numa madrugada de domingo, quando eu retornava das baladas, excitado e agressivo pelo consumo da cocaína, assim que ela me recriminou a conduta, chamando-me a atenção para os perigos que eu corria, enfrentei-a como nunca. Passei a gritar, acusando-a de não me dar atenção, dizendo-lhe que suas viagens e o seu doutorado eram o que mais lhe importava, enquanto eu e meu pai nada valíamos. Foi quando, sem que me desse conta, desferi-lhe um empurrão, provocando-lhe a queda. Humilhada, permaneceu no chão chorando. A seguir, sem nutrir qualquer pena de minha mãe, tranquei-me no quarto, coloquei o fone de ouvido e passei a ouvir rock pesado. Pouco depois, adormeci pela exaustão em que me achava. Pela manhã fui acordado pelo meu pai que retornava de uma viagem, me informando que mamãe estava hospitalizada em decorrência de um enfarte muito grave ocorrido de madrugada. Conhecendo meus hábitos, meu pai nem perguntou onde me encontrava naquele momento. A notícia me feriu como um punhal . . . Foi muito difícil, mas reuni minhas forças e fui vê-la na UTI do hospital. Ela apenas dormia sedada por força dos medicamentos. No dia seguinte, ao visitá-la, ela apenas sorria e me fitava com seus olhos cheios de ternura, sem nada conseguir falar. Essa imagem jamais me abandonou, porque no dia seguinte ela morreu, sem que eu pudesse lhe pedir perdão. A morte de minha mãe, e ainda nessas circunstâncias, é o que me atormenta sem cessar até hoje. No dia de sua morte, apenas meu pai a visitara, e por alguns momentos ela conseguiu falar com ele, mas não lhe revelou nada sobre nossa discussão. Até hoje, não tive a coragem de contar ao meu pai e à minha irmã que "matei minha mãe''. Esmaga-me ver o silêncio, a tristeza e a saudade deles. Ela era o sol de nossa casa..., somente pude perceber a sua luz quando ela se apagou. Túlio – Filhos da Dor – Cap. 5 – Os desafios da Família
  • 32. 29 Nota: Túlio, 25 anos, órfão de mãe aos 19 anos, residia com o pai, com quem tinha enormes conflitos de relacionamento. Compreendido em seu drama pessoal, sentia-se aceito pelo pai, o que permitiu a melhora de sua autoestima. Sua luta, a partir de então, se travaria no campo aberto do autoperdão. Atualmente, vive em companhia do pai, concluindo o curso de engenharia, e prossegue com acompanhamento psicológico, estando há três anos sem as drogas.
  • 33. 30 1.2.6 De um Filho Desencarnado Não sei qual seria a maneira correta de introduzir-me nesta reunião. Na impossibilidade de agir como exige a tradição, eu saúdo a todos, pedindo a Deus misericórdia para os infelizes. Meus pais, aflitos, pedem notícias de mim, procuram-me por toda parte, exigem que eu lhes comunique como estou passando, desejam uma evidência da continuação da minha vida. Desesperam-se, porque tardam as minhas cartas. . . Esperam que a morte seja um trampolim para um mundo estranho, abstrato, talvez sobrenatural. Não se dão conta, como também não me dei, de que morrer é pegar um veículo em desabalada correria que nos arroja de chofre noutro lugar, sem nos arrancar da vida, atirando-nos numa dimensão poderosa e diferente que a mente antes não pôde conceber, mas que a defrontando não pode negar. Pedem-me que lhes diga se é verdade que eu prossigo vivendo e gostariam que eu retornasse como um anjo para lhes incensar as vaidades pessoais, tornando-os privilegiados, diminuindo-lhes a responsabilidade no insucesso de que fui vítima. Reconheço a minha imprudência, constato a minha miséria, mas não posso descartar que tenho sido vítima educação e do meio onde vivi. Meus pais deram-me tudo. Educação bem cuidada, liberdade, amigos e dinheiro, só não foram pais. . . Eu pude desfrutar de regalias, mas não pude desfrutar de uma família. De cedo, os vícios e as dissipações sociais que eu encontrei em casa passaram a tomar parte nas minhas horas. Como os vícios sociais constituem motivo de projeção na comunidade, eu projetei-me. Mas, aos vinte e três anos minha projeção se apagou no acidente de um “Porche” depois de uma ingestão de drogas além da dose habitual. Que notícias eu posso dar? Dizer que despertei como um sátrapa, recolhido a um hospital onde a dor, nivelando os Espíritos, era também o meu quinhão da vida? Relatar o que tem sido este tempo sem tempo que o calendário da Terra não pode representar? O arrependimento toma uma dimensão que se perde nas medidas habituais. Por isso, o vulgo diz que, se o “arrependimento matasse". . . No entanto, a muitos aniquila o corpo, a outros tantos apaga a lucidez.
