1. ÉTICAE O TRABALHO DO PROFISSIONAL RELIGIOSO CRISTÃO
Autores: Ari Nelson Moura – ari.nelson.moura@gmail.com
Luis Henrique Guérios da Silva- iqguerios@hotmail.com
Instituto Federal do Paraná – Campus Palmas - IFPR
Resumo
Optamos por escrever sobre o tema A Ética e o Trabalho do
Profissional Religioso por se tratar de um assunto talvez pouco analisado,
principalmente em tempos onde notícias nos trazem informações de Pastores,
Padres e diferentes líderes religiosos envolvidos em escândalos. Diante de
tantos escândalos surge a pergunta: Existe uma Ética no trabalho do
Religioso? E a resposta é sim, e sobre este tema trataremos neste artigo.
Palavras Chaves: Deus, ética, Religioso, Bíblia.
Abstract
We chose to write on the subject Ethics and Religious Professional Labor
because it is a subject may know little analyzed , especially in times where
news bring us information Pastors, Priests and different religious leaders
involved in scandals . Faced with so many scandals the question arises : Is
there a Religious Ethics at work ? And the answer is yes, and on this subject we
will deal in this article.
Introdução
Há de ser falar em Ética, pensar em Ética, pois vivemos em uma época
em que as palavras caem na banalização, e muitos erram ao pensar que todos
sabem o seu significado. Isso está muito longe de ser uma afirmação correta.
Dentre algumas definições podemos citar a de que a ética é a norma das
profissões e conforme (NALINI, pg. 26), “Ética é a ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade”. Para falar de Ética, é necessário também
falar sobre moral, o que é a moral, qual a interligação entre moral e Ética? A
ética reflete sobre a moralidade. Sócrates (470-399 a.C.) já discorria sobre a
ética, em seus estudos e seus métodos, forneceram a Aristóteles e Platão
material para desenvolverem suas doutrinas. Moral é o conjunto de regras
adquiridas através da cultura, educação e do cotidiano que orientam o
comportamento humano.
Desenvolvimento
2. A Ética estuda o comportamento humano, e a ética profissional é o
conjunto de ações que determinam a adequação no exercício de qualquer
profissão. É através dela que se dão as relações interpessoais no trabalho,
visando, especialmente, o respeito e o bem-estar no ambiente profissional.
A Ética é importante para a vida diária. A todo instante tomamos
decisões que afetam a nós e a outras pessoas.
Cada profissão tem o seu código de ética, este pode variar dependendo
da área de atuação. Mas é importante também destacar que existem normas
da ética profissional que são universais, ou seja, valem para todas as
profissões. Destacamos aqui a honestidade, a responsabilidade, o respeito
para com as pessoas, sejam elas clientes ou parceiros e competência no
desenvolvimento da profissão. Estas características devem estar presentes em
todas as profissões, mas acreditamos que muito mais na vida do profissional
religioso, dado a grande expectativa neles depositada.
O código de ética é elaborado pelos conselhos que fiscalizam e
representam as profissões. No caso do profissional religioso ainda existe a
própria tradição histórica que impõe sobre este profissional um peso maior
sobre a sua forma de agir, o que podemos chamar de Ética Ministerial. O
Religioso é alguém que está presente em praticamente todas as fases da vida,
desde o nascimento até o momento da morte. É alguém que celebra
casamentos e também aconselha em momentos de crises nos
relacionamentos.
O profissional religioso tem como objetivo principal ajudar as pessoas a
encarar seus valores e deveres de uma perspectiva cristã, ou como
poderíamos dizer, a perspectiva de Deus. Ele deve orientar ao ser humano
quando este está longe dos propósitos de Deus para sua vida e o ajudar a
buscar este ideal. E neste mesmo pensamento ele deve orientar suas atitudes
diante de sua profissão.
