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                                 Adão Ventura




Dados biográficos

        Adão Ventura Ferreira dos Reis nasceu em Santo Antônio do Itambé, antigo
distrito do Serro-MG, no ano de 1946. Diplomou-se em Direito pela Universidade
Federal de Minas Gerais em 1971. Neste mesmo ano, publicou seu primeiro livro
Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul, obra de grande
repercussão no meio literário por se tratar de um poema em prosa, marcado pelo
fantástico, o que levou muitos críticos a classificá-lo como texto surrealista. Em
1972, recebeu o Prêmio Cidade de Belo Horizonte. No ano seguinte, foi convidado
pela University of New Mexico para lecionar Literatura Brasileira Contemporânea.
No mesmo ano, participou do Congresso de Escritores Internacionais
(International Writing Program) promovido pelo Departamento de Letras da
University of Iowa.

       Escreveu cinco livros de poesia, dentre eles o de maior destaque foi A cor
da pele, de 1980, por se tratar de poemas que têm como tema as experiências e
visões de mundo do homem negro brasileiro. Sobre este texto Silviano Santiago
publicou um ensaio definitivo em Vale quanto pesa, no qual reconhece o valor
poético e social da produção literária de Adão Ventura. Um dos poemas – “Negro
Forro” – foi selecionado por Ítalo Moriconi para integrar a antologia Os cem
melhores poemas do século.

       Adão Ventura fundou, juntamente com Afonso Ávila e outros escritores o
Suplemento Literário de Minas Gerais. Seus poemas constam em diversas
antologias, tanto brasileiras quanto internacionais. Foi roteirista e participante do
filme “Chapada do Norte” (1979). Na década de 90, atuou como Juiz Classista,
tendo também presidido a Fundação Palmares. Faleceu prematuramente em
2004, deixando vários escritos inéditos.
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                          A consciência da negritude


                                                  Maria do Rosário Alves Pereira*



        A produção literária de Adão Ventura pode ser dividida em três fases. Em
1971, publicou seu primeiro livro, Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de
deduzir dele o azul. Essa primeira etapa de sua obra trabalha mais o plano do
significante, apresentando um refinamento lingüístico e poético que por vezes
chega ao hermetismo.

        De 1978 a 1981, há uma certa abertura na poesia de Adão, o que poderia
configurar uma segunda fase em sua obra. Seus livros principais nessa etapa são
Jequitinhonha (poemas do vale), de 1980, e A cor da pele, publicado no mesmo
ano. O primeiro é marcado pelo resgate da cultura mineira em uma tentativa de
valorização dos elementos populares. Já o segundo configura a construção de
uma poesia negra que foge à folclorização e a um apelo cultural vigente no
imaginário coletivo, marcado por estereótipos; é a busca de uma identidade não
mais construída sob uma perspectiva do branco, mas, ao contrário, é o ponto de
vista interno de quem conhece e vivencia os estigmas da pele e contra eles se
rebela. A linguagem caracteriza-se pelo abandono do excesso de metáforas dos
primeiros textos e busca uma comunicação mais fácil e direta com o leitor. Um
livro que, de uma certa forma, complementa o sentido de A cor da pele, publicado
em 1992, é Texturaafro. Nessa obra, a temática predominante ainda é o negro e a
questão identitária que perpassa o volume anterior.

      A terceira fase, marcada pela publicação de Litanias de cão (2002),
procura trabalhar uma perspectiva política e social referente não apenas ao negro,
mas à problemática social brasileira num sentido mais amplo.