  • 34. 31 Eu diria a todos os pais, a todos aqueles que sentem saudade dos que viajaram para cá, que há um padrão de avaliação de como se encontram os que a morte conduziu para a realidade da vida. A conduta que tinham, as ações que praticaram, o comportamento que se permitiram – eis os documentos de identificação para receber aval para a felicidade ou algema para a desdita. Muda-se de lugar, porém, não se muda de estado íntimo. E porque se encontram pessoas queridas que nos aguardam com lágrimas de júbilos quando aportamos no Mundo Espiritual, de maneira nenhuma este amor modifica a paisagem em sombra de quem enxergou o bem pelas lentes do mal, ou perdeu a oportunidade de agir corretamente. Não há critério de exceção, nem regimes de privilégios. Todos nós despertamos, no Mundo dos Espíritos, com o cabedal que trouxemos do mundo dos homens. Somente a conduta bem vivida e as ações bem delineadas constituem o patrimônio de felicidade para os que a morte não consumiu. Sem desejar enviar uma mensagem de desencanto, eu gostaria de dizer aos meus pais e a quantos esperam a prevalência de novidades e a caracterização de júbilos infindáveis pelos que morreram, que se resguardem no discernimento e no equilíbrio, e, meditando sobre o que foram os seus amores, compreendam que permanecem iguais no esforço por melhorar-se, se se encontram lúcidos, e na redenção por evoluir, se se encontram agoniados sob os látegos das próprias aflições. . . Francisco Ângelo de Souza – Depois da Vida – Cap. 5 (médium Divaldo Franco)
  • 35. 32 1.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma e Cartas 1.3.1 Relacionamentos Pais e Filhos – Diploma de Pai É um diálogo entre o escriba que vos fala e o Pai Eterno. O cenário é o céu, o ano, 1920. Por ordem do Senhor, Pedro, o querido Pescador de Almas, porteiro perpétuo da mansão celestial, recebe aquele que seria eu e me leva à presença do Altíssimo. Acho até que a Ana- Maria estava por lá, escutando discretamente, por trás de alguma nuvem diáfana, dado que ela reproduziu fielmente a momentosa conversa. Eis o que ela escreveu: E como vai você, meu filho? Vou muito bem, Senhor. Melhor agora, na Sua presença. “— Que bom que você pensa assim. Mas, te chamei aqui porque, você sabe, você pediu para voltar e resolvi que você vai descer dia 5! “— Dia 5? É. Lá na Terra, tem dia, hora, meses, essas coisas... Lá existe o tempo. “— Ah, sei... “— Bem, você vai se chamar Hermínio Corrêa de Miranda; sua mãe, Helena, e seu pai, Reduzindo, estão te esperando com muita ansiedade. Você vai ser o primeiro filho desse casal que está muito próximo do meu Amor. “— Sim, Senhor. “- Seu plano de vida já está, como é de praxe, decidido, seguindo sua prévia solicitação. Mas, naturalmente, você terá o livre-arbítrio, ou seja, o direito de escolher outro plano, de mudar. ”- Sim, Senhor. “— Você vai primeiro ser filho. Depois, vai ser afilhado, depois, irmão, depois aluno, e... “- Aluno, Senhor? “— É, aluno e tio, primo, funcionário, e assim por diante, até ser namorado, noivo e esposo, pra depois ser... PAI. Esta é a mais importante de todas as categorias citadas. “— PAI, Senhor? Pensei que só o Senhor pudesse ser Pai. “— Bem, digamos que sou o PAI de todos os pais. “— Ah, sei... “— Mas você também vai ser PAI, como disse. Você pediu três filhos; duas meninas e um menino. “— É mesmo, Senhor?
