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Terceira Geração poética
brasileira : Castro Alves
Professora Hemely
Colégio Krapp
A terceira geração romântica é
caracterizada pela poesia libertária
influenciada, principalmente, pela obra
político-social do escritor e poeta francês
Victor Hugo, que originou a expressão
"geração hugoana". Além disso, a ave
símbolo da geração é o condor, ave que
habita o alto das cordilheiras dos Andes,
e que representa a liberdade daí o nome
da geração ser condoeira.
A poesia dessa geração é combativa e
prima pela denúncia das condições dos
escravos, decorrência do sistema
econômico brasileiro, baseado no
trabalho escravo. Os poetas dessa
geração também clamam por uma poesia
social em que a humanidade trabalhe por
igualdade, justiça e liberdade.
Seu principal autor é Castro Alves
Poesia de fundo social, defensora da
República e do Abolicionismo. Além
disso, os versos desse período estão
voltados para os pobres, marginalizados
e negros escravos. As décadas de 1860 e
1870 representam para a poesia
brasileira um período de transição
(realismo/realidade social).
Características das obras
A Terceira Geração Romântica tem como
principais características:
Crítica social do século XIX
Erotismo
Pecado
Liberdade
Abolicionismo
Realidade social
Negação do amor platônico
Uso das figuras de linguagem: comparação, metáfora,
antíteses, hipérboles, etc
Libertação do egocentrismo: ao discutir os problemas
sociais, o poeta deixa de se importar somente com ele e
passa a se preocupar com todos ao seu redor
Seu nome de batismo era
Antônio Frederico de
Castro Alves, e nasceu ao
dia 14 de março de 1847
em Salvador. Seu
nascimento aconteceu na
fazenda das Cabaceiras,
aproximadamente 42 km
da vila de Nossa Senhora
da Conceição de
Curralinho, cidade que
atualmente é chamada
de Castro Alves no
estado da Bahia.
Filho de Antônio José Alves
e Clélia Brasília Castro,
estudou em casa com seu
pai, que lhe expôs a uma
atmosfera literária, repleta
de música, saraus, poesia,
declamação de versos e
outros. Com apenas 17 anos
começou a produzir suas
primeiras poesias.
Foi morar em Recife após o segundo
casamento de seu pai no ano de 1862, pois
ele tinha medo que seus filhos fossem
acometidos pelo Mal do Século. No ano
seguinte tentou entrar na Faculdade de
Direito do Recife, mas não obteve sucesso.
Nessa cidade, no entanto, conquistou espaço
na literatura, sendo um poeta sempre
requisitado nas sessões públicas de Faculdade
e em outros eventos como plateias de
teatros.
Trabalho
O poeta teve seu trabalho marcado
pela temática do combate à
escravidão, o que lhe deu o título
de Poeta dos Escravos.
Seu primeiro trabalho foi publicado
no dia 17 de maio de 1863, no
primeiro número de “A Primavera”.
Seu poema foi chamado “A canção
do africano”.
O escritor padece de tuberculose no mesmo
ano e, no subsequente, acontecem dois fatos
marcantes em sua vida: seu irmão comete
suicídio e ele consegue, enfim, entrar na
Faculdade de Direito do Recife. Regressa à
Bahia e somente no ano de 1865 volta para o
Recife. Nesse ano, ao dia 10 de agosto,
recitou “O Sábio” em sua faculdade e se
conectou com uma moça chamada Idalina.
Alistou-se como voluntário para a Guerra do
Paraguai e no ano ulterior experimenta a
morte de seu pai.
Fundou, ao segundo ano de faculdade,
junto a Rui Barbosa e mais amigos, uma
sociedade abolicionista. Sua fase de
mais intensa produtividade na literatura
se deu a partir desse momento,
inspirado por suas grandes causas: a
abolição da escravatura e a República
com ideais liberais.