Nas religiões chamadas cristãs, que é o foco de nosso artigo, existe o
que é conhecido também como manual de regras e fé, chamado Bíblia
Sagrada. Este livro traz orientações sobre como agir com as diferentes faixas
etárias. Como o texto de I Timóteo 5:1-3 “Não repreendas asperamente o
ancião, mas admoesta-o como a pai; aos moços como irmãos; As mulheres
idosas, como a mães, às moças como irmãs...”. (Bíblia, ACR). E ainda outros
textos que falam sobre afastar-se de corrupção, não ser violento, ser
trabalhador, honrar seus compromissos, etc. Pode-se dizer que para o
Profissional Religioso cristão, a Bíblia é o Código de ética da sua profissão.
O profissional religioso deve receber e tratar de forma igual a todas as
pessoas, independente de raça, status social, condição financeira, profissão e
sexo, sendo que este último é encarado por algumas instituições religiosas com
mais cautela, onde um homem aconselha um homem e uma mulher aconselha
uma mulher para evitar problemas afetivos. Em algumas instituições a questão
financeira também é tratada de forma muito transparente, com profissionais na
área financeira que cuidam das arrecadações, deixando o religioso apenas
para assuntos espirituais.
O Profissional religioso deve ser alguém que inspire confiança, sabendo
guardar para si assuntos que são abertos em “confissões” por aqueles que os
procuram. O Direito Canônico da Igreja Católica traz que a confissão é
inviolável, mesmo que a pessoa revele algum crime. Essa norma também se
estende as Igrejas evangélicas. Segundo o Art. 154 do Código Penal - Revelar
3. alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a
outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa do Código Penal, e
ainda o Art. 229 Inciso I Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:
I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; do Código
Civil e Art. 207 do Código de Processo Penal: São proibidas de depor as
pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar
o seu testemunho., diz que padres e outros profissionais não podem ser
obrigados a quebrar segredos de confissão.
Concluímos que a ética se constrói aos poucos, todos os dias temos a
oportunidade de pensar nossas ações e balizar nossos atos, buscando dessa
forma desempenhar nossas atividades, da melhor maneira possível. A ética da
conveniência deve ser refutada, pois o bom profissional, não pensa
simplesmente no bem estar próprio, mas naqueles que são tocados como
resultado do seu trabalho, isso é, todas as pessoas envolvidas no
desempenhar de suas funções, e poderíamos dizer a própria sociedade como
um todo.
Os códigos de ética das profissões, não deveriam ser simplesmente um
manual de regras, ou mandamentos, mas apenas uma forma de lembrar e
orientar os egressos nas determinadas profissões. Mas essa ética deveria ser
algo automático na vida do profissional, como se não pudesse agir de outra
forma, algo natural, não uma regra imposta, que ao menor sinal de descuido,
este a infringiria, agindo de forma conveniente.
É necessário repensarmos nossas posturas, individualmente como
profissionais, independente da área em que atuamos, mas especificamente no
caso do profissional religioso, repensar suas práticas, de que forma tem
contribuído para que tenhamos uma sociedade melhor, um lugar melhor para
vivermos. Quais são nossas motivações? Temos paixão em desenvolver nossa
profissão? A profissão do Religioso é muito mais do que um trabalho com uma
remuneração, é uma vocação, é preciso paixão. Acreditamos que em tempos
onde existem conflitos éticos, aqueles que desempenham suas profissões com
paixão, irão sempre estar em destaque, nunca irão se dobrar diante de
propostas daqueles que perderam a paixão e sucumbiram à ética da
conveniência, mudando seus valores de acordo com padrões distorcidos.
Para que o profissional religioso possa exercer sua função com lealdade,
dedicação e honestidade, ele precisa constantemente reavaliar seus valores e
sua escala de prioridades. Pois corremos o risco de no dia a dia nos
envolvermos com tantas atividades e esquecermos daquilo que realmente é
importante e necessário. Nada justifica na vida do profissional religioso o agir
de uma forma a levantar suspeitas sobre seu carácter e sua ética. Não significa
também que devemos viver buscando agradar as pessoas sem pensar no
nosso bem estar, mas buscar um equilíbrio em seus objetivos.
4. BIBLIOGRAFIA
BIBLIA SAGRADA, Verão Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
CP - Código Penal Brasileiro
CC- Código Civil Brasileiro
NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. 4ª Edição, Editora Revista
dos Tribunais. São Paulo, SP.