  • 36. 33 “— É. Primeiro, é claro, tem a Inez — aquela que vai ser a eterna companheira, a mãe de seus filhos. Depois então, virão a Ana-Maria, a Marta e o Gilberto. “— Ana-Maria, Marta e Gilberto? “— É. Foi o que você pediu. Vão te dar muito trabalho, muitos problemas, muitas descrenças, muitos desgostos, mas algumas alegrias que compensam muito de tudo isto. É assim que os pais pensam... “- Sei... “— Naturalmente, que isto só vai começar a acontecer daqui a 23 anos. “— Naturalmente, Senhor. Vinte e três anos... “- Mas, como ia dizendo, de tudo o que você pediu pra ser, ser PAI é o mais difícil lá na Terra. E com o passar dos anos, vai ser cada vez pior. “— Entendo, Senhor... “- Não, meu filho, você não entende. Mas quando chegar a hora você saberá o que fazer; às vezes até com muito sacrifício, renúncia, angústia e até revolta. Mas, com muita compreensão. “— Senhor, me parece difícil demais. Revolta e compreensão? “— É, realmente. Você é quem sabe. Foi o que me pediu. “— Estou muito receoso, Senhor. Ser pai, como o Senhor... Não vou conseguir. “— Quem sabe? Daqui a muitos anos, vamos nos encontrar de novo e assim retomaremos esta conversa... “— Sim, Senhor... Mas, vejo dois envelopes em Suas mãos. São para mim? “— Ah, já ia chegar lá. Vamos ver. Este aqui, contém minhas instruções para a sua vida de pai. Aqui estão as soluções para todas as situações que vai enfrentar com Ana-Maria, Marta e Gilberto. Aqui está o que lhes dizer, fazer, aconselhar, ensinar, repreender, incluir, tudo. Vou instalar estas instruções no computador do seu Espírito! “— Computa... o quê, Senhor? “— Computador? Um dia você vai saber. Quando chegar a hora de resolver o problema com um dos rebentos, é só você chamar a memória e já virão todas as MINHAS instruções. Aqui está o programa. “— Obrigado, Senhor, mas deve haver algum engano, aqui só há uma folha de papel em branco! “- Não é engano não, meu filho. É que só os PAIS podem ler o que está aí. “- Ah, entendi, Senhor. E o outro envelope? “— Este contém uma única palavra. “— Só uma?
  • 37. 34 “— Só uma. E você só vai poder abrir este envelope no dia em que sentir necessidade de saber uma coisa muito importante. “— Verdade, Senhor? “-É. “— Mas que coisa é esta? Algo relacionado com os filhos? “— Sim. Vou explicar. Eu sei o que você pensará a respeito de seus filhos. Sei o que eles três pensarão a teu respeito. Mas você não saberá o que eles pensam a teu respeito, como pai. “-Ah... “— Então, no dia em que você quiser saber, abra este envelope. Se pelo menos um deles três te chamar da palavra escrita aqui, nesta folha, você terá se aproximado ainda mais de MIM, como... PAI. “— Sim, Senhor. “— Bem, chegou a hora. Daqui a um segundo, você não se lembrará de mais nada, por muitos e muitos anos. Vai, Hermínio. Minha bênção e boa sorte. “— Obrigado, Senhor. Vou sentir Sua falta. Até a volta...” (O segundo ato se passa na Terra, em 1991. O casal está comemorando 49 anos de união. Recebo de Ana-Maria, o seguinte recado: ) “— Pai, abra aquele envelope hoje. Veja se a palavra escrita pelo Senhor, não foi... AMIGO. - Era. * * * Assim, este livro, que começou com Ana-Maria, termina com esta página que ela criou com o talento e a emoção de que foi generosamente dotada. Ela assinou o meu Diploma de Pai. Ele me responde a uma das perguntas que eu li nos olhos de Ana-Maria, quando, pela primeira vez, nos encontramos do lado de cá da vida. Lembram-se? Ela se perguntava assim: — Será que esse sujeito vai ser um bom pai para mim? Com ele (com o Diploma), poderei, um dia, me apresentar lá em cima, como aquele trabalhador de que falou Paulo de Tarso, que não se envergonhará do trabalho que realizou por aqui, na Terra. Hermínio de Miranda – Nossos Filhos são Espíritos – Cap. 29
  • 38. 35 1.3.2 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Pais Filhos Ensinarás a voar ... Mas não voarão o teu voo. Ensinarás a sonhar ... Mas não sonharão o teu sonho. Ensinarás a viver... Mas não viverão a tua vida. Ensinarás a cantar ... Mas não cantarão a tua canção. Ensinarás a pensar... Mas não pensarão como tu. Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem e pensem... Estará a semente do caminho ensinado e aprendido! Origem Desconhecida (atribuída a madre Tereza de Calcutá) Sobre as Crianças Depois, uma mulher que trazia uma criança ao colo disse, Fala-nos das Crianças. E ele respondeu: Os vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da Vida que anseia por si mesma. Eles vêm através de vós, mas não de vós. E embora estejam convosco não vos pertencem. Podeis dar-lhes o vosso amor, mas não os vossos pensamentos, pois eles têm os seus próprios pensamentos. Podeis abrigar os seus corpos, mas não as suas almas. Pois as suas almas vivem na casa do amanhã, que vós não podereis visitar, nem em sonhos. Podereis tentar ser como eles, mas não tenteis torná-los como vós. Pois a vida não anda para trás nem se detém no ontem. Vós sois os arcos de onde os vossos filhos, quais flechas vivas, serão lançados. O arqueiro vê o sinal no caminho do infinito e Ele com o Seu poder faz com que as Suas flechas partam rápidas e cheguem longe. Que a vossa inflexão na mão do Arqueiro seja para a alegria; Pois assim como Ele ama a flecha que voa, Também ama o arco que se mantém estável. Gibran Khalil Gibran - O Profeta – Cap. 4: Sobre as Crianças