Ainda em 1866, Castro Alves viveu um
intenso romance com Eugênia Câmara,
mais velha, com quem, no ano seguinte,
viaja para a Bahia, onde Eugênia encena
um drama escrito por ele, conhecido
como “O Gonzaga ou a Revolução de
Minas”. Em seguida, no Rio de Janeiro,
ele conhece Machado de Assis e se muda
para São Paulo, onde inicia o terceiro
ano da faculdade.
Dois anos depois, rompe seu
relacionamento com Eugênia e, em
férias, fere seu pé esquerdo em uma
caçada com um tiro de espingarda, que
acabou resultando em sua amputação.
Em 1870 ele retorna a Salvador e
publica “Espumas Flutuantes”.
Castro Alves faleceu um
ano depois, ao dia 6 de
julho de 1871, vítima da
tuberculose em Salvador.
Uma das principais características de sua
obra é a eloquência, a utilização de
hipérboles, de antíteses, de metáforas,
comparações grandiosas e diversas figuras de
linguagem, além da sugestão de imagens e do
apelo auditivo. O poeta também faz
referência a diversos fatos históricos
ocorridos no país, tais como a Independência
da Bahia, a Inconfidência Mineira (presente
na peça O Gonzaga ou a Revolução de Minas),
Diferentemente dos poetas da primeira
geração, individualistas e preocupados com a
expressão dos próprios sentimentos, Castro
Alves demonstra preocupação com os problema
sociais presentes na sua época. Demonstra
também um certo questionamento aos ideais
de nacionalidade, pois, de que adiantava
louvar um país cuja economia estava baseada
na exploração de sua população (mais
especificamente dos índios e dos negros)?
A visão do poeta demonstra paixão e fulgor
pela vida, diferentemente dos poetas
ultrarromânticos da geração precedente.
Seus trabalhos mais importantes
são:
a) poesia lírico-amorosa: a poesia lírico-
amorosa está associada ao período em que o
poeta esteve envolvido com a atriz
portuguesa Eugênia Câmara. Assim, a virgem
idealizada dá lugar a uma mulher de carne e
osso e sensualizada. No entanto, o poeta
ainda é um jovem inocente e terno em face a
sua amada corporificada e cheia de desejo.
Seus poemas mais famosos dessa fase estão
presentes em sua primeira publicação,
Espumas Flutuantes (1870), conjunto de 53
poemas que versam sobre a transitoriedade
da vida frente à morte, sobre o amor no
plano espiritual e físico, que apela para o
sentimental e para o sensual e sensorial.
Além disso, o romance com a atriz
portuguesa acendeu no poeta o desejo de
escrever sobre esperança e desespero.
Boa-Noite
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito
— Mar de amor onde vagam meus desejos.
(...)
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
— Boa-noite!, formosa Consuelo!...
Neste poema, o poeta, apaixonado, não
se contenta com apenas uma amante, e
mostra envolvimento com diferentes
mulheres (Maria, Marion, Consuelo...),
todas belas e sensuais, se oferecendo
para que o poeta, meigo e inocente, não
vá embora.
b) poesia social: poeta da liberdade, Castro
denuncia as desigualdades sociais e a
situação da escravidão no país, além de
solidarizar-se com os negros, que eram
trazidos de modo precário dentro dos navios
negreiros. Castro clamava à natureza e às
entidades divinas para que vissem a injustiça
cometida pelos homens sobre os homens e
intervissem para que a viagem rumo ao Brasil
fosse interrompida.
Graças a sua obra empenhada na denúncia
das condições dos negros, ficou conhecido
como "o poeta dos escravos", por solidarizar-
se com a situação dos que aqui vinham e
eram submetidos a todo tipo de trabalho em
condições desumanas.
