Como queremos ser tratados por nossos pais separados
1. COMO QUEREMOS SER TRATADOS POR NOSSOS PAIS SEPARADOS
Não estamos falando de direitos, mas de afetos!
Nós,
crianças
de
pais
que
estão
se
separando
ou
terminaram
o
seu
relacionamento, merecemos um tratamento justo e honesto por parte de cada
um de vocês. Pedimos que vocês nos considerem enquanto tantas mudanças
estão acontecendo em nossa família. Para que vocês saibam o que passa em
nossas mentes e facilite a sua compreensão, nós, filhos de pais separados,
concordamos em algumas coisas que achamos que vocês deveriam levar em
conta, ao invés de nos abandonarem nas mãos de promotores, advogados,
peritos e juízes...
Sabemos que temos muitos direitos legais, mas, na verdade, o que queremos é
vivermos uma vida legal. Chega de tantos direitos; queremos apenas viver
direito!
A primeira coisa que precisam entender e aceitar é que :Somos seus filhos e
amamos vocês dois: igual! E não podemos ser divididos em dois! Estamos
inteiros com vocês dois.
1. Precisamos que vocês dois amem esse Ser inteiro, não importa o que
venha acontecer com o relacionamento de vocês. Se vocês estiverem
juntos, nos amem; se vocês se desentenderem ou se separarem, queremos
continuar a ser amados e cuidados e conviver com os dois. Não temos
nada a ver com separação, mas com união!
2. Merecemos ser tratados como pessoas normais com nossas próprias
ideias, sentimentos, vontades e NÃO como propriedade ou moeda de
troca nas suas negociações. Isso é um absurdo: vocês não estão nos vendo
como seres humanos, mas como armas e mercadoria! “Gente grande”
2. chama a isso de MANIPULAÇÃO, ALIENAÇÃO! Vocês não ganham nada;
e a gente é quem perde em tudo!
3. Queremos que vocês nos expliquem sobre as mudanças que estão
acontecendo com nossa família, com respeito, carinho e compreensão de
nossas idades e sentimentos. Não nos faz bem e nem entendemos quando
vocês tentam nos explicar botando a culpa ou a responsabilidade ou
chingando um ao outro. Ou nos envolvem com a justiça que só vê o que
está escrito e não os nossos sentimentos. E a justiça é tão devagar que se
esquece que criança vira adulto lesado!
4. Queremos achar o que quisermos sobre cada um de vocês e sermos livres
para amar os dois sem importar com o que um pensa e fala do
outro.
Não precisamos ser convencidos e nem de torcida! Vocês não precisam
ganhar pontos: não estamos participando de um jogo! Nesse jogo
mesquinho dos ressentimentos, todos perdem!
5. Queremos saber sobre os seus sentimentos, interesses e alvos em relação
à nossa pessoa. Queremos que vocês dois sejam muito felizes, que casem
de novo e se amem e tenham filhos. Mas, por favor, não nos atrapalhem!
Nãos nos deixem órfãos !
6. Não nos faz bem sermos bombardeados com perguntas que não têm nada
a ver com a gente, que não temos condições de responder. Não nos
encurralem e nos forcem a tomar partido por um de vocês.
Nunca vamos tomar partido; quando tomamos, é apenas porque nos
sentimos acuados. Pais amorosos não amedrontam seus filhos!
7. Não queremos ser o pombo correio para levar mensagens de um para o
outro. Não somos pontes; somos filhos que estão dos dois lados, unidos
pelo lado do amor de vocês dois por nós.
3. 8. Não queremos que nos peçam para sermos espiões e nem nos encurralar
para responder sobre coisas que acontecem na casa do outro nosso pai
(mãe).
9. Não nos faz bem termos de tomar posição um contra o outro. Estamos
sempre dos dois lados; lidamos apenas com afeto e respeitamos a dor dos
dois. Respeitem também a nossa dor.
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EXPRESSÃO DE AMOR
1. Queremos continuar a ter os cuidados e a orientação de vocês dois; ser
educados em nossas mentes, alimentados em nossa alma e desenvolvidos
em nosso corpo, em um ambiente de amor incondicional.