  • 39. 36 Vida não é para ser recebida, mas para ser conquistada "(...) Um dos meus passatempos em criança era colecionar os casulos das traças (a traça é o casulo das borboletas) e assistir, na primavera, a emersão das borboletas (...). A luta delas para escapar do cárcere despertava sempre minha compaixão (...). E, um dia, com uma tesoura muito fina, papai veio e cortou a parede sedosa do casulo, ajudando o bichinho a se soltar. A borboleta daí a um instante estava morta... - Filho - disse papai, - O esforço com que esta traça procura libertar-se do casulo ajuda-a a segregar os venenos do corpo. Se o veneno não for expulso, o bichinho morrerá. O mesmo ocorre com a gente: quando uma pessoa luta por aquilo que deseja, torna-se melhor e mais forte. Mas quando as coisas se realizam sem esforço tornamo-nos fracos, pusilânimes, sem personalidade (...). E parece que alguma coisa morre dentro de nós. Wallace Leal V. Rodrigues – E para o resto da Vida... – Cap. 26 – A Borboleta/A Traça (1979) E podemos complementar com a nossa grande Amiga Joanna de Angelis: “Nenhuma conquista pode ser lograda sem o correspondente trabalho que a torna valiosa ou inexpressiva. Quando se recebem títulos ou moedas, rendas ou posição sem a experiência árdua de consegui-los, estes empalidecem, não raro, convertendo-se em algemas pesadas, estímulos à indolência, convites ao prazer exacerbado, situações arbitrárias pelo abuso da fortuna e do poder”. Joanna de Angelis – SOS Família – Cap. 22 – Necessidade de Evolução (1994) Exatamente por isso nos diz Divaldo Franco: “Temos de ensinar aos nossos Filhos que a Vida não é para ser recebida, mas para ser conquistada”. Divaldo Franco – Vivências do Amor em Família – Cap. 1 – Pelos Caminhos da Família (2016) O que é sintetizado pelo nosso também grande Amigo Jacome Góes, não apenas para os nossos Filhos, mas para Todos nós: “Felicidade é nascer no Mundo e aprender a Renascer na Vida”. Jacome Góes – Conceitos de Vida – Cap. 61 – Para Você Pensar (1990)
  • 40. 37 1.3.3 Relacionamentos Pais e Filhos – Carta aos Filhos Filho Querido, O mundo começa a abrir as pesadas cortinas, mostrando a ti as forças e as cores de toda a sua realidade. Encontrarás violências coletivas, mas saberás construir a tua paz individual! Encontrarás indiferenças e omissões, mas procurarás dar o testemunho da fraternidade e do trabalho! Edifica dentro dos rígidos padrões da dignidade, o teu património material, porém não esqueças jamais de estabeleceres em tua vida, o bom senso do critério seletivo de prioridades, defendendo com coragem e fé, o património moral, que os ladrões não roubam e as traças não roem. Procura palmilhar sempre a estrada luminosa da fé, e não esqueças de que a tua existência, por mais longa pareça, não é mais do que um momento, na imensidade dos tempos, que constituem para todos nós, a eternidade. Dissipas as trevas da ignorância, gerando nas usinas da tua mente e do teu coração, a tua própria luz. Quando alguém te falar de morte, é bom lembrares de que sempre há vida, pelo princípio Divino da imortalidade da alma. Sê absolutamente verdadeiro, na palavra e na ação, para não te igualares aos que mentem e terminam por acreditar na verdade das próprias mentiras... Nunca pretendas parecer, senão, somente aquilo que és, pois toda hipocrisia e fingimento denotam lamentável pobreza espiritual... Para viveres inteiramente as lições da caridade, procura atender aos teus irmãos, lembrando-te sempre de que a maior carência é a de amor. Onde estiverem os teus pensamentos, aí tu estarás. Educa a tua mente, para que todas as tuas expressões louvem ao Senhor! Confia em teus talentos, desenvolve-os e usa-os em função do amor, para não seres alcançado pelos pesados tributos da omissão... É imperioso que cresças e te tornes um ser ativo no bem, ao invés de permanecerei como eterno mendigo de favores... Irradia amor e luz em todas as direções, sem exigires o coercitivo juro do retorno. Esteja preparado para o exercício da serenidade, quando as nuvens pesadas do sofrimento acumularem-se sobre o teu mundo Intimo.
