O documento discute vários estudos e projetos relacionados à literacia da informação, incluindo o projeto ALFIN que promove boas práticas na área, e o projeto PIL que estuda os hábitos de pesquisa de jovens. Também aborda um estudo sobre a relação entre resultados acadêmicos e capacidade de pesquisa de informação, e outro sobre como educar por meio da diversificação de fontes.
1. Unidade Curricular:
As TIC e o Trabalho de Projeto
Literacia da Informação e Educação para a Literacia da Informação
Estudos e projetos sobre literacia da informação
Mestrandas: Alexandra Lopes, Anabela Monteiro, Fernanda Malveiro, Graciete Monteiro, Manuela Silva e Olga Correia
Professora Doutora Guilhermina Lobato Miranda
Abril, 2014
2. Projeto ALFIN
O projeto ALFIN - Alfebatización Informacional - é de origem ibero-americana,
e é reconhecido por instituições como a IFLA, a UNESCO e a OCDE como um
exemplo de boas práticas na área da Literacia da Informação.
Na página portuguesa - http://alfiniberoamerica.wikispaces.com/Portugal -
encontram-se recursos e múltiplos estudos sobre o estado da arte no que diz
respeito à Literacia da Informação.
Também o blog do projeto - http://alfiniberoamerica.blogspot.pt/ - inclui
diversos conteúdos relacionados com experiências, notícias, programas,
teorias, investigações e publicações.
3. Project Information Literacy
O projeto PIL - Project Information Literacy - de origem estadunidense, em parceria
com a University of Washington's iSchool, tem como objetivo estudar os hábitos de
pesquisa dos jovens. Pretende-se compreender como é que estes conceptualizam e
operacionalizam atividades de pesquisa e especialmente como é que resolvem as
questões de credibilidade, autoridade e relevância na era digital.
Foram recolhidos dados de 13.000 jovens inscritos em mais de 60 instituições de
educação públicas e privadas.
O que distingue este projeto da maioria dos estudos sobre literacia da informação é o
facto de ser transversal a diferentes tipos de instituições educativas (colégios de
comunidade, colégios estatais e universidades públicas e privadas) de diferentes
áreas geográficas dos Estados Unidos. (http://projectinfolit.org/about)
4. Literacia informacional numa escola do ensino básico (Lomba, 2013)
No estudo conducente ao grau de mestre, realizado por Serafim Simão Lomba
(2013), e orientado por Guilhermina Lobato Miranda, Literacia informacional numa
escola do ensino básico, o autor refere uma relação, cujo significado convirá apurar,
entre os resultados obtidos pelos alunos nos testes de literacia de informação
realizados e os resultados dos exames de Língua Portuguesa e de Matemática. De
acordo com o mesmo estudo, “estes resultados sugerem que o ensino da literacia
informacional poderá ser uma forma de melhorar as aprendizagens dos alunos de
forma transversal, contribuindo assim para a melhoria dos resultados escolares em
várias disciplinas; ou que são os alunos que já desenvolveram estas competências
os que melhores resultados obtêm nas diferentes disciplinas” (Lomba, 2013, p. 84).
O autor admite a hipótese de se poder vir a estabelecer uma relação entre os
melhores resultados académicos e a capacidade de pesquisa, seleção e avaliação
da informação.
5. A relação dos jovens com os media: Um estudo com alunos do 9º ano do ensino básico
do Distrito de Castelo Branco (Miranda & Silva, 2011)
Neste estudo (Miranda, 2011) faz-se referência à melhoria das competências
em literacia da informação decorrentes da diversificação das fontes de
informação e dos assuntos pesquisados.
Defende-se ainda a ideia de que “educar é também diversificar e gerar novos
interesses e motivações e não só responder aos motivos e gostos iniciais dos
alunos que, muitas vezes, o são por falta de conhecimento de outros mundos
reais e ficcionais” (Miranda, 2011, p. 19).
Acrescenta, ainda, que “se participarem na feitura dos jornais escolares,
usando várias linguagens e tecnologias e comunicando sobre assuntos
diversos, entre eles os que mais os apaixonam, com certeza que novos
horizontes se abrirão para estes jovens“(Miranda, 2011, p. 19).
