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Sopros cardíacos




Prof. Roberto Heinisch
Mecanismos de formação dos
             sopros
• A corrente sanguínea normal é laminar.
   – Camadas de células sanguíneas se superpõem umas às outras,
     e o deslizamento de uma camada sobre a outra se faz
     silenciosamente. (Rever no livro de Fisiologia).
• Quando o fluxo se torna turbilhonar há possibilidade de
  aparecimento de sopro.
   – As camadas de células sanguíneas apresentam entrechoques.
• O diâmetro do vaso, a velocidade de circulação do
  sangue e a viscosidade sanguínea são variáveis que
  podem modificar o padrão laminar da corrente
  sanguínea.

                            Assad JE. Sopros cardíacos. R.M. , 1982; 11(6): 26- 38.
Mecanismos de formação dos
            sopros
1. A circulação sanguínea normal é
   silenciosa.
2. A produção de sopro ocorre no
   turbilhonamento.
3. O frêmito é a sensação tátil do sopro.
4. Para perceber frêmito é preciso que o
   sopro seja de grande intensidade.

                    Assad JE. Sopros cardíacos. R.M. , 1982; 11(6): 26- 38.
Mecanismos de formação dos
            sopros
1. Corrente veloz em tubo de calibre uniforme:
   nas síndromes hipercinéticas.
2. Súbito aumento do calibre do vaso: dilatação
   aneurismática, dilatação pós-estenótica.
3. Obstrução localizada: estenoses valvares.
4. Regurgitação: o sangue segue um sentido
   diferente daquele da corrente sanguínea
   normal: insuficiência valvar.

                      Assad JE. Sopros cardíacos. R.M. , 1982; 11(6): 26- 38.
Mecanismos de formação dos
            sopros
1. Aumento da velocidade da corrente sangüínea.
   Ex.: Anemia, exercício físico, febre.
2. Diminuição da viscosidade sangüínea. Ex.:
   Anemia.
3. Passagem do sangue através de uma área
   estreitada. Ex. Defeitos valvares.
4. Passagem do sangue por uma área dilatada.
   Ex. Defeitos valvares, aneurismas.
Sopros – características
               semiológicas
• Definir o período do ciclo cardíaco em que
  ocorre (relacionar com o pulso arterial)
  – Sopro sistólico – coincide com o pulso
     •   Protossistólico – terço inicial da sístole
     •   Mesossistólico – terço médio da sístole
     •   Telessistólico – terço final da sístole
     •   Holossistólico – todo o período da sístole
  – Sopro diastólico – não coincide com o pulso
     • Os sopros diastólicos são sempre patológicos.
     • Proto, Meso, tele e holodiastólico
Sopros – características
              semiológicas
• LOCALIZAÇÃO: Definir o local de máxima
  ausculta. Serve de orientação para o
  diagnóstico.
• IRRADIAÇÃO: Deslocar o estetoscópio para
  outras regiões (axila, pescoço, borda esternal
  direita, região interescapular, topo da cabeça).
• INTENSIDADE: Com frêmito, tem forte
  intensidade. Critérios cruzes (+ a ++++)
  –   +/4+       = muito suaves
  –   ++/4+      = intensidade moderada
  –   +++/4+     = sopros intensos (com frêmito)
  –   ++++/4+    = sopros muito intensos (com frêmito)
Sopros – características
            semiológicas
• TIMBRE, TONALIDADE, QUALIDADE:
  Suave/ rude/ musical/ aspirativo/ em jato
  de vapor/ granuloso/ piante e ruflar.
• MODIFICAÇÕES:
  – Com a respiração: os sopros do lado direito
    do coração tendem a ser mais intensos na
    inspiração (aumenta o retorno venoso).
Sopros - manobras
• Respiração:
   – Inspiração
   – Expiração
   – Valsalva
• Alteração na postura:
   –   Decúbito lateral esquerdo
   –   Sentado c/ o tórax inclinado para frente
   –   Agachada/ ortostática (em pé)
   –   Ortostática/ agachada
• Exercício:
   – Isométrico (Handgrip) – durante 20 a 30 seg.
O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E.
Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
Efeitos das manobras para o
        diagnóstico dos sopros.
                  N. Eng. J. Med. 1988; 318:1572-8