  • 41. 38 Não te esqueças de que só há dois caminhos para a liberdade: a obediência e a humildade. Procura conviver em equilíbrio, com a alegria e com a dor. Não consintas que uma ou outra ajam com excessos, para que a paz não se afaste da tua vida. Considera o trabalho não só como um valor econômico, mas, principalmente, como um valor moral. Jamais assumas no terreno sagrado do lar, a triste e infeliz posição de tirano e déspota, para não te transformares em carrasco dos seres que deverás amar. Que nada, absolutamente nada, possa vir a perturbar tua placidez: nem os aplausos pelos teus sucessos, nem as críticas pelas tuas derrotas. Continua a agir conscientemente, procurando sempre fazer o melhor dentro dos rígidos padrões da dignidade, e continua pela tua estrada, não indiferente aos que te observam, mas, seguro na defesa dos teus justos valores. Procura ouvir a todos que te falam, com a máxima atenção, e respeita, em qualquer circunstância, o silêncio daqueles que nada te querem falar. Os teus conhecimentos são as tuas asas. Somente os que têm os pés atolados no pântano da ignorância não conseguem voar... Sê livre para amar, e não imponhas o domínio ou a posse sobre ninguém, para poderes ser não temido, mas, realmente amado. Quando sentires saudade, alegra-te por descobrires que já aprendeste a amar! Jamais procures montar a tribunal da tua própria justiça, julgando os teus irmãos, pois o íntimo das pessoas, muitas vezes, nem elas próprias conhecem. Procura respeitar o teu corpo como veículo indispensável para a plenitude da tua vida, e como templo vivo da tua redenção. FILHO QUERIDO, nós, teus Pais, buscamos, com sentimento do mais puro amor, a Excelsa Mãe de Jesus, para junto, dizermos: DEUS TE ABENÇÕE! Jacome Góes – Conceitos de Vida – Cap. 21: Paternidade Responsável
  • 42. 39 2 A Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito e a Família - Conceitos 2.1 Os conflitos/desencontros no núcleo Familiar Duas espécies há de afeição: a do corpo e a da alma, acontecendo com frequência tomar-se uma pela outra. Quando pura e simpática, a afeição da alma é duradoura; efêmera a do corpo. Daí vem que, muitas vezes, os que julgavam amar-se com eterno amor passam a odiar-se, desde que a ilusão se desfaça. Allan Kardec – Livro dos Espíritos – Perg. 939 As leis humanas casam as pessoas para que as pessoas se unam segundo as Leis Divinas. Emmanuel – Na Era do Espírito – Cap. 11 Muitos homens e mulheres exigem, por tempo vasto, flores celestes sobre espinhos terrenos, reclamando dos outros atitudes e diretrizes que eles são, por enquanto, incapazes de adotar, e o matrimônio se lhes converte em instituição detestável. Emmanuel – Vinha de Luz – Cap. 137 Realmente, os casamentos de amor jamais adoecem, mas nos enlaces de provação redentora, os cônjuges solicitaram, antes do berço terrestre, determinadas tarefas em regime de compromisso perante a Vida Infinita. E ante a Vida Infinita convém lembrar sempre que os nossos débitos não precisam de resgate, a longo prazo, pela contabilidade dos séculos, desde que nos empenhamos a solvê-los em tempo curto, pelo crediário da paciência, a serviço do amor. Emmanuel – Caminhos de Volta – Pag.12
  • 43. 40 Se alguém não mais deseja, espontaneamente, seguir contigo, não te transformes em algema ou prisão. Cada ser ruma pela rota que melhor lhe apraz e vive conforme lhe convém. Estará, porém, onde quer que vá, sob o clima que merece. Tem paciência e confia em Deus. Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap.13 Em verdade, o que mantém o matrimônio não é o prazer sexual, sempre fugidio, mesmo quando inspirado pelo amor, mas a amizade, que responde pelo intercâmbio emocional através do diálogo, do interesse nas realizações do outro, na convivência compensadora, na alegria de sentir-se útil e estimado. Joanna de Angelis – Amor, Imbatível Amor – Cap.6 Os que se casam, unem-se e não se fundem, o que determina que cada qual prosseguirá com suas conquistas e gostos, preferências e realidades íntimas, inteiramente “sui generis”. Camilo - Educação e Vivências – Cap. 11 A cultura do exacerbado materialismo desses dias tem ensinado aos indivíduos a fechar ouvidos e corações para o exercício da paciência, da tolerância, do perdão, da perseverança, da cooperação recíproca, no vero cumprimento dos deveres conjugais, e, ao invés disto, há estabelecido o culto ao “meu” prazer, ao “meu” bem-estar, a “minha” satisfação, a “minha” razão e ao “meu” direito, num aterrador domínio egoístico, promotor de inenarráveis tormentos para o porvir. Camilo – Desafios da Educação – pag. 96