       A cor da pele é composto por três partes que se complementam e que
podem ser lidas separadamente ou em conjunto, como um grande poema
narrativo. No livro 1, Das biografias, o título já assinala para um caráter pessoal
que aparecerá nos poemas, porém pode assinalar também para uma “biografia
geral do negro”, pois a condição da negritude que permeia o eu enunciador
desses textos pode ser aplicada não apenas a um único indivíduo (a voz central
do texto ou mesmo o autor), mas a todo um grupo social localizado no mesmo
contexto sócio-histórico-cultural. O primeiro poema já exemplifica isso:

                  Um

                  em negro
                  teceram-me a pele.
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                   enormes correntes amarraram-me ao tronco
                   de uma nova África.

                   carrego comigo
                   a sombra de longos muros
                   tentando impedir
                   que meus pés
                   cheguem ao final
                   dos caminhos.

                   mas o meu sangue
                   está cada vez mais forte,
                   tão forte quanto as imensas pedras
                   que os meus avós carregaram
                   para edificar os palácios dos reis.
                   (A cor da pele)

      O eu-lírico que se anuncia em primeira pessoa almeja uma ruptura com os
valores brancos em busca de uma nova ordem simbólica. As correntes e muros
que aparecem no texto são signos emblemáticos do aprisionamento: remetem à
submissão e ao preconceito histórico vivenciado pelos negros. É esse preconceito
que os amarra a um destino fatalista, impedindo-os de serem considerados
cidadãos.

       Em outros poemas, como “Eu, pássaro-preto”, o termo preto,
tradicionalmente concebido com uma carga negativa, assume uma nova
significação, pois passa a ser significar motivo de orgulho, manifestação de força e
resistência:


                   eu,
                   pássaro preto,
                   cicatrizo queimaduras de ferro em brasa,
                   fecho corpo de escravo fugido
                   e
                   monto guarda
                   na porta dos quilombos.
                   (A cor da pele)

       Pássaro preto remete a ave que ficava no alto das palmeiras à porta dos
quilombos e avisava sobre a aproximação de alguém estranho, mas remete
também à metáfora do negro em busca de sua liberdade. O signo é ressignificado,
pois o território cultural a que ele pertence não é o mesmo território do branco, no
qual assume uma carga semântica negativa. Ao contrário, a simbologia aqui é de
resistência, pois o pássaro preto fecha o corpo, e de proteção (monto guarda na
porta dos quilombos). Emblemático também é o ferro em brasa que aparece no
poema: utilizado para ferir e marcar (ou melhor, estigmatizar) os negros, esse
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instrumento simboliza sua subjugação. No entanto, o pássaro preto cicatriza as
queimaduras provocadas.

        Em seu livro Texturaafro, publicado em 1992, “Adão Ventura continua
praticando um poema de textura seca, implícita, sem derramamentos”, utilizando
as palavras de Duílio Gomes nos fragmentos críticos que aparecem no final da
obra. O livro parece manter o mesmo tom e temática já expressos em A cor da
pele. É dividido em quatro partes, nas quais os assuntos são mais ou menos
definidos: na primeira, aparecem poemas abordando a questão de uma
descendência comum aos afro-brasileiros, uma raiz cultural que os mantém
interligados; na segunda, as figuras emblemáticas da resistência e do orgulho
negro, como Chico-Rei e Zumbi, são exaltadas; na terceira parte, o autor
problematiza a condição de indigência em que ainda vivem muitos negros: a
favela, por exemplo, seria a nova senzala do século XX. Na última parte do livro,
aparecem as figuras familiares ao poeta: pais e avós se tornam material poético.

      De qualquer modo, a situação histórica de opressão do indivíduo negro é
constantemente retratada ao longo da obra, a exemplo de Comensais, que
aparece na parte I do livro:

             A minha pele negra
             servida em fatias
             em luxuosas mesas de jacarandá
             a senhores de punhos rendados
                          há 500 anos.
                                       (Texturaafro)


      A história do Brasil é permeada pela exclusão dos afro-descendentes e sua
submissão aos “senhores de punhos rendados” que estão no controle do sistema
econômico, político e social do país há 500 anos. É o negro que, com a
exploração de sua força de trabalho, ajuda a alimentar o sistema vigente, mas
nem por isso tem sua cidadania assegurada de forma plena.