Manobra Resposta Sopro                     Sensib.   Especif.
Inspiração    ↑           Lado Direito     100%      88%
Expiração     ↓           Lado Direito     100%      88%
Valsalva      ↑           Mioc. Hipert.    65%       96%
Ortostática               Mioc. Hipert.    95%       84%
              ↑
Agachada      ↓           Mioc. Hipert.    95%       85%
Eleva perna               Mioc. Hipert.    85%       91%
              ↓
Aperto mão                Mioc. Hipert.    85%       75%
              ↓
Aperto mão                I.M.; C.I.V.     68%       92%
              ↑
Abordagem do paciente com sopro
      cardíaco – decisões:
• Há necessidade de profilaxia para endocardite?
• ... de profilaxia para febre reumática?
• Há restrição para atividade física?
• Necessita avaliação cardíaca adicional?
• Na avaliação de risco para cirurgia cardíaca, há
  aumento do risco?
• Na avaliação para atividade profissional, exame
  de admissão em emprego, há evidência de
  cardiopatia?
• Na gravidez, é uma gravidez de alto risco?
    O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E.
    Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
Causas de sopros cardíacos
•     Estenose valvar aórtica ou pulmonar
•     Estados hipercinéticos (anemia, febre...)
•     Dilatação da aorta
•     Sopro inocente
•     Comunicação interatrial
•     Comunicação interventricular
•     Insuficiência valvar aórtica ou pulmonar
•     Insuficiência valvar mitral ou tricúspide
•     Estenose valvar mitral ou tricúspide
•     Persistência da canal arterial
•     Tumores nos átrios
    O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E.
    Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
Sopros inocentes
• Sopro de Still: é o sopro inocente mais comum, a
  tonalidade é musical e vibratória, é mais auscultado na
  borda esquerda do esterno, é sistólico, curto, de
  pequena intensidade. Diagnóstico diferencial com
  Miocardiopatia hipertrófica obstrutiva e com
  Comunicação interventricular.
• Sopro pulmonar inocente: é menos freqüente,
  auscultado na borda superior esquerda do esterno, em
  posição supina, sistólico, pequena intensidade, com
  segunda bulha normal. Diagnóstico diferencial com
  Estenose pulmonar, Comunicação interatrial e estados
  hipercinéticos.
Abordagem do paciente com um sopro –
      indicações de Ecocardiografia
• Sinais ou sintomas de Insuficiência cardíaca,
  síncope e/ou isquemia.
• Sinais de endocardite ou tromboembolismo.
• Qualquer sopro diastólico ou contínuo.
• Sopro holossistólico ou telessistólico.
• Sopro intenso, grau III/IV ou >
• Outros achados anormais no exame das artérias
  ou na ausculta cardíaca (como estalidos, clicks,
  alteração na fonese de bulhas, alteração na
  duração e amplitude do pulso arterial).

O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E.
Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
Sopros patológicos
• Da estenose valvar mitral:
   – Diastólico, apical, irradia para a axila, baixa freqüência, ruflar,
     B1 hiperfonética, estalido de abertura, diminue com a
     inspiração.
• Da insuficiência valvar mitral:
   – Sistólico, apical, irradia p/ axila, timbre aumentado, B1
     hipofonética, aumenta de intensidade c/ handgrip
• Da estenose valvar aórtica:
   – Sistólico, crescendo/decrescendo, aórtico, irradia p/ pescoço, B1
     normal, estalido aórtico, aumenta de intensidade qdo de cócoras
• Da insuficiência valvar aórtica:
   – Diastólico, em descrescendo, foco aórtico acessório, aumenta
     de intensidade c/ handgrip
Sopros sistólicos
1. Insuficiência valvar mitral
2. Ejeção acelerada em grande artérias
3. Dilatação arco aórtico ou do tronco da
   artéria pulmonar
4. Alterações nas cúspides da valva aórtica
   ou pulmonar sem estenose
5. Obstrução da saída do ventrículo
Sugestões de Sites na internet
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• The Auscultation Assistant
  – www.wilkes.med.ucla.edu/intro.html