  • 44. 41 Declarar de modo geral que o divórcio é sempre errado é tão incorreto quanto assegurar que está sempre certo. Em algumas circunstâncias, a separação é um subterfúgio para uma saída fácil ou um pretexto com que alguém procura esquivar-se das responsabilidades, unicamente. Há uniões em que o divórcio é compreensível e razoável, porque a decisão de casar foi tomada sem maturidade, porque são diversos os equívocos e desencontros humanos. Em outros casos, há anos de atitudes de desrespeito e maus tratos, há os que impedem o desenvolvimento do outro. São variadas as necessidades da alma humana e, muitas vezes, é melhor que os parceiros se decidam pela separação a permanecerem juntos, fazendo da união conjugal uma hipocrisia. Em todas as atitudes e acontecimentos da vida, somente a própria consciência do indivíduo pode fazer o autojulgamento e decidir sobre suas carências e dificuldades da vida a dois. Hammed - As Dores da Alma – Pag. 89 Frustrações, conflitos, vinculações extremadas e aversões congênitas de hoje são frutos dos desequilíbrios afetivos de ontem a nos pedirem trabalho e restauração. Emmanuel – Na Era do Espírito – Cap. 27
  • 45. 42 Famílias-problemas! ... − Irmãos que se antagonizam... − Cônjuges em lamentáveis litígios... − Animosidades entre filho e pai, farpas de ódios entre filha e mãe... − Afetos conjugais que se desmantelam em caudais de torvas acrimônias... − Sorrisos filiais que se transfiguram em rictos de idiossincrasias e vinditas... − Tempestades verbais em discussões extemporâneas... − Agressões infelizes de consequências fatais... − Tragédias nas paredes estreitas da família... − Enfermidades rigorosas sob látegos de impiedosa maldade... − Mãos encanecidas sob tormentos de filhos dominados por ódios inomináveis. − Pais enfermos açoitados por filhas obsidiadas, em conúbios satânicos de reações violentas em cadeia de ira... − Irmãos dependentes sofrendo agressões e recebendo amargos pães, fabricados com vinagre e fel de queixas e recriminações... Famílias em guerras tiranizantes, famílias-problemas! ... É da Lei Divina que o infrator renasça ligado à infração que o caracteriza. A justiça celeste estabeleceu que a sementeira tem caráter espontânea, mas a colheita tem impositivo de obrigatoriedade. Não renasceste ali por circunstância anacrônica ou casual. Não resides com uma família-problema por fator fortuito nem por engano dos Espíritos Egrégios. Escolheste, antes do retorno ao veículo físico, aqueles que dividiriam contigo as aflições superlativas e os próprios desenganos. Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Pág. 164 Há alguns sinais de alarme que podem informar a situação de dificuldade antes de agravar a união conjugal: − Silêncios injustificáveis quando os esposos estão juntos; − Tédio inexplicável ante a presença do companheiro ou da companheira; − Ira disfarçada quando o consorte ou a consorte emite uma opinião; − Saturação dos temas habituais, versados em casa, fugindo para intérminas leituras de jornais ou inacabáveis novelas de televisão; − Irritabilidade contumaz sempre que se avizinha do lar;
  • 46. 43 − Desinteresse pelos problemas do outro; − Falta de intercâmbio de opiniões. − Atritos contínuos que ateiam fagulhas de irascibilidade, capazes de provocar incêndios em forma de agressão desta ou daquela maneira... E muitos outros mais. Joanna de Angelis – Sol de Esperança – Cap. 35 A companheira intransigente e obsidiada, a envolver-te em farpas magnéticas de ciúme, não é outra senão a jovem que outrora embaíste com falsos juramentos de amor, enredando-lhe os pés em degradação e loucura. (...) O rapaz distinto que atrai presentemente a companheira, para os laços da comunhão mais profunda, bastas vezes será provavelmente depois o homem cruel e desorientado, suscetível de constrangê-la a carregar todo um calvário de aflições, incompatíveis com os anseios de ventura que lhe palpitam na alma. Esse mesmo rapaz distinto, porém, foi no pretérito --- em existências que já se foram --- a vítima dela própria, quando, desregrada ou caprichosa, lhe desfigurou o caráter, metamorfoseando-o no homem vicioso ou fingido que lhe compete tolerar e reeducar. (...) Habitualmente, o homem recebe a mulher, como a deixou e no ponto em que a deixou no passado próximo, isto é, nas estâncias do tempo que se foi para o continuísmo da obra de resgate ou de elevação no tempo de agora, sucedendo o mesmo referentemente à mulher.