        De acordo com o que foi exposto, pode-se afirmar que Adão Ventura foi um
dos autores que contribuiu de modo relevante para a consolidação de um sistema
literário afro-descendente. Em seus poemas, o eu-lírico que se enuncia assume
um posicionamento próprio, único, de um indivíduo que tem consciência da
negritude e, mais ainda, admite e valoriza sua identidade. O passado histórico é
ponto de partida para reflexões e, ao mesmo tempo, para o resgate e valorização
de uma ancestralidade negra. Retomando as palavras de Cuti, “hoje é amanhã e
ontem, dentro e fora do ser humano” (Cadernos Negros 4, 1981, p. 27). Por isso
esse passado é, também, elo com um presente em que ainda persistem velhas
correntes do aprisionamento, mas que, ao mesmo tempo, aponta para um futuro
em que a conscientização fará diferença.
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*Mestranda em Literatura Brasileira pela UFMG


Referências Bibliográficas

BERND, Zilá. Em torno da literatura negra brasileira. In: Boletim Bibliográfico da
Biblioteca Mário de Andrade. São Paulo: v.49, 1988.
BERND, Zilá. Introdução à literatura negra. São Paulo: Brasiliense, 1988.
CUTI, Luiz Silva. “Lembrança das lições”. In: Cadernos Negros 4. São Paulo:
Edição dos Autores, 1981.
IANNI, Octavio. Literatura e consciência. In: Revista do Instituto de Estudos
Brasileiros. Ed. comemorativa do Centenário da Abolição da Escravatura. São
Paulo: USP, n° 28, 1988.
SANTOS, Jussara. Afrodicções: identidade e auteridade na construção poética de
três escritores negros brasileiros. Dissertação de mestrado. Pontifícia
Universidade Católica. Belo Horizonte: 1998.
VENTURA, Adão. Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul.
Belo Horizonte: Ed Oficina,1970.
_______ . A Cor da pele. Belo Horizonte: Edições do Autor, 1980.
_______ . Jequitinhonha (poemas do vale). Belo Horizonte: Coordenadoria de
Cultura do Estado de Minas Gerais,1980.
_______. Textura Afro. Belo Horizonte: Editora Lê, 1992.
_______ . Litanias de cão. Belo Horizonte: Edições do Autor, 2002.


Bibliografia do autor

Obra individual
Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Belo Horizonte: Ed
Oficina,1970.
As musculaturas do arco do triunfo. Belo Horizonte: Ed. Comunicações, 1976.
Jequitinhonha (poemas do vale).Belo Horizonte: Coordenadoria de cultura do
Estado de Minas Gerais,1980.
A Cor da pele. Belo Horizonte: Edições do Autor, 1980.
Pó-de-mico de macaco de circo. Belo Horizonte: Edição do autor, 1985. ( literatura
infantil)
Textura Afro. Belo Horizonte: Ed. Lê, 1992.
Litanias de cão. Belo Horizonte: Edições do Autor, 2002.

Antologias
Antologia poética. Belo Horizonte: Editora Interlivros de Minas Gerais, 1976.
Cem poemas Brasileiros. São Paulo: Ed. Vertente, 1980.
Momentos de Minas. Coletânea de textos. Vários autores. São Paulo: Ática.
CAMARGO, Oswaldo de (org.). A razão da chama – antologia de poetas negros
brasileiros. São Paulo: GRD, 1986.
COLINA, Paulo (Org.) AXÉ – Antologia de Poesia Negra Brasileira. São Paulo:
Brasiliense, 1986.
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MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem melhores poemas do século. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.


Publicações no exterior
Modern Poetry in Translations 19-20 ( Uma Antologia de Poetas dos séculos XIX e
XX). Edições do International Writing Program – University of IOWA, Iowa city,
USA, 1973.
Revista Nova (1) – (Antologia de Poetas do Mundo Hisapano-Americano. Portugal,
1975.
Schwarze poesie. Poesia Negra Antologia (17 poetas negros). Edition Diá.
Alemanha, 1988.