As obras mais importantes dessa fase são:
Vozes D'África: Navio Negreiro (1869)
A Cachoeira de Paulo Afonso (1876)
Os Escravos (1883)
Canto VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Didivido em seis cantos, segundo a divisão
clássica da epopeia:
1º canto: descrição do cenário;
2º canto: elogio aos marinheiros;
3º canto: horror - visão do navio negreiro em
oposição ao belo cenário;
4º canto: descrição do navio e do sofrimento dos
escravos;
5º canto: imagem do povo livre em suas terras, em
oposião ao sofrimento no navio;
6º canto: o poeta discorre sobre a África que é, ao
mesmo tempo tempo, um país livre, acaba por se
beneficiar economicamente da escravidão.
O poema épico é eloquente e verborrágico.
Embora o último navio negreiro que tenha
chegado ao país date de 1855, a escravidão
ainda era parte do sistema econômico
brasileiro.
eloquente - que é convincente, persuasivo e
expressivo; que se expressa de maneira
loquaz.
verborrágico - que se expressa utilizando
muitas palavras nem sempre providas de uma
ideia lógica.
Curiosidades:
(1) A poesia de Castro Alves já
demonstra aspectos, temáticas e
tendências do movimento chamado
Realista, que "nega" os preceitos
românticos embora sua obra seja
romântica.
(2) Em 1941 o escritor baiano Jorge
Amado escreveu o ABC de Castro Alves,
uma biografia sobre o poeta e sua obra.
Há um trecho que exemplifica bem
tanto a poesia amorosa quando a poesia
social do poeta baiano:
Este, cuja história vou te contar, foi
amado e amou muitas mulheres.
Vieram brancas, judias e mestiças,
tímidas e afoitas, para os seus braços e
para o seu leito. Para uma, no entanto,
guardou ele suas melhores palavras, as
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Poesia combativa de Castro Alves

  • 1. Terceira Geração poética brasileira : Castro Alves Professora Hemely Colégio Krapp
  • 2. A terceira geração romântica é caracterizada pela poesia libertária influenciada, principalmente, pela obra político-social do escritor e poeta francês Victor Hugo, que originou a expressão "geração hugoana". Além disso, a ave símbolo da geração é o condor, ave que habita o alto das cordilheiras dos Andes, e que representa a liberdade daí o nome da geração ser condoeira.
  • 3. A poesia dessa geração é combativa e prima pela denúncia das condições dos escravos, decorrência do sistema econômico brasileiro, baseado no trabalho escravo. Os poetas dessa geração também clamam por uma poesia social em que a humanidade trabalhe por igualdade, justiça e liberdade. Seu principal autor é Castro Alves
  • 4. Poesia de fundo social, defensora da República e do Abolicionismo. Além disso, os versos desse período estão voltados para os pobres, marginalizados e negros escravos. As décadas de 1860 e 1870 representam para a poesia brasileira um período de transição (realismo/realidade social).
  • 5. Características das obras A Terceira Geração Romântica tem como principais características: Crítica social do século XIX Erotismo Pecado Liberdade Abolicionismo Realidade social Negação do amor platônico Uso das figuras de linguagem: comparação, metáfora, antíteses, hipérboles, etc Libertação do egocentrismo: ao discutir os problemas sociais, o poeta deixa de se importar somente com ele e passa a se preocupar com todos ao seu redor
  • 6. Seu nome de batismo era Antônio Frederico de Castro Alves, e nasceu ao dia 14 de março de 1847 em Salvador. Seu nascimento aconteceu na fazenda das Cabaceiras, aproximadamente 42 km da vila de Nossa Senhora da Conceição de Curralinho, cidade que atualmente é chamada de Castro Alves no estado da Bahia.
  • 7. Filho de Antônio José Alves e Clélia Brasília Castro, estudou em casa com seu pai, que lhe expôs a uma atmosfera literária, repleta de música, saraus, poesia, declamação de versos e outros. Com apenas 17 anos começou a produzir suas primeiras poesias.