  • 47. 44 O parceiro desorientado, enfermo ou infiel, é aquele homem que a parceira, em existências anteriores, conduziu à perturbação, à doença ou à deslealdade, através de atitude que o segregaram em deploráveis estados compulsivos; e a parceira, nessas condições, consubstancia necessidades e provas da mesma espécie. (...) Toda vez que amamos alguém e nós entregamos a esse alguém, no ajuste sexual, ansiando por não nos desligarmos desse alguém, para depois - somente depois - surpreender nesse alguém defeitos e nódoas que antes não víamos, estamos à frente de criatura anteriormente dilapidada por nós, a ferir-nos justamente nos pontos em que a prejudicamos, no passado, não só a cobrar-nos o pagamento de certas contas, mas, sobretudo, a esmolar-nos compreensão e assistência, tolerância e misericórdia, para que se refaça ante as leis do destino. Emmanuel –Vida e Sexo – Cap. 12 O amor é de origem divina. Quanto mais se doa, mais se multiplica sem jamais exaurir-se. Partidários da libertinagem, porém, empenham-se em insensata cruzada para torná-lo livre, como se jamais não o houvera sido. Confundem-no com sensualidade e pensam convertê-lo apenas em instinto primitivo, padronizado pelos impulsos da sexualidade atribulada. Liberdade para amar, sem dúvida, disciplina para o sexo, também. Amor é emoção, sexo sensação. Compreensivelmente, mesmo nas uniões mais ajustadas, irrompem desentendimentos, incompreensões, discórdias que o amor suplanta. Joanna de Angelis – Celeiro de Bênçãos – Cap. 34 Nessa ou naquela idade física, o homem e a mulher, com a supervisão da Lei que nos governa os destinos, encontram as pessoas e as situações de que necessitam para superarem as provas do caminho, provas indispensáveis ao burilamento espiritual de que não prescindem para a justa ascensão às Esferas Mais Altas. Assim é que somos atraídos por determinadas almas e por determinadas questões, nem sempre porque as estimemos em sentido profundo, mas sim porque o passado a elas nos reúne, a fim de que por elas e com elas venhamos a adquirir a experiência necessária à assimilação do verdadeiro amor e da verdadeira sabedoria.
  • 48. 45 E' por isso que a maioria dos consórcios humanos, por enquanto, constituem ligações de aprendizado e sacrifício, em que, muitas vezes, as criaturas se querem mutuamente e mutuamente sofrem pavorosos conflitos na convivência umas das outras. Nesses embates, alinham-se os recursos da redenção. Quem for mais claro e mais exato no cumprimento da Lei que ordena seja mantido o bem de todos, acima de tudo, mais ampla liberdade encontra para a vida eterna. Quanto mais sacrifício com serviço incessante pela felicidade dos corações que o Senhor nos confia, mais elevada ascensão à glória do Amor Divino. Embora estejamos todos, uns diante dos outros, em processo reparador de culpas recíprocas, em verdade, antes de tudo, somos devedores da Lei em nossas consciências. Fazendo mal aos outros, praticamos o mal contra nós mesmos. André Luiz – Ação e Reação – Cap. 14 Nas ligações terrenas, encontramos as grandes alegrias; no entanto, é também dentro delas que somos habitualmente defrontados pelas mais duras provações. Isso porque, embora não percebamos de imediato, recebemos, quase sempre, no companheiro ou na companheira da vida íntima, os reflexos de nós próprios. Emmanuel – Vida e Sexo – Cap. 9 Quando te vejas, diante de filhos crescidos e lúcidos, erguidos à condição de dolorosos problemas do espirito, recorda que são eles credores do passado a te pedirem o resgate de velhas contas. Busca auxiliá-los e sustentá-los com abnegação e ternura, ainda que isso te custe todos os sacrifícios, porque, no justo instante em que a consciência te afirme tudo haveres efetuado para enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, terás conquistado, em silêncio, o luminoso certificado de tua própria libertação. Emmanuel – Livro da Esperança – Cap. 38
  • 49. 46 Em cada companheiro que partilha a consanguinidade, temos um livro de lições que, às vezes, nos detém o passo por tempo enorme, no esforço da repetência. Cada um deles nos impele a desenvolver determinadas virtudes; num, a paciência, noutro, a lealdade, e ainda em outros, o equilíbrio e a abnegação, a firmeza e a brandura ! Ainda mesmo ao preço de todos os valores da existência física, refaze milhares de vezes, as tuas demonstrações de humildade e serviço, perante as criaturas que te cercam, ostentando os títulos de pai ou mãe, esposo ou esposa, filhos ou irmãos, porque é na tua vitória moral junto deles que depende a tua admissão definitiva entre os amados que te esperam, nas vanguardas de Luz, em perpetuidade de regozijo na Família Maior. Emmanuel – Caminho, Verdade e Vida – Cap. 62 • ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral. HOJE, guardamo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante. • ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício. HOJE, temo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor. • ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes. HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redenção. • ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio. HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lagrimas, o trabalho de reajuste. • ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinquência. HOJE, achamo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância. • ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando- lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão. HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.