6. A Literacia da Informação em Escolas do Concelho de Sintra
(Mendinhos, 2009)
O estudo realizado aponta para o contexto atual da sociedade da informação
e as alterações do papel da escola nas suas práticas, hoje mais centradas no
ensino do que na aprendizagem, para poder formar alunos capazes de se
movimentarem com destreza no mundo da informação e de prosseguirem a
sua aprendizagem pela vida fora. Refere ainda a importância das bibliotecas
escolares neste processo de transformação. Pretendeu-se conhecer a forma
como a Literacia da Informação é abordada em doze escolas básicas do 2ºe
3º Ciclos do concelho de Sintra, cujas bibliotecas se encontram integradas na
Rede de Bibliotecas Escolares.
7. A Literacia da Informação em Escolas do Concelho de Sintra
(Mendinhos, 2009)
As conclusões do estudo apontam para a existência de uma distância
considerável entre as práticas das bibliotecas estudadas e os padrões
internacionais, constatando-se a necessidade de formação dos professores e
das equipas das bibliotecas escolares, em particular, e a urgência da
definição de competências standard que, a nível nacional, permitam
concretizar as diretrizes da IFLA e da UNESCO.
Com este estudo, pretendeu-se aprofundar o conhecimento existente acerca
das práticas das bibliotecas escolares, no domínio do desenvolvimento da
literacia da informação. Selecionaram-se as bibliotecas das escolas básicas
do 2º e 3º Ciclos do concelho de Sintra, integradas na Rede das Bibliotecas
Escolares, no momento do início desta investigação.
8. A Literacia da Informação em Escolas do Concelho de Sintra
(Mendinhos, 2009)
Todas as BE inquiridas contemplam o desenvolvimento da literacia da
informação nos seus planos de atividades. Quanto a parcerias, a mais
mencionada era a Área de Projeto, logo seguida do Estudo Acompanhado e,
por último, as áreas disciplinares.
Em relação às BE, cujos coordenadores foram entrevistados, sabemos que se
investe na formação dos professores da equipa e de Área de Projeto e na
disponibilização de uma grande variedade de guiões, tanto impressos como
online, elaborados com muito cuidado e constituindo uma excelente base de
trabalho.
Não há ações específicas para alunos e professores sobre a literacia da
informação, à exceção de uma ação de familiarização com a BE para novos
alunos, existindo apenas um guião que orienta essencialmente a elaboração
das bibliografias dos trabalhos realizados pelos alunos.
9. A Literacia da Informação em Escolas do Concelho de Sintra
(Mendinhos, 2009)
Quanto à adoção de um modelo de pesquisa, pode dizer-se que a situação é
reveladora de pouco avanço no domínio do trabalho em literacia da
informação, contrariando as orientações mais recentes nesse domínio,
nomeadamente as do IFAP (Programa Informação Para Todos) da UNESCO.
Relativamente à integração dos programas/projetos nas escolas, o estudo
permite concluir que as bibliotecas, enquanto estruturas pedagógicas, já se
encontram institucionalizadas nas escolas, isto é, integradas nos documentos
normativos das mesmas, mas não é conclusivo quanto à forma como as
escolas abraçam ou não os projetos das bibliotecas escolares, nomeadamente
na área de literacia da informação.
10. Ambiente de Literacia - Apresentação da Observação da Linguagem e da Literacia em
Contextos Educativos – ELLCO (Gamelas & Leal, 2007)
Este estudo vai ao encontro de trabalhos sobre a aprendizagem da leitura e da
escrita, bem como sobre o tipo de práticas educativas e de interações que
promovem a aprendizagem e o desenvolvimento de competências de literacia.
Referindo a importância dos contextos em que a literacia é vivida, Whitehurst e
Lonigan (1998) definem ambiente de literacia emergente como o conjunto de
experiências que podem influenciar o desenvolvimento da literacia. Vários
autores destacam o contributo do jardim-de-infância no desenvolvimento de
competências de literacia em crianças de idade pré-escolar.
