Práticas de escrita de alunos do ensino básico em contextos escolares e extraescolares
1. Universidade de Aveiro
Departamento de Educação
Programa Doutoral em Multimédia em Educação
Seminário de Investigação em Multimédia em Educação
(2º Ano)
ESCRITA E TIC: PRÁTICAS ESCOLARES E EXTRAESCOLARES
NO ENSINO BÁSICO
Professor responsável: Doutor Luís Francisco Pedro
Professora Orientadora: Doutora Luísa Álvares Pereira
Coorientação: Doutora Inês Cardoso
Célia da Graça Lopes
24 de fevereiro de 2012
2. Enquadramento do Projeto
Este projeto de tese enquadra-se no âmbito do Projeto Nacional
“Protextos – Ensino da Produção de Textos no Ensino Básico”, da
Universidade de Aveiro, coordenado por Luísa Álvares Pereira.
3. Introdução
• A importância e a centralidade da escrita impõem uma maior responsabilidade
a quem ensina a escrever.
• A escrita é das tarefas cognitivas mais difíceis, de que advém quer a
dificuldade em ensinar a escrever, quer em aprender.
• São necessários dispositivos didáticos consistentes e bem fundamentados,
com ou sem o apoio das TIC, suscetíveis de levar os alunos a apropriar-se da
escrita.
• Existe a necessidade de produção de conhecimento em Didática da Escrita,
uma área que, em Portugal, tem uma tradição recente (Pereira, Aleixo,
Cardoso, & Graça, 2010).
• A produção escrita tem um peso muito significativo em todo o sistema
educativo, incluindo na avaliação.
4. Introdução
• Verificam-se atitudes de repulsa e de rejeição, por parte dos alunos, perante
tarefas de escrita escolar e a cristalização de algumas representações-
obstáculo à sua aprendizagem (Cardoso, 2009).
• Fora da escola, existem evidências de produção escrita fértil e variada
(Cardoso, 2009; Penloup, 1999), muitas vezes patenteando o domínio de
saberes requeridos em contexto escolar (Penloup, 2008).
• A escrita extraescolar contempla, obviamente, a escrita eletrónica, dada a
frequência massiva desta prática e a proliferação de novos géneros textuais.
• Um maior conhecimento acerca da relação que os alunos estão a construir
com a escrita – na escola e fora da escola, com e sem mediação das TIC –
deverá possibilitar uma maior capacidade interventiva no ensino desta
competência complexa.
5. Problemática
• Preocupação e necessidade premente de definição de percursos didáticos
para o ensino da escrita no EB que fujam ao empiricismo e à intuição
(Pereira, Aleixo, Cardoso & Graça, 2010).
• Uso difundido das TIC no ensino da língua (escrita) nem sempre apoiado em
critérios válidos, assumindo muitas vezes um papel motivador, sem que essa
motivação se centre na apropriação dos saberes e no desenvolvimento das
competências em causa, mas sim no uso instrumental das ferramentas TIC.
• Uso frágil das TIC, carente de uma racionalidade didática suscetível de fazer
das TIC aliadas de um ensino da escrita, nas suas vertentes processuais,
sociais e pessoais.
• Necessidade de estudar o impacte do uso do computador e de outras TIC na
relação do aluno com a escrita bem como diferentes formas de recurso às
TIC.
6. Finalidade da Investigação
Esta investigação pretende conhecer as práticas de escrita dos
alunos do Ensino Básico – 4.º, 6.º e 9.º anos – quer a pedido do
(a) professor(a), quer por livre iniciativa, e identificar qual o papel
das TIC na relação que os alunos constroem com a escrita.
7. Objetivos
• Conhecer as práticas de escrita a pedido do(a) professor(a) e por livre
iniciativa, a nível nacional, de alunos dos anos finais de cada um dos
três ciclos da escolaridade básica.
• Identificar, a nível nacional, as TIC mais utilizadas pelos alunos do EB
na produção escrita escolar e livre.
• Compreender o modo de utilização das TIC, pelos alunos do EB, na
produção textual, a pedido do(a) professor(a) e por livre iniciativa.
• Comparar a relação com a escrita que os alunos do EB estabelecem
em contextos escolares com a que se desenvolve em contextos não
escolares, com e sem mediação das TIC.
• Contribuir para a produção de conhecimento orientado para o
desenvolvimento de práticas inovadoras de ensino da escrita,
rentabilizando a escrita por iniciativa própria e o uso criterioso das TIC.
8. Questão de Investigação
• Que práticas de escrita desenvolvem os alunos do EB – 4.º,
6.º e 9.º anos - em contextos escolares e extraescolares, e
qual o papel das TIC na relação que os alunos constroem
com a escrita, nestes contextos distintos?
9. Enquadramento teórico
A Escrita
• A escrita, atividade cognitiva complexa, implica a mobilização de competências
compositivas inerentes aos processos de combinação das expressões linguísticas para
produzir um texto (Pereira, 2008).
• É essencial promover a realização de atividades de produção textual em contextos reais
de escrita em que os alunos identifiquem de forma clara uma finalidade para os seus
escritos (Pereira & Azevedo, 2005).