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Sopros cardíacos

  • 2. Mecanismos de formação dos sopros • A corrente sanguínea normal é laminar. – Camadas de células sanguíneas se superpõem umas às outras, e o deslizamento de uma camada sobre a outra se faz silenciosamente. (Rever no livro de Fisiologia). • Quando o fluxo se torna turbilhonar há possibilidade de aparecimento de sopro. – As camadas de células sanguíneas apresentam entrechoques. • O diâmetro do vaso, a velocidade de circulação do sangue e a viscosidade sanguínea são variáveis que podem modificar o padrão laminar da corrente sanguínea. Assad JE. Sopros cardíacos. R.M. , 1982; 11(6): 26- 38.
  • 3. Mecanismos de formação dos sopros 1. A circulação sanguínea normal é silenciosa. 2. A produção de sopro ocorre no turbilhonamento. 3. O frêmito é a sensação tátil do sopro. 4. Para perceber frêmito é preciso que o sopro seja de grande intensidade. Assad JE. Sopros cardíacos. R.M. , 1982; 11(6): 26- 38.
  • 4. Mecanismos de formação dos sopros 1. Corrente veloz em tubo de calibre uniforme: nas síndromes hipercinéticas. 2. Súbito aumento do calibre do vaso: dilatação aneurismática, dilatação pós-estenótica. 3. Obstrução localizada: estenoses valvares. 4. Regurgitação: o sangue segue um sentido diferente daquele da corrente sanguínea normal: insuficiência valvar. Assad JE. Sopros cardíacos. R.M. , 1982; 11(6): 26- 38.
  • 5. Mecanismos de formação dos sopros 1. Aumento da velocidade da corrente sangüínea. Ex.: Anemia, exercício físico, febre. 2. Diminuição da viscosidade sangüínea. Ex.: Anemia. 3. Passagem do sangue através de uma área estreitada. Ex. Defeitos valvares. 4. Passagem do sangue por uma área dilatada. Ex. Defeitos valvares, aneurismas.
  • 6. Sopros – características semiológicas • Definir o período do ciclo cardíaco em que ocorre (relacionar com o pulso arterial) – Sopro sistólico – coincide com o pulso • Protossistólico – terço inicial da sístole • Mesossistólico – terço médio da sístole • Telessistólico – terço final da sístole • Holossistólico – todo o período da sístole – Sopro diastólico – não coincide com o pulso • Os sopros diastólicos são sempre patológicos. • Proto, Meso, tele e holodiastólico
  • 7. Sopros – características semiológicas • LOCALIZAÇÃO: Definir o local de máxima ausculta. Serve de orientação para o diagnóstico. • IRRADIAÇÃO: Deslocar o estetoscópio para outras regiões (axila, pescoço, borda esternal direita, região interescapular, topo da cabeça). • INTENSIDADE: Com frêmito, tem forte intensidade. Critérios cruzes (+ a ++++) – +/4+ = muito suaves – ++/4+ = intensidade moderada – +++/4+ = sopros intensos (com frêmito) – ++++/4+ = sopros muito intensos (com frêmito)
  • 8. Sopros – características semiológicas • TIMBRE, TONALIDADE, QUALIDADE: Suave/ rude/ musical/ aspirativo/ em jato de vapor/ granuloso/ piante e ruflar. • MODIFICAÇÕES: – Com a respiração: os sopros do lado direito do coração tendem a ser mais intensos na inspiração (aumenta o retorno venoso).
  • 9. Sopros - manobras • Respiração: – Inspiração – Expiração – Valsalva • Alteração na postura: – Decúbito lateral esquerdo – Sentado c/ o tórax inclinado para frente – Agachada/ ortostática (em pé) – Ortostática/ agachada • Exercício: – Isométrico (Handgrip) – durante 20 a 30 seg. O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E. Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