  • 8. Foi morar em Recife após o segundo casamento de seu pai no ano de 1862, pois ele tinha medo que seus filhos fossem acometidos pelo Mal do Século. No ano seguinte tentou entrar na Faculdade de Direito do Recife, mas não obteve sucesso. Nessa cidade, no entanto, conquistou espaço na literatura, sendo um poeta sempre requisitado nas sessões públicas de Faculdade e em outros eventos como plateias de teatros.
  • 9. Trabalho O poeta teve seu trabalho marcado pela temática do combate à escravidão, o que lhe deu o título de Poeta dos Escravos. Seu primeiro trabalho foi publicado no dia 17 de maio de 1863, no primeiro número de “A Primavera”. Seu poema foi chamado “A canção do africano”.
  • 10. O escritor padece de tuberculose no mesmo ano e, no subsequente, acontecem dois fatos marcantes em sua vida: seu irmão comete suicídio e ele consegue, enfim, entrar na Faculdade de Direito do Recife. Regressa à Bahia e somente no ano de 1865 volta para o Recife. Nesse ano, ao dia 10 de agosto, recitou “O Sábio” em sua faculdade e se conectou com uma moça chamada Idalina. Alistou-se como voluntário para a Guerra do Paraguai e no ano ulterior experimenta a morte de seu pai.
  • 11. Fundou, ao segundo ano de faculdade, junto a Rui Barbosa e mais amigos, uma sociedade abolicionista. Sua fase de mais intensa produtividade na literatura se deu a partir desse momento, inspirado por suas grandes causas: a abolição da escravatura e a República com ideais liberais.
  • 12. Ainda em 1866, Castro Alves viveu um intenso romance com Eugênia Câmara, mais velha, com quem, no ano seguinte, viaja para a Bahia, onde Eugênia encena um drama escrito por ele, conhecido como “O Gonzaga ou a Revolução de Minas”. Em seguida, no Rio de Janeiro, ele conhece Machado de Assis e se muda para São Paulo, onde inicia o terceiro ano da faculdade.
  • 13. Dois anos depois, rompe seu relacionamento com Eugênia e, em férias, fere seu pé esquerdo em uma caçada com um tiro de espingarda, que acabou resultando em sua amputação. Em 1870 ele retorna a Salvador e publica “Espumas Flutuantes”.
  • 14. Castro Alves faleceu um ano depois, ao dia 6 de julho de 1871, vítima da tuberculose em Salvador.
  • 15. Uma das principais características de sua obra é a eloquência, a utilização de hipérboles, de antíteses, de metáforas, comparações grandiosas e diversas figuras de linguagem, além da sugestão de imagens e do apelo auditivo. O poeta também faz referência a diversos fatos históricos ocorridos no país, tais como a Independência da Bahia, a Inconfidência Mineira (presente na peça O Gonzaga ou a Revolução de Minas),
  • 16. Diferentemente dos poetas da primeira geração, individualistas e preocupados com a expressão dos próprios sentimentos, Castro Alves demonstra preocupação com os problema sociais presentes na sua época. Demonstra também um certo questionamento aos ideais de nacionalidade, pois, de que adiantava louvar um país cuja economia estava baseada na exploração de sua população (mais especificamente dos índios e dos negros)? A visão do poeta demonstra paixão e fulgor pela vida, diferentemente dos poetas ultrarromânticos da geração precedente.
  • 17. Seus trabalhos mais importantes são: a) poesia lírico-amorosa: a poesia lírico- amorosa está associada ao período em que o poeta esteve envolvido com a atriz portuguesa Eugênia Câmara. Assim, a virgem idealizada dá lugar a uma mulher de carne e osso e sensualizada. No entanto, o poeta ainda é um jovem inocente e terno em face a sua amada corporificada e cheia de desejo.