Fontes de consulta

ALMEIDA, Márcio. Alguns Aspectos da poesia de Adão Ventura. Belo Horizonte,
Suplemento Literário de Minas Gerais, 800, p.3-4, jan.1982.
ALVES, Guilherme L. A cor da pele. Belo Horizonte, Suplemento Literário de
Minas Gerais, 743 , p.8, 1980.
ALVES, Guilherme L. Adão: uma aventura da cor da pele. Belo Horizonte,
Suplemento Literário de Minas Gerais, 813, p.8, 1982.
BARRETO, Lázaro. Abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul.
Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, 197, p.7, jun.1970.
BRANCO, Wilson Castelo. A cor da pele. Belo Horizonte, Suplemento Literário de
Minas Gerais , 736, p.3, nov. 1980.
CHAMA, Fred Castro. A questão do duplo. Belo Horizonte, Suplemento Literário
de Minas Gerais , 813,p.9,1982.
FILHO,Campomizzi. Ventura e Desventura. Belo Horizonte, Suplemento Literário
de Minas Gerais, 233,p.7, fev. 1971
LACERDA, Dayse. O arco do Adão. Belo Horizonte, Suplemento Literário de
Minas Gerais, 598, p.4, 1978.
MACIEL, Luiz Carlos Junqueira. A cor da pele/ Juca mulato. Belo Horizonte,
Suplemento Literário de Minas Gerais, p.6-7, 1983.
REIS, Edgar Pereira dos. Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele
o azul. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais,197, p.7, junho 1970.
SALLES, Fritz Teixeira de. O dono da metáfora. Belo Horizonte: Suplemento
Literário de Minas Gerais, 231, p.7, 1971.
SOUZA, Ângela Leite de. A cor da pele. Belo Horizonte: Suplemento Literário de
Minas Gerais, 816, p.2, 1982.
SANTIAGO, Silviano. A cor da pele. In Vale quanto pesa: ensaios sobre questões
político-sociais. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
SANTOS, Carlos Alberto dos. Aspectos estilísticos dos poemas de A cor da pele.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Fluminense. Niterói,1994.
SANTOS, Jussara. Afrodicções: identidade e alteridade na construção poética de
três escritores negros brasileiros. Dissertação de Mestrado. Pontifícia
Universidade Católica. Belo Horizonte, 1998.
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Links do autor

www.tanto.com.br/AdaoVentura.htm
www.brazilianmusic.com/aabc/literature/palmares/adao.html
www.secrel.com.br/jpoesia/adao.html
www.portalafro.com.br/adao.htm


Textos selecionados

                         Um

                         em negro
                         teceram-me a pele.
                         enormes correntes
                         amarraram-me ao tronco
                         de uma Nova África.

                         carrego comigo
                         a sombra de longos muros
                         tentando impedir
                         que meus pés
                         cheguem ao final
                         dos caminhos.

                         mas o meu sangue
                         está cada vez mais forte,
                         tão forte quanto as imensas pedras
                         que os meus avós carregaram
                         para edificar os palácios dos reis.

                                             (In: A cor da pele. 5 ed. 1988)

                         Dois

                         de pés no chão
                         palmilhei duros eitos
                         movidos a chuva e sol.

                         de pés no chão
                         atravessei frios ghetos
                         de duras cicatrizes.

                         de pés no chão,
                         Teodoro, meu avô
                         envelheceu mansamente
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                        as suas mãos escravas.

                                            (In: A cor da pele. 5 ed. 1988)

                        Eu, Pássaro Preto

                        eu,
                        pássaro-preto,
                        cicatrizo
                        queimaduras de ferro em brasa,
                        fecho o corpo de escravo fugido
                        e
                        monto guarda
                        na porta dos quilombos.

                                            (In: A cor da pele. 5 ed. 1988)

                        Negro Forro

                        minha carta de alforria
                        não me deu fazendas,
                        nem dinheiro no banco,
                        nem bigodes retorcidos.

