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Motivação intrínseca e motivação extrínseca

Outro conceito que influenciou o estudo da motivação foi a diferenciação entre
motivação intrínseca e extrínseca. Enquanto a primeira refere-se à motivação gerada por
necessidades e motivos da pessoa, a motivação extrínseca refere-se à motivação gerada
por processos de reforço e punição (ver condicionamento operante). No entanto é falso
dizer, que a motivação extrínseca é fruto da ação do ambiente e a intrínseca à da pessoa,
porque, como se verá, a motivação é sempre fruto de uma interação entre a pessoa e o
ambiente. Importante também é observar que os dois tipos de motivação podem
aparecer mesclados, como, por exemplo, quando a pessoa estuda um tema que a
interessa (motivação intrínseca) e consegue com isso uma boa nota (reforço: motivação
extrínseca)[4]. Outro aspecto da relação entre motivação intrínseca e reforço é o
chamado efeito de superjustificação ou de corrupção da motivação. Sob esse nome
entende-se o fenômeno de que a motivação intrínseca do indivíduo em determinadas
situações diminui, em que ele é recompensado pelo comportamento apresentado. Em
um experimento clássico, Lepper e seus colaboradores (1973)[5] dividiram um grupo de
crianças em três grupos menores: cada um dos grupos recebeu a tarefa de desenhar com
canetas coloridas; o primeiro grupo foi informado de que ganhariam um brinde de
reconhecimento pelo trabalho, o segundo recebeu um brinde surpresa, sem ter sido
informado e o terceiro não recebeu nada. Os autores observaram que todas as crianças
desenharam com as canetas - atividade apreciada pelas crianças - mas as crianças a
quem havia sido prometido um brinde desenharam muito menos e com menos
entusiasmo do que as outras, o que os levou à conclusão de que a promessa de uma
recompensa pelo trabalho diminuiu a motivação intrínseca das crianças em fazer algo
que elas gostam.




Quando a satisfação de uma necessidade nos dá prazer inerente à própria ação
envolvida, estamos diante de uma motivação intrínseca, ou seja, quando um aluno tem
vontade de aprender algo, isso por si só é a sua motivação para aprender. Quando ele
satisfaz essa necessidade, aprendendo o que queria, essa ação gera prazer e ao mesmo
tempo serve como recompensa e cria nova motivação para aprender mais. Porém,
quando a satisfação é apenas conseqüência da ação, estamos diante de uma motivação
extrínseca. A família cobrar que o aluno tire boas notas nas provas é um exemplo de
motivação extrínseca. O aluno se esforçará, estudará para conseguir isso, mas, passado o
exame, pouco ou nada terá retido de tudo que estudou, pois os conhecimentos
envolvidos não eram do seu interesse. Esse comportamento não deve ser incentivado,
pois, como bem disse Skinner [Apud NOWLES, 1998], “educação é o que sobrevive
quando o que foi aprendido foi esquecido”.Muitas vezes os pais e os professores tentam
forçar o interesse do indivíduo neste ou naquele assunto e só conseguem a sua atenção,
em resposta a um estímulo externo, mas não o desejo interno, que seria a sua vontade de
ser um aprendiz, por prazer. Quase sempre as necessidades estão relacionadas a coisas
externas, o que não acontece com os interesses, que são sempre internos. As coisas
pelas quais nos interessamos partem de nossa vontade de adquiri-las ou fazê-las,
enquanto que as necessidades nos são impostas, em muitos casos, por fatores alheios à
nossa vontade.

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Motivação intrínseca e motivação extrínseca

  • 1. Motivação intrínseca e motivação extrínseca Outro conceito que influenciou o estudo da motivação foi a diferenciação entre motivação intrínseca e extrínseca. Enquanto a primeira refere-se à motivação gerada por necessidades e motivos da pessoa, a motivação extrínseca refere-se à motivação gerada por processos de reforço e punição (ver condicionamento operante). No entanto é falso dizer, que a motivação extrínseca é fruto da ação do ambiente e a intrínseca à da pessoa, porque, como se verá, a motivação é sempre fruto de uma interação entre a pessoa e o ambiente. Importante também é observar que os dois tipos de motivação podem aparecer mesclados, como, por exemplo, quando a pessoa estuda um tema que a interessa (motivação intrínseca) e consegue com isso uma boa nota (reforço: motivação extrínseca)[4]. Outro aspecto da relação entre motivação intrínseca e reforço é o chamado efeito de superjustificação ou de corrupção da motivação. Sob esse nome entende-se o fenômeno de que a motivação intrínseca do indivíduo em determinadas situações diminui, em que ele é recompensado pelo comportamento apresentado. Em um experimento clássico, Lepper e seus colaboradores (1973)[5] dividiram um grupo de crianças em três grupos menores: cada um dos grupos recebeu a tarefa de desenhar com canetas coloridas; o primeiro grupo foi informado de que ganhariam um brinde de reconhecimento pelo trabalho, o segundo recebeu um brinde surpresa, sem ter sido informado e o terceiro não recebeu nada. Os autores observaram que todas as crianças desenharam com as canetas - atividade apreciada pelas crianças - mas as crianças a quem havia sido prometido um brinde desenharam muito menos e com menos entusiasmo do que as outras, o que os levou à conclusão de que a promessa de uma recompensa pelo trabalho diminuiu a motivação intrínseca das crianças em fazer algo que elas gostam. Quando a satisfação de uma necessidade nos dá prazer inerente à própria ação envolvida, estamos diante de uma motivação intrínseca, ou seja, quando um aluno tem vontade de aprender algo, isso por si só é a sua motivação para aprender. Quando ele satisfaz essa necessidade, aprendendo o que queria, essa ação gera prazer e ao mesmo tempo serve como recompensa e cria nova motivação para aprender mais. Porém, quando a satisfação é apenas conseqüência da ação, estamos diante de uma motivação extrínseca. A família cobrar que o aluno tire boas notas nas provas é um exemplo de motivação extrínseca. O aluno se esforçará, estudará para conseguir isso, mas, passado o exame, pouco ou nada terá retido de tudo que estudou, pois os conhecimentos envolvidos não eram do seu interesse. Esse comportamento não deve ser incentivado, pois, como bem disse Skinner [Apud NOWLES, 1998], “educação é o que sobrevive quando o que foi aprendido foi esquecido”.Muitas vezes os pais e os professores tentam forçar o interesse do indivíduo neste ou naquele assunto e só conseguem a sua atenção, em resposta a um estímulo externo, mas não o desejo interno, que seria a sua vontade de ser um aprendiz, por prazer. Quase sempre as necessidades estão relacionadas a coisas externas, o que não acontece com os interesses, que são sempre internos. As coisas pelas quais nos interessamos partem de nossa vontade de adquiri-las ou fazê-las, enquanto que as necessidades nos são impostas, em muitos casos, por fatores alheios à nossa vontade.