  • 10. Efeitos das manobras para o diagnóstico dos sopros. N. Eng. J. Med. 1988; 318:1572-8 Manobra Resposta Sopro Sensib. Especif. Inspiração ↑ Lado Direito 100% 88% Expiração ↓ Lado Direito 100% 88% Valsalva ↑ Mioc. Hipert. 65% 96% Ortostática Mioc. Hipert. 95% 84% ↑ Agachada ↓ Mioc. Hipert. 95% 85% Eleva perna Mioc. Hipert. 85% 91% ↓ Aperto mão Mioc. Hipert. 85% 75% ↓ Aperto mão I.M.; C.I.V. 68% 92% ↑
  • 11. Abordagem do paciente com sopro cardíaco – decisões: • Há necessidade de profilaxia para endocardite? • ... de profilaxia para febre reumática? • Há restrição para atividade física? • Necessita avaliação cardíaca adicional? • Na avaliação de risco para cirurgia cardíaca, há aumento do risco? • Na avaliação para atividade profissional, exame de admissão em emprego, há evidência de cardiopatia? • Na gravidez, é uma gravidez de alto risco? O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E. Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
  • 12. Causas de sopros cardíacos • Estenose valvar aórtica ou pulmonar • Estados hipercinéticos (anemia, febre...) • Dilatação da aorta • Sopro inocente • Comunicação interatrial • Comunicação interventricular • Insuficiência valvar aórtica ou pulmonar • Insuficiência valvar mitral ou tricúspide • Estenose valvar mitral ou tricúspide • Persistência da canal arterial • Tumores nos átrios O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E. Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
  • 13. Sopros inocentes • Sopro de Still: é o sopro inocente mais comum, a tonalidade é musical e vibratória, é mais auscultado na borda esquerda do esterno, é sistólico, curto, de pequena intensidade. Diagnóstico diferencial com Miocardiopatia hipertrófica obstrutiva e com Comunicação interventricular. • Sopro pulmonar inocente: é menos freqüente, auscultado na borda superior esquerda do esterno, em posição supina, sistólico, pequena intensidade, com segunda bulha normal. Diagnóstico diferencial com Estenose pulmonar, Comunicação interatrial e estados hipercinéticos.
  • 14. Abordagem do paciente com um sopro – indicações de Ecocardiografia • Sinais ou sintomas de Insuficiência cardíaca, síncope e/ou isquemia. • Sinais de endocardite ou tromboembolismo. • Qualquer sopro diastólico ou contínuo. • Sopro holossistólico ou telessistólico. • Sopro intenso, grau III/IV ou > • Outros achados anormais no exame das artérias ou na ausculta cardíaca (como estalidos, clicks, alteração na fonese de bulhas, alteração na duração e amplitude do pulso arterial). O’ Rourke RA. Abordagem do paciente com um sopro cardíaco. In: Goldman L, Braunwald E. Cardiologia na clínica geral. Rio de Janeiro: Granabara Koogan, 2000. Cap. 13, págs. 147-164.
  • 15. Sopros patológicos • Da estenose valvar mitral: – Diastólico, apical, irradia para a axila, baixa freqüência, ruflar, B1 hiperfonética, estalido de abertura, diminue com a inspiração. • Da insuficiência valvar mitral: – Sistólico, apical, irradia p/ axila, timbre aumentado, B1 hipofonética, aumenta de intensidade c/ handgrip • Da estenose valvar aórtica: – Sistólico, crescendo/decrescendo, aórtico, irradia p/ pescoço, B1 normal, estalido aórtico, aumenta de intensidade qdo de cócoras • Da insuficiência valvar aórtica: – Diastólico, em descrescendo, foco aórtico acessório, aumenta de intensidade c/ handgrip
  • 16. Sopros sistólicos 1. Insuficiência valvar mitral 2. Ejeção acelerada em grande artérias 3. Dilatação arco aórtico ou do tronco da artéria pulmonar 4. Alterações nas cúspides da valva aórtica ou pulmonar sem estenose 5. Obstrução da saída do ventrículo
  • 17. Sugestões de Sites na internet • Laboratório de Ciências Cardiovasculares – www.hu.ufsc.br/~cardiologia • The Auscultation Assistant – www.wilkes.med.ucla.edu/intro.html