  • 50. 47 À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas. Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os te ferem e desculpa todos àqueles que te injuriam... A HUMILDADE É A CHAVE DE NOSSA LIBERTAÇÃO. E, sejam quais sejam os teus obstáculos na Família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em Casa. Emmanuel – Luz no Lar – Cap. 49 Cede hoje à Vida o que possuas de melhor e, amanhã, aquilo que a Vida tenha de melhor te responderá. Emmanuel – Jóia – Pag. 8 Quando as crises te visitem, ante os problemas humanos, é justo medites nos princípios de causa e efeito, tanto quanto é natural reflitas no impositivo de burilamento espiritual, com que somos defrontados, entretanto, pensa igualmente na lei de renovação, capaz de trazer-nos prodígios de paz e vitória sobre nós mesmos, se nos decidimos a aceitar, construtivamente, as experiências que se nos façam precisas. Se qualquer tempo é suscetível de ser ocasião para resgate e reajuste, todo dia é também oportunidade de recomeçar, reaprender, instruir ou reerguer. Emmanuel – Ceifa de Luz – Cap. 22 – Renovação em Amor Sê sábio, investindo no futuro. O que ora te acontece, resulta do passado que não podes remediar. Mas, aquilo que irá suceder, depende do que realizes a partir de hoje. Enquanto recolhes efeitos de ações passadas, estás atuando para consequências futuras. Joanna de Ângelis - Vida Feliz – Cap.152 No rio do tempo somente o hoje é vital. Vivê-lo com elevação e nobreza é a forma feliz de anular o ontem e programar o amanhã. Quem deseje conhecer o próprio como o futuro da Humanidade, examine o seu comportamento e escreva com atos atuais as determinantes que comporão as paisagens que irá defrontar mais tarde. Se aspiras conhecer o teu futuro, examina o teu presente, programando os teus pensamentos, palavras e atos que formarão o tecido do que está por vir.
  • 51. 48 Se aspiras saber do teu passado, aprofunda reflexões nos teus dias atuais e concluirás como ele ocorreu, em razão daquilo que és agora Joanna de Ângelis - Revista Presença Espírita - 1996 – Julho - Desconhecimento do futuro O nosso futuro está sendo articulado neste instante por nós mesmos. Façamos agora o melhor ao nosso alcance, porque o amanhã para nós será sempre o nosso hoje passado a limpo. Emmanuel – Algo Mais – Cap. 1
  • 52. 49 É um erro considerar como futuro o que se relaciona ao remoto, ao qual se atiram realizações que deveriam ser executadas agora, definindo circunstâncias e tempo. A soma dos segundos transforma-se em milênios. É mais exequível realizar-se em cada pequeno lapso de minuto do que aguardar a sucessão dos anos. Quando se deseja realmente fazer algo, estabelece-se horário e define-se ocasião. Essa ordem, registrada no subconsciente, faculta que se consume o programa estabelecido. Quando não se deseja inconscientemente fazê-lo, estatui-se: Um dia… Na primeira oportunidade… Esse dia e essa oportunidade não existirão, porque não foram definidos. Assim também é esse futuro, não delimitado, vazio, ameaçador. Vivendo bem cada momento, em profundidade, o futuro torna-se natural, acolhedor, gratificante, porquanto será conforme os atos de ontem – em reencarnações passadas — e de hoje – na existência atual -, que alterará o mapeamento do amanhã. Joanna de Ângelis - Autodescobrimento - Cap. 8.2– uma busca interior Comparemos a Providência Divina a estabelecimento bancário, operando com reservas ilimitadas, em todos os domínios do mundo. Pela Bolsa de Causa e Efeito, cada criatura retém depósito particular, com especificação de débitos e haveres, nitidamente diversos, mas, pela Carteira do Tempo, todas as concessões são iguais para todos. André Luiz - Estude e Viva – Cap. 1 – Hoje e Nós Tempo velho, tempo novo… Cada dia é diferente; Por isso, o Céu nos avisa: “Olha o tempo, minha gente” Problemas e provações Surgirão, constantemente…