• Os princípios orientadores da ação mediadora do professor e da escola referem a
necessidade de uma produção textual precoce, uma prática escritural intensiva e focada
no processo de gestação do texto - planificar, textualizar, rever a produção (Barbeiro &
Pereira, 2007).
• O computador, enquanto instrumento de escrita, apresenta vantagens para a execução
do processo de escrita, em relação a cada uma das componentes referidas, embora os
resultados da investigação não associem a obtenção de melhorias ao computador em si,
mas à forma como a sua utilização é gerida pedagogicamente (Tavares & Barbeiro, 2009).
10. Enquadramento teórico
A Escrita e as TIC
• As TIC viabilizam o desenvolvimento articulado das várias competências
linguísticas, utilizando a língua noutras aprendizagens (Botelho, Sequeira &
Solla, 2010).
• A literacia digital e as TIC são fundamentais, a inclusão digital parece
essencial. Ter acesso às tecnologias e saber usá-las é fonte de poder e de
capacidade de intervir (Pereira & Silva, 2009).
• A Web 2.0 veio permitir uma democratização no acesso e no uso da
informação, tendo aumentado o número de serviços e o número de
utilizadores, incluindo os alunos, que já em muitos casos dominam estes
serviços, utilizando-os como ferramentas para a dinamização do seu estudo,
para a publicação online e para a comunicação (Coutinho, 2009).
11. Enquadramento teórico
• Potencialidades do computador no domínio da aprendizagem da escrita, a
partir de três vertentes: o processo de escrita, o produto escrito e a
participação numa comunidade em rede (Barbeiro &Tavares, 2009).
O computador, além de um
instrumento de escrita e de
produção de textos, transformou-
se também num instrumento de
comunicação tendo a comunidade
em rede encontrado na escrita um
poderoso instrumento de
participação (Tavares & Barbeiro,
2008).
!
Fig. 1 O computador e a escrita, in Barbeiro &Tavares (2009).
12. Metodologia
Natureza da Investigação
Natureza Mista
Quantitativa – caraterização estatística de uma amostra
representativa de uma população – alunos do 4.º, 6.º e
9.º anos, matriculados no ano letivo de 2011/2012, em
Portugal continental, ensino público.
Qualitativa – aprofundamento de aspetos relativos às
práticas de escrita desenvolvidas quer a pedido da
escola quer por iniciativa pessoal, e a sua relação com
as TIC.
13. Metodologia
Paradigma da Investigação
Cariz quantitativo – pressupostos mais positivistas,
objetivos, orientados para o resultado
Cariz qualitativo – pressupostos mais naturalistas,
subjetivos e orientados para o processo
(Newman & Benz, 1998)
14. Metodologia
População ou universo
Alunos do 4.º, 6.º e 9.º anos
Matriculados em
Portugal Continental
estabelecimentos
de ensino públicos a
nível regional (Norte,
Centro, Lisboa e Vale
do Tejo, Alentejo e
Algarve).
Ano letivo de
2011/2012
16. Metodologia
Amostra
Método/Técnica
Tipo de Amostra/amostragem
Método probabilístico
Amostragem casual
Técnica de amostragem
Amostragem estratificada
( Hill & Hill, 2002)
“A estratificação representa uma boa estratégia operacional para
separar os membros da população que participam ou não no
estudo e para reduzir a variabilidade da amostra” (Tuckman, 2002,
p. 341)
Estratos Técnica de amostragem aleatória simples
17. Metodologia
A população em estudo foi dividida em subgrupos:
u por regiões do país (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e
Algarve);
u agrupamentos de escolas ;
u anos de escolaridade (4º, 6º e 9º anos).
A amostra final foi construída a partir da aplicação de uma amostragem
aleatória simples (os elementos da população em estudo são sorteados a
partir de uma tabela de números aleatórios).
19. Metodologia
Amostra
• Composta por 26.906 alunos, repartidos por cada ano de escolaridade, 4.º
ano, 6.º ano e 9.º ano.
• Constituída a nível nacional (Portugal Continental) com base nos dados
estatísticos obtidos junto do Gabinete de Estatística e Planeamento da
Educação (GEPE) do Ministério da Educação.
• Obedeceu ao critério da proporcionalidade de cada um dos subgrupos
(regiões do país, agrupamentos de escola e ano de escolaridade).
• Com este tipo de amostra garante-se a representatividade de cerca de 10%
dos grupos eventualmente existentes na população em estudo.