                        minha carta de alforria
                        costurou meus passos
                        aos corredores da noite
                        de minha pele.

                                            (In: A cor da pele. 5 ed. 1988)


                        Por que
                        Jesus Cristo
                        é sempre branco?

                        – e os negros?
                        – e os índios?
                        – e os amarelos?
                        – e os chicanos
                        do Estado do Novo México?
                        – e os cafusos
                        de Santo Antônio do Itambé?

                                            (In: A cor da pele. 5 ed. 1988)
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                        Papai-Moçambique

                        papai-moçambique
                        – viola e sapateio
                        – desafio de versos
                                    fogosos.

                        papai-moçambique
                        senta pé na fogueira

                                   &

                                    de um salto
                                    pára o olho

                                       no ar

                        banzando saudades
                        d’outras Áfricas.

                                           (In: A cor da pele. 5 ed. 1988)

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Adão Ventura poeta negro brasileiro

  • 1. LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro Adão Ventura Dados biográficos Adão Ventura Ferreira dos Reis nasceu em Santo Antônio do Itambé, antigo distrito do Serro-MG, no ano de 1946. Diplomou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1971. Neste mesmo ano, publicou seu primeiro livro Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul, obra de grande repercussão no meio literário por se tratar de um poema em prosa, marcado pelo fantástico, o que levou muitos críticos a classificá-lo como texto surrealista. Em 1972, recebeu o Prêmio Cidade de Belo Horizonte. No ano seguinte, foi convidado pela University of New Mexico para lecionar Literatura Brasileira Contemporânea. No mesmo ano, participou do Congresso de Escritores Internacionais (International Writing Program) promovido pelo Departamento de Letras da University of Iowa. Escreveu cinco livros de poesia, dentre eles o de maior destaque foi A cor da pele, de 1980, por se tratar de poemas que têm como tema as experiências e visões de mundo do homem negro brasileiro. Sobre este texto Silviano Santiago publicou um ensaio definitivo em Vale quanto pesa, no qual reconhece o valor poético e social da produção literária de Adão Ventura. Um dos poemas – “Negro Forro” – foi selecionado por Ítalo Moriconi para integrar a antologia Os cem melhores poemas do século. Adão Ventura fundou, juntamente com Afonso Ávila e outros escritores o Suplemento Literário de Minas Gerais. Seus poemas constam em diversas antologias, tanto brasileiras quanto internacionais. Foi roteirista e participante do filme “Chapada do Norte” (1979). Na década de 90, atuou como Juiz Classista, tendo também presidido a Fundação Palmares. Faleceu prematuramente em 2004, deixando vários escritos inéditos.
  • 2. LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro A consciência da negritude Maria do Rosário Alves Pereira* A produção literária de Adão Ventura pode ser dividida em três fases. Em 1971, publicou seu primeiro livro, Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Essa primeira etapa de sua obra trabalha mais o plano do significante, apresentando um refinamento lingüístico e poético que por vezes chega ao hermetismo. De 1978 a 1981, há uma certa abertura na poesia de Adão, o que poderia configurar uma segunda fase em sua obra. Seus livros principais nessa etapa são Jequitinhonha (poemas do vale), de 1980, e A cor da pele, publicado no mesmo ano. O primeiro é marcado pelo resgate da cultura mineira em uma tentativa de valorização dos elementos populares. Já o