2. O que já sabemos
“Não há nada na natureza que não seja
venenoso. A diferença entre o remédio e o
veneno está na dose.”
Paracelso, 1493- 1541
3. O que devemos saber
•Não existe fármaco ideal.
•Incidentes com medicamentos têm causa multifatorial.
•Informatização e automação são ferramentas úteis na garantia da
segurança, no entanto, não substituem capacidade e julgamento
profissional, atualização e processos eficazes.
•Profissionais de saúde devem conhecer todos os riscos envolvidos
nas suas atividades.
•Comunicação entre os membros da equipe multiprofissional é vital.
•Incidentes com medicamentos devem ser relatados à autoridade
sanitária.
•Segurança é uma meta que se conquista por meio de ações e
compromisso.
4. Apenas ¼ dos medicamentos
disponíveis possuem indicações
específicas para crianças
Poucas informações (farmacocinética,
eficácia e segurança), frequente uso
“off-label” de medicamentos
Maior suscetibilidade a ocorrência de
eventos adversos a medicamentos
5.
6. ECC em pediatria
1) necessidade de um diálogo cuidadoso entre o investigador, a criança
e seus responsáveis;
2) dificuldade de inclusão de sujeitos de pesquisa;
3) complexidade da estratificação entre as categorias: neonato,
lactente, criança e adolescente;
4) necessidade de realocação no decorrer do estudo;
5) limitação de retorno financeiro para a indústria;
6) custo das tarifas adicionais para a aprovação de novas indicações;
7) complexidade da realização dos ensaios.
7. Dificuldade de informação
Fármaco Micromedex (FDA - BNF for children Anvisa (Bulário Eletrônico e CBM Fabricante
Drug Summary 2007 2004/2005)
Information)
aminofilina Licenciado para uso Licenciada para A Apresentação para uso USO ADULTO E
pediátrico. uso pediátrico. parenteral não consta do Bulário PEDIÁTRICO. Não
Inclui neonatos. eletrônico da ANVISA. CBM: USO menciona recém-nascidos,
Não Inclui neonatos.
ADULTO E PEDIÁTRICO. lactentes e crianças.
Minoton® - Ariston.
cefotaxima Licenciado para uso Licenciada para Bulário eletrônico da ANVISA e USO ADULTO E
pediátrico. Inclui uso pediátrico. CBM: USO ADULTO E PEDIÁTRICO. Inclui recém-
neonatos. Inclui neonatos. PEDIÁTRICO. "Contra-indicado nascidos. Cetazima® -
em crianças com idade abaixo de Novafarma.
30 meses."
dobutamina Não licenciado para Não Bulário eletrônico da ANVISA e USO ADULTO E
uso em crianças. licencenciado CBM: USO ADULTO E PEDIÁTRICO. "Não
para uso em PEDIÁTRICO. Não menciona menciona neonatos".
crianças. neonatos. Dobutanil® - Novafarma.
8. Incidentes
• elixir de sulfanilamida em dietilenoglicol (1937) => morte de 107
crianças;
• sulfonamida (1956) => aumento da mortalidade neonatal associada
ao Kernicterus em recém-nascidos prematuros;
• cloranfenicol (1959) => colapso cardiovascular ;
• propofol (1992) => acidose lática, rabdomiólise e colapso
circulatório.
(RACHMANINA; VAN DEN ANKER, 2006)
10. a) recém-nascidos pré – termo (RNPT) = < 37 semanas IG até 28 ddv;
b) recém-nascidos a termo (RNT) = ≥37 semanas IG até 28 ddv;
c) lactentes e crianças de 29 dias a 23 meses de idade;
d) crianças de 2 a 11 anos;
e) adolescentes de 12 a 18 anos
(OMS, 2007)
13. Erros acontecem e sempre estiveram presentes na história do
homem e de sua civilização. Os motivos que viabilizam as
manifestações dos erros são explicados pela existência de
“lacunas” promovidas pela fragilidade das condições humanas, pela
passividade de falhas nos engenhos industriais e pela
vulnerabilidade de sistemas gerenciais.
Sendo o erro um fato incontestável, há o consenso da sociedade
científica de que o enfoque para seu enfrentamento e superação
deve permear medidas preventivas planejadas e sistematizadas.
(Cuidado e Saúde Maringá, v. 3, n. 2, p. 153-160, mai/ago. 2004)
14. •identificação e separação
do medicamento;
•escolha do medicamento; •procedimentos •identificação do
•estabelecimento da dose farmacotécnicos; medicamento;
e freqüencia; •identificação do paciente. •preparo na unidade;
•determinação da via de •identificação
administração. incorreta da via.
15. Consequências
Idade Tipo Descrição Consequência
1 ddv Dose Morfina 15 mg ao invés de , Morte
15 mg
1 ddv Dose Prescrito Digoxina 32,0 mcg; Morte
administrado 320 mcg ao
invés de 32 mcg
1 mês Velocidade de infusão Dobutamina Morte
17 Dose e via Benzilpenicilina dose 100 Morte
meses vezes maior adminstrada via
cateter espinal
Cousins et al, 2002.