2. Queremos continuar a se relacionar bem e amar aos dois e nos deixarem
amar vocês dois. Vocês estão separados, mas nós continuamos unidos!
3. Queremos continuar a amar nossos avós e parentes e nos relacionarmos
com eles como nos velhos tempos.
4. Queremos que as fotos de nossos pais e nossa família continuem
pendurados onde estavam.
5. Queremos que não fiquem tristes quando ficarmos com o outro. Estamos
em casas separadas, mas continuamos a amar a vocês dois onde
estivermos.
4. BEM-ESTAR
1. Precisamos que vocês pais continuem a fazer o melhor que faziam pelos
nossos interesses o tempo inteiro, sem medir esforços e sem medir com
aquilo que acham que o outro faz. Não somos contabilidade!
2. Precisamos
nos
sentir
seguros
como
nos
lares
normais
e
sermos
protegidos dos perigos normais da vida.
3. Precisamos gastar tempo de qualidade com cada um de vocês, nossos
pais, sem que o outro se intrometa fazendo planos para nós, nos
seduzindo com outras coisas
ou nos ameaçando castigar por achar que
fizemos errado indo com o outro, ou concordando com o outro.
4. Temos o direito de ser crianças felizes e tranquilas e não fazer parte em
conflitos, problemas e brigas de nossos pais. A vida podia ser bem melhor
e será.
Por que não cantam com a gente e o Gonzaguinha: Eu fico com a pureza das
respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita! Viver e não ter a vergonha de ser feliz, Cantar,
A beleza de ser um eterno aprendiz
Eu sei Que a vida devia ser bem melhor e será,
Mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita!
5. LIBERDADE DE ESCOLHER
1. Precisamos que vocês nos digam, claramente, que não temos nada a ver
com a separação de vocês. Vocês é que decidiram assim.
2. Precisamos ser agasalhados quando nos sentimos com medo com o que
está acontecendo com nossa família. E não estamos entendendo nada.
3. Precisamos ter a liberdade de viver com cada um de nossos pais pelo
período de tempo que as situações permitam e que seja conveniente para
nós e para vocês.
4. Precisamos ser livres para decidir a continuar nos esportes e outras
atividades que gostamos sem causar problemas para nossos pais.
COISAS PRÁTICAS
1. Queremos ter o direito de ter um espaço legal na casa da mamãe e do
papai igual ao que a gente tinha em nossa casa.
2. Queremos ter uma rotina diária e semanal e programa que possamos
entender e fazer e viver sem atropelos e que possamos dar conta.
3. Queremos que vocês não nos encham com deveres e responsabilidades de
adultos. Não podemos fazer mais do que damos conta. Mas queremos ser
ajudados com a orientação de vocês.
4. Queremos
privacidade.
Queremos
comunicar
com
nossos
pais
em
particular sem ser vigiados, orientados ao que falar ou não falar e sermos
gravados ou escutados na extensão. Isso é muito feio e nos sentimos
invadidos e desrespeitados!
5. Quando forem nos levar para a casa do outro, não nos passem ao outro
como um pacote. Se não conseguirem convidar o outro para entrar por
um instante para que conversem sobre a gente, sejam pelo menos
amáveis e educados.
6. 6. Quando forem nos buscar na casa de nossos avós, na escola ou na casa de
amigos, se vocês não puderem suportar o olhar do outro, não briguem na
minha frente. Finjam ser educados como vocês seriam com outras
pessoas, do jeito que vocês nos educaram.
7. Não nos contem coisas que ainda não conseguimos entender. Conversem
sobre isso com outros adultos, mas não com a gente.
8. Deixem que a gente leve os nossos amigos um na casa do outro. É
importante pra gente que eles conheçam vocês dois e saibam que somos
amados e cuidados pelos dois.Sejam simpáticos com eles.