Dickinson e Smith (1994) concluem que a forma como os educadores de
infância leem livros para as crianças, num contexto de grupo, está fortemente
relacionada com o desenvolvimento, a longo prazo, do vocabulário e de
competências de compreensão de histórias.
11. Ambiente de Literacia - Apresentação da Observação da Linguagem e da Literacia em
Contextos Educativos – ELLCO (Gamelas & Leal, 2007)
Dada a posição desfavorável de Portugal em alguns estudos de comparação
internacional sobre competências de literacia em diferentes graus de ensino, as
autoras deste estudo procuram encontrar formas de avaliação que ajudem os
diferentes agentes educativos a refletir e a atuar sobre as suas próprias
práticas. Este trabalho insere-se num projeto mais alargado que tem como
objetivo geral obter uma descrição abrangente das possibilidades oferecidas
por contextos pré-escolar inclusivos em prol do desenvolvimento da literacia
em crianças com incapacidades e em crianças com desenvolvimento típico.
O objetivo desse estudo foi também apresentar o instrumento utilizado para
descrever a qualidade do ambiente de literacia: Observação da Linguagem e da
Literacia em Contextos Educativos (ELLCO; Smith, Dickinson, Sangeorge &
Anastasopoulos, 2002a).
12. Ambiente de Literacia - Apresentação da Observação da Linguagem e da Literacia em
Contextos Educativos – ELLCO (Gamelas & Leal, 2007)
A ELLCO avalia um conjunto de aspetos que nos ajudam a perceber de que
forma a organização do ambiente educativo e a prática do educador
contribuem para o desenvolvimento de competências de literacia em crianças
de idade pré-escolar, sendo relevantes as conclusões que a seguir se
apresentam:
valores baixos nos aspetos que avaliam a adequação do ambiente de
literacia;
poucas evidências de uma abordagem intencional no apoio ao
desenvolvimento da literacia em crianças de idade pré-escolar;
elevado número de salas com condições pouco adequadas ao correto
funcionamento (p. 551-552).
13. Creating, sharing and reusing learning objects to enhance information literacy
(Russell et al.,2013)
Desde 2010 até ao presente, o Institute of Technology Tallaght (ITT Dublin), na
Irlanda, tem vindo a criar uma série de materiais didáticos digitais, na sua
maioria sob a forma de tutoriais , que disponibilizou online, abrangendo várias
competências da literacia da informação, no sentido de orientar os estudantes,
quanto a aspetos como pesquisa, avaliação de informação e plágio.
De acordo com O’ Neill et al. (2005), citados por Russel, os recursos foram
produzidos numa perspetiva pedagógica imbuída de princípios do
behaviorismo, tais como a planificação cuidada, a previsão de objetivos
passíveis de serem alcançados, bem como uma aprendizagem sequencial.
14. Mackey e Jacobson (2011), citados por Russel, colocam o enfoque na abordagem
construtivista da aprendizagem, quando os estudantes foram convidados a
completar os tutoriais que lhes foram disponibilizados para pesquisa, com o
intuito de promover um conhecimento mais aprofundado, reforçando
competências sociais como o espírito crítico e o envolvimento na própria
aprendizagem, um dos principais objetivos do curso.
A eficácia do projeto implica a utilização de técnicas de avaliação no sentido de
atualizar os recursos e ter em conta as vicissitudes do público-alvo, sendo
importante referir que os bibliotecários têm por hábito pesquisar recursos
existentes antes de decidirem produzir novos.
Creating, sharing and reusing learning objects to enhance information literacy
(Russell et al.,2013)
15. Verificou-se que o impacto destes materiais nos estudantes foi muito
significativo, não só para os alunos do instituto como para outros do país e de
outras partes do mundo.
A pesquisa centrou-se em artigos científicos, jornalísticos e pedagógicos
publicados até há dez anos. O manancial de informação expandiu-se bastante
em termos gerais mas o mesmo não sucedeu relativamente à Irlanda.