segundo configura a construção de uma poesia negra que foge à folclorização e a um apelo cultural vigente no imaginário coletivo, marcado por estereótipos; é a busca de uma identidade não mais construída sob uma perspectiva do branco, mas, ao contrário, é o ponto de vista interno de quem conhece e vivencia os estigmas da pele e contra eles se rebela. A linguagem caracteriza-se pelo abandono do excesso de metáforas dos primeiros textos e busca uma comunicação mais fácil e direta com o leitor. Um livro que, de uma certa forma, complementa o sentido de A cor da pele, publicado em 1992, é Texturaafro. Nessa obra, a temática predominante ainda é o negro e a questão identitária que perpassa o volume anterior. A terceira fase, marcada pela publicação de Litanias de cão (2002), procura trabalhar uma perspectiva política e social referente não apenas ao negro, mas à problemática social brasileira num sentido mais amplo. A cor da pele é composto por três partes que se complementam e que podem ser lidas separadamente ou em conjunto, como um grande poema narrativo. No livro 1, Das biografias, o título já assinala para um caráter pessoal que aparecerá nos poemas, porém pode assinalar também para uma “biografia geral do negro”, pois a condição da negritude que permeia o eu enunciador desses textos pode ser aplicada não apenas a um único indivíduo (a voz central do texto ou mesmo o autor), mas a todo um grupo social localizado no mesmo contexto sócio-histórico-cultural. O primeiro poema já exemplifica isso: Um em negro teceram-me a pele.
  • 3. LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro enormes correntes amarraram-me ao tronco de uma nova África. carrego comigo a sombra de longos muros tentando impedir que meus pés cheguem ao final dos caminhos. mas o meu sangue está cada vez mais forte, tão forte quanto as imensas pedras que os meus avós carregaram para edificar os palácios dos reis. (A cor da pele) O eu-lírico que se anuncia em primeira pessoa almeja uma ruptura com os valores brancos em busca de uma nova ordem simbólica. As correntes e muros que aparecem no texto são signos emblemáticos do aprisionamento: remetem à submissão e ao preconceito histórico vivenciado pelos negros. É esse preconceito que os amarra a um destino fatalista, impedindo-os de serem considerados cidadãos. Em outros poemas, como “Eu, pássaro-preto”, o termo preto, tradicionalmente concebido com uma carga negativa, assume uma nova significação, pois passa a ser significar motivo de orgulho, manifestação de força e resistência: eu, pássaro preto, cicatrizo queimaduras de ferro em brasa, fecho corpo de escravo fugido e monto guarda na porta dos quilombos. (A cor da pele) Pássaro preto remete a ave que ficava no alto das palmeiras à porta dos quilombos e avisava sobre a aproximação de alguém estranho, mas remete também à metáfora do negro em busca de sua liberdade. O signo é ressignificado, pois o território cultural a que ele pertence não é o mesmo território do branco, no qual assume uma carga semântica negativa. Ao contrário, a simbologia aqui é de resistência, pois o pássaro preto fecha o corpo, e de proteção (monto guarda na porta dos quilombos). Emblemático também é o ferro em brasa que aparece no poema: utilizado para ferir e marcar (ou melhor, estigmatizar) os negros, esse
  • 4. LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro instrumento simboliza sua subjugação. No entanto, o pássaro preto cicatriza as queimaduras provocadas. Em seu livro Texturaafro, publicado em 1992, “Adão Ventura continua praticando um poema de textura seca, implícita, sem derramamentos”, utilizando as palavras de Duílio Gomes nos fragmentos críticos que aparecem no final da obra. O livro parece manter o mesmo tom e temática já expressos em A cor da pele. É dividido em quatro partes, nas quais os assuntos são mais ou menos definidos: na primeira, aparecem poemas abordando a questão de uma descendência comum aos afro-brasileiros, uma raiz cultural que os mantém interligados; na segunda, as figuras emblemáticas da resistência e do orgulho negro, como Chico-Rei e Zumbi, são