9. Concordem sobre o dinheiro. Não comprem tudo pra gente quando
estamos com vocês e nem nos encham de presentes. Não tente nos
comprar, já somos seus! Queremos ter uma vida normal. Não importa se
um tem mais dinheiro que o outro; queremos apenas ficar à vontade e
felizes com os dois.
10.
Quando a gente estiver no
convívio de um dos pais, não tentem
ficar sempre ativos e fazendo coisas e levando a gente para lugares e
fazendo
atividades.
Não
invente!
A
nossa
vida
continua
normal
Bom para gente é estar com vocês, na rotina da casa. Quando estou na
casa da mamãe, estou na minha casa; quando estou na casa do papai,
estou na minha casa.
11.
Se puderem, deixem o máximo de coisas idênticas na nossa vida,
como estavam antes da separação. Comecem com o meu quarto, depois
com as pequenas coisas que eu fiz sozinho com meu pai ou com minha
Mãe.
12.
Procurem ser gentis com o novo parceiro um do outro. Preciso
também me entender e relacionar bem com essas pessoas. E elas comigo.
Afinal, vamos nos tornar uma nova família. Não tenham ciúme um do
outro. O ideal seria vocês dois encontrarem um novo parceiro para amar.
Mas se demorar, não fiquem chateados ou com inveja. Esse sentimento
acaba voltando para mim e eu é que tenho de aguentar a raiva de vocês.
7. DESENVOLVIMENTO
1. Merecemos que nossos pais discutam nosso desenvolvimento e estejam
interessados em como estamos indo em todas as áreas.
2. Precisamos que nos deixem discutir nossos sentimentos e emoções do jeito
certo contando com a compreensão e amor deles.
3. Precisamos de pais que saibam escutar nossos problemas e preocupações,
assim como nossos sonhos e desejos.
TEMPO E INFORMAÇÃO
1. Precisamos ter condições de nos comunicar com qualquer um de nossos
pais tanto quanto necessário.
2. Precisamos desfrutar o tempo suficiente e acesso (incluindo visitas) com
cada um de nossos pais que vão estar à disposição de nossas necessidades.
3. Precisamos conhecer os nossos pais, do jeito que são e não do jeito que
nos informam.
4. Precisamos ter uma comunicação clara (ainda que seja apenas escrita)
sobre nossos tratamentos médicos, terapias, assuntos de educação e
profissão, acidentes, doenças e outras coisas importantes sobre nós e
nossos pais. E precisamos que todo mundo que faz parte de nosso mundo
do desenvolvimento informem sempre aos nossos pais, não importa com
quem estamos. É assim que manda a lei!
5. Precisamos ter fronteiras definidas e com nexo na casa de cada um de
nossos pais, principalmente se as regras e o jeito de cada casa for muito
diferente da outra.
6. Precisamos saber antes sobre decisões como mudança de casa, férias e
outras coisas que fogem da rotina.
Mas acima de tudo, precisamos de pais que ajam com maturidade, afeto e
responsabilidade em relação à nossa nova estrutura de família.
8. Mas, acima de tudo, queremos viver parte igual de nossa vida com nosso pai
e sua família e com nossa mãe e sua família. Queremos o convívio dividido
(guarda compartilhada).
Se eles fossem crianças e passem pela mesma situação, saberiam o que
estamos passando e sentindo e não achariam que estamos querendo muito, a
não ser ser compreendidos, amados, respeitados e defendidos como filhotes.
O tempo é hoje.
Seu nome é hoje (Gabriela Mistral)
Somos culpados de muitos erros e faltas;
mas o nosso pior crime é o abandono das crianças,
negando-lhes a fonte da vida.
Muitas das coisas de que necessitamos
podem esperar. A criança não pode.
Agora é o momento em que seus ossos estão se formando
seu sangue também o está e seus sentidos estão se desenvolvendo
A ela não podemos responder “amanhã”
Seu nome é hoje.
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A chance está nas suas mãos, Senadores! Não se furtem ao dever, ao
sentimento, aos direitos das crianças! PL 117
WWW.criancaemrede.org/aindasemmeupai