Estes recursos digitais podem ser utilizados em contextos pedagógicos
presenciais ou à distância, síncronos ou assíncronos.
Creating, sharing and reusing learning objects to enhance information literacy
(Russell et al.,2013)
16. Worries with the Web: A Look at Student Use of Web Resources
(Grimes & Boening, 2001)
O estudo surgiu da preocupação dos autores com o facto de, apesar dos
esforços para fornecer aos alunos recursos escritos e eletrónicos de alta
qualidade, os alunos estarem a usar recursos da web não avaliados ou não
apropriados, para suportarem os seus trabalhos escritos.
O estudo visava identificar:
1. Se os alunos estavam a fazer a avaliação dos recursos da web;
2. Se estavam a utilizar recursos não autenticados;
3. Se havia diferenças entre o que os professores esperavam dos seus alunos e
o que eles realmente estavam a fazer com os recursos da web.
17. Foi usada a metodologia do estudo de caso, foram entrevistados professores e
estudantes e analisados os recursos da web que foram citados em trabalhos
de pesquisa em duas turmas (de vinte cinco alunos cada) de composição
escrita.
Os resultados mostraram que:
1. os estudantes estavam a fazer uma avaliação apenas superficial, ou
nenhuma. Iam diretamente aos recursos da web sem procurar a orientação
dos bibliotecários, os professores deram pouca orientação para os ajudar a
selecionar as fontes, e todos estavam convencidos da boa qualidade dos seus
trabalhos e das fontes da web consultadas;
Worries with the Web: A Look at Student Use of Web Resources
(Grimes & Boening, 2001)
18. 2. os estudantes estavam efetivamente a usar recursos da web não
autenticados. Usaram desde páginas de escolas a páginas de publicidade,
considerando-as todas como informação, e nenhum aproveitou a
oportunidade de consultar as bases de dados ou guias da web disponíveis na
biblioteca;
3. existia realmente diferença entre o que os professores esperavam dos
alunos e o que estes realmente estavam a fazer com os recursos da web.
Worries with the Web: A Look at Student Use of Web Resources
(Grimes & Boening, 2001)
19. Referências
Alfabetización Informacional en Iberoamérica. Estado del Arte - Portugal. (2011/2014). Retirado a 24 abril 2014 de
http://alfiniberoamerica.wikispaces.com/Portugal.
Alfabetización Informacional / Iberoamérica (2009/2014).Retirado a 24 abril 2014
de http://alfiniberoamerica.blogspot.pt/.
Gamelas, Ana Madalena; Leal, Teresa, “Ambiente de Literacia - Apresentação da Observação da Linguagem e da
Literacia em Contextos Educativos – ELLCO” , Universidade do Porto, Portugal (2007).
Grimes, D.J. & Boening, C.H. (2001). Worries with the Web: A Look at Student Use of Web Resources. College &
Research Libraries vol. 62 no. 1 11-22. Retirado de http://crl.acrl.org/content/62/1/11.full.pdf+html
Lomba, S. L., (2013). Literacia informacional numa escola do ensino básico, Lisboa: Instituto de Educação. Retirado
a 30 de março de 2014 de http://repositorio.ul.pt/handle/10451/8388.
20. Referências
Mendinhos, Isabel Maria G. B. Silva, A Literacia da Informação em Escolas do Concelho de Sintra Lisboa, Abril de
2009.
Miranda, G.L. & Silva, S. (2011). A relação dos jovens com os media: Um estudo com alunos do 9º ano do ensino
básico do Distrito de Castelo Branco. Retirado a 27/04/2014 de
https://www.academia.edu/1081682/A_relacao_dos_jovens_com_os_media_um_estudo_com_alunos_d
o_9._ano_do_ensino_basico_do_Distrito_de_Castelo_Branco_2011_.
Project Information Literacy (2008 / 2014). Retirado a 24 abril 2014 de http://projectinfolit.org/about.
Russell, P. et al. (2013). Creating, sharing and reusing learning objects to enhance information literacy. Journal of
Information Literacy, 7(2), pp. 60-79. Retirado de http://dx.doi.org/10.11645/7.2.1744.