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A obra de Nicolau Maquiavel

  Um renascentista por excelência
A Itália
 Renascentista
 A Itália que Maquiavel
      conheceu estava
 dilacerada pela desunião,
       instabilidade e
 impotência. Encontrava-
  se dividida, segundo o
 Próprio Maquiavel, sob o
      Império de cinco
    principais centros de
           poder:
• O papa     • O Rei de Nápoles
• Veneza     • O Duque de Milão

    • Os Florentinos
Maquiavel, um homem de seu
                tempo
     Podemos perceber algumas características da
     ethos do Renascimento no pensamento de
     Maquiavel, entre elas:
1.   O destaque e valorização ao indivíduo, o líder,
     em contraste a coletividade do medievo;
2.   A preocupação com a ação e dinamismo deste
     indivíduo;
3.   O resgate e inspiração na sabedoria da
     Antiguidade, em especial no organização de
     Roma.
“Cidadão sem fortuna, o intelectual
            de virtú”
 A obra de Maquiavel elege duas figuras mitológicas
 pagãs – Virtú e Fortuna. A primeira se refere à
 “qualidade do homem que o capacita a realizar grandes
 obras e feitos”, ao “poder humano de realizar mudanças
 e controlar eventos”. A segunda na mitologia era a
 deusa a ser seduzida pela virtú do mortal ao ponto de
 fazê-la derramar sobre ele as benesses de sua
 cornucópia. Na obra de Nicolau essa figura equivale ao
 acaso, ao curso da história, ao fatalismo. O conselho
 dado pelo autor, ao valer-se dessas figuras, é que o
 príncipe precisa desenvolver sua virtú para conquistar
 sua fortuna.
Maquiavel dessa forma vai de encontro ao
senso comum de então, que considera o
fatalismo como regra de vida. Não cabe
aqui a idéia de virtude cristã, ao contrário,
ele propõe a necessidade como parâmetro
para a ação do governante. De sua obra
extraiu-se a máxima “os fins justificam os
meios”. É claro que se trata de uma
simplificação extrema de suas idéias, que
são muito mais amplas.
O termo maquiavélico tem hoje uma
conotação negativa, próxima do malévolo.
Essencialmente os conselhos se dirigem
no sentido de o governante fazem tudo
que se fizer necessário para manter a
ordem e o equilíbrio de seu domínio.
Criará instituições que viabilizem a
continuidade e afastem as ameaças
estrangeiras.Maquiavel é incisivo:”há
vícios que são virtudes”, e o homem
virtuoso deve desenvolvê-los para
despertar o favor da fortuna.
Nas palavras de Maria Tereza Sadek:
A política tem uma ética e uma lógica
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A obra de Nicolau Maquiavel

  • 1. A obra de Nicolau Maquiavel Um renascentista por excelência
  • 2. A Itália Renascentista A Itália que Maquiavel conheceu estava dilacerada pela desunião, instabilidade e impotência. Encontrava- se dividida, segundo o Próprio Maquiavel, sob o Império de cinco principais centros de poder: • O papa • O Rei de Nápoles • Veneza • O Duque de Milão • Os Florentinos
  • 3. Maquiavel, um homem de seu tempo Podemos perceber algumas características da ethos do Renascimento no pensamento de Maquiavel, entre elas: 1. O destaque e valorização ao indivíduo, o líder, em contraste a coletividade do medievo; 2. A preocupação com a ação e dinamismo deste indivíduo; 3. O resgate e inspiração na sabedoria da Antiguidade, em especial no organização de Roma.
  • 4. “Cidadão sem fortuna, o intelectual de virtú” A obra de Maquiavel elege duas figuras mitológicas pagãs – Virtú e Fortuna. A primeira se refere à “qualidade do homem que o capacita a realizar grandes obras e feitos”, ao “poder humano de realizar mudanças e controlar eventos”. A segunda na mitologia era a deusa a ser seduzida pela virtú do mortal ao ponto de fazê-la derramar sobre ele as benesses de sua cornucópia. Na obra de Nicolau essa figura equivale ao acaso, ao curso da história, ao fatalismo. O conselho dado pelo autor, ao valer-se dessas figuras, é que o príncipe precisa desenvolver sua virtú para conquistar sua fortuna.
  • 5. Maquiavel dessa forma vai de encontro ao senso comum de então, que considera o fatalismo como regra de vida. Não cabe aqui a idéia de virtude cristã, ao contrário, ele propõe a necessidade como parâmetro para a ação do governante. De sua obra extraiu-se a máxima “os fins justificam os meios”. É claro que se trata de uma simplificação extrema de suas idéias, que são muito mais amplas.
  • 6. O termo maquiavélico tem hoje uma conotação negativa, próxima do malévolo. Essencialmente os conselhos se dirigem no sentido de o governante fazem tudo que se fizer necessário para manter a ordem e o equilíbrio de seu domínio. Criará instituições que viabilizem a continuidade e afastem as ameaças estrangeiras.Maquiavel é incisivo:”há vícios que são virtudes”, e o homem virtuoso deve desenvolvê-los para despertar o favor da fortuna.
  • 7. Nas palavras de Maria Tereza Sadek: A política tem uma ética e uma lógica próprias. Maquiavel descortina um horizonte para se pensar e fazer política que não se enquadra no tradicional moralismo piedoso.