16. Estratégias
•Sensibilização e envolvimento de todo os profissionais;
•Incentivo aos relatos espontâneos de ocorrência;
•Alteração de posturas;
•Revisão contínua das ocorrências e de processos;
•Utilização de tecnologia e boas práticas;
•Atenção especial aos medicamentos de alto risco;
•Desenvolvimento e implantação de mecanismos de checagem de
procedimentos.
18. Medicamentos conhecidos como de “alto risco” ou “alto grau de alerta”
são aqueles que podem ocasionar injúria que pode ser permanente, ou
até mesmo morte, se utilizados por engano.
São muito comuns nas UTIs
1) Eletrólitos (KCl, MgSO4, NaCl 20%)
2) Inotrópicos (digoxina, milrinona)
3) Insulina (EV e subcutânea)
4) Antiarrítimicos (lidocaína, amiodarona)
5) Anticoagulantes e trombolíticos (heparinas, alteplase)
6) Soluções de glicose concentradas
7) Narcóticos
8) Agonistas e antagonistas adrenérgicos (epinefrina, norepinefrina, propranolol,
metoprolol)
9) Bloqueadores neuromusculares
10) Outros: vasopressina, aminofilina, nitroprussiato de sódio etc.
19. Evitar manter medicamentos com
variadas concentrações nestas
unidades
Exemplos:
Atropina 0,25 mg/ mL e 0,50 mg/ mL
Midazolam 1 mg/mL, 3 mg/mL e 5 mg/ mL
Morfina 0,2 mg/ mL, 1 mg/mL e 10 mg/mL
20. Evitar manter em proximidade
soluções com apresentações
semelhantes
21. Outros fatores...
Interações
Lembrar também:
Medicamentos X nutrientes
Medicamentos X exames laboratoriais
22. Diâmetro das sondas usadas em neonatologia
Gástricas: <1,5Kg = 4 Fr; >1,5 kg= 6 Fr
Enterais: 6 Fr
Fármaco Características
cálcio Lavar a sonda após a dministração
cefalexina Algumas formulações causam obstrução
(viscosidade)
claritromicina Calibre < 9Fr (grânulos/ viscosidade)
24. Segurança na prescrição, dispensação e registro
Dar ênfase ao nome do paciente, ao nome genérico do medicamento e à dose em
todos os rótulos.
Os guias farmacoterapêuticos devem listar todos os medicamentos pelo nome
genérico.
Utilize “tall-man letters” (vinBLAStina and vinCRIStina) para auxiliar a distinção de
medicamentos com nomes semelhantes.
Somente inclua o sal caso múltiplos sais estejam à disposição (penicilina G
potássica e penicilina G sódica).
Não use abreviaturas, casas decimais desnecessárias ou omita zeros necessários.
HCTZ => hidroclorotiazida; 3TC => lamivudina; MTX => metrotexato
U => unidades
µg => mcg ou migrogramas
1,0 => 1
,2 => 0,2
25. Segurança na prescrição e registro
Não rasurar. Escrever “alterado” ou “modificado” e prescrever novamente.
Embora a comunicação verbal seja mais fácil e rápida, documentar sempre e de
modo legível, no prontuário do paciente, qualquer informação relevante, mesmo
que tal informação já seja de conhecimento da equipe.
Ao documentar, sempre datar , assinar e identificar-se pelo nome e número de
registro profissional.
Para medicamentos de alto risco ou que apresentam qualquer particularidade
para a prescrição e manuseio, utilizar sinalizadores próximos à prescrição
especificando os cuidados necessários.
Documentar intercorrências, bem como as ações corretivas empregadas.
26. Experiências do HU-USP
Médico Prescrição
Confirmação
Paciente Avaliação da ou
Farmacêutico Intervenção
prescrição
Farmacêutica
Ausência de Possibilidade ou
Presença de
problemas
problemas
Seleção da forma farmacêutica
Seleção do método de fracionamento
Ordem de manipulação ou fracionamento Aceita Não aceita
Setor de Chefe da Clínica,
dispensação Diretor do
Departamento e/ou
Superintendência
33. Instrumento para
uso seguro de
fenobarbital em
unidades neonatais
34. Questões para reflexão
• Medicamentos seguros e eficazes para a população pediátrica: Utopia?
• Especialidades farmacêuticas seguras e custo efetivas para a
população pediátrica. Custos? Mercado? Meio ambiente? Impacto no
cuidado?
• Equipamentos e materiais mais seguros. Custos? Mercado? Impacto no
cuidado?
• Processos em nossas instituições. Estamos cientes de suas limitações?
• Ocorrências. Estamos aprendendo com elas?
•Legislação sanitária. Temos questionado ou contribuído para mudanças?
• Judicialização da medicina – necessidade de compensar as pessoas por
seus danos, “restituí-lo” x culpa, “responsabilidade pela restituição”. Como
instituições e profissionais tem reagido?
35. “pedras no meio do caminho nem sempre são obstáculos
e sim oportunidades para apreciar a paisagem”
Obrigada!
sbrassica@gmail.com
(11) 3091-9465