exaltadas; na terceira parte, o autor problematiza a condição de indigência em que ainda vivem muitos negros: a favela, por exemplo, seria a nova senzala do século XX. Na última parte do livro, aparecem as figuras familiares ao poeta: pais e avós se tornam material poético. De qualquer modo, a situação histórica de opressão do indivíduo negro é constantemente retratada ao longo da obra, a exemplo de Comensais, que aparece na parte I do livro: A minha pele negra servida em fatias em luxuosas mesas de jacarandá a senhores de punhos rendados há 500 anos. (Texturaafro) A história do Brasil é permeada pela exclusão dos afro-descendentes e sua submissão aos “senhores de punhos rendados” que estão no controle do sistema econômico, político e social do país há 500 anos. É o negro que, com a exploração de sua força de trabalho, ajuda a alimentar o sistema vigente, mas nem por isso tem sua cidadania assegurada de forma plena. De acordo com o que foi exposto, pode-se afirmar que Adão Ventura foi um dos autores que contribuiu de modo relevante para a consolidação de um sistema literário afro-descendente. Em seus poemas, o eu-lírico que se enuncia assume um posicionamento próprio, único, de um indivíduo que tem consciência da negritude e, mais ainda, admite e valoriza sua identidade. O passado histórico é ponto de partida para reflexões e, ao mesmo tempo, para o resgate e valorização de uma ancestralidade negra. Retomando as palavras de Cuti, “hoje é amanhã e ontem, dentro e fora do ser humano” (Cadernos Negros 4, 1981, p. 27). Por isso esse passado é, também, elo com um presente em que ainda persistem velhas correntes do aprisionamento, mas que, ao mesmo tempo, aponta para um futuro em que a conscientização fará diferença.
  • 5. LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro *Mestranda em Literatura Brasileira pela UFMG Referências Bibliográficas BERND, Zilá. Em torno da literatura negra brasileira. In: Boletim Bibliográfico da Biblioteca Mário de Andrade. São Paulo: v.49, 1988. BERND, Zilá. Introdução à literatura negra. São Paulo: Brasiliense, 1988. CUTI, Luiz Silva. “Lembrança das lições”. In: Cadernos Negros 4. São Paulo: Edição dos Autores, 1981. IANNI, Octavio. Literatura e consciência. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros. Ed. comemorativa do Centenário da Abolição da Escravatura. São Paulo: USP, n° 28, 1988. SANTOS, Jussara. Afrodicções: identidade e auteridade na construção poética de três escritores negros brasileiros. Dissertação de mestrado. Pontifícia Universidade Católica. Belo Horizonte: 1998. VENTURA, Adão. Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Belo Horizonte: Ed Oficina,1970. _______ . A Cor da pele. Belo Horizonte: Edições do Autor, 1980. _______ . Jequitinhonha (poemas do vale). Belo Horizonte: Coordenadoria de Cultura do Estado de Minas Gerais,1980. _______. Textura Afro. Belo Horizonte: Editora Lê, 1992. _______ . Litanias de cão. Belo Horizonte: Edições do Autor, 2002. Bibliografia do autor Obra individual Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Belo Horizonte: Ed Oficina,1970. As musculaturas do arco do triunfo. Belo Horizonte: Ed. Comunicações, 1976. Jequitinhonha (poemas do vale).Belo Horizonte: Coordenadoria de cultura do Estado de Minas Gerais,1980. A Cor da pele. Belo Horizonte: Edições do Autor, 1980. Pó-de-mico de macaco de circo. Belo Horizonte: Edição do autor, 1985. ( literatura infantil) Textura Afro. Belo Horizonte: Ed. Lê, 1992. Litanias de cão. Belo Horizonte: Edições do Autor, 2002. Antologias Antologia poética. Belo Horizonte: Editora Interlivros de Minas Gerais, 1976. Cem poemas Brasileiros. São Paulo: Ed. Vertente, 1980. Momentos de Minas. Coletânea de textos. Vários autores. São Paulo: Ática. CAMARGO, Oswaldo de (org.). A razão da chama – antologia de poetas negros brasileiros. São Paulo: GRD, 1986. COLINA, Paulo (Org.) AXÉ – Antologia de Poesia Negra Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1986.
  • 6. LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem melhores poemas do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Publicações no exterior Modern Poetry in Translations 19-20 ( Uma Antologia de Poetas dos séculos XIX e XX). Edições do International Writing Program – University of IOWA, Iowa city, USA, 1973. Revista Nova (1) – (Antologia de Poetas do Mundo Hisapano-Americano. Portugal, 1975. Schwarze poesie. Poesia Negra Antologia (17 poetas negros). Edition Diá. Alemanha, 1988. Fontes de consulta ALMEIDA, Márcio. Alguns Aspectos da poesia de Adão Ventura. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, 800, p.3-4, jan.1982. ALVES, Guilherme L. A cor da pele. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, 743 , p.8, 1980. ALVES, Guilherme L. Adão: uma aventura da cor da pele. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, 813, p.8, 1982. BARRETO, Lázaro. Abrir-se um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, 197, p.7, jun.1970. BRANCO, Wilson Castelo. A cor da pele. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais , 736, p.3, nov. 1980. CHAMA, Fred Castro. A questão do duplo. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais , 813,p.9,1982. FILHO,Campomizzi. Ventura e Desventura. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, 233,p.7, fev. 1971 LACERDA, Dayse. O arco do Adão. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, 598, p.4, 1978. MACIEL, Luiz Carlos Junqueira. A cor da pele/ Juca mulato. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais, p.6-7, 1983. REIS, Edgar Pereira dos. Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul. Belo Horizonte, Suplemento Literário de Minas Gerais,197, p.7, junho 1970. SALLES, Fritz Teixeira de. O dono da metáfora. Belo Horizonte: Suplemento Literário de Minas Gerais, 231, p.7, 1971. SOUZA, Ângela Leite de. A cor da pele. Belo Horizonte: Suplemento Literário de Minas Gerais, 816, p.2, 1982. SANTIAGO, Silviano. A cor da pele. In Vale quanto pesa: ensaios sobre questões político-sociais. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. SANTOS, Carlos Alberto dos. Aspectos estilísticos dos poemas de A cor da pele. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Fluminense. Niterói,1994. SANTOS, Jussara. Afrodicções: identidade e alteridade na construção poética de três escritores negros brasileiros. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica. Belo Horizonte, 1998.
  • 7. LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro Links do autor www.tanto.com.br/AdaoVentura.htm www.brazilianmusic.com/aabc/literature/palmares/adao.html www.secrel.com.br/jpoesia/adao.html www.portalafro.com.br/adao.htm Textos selecionados Um em negro teceram-me a pele. enormes correntes amarraram-me ao tronco de uma Nova África. carrego comigo a sombra de longos muros tentando impedir que meus pés cheguem ao final dos caminhos. mas o meu sangue está cada vez mais forte, tão forte quanto as imensas pedras que os meus avós carregaram para edificar os palácios dos reis. (In: A cor da pele. 5 ed. 1988) Dois de pés no chão palmilhei duros eitos movidos a chuva e sol. de pés no chão atravessei frios ghetos de duras cicatrizes. de pés no chão, Teodoro, meu avô envelheceu mansamente
  • 8. LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro as suas mãos escravas. (In: A cor da pele. 5 ed. 1988) Eu, Pássaro Preto eu, pássaro-preto, cicatrizo queimaduras de ferro em brasa, fecho o corpo de escravo fugido e monto guarda na porta dos quilombos. (In: A cor da pele. 5 ed. 1988) Negro Forro minha carta de alforria não me deu fazendas, nem dinheiro no banco, nem bigodes retorcidos. minha carta de alforria costurou meus passos aos corredores da noite de minha pele. (In: A cor da pele. 5 ed. 1988) Por que Jesus Cristo é sempre branco? – e os negros? – e os índios? – e os amarelos? – e os chicanos do Estado do Novo México? – e os cafusos de Santo Antônio do Itambé? (In: A cor da pele. 5 ed. 1988)
  • 9. LITERAFRO - www.letras.ufmg.br/literafro Papai-Moçambique papai-moçambique – viola e sapateio – desafio de versos fogosos. papai-moçambique senta pé na fogueira & de um salto pára o olho no ar banzando saudades d’outras Áfricas. (In: A cor da pele. 5 ed. 1988)