  • 18. Seus poemas mais famosos dessa fase estão presentes em sua primeira publicação, Espumas Flutuantes (1870), conjunto de 53 poemas que versam sobre a transitoriedade da vida frente à morte, sobre o amor no plano espiritual e físico, que apela para o sentimental e para o sensual e sensorial. Além disso, o romance com a atriz portuguesa acendeu no poeta o desejo de escrever sobre esperança e desespero.
  • 19. Boa-Noite Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora. A lua nas janelas bate em cheio. Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde... Não me apertes assim contra teu seio. Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite. Mas não digas assim por entre beijos... Mas não mo digas descobrindo o peito — Mar de amor onde vagam meus desejos. (...) Lambe voluptuosa os teus contornos... Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos Ao doudo afago de meus lábios mornos. Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos Treme tua alma, como a lira ao vento, Das teclas de teu seio que harmonias, Que escalas de suspiros, bebo atento! Ai! Canta a cavatina do delírio, Ri, suspira, soluça, anseia e chora... Marion! Marion!... É noite ainda. Que importa os raios de uma nova aurora?!... Como um negro e sombrio firmamento, Sobre mim desenrola teu cabelo... E deixa-me dormir balbuciando: — Boa-noite!, formosa Consuelo!...
  • 20. Neste poema, o poeta, apaixonado, não se contenta com apenas uma amante, e mostra envolvimento com diferentes mulheres (Maria, Marion, Consuelo...), todas belas e sensuais, se oferecendo para que o poeta, meigo e inocente, não vá embora.
  • 21. b) poesia social: poeta da liberdade, Castro denuncia as desigualdades sociais e a situação da escravidão no país, além de solidarizar-se com os negros, que eram trazidos de modo precário dentro dos navios negreiros. Castro clamava à natureza e às entidades divinas para que vissem a injustiça cometida pelos homens sobre os homens e intervissem para que a viagem rumo ao Brasil fosse interrompida.
  • 22. Graças a sua obra empenhada na denúncia das condições dos negros, ficou conhecido como "o poeta dos escravos", por solidarizar- se com a situação dos que aqui vinham e eram submetidos a todo tipo de trabalho em condições desumanas. As obras mais importantes dessa fase são: Vozes D'África: Navio Negreiro (1869) A Cachoeira de Paulo Afonso (1876) Os Escravos (1883)
  • 23. Canto VI Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares!
  • 24. Didivido em seis cantos, segundo a divisão clássica da epopeia: 1º canto: descrição do cenário; 2º canto: elogio aos marinheiros; 3º canto: horror - visão do navio negreiro em oposição ao belo cenário; 4º canto: descrição do navio e do sofrimento dos escravos; 5º canto: imagem do povo livre em suas terras, em oposião ao sofrimento no navio; 6º canto: o poeta discorre sobre a África que é, ao mesmo tempo tempo, um país livre, acaba por se beneficiar economicamente da escravidão.
  • 25. O poema épico é eloquente e verborrágico. Embora o último navio negreiro que tenha chegado ao país date de 1855, a escravidão ainda era parte do sistema econômico brasileiro. eloquente - que é convincente, persuasivo e expressivo; que se expressa de maneira loquaz. verborrágico - que se expressa utilizando muitas palavras nem sempre providas de uma ideia lógica.
  • 26. Curiosidades: (1) A poesia de Castro Alves já demonstra aspectos, temáticas e tendências do movimento chamado Realista, que "nega" os preceitos românticos embora sua obra seja romântica. (2) Em 1941 o escritor baiano Jorge Amado escreveu o ABC de Castro Alves, uma biografia sobre o poeta e sua obra. Há um trecho que exemplifica bem tanto a poesia amorosa quando a poesia social do poeta baiano: Este, cuja história vou te contar, foi amado e amou muitas mulheres. Vieram brancas, judias e mestiças, tímidas e afoitas, para os seus braços e para o seu leito. Para uma, no entanto, guardou ele suas melhores palavras, as mais doces, as mais ternas, as mais belas. Essa noiva tem um nome lindo, negra: Liberdade.