20. Metodologia
Recolha dos dados
Técnica de Instrumento
Objetivos
Proveniência
recolha de utilizado
dos dados
dados
Questionário
- Caraterizar Alunos do 4.º,
(perguntas estatisticamente uma 6.º e 9.º anos
fechadas)
população – alunos do (amostra
Inquérito
4.º, 6.º e 9.º anos
representativa)
Entrevistas
- Aprofundar/clarificar Alunos do 4.º,
(semiestrururadas)
aspetos relativos às 6.º, 9.º anos
práticas de escrita (escolhidos
desenvolvidas, a pedido entre os
do(a) professor(a) e por respondentes
livre iniciativa, e a sua do
relação com as TIC
questionário)
21. Metodologia
Inquérito por questionário (fases de desenvolvimento)
• Construção do instrumento de recolha de dados
• Validação do questionário
ü Consulta a Professores especialistas
ü Testagem em suporte papel
ü Testagem em suporte digital
22. Metodologia
Tratamento dos dados
Técnica de análise
Instrumentos Proveniência
/Software dos dados
informático
Análise de conteúdo
• Protocolos de codificação com
Entrevista aos
diferentes categorias e subcategorias WebQDA
alunos
que emergirão do discurso dos alunos
Análise estatística
SPSS
Questionários
(Natureza descritiva)
aos alunos
23. Fases do Projeto/Cronograma
1. Construção do quadro teórico de referência;
2. Delimitação do universo/população a inquirir;
3. Construção e validação dos instrumentos de recolha de dados;
4. Aplicação dos instrumentos de recolha de dados;
5. Recolha, tratamento e organização dos dados recolhidos;
6. Revisão de literatura;
2011 2012 2013
S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J
7. Redação da tese.
E U O E A E A B A U U G E U O E A E A B A U U
T T V Z N V R R I N L O T T V Z N V R R I N L
1
2
3
4
5
6
7
24. Resultados esperados
Espera-se que esta investigação possa apresentar resultados que permitam:
• Gerar conhecimento acerca das práticas de escrita escolar e extraescolar, a
nível nacional, de alunos dos anos finais de cada um dos três ciclos da
escolaridade básica;
• Identificar as TIC mais utilizadas pelos alunos na sua produção escrita escolar
e também na sua escrita livre;
• Compreender o modo de utilização dessas tecnologias pelos alunos na
produção textual, em contextos formais e não formais;
• Comparar a relação que os alunos do EB estabelecem com a escrita, em
contextos escolares, com a que desenvolvem em contextos extraescolares,
com e sem mediação das TIC;
• Contribuir para a produção de conhecimento orientado para o
desenvolvimento de práticas inovadoras de ensino da escrita, rentabilizando
saberes extraescolares para a construção de saberes escolares e a promoção
de um uso criterioso das TIC.
25. Disseminação
• Dissertação submetida à autoridade científica, sendo objeto
de uma defesa pública.
• Divulgação dos resultados do estudo junto da comunidade
educativa através de:
ü Comunicações em congressos, colóquios, ou encontros;
ü Publicação de artigos em periódicos da especialidade.
26. Referências Bibliográficas
• Barbeiro, L. & Pereira, L. Á. (2007), Ensino da Escrita - dimensão textual. Lisboa: DGIDC
• Botelho, F., Sequeira, A. P., & Solla, L. (2010). PNEP-Contributos para o desenvolvimento
profissional dos professores do 1º Ciclo do EB. Medi@ções, 1(2), 30-45.
• Cardoso, I. (2009). A relação com a escrita extraescolar e escolar. Um estudo no EB. Tese de
Doutoramento. Aveiro: Universidade de Aveiro.
• Coutinho, C. P. (2009). Tecnologias Web 2.0 na sala de aula: três propostas de futuros
professores de Português. Minho: Universidade do Minho
• Hill, M. & Hill A. (2002). Investigação por Questionário. Lisboa: Edições Sílabo.
• Patton, M. (1990). Qualitative evaluation and research methods. London: SAGE Publications, Inc.
• Penloup, M.-C. (1999). L'écriture extrascolaire des collégiens: des constats aux perspetives
didactiques. Paris: ESF.
• Penloup, M.-C. (Ed.). (2008). Les connaissances ignorées. Approche pluridisciplinaire de ce que
savent les élèves. Paris: INRP.
27. Referências Bibliográficas
• Pereira, L. A., Aleixo, C., Cardoso, I., & Graça, L. (2010). The teaching and learning of writing in
Portugal: The case of a research group. In C. Bazerman, R. Krut, K. Lunsford, S. McLeod, S. Null,
P. M. Rogers & A. Stansell (Eds.), Traditions of Writing Research (pp. 58-70). Oxford, UK:
Routledge.
• Pereira, L. A., Azevedo, F. (2005). Como abordar... A escrita no 1º ciclo do ensino básico. Porto:
Areal Editores
• Pereira, C. B., & Silva, B. D. (2009). A relação digital dos jovens com as TIC e o fator divisão digital
na aprendizagem. Atas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia.
Braga: Universidade do Minho
• Pereira. L.Á. (2008). Escrever com as crianças. Como fazer bons leitores e escritores. Porto: Porto
Editora.
• Tavares, C. F. & Barbeiro, L. (2009). As Implicações das TIC para o Ensino da Língua. Lisboa:
Ministério da Educação - DGIDC, Programa Nacional de Ensino do Português.
• Tavares, C. F., & Barbeiro, L. F. (2008) TIC: implicações e potencialidades para a leitura e a
escrita1.Intercompreensão. Revista de didáctica das línguas. Edições Cosmos
• Tuckman, W. B. (2002). Manual de Investigação em Educação. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian