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Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho
Instituto de Artes/SP
&
Universidade Aberta do Meio Ambiente
e da Cultura de Paz
JOSÉ HAMILTON DE AGUIRRE JUNIOR
SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES:
arborização como rede essencial de infraestrutura urbana.
São Paulo
2011
1
JOSÉ HAMILTON DE AGUIRRE JUNIOR
SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES:
arborização como rede essencial de infraestrutura urbana
Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Artes do Instituto de Artes da UNESP - Universidade
Estadual Paulista e da UMAPAZ - Universidade Aberta do
Meio Ambiente e da Cultura de Paz como exigência parcial
para obtenção do título de especialista em Arte, Ecologia e
Sustentabilidade
Orientadora: Profª Rose Marie Inojosa
Co-orientador: Vitor Octavio Lucato
São Paulo
2011
2
Ficha catalográfica
elaborada por Mayara Parolo Colombo (CRB-8 7834)
A284s AGUIRRE JUNIOR, José Hamilton
Sustentabilidade nas cidades: arborização como rede essencial de infraestrutura urbana / José
Hamilton Aguirre Junior - São Paulo, SP, 2011.
98 p. : il.
Orientador: Rose Marie Inojosa
Monografia (conclusão de curso Lato Sensu) - Universidade Estadual Paulista e Universidade
Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz.
Inclui bibliografia
1. Arborização Urbana. 2. Sustentabilidade. 3. Urbanização. I. Universidade Estadual Paulista. II.
Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz. III. Título.
CDD 715.2
3
A Deus.
A minha família.
Às árvores:
majestosas, imponentes, humildes, belas, protetoras;
amigas generosas, tão necessárias ao ser Humano.
A todos os que crêem ser viável a busca, a concepção e a construção de cidades
sustentáveis.
A aqueles que aplicam em seu cotidiano práticas que visem à perpetuação de um
planeta melhor às gerações atuais e futuras, respeitando a teia da vida, delicado e
complexo presente do Criador.
A aqueles que cultivam seu jardim interno e o transpassam à realidade terrena.
A quem perpetua a cultura da civilidade e da harmonia; à Sociedade verdadeiramente
Humana, sustentada, estruturada e acalentada pelo elemento vegetal,
Dedico
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os colaboradores que contribuíram à realização deste trabalho.
A Deus e a Cristo.
A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” e UMAPAZ – Universidade
Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz.
A meus orientadores: Dra. Rose Marie Inojosa e MSc. Vitor Octavio Lucato.
À Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo.
A ONG Movimento Resgate o Cambuí, Galeria Croqui e Galeria Penteado, Tereza
Penteado, Erica Cintra e Filipi Lilla Gomes.
A Mayara Parolo Colombo Reibaldi e Christian Despontin.
A minha família, em especial minha mãe; pai, avô, avó e bisavós (in memorian) por
serem meus exemplos de superação, de dedicação e de luta pela vida, por sua
simplicidade e força de vontade.
A meus irmãos, sobrinhas, tios e primos, por todo o suporte, trocas e bons momentos.
A Günter e Vânia, Ieda e Bert, Arkan e Joseph, Otavio, Juliana e Eduardo por terem me
acolhido em 2010 na viagem à Europa que me permitiu o aprendizado envolvendo a
arborização da Áustria, Hungria, Tcheca, Eslováquia, Holanda, Alemanha e França.
Ao Eng. Jefferson Rocco, da Prefeitura Municipal de Campinas, pelas contribuições.
A Profa. Dra. Ana Maria Liner Pereira Lima e Prof. Dr. Demóstenes Ferreira da Silva por
todos os ensinamentos, trocas e estímulo quanto à pesquisa e ações efetivas em
arborização urbana.
A Carlos Roberto Ferraz, Eng. Agro. Carlos Henriques e Samir pela amizade, apoio e
contribuições.
A Marcos Vega pela
apresentação da arboricultura argentina e de toda a sua especificidade.
Ao amigo Cleiton Honório de Paula, que em breve será arquiteto, pelo seu grande
empenho particular, pelo apoio, tradução do resumo, auxílio nas fases de elaboração,
consolidação e compilação das ideias que culminaram neste trabalho.
Muito obrigado.
5
O prazer de servir
Gabriela Mistral
Toda a natureza é um ato de servir
Serve a nuvem, serve o ar, serve a terra
Onde houver uma árvore a plantar, plante-a você
Onde houver um erro a reparar, repare-o você
Onde houver um esforço a que todos se esquivam, aceite-o você
Seja aquele que remove a gigantesca pedra do caminho
Seja aquele que retira o ódio dos corações e as dificuldades do problema
Existe a alegria de ser são e justo; mas há, sobretudo, a linda, a imensa alegria de
servir
Que triste seria o mundo se tudo nele já estivesse feito!
Se não mais houvesse uma roseira a ser plantada, uma iniciativa a empreender...
Que você não atraia apenas os trabalhos fáceis! É tão belo fazer o que os outros se
esquivam!
Mas não caia no erro de que só se consegue mérito com os grandes trabalhos
Há pequenos serviços que são bons préstimos
Enfeitar uma mesa, arrumar uns livros, pentear uma menina.
Aquele que critica é aquele que destrói
Seja você aquele que serve
O servir não é uma tarefa de seres inferiores
Deus, que dá o fruto e a luz, serve.
Poderia se chamar assim: Aquele que serve
E Ele tem seus olhos fixos em nossas mãos e nos pergunta a cada dia: Serviu hoje?
À árvore? A seu amigo? À sua mãe?
6
RESUMO
SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES: ARBORIZAÇÃO COMO REDE ESSENCIAL
DE INFRAESTRUTURA URBANA.
Inúmeros têm sido os problemas ocasionados pela falta de planejamento das cidades
brasileiras. Com destaque, a saturação e obsolescência das redes de infraestrutura.
Estas redes são implantadas sem a devida projeção da crescente urbanização e
adensamento populacional, nem tampouco das novas demandas humanas, não
realizando as consequentes compatibilizações necessárias à pretendida condição de
desenvolvimento sustentável. As redes aéreas têm sido responsáveis por forte
degradação urbana ao ocupar espaços nobres com seus equipamentos e mobiliário.
Elas representam um grave elemento de poluição visual, aumentando a saturação da
paisagem da cidade e contribuindo para a desvalorização do patrimônio construído.
Impedem a implantação, consolidação e manutenção de estruturas qualificadas de
arborização. Afetam o estado fitossanitário das árvores existentes, gerando riscos à
população pela iminência da queda e morte dos vegetais. Por outro lado, as redes
subterrâneas implantadas sem projetos adequados e compatibilizados restringem
enormemente o espaço necessário ao plantio e desenvolvimento de estruturas
arbóreas. Esse padrão ocupacional faz com que haja cada vez menos vegetação de
porte em nossas cidades. Logo, a concessão do uso do espaço aéreo e subterrâneo
pouco regulamentada gera prejuízos paisagísticos, ambientais e econômicos às
Municipalidades. Este trabalho apresentará a arborização urbana como rede de
infraestrutura a ser constituída, considerando-a essencial, assim como qualquer outra,
suportando a vida e buscando a sustentabilidade das cidades. A mudança de
paradigmas através da difusão de conhecimento técnico, da conscientização da
população, da alteração de práticas das concessionárias de serviços públicos, bem
como a própria maneira de interpretar e agir por parte do poder constituído é
fundamental na busca por cidades menos agressivas e que respeitem a rede de
arborização como fornecedora de serviços socioeconômicoambientais ou
ecossistêmicos. Assim, é apresentada a construção de um modelo para a sociedade
7
que concilie boa qualidade de vida e equilíbrio ambiental junto com a necessária
presença compartilhada de todas as redes, inclusive de arborização, que compõe a
infraestrutura fundamental para sustentar a macroestrutura urbana.
Palavras-chave: Redes de infraestrutura; sustentabilidade; arborização urbana;
planejamento urbano; meio ambiente urbano
8
ABSTRACT
CITIES SUSTAINABILITY: FORESTRY AS AN ESSENCIAL URBAN
INFRASTRUCTURE NETWORK
Many problems have been caused by bad urban planning. Specially, the saturation and
the obsolescence of infrastructure networks. These networks are deployed without the
right projection of increasing urbanization and population density, don’t considerer the
new human needs and don’t realize the subsequent and necessary reconciliation
between each other for the sustainable development. The aerial networks occupy
nobles spaces with their equipment and have been strong factors for the urban land
degradation. They represent a serious element of visual pollution, increase the
saturation of the urban landscape and contribute for the real estate devaluation. They
make the implantation, consolidation and maintenance of tree structures difficult. They
affect the trees health, creating risks for the imminent downfall and the death of the
plants. On the other hand, the underground networks are deployed with bad technical
projects. So, they greatly restrict the required space for the trees structures
development. This occupational pattern means less woods in our cities. Therefore, the
poorly regulated grating of use of the urban airspace and underground space increases
landscape, environmental and economic damages for the Municipalities. This paper
work will present the urban forestry as a network infrastructure to be composed and
considered an essential one; so important as any other for supporting the life and the
sustainable development of our cities. The paradigms shift through the dissemination
and popularization of the technical knowledge, people awareness, public practices
change is essential. As well as, it is crucial for less aggressive and green cities the
change of constituted powers view to interpreting, planning and taking action. These are
fundamental for creating the urban forestry as the infrastructure network that provides
socio-economic-environmental services like ecossystemic services. It will be proposed a
model for the reconciliation between good life quality and environmental equity, with the
necessary shared presence of all infrastructure networks, including forestry one, which
comprises the base to sustaining the macro human structure – the city.
9
Keywords: Infrastructure network; sustainability, urban forestry, urban planning, urban
environment
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: ilustração de um bairro em Londres, sec. XIX – Ilustração de Gustave Doré.
Nota-se o “fog” névoa típica que pairava pela área londrina, constituindo-se em fonte de
problemas respiratórios e “marca” da cidade. A ausência de cores e de elementos
naturais compunha o espaço construído. A revolução industrial deixou marcas
profundas como a grande presença de indústrias e poluição....................................... 30
Figura 2: Ilustração do Falanstério, de autoria de Victor Considérant. Proposta pelo
filósofo utopista Charles Fourier - defendia a reorganização social completa, muito além
da questão territorial-ambiental. Ela colocava a necessidade de ordenação da
sociedade através de um rígido controle da execução, divisão de tarefas e convivência
coletiva. As cidades seriam reorganizadas por grandes pavilhões ajardinados para a
convivência coletiva, a fim de facilitar o controle social. O cidadão perderia grande parte
de sua individualidade em favor do corpo coletivo......................................................... 31
Figura 3: Foto de Paris – autor desconhecido – A cidade antiga num momento
imediatamente anterior às remodelações implantadas pelo Barão de Haussmann.
anterior às remodelações do Barão de Haussmannn (autor desconhecido). Nota-se a
presença de vielas escuras e insalubres, casebres e cortiços, com pouca possibilidade
de fruição. Desconsiderava-se o elemento natural como estruturador da paisagem.... 32
Figura 4: Demolições em Paris segundo o plano do Barão de Haussmann - autoria
desconhecida. Neste cenário, a principal característica era a abertura de áreas no
ambiente construído e com acesso a rede de serviços, para a reintrodução de áreas
verdes e de arborização visando à sanidade do espaço. Como consequência direta
destas ações, surgiram os bulevares, praças, parques e avenidas - belas, salubres,
ordenadas e verdes........................................................................................................ 33
Figura 5: Avenue des Champs Eliseé – Em Paris, o mais clássico dos bulevares. Os
bulevares são uma contraposição a vielas medievais escuras, estreitas, insalubres, com
esgoto correndo a céu aberto. Nota-se a reintrodução do verde como elemento
balizador e estruturador do espaço público. As calçadas desse espaço fora
transformadas em espaço de convivência e fruição...................................................... 34
11
Figura 6: Ringstrasse de Viena - Bulevar vienense construído sobre as antigas
muralhas da cidade onde atualmente é a sua região central. Apesar do formato anelar
segue os parâmetros Haussmanianos, a saber: calçadas e leitos carroçáveis largos e
arborização de grande porte como elemento estruturador. Período posterior à
remodelação de Paris..................................................................................................... 35
Figura 7: The Mall em Londres - Bulevar haussmanniano que acessa o palácio de
Buckinghan. Após a remodelação de Paris, Londres como capital do império britânico
em seu auge durante o período Vitoriano, igualmente passa por diversas alterações,
dentro dos princípios sanitaristas e de embelezamento para a construção de uma
imagem de cidade moderna e civilizada. Dentro desse plano de remodelações, o
Palácio de Buckinghan ganhou uma nova fachada e uma avenida monumental para os
desfiles e apresentações cívicas que passaram a congregar a população londrina,
desde então, até a atualidade. Compuseram-se tanto em Paris na Champs Eliseé
quanto no The Mall em Londres a criação de um novo espaço urbano destinado à vida
pública............................................................................................................................ 36
Figura 8: Washignton, National Mall, criado em 1901. Modelo Haussmaniano, dentro da
escala dos projetos monumentais norte americanos..................................................... 37
Figura 9: Belo Horizonte, cartão postal de 1946 – destaca-se a nova capital construída
sobre os princípios positivistas de “ordem e progresso” difundidos pelo regime
republicano recém proclamado à epoca. Toda a cidade foi projetada e construída
segundo a inspiração haussmaniana, com vastas avenidas e bulevares – as mais
largas do país à epoca – fortemente estruturadas pelo elemento
arbóreo........................................................................................................................... 38
Figura 10: Avenida Central – atual Av. Rio Branco, imagem de autor desconhecido,
criada em 1906. Principal intervenção do prefeito Pereira Passos para a remodelação
da capital do país, Rio de Janeiro. Todas as fachadas dos prédios foram definidas pelo
estado através de concurso público, visando a “harmonia perfeita” entre a paisagem e
as fachadas. Neste momento é realizada a difusão da arborização urbana na
estruturação dos espaços públicos da capital federal, inspirada também nas diretrizes
haussmanianas.............................................................................................................. 39
12
Figura 11: Avenida São João, foto da Light and Powers Company, 1930. Este foi o
grande bulevar de São Paulo até a década de 1970, marco haussmaniano na capital
paulista. Foi usada como vetor de expansão urbana criando espaços sofisticados de
comércio, lazer, entretenimento para a crescente população industrial........................ 40
Figura 12: Plano de uma “Garden City” - Nesse modelo, havia o estabelecimento de um
limite para os núcleos populacionais que seriam entremeados à áreas livres destinadas
a parques, bosques e agricultura. Essa composição resgata a antiga recomendação
grega de impedir grandes concentrações populacionais e das consequências sobre o
meio ambiente e qualidade de vida dos cidadãos.......................................................... 41
Figura 13: Letchtworth, Inglaterra, uma “garden city” implantada - Cidade criada como
empreendimento imobiliário, sem contar com investimento estatal. Ela prescindiu das
características de estruturas produtivas que lhe confeririam a apregoada
autosuficiência, característica essencial a uma garden city. O funcionamento comunal e
solidário sustentaria a proposta urbanística. Essa era a época do avanço das ideias
socialistas e comunistas originadas a partir da defesa da solidariedade humana como
instrumento de resgate das qualidades urbanísticas, envolvendo os aspectos
socioambientais.............................................................................................................. 42
Figura 14: Plano de Le Corbusier para Paris – Aqui se nota o corte e a recomposição
completa do tecido urbano, com forte adensamento a partir da verticalização das
construções, rígido ordenamento das funções urbanas (habitar, produzir, circular) e a
destinação do solo para áreas livres e verdes destinadas ao lazer, à contemplação e à
manutenção dos fenômenos naturais. A proposta essencial do urbanismo modernista
era a transformação de todo o solo urbano em espaços públicos destinando as
atividades privadas às edificações verticalizadas erguidas sobre o solo através do uso
de pilotis (estruturas de sustentação com formato semelhante a colunas, que permitem
a manutenção de espaços abertos sob a construção, compondo áreas de livre
circulação e possível ajardinamento)............................................................................. 43
Figura 15: Esplanada dos Ministérios em Brasília - Ponto culminante do urbanismo
ocidental, com predominância da composição de espaços abertos marcados pela
presença de forração (gramados e jardins) condutora do olhar a um elemento
construtivo de destaque (Praça dos 3 poderes - Congresso Nacional), com toda a
13
esplanada compondo um bulevar-parque, estruturado pelo elemento arbóreo
emoldurando as construções......................................................................................... 44
Figura 16: Superquadras habitacionais de Brasília - sofisticadas unidades de
vizinhança-parques concebidas por Lúcio Costa, são isoladas das vias expressas de
circulação por intensa arborização de grande porte com o objetivo de lhes conferir um
caráter de ambiente equilibrado. O papel direto da arborização nesse caso é a proteção
ao Sol e o efeito umidificador do ar de Brasília, muito seco, em períodos invernais, de
abafamento de ruído e controle da poluição atmosférica, bem como, na opinião de seu
criador, de gerar a composição de características de vizinhança e intimidade
relacionada às funções residenciais........................………………………………........... 44
Figura 17: Rio Tietê - O maior curso d´água da cidade de São Paulo. A degradação
deste grande manancial foi realizada de modo a destacar a opção desenvolvimentista a
“qualquer custo”. Atualmente, a cidade busca em outras regiões do estado de São
Paulo, através do Sistema Cantareira, o suprimento de água que, devido à poluição
assombrosa de seu “Rio Grande” – em tupi guarani - impede o usufruto dos recursos
providos por ele. Às outras regiões do estado como a de Piracicaba, cabe a redução da
disponibilidade hídrica para sustentar a continuidade dos erros de um modelo de
desenvolvimento equivocado......................................................................................... 46
Figura 18: São Paulo - metrópole que tem pretensões de ser mundial (4a
maior
aglomeração urbana do mundo): nota-se a ocupação desordenada do espaço, a
invasão da várzea dos rios e áreas de baixada. Grandes aglomerados de prédios
luxuosos, que seguem modelos europeus e norteamericanos de arquitetura (vidros
espelhados, uso intensivo de condicionadores de ar e gasto de energia). Como
consequente desta ocupação desplanejada, seus grandes rios são poluídos devido à
total despreocupação com o respeito aos elementos naturais de sustentação da cidade.
Seus espaços públicos estão desqualificados. A cidade é agressiva ao morador urbano,
está balizada na cultura do meio de transporte individual (pontes, viadutos, autopistas,
ruas e avenidas). A ausência ou mínima presença do elemento vegetal descaracteriza a
paisagem e a presença de prédios de alturas gigantescas em proporção ao espaço
ocorrente faz com que se perca a noção do relevo natural e das especificidades do sítio
natural......................………………………………………………………………….…. ….. 47
14
Figura 19: Cidade de São Paulo – aglomerado urbano com 11.244.369 habitantes
(IBGE, 2011), cujo território natural foi completamente alterado, verticalizado e
impermeabilizado, com grande ausência do verde. Ocupação caótica do espaço natural
e consequências diretas sobre o clima, bem-estar e qualidade de vida da população.
Ausência de políticas públicas que conduzam ao ordenamento urbano e à interligação
de todas as redes de infraestrutura de maneira eficiente e harmônica. Nos moldes em
que se encontra hoje, a cidade é inviável, sob todos os aspectos
socioeconômicoambientais…......…………………………………………………….......... 48
Figura 20: Avenida Barão de Itapura, Campinas-SP. Nota-se a extrema poluição visual
causada pela fiação aérea obsoleta e ausência total de arborização. Região árida e
insalubre. Grande poluição pelo tráfego intenso de veículos......................................... 57
Figura 21: Praça da Torre do Castelo, Campinas-SP. Retiraram-se todas as árvores da
Praça, sob a alegação de posterior replantio que até hoje não aconteceu. Local inóspito
onde as pessoas não sentem conforto em caminhar devido às altas temperaturas..... 58
Figura 22: R. Coronel Quirino – Campinas, SP. Ausência quase total de árvores,
poluição visual pelo sistema aéreo de fiação, uso de arbustos que prejudicam os
pedestres e formam bloqueio do campo visual (círculo
vermelho).................................................... 58
Figura 23: Uso generalizado de palmeiras em projetos de arborização. As palmeiras
não contribuem para a melhoria do microclima urbano devido à sua folhagem ter
dimensões reduzidas. Nota-se que as pessoas, mesmo buscando sombra, não a
encontram. O forte calor afeta negativamente o conforto dos munícipes. Estas áreas
deveriam contar com árvores de porte alto, copa espessa e que permita grande
interceptação de luz....................................................................................................... 59
Figura 24: Av. Coronel Quirino, Campinas-SP. Totalmente árida, desprovida de
qualquer arborização significativa. A fiação aérea obsoleta degradando o espaço
público.............. 59
Figura 25: R. Sampaio Ferraz, Campinas - SP. Uso de arbustos e falta de arborização
nas calçadas da cidade. Nota-se o desconforto das pessoas, que fazem uso de guarda-
chuvas para se proteger. A fiação obsoleta é um dos principais fatores de degradação
urbana e do prejuízo da qualidade de vida dos munícipes............................................ 60
15
Figura 26: Podas de rebaixamento de copa da CPFL na rua Maria Umbelina Couto,
Taquaral, Campinas-SP................................................................................................. 61
Figura 27: Poda da CPFL em “V” Rua Jorge Krug, Guanabara-Campinas-SP. Gerando
o desbalanceamento e risco de colapso da madeira, além de compor grande área de
ferimento e entrada de doenças e patógenos................................................................ 62
Figura 28: Poda CPFL Jorge Krug, Guanabara-Campinas-SP...................................... 62
Figura 29: Poda CPFL Jorge Krug, Guanabara............................................................. 63
Figura 30: Alecrim de Campinas morto, após receber inúmeras podas radicais pela
CPFL, Campinas-SP...................................................................................................... 63
Figura 31: Alecrins de Campinas. O posterior morto. O anterior com envassouramento
dos ramos podados, antes de morrer, o que acabou acontecendo pouco tempo depois.
Podas realizadas pela CPFL, Campinas –SP................................................................ 63
Figura 32: Alecrim de Campinas morto, predominância da rede aérea obsoleta de
distribuição de energia da CPFL, Campinas-SP............................................................ 64
Figura 33: Ipê branco com poda em V aberta e rebaixamento de copa pela CPFL,
Campinas-SP................................................................................................................. 64
Figura 34: Degradação urbana proporcionada pela rede aérea de distribuição de
energia............................................................................................................................ 65
Figura 35: Detalhamento das fiações expostas da Eletropaulo degradadoras do meio
ambiente urbano. Os aparatos expostos ocupam locais nobres que poderiam ser
arborizados. São Paulo-SP............................................................................................ 66
Figura 36: A imagem demonstra a sobrecarga de fios e aparatos da Eletropaulo, além
do péssimo aspecto da cidade. São Paulo-SP.............................................................. 66
Figura 37: Não há qualquer comprometimento com a beleza, harmonia e estética. As
fiações expostas compõe sérios riscos de acidentes à população e comerciantes.
Eletropaulo, São Paulo-SP............................................................................................. 66
Figura 38: Implantação de rede de gás subterrânea pela empresa COMGÁS. R. Coronel
Silva Telles, Campinas-SP, 211, Edifício Leonardo da Vinci. Poda de raízes de
sustentação em árvore da espécie Delonix regia, Flamboyant...................................... 68
Figura 39: Detalhe da poda realizada nas raízes do indivíduo na R. Coronel Silva Telles
para a passagem da tubulação de gás da empresa COMGÁS. A mesma foi feita
16
atingindo raízes grossas e finas, prejudicando a sustentação, o equilíbrio e a nutrição
da árvore........................................................................................................................ 68
Figura 40: No detalhe é mostrada a comunicação da rede que passa na R. Coronel
Silva Telles, em Campinas, com a tubulação de entrada ao consumidor, Edifício
Leonardo da Vinci, 211................................................................................................... 69
Figura 41: Após a conclusão do serviço, a árvore que teve o seu sistema radicular
podado foi prejudicada. Seu estado fitossanitário se deteriorou rapidamente até sua
queda sobre um veículo em 14 de janeiro de 2008....................................................... 69
Figura 42: Após sua queda em 14 de janeiro de 2008. Causando transtornos e risco de
morte ao proprietário do veículo atingido ou a outros transeuntes................................ 70
Figura 43: Árvore prejudicada pela poda de raízes pela empresa COMGÁS, R. Coronel
Silva Telles, 211, Edifício Leonardo da Vinci, em Campinas. Segue no anexo 10, artigo
publicado na imprensa local sobre o fato....................................................................... 70
Figura 44. Tubulação de gás passando sob a arborização e atingindo o sistema
radicular dos indivíduos ................................................................................................ 71
Figura 45a: Vista da rua para a calçada em que a tubulação de gás corre paralela ao
passeio pela arborização................................................................................................ 71
Figura 45b. Detalhe da comunicação da rede principal com o consumidor, passando
pelo sistema radicular da arborização............................................................................ 71
Figura 46: Vista representando o corte do sistema radicular para a passagem da
tubulação de gás da tubulação principal para a secundária (consumidor) pela empresa
COMGÁS........................................................................................................................ 72
Figura 47: Vista aérea representando a passagem da tubulação principal de gás e a de
ligação com o consumidor passando pelo sistema radicular......................................... 72
Figura 48: Área potencial a receber arborização ocupada pela tubulação de gás da
empresa COMGÁS, no Bairro Castelo, Campinas-SP.…………………………….......... 73
Figura 49: Área potencial a receber arborização ocupada pela tubulação de gás da
empresa COMGÁS, no Bairro Castelo, Campinas-SP................................................... 73
Figura 50: Nesta praça, localizada na saída da estrada para Barão Geraldo (Tapetão)
Bairro Vila Nova, Campinas-SP, as árvores paralelas ao asfalto tiveram suas raízes
podadas para a passagem da tubulação pela empresa Oxfort, trabalho com segurança.
17
Nota-se que a tubulação poderia perfeitamente ter passado pela região central da praça
em que não há a presença de vegetação de porte alto. Houve a cobertura com terra
das áreas escavadas para a passagem da tubulação................................................... 74
Figura 51: A central de gás também foi instalada nas proximidades das raízes, empresa
Oxfort, trabalho com segurança..................................................................................... 74
Figura 52: As perfurações no solo geraram erosão subsuperficial na R. Coronel Quirino
esq. Silva Telles, Campinas-SP. À esquerda as marcações da empresa. À direita o
paralelepípedo com o início da erosão........................................................................... 75
Figura 53: Detalhe do início da erosão subsuperficial causado pelas perfurações da
empresa COMGÁS. Com o tempo e ação das chuvas, o pavimento de paralelepípedo
começou a ceder e a permitir a passagem de quantidade de água cada vez maior..... 75
Figura 54: Detalhe do piso cedendo mesmo após os vários consertos feitos pela
empresa. Rua Coronel Quirino esq. Silva Telles, Campinas-SP................................... 76
Figura 55: Mais uma perfuração no local. Rua Coronel Quirino esq. Silva Telles (09 de
fevereiro de 2008), Campinas-SP.................................................................................. 76
Figura 56: Detalhe da mais recente perfuração no local (09 de fevereiro de 2008). Rua
Coronel Quirino esq. Silva Telles, Campinas-SP........................................................... 77
Figura 57: Detalhe do piso cedendo resultante da erosão subsuperficial (09 de fevereiro
de 2008). Rua Coronel Quirino esq. Silva Telles, Campinas-SP................................... 77
Figura 58: Queda de árvore onde a rede da empresa COMGÁS está instalada. Rua
Guilherme da Silva, 472/450, Campinas-SP. Tipuana tipu, Tipuana. ........................... 78
Figura 59: Detalhe da marcação utilizada pela COMGÁS, tachão, para a identificação
da localização das redes instaladas pela empresa e árvore Tipuana tipu, Tipuana, caída
ao fundo. Rua Guilherme da Silva, 472/450. ................................................................. 78
Figura 60: Fachada em que houve a queda da árvore Tipuana tipu, Tipuana, na Rua
Guilherme da Silva, 472/450. ........................................................................................ 79
Figura 61. Detalhe da extração do indivíduo Tipuana tipu, Tipuana, na Rua Guilherme
da Silva, 472/450, após sua queda. .............................................................................. 79
Figura 62: Lado esquerdo aduela de concreto, lado direito tubo de concreto com a
divisão de seu espaço interno e compartimentos a cada tipo de serviço público
subterrâneo. .................................................................................................................. 83
18
Figura 63: Rua Coronel Quirino em Campinas-SP antes do tratamento de imagem para
compatibilizar as redes de infraestrutura. Nota-se a poluição visual pela rede obsoleta
de transmissão de energia, a pouca presença de pedestres nas ruas e ausência quase
completa de arborização. O uso de arbustos do lado com fiação desequilibra a
harmonia, a estética e proporcionalidade urbana.......................................................... 84
Figura 64: Após a edição gráfica e compatibilização entre as redes de infraestrutura,
ocorre a melhoria do espaço urbano como um todo, compondo áreas arborizadas de
convívio, circulação e uso. Canteiros adequados à presença de árvores, ciclovias e
aterramento da fiação aérea.......................................................................................... 84
Figura 65: Torre do Castelo, Campinas-SP. Área que teve retirada todas as suas
árvores, com a promessa de que seriam repostas. Atualmente árida, sem
funcionalidade e uso pela população devido à suas condições inóspitas (calor e reflexão
de luz do calçamento branco)........................................................................................ 85
Figura 66: Após o tratamento técnico-gráfico utilizou-se do retorno dos elementos
naturais ao espaço. Ocorreria a atratividade à população e funcionalidade, pelo uso do
espaço............................................................................................................................ 85
Figura 67: Avenida Moraes Salles, Campinas-SP. A municipalidade promoveu a retirada
das árvores de porte grande ocorrentes anteriormente nesse local e alterou o perfil
urbanístico com a introdução de palmeiras, espécie com poucas contribuições de
sombreamento devido às suas características intrínsecas. A população perdeu
referências do espaço e de qualidade de vida............................................................... 86
Figura 68: O tratamento realizado reintroduziu as árvores, promovendo o rebaixamento
da iluminação, obtendo-se os benefícios do uso técnico e racional da árvore. Elementos
fundamentais na rede de infraestrutura urbana, capazes de resgatar a qualidade de
vida do cidadão.............................................................................................................. 86
Figura 69: Avenida Barão de Itapura, Campinas-SP. Área extremamente arborizada no
passado, degradada visual e ambientalmente pela poluição de veículos e presença
ostensiva de rede aérea de distribuição de energia obsoleta. Região inóspita à
população....................................................................................................................... 87
Figura 70: Tratamento de imagem e reintrodução do verde. Após a reintrodução do
verde, a despoluição visual, a composição de ciclofaixas e o rebaixamento da
19
ilumiinação pública, a função da infraestrutura verde proporcionada pelas árvores vem à
tona, compondo um ambiente aprazível e uma cidade mais harmônica, humanizada e
sustentável..................................................................................................................... 87
Figura 71: Av. Coronel Silva Telles, Bairro Cambuí, Campinas-SP. Ausência de árvores,
predomínio do uso do espaço aéreo pela rede obsoleta de distribuição de energia. Área
inóspita aos moradores, sem atratividade, estetica e ambientalmente
comprometida................................................................................................................. 88
Figura 72: Introdução da infraestrutura proporcionada pela arborização oferece uma
identidade ao espaço Humanizado, cria ambientes belos que confortam os habitantes
das cidades. Compõem-se áreas que convidam ao passeio a pé, espantando a
violência urbana, devido à presença em massa de pessoas nas
ruas......................................... 88
Figura 73: Viena – Áustria. Arborização de grande porte nas proximidades das áreas
residenciais. Composição de calçadas verdes e locais adequados para a implantação e
presença das árvores. Mais que um equipamento público com funções claras, a árvore
coletivamente, cumpre a função de rede de infraestrutura............................................ 90
Figura 74: Viena – Áustria. Alamedas em áreas residenciais. Nota-se a grande
presença de árvores próximas aos edifícios que quase desaparecem em meio à
vegetação de maior porte, evitando o aquecimento excessivo do ar e solo, dado o
sombreamento e proteção natural dos vegetais............................................................ 90
Figura 75: Viena-Áustria. Áreas residenciais são generosamente arborizadas. A função
de drenagem de grandes áreas permeáveis destaca-se nesta grande rede de
infraestrutura verde. Os cidadãos usufruem um local aprazível, para se deslocar ao
longo do dia, nas proximidades de suas residências..................................................... 91
Figura 76: Viena-Áustria. Os leitos carroçáveis são aproveitados para compor grandes
canteiros para árvores de maior porte, que contribuem com uma amplitude maior de
serviços. Na imagem, as árvores e seus canteiros compõem estacionamentos. É
realizada a proteção dos indivíduos por barras de metal............................................... 91
Figura 77: Viena – Áustria. Pedestres usufruindo a rede de infraestrutura verde em dias
de verão. O sombreamento garante o conforto ao caminhar e estimula as pessoas a
20
saírem de suas casas. . A árvore estrutura o espaço, lojas, vitrines, carros e mobiliário
urbano convivem pacificamente..................................................................................... 92
Figura 78: Viena – Áustria. A preocupação com o planejamento, com a implantação
adequada e funcionalidade da infraestrutura verde são características marcantes da
arborização austríaca. Há simetria e preocupação com o distanciamento e ocupação
completa do espaço aéreo pelas copas......................................................................... 92
Figura 79: Viena – Áustria. Rede de infraestrutura de transporte, elétrica, subterrânea e
arbórea em harmonia..................................................................................................... 92
Figura 80: Viena – Áustria. Implantação da iluminação central nas ruas e abaixo da
copa dos vegetais........................................................................................................... 93
Figura 81: Viena – Áustria. Detalhe da iluminação central às ruas................................ 93
Figura 82: Budapeste – Hungria. Neste país do leste europeu é marcante a presença de
parques e locais em que a população pode usufruir a rede de infraestrutura
verde............................................................................................................................... 94
Figura 83: Budapeste – Hungria. A requalificação de áreas urbanas define e ordena o
espaço. Regiões centrais onde é reduzida a presença da infraestrutura verde e passa a
contar com a mesma de maneira ordenada e planejada............................................... 94
Figura 84: Berlim – Alemanha. A presença da arborização é maximizada pelo espaço
urbano. O grande porte das árvores estrutura e qualifica o perfil da cidade................. 95
Figura 85: Berlim – Alemanha. Como equipamento público individual e como
componente da rede de infraestrutura verde, ocorre o estabelecimento de um local
específico para a arborização, que não entra em conflito com outras redes de
funcionamento urbana.................................................................................................... 95
Figura 86: Berlim – Alemanha. O espaçamento e a condução adequada dos vegetais,
além de todas as funções elencadas, representam a composição de túneis, de
direcionamento e balizamento das vias, ordenando e auxiliando motoristas e pedestres
no seu trajeto cotidiano.................................................................................................. 96
Figura 87: Hamburgo – Alemanha. Praças e áreas públicas recebem maciçamente a
presença do verde, visando à estética e os serviços ambientais.................................. 96
Figura 88: Hamburgo – Alemanha. Inserção da árvore na vida cotidiana..................... 97
21
Figura 89: Hamburgo. Espaços públicos de locomoção arborizados e compondo locais
de convívio, estada e deleite. Iluminação abaixo da copa dos vegetais, ordenação do
espaço e uso racional, técnico e planejado do verde compondo rede de
infraestrutura.................................................................................................................. 97
Figura 90: Hamburgo – Alemanha. Neste bairro, Hafencity, antiga área portuária e
degradada, a arborização recente é planejada e implantada igualmente a qualquer
outra rede de infraestrutura........................................................................................... 98
Figura 91: Hamburgo – Alemanha. Arborização instalada de maneira a proteger os
pedestres do sol e obter benefícios como umidificação direta do ar, retenção e filtragem
de poluentes, abafamento de ruídos. Nota-se à esquerda a via movimentada, o sol e à
direita pedestres caminhando à sombra........................................................................ 98
Figura 92: Hamburgo – Alemanha. Arborização em áreas centrais, cumprindo seu papel
de infraestrutura............................................................................................................. 99
Figura 93: Hamburgo – Alemanha. Rede de infraestrutura verde em altura superior a
das residências............................................................................................................... 99
Figura 94: Hamburgo – Alemanha. Ciclovias, estacionamentos, áreas de convívio,
circulação que contam com a proteção da infraestrutura verde................................... 100
Figura 95: Hamburgo – Alemanha. Mobiliário urbano, pontos de ônibus e população.
Integração entre todas as redes de infraestrutura. Bom funcionamento da malha
urbana.......................................................................................................................... 100
Figura 96: Buenos Aires - Argentina. Mesmos princípios e funcionalidade de redes de
infraestrutura. Composição de túneis, ocupação racional e valorização do espaço
urbano, planejamento e manutenção técnicos............................................................. 101
Figura 97: Buenos Aires - Argentina. Espaço aéreo urbano protegido pelas copas de
árvores de grande porte............................................................................................... 101
Figura 98: Buenos Aires - Argentina. Arborização entre edificações. O espaço urbano é
devidamente planejado. A iluminação e demais infraestruturas não competem com as
árvores.......................................................................................................................... 102
Figura 99: Buenos Aires - Argentina. Ocupação do espaço e rede de infraestrutura
verde eficiente.............................................................................................................. 102
22
Figura 100: Buenos Aires - Argentina. Barreiras verdes nas fachadas dos
edifícios........................................................................................................................ 102
Figura 101: Colônia – Uruguai. Total preenchimento das ruas com copas de árvores,
buscando a maximização dos serviços proporcionados por essa rede de infraestrutura
verde..............................................................................................................................103
Figura 102: Montevidéu – Uruguai. País Sul americano que aplica e se beneficia
adequadamente da arborização urbana como rede de infraestrutura em suas
cidades......................................................................................................................... 103
23
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………… 24
1. OBJETIVOS....................................................................................................... 27
1.1. Objetivos gerais.......................................................................................... 27
1.2.Objetivo específico...................................................................................... 28
2. Material e Métodos............................................................................................. 28
3. Cidade sustentável – breve perspectiva histórica.............................................. 29
4. Obsolescência nas redes de infraestrutura urbana – privatização de lucros e
socialização de prejuízos................................................................................... 48
5. Constituição de uma rede de infraestrutura essencial – o sistema de arborização
urbana................................................................................................................ 50
6. Problemática da compatibilização entre as redes............................................. 54
7. Um futuro possível e viável – modelos de propostas de arborização urbana....82
8. Redes de arborização urbana – realidades existentes...................................... 89
9. Conclusões.........................................................................................................104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
24
INTRODUÇÃO
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de
material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam
Constituição Federal Brasileira, 1988.
Suster vem do latim sustinere, segurar, por cima; suportar, por baixo;
fortalecer o espírito, de confirmar (MACHADO, 2003). O que é sustentável é aquilo que
possui suporte. As cidades foram e são criadas para abrigar o homem e suas
atividades. Uma cidade eficiente é aquela adequada ao pleno desenvolvimento humano
e da vida, que acontece a cada dia, se acumula, recicla e renova ao longo do tempo.
Nossas características nos diferenciam dos demais seres do planeta, mas não nos
separam da natureza. Para que cada geração futura possua o direito de viver e
contribuir com esse processo contínuo é preciso que sejam mantidas as condições
25
essenciais para a vida humana nas cidades, dando-lhe sustentação, ou seja, suporte.
Uma cidade eficiente é aquela sustentada e que possa seguir sustentável.
O suporte às estruturas urbanas é dado, em grande parte, pelo conjunto de
redes de infraestrutura. Há redes que realizam os serviços de transporte, circulação,
fornecimento de energia, de água e outros. Mas há e deve haver redes que realizem os
serviços de recuperação e manutenção do equilíbrio do meio ambiente urbano,
contribuindo, de modo determinante, para torná-lo adequado a todos nós.
A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/81) dita como seu primeiro
princípio que a ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, deve
considerar o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Portanto, a ordem urbanística
não pode ser determinada apenas pelo interesse individual, uma vez que deve cumprir
sua função socioambiental e, assim, a proteção do meio ambiente e do conjunto da
sociedade humana a que faz parte.
O mau gerenciamento e gasto do dinheiro público na área ambiental são
notórios e generalizados nas cidades brasileiras. Há empresas concessionárias de
serviços públicos de infraestrutura que utilizam técnicas e aparatos obsoletos visando à
privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos. A sociedade como um todo arca
com as consequências socioambientais de tal postura, vivendo em cidades ineficientes,
defasadas tecnologicamente, degradadas ambientalmente e insustentáveis.
Em especial, a cada dia ficamos mais estarrecidos com o que ocorre com as
árvores urbanas e das calçadas. São inadmissíveis o descaso e más práticas do setor
público, de empresas concessionárias de serviços, os maus-tratos generalizados, as
podas e extrações absurdas, também praticados pela população, comércio e
prestadores de serviço. São gritantes a falta de acompanhamento e procedimentos
técnicos adequados, as extrações e os manejos sem a documentação e a avaliação
necessárias de profissionais devidamente habilitados, bem como, acompanhadas das
26
devidas reposições e compensações ambientais, regulamentadas por legislações
específicas.
Após décadas de estagnação econômica, a sociedade brasileira trouxe de
volta à sua pauta de prioridades o “desenvolvimento”. A terminologia possui muitas
definições, de acordo com o caráter que se quer considerar. Furtado (1964), considera
que ele pode ser compreendido como um processo de mudança social que busca
satisfazer um número crescente de necessidades humanas através da criação de
inovações tecnológicas. Portanto, não pode ser restrito apenas ao crescimento
econômico a todo custo, usado para desviar os esforços e o foco no homem juntamente
a seu ambiente para conceitos abstratos como investimentos, mercado e exportações.
É urgente resgatarem-se às reais condições que auxiliarão na busca do
desenvolvimento integral das cidades, dando a elas a prioridade merecida como fruto
da criação humana, reconciliando-as com a natureza (ciclos e elementos naturais –
árvores, plantas, animais, solo, água e ar). Essa reconciliação será sobretudo com o
próprio homem, que ao longo da história se distanciou e se desconsiderou como
membro e parte intrínseca do meio ambiente, inclusive, perdendo sua própria
humanidade, ao desvalorizar e agredir seu semelhante.
Esta monografia pretende trazer a discussão sobre a importância de se
considerar que, a sustentabilidade nas cidades será aproximada da realidade, quando
todos os atores envolvidos neste processo, quais sejam - poderes públicos, sociedade,
empresas concessionárias de serviços aéreos e subterrâneos, comércio e prestadores
de serviço - passarem a dar a dimensão correta à rede de arborização urbana. Quando
ela passar a ser planejada, mantida e sustentada como uma grande e fundamental rede
de infraestrutura na cidade e tiver esse tratamento, que visa à manutenção do
funcionamento adequado de toda a estrutura urbana.
27
1. OBJETIVOS
1.1. Objetivos gerais
O presente trabalho, em termos amplos, se propõe à:
- Destacar as origens da fundamentação e evolução dos conceitos gerais de
sustentabilidade urbana através de uma sucinta perspectiva histórica.
- Discutir o paradigma atual que desconsidera a importância da árvore, da
arborização e da floresta urbanas como elementos fundamentais ao funcionamento
adequado da cidade, fornecedoras de serviços socioeconômicoambientais ou
ecossistêmicos.
- Expor a problemática dos conflitos entre as redes de infraestrutura
apontando os principais interesses em disputa pelo espaço urbano.
- Definir o elemento arbóreo como equipamento público a se fazer parte
integrante de sistemas de arborização, por sua vez constituídos como rede de
infraestrutura urbana.
- Apresentar modelos que trabalham a compatibilização de todas as redes de
infraestrutura interligadas e em funcionamento harmonioso, desde que ordenadas no
espaço urbano, segundo suas características e objetivos, de modo a tornar as cidades
mais habitáveis, confortáveis, sustentáveis e mais humanas.
1.2. Objetivo específico
28
Especificamente, tem como objetivo:
- Demonstrar que a arborização urbana necessita ser considerada como uma
rede de infraestrutura fundamental à manutenção adequada da cidade, sem a qual a
sustentabilidade da mesma é impossibilitada.
2. Material e Métodos
O presente trabalho foi realizado baseando-se em referências bibliográficas,
em imagens coletadas na internet e em levantamentos e experiências de campo,
sobretudo nas cidades de Campinas e São Paulo e, em cidades europeias e sul-
americanas. Foram elaborados alguns modelos para foto inserção por Filipi Lilla Gomes
e alguns modelos gráficos de implantação de redes de gás subterrâneas por Christian
Despontin patrocinados pela ONG Movimento Resgate o Cambuí, de Campinas-SP. A
linha mestra argumentativa baseia-se na construção do pensamento referenciado na
evolução histórica das cidades, de como eram pautadas em princípios de
sustentabilidade desde sua origem, e o posterior e drástico rompimento com essa
condição a partir do Renascimento, quando o homem se afastou e se apartou da
natureza, considerando-se superior a ela.
No período de expansão da Revolução Industrial, diante da falência desses
modelos urbanos, segue a busca do saneamento das cidades para sua “melhoria
ambiental”. Nesse contexto, a instalação maciça das redes de infraestrutura foi
importante, notadamente a reintrodução da natureza no meio urbano como prestadora
de serviços essenciais de saneamento. Dessa maneira, será discutida a atuação de
empresas concessionárias de serviços e a necessidade da consideração da
arborização como uma rede de infraestrutura a ser constituída como essencial ao
resgate e manutenção do equilíbrio ambiental urbano. Por fim, será colocada a
problemática da compatibilização entre a pretendida rede de arborização e as demais
redes de infraestrutura, bem como apontadas as possíveis soluções.
29
3. Cidade sustentável – breve perspectiva histórica
O meio ambiente urbano acumulou um vasto histórico de degradação até o
ponto de ser compreendido como um espaço dissociado do “meio ambiente”. As
cidades correspondem a maior alteração de origem antropogênica do meio ambiente
natural (LOMBARDO, 1985).
Os mais antigos assentamentos humanos, baseando-se na história da
Mesopotâmia e Egito, possuíam relação estreita com o meio natural. A proximidade dos
rios como condição seminal, seus regimes de secas e cheias, além da conquista das
várzeas através do hábil controle das águas transformaram a natureza em território
humano, mas ainda respeitavam suas dinâmicas e ciclos próprios, inclusive, tirando
partido deles. Algumas cidades persas, como Persépolis, foram planejadas com
reservatórios de águas, vastos parques e jardins. Já na Índia, os sistemas de
abastecimento de água, de drenagem e tratamento de esgoto atingiram notável
sofisticação nos núcleos de Mohenjo Dahro e Harata (MUMFORD, 1982).
Para os gregos antigos, as cidades deviam possuir um tamanho máximo a fim
de não haver prejuízos ambientais e sociais. Quando uma “polis” atingia 50.000
habitantes, o excedente populacional seguia para outro sítio a fim de fundar uma nova
colônia. Atenas, que chegou a contar com mais de 150.000 moradores e Roma, cuja
cifra superou 1 milhão eram consideradas excrescências. Mas mesmo os romanos, em
suas compilações sobre a ciência de fundar cidades, deixaram-nos preceitos claros de
forte composição urbana interligada com o meio ambiente. As culturas celtas e
germânicas tinham a Terra como mãe e deusa suprema, fonte de toda a vida, poder e
ordem. Logo, não poderia ser ultrajada e aviltada pelo homem. Na China e no Japão
antigos, a natureza era transformada através da busca do equilíbrio; as cidades eram
implantadas e construídas com cuidadoso respeito ao sítio natural, aos cursos d’água,
ao vento, aos bosques. Os árabes acumularam, fundiram e aperfeiçoaram
conhecimentos de muitas culturas do Ocidente ao Oriente. Atingiram assim, um elevado
grau de sofisticação na implantação de cidades (MUMFORD, 1982).
30
A retomada dos movimentos de urbanização no Renascimento europeu foi o
marco inicial do rompimento definitivo com a natureza. O meio ambiente passou a ser
algo ameaçador, a ser transformado, dominado, mantido distante do homem. As
cidades se adensaram, consumindo desordenadamente seus recursos. A Revolução
Industrial agravou essa situação originando cidades com condições de vida
completamente insalubres, onde epidemias e todas as mazelas se generalizaram em
grande escala, chegando mesmo a inviabilizar a vida humana (BENEVOLO, 1991).
Figura 1: ilustração de um bairro em Londres, sec. XIX – Autoria de Gustave Doré. Nota-se o “fog” névoa
típica que pairava pela área londrina, constituindo-se em fonte de problemas respiratórios e “marca” da
cidade. A ausência de cores e de elementos naturais compunha o espaço construído. A revolução
industrial deixou marcas profundas como a grande presença de indústrias e poluição.
Fonte: OPERARIADO…, 2009
A partir do colapso do modelo urbanístico estabelecido com a expansão
industrial (grandes concentrações populacionais, completo desrespeito ao meio
ambiente e baixo índice de saneamento), no séc. XIX surgiu a crítica, as primeiras
propostas e tentativas de mudança a esta condição problemática ocorrente nas
31
cidades. Os chamados “utopistas” buscavam uma completa revolução social, com forte
apelo autoritário para o controle das sociedades (BENEVOLO, 1991).
Figura 2: Ilustração do Falanstério, de autoria de Victor Considérant. Proposta pelo filósofo utopista
Charles Fourier - defendia a reorganização social completa, muito além da questão territorial-ambiental.
Ela colocava a necessidade de ordenação da sociedade através de um rígido controle da execução,
divisão de tarefas e convivência coletiva. As cidades seriam reorganizadas por grandes pavilhões
ajardinados para a convivência coletiva, a fim de facilitar o controle social. O cidadão perderia grande
parte de sua individualidade em favor do corpo coletivo.
FONTE: MALEMBE, 2011
Esse pensamento deu origem a ideias urbanísticas com propostas mais
consistentes, factíveis e democráticas. Os chamados “sanitaristas” propuseram sanear
as cidades, reintroduzindo a dimensão ambiental ao centro das ações de planejamento.
A insolação, a circulação do ar, as áreas livres e verdes passaram a ser prioridade. As
demolições para a abertura de avenidas e praças, a implantação de parques e o
saneamento passaram a ser os instrumentos principais das estratégias de recuperação
do meio urbano (BENEVOLO, 1991).
32
Figura 3: Foto de Paris – autor desconhecido – A cidade antiga num momento imediatamente anterior às
remodelações implantadas pelo Barão de Haussmann. Nota-se a presença de vielas escuras e
insalubres, casebres e cortiços, com pouca possibilidade de fruição. Desconsiderava-se o elemento
natural como estruturador da paisagem.
33
Figura 4: Demolições em Paris segundo o plano do Barão de Haussmann - autoria desconhecida. Neste
cenário, a principal característica era a abertura de áreas no ambiente construído e com acesso a rede
de serviços, para a reintrodução de áreas verdes e de arborização visando à sanidade do espaço. Como
consequência direta destas ações, surgiram os bulevares, praças, parques e avenidas - belas, salubres,
ordenadas e verdes.
34
Figura 5: Avenue des Champs Eliseé – Em Paris, o mais clássico dos bulevares. Os bulevares são uma
contraposição a vielas medievais escuras, estreitas, insalubres, com esgoto correndo a céu aberto. Nota-
se a reintrodução do verde como elemento balizador e estruturador do espaço público. As calçadas
desse espaço foram transformadas em espaço de convivência e fruição.
Fonte: GUNN, 2011
35
Figura 6: Ringstrasse de Viena - Bulevar vienense construído sobre as antigas muralhas da cidade onde
atualmente é a sua região central. Apesar do formato anelar, segue os parâmetros Haussmanianos, a
saber: calçadas e leitos carroçáveis largos e arborização de grande porte como elemento estruturador.
Período posterior à remodelação de Paris.
Fonte: WHAT TO…, 2011
36
Figura 7: The Mall em Londres - Bulevar haussmanniano que dá acesso ao palácio de Buckinghan. Após
a remodelação de Paris, Londres como capital do império britânico em seu auge durante o período
Vitoriano, igualmente passa por diversas alterações, dentro dos princípios sanitaristas e de
embelezamento para a construção de uma imagem de cidade moderna e civilizada. Dentro desse plano
de remodelações, o Palácio de Buckinghan ganhou uma nova fachada e uma avenida monumental para
os desfiles e apresentações cívicas que passaram a congregar a população londrina, desde então, até a
atualidade. Compuseram-se tanto em Paris na Champs Eliseé quanto no The Mall em Londres a criação
de um novo espaço urbano destinado à vida pública.
Fonte: GONÇALVES, 2011
37
Figura 8: Washignton, National Mall, criado em 1901. Modelo Haussmaniano, dentro da escala dos
projetos monumentais norte americanos.
Fonte: PHOTO..., 2011
38
Figura 9: Belo Horizonte, cartão postal de 1946 - destaca-se a nova capital construída sobre os princípios
positivistas de “ordem e progresso” difundidos pelo regime republicano recém proclamado à época. Toda
a cidade foi projetada e construída segundo a inspiração haussmaniana, com vastas avenidas e
bulevares – as mais largas do país à época – fortemente estruturadas pelo elemento arbóreo.
Fonte: CARVALHO, [s.d.]
39
Figura 10: Avenida Central – atual Av. Rio Branco, criada em 1906 – imagem de autor desconhecido.
Principal intervenção do prefeito Pereira Passos para a remodelação da capital do país, Rio de Janeiro.
Todas as fachadas dos prédios foram definidas pelo estado através de concurso público, visando a
“harmonia perfeita” com a paisagem. Neste momento é realizada a difusão da arborização urbana na
estruturação dos espaços públicos da capital federal, inspirada também nas diretrizes haussmanianas.
Fonte: CABRAL, 2003
40
Figura 11: Avenida São João, foto da Light and Powers Company, 1930. Este foi o grande bulevar de São
Paulo até a década de 1970, marco haussmaniano na capital paulista. Foi usada como vetor de
expansão urbana criando espaços sofisticados de comércio, lazer e entretenimento para a crescente
população industrial.
Fonte: SÃO PAULO..., 2009
Em paralelo, um grupo de urbanistas liderados por Ebeneezer Howard propôs
as chamadas “garden cities”. Essas cidades planejadas entremeavam seus bairros por
campos e bosques naturais, possuíam ruas e avenidas profusamente arborizadas. Em
especial, deveriam oferecer todas as condições de vida a seus habitantes, inclusive
com máxima autosuficiência produtiva.
41
Figura 12: Plano de uma “Garden City”. Neste modelo, havia o estabelecimento de um limite para os
núcleos populacionais que seriam entremeados a áreas livres destinadas a parques, bosques e
agricultura. Essa composição resgata a antiga recomendação grega de impedir grandes concentrações
populacionais e das consequências sobre o meio ambiente e qualidade de vida dos cidadãos.
Fonte: MACEDO, 2007
42
Figura 13: Letchtworth, Inglaterra, uma “garden city” implantada. Cidade criada como empreendimento
imobiliário, sem contar com investimento estatal. Ela prescindiu das características de estruturas
produtivas que lhe confeririam a apregoada autosuficiência, característica essencial a uma garden city. O
funcionamento comunal e solidário sustentaria a proposta urbanística. Essa era a época do avanço das
ideias socialistas e comunistas originadas a partir da defesa da solidariedade humana como instrumento
de resgate das qualidades urbanísticas, envolvendo os aspectos socioambientais.
Fonte: GARDEN, 2011
O Modernismo elaborado a partir da década de 1920 aprofundou a busca
racional e científica das soluções dos problemas ambientais das cidades. Manteve a
proposta de intervenções radicais, dando-lhe escala monumental ao propor a demolição
de cidades inteiras para sua recomposição ambiental. A cidade passaria a ser uma
cidade parque, ordenada segundo suas funções e adensada pela verticalização das
edificações, com o solo livre, verde e arborizado, de propriedade coletiva, destinado às
atividades de lazer e deleite (BENEVOLO, 1991 e FRAMPTON, 1982).
43
Figura 14: Plano de Le Corbusier para Paris. Aqui se nota o corte e a recomposição completa do tecido
urbano, com forte adensamento a partir da verticalização das construções, rígido ordenamento das
funções urbanas (habitar, produzir, circular) e a destinação do solo para áreas livres e verdes destinadas
ao lazer, à contemplação e à manutenção dos fenômenos naturais. A proposta essencial do urbanismo
modernista era a transformação de todo o solo urbano em espaços públicos, destinando as atividades
privadas às edificações verticalizadas erguidas sobre o solo através do uso de pilotis (estruturas de
sustentação com formato semelhante a colunas, que permitem a manutenção de espaços abertos sob a
construção, compondo áreas de livre circulação e possível ajardinamento).
Fonte: ALEX, 2011
44
Figura 15: Esplanada dos Ministérios em Brasília. Ponto culminante do urbanismo ocidental, com
predominância da composição de espaços abertos marcados pela presença de forração (gramados e
jardins) condutora do olhar a um elemento construtivo de destaque (Praça dos Três Poderes - Congresso
Nacional), com toda a esplanada compondo um bulevar-parque, estruturado pelo elemento arbóreo
emoldurando as construções.
Fonte: CIDADES..., [s.d.]
Figura 16: Superquadras habitacionais de Brasília - sofisticadas unidades de vizinhança-parques
concebidas por Lúcio Costa, são isoladas das vias expressas de circulação por intensa arborização de
grande porte com o objetivo de lhes conferir um caráter de ambiente equilibrado. O papel direto da
arborização nesse caso é a proteção ao sol e o efeito umidificador do ar de Brasília, muito seco, em
períodos invernais, de abafamento de ruído e controle da poluição atmosférica, bem como, na opinião de
seu criador, de gerar a composição de características de vizinhança e intimidade relacionada às funções
residenciais.
Fonte: Acervo do autor (autoria Zuleika de Souza).
45
As propostas urbanísticas modernistas sofreram intensas análises críticas a
partir dos anos de 1970. O forte intervencionismo por elas apregoado entrou em choque
com as ideias libertárias que então se popularizavam a partir da primeira grande crise
econômica do pós-Guerra (CHOAY, 2005). Ao mesmo tempo, a questão ambiental
começou a ganhar espaço na agenda política mundial, em especial após a Rio 92. A
formulação de políticas urbanas se generalizou e foi tornando indissociáveis o
planejamento e a sustentabilidade urbanos. O termo meio ambiente urbano foi
reconhecido como central para a problemática ambiental. Essa designação abriga mais
de 23 da população humana mundial e foi capaz de alterar vastos territórios naturais.
Com o contínuo crescimento populacional, as cidades perpetuam o reflexo de
suas respectivas sociedades. Os países centrais seguem investindo na qualificação de
seus meio ambientes urbanos, configurando as chamadas “cidades mundiais”, líderes
em qualidade de vida e em atratividade econômica. Já os países periféricos buscam a
solução para a forte degradação ambiental e para os conflitos sociais continuamente
agravados por modelos distorcidos de desenvolvimento (MEYER et al., 2004).
46
Figura 17: Rio Tietê - O maior curso d´água da cidade de São Paulo. A degradação deste grande
manancial foi realizada de modo a destacar a opção desenvolvimentista a “qualquer custo”. Atualmente,
a cidade busca em outras regiões do estado de São Paulo, através do Sistema Cantareira, o suprimento
de água que, devido à poluição assombrosa de seu “Rio Grande” – em tupi guarani – impede o usufruto
dos recursos providos por ele. Às outras regiões do estado como a de Piracicaba, cabe a redução da
disponibilidade hídrica para sustentar a continuidade dos erros de um modelo de desenvolvimento
equivocado.
Fonte: EM 24 horas..., 2008 (autoria José Luiz da Conceição)
47
Figura 18: São Paulo - metrópole que tem pretensões de ser mundial (4a
maior aglomeração urbana do
mundo): nota-se a ocupação desordenada do espaço, a invasão da várzea dos rios e áreas de baixada.
Grandes aglomerados de prédios luxuosos, que seguem modelos europeus e norteamericanos de
arquitetura (vidros espelhados, uso intensivo de condicionadores de ar e gasto de energia). Como
consequência desta ocupação não planejada, seus grandes rios são poluídos devido à total
despreocupação com o respeito aos elementos naturais de sustentação da cidade. Seus espaços
públicos estão desqualificados. A cidade é agressiva ao morador urbano, está balizada na cultura do
meio de transporte individual (pontes, viadutos, autopistas, ruas e avenidas). A ausência ou mínima
presença do elemento vegetal descaracteriza a paisagem e a presença de prédios de alturas gigantescas
em proporção ao espaço ocorrente faz com que se perca a noção do relevo natural e das especificidades
do sítio natural.
Fonte: TOLEDO, 2008 (autoria Carlos Augusto Magalhães)
48
Figura 19: Cidade de São Paulo – aglomerado urbano com 11.244.369 habitantes (IBGE, 2011), cujo
território natural foi completamente alterado, verticalizado e impermeabilizado, com grande ausência do
verde. Ocupação caótica do espaço natural e consequências diretas sobre o clima, bem-estar e
qualidade de vida da população. Ausência de políticas públicas que conduzam ao ordenamento urbano e
à interligação de todas as redes de infraestrutura de maneira eficiente e harmônica. Nos moldes em que
se encontra hoje, a cidade é inviável, sob todos os aspectos, socioeconômicoambientais.
Fonte: Acervo do autor
4. Obsolescência nas redes de infraestrutura urbana – privatização de lucros
e socialização de prejuízos
As concessionárias de serviços públicos que detém os direitos de exploração
das redes de infraestrutura contam com a pouca regulamentação do uso do espaço
público urbano para manter elevados graus de obsolescência na sua prestação de
serviços.
Redes deficientes, corrompidas pelo desgaste do tempo, comprometidas por
ajustes mal planejados e mal executados, além de precarizadas pela provisoriedade
49
endêmica; elas são admitidas pela sociedade devido à grande falta de informação da
população em geral. Essa condição gera prejuízos constantes ao meio ambiente.
O desperdício de água tratada, por conta de vazamentos, ultrapassa um terço
do volume das redes de abastecimento (SABESP, 2010). Os vazamentos de gás e o
descontrole da expansão das instalações ocasionam explosões nas galerias de águas
pluviais. Interrupções e apagões no fornecimento de energia elétrica são cada vez mais
constantes por conta de estruturas de transmissão aéreas arcaicas e com baixo grau de
confiabilidade devido ao subdimensionamento e à exposição aos fenômenos
atmosféricos, fotodecomposição, furtos e sabotagens.
Cabe ressaltar que a maior parte das redes de infraestrutura nas cidades
brasileiras foi instalada com recursos públicos. A privatização de sua operação se deu
ao longo dos anos de 1990, sob o argumento da necessidade de investimentos cuja
responsabilidade o estado nacional deficitário não poderia realizar. Nas redes de
telefonia houve forte inversão de recursos para aumentar a oferta dos serviços, mas
com uma grande escalada dos preços das tarifas visando grandes margens de lucros.
Já na geração e distribuição de energia elétrica, os investimentos foram pequenos
frente às necessidades de expansão e melhorias, a qualidade dos serviços se estagnou
e decresceu; por outro lado, os lucros altos se mantiveram. Verifica-se a socialização de
custos e prejuízos para a manutenção de lucros privados conseguidos a partir do uso
de infraestrutura pública. A aposta na inovação tecnológica leva ao repasse de custos,
ou busca por fontes financiadoras, alegação sempre julgada como “impedimento” da
evolução dos sistemas de infraestrutura pelas concessionárias. Já a contenção de
investimentos pela manutenção da obsolescência das redes, acolhida pelo monopólio
privado, impõe ineficiência, riscos e prejuízos ambientais ao conjunto da população.
50
5. Constituição de uma rede de infraestrutura essencial – o sistema de
arborização urbana
As árvores talvez sejam as nossas maiores aliadas neste momento,
quando temos de unir forças para resgatar o equilíbrio ambiental da
Terra. Ali, paradas e entregues, elas operam uma revolução
silenciosa, trazendo de volta as águas, recriando o solo com suas
folhas caídas, refrescando o ar, provendo alimento. Sem árvores, só
nos resta o deserto (ROCHA, [s.d.]).
Uma cidade se estrutura, de um modo geral, segundo Zmitrowicz e De
Angelis Neto (1997), da seguinte forma:
a) Com a construção de espaços adaptados às atividades humanas.
b) Com a geração de acessibilidade através dos sistemas de circulação.
c) Com a implantação de sistemas de infraestrutura.
A cidade não é apenas o conjunto do patrimônio edificado junto com seus
sistemas de circulação, mas também possui um sistema de suporte que lhe amplia o
desempenho e aumenta a eficiência. Assim sendo, a infraestrutura pode ser
compreendida como um sistema técnico de equipamentos e serviços necessários ao
desenvolvimento das funções urbanas.
Em perspectiva histórica, a primeira rede a ser instalada nas cidades foi a de
abastecimento de água e de coleta de esgotos. Na Antiguidade, muitas culturas
desenvolveram soluções próprias, mas no caso da Roma antiga ela era especialmente
sofisticada. Uma rede de aquedutos trazia, através de dezenas de quilômetros até a
rede da cidade, água limpa de modo ininterrupto. Em conjunto, uma vasta rede coletora
drenava boa parte dos esgotos da cidade que ultrapassava 1 milhão de habitantes
51
(MUMFORD, 1982). Já a instalação das redes de energia ocorreu bem mais tarde,
estritamente relacionada com a expansão da industrialização.
A Grã-Bretanha foi pioneira na distribuição de gás de carvão como serviço
público em 1812, seguida pelos Estados Unidos e França. No final do século XIX
surgiram redes de energia elétrica para atender a iluminação pública, em seguida para
tração dos bondes, tornando-se generalizada nos anos seguintes (MASCARÓ, 1987).
Em meados do século XX, foram difundidas as redes de comunicação telefônica e no
final do século, as redes de televisão por cabo e a internet se tornaram essenciais. As
redes de infraestrutura parecem refletir os movimentos sociais, culturais e produtivos
das sociedades. Com tamanha relevância, sua implantação e possibilidade de
expansão (ou extinção) devem ser feitas com planejamento criterioso para melhor
organizar o espaço urbano.
O sistema de espaços livres foi introduzido no mesmo contexto de expansão
industrial. Parques e jardins foram reformados, expandidos ou implantados. Com fins
igualmente sanitaristas, os sistemas viários foram reformulados e receberam
arborização intensiva. Esse conjunto se configurou em uma verdadeira rede de
infraestrutura com o objetivo de fornecer serviços de reequilíbrio ambiental urbano.
A arborização viária, em áreas de ocupação antiga e já consolidadas, dadas
as poucas condições de expansão de praças e áreas verdes, constitui-se na alternativa
mais viável, econômica e racional, de inserção do elemento verde no cotidiano urbano
(AGUIRRE JUNIOR, 2008). Segundo Meneghetti (2003) a arborização viária se faz
mais necessária, quanto mais urbanizada for uma localidade.
Os centros das cidades são geralmente suas regiões mais alteradas e
degradadas devido à intensa ocupação, impermeabilização, verticalização e reduzida
presença de elementos naturais. Outro problema se reflete através de um grande
tráfego de veículos, grandes agentes poluidores.
52
A árvore é o elemento que permite a melhora do aspecto ambiental nas
cidades. A arborização viária constitui-se em elemento fundamental. Segundo Cemig
(1996) e Silva Filho (2002) a arborização é um componente de grande importância na
paisagem urbana. Possui função paisagística, proporciona benefícios à população, tais
como a proteção contra a ação dos ventos, diminuição da poluição sonora, absorção de
parte dos raios solares, sombreamento e redução da amplitude térmica, ambientação à
permanência de pássaros urbanos, diminuição da poluição atmosférica, neutralização
do dióxido de carbono e purificação do ar, absorção de poeiras e sólidos em
suspensão, melhorando a saúde física e mental da população.
Entre os inúmeros benefícios, destacados por diversos autores, uma área da
arboricultura que vem ganhando cada vez mais enfoque é a dos serviços ambientais,
ecossistêmicos e econômicos proporcionados pela utilização da vegetação arbórea nos
centros urbanos, notadamente a viária. De Paula (2004) constatou a redução da
temperatura interna de residências, utilizando árvores para o sombreamento da sua
fachada; Silva (2008) concluiu que duas espécies muito utilizadas na arborização viária,
a Caesalpinia pluviosa DC. e a Tipuana tipu (Benth.) Kuntze possuem a capacidade de
interceptação de até 60% da chuva incidente sobre a sua superfície nas duas primeiras
horas, reduzindo o volume e a intensidade de enchentes e enxurradas; Silva Filho
(2006), adaptando a pesquisa de McPherson e Muchnick (2005) para a realidade
brasileira, calculou que cada m2
de asfalto coberto e protegido pela sombra das árvores
representa uma economia em manutenção deste pavimento da ordem de R$15,47 ao
ano aos cofres públicos, o que para uma cidade como Piracicaba representaria
R$900.000,00 anuais que poderiam ser revertidos no incremento, melhoria e
manutenção da arborização da cidade; Grey e Deneck (1978) destacaram que árvores
de grande porte possuem a capacidade de evapotranspirar 380l de água por dia, desde
que devidamente supridas do elemento, provocando o resfriamento da temperatura e a
umidificação do ar, o mesmo efeito que cinco aparelhos de ar condicionado de potência
média (2500kcal/h) funcionando por 20h/dia, todos os dias (ao custo zero em termos
energéticos, beneficiando a população em épocas secas e reduzindo gastos públicos
com os problemas respiratórios da população).
53
Em pesquisa realizada por Martins (2009), a pesquisadora concluiu que os
parques podem atuar como filtros do ar, devido ao fato de, a região central dos
pesquisados em São Paulo apresentar menores concentrações de poluentes, enquanto
que suas áreas mais externas, principalmente em esquinas, faróis e avenidas grandes,
apresentaram concentrações mais elevadas.
A autora destaca ser possível a consideração de que as árvores em parques
urbanos possam funcionar como barreiras físicas de dispersão de poluentes. O
incremento da vegetação nos grandes centros urbanos pode auxiliar na amenização de
dois principais aspectos negativos do clima urbano: as ilhas de calor e a poluição
atmosférica. Velasco (2007), considera que árvores em ambientes urbanos prestam
fundamentais serviços ambientais que beneficiam diretamente a população, tais como:
reduzir o escoamento superficial, diminuir a temperatura atmosférica, aumentar a
umidade relativa e absorver poluentes
A existência de gradientes de poluição indica que os parques urbanos podem
representar barreiras físicas de poluentes, servindo como pequenos “oasis” dentro da
cidade (MARTINS, 2009). A autora exemplificou que o adensamento da vegetação no
entorno de um parque representa um meio eficiente de diminuir a área de dispersão de
alguns poluentes, o que poderia beneficiar diretamente a qualidade de vida do
paulistano. Maher et al. (2008) apud Martins (2009) indicam que árvores plantadas em
calçadas e canteiros de avenidas agem como filtros de poluentes. Elucidam que
pedestres podem ser beneficiados quando circulam por áreas mais arborizadas e
afastadas de grandes vias de tráfego.
No caso do planejamento urbano, na medida do possível, a instalação de
trilhas para prática de esportes nas partes mais internas dos parques é uma boa
medida para melhorar a qualidade do ar para o frequentador dos parques. Além do
aumento e melhoria das áreas verdes da cidade, outras medidas também poderiam ser
tomadas com o intuito de diminuir a concentração de poluentes atmosféricos na cidade
de São Paulo: reduzindo-se o teor de enxofre no diesel, melhorando-se o transporte
54
público e criando-se corredores de tráfego para ônibus, aumentando a velocidade do
fluxo (MARTINS, 2009).
A arborização viária, se bem planejada (utilizando-se prioritariamente
espécies de médio e grande portes, com características adequadas de arquitetura de
copa e hábito de crescimento de raiz), devidamente implantada, manejada e
monitorada é uma solução viável para a melhoria da qualidade de vida e ambiental de
regiões densamente povoadas (AGUIRRE JUNIOR, 2008).
6. Problemática da compatibilização entre as redes
Segundo Soares (1998), as principais dificuldades para a arborização urbana
são as redes hidráulicas, elétricas, telefônicas e sanitárias. A solução mais adotada
pelos poderes públicos para buscar uma apregoada compatibilização é por meio da
poda das árvores. Entretanto, sua eficácia é muito reduzida uma vez que, segundo
Browning (1997), a maioria das árvores podadas faz rebrotar galhos na mesma direção
anterior, demandando novas podas regulares. A outra parte dos vegetais fica
comprometida fatalmente, seja perdendo seu equilíbrio e sustentação, seja se
desestruturando metabolicamente. Seitz (1990) coloca que a poda é uma agressão a
um ser vivo, com estruturas e funções definidas, além de alguns mecanismos de defesa
contra seus inimigos naturais, portanto, com limites de sobrevida. A prática da poda não
deve ser suprimida e sim, apenas utilizada como técnica apropriada a alguns tipos de
intervenção. Seu intuito é contribuir para a perpetuação do indivíduo vivo.
São três os tipos principais de redes de distribuição de energia elétrica
presentes nas cidades atuais, a saber: a rede de distribuição aérea convencional, a
aérea compacta e a subterrânea. A rede aérea convencional possui cabos
desencapados e não isolados. A rede aérea compacta possui cabos encapados e
55
reunidos em feixes, mas não isolados do meio. Já os sistemas de redes subterrâneas
são mais complexos e elaborados, com isolamento total dos condutores e equipamento
do meio.
Os sistemas subterrâneos, a princípio, quando bem planejados, são os que
menos danos provocam às árvores. Por serem mais sofisticados tecnicamente,
apresentam custo maior de instalação. Mas oferecem importantes vantagens objetivas,
a saber, segundo Boccuzzi et al. (1997):
a) Redução significativa das interrupções de fornecimento.
b) Aumento da segurança para a população, com a redução do risco de acidentes por
ruptura de condutores e contatos acidentais.
c) Redução significativa dos custos de manutenção.
Além disso, segundo estudos da Sociedade de Investigações Florestais, mais
de 70% dos custos de sua instalação é devido às obras civis. Estes custos vêm se
reduzindo seguidamente através do desenvolvimento de cabos que podem ser
implantados diretamente no solo, prescindindo de galerias específicas. Do mesmo
modo, diversos equipamentos complementares estão ganhando inovações tecnológicas
que diminuem suas dimensões, viabilizando sua alocação sobre o solo das calçadas e
assim, reduzindo os custos elevados com materiais resistentes à emersão. Portanto, a
substituição das redes aéreas por redes subterrâneas já alcança a realidade atual. É
injustificável, até mesmo do ponto de vista econômico, o seu adiamento.
A arborização viária no Brasil vem sofrendo com a falta de planejamento que
dissocia o crescimento urbano das áreas verdes (SILVA, 2005). As publicações sobre
arborização viária difundidas, majoritariamente, por companhias de energia elétrica e
prefeituras, recomendam a utilização de espécies arbustivas ou arbóreas de pequeno
56
porte, prioritariamente exóticas, reduzindo os benefícios ambientais, como a sombra e
benefícios ecológicos, possíveis com a utilização de espécies de grande porte e nativas
nos municípios. Nestes trabalhos, são poucas as informações sobre o comportamento
das árvores ou propostas para novas espécies a serem introduzidas e avaliadas
(VELASCO, 2003 apud SILVA, 2005).
Tecnicamente, definem-se arbustos como os vegetais de estrutura lenhosa
ou semilenhosa, com altura de 3 a 6 metros que apresentam ramificação desde a base.
Árvores possuem fustes únicos, lenhosos, sendo divididas por seu porte: pequeno, para
aquelas com altura entre 4 a 6 metros e copa com menos de 4 metros de diâmetro;
médio, quando sua altura estiver compreendida entre 6 e 10 metros, e o diâmetro de
sua copa até 6m; e grande, quando possuir altura superior a 10m e diâmetro de copa
superior a 6 metros (MASCARÓ e MASCARÓ, 2005).
O Brasil é detentor da maior diversidade arbórea do planeta (SOUZA, 1973;
LORENZI, 2000 apud KAGEYAMA e GANDARA, 2004); espécies nativas evoluíram em
interação ao ecossistema, sendo geneticamente adaptadas e resistentes ao meio,
patrimônios que vêm se perdendo por exploração irracional com a consequente
extinção de muitas espécies importantes (LORENZI, 2000).
A arborização utilizando nativas é fundamental para mostrar aos cidadãos as
espécies que ocuparam os locais onde estamos atualmente além, de fornecer às
futuras gerações conhecimento sobre o meio natural e possibilitar a integração
harmônica do homem urbano e natureza (LORENZI, 2000). Revegetações e
recomposições devem utilizar os conceitos de diversidade de espécies (KAGEYAMA e
GANDARA, 2004).
A grande utilização de espécies exóticas evidencia a falta de estudos na
difusão da flora brasileira e a desconsideração para com esta grande riqueza nacional
(LORENZI, 2000). Em algumas cidades, com predomínio de uma espécie, a ocorrência
57
de pragas e moléstias de difícil controle é comum, além da monotonia da padronização
da paisagem e o desinteresse da avifauna (SANCHOTENE, 1994).
Nossas cidades estão ficando áridas e as árvores restantes vão sofrendo,
enquanto resistem, mutiladas, desestabilizadas, aneladas, envenenadas, enfraquecidas
até morrerem precocemente. Ao mesmo tempo em que estes crimes são cometidos,
sentimos os reflexos e as consequências de nossas próprias atitudes. Quanto menor a
presença de árvores na cidade, consequentemente é reduzida nossa qualidade de vida
e aumentados nossos problemas de saúde por habitarmos um local insalubre
ambientalmente.
Figura 20: Avenida Barão de Itapura, Campinas-SP. Nota-se a extrema poluição visual causada pela
fiação aérea obsoleta e ausência total de arborização. Região árida e insalubre. Grande poluição pelo
tráfego intenso de veículos.
Fonte: STREET...,2011.
58
Figura 21: Praça da Torre do Castelo, Campinas-SP. Retiraram-se todas as árvores do local, sob a
alegação de posterior replantio que até hoje não aconteceu. Local inóspito onde as pessoas não sentem
conforto em caminhar devido às altas temperaturas.
Fonte: Acervo do autor (autoria Filipi Lilla Gomes).
Figura 22: R. Coronel Quirino – Campinas-SP. Ausência quase total de árvores, poluição visual pelo
sistema aéreo de fiação, uso de arbustos que prejudicam os pedestres e formam bloqueio do campo
visual (círculo vermelho).
Fonte: Acervo do autor (autoria Filipi Lilla Gomes).
59
Figura 23: Av. Moraes Salles – Campinas-SP. Uso generalizado de palmeiras em projetos de
arborização. As palmeiras não contribuem para a melhoria do microclima urbano devido à sua folhagem
ter dimensões reduzidas. Nota-se que as pessoas, mesmo buscando sombra, não a encontram. O forte
calor afeta negativamente o conforto dos munícipes. Estas áreas deveriam contar com árvores de porte
alto, copa espessa e que permita grande interceptação de luz.
Fonte: Acervo do autor (autoria Filipi Lilla Gomes)
Figura 24: Av. Coronel Quirino, Campinas-SP. Totalmente árida, desprovida de qualquer arborização
significativa. Nota-se a fiação aérea obsoleta degradando o espaço público.
Fonte: STREET..., 2011
60
Figura 25: R. Sampaio Ferraz, Campinas-SP. Uso de arbustos e falta de arborização nas calçadas da
cidade. Nota-se o desconforto das pessoas, que fazem uso de guarda-chuvas para se proteger. A fiação
obsoleta é um dos principais fatores de degradação urbana e do prejuízo da qualidade de vida dos
munícipes.
Fonte: Acervo do autor.
Planejar e plantar tecnicamente, preservar e avaliar periodicamente, extrair e
substituir adequadamente, quando necessário, as árvores urbanas é a chance que
temos de continuar a viver dignamente nas cidades. A arborização como grande
referência urbana pode ser utilizada para resgatar a qualidade de vida da população e a
sustentabilidade nesses locais. Resgatando as árvores da cidade, a nós mesmos
estaremos beneficiando.
A atuação dos poderes públicos municipais, de empresas concessionárias de
serviços, do comércio e da própria população tem sido desrespeitando o patrimônio de
interesse difuso que deveria ter o devido trato das municipalidades. As práticas das
empresas de energia têm sido tão errôneas do ponto de vista técnico que, infelizmente,
estão sendo registradas incontáveis mortes nas árvores das cidades devido às podas
contínuas, constantes e realizadas de maneira abusiva.
61
Na silvicultura moderna, o manejo de árvores urbanas acompanha a evolução
de paradigmas, de conceitos, de tecnologias e de procedimentos visando à correção de
erros, a priorização da presença da árvore e a busca da convivência pacífica com esses
vegetais fundamentais à nossa vida na cidade. Assim como na medicina, busca-se
atuar na silvicultura e no manejo de árvores urbanas pela INTERVENÇÃO MÍNIMA
POSSÍVEL, o que caracteriza a premissa ou diretriz da boa técnica agronômico-
florestal-biológica.
Figura 26: Podas de rebaixamento de copa da CPFL na Rua Maria Umbelina Couto, Taquaral,
Campinas-SP.
Fonte: Acervo do autor
62
Figura 27: Poda da CPFL em “V” Rua Jorge Krug, Guanabara-Campinas-SP. Gerando o
desbalanceamento e risco de colapso da madeira, além de compor grande área de ferimento e entrada
de doenças e patógenos. A árvore tem sua vida útil reduzida devido à prática e a municipalidade arca
com os custos socioeconomicoambientais.
Fonte: Acervo do autor
Figura 28: Poda em “U”, realizada pela CPFL na Rua Jorge Krug, Bairro Guanabara, Campinas-SP.
Fonte: Acervo do autor
63
Figura 29: Poda em “U” realizada pela CPFL, Rua Jorge Krug, Guanabara, Campinas-SP.
Fonte: Acervo do autor
Figura 30: Alecrim de Campinas morto, após
receber inúmeras podas radicais pela CPFL,
Campinas-SP.
Fonte: Acervo do autor.
Figura 31: Alecrins de Campinas. O primeiro com
“envassouramento” dos ramos podados, antes de
morrer, o segundo, já morto. Podas realizadas
pela CPFL, Campina-SP.
Fonte: Acervo do autor
64
Figura 32: Alecrim de Campinas morto,
predominância da rede aérea obsoleta de
distribuição de energia da CPFL, Campinas-SP.
Fonte: Acervo do autor
Figura 33: Ipê branco com poda em L aberta e
rebaixamento de copa pela CPFL, Campinas-SP.
Fonte: Acervo do autor
Em São Paulo e em outras cidades brasileiras, o processo de degradação
urbana possui traços comuns: Redes obsoletas de distribuição aérea de energia são
mantidas em detrimento da qualidade de vida do cidadão. Nas próximas imagens
coletadas nas ruas da capital paulista, percebe-se claramente a poluição visual, a
agressividade do meio urbano, a falta de elementos naturais arbóreos devido à
apropriação de parcela significativa da paisagem pelos aparatos da empresa
concessionária. A cidade fica esteticamente comprometida, os cidadãos desvalorizam
seu espaço construído e perdem-se completamente as referências da beleza, da
arquitetura e da amplitude espacial.
65
Figura 34: Degradação urbana proporcionada pela rede aérea de distribuição de energia. O aparato
exposto das companhias ocupa o mesmo espaço que poderia estar ocupado com a arborização urbana,
gerando a desvalorização dos locais, a poluição visual, a privação dos cidadãos ao convívio e benefício
da presença do verde em seu cotidiano. A cidade perde sua referência estruturadora do espaço. São
Paulo – SP.
Fonte: Acervo do autor
66
Figura 35: Detalhamento das fiações expostas da
Eletropaulo degradadoras do meio ambiente
urbano. Os aparatos expostos ocupam locais
nobres que poderiam ser arborizados. São Paulo-
SP.
Fonte: Acervo do autor
Figura 36: A imagem demonstra a sobrecarga de
fios e aparatos da Eletropaulo, além do péssimo
aspecto da cidade. São Paulo-SP.
Fonte: Acervo do autor
Figura 37: Não há qualquer comprometimento com
a beleza, harmonia e estética. As fiações expostas
compõe sérios riscos de acidentes à população e
comerciantes. Eletropaulo, São Paulo-SP.
Fonte: Acervo do autor
67
Países como Argentina, Uruguai, Áustria, Alemanha, França, Holanda,
Eslováquia, República Tcheca, efetivamente colocam em prática nas suas cidades
sistemas de distribuição de energia que são compatíveis à presença de arborização em
calçadas. No Brasil, inúmeras cidades como Maringá, São Paulo e Curitiba, têm
efetivado programas de convivência com o elemento arbóreo de maneira saudável e de
maneira a efetivar os benefícios econômicos e ambientais das árvores.
Vê-se um absurdo retrocesso ambiental e de qualidade de vida nas cidades,
ao manterem-se sistemas de distribuição de energia obsoletos e extremamente
poluidores esteticamente (cabeamentos aéreos sobrecarregados, postes e cruzetas)
que degradam o ambiente urbano, além de competir diretamente com o lugar que
deveria ser destinado às árvores. A argumentação das empresas elétricas no sentido
de justificarem essa conduta é frágil, na contramão da história e em contraposição
direta à sustentabilidade e à proporção de seus lucros astronômicos. É necessário que
elas se adequem às atuais realidades e necessidades da população na busca de um
meio ambiente urbano mais equilibrado, respeitem as árvores viárias que compõe a
rede de infraestrutura verde que suporta a vida e sustenta as cidades. As árvores são
um patrimônio de valor inestimável ao município e a cada cidadão, bens protegidos pela
legislação ambiental brasileira e Constituição Federal de 1988.
Mesmo a instalação de redes subterrâneas de serviços públicos é feita de
modo mal planejado e vem causando prejuízos ao sistema radicular das árvores
urbanas, principalmente as viárias. A instalação das redes de gás subterrâneas, em
geral, não respeita as raízes das árvores - é realizada sob elas, gerando uma
instabilidade no solo e danos às raízes (estruturas responsáveis pelo equilíbrio, pela
sustentação e nutrição dos vegetais). O dano no sistema radicular é de difícil
cicatrização, por estar sob o solo e ter influência direta de múltiplos agentes como:
umidade, decompositores, bactérias, fungos, patógenos, térmitas (cupins), coleópteros
(brocas), dentre outros. Com o tempo, pequenos ferimentos podem continuar evoluindo
até comprometerem a estrutura, a nutrição das árvores, seu equilíbrio e estabilidade.
Aumenta-se o risco com acidentes por queda, pelo próprio enfraquecimento e morte
68
dos vegetais (Figuras 38, 39, 40, 41, 42, 43 e 44). No caso mostrado na Figura 38, a
árvore enfraquecida pela poda de suas raízes atingiu um veículo em movimento, o que
quase gerou vítimas fatais. Houve a destruição parcial do veículo, danos materiais à
vítima e a geração de sentimento de insegurança com relação à saúde das árvores
afetadas pela tubulação de gás no bairro Cambuí, em Campinas-SP.
Figura 38: Implantação de rede de gás subterrânea pela empresa COMGÁS. R. Coronel Silva Telles,
Campinas-SP, 211, Edifício Leonardo da Vinci. Poda de raízes de sustentação em árvore da espécie
Delonix regia, Flamboyant.
Fonte: Acervo do autor
Figura 39: Detalhe da poda realizada nas raízes do indivíduo na R. Coronel Silva Telles para a passagem
da tubulação de gás da empresa COMGÁS. A mesma foi feita atingindo raízes grossas e finas,
prejudicando a sustentação, o equilíbrio e a nutrição da árvore.
Fonte: Acervo do autor
69
Figura 40: No detalhe é mostrada a comunicação da rede que passa na R. Coronel Silva Telles, em
Campinas, com a tubulação de entrada ao consumidor, Edifício Leonardo da Vinci, 211.
Fonte: Acervo do autor
Figura 41: Após a conclusão do serviço, a árvore que teve o seu sistema radicular podado foi
prejudicada. Seu estado fitossanitário se deteriorou rapidamente até sua queda sobre um veículo em 14
de janeiro de 2008.
Fonte: Acervo do autor
Arborização urbana como rede essencial de infraestrutura
Arborização urbana como rede essencial de infraestrutura
Arborização urbana como rede essencial de infraestrutura
Arborização urbana como rede essencial de infraestrutura
Arborização urbana como rede essencial de infraestrutura
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Arborização urbana como rede essencial de infraestrutura

  • 1. 0 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Instituto de Artes/SP & Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz JOSÉ HAMILTON DE AGUIRRE JUNIOR SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES: arborização como rede essencial de infraestrutura urbana. São Paulo 2011
  • 2. 1 JOSÉ HAMILTON DE AGUIRRE JUNIOR SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES: arborização como rede essencial de infraestrutura urbana Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Artes da UNESP - Universidade Estadual Paulista e da UMAPAZ - Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Arte, Ecologia e Sustentabilidade Orientadora: Profª Rose Marie Inojosa Co-orientador: Vitor Octavio Lucato São Paulo 2011
  • 3. 2 Ficha catalográfica elaborada por Mayara Parolo Colombo (CRB-8 7834) A284s AGUIRRE JUNIOR, José Hamilton Sustentabilidade nas cidades: arborização como rede essencial de infraestrutura urbana / José Hamilton Aguirre Junior - São Paulo, SP, 2011. 98 p. : il. Orientador: Rose Marie Inojosa Monografia (conclusão de curso Lato Sensu) - Universidade Estadual Paulista e Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz. Inclui bibliografia 1. Arborização Urbana. 2. Sustentabilidade. 3. Urbanização. I. Universidade Estadual Paulista. II. Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz. III. Título. CDD 715.2
  • 4. 3 A Deus. A minha família. Às árvores: majestosas, imponentes, humildes, belas, protetoras; amigas generosas, tão necessárias ao ser Humano. A todos os que crêem ser viável a busca, a concepção e a construção de cidades sustentáveis. A aqueles que aplicam em seu cotidiano práticas que visem à perpetuação de um planeta melhor às gerações atuais e futuras, respeitando a teia da vida, delicado e complexo presente do Criador. A aqueles que cultivam seu jardim interno e o transpassam à realidade terrena. A quem perpetua a cultura da civilidade e da harmonia; à Sociedade verdadeiramente Humana, sustentada, estruturada e acalentada pelo elemento vegetal, Dedico
  • 5. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os colaboradores que contribuíram à realização deste trabalho. A Deus e a Cristo. A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” e UMAPAZ – Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz. A meus orientadores: Dra. Rose Marie Inojosa e MSc. Vitor Octavio Lucato. À Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo. A ONG Movimento Resgate o Cambuí, Galeria Croqui e Galeria Penteado, Tereza Penteado, Erica Cintra e Filipi Lilla Gomes. A Mayara Parolo Colombo Reibaldi e Christian Despontin. A minha família, em especial minha mãe; pai, avô, avó e bisavós (in memorian) por serem meus exemplos de superação, de dedicação e de luta pela vida, por sua simplicidade e força de vontade. A meus irmãos, sobrinhas, tios e primos, por todo o suporte, trocas e bons momentos. A Günter e Vânia, Ieda e Bert, Arkan e Joseph, Otavio, Juliana e Eduardo por terem me acolhido em 2010 na viagem à Europa que me permitiu o aprendizado envolvendo a arborização da Áustria, Hungria, Tcheca, Eslováquia, Holanda, Alemanha e França. Ao Eng. Jefferson Rocco, da Prefeitura Municipal de Campinas, pelas contribuições. A Profa. Dra. Ana Maria Liner Pereira Lima e Prof. Dr. Demóstenes Ferreira da Silva por todos os ensinamentos, trocas e estímulo quanto à pesquisa e ações efetivas em arborização urbana. A Carlos Roberto Ferraz, Eng. Agro. Carlos Henriques e Samir pela amizade, apoio e contribuições. A Marcos Vega pela apresentação da arboricultura argentina e de toda a sua especificidade. Ao amigo Cleiton Honório de Paula, que em breve será arquiteto, pelo seu grande empenho particular, pelo apoio, tradução do resumo, auxílio nas fases de elaboração, consolidação e compilação das ideias que culminaram neste trabalho. Muito obrigado.
  • 6. 5 O prazer de servir Gabriela Mistral Toda a natureza é um ato de servir Serve a nuvem, serve o ar, serve a terra Onde houver uma árvore a plantar, plante-a você Onde houver um erro a reparar, repare-o você Onde houver um esforço a que todos se esquivam, aceite-o você Seja aquele que remove a gigantesca pedra do caminho Seja aquele que retira o ódio dos corações e as dificuldades do problema Existe a alegria de ser são e justo; mas há, sobretudo, a linda, a imensa alegria de servir Que triste seria o mundo se tudo nele já estivesse feito! Se não mais houvesse uma roseira a ser plantada, uma iniciativa a empreender... Que você não atraia apenas os trabalhos fáceis! É tão belo fazer o que os outros se esquivam! Mas não caia no erro de que só se consegue mérito com os grandes trabalhos Há pequenos serviços que são bons préstimos Enfeitar uma mesa, arrumar uns livros, pentear uma menina. Aquele que critica é aquele que destrói Seja você aquele que serve O servir não é uma tarefa de seres inferiores Deus, que dá o fruto e a luz, serve. Poderia se chamar assim: Aquele que serve E Ele tem seus olhos fixos em nossas mãos e nos pergunta a cada dia: Serviu hoje? À árvore? A seu amigo? À sua mãe?
  • 7. 6 RESUMO SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES: ARBORIZAÇÃO COMO REDE ESSENCIAL DE INFRAESTRUTURA URBANA. Inúmeros têm sido os problemas ocasionados pela falta de planejamento das cidades brasileiras. Com destaque, a saturação e obsolescência das redes de infraestrutura. Estas redes são implantadas sem a devida projeção da crescente urbanização e adensamento populacional, nem tampouco das novas demandas humanas, não realizando as consequentes compatibilizações necessárias à pretendida condição de desenvolvimento sustentável. As redes aéreas têm sido responsáveis por forte degradação urbana ao ocupar espaços nobres com seus equipamentos e mobiliário. Elas representam um grave elemento de poluição visual, aumentando a saturação da paisagem da cidade e contribuindo para a desvalorização do patrimônio construído. Impedem a implantação, consolidação e manutenção de estruturas qualificadas de arborização. Afetam o estado fitossanitário das árvores existentes, gerando riscos à população pela iminência da queda e morte dos vegetais. Por outro lado, as redes subterrâneas implantadas sem projetos adequados e compatibilizados restringem enormemente o espaço necessário ao plantio e desenvolvimento de estruturas arbóreas. Esse padrão ocupacional faz com que haja cada vez menos vegetação de porte em nossas cidades. Logo, a concessão do uso do espaço aéreo e subterrâneo pouco regulamentada gera prejuízos paisagísticos, ambientais e econômicos às Municipalidades. Este trabalho apresentará a arborização urbana como rede de infraestrutura a ser constituída, considerando-a essencial, assim como qualquer outra, suportando a vida e buscando a sustentabilidade das cidades. A mudança de paradigmas através da difusão de conhecimento técnico, da conscientização da população, da alteração de práticas das concessionárias de serviços públicos, bem como a própria maneira de interpretar e agir por parte do poder constituído é fundamental na busca por cidades menos agressivas e que respeitem a rede de arborização como fornecedora de serviços socioeconômicoambientais ou ecossistêmicos. Assim, é apresentada a construção de um modelo para a sociedade
  • 8. 7 que concilie boa qualidade de vida e equilíbrio ambiental junto com a necessária presença compartilhada de todas as redes, inclusive de arborização, que compõe a infraestrutura fundamental para sustentar a macroestrutura urbana. Palavras-chave: Redes de infraestrutura; sustentabilidade; arborização urbana; planejamento urbano; meio ambiente urbano
  • 9. 8 ABSTRACT CITIES SUSTAINABILITY: FORESTRY AS AN ESSENCIAL URBAN INFRASTRUCTURE NETWORK Many problems have been caused by bad urban planning. Specially, the saturation and the obsolescence of infrastructure networks. These networks are deployed without the right projection of increasing urbanization and population density, don’t considerer the new human needs and don’t realize the subsequent and necessary reconciliation between each other for the sustainable development. The aerial networks occupy nobles spaces with their equipment and have been strong factors for the urban land degradation. They represent a serious element of visual pollution, increase the saturation of the urban landscape and contribute for the real estate devaluation. They make the implantation, consolidation and maintenance of tree structures difficult. They affect the trees health, creating risks for the imminent downfall and the death of the plants. On the other hand, the underground networks are deployed with bad technical projects. So, they greatly restrict the required space for the trees structures development. This occupational pattern means less woods in our cities. Therefore, the poorly regulated grating of use of the urban airspace and underground space increases landscape, environmental and economic damages for the Municipalities. This paper work will present the urban forestry as a network infrastructure to be composed and considered an essential one; so important as any other for supporting the life and the sustainable development of our cities. The paradigms shift through the dissemination and popularization of the technical knowledge, people awareness, public practices change is essential. As well as, it is crucial for less aggressive and green cities the change of constituted powers view to interpreting, planning and taking action. These are fundamental for creating the urban forestry as the infrastructure network that provides socio-economic-environmental services like ecossystemic services. It will be proposed a model for the reconciliation between good life quality and environmental equity, with the necessary shared presence of all infrastructure networks, including forestry one, which comprises the base to sustaining the macro human structure – the city.
  • 10. 9 Keywords: Infrastructure network; sustainability, urban forestry, urban planning, urban environment
  • 11. 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1: ilustração de um bairro em Londres, sec. XIX – Ilustração de Gustave Doré. Nota-se o “fog” névoa típica que pairava pela área londrina, constituindo-se em fonte de problemas respiratórios e “marca” da cidade. A ausência de cores e de elementos naturais compunha o espaço construído. A revolução industrial deixou marcas profundas como a grande presença de indústrias e poluição....................................... 30 Figura 2: Ilustração do Falanstério, de autoria de Victor Considérant. Proposta pelo filósofo utopista Charles Fourier - defendia a reorganização social completa, muito além da questão territorial-ambiental. Ela colocava a necessidade de ordenação da sociedade através de um rígido controle da execução, divisão de tarefas e convivência coletiva. As cidades seriam reorganizadas por grandes pavilhões ajardinados para a convivência coletiva, a fim de facilitar o controle social. O cidadão perderia grande parte de sua individualidade em favor do corpo coletivo......................................................... 31 Figura 3: Foto de Paris – autor desconhecido – A cidade antiga num momento imediatamente anterior às remodelações implantadas pelo Barão de Haussmann. anterior às remodelações do Barão de Haussmannn (autor desconhecido). Nota-se a presença de vielas escuras e insalubres, casebres e cortiços, com pouca possibilidade de fruição. Desconsiderava-se o elemento natural como estruturador da paisagem.... 32 Figura 4: Demolições em Paris segundo o plano do Barão de Haussmann - autoria desconhecida. Neste cenário, a principal característica era a abertura de áreas no ambiente construído e com acesso a rede de serviços, para a reintrodução de áreas verdes e de arborização visando à sanidade do espaço. Como consequência direta destas ações, surgiram os bulevares, praças, parques e avenidas - belas, salubres, ordenadas e verdes........................................................................................................ 33 Figura 5: Avenue des Champs Eliseé – Em Paris, o mais clássico dos bulevares. Os bulevares são uma contraposição a vielas medievais escuras, estreitas, insalubres, com esgoto correndo a céu aberto. Nota-se a reintrodução do verde como elemento balizador e estruturador do espaço público. As calçadas desse espaço fora transformadas em espaço de convivência e fruição...................................................... 34
  • 12. 11 Figura 6: Ringstrasse de Viena - Bulevar vienense construído sobre as antigas muralhas da cidade onde atualmente é a sua região central. Apesar do formato anelar segue os parâmetros Haussmanianos, a saber: calçadas e leitos carroçáveis largos e arborização de grande porte como elemento estruturador. Período posterior à remodelação de Paris..................................................................................................... 35 Figura 7: The Mall em Londres - Bulevar haussmanniano que acessa o palácio de Buckinghan. Após a remodelação de Paris, Londres como capital do império britânico em seu auge durante o período Vitoriano, igualmente passa por diversas alterações, dentro dos princípios sanitaristas e de embelezamento para a construção de uma imagem de cidade moderna e civilizada. Dentro desse plano de remodelações, o Palácio de Buckinghan ganhou uma nova fachada e uma avenida monumental para os desfiles e apresentações cívicas que passaram a congregar a população londrina, desde então, até a atualidade. Compuseram-se tanto em Paris na Champs Eliseé quanto no The Mall em Londres a criação de um novo espaço urbano destinado à vida pública............................................................................................................................ 36 Figura 8: Washignton, National Mall, criado em 1901. Modelo Haussmaniano, dentro da escala dos projetos monumentais norte americanos..................................................... 37 Figura 9: Belo Horizonte, cartão postal de 1946 – destaca-se a nova capital construída sobre os princípios positivistas de “ordem e progresso” difundidos pelo regime republicano recém proclamado à epoca. Toda a cidade foi projetada e construída segundo a inspiração haussmaniana, com vastas avenidas e bulevares – as mais largas do país à epoca – fortemente estruturadas pelo elemento arbóreo........................................................................................................................... 38 Figura 10: Avenida Central – atual Av. Rio Branco, imagem de autor desconhecido, criada em 1906. Principal intervenção do prefeito Pereira Passos para a remodelação da capital do país, Rio de Janeiro. Todas as fachadas dos prédios foram definidas pelo estado através de concurso público, visando a “harmonia perfeita” entre a paisagem e as fachadas. Neste momento é realizada a difusão da arborização urbana na estruturação dos espaços públicos da capital federal, inspirada também nas diretrizes haussmanianas.............................................................................................................. 39
  • 13. 12 Figura 11: Avenida São João, foto da Light and Powers Company, 1930. Este foi o grande bulevar de São Paulo até a década de 1970, marco haussmaniano na capital paulista. Foi usada como vetor de expansão urbana criando espaços sofisticados de comércio, lazer, entretenimento para a crescente população industrial........................ 40 Figura 12: Plano de uma “Garden City” - Nesse modelo, havia o estabelecimento de um limite para os núcleos populacionais que seriam entremeados à áreas livres destinadas a parques, bosques e agricultura. Essa composição resgata a antiga recomendação grega de impedir grandes concentrações populacionais e das consequências sobre o meio ambiente e qualidade de vida dos cidadãos.......................................................... 41 Figura 13: Letchtworth, Inglaterra, uma “garden city” implantada - Cidade criada como empreendimento imobiliário, sem contar com investimento estatal. Ela prescindiu das características de estruturas produtivas que lhe confeririam a apregoada autosuficiência, característica essencial a uma garden city. O funcionamento comunal e solidário sustentaria a proposta urbanística. Essa era a época do avanço das ideias socialistas e comunistas originadas a partir da defesa da solidariedade humana como instrumento de resgate das qualidades urbanísticas, envolvendo os aspectos socioambientais.............................................................................................................. 42 Figura 14: Plano de Le Corbusier para Paris – Aqui se nota o corte e a recomposição completa do tecido urbano, com forte adensamento a partir da verticalização das construções, rígido ordenamento das funções urbanas (habitar, produzir, circular) e a destinação do solo para áreas livres e verdes destinadas ao lazer, à contemplação e à manutenção dos fenômenos naturais. A proposta essencial do urbanismo modernista era a transformação de todo o solo urbano em espaços públicos destinando as atividades privadas às edificações verticalizadas erguidas sobre o solo através do uso de pilotis (estruturas de sustentação com formato semelhante a colunas, que permitem a manutenção de espaços abertos sob a construção, compondo áreas de livre circulação e possível ajardinamento)............................................................................. 43 Figura 15: Esplanada dos Ministérios em Brasília - Ponto culminante do urbanismo ocidental, com predominância da composição de espaços abertos marcados pela presença de forração (gramados e jardins) condutora do olhar a um elemento construtivo de destaque (Praça dos 3 poderes - Congresso Nacional), com toda a
  • 14. 13 esplanada compondo um bulevar-parque, estruturado pelo elemento arbóreo emoldurando as construções......................................................................................... 44 Figura 16: Superquadras habitacionais de Brasília - sofisticadas unidades de vizinhança-parques concebidas por Lúcio Costa, são isoladas das vias expressas de circulação por intensa arborização de grande porte com o objetivo de lhes conferir um caráter de ambiente equilibrado. O papel direto da arborização nesse caso é a proteção ao Sol e o efeito umidificador do ar de Brasília, muito seco, em períodos invernais, de abafamento de ruído e controle da poluição atmosférica, bem como, na opinião de seu criador, de gerar a composição de características de vizinhança e intimidade relacionada às funções residenciais........................………………………………........... 44 Figura 17: Rio Tietê - O maior curso d´água da cidade de São Paulo. A degradação deste grande manancial foi realizada de modo a destacar a opção desenvolvimentista a “qualquer custo”. Atualmente, a cidade busca em outras regiões do estado de São Paulo, através do Sistema Cantareira, o suprimento de água que, devido à poluição assombrosa de seu “Rio Grande” – em tupi guarani - impede o usufruto dos recursos providos por ele. Às outras regiões do estado como a de Piracicaba, cabe a redução da disponibilidade hídrica para sustentar a continuidade dos erros de um modelo de desenvolvimento equivocado......................................................................................... 46 Figura 18: São Paulo - metrópole que tem pretensões de ser mundial (4a maior aglomeração urbana do mundo): nota-se a ocupação desordenada do espaço, a invasão da várzea dos rios e áreas de baixada. Grandes aglomerados de prédios luxuosos, que seguem modelos europeus e norteamericanos de arquitetura (vidros espelhados, uso intensivo de condicionadores de ar e gasto de energia). Como consequente desta ocupação desplanejada, seus grandes rios são poluídos devido à total despreocupação com o respeito aos elementos naturais de sustentação da cidade. Seus espaços públicos estão desqualificados. A cidade é agressiva ao morador urbano, está balizada na cultura do meio de transporte individual (pontes, viadutos, autopistas, ruas e avenidas). A ausência ou mínima presença do elemento vegetal descaracteriza a paisagem e a presença de prédios de alturas gigantescas em proporção ao espaço ocorrente faz com que se perca a noção do relevo natural e das especificidades do sítio natural......................………………………………………………………………….…. ….. 47
  • 15. 14 Figura 19: Cidade de São Paulo – aglomerado urbano com 11.244.369 habitantes (IBGE, 2011), cujo território natural foi completamente alterado, verticalizado e impermeabilizado, com grande ausência do verde. Ocupação caótica do espaço natural e consequências diretas sobre o clima, bem-estar e qualidade de vida da população. Ausência de políticas públicas que conduzam ao ordenamento urbano e à interligação de todas as redes de infraestrutura de maneira eficiente e harmônica. Nos moldes em que se encontra hoje, a cidade é inviável, sob todos os aspectos socioeconômicoambientais…......…………………………………………………….......... 48 Figura 20: Avenida Barão de Itapura, Campinas-SP. Nota-se a extrema poluição visual causada pela fiação aérea obsoleta e ausência total de arborização. Região árida e insalubre. Grande poluição pelo tráfego intenso de veículos......................................... 57 Figura 21: Praça da Torre do Castelo, Campinas-SP. Retiraram-se todas as árvores da Praça, sob a alegação de posterior replantio que até hoje não aconteceu. Local inóspito onde as pessoas não sentem conforto em caminhar devido às altas temperaturas..... 58 Figura 22: R. Coronel Quirino – Campinas, SP. Ausência quase total de árvores, poluição visual pelo sistema aéreo de fiação, uso de arbustos que prejudicam os pedestres e formam bloqueio do campo visual (círculo vermelho).................................................... 58 Figura 23: Uso generalizado de palmeiras em projetos de arborização. As palmeiras não contribuem para a melhoria do microclima urbano devido à sua folhagem ter dimensões reduzidas. Nota-se que as pessoas, mesmo buscando sombra, não a encontram. O forte calor afeta negativamente o conforto dos munícipes. Estas áreas deveriam contar com árvores de porte alto, copa espessa e que permita grande interceptação de luz....................................................................................................... 59 Figura 24: Av. Coronel Quirino, Campinas-SP. Totalmente árida, desprovida de qualquer arborização significativa. A fiação aérea obsoleta degradando o espaço público.............. 59 Figura 25: R. Sampaio Ferraz, Campinas - SP. Uso de arbustos e falta de arborização nas calçadas da cidade. Nota-se o desconforto das pessoas, que fazem uso de guarda- chuvas para se proteger. A fiação obsoleta é um dos principais fatores de degradação urbana e do prejuízo da qualidade de vida dos munícipes............................................ 60
  • 16. 15 Figura 26: Podas de rebaixamento de copa da CPFL na rua Maria Umbelina Couto, Taquaral, Campinas-SP................................................................................................. 61 Figura 27: Poda da CPFL em “V” Rua Jorge Krug, Guanabara-Campinas-SP. Gerando o desbalanceamento e risco de colapso da madeira, além de compor grande área de ferimento e entrada de doenças e patógenos................................................................ 62 Figura 28: Poda CPFL Jorge Krug, Guanabara-Campinas-SP...................................... 62 Figura 29: Poda CPFL Jorge Krug, Guanabara............................................................. 63 Figura 30: Alecrim de Campinas morto, após receber inúmeras podas radicais pela CPFL, Campinas-SP...................................................................................................... 63 Figura 31: Alecrins de Campinas. O posterior morto. O anterior com envassouramento dos ramos podados, antes de morrer, o que acabou acontecendo pouco tempo depois. Podas realizadas pela CPFL, Campinas –SP................................................................ 63 Figura 32: Alecrim de Campinas morto, predominância da rede aérea obsoleta de distribuição de energia da CPFL, Campinas-SP............................................................ 64 Figura 33: Ipê branco com poda em V aberta e rebaixamento de copa pela CPFL, Campinas-SP................................................................................................................. 64 Figura 34: Degradação urbana proporcionada pela rede aérea de distribuição de energia............................................................................................................................ 65 Figura 35: Detalhamento das fiações expostas da Eletropaulo degradadoras do meio ambiente urbano. Os aparatos expostos ocupam locais nobres que poderiam ser arborizados. São Paulo-SP............................................................................................ 66 Figura 36: A imagem demonstra a sobrecarga de fios e aparatos da Eletropaulo, além do péssimo aspecto da cidade. São Paulo-SP.............................................................. 66 Figura 37: Não há qualquer comprometimento com a beleza, harmonia e estética. As fiações expostas compõe sérios riscos de acidentes à população e comerciantes. Eletropaulo, São Paulo-SP............................................................................................. 66 Figura 38: Implantação de rede de gás subterrânea pela empresa COMGÁS. R. Coronel Silva Telles, Campinas-SP, 211, Edifício Leonardo da Vinci. Poda de raízes de sustentação em árvore da espécie Delonix regia, Flamboyant...................................... 68 Figura 39: Detalhe da poda realizada nas raízes do indivíduo na R. Coronel Silva Telles para a passagem da tubulação de gás da empresa COMGÁS. A mesma foi feita
  • 17. 16 atingindo raízes grossas e finas, prejudicando a sustentação, o equilíbrio e a nutrição da árvore........................................................................................................................ 68 Figura 40: No detalhe é mostrada a comunicação da rede que passa na R. Coronel Silva Telles, em Campinas, com a tubulação de entrada ao consumidor, Edifício Leonardo da Vinci, 211................................................................................................... 69 Figura 41: Após a conclusão do serviço, a árvore que teve o seu sistema radicular podado foi prejudicada. Seu estado fitossanitário se deteriorou rapidamente até sua queda sobre um veículo em 14 de janeiro de 2008....................................................... 69 Figura 42: Após sua queda em 14 de janeiro de 2008. Causando transtornos e risco de morte ao proprietário do veículo atingido ou a outros transeuntes................................ 70 Figura 43: Árvore prejudicada pela poda de raízes pela empresa COMGÁS, R. Coronel Silva Telles, 211, Edifício Leonardo da Vinci, em Campinas. Segue no anexo 10, artigo publicado na imprensa local sobre o fato....................................................................... 70 Figura 44. Tubulação de gás passando sob a arborização e atingindo o sistema radicular dos indivíduos ................................................................................................ 71 Figura 45a: Vista da rua para a calçada em que a tubulação de gás corre paralela ao passeio pela arborização................................................................................................ 71 Figura 45b. Detalhe da comunicação da rede principal com o consumidor, passando pelo sistema radicular da arborização............................................................................ 71 Figura 46: Vista representando o corte do sistema radicular para a passagem da tubulação de gás da tubulação principal para a secundária (consumidor) pela empresa COMGÁS........................................................................................................................ 72 Figura 47: Vista aérea representando a passagem da tubulação principal de gás e a de ligação com o consumidor passando pelo sistema radicular......................................... 72 Figura 48: Área potencial a receber arborização ocupada pela tubulação de gás da empresa COMGÁS, no Bairro Castelo, Campinas-SP.…………………………….......... 73 Figura 49: Área potencial a receber arborização ocupada pela tubulação de gás da empresa COMGÁS, no Bairro Castelo, Campinas-SP................................................... 73 Figura 50: Nesta praça, localizada na saída da estrada para Barão Geraldo (Tapetão) Bairro Vila Nova, Campinas-SP, as árvores paralelas ao asfalto tiveram suas raízes podadas para a passagem da tubulação pela empresa Oxfort, trabalho com segurança.
  • 18. 17 Nota-se que a tubulação poderia perfeitamente ter passado pela região central da praça em que não há a presença de vegetação de porte alto. Houve a cobertura com terra das áreas escavadas para a passagem da tubulação................................................... 74 Figura 51: A central de gás também foi instalada nas proximidades das raízes, empresa Oxfort, trabalho com segurança..................................................................................... 74 Figura 52: As perfurações no solo geraram erosão subsuperficial na R. Coronel Quirino esq. Silva Telles, Campinas-SP. À esquerda as marcações da empresa. À direita o paralelepípedo com o início da erosão........................................................................... 75 Figura 53: Detalhe do início da erosão subsuperficial causado pelas perfurações da empresa COMGÁS. Com o tempo e ação das chuvas, o pavimento de paralelepípedo começou a ceder e a permitir a passagem de quantidade de água cada vez maior..... 75 Figura 54: Detalhe do piso cedendo mesmo após os vários consertos feitos pela empresa. Rua Coronel Quirino esq. Silva Telles, Campinas-SP................................... 76 Figura 55: Mais uma perfuração no local. Rua Coronel Quirino esq. Silva Telles (09 de fevereiro de 2008), Campinas-SP.................................................................................. 76 Figura 56: Detalhe da mais recente perfuração no local (09 de fevereiro de 2008). Rua Coronel Quirino esq. Silva Telles, Campinas-SP........................................................... 77 Figura 57: Detalhe do piso cedendo resultante da erosão subsuperficial (09 de fevereiro de 2008). Rua Coronel Quirino esq. Silva Telles, Campinas-SP................................... 77 Figura 58: Queda de árvore onde a rede da empresa COMGÁS está instalada. Rua Guilherme da Silva, 472/450, Campinas-SP. Tipuana tipu, Tipuana. ........................... 78 Figura 59: Detalhe da marcação utilizada pela COMGÁS, tachão, para a identificação da localização das redes instaladas pela empresa e árvore Tipuana tipu, Tipuana, caída ao fundo. Rua Guilherme da Silva, 472/450. ................................................................. 78 Figura 60: Fachada em que houve a queda da árvore Tipuana tipu, Tipuana, na Rua Guilherme da Silva, 472/450. ........................................................................................ 79 Figura 61. Detalhe da extração do indivíduo Tipuana tipu, Tipuana, na Rua Guilherme da Silva, 472/450, após sua queda. .............................................................................. 79 Figura 62: Lado esquerdo aduela de concreto, lado direito tubo de concreto com a divisão de seu espaço interno e compartimentos a cada tipo de serviço público subterrâneo. .................................................................................................................. 83
  • 19. 18 Figura 63: Rua Coronel Quirino em Campinas-SP antes do tratamento de imagem para compatibilizar as redes de infraestrutura. Nota-se a poluição visual pela rede obsoleta de transmissão de energia, a pouca presença de pedestres nas ruas e ausência quase completa de arborização. O uso de arbustos do lado com fiação desequilibra a harmonia, a estética e proporcionalidade urbana.......................................................... 84 Figura 64: Após a edição gráfica e compatibilização entre as redes de infraestrutura, ocorre a melhoria do espaço urbano como um todo, compondo áreas arborizadas de convívio, circulação e uso. Canteiros adequados à presença de árvores, ciclovias e aterramento da fiação aérea.......................................................................................... 84 Figura 65: Torre do Castelo, Campinas-SP. Área que teve retirada todas as suas árvores, com a promessa de que seriam repostas. Atualmente árida, sem funcionalidade e uso pela população devido à suas condições inóspitas (calor e reflexão de luz do calçamento branco)........................................................................................ 85 Figura 66: Após o tratamento técnico-gráfico utilizou-se do retorno dos elementos naturais ao espaço. Ocorreria a atratividade à população e funcionalidade, pelo uso do espaço............................................................................................................................ 85 Figura 67: Avenida Moraes Salles, Campinas-SP. A municipalidade promoveu a retirada das árvores de porte grande ocorrentes anteriormente nesse local e alterou o perfil urbanístico com a introdução de palmeiras, espécie com poucas contribuições de sombreamento devido às suas características intrínsecas. A população perdeu referências do espaço e de qualidade de vida............................................................... 86 Figura 68: O tratamento realizado reintroduziu as árvores, promovendo o rebaixamento da iluminação, obtendo-se os benefícios do uso técnico e racional da árvore. Elementos fundamentais na rede de infraestrutura urbana, capazes de resgatar a qualidade de vida do cidadão.............................................................................................................. 86 Figura 69: Avenida Barão de Itapura, Campinas-SP. Área extremamente arborizada no passado, degradada visual e ambientalmente pela poluição de veículos e presença ostensiva de rede aérea de distribuição de energia obsoleta. Região inóspita à população....................................................................................................................... 87 Figura 70: Tratamento de imagem e reintrodução do verde. Após a reintrodução do verde, a despoluição visual, a composição de ciclofaixas e o rebaixamento da
  • 20. 19 ilumiinação pública, a função da infraestrutura verde proporcionada pelas árvores vem à tona, compondo um ambiente aprazível e uma cidade mais harmônica, humanizada e sustentável..................................................................................................................... 87 Figura 71: Av. Coronel Silva Telles, Bairro Cambuí, Campinas-SP. Ausência de árvores, predomínio do uso do espaço aéreo pela rede obsoleta de distribuição de energia. Área inóspita aos moradores, sem atratividade, estetica e ambientalmente comprometida................................................................................................................. 88 Figura 72: Introdução da infraestrutura proporcionada pela arborização oferece uma identidade ao espaço Humanizado, cria ambientes belos que confortam os habitantes das cidades. Compõem-se áreas que convidam ao passeio a pé, espantando a violência urbana, devido à presença em massa de pessoas nas ruas......................................... 88 Figura 73: Viena – Áustria. Arborização de grande porte nas proximidades das áreas residenciais. Composição de calçadas verdes e locais adequados para a implantação e presença das árvores. Mais que um equipamento público com funções claras, a árvore coletivamente, cumpre a função de rede de infraestrutura............................................ 90 Figura 74: Viena – Áustria. Alamedas em áreas residenciais. Nota-se a grande presença de árvores próximas aos edifícios que quase desaparecem em meio à vegetação de maior porte, evitando o aquecimento excessivo do ar e solo, dado o sombreamento e proteção natural dos vegetais............................................................ 90 Figura 75: Viena-Áustria. Áreas residenciais são generosamente arborizadas. A função de drenagem de grandes áreas permeáveis destaca-se nesta grande rede de infraestrutura verde. Os cidadãos usufruem um local aprazível, para se deslocar ao longo do dia, nas proximidades de suas residências..................................................... 91 Figura 76: Viena-Áustria. Os leitos carroçáveis são aproveitados para compor grandes canteiros para árvores de maior porte, que contribuem com uma amplitude maior de serviços. Na imagem, as árvores e seus canteiros compõem estacionamentos. É realizada a proteção dos indivíduos por barras de metal............................................... 91 Figura 77: Viena – Áustria. Pedestres usufruindo a rede de infraestrutura verde em dias de verão. O sombreamento garante o conforto ao caminhar e estimula as pessoas a
  • 21. 20 saírem de suas casas. . A árvore estrutura o espaço, lojas, vitrines, carros e mobiliário urbano convivem pacificamente..................................................................................... 92 Figura 78: Viena – Áustria. A preocupação com o planejamento, com a implantação adequada e funcionalidade da infraestrutura verde são características marcantes da arborização austríaca. Há simetria e preocupação com o distanciamento e ocupação completa do espaço aéreo pelas copas......................................................................... 92 Figura 79: Viena – Áustria. Rede de infraestrutura de transporte, elétrica, subterrânea e arbórea em harmonia..................................................................................................... 92 Figura 80: Viena – Áustria. Implantação da iluminação central nas ruas e abaixo da copa dos vegetais........................................................................................................... 93 Figura 81: Viena – Áustria. Detalhe da iluminação central às ruas................................ 93 Figura 82: Budapeste – Hungria. Neste país do leste europeu é marcante a presença de parques e locais em que a população pode usufruir a rede de infraestrutura verde............................................................................................................................... 94 Figura 83: Budapeste – Hungria. A requalificação de áreas urbanas define e ordena o espaço. Regiões centrais onde é reduzida a presença da infraestrutura verde e passa a contar com a mesma de maneira ordenada e planejada............................................... 94 Figura 84: Berlim – Alemanha. A presença da arborização é maximizada pelo espaço urbano. O grande porte das árvores estrutura e qualifica o perfil da cidade................. 95 Figura 85: Berlim – Alemanha. Como equipamento público individual e como componente da rede de infraestrutura verde, ocorre o estabelecimento de um local específico para a arborização, que não entra em conflito com outras redes de funcionamento urbana.................................................................................................... 95 Figura 86: Berlim – Alemanha. O espaçamento e a condução adequada dos vegetais, além de todas as funções elencadas, representam a composição de túneis, de direcionamento e balizamento das vias, ordenando e auxiliando motoristas e pedestres no seu trajeto cotidiano.................................................................................................. 96 Figura 87: Hamburgo – Alemanha. Praças e áreas públicas recebem maciçamente a presença do verde, visando à estética e os serviços ambientais.................................. 96 Figura 88: Hamburgo – Alemanha. Inserção da árvore na vida cotidiana..................... 97
  • 22. 21 Figura 89: Hamburgo. Espaços públicos de locomoção arborizados e compondo locais de convívio, estada e deleite. Iluminação abaixo da copa dos vegetais, ordenação do espaço e uso racional, técnico e planejado do verde compondo rede de infraestrutura.................................................................................................................. 97 Figura 90: Hamburgo – Alemanha. Neste bairro, Hafencity, antiga área portuária e degradada, a arborização recente é planejada e implantada igualmente a qualquer outra rede de infraestrutura........................................................................................... 98 Figura 91: Hamburgo – Alemanha. Arborização instalada de maneira a proteger os pedestres do sol e obter benefícios como umidificação direta do ar, retenção e filtragem de poluentes, abafamento de ruídos. Nota-se à esquerda a via movimentada, o sol e à direita pedestres caminhando à sombra........................................................................ 98 Figura 92: Hamburgo – Alemanha. Arborização em áreas centrais, cumprindo seu papel de infraestrutura............................................................................................................. 99 Figura 93: Hamburgo – Alemanha. Rede de infraestrutura verde em altura superior a das residências............................................................................................................... 99 Figura 94: Hamburgo – Alemanha. Ciclovias, estacionamentos, áreas de convívio, circulação que contam com a proteção da infraestrutura verde................................... 100 Figura 95: Hamburgo – Alemanha. Mobiliário urbano, pontos de ônibus e população. Integração entre todas as redes de infraestrutura. Bom funcionamento da malha urbana.......................................................................................................................... 100 Figura 96: Buenos Aires - Argentina. Mesmos princípios e funcionalidade de redes de infraestrutura. Composição de túneis, ocupação racional e valorização do espaço urbano, planejamento e manutenção técnicos............................................................. 101 Figura 97: Buenos Aires - Argentina. Espaço aéreo urbano protegido pelas copas de árvores de grande porte............................................................................................... 101 Figura 98: Buenos Aires - Argentina. Arborização entre edificações. O espaço urbano é devidamente planejado. A iluminação e demais infraestruturas não competem com as árvores.......................................................................................................................... 102 Figura 99: Buenos Aires - Argentina. Ocupação do espaço e rede de infraestrutura verde eficiente.............................................................................................................. 102
  • 23. 22 Figura 100: Buenos Aires - Argentina. Barreiras verdes nas fachadas dos edifícios........................................................................................................................ 102 Figura 101: Colônia – Uruguai. Total preenchimento das ruas com copas de árvores, buscando a maximização dos serviços proporcionados por essa rede de infraestrutura verde..............................................................................................................................103 Figura 102: Montevidéu – Uruguai. País Sul americano que aplica e se beneficia adequadamente da arborização urbana como rede de infraestrutura em suas cidades......................................................................................................................... 103
  • 24. 23 SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………… 24 1. OBJETIVOS....................................................................................................... 27 1.1. Objetivos gerais.......................................................................................... 27 1.2.Objetivo específico...................................................................................... 28 2. Material e Métodos............................................................................................. 28 3. Cidade sustentável – breve perspectiva histórica.............................................. 29 4. Obsolescência nas redes de infraestrutura urbana – privatização de lucros e socialização de prejuízos................................................................................... 48 5. Constituição de uma rede de infraestrutura essencial – o sistema de arborização urbana................................................................................................................ 50 6. Problemática da compatibilização entre as redes............................................. 54 7. Um futuro possível e viável – modelos de propostas de arborização urbana....82 8. Redes de arborização urbana – realidades existentes...................................... 89 9. Conclusões.........................................................................................................104 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • 25. 24 INTRODUÇÃO Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam Constituição Federal Brasileira, 1988. Suster vem do latim sustinere, segurar, por cima; suportar, por baixo; fortalecer o espírito, de confirmar (MACHADO, 2003). O que é sustentável é aquilo que possui suporte. As cidades foram e são criadas para abrigar o homem e suas atividades. Uma cidade eficiente é aquela adequada ao pleno desenvolvimento humano e da vida, que acontece a cada dia, se acumula, recicla e renova ao longo do tempo. Nossas características nos diferenciam dos demais seres do planeta, mas não nos separam da natureza. Para que cada geração futura possua o direito de viver e contribuir com esse processo contínuo é preciso que sejam mantidas as condições
  • 26. 25 essenciais para a vida humana nas cidades, dando-lhe sustentação, ou seja, suporte. Uma cidade eficiente é aquela sustentada e que possa seguir sustentável. O suporte às estruturas urbanas é dado, em grande parte, pelo conjunto de redes de infraestrutura. Há redes que realizam os serviços de transporte, circulação, fornecimento de energia, de água e outros. Mas há e deve haver redes que realizem os serviços de recuperação e manutenção do equilíbrio do meio ambiente urbano, contribuindo, de modo determinante, para torná-lo adequado a todos nós. A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/81) dita como seu primeiro princípio que a ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, deve considerar o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Portanto, a ordem urbanística não pode ser determinada apenas pelo interesse individual, uma vez que deve cumprir sua função socioambiental e, assim, a proteção do meio ambiente e do conjunto da sociedade humana a que faz parte. O mau gerenciamento e gasto do dinheiro público na área ambiental são notórios e generalizados nas cidades brasileiras. Há empresas concessionárias de serviços públicos de infraestrutura que utilizam técnicas e aparatos obsoletos visando à privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos. A sociedade como um todo arca com as consequências socioambientais de tal postura, vivendo em cidades ineficientes, defasadas tecnologicamente, degradadas ambientalmente e insustentáveis. Em especial, a cada dia ficamos mais estarrecidos com o que ocorre com as árvores urbanas e das calçadas. São inadmissíveis o descaso e más práticas do setor público, de empresas concessionárias de serviços, os maus-tratos generalizados, as podas e extrações absurdas, também praticados pela população, comércio e prestadores de serviço. São gritantes a falta de acompanhamento e procedimentos técnicos adequados, as extrações e os manejos sem a documentação e a avaliação necessárias de profissionais devidamente habilitados, bem como, acompanhadas das
  • 27. 26 devidas reposições e compensações ambientais, regulamentadas por legislações específicas. Após décadas de estagnação econômica, a sociedade brasileira trouxe de volta à sua pauta de prioridades o “desenvolvimento”. A terminologia possui muitas definições, de acordo com o caráter que se quer considerar. Furtado (1964), considera que ele pode ser compreendido como um processo de mudança social que busca satisfazer um número crescente de necessidades humanas através da criação de inovações tecnológicas. Portanto, não pode ser restrito apenas ao crescimento econômico a todo custo, usado para desviar os esforços e o foco no homem juntamente a seu ambiente para conceitos abstratos como investimentos, mercado e exportações. É urgente resgatarem-se às reais condições que auxiliarão na busca do desenvolvimento integral das cidades, dando a elas a prioridade merecida como fruto da criação humana, reconciliando-as com a natureza (ciclos e elementos naturais – árvores, plantas, animais, solo, água e ar). Essa reconciliação será sobretudo com o próprio homem, que ao longo da história se distanciou e se desconsiderou como membro e parte intrínseca do meio ambiente, inclusive, perdendo sua própria humanidade, ao desvalorizar e agredir seu semelhante. Esta monografia pretende trazer a discussão sobre a importância de se considerar que, a sustentabilidade nas cidades será aproximada da realidade, quando todos os atores envolvidos neste processo, quais sejam - poderes públicos, sociedade, empresas concessionárias de serviços aéreos e subterrâneos, comércio e prestadores de serviço - passarem a dar a dimensão correta à rede de arborização urbana. Quando ela passar a ser planejada, mantida e sustentada como uma grande e fundamental rede de infraestrutura na cidade e tiver esse tratamento, que visa à manutenção do funcionamento adequado de toda a estrutura urbana.
  • 28. 27 1. OBJETIVOS 1.1. Objetivos gerais O presente trabalho, em termos amplos, se propõe à: - Destacar as origens da fundamentação e evolução dos conceitos gerais de sustentabilidade urbana através de uma sucinta perspectiva histórica. - Discutir o paradigma atual que desconsidera a importância da árvore, da arborização e da floresta urbanas como elementos fundamentais ao funcionamento adequado da cidade, fornecedoras de serviços socioeconômicoambientais ou ecossistêmicos. - Expor a problemática dos conflitos entre as redes de infraestrutura apontando os principais interesses em disputa pelo espaço urbano. - Definir o elemento arbóreo como equipamento público a se fazer parte integrante de sistemas de arborização, por sua vez constituídos como rede de infraestrutura urbana. - Apresentar modelos que trabalham a compatibilização de todas as redes de infraestrutura interligadas e em funcionamento harmonioso, desde que ordenadas no espaço urbano, segundo suas características e objetivos, de modo a tornar as cidades mais habitáveis, confortáveis, sustentáveis e mais humanas. 1.2. Objetivo específico
  • 29. 28 Especificamente, tem como objetivo: - Demonstrar que a arborização urbana necessita ser considerada como uma rede de infraestrutura fundamental à manutenção adequada da cidade, sem a qual a sustentabilidade da mesma é impossibilitada. 2. Material e Métodos O presente trabalho foi realizado baseando-se em referências bibliográficas, em imagens coletadas na internet e em levantamentos e experiências de campo, sobretudo nas cidades de Campinas e São Paulo e, em cidades europeias e sul- americanas. Foram elaborados alguns modelos para foto inserção por Filipi Lilla Gomes e alguns modelos gráficos de implantação de redes de gás subterrâneas por Christian Despontin patrocinados pela ONG Movimento Resgate o Cambuí, de Campinas-SP. A linha mestra argumentativa baseia-se na construção do pensamento referenciado na evolução histórica das cidades, de como eram pautadas em princípios de sustentabilidade desde sua origem, e o posterior e drástico rompimento com essa condição a partir do Renascimento, quando o homem se afastou e se apartou da natureza, considerando-se superior a ela. No período de expansão da Revolução Industrial, diante da falência desses modelos urbanos, segue a busca do saneamento das cidades para sua “melhoria ambiental”. Nesse contexto, a instalação maciça das redes de infraestrutura foi importante, notadamente a reintrodução da natureza no meio urbano como prestadora de serviços essenciais de saneamento. Dessa maneira, será discutida a atuação de empresas concessionárias de serviços e a necessidade da consideração da arborização como uma rede de infraestrutura a ser constituída como essencial ao resgate e manutenção do equilíbrio ambiental urbano. Por fim, será colocada a problemática da compatibilização entre a pretendida rede de arborização e as demais redes de infraestrutura, bem como apontadas as possíveis soluções.
  • 30. 29 3. Cidade sustentável – breve perspectiva histórica O meio ambiente urbano acumulou um vasto histórico de degradação até o ponto de ser compreendido como um espaço dissociado do “meio ambiente”. As cidades correspondem a maior alteração de origem antropogênica do meio ambiente natural (LOMBARDO, 1985). Os mais antigos assentamentos humanos, baseando-se na história da Mesopotâmia e Egito, possuíam relação estreita com o meio natural. A proximidade dos rios como condição seminal, seus regimes de secas e cheias, além da conquista das várzeas através do hábil controle das águas transformaram a natureza em território humano, mas ainda respeitavam suas dinâmicas e ciclos próprios, inclusive, tirando partido deles. Algumas cidades persas, como Persépolis, foram planejadas com reservatórios de águas, vastos parques e jardins. Já na Índia, os sistemas de abastecimento de água, de drenagem e tratamento de esgoto atingiram notável sofisticação nos núcleos de Mohenjo Dahro e Harata (MUMFORD, 1982). Para os gregos antigos, as cidades deviam possuir um tamanho máximo a fim de não haver prejuízos ambientais e sociais. Quando uma “polis” atingia 50.000 habitantes, o excedente populacional seguia para outro sítio a fim de fundar uma nova colônia. Atenas, que chegou a contar com mais de 150.000 moradores e Roma, cuja cifra superou 1 milhão eram consideradas excrescências. Mas mesmo os romanos, em suas compilações sobre a ciência de fundar cidades, deixaram-nos preceitos claros de forte composição urbana interligada com o meio ambiente. As culturas celtas e germânicas tinham a Terra como mãe e deusa suprema, fonte de toda a vida, poder e ordem. Logo, não poderia ser ultrajada e aviltada pelo homem. Na China e no Japão antigos, a natureza era transformada através da busca do equilíbrio; as cidades eram implantadas e construídas com cuidadoso respeito ao sítio natural, aos cursos d’água, ao vento, aos bosques. Os árabes acumularam, fundiram e aperfeiçoaram conhecimentos de muitas culturas do Ocidente ao Oriente. Atingiram assim, um elevado grau de sofisticação na implantação de cidades (MUMFORD, 1982).
  • 31. 30 A retomada dos movimentos de urbanização no Renascimento europeu foi o marco inicial do rompimento definitivo com a natureza. O meio ambiente passou a ser algo ameaçador, a ser transformado, dominado, mantido distante do homem. As cidades se adensaram, consumindo desordenadamente seus recursos. A Revolução Industrial agravou essa situação originando cidades com condições de vida completamente insalubres, onde epidemias e todas as mazelas se generalizaram em grande escala, chegando mesmo a inviabilizar a vida humana (BENEVOLO, 1991). Figura 1: ilustração de um bairro em Londres, sec. XIX – Autoria de Gustave Doré. Nota-se o “fog” névoa típica que pairava pela área londrina, constituindo-se em fonte de problemas respiratórios e “marca” da cidade. A ausência de cores e de elementos naturais compunha o espaço construído. A revolução industrial deixou marcas profundas como a grande presença de indústrias e poluição. Fonte: OPERARIADO…, 2009 A partir do colapso do modelo urbanístico estabelecido com a expansão industrial (grandes concentrações populacionais, completo desrespeito ao meio ambiente e baixo índice de saneamento), no séc. XIX surgiu a crítica, as primeiras propostas e tentativas de mudança a esta condição problemática ocorrente nas
  • 32. 31 cidades. Os chamados “utopistas” buscavam uma completa revolução social, com forte apelo autoritário para o controle das sociedades (BENEVOLO, 1991). Figura 2: Ilustração do Falanstério, de autoria de Victor Considérant. Proposta pelo filósofo utopista Charles Fourier - defendia a reorganização social completa, muito além da questão territorial-ambiental. Ela colocava a necessidade de ordenação da sociedade através de um rígido controle da execução, divisão de tarefas e convivência coletiva. As cidades seriam reorganizadas por grandes pavilhões ajardinados para a convivência coletiva, a fim de facilitar o controle social. O cidadão perderia grande parte de sua individualidade em favor do corpo coletivo. FONTE: MALEMBE, 2011 Esse pensamento deu origem a ideias urbanísticas com propostas mais consistentes, factíveis e democráticas. Os chamados “sanitaristas” propuseram sanear as cidades, reintroduzindo a dimensão ambiental ao centro das ações de planejamento. A insolação, a circulação do ar, as áreas livres e verdes passaram a ser prioridade. As demolições para a abertura de avenidas e praças, a implantação de parques e o saneamento passaram a ser os instrumentos principais das estratégias de recuperação do meio urbano (BENEVOLO, 1991).
  • 33. 32 Figura 3: Foto de Paris – autor desconhecido – A cidade antiga num momento imediatamente anterior às remodelações implantadas pelo Barão de Haussmann. Nota-se a presença de vielas escuras e insalubres, casebres e cortiços, com pouca possibilidade de fruição. Desconsiderava-se o elemento natural como estruturador da paisagem.
  • 34. 33 Figura 4: Demolições em Paris segundo o plano do Barão de Haussmann - autoria desconhecida. Neste cenário, a principal característica era a abertura de áreas no ambiente construído e com acesso a rede de serviços, para a reintrodução de áreas verdes e de arborização visando à sanidade do espaço. Como consequência direta destas ações, surgiram os bulevares, praças, parques e avenidas - belas, salubres, ordenadas e verdes.
  • 35. 34 Figura 5: Avenue des Champs Eliseé – Em Paris, o mais clássico dos bulevares. Os bulevares são uma contraposição a vielas medievais escuras, estreitas, insalubres, com esgoto correndo a céu aberto. Nota- se a reintrodução do verde como elemento balizador e estruturador do espaço público. As calçadas desse espaço foram transformadas em espaço de convivência e fruição. Fonte: GUNN, 2011
  • 36. 35 Figura 6: Ringstrasse de Viena - Bulevar vienense construído sobre as antigas muralhas da cidade onde atualmente é a sua região central. Apesar do formato anelar, segue os parâmetros Haussmanianos, a saber: calçadas e leitos carroçáveis largos e arborização de grande porte como elemento estruturador. Período posterior à remodelação de Paris. Fonte: WHAT TO…, 2011
  • 37. 36 Figura 7: The Mall em Londres - Bulevar haussmanniano que dá acesso ao palácio de Buckinghan. Após a remodelação de Paris, Londres como capital do império britânico em seu auge durante o período Vitoriano, igualmente passa por diversas alterações, dentro dos princípios sanitaristas e de embelezamento para a construção de uma imagem de cidade moderna e civilizada. Dentro desse plano de remodelações, o Palácio de Buckinghan ganhou uma nova fachada e uma avenida monumental para os desfiles e apresentações cívicas que passaram a congregar a população londrina, desde então, até a atualidade. Compuseram-se tanto em Paris na Champs Eliseé quanto no The Mall em Londres a criação de um novo espaço urbano destinado à vida pública. Fonte: GONÇALVES, 2011
  • 38. 37 Figura 8: Washignton, National Mall, criado em 1901. Modelo Haussmaniano, dentro da escala dos projetos monumentais norte americanos. Fonte: PHOTO..., 2011
  • 39. 38 Figura 9: Belo Horizonte, cartão postal de 1946 - destaca-se a nova capital construída sobre os princípios positivistas de “ordem e progresso” difundidos pelo regime republicano recém proclamado à época. Toda a cidade foi projetada e construída segundo a inspiração haussmaniana, com vastas avenidas e bulevares – as mais largas do país à época – fortemente estruturadas pelo elemento arbóreo. Fonte: CARVALHO, [s.d.]
  • 40. 39 Figura 10: Avenida Central – atual Av. Rio Branco, criada em 1906 – imagem de autor desconhecido. Principal intervenção do prefeito Pereira Passos para a remodelação da capital do país, Rio de Janeiro. Todas as fachadas dos prédios foram definidas pelo estado através de concurso público, visando a “harmonia perfeita” com a paisagem. Neste momento é realizada a difusão da arborização urbana na estruturação dos espaços públicos da capital federal, inspirada também nas diretrizes haussmanianas. Fonte: CABRAL, 2003
  • 41. 40 Figura 11: Avenida São João, foto da Light and Powers Company, 1930. Este foi o grande bulevar de São Paulo até a década de 1970, marco haussmaniano na capital paulista. Foi usada como vetor de expansão urbana criando espaços sofisticados de comércio, lazer e entretenimento para a crescente população industrial. Fonte: SÃO PAULO..., 2009 Em paralelo, um grupo de urbanistas liderados por Ebeneezer Howard propôs as chamadas “garden cities”. Essas cidades planejadas entremeavam seus bairros por campos e bosques naturais, possuíam ruas e avenidas profusamente arborizadas. Em especial, deveriam oferecer todas as condições de vida a seus habitantes, inclusive com máxima autosuficiência produtiva.
  • 42. 41 Figura 12: Plano de uma “Garden City”. Neste modelo, havia o estabelecimento de um limite para os núcleos populacionais que seriam entremeados a áreas livres destinadas a parques, bosques e agricultura. Essa composição resgata a antiga recomendação grega de impedir grandes concentrações populacionais e das consequências sobre o meio ambiente e qualidade de vida dos cidadãos. Fonte: MACEDO, 2007
  • 43. 42 Figura 13: Letchtworth, Inglaterra, uma “garden city” implantada. Cidade criada como empreendimento imobiliário, sem contar com investimento estatal. Ela prescindiu das características de estruturas produtivas que lhe confeririam a apregoada autosuficiência, característica essencial a uma garden city. O funcionamento comunal e solidário sustentaria a proposta urbanística. Essa era a época do avanço das ideias socialistas e comunistas originadas a partir da defesa da solidariedade humana como instrumento de resgate das qualidades urbanísticas, envolvendo os aspectos socioambientais. Fonte: GARDEN, 2011 O Modernismo elaborado a partir da década de 1920 aprofundou a busca racional e científica das soluções dos problemas ambientais das cidades. Manteve a proposta de intervenções radicais, dando-lhe escala monumental ao propor a demolição de cidades inteiras para sua recomposição ambiental. A cidade passaria a ser uma cidade parque, ordenada segundo suas funções e adensada pela verticalização das edificações, com o solo livre, verde e arborizado, de propriedade coletiva, destinado às atividades de lazer e deleite (BENEVOLO, 1991 e FRAMPTON, 1982).
  • 44. 43 Figura 14: Plano de Le Corbusier para Paris. Aqui se nota o corte e a recomposição completa do tecido urbano, com forte adensamento a partir da verticalização das construções, rígido ordenamento das funções urbanas (habitar, produzir, circular) e a destinação do solo para áreas livres e verdes destinadas ao lazer, à contemplação e à manutenção dos fenômenos naturais. A proposta essencial do urbanismo modernista era a transformação de todo o solo urbano em espaços públicos, destinando as atividades privadas às edificações verticalizadas erguidas sobre o solo através do uso de pilotis (estruturas de sustentação com formato semelhante a colunas, que permitem a manutenção de espaços abertos sob a construção, compondo áreas de livre circulação e possível ajardinamento). Fonte: ALEX, 2011
  • 45. 44 Figura 15: Esplanada dos Ministérios em Brasília. Ponto culminante do urbanismo ocidental, com predominância da composição de espaços abertos marcados pela presença de forração (gramados e jardins) condutora do olhar a um elemento construtivo de destaque (Praça dos Três Poderes - Congresso Nacional), com toda a esplanada compondo um bulevar-parque, estruturado pelo elemento arbóreo emoldurando as construções. Fonte: CIDADES..., [s.d.] Figura 16: Superquadras habitacionais de Brasília - sofisticadas unidades de vizinhança-parques concebidas por Lúcio Costa, são isoladas das vias expressas de circulação por intensa arborização de grande porte com o objetivo de lhes conferir um caráter de ambiente equilibrado. O papel direto da arborização nesse caso é a proteção ao sol e o efeito umidificador do ar de Brasília, muito seco, em períodos invernais, de abafamento de ruído e controle da poluição atmosférica, bem como, na opinião de seu criador, de gerar a composição de características de vizinhança e intimidade relacionada às funções residenciais. Fonte: Acervo do autor (autoria Zuleika de Souza).
  • 46. 45 As propostas urbanísticas modernistas sofreram intensas análises críticas a partir dos anos de 1970. O forte intervencionismo por elas apregoado entrou em choque com as ideias libertárias que então se popularizavam a partir da primeira grande crise econômica do pós-Guerra (CHOAY, 2005). Ao mesmo tempo, a questão ambiental começou a ganhar espaço na agenda política mundial, em especial após a Rio 92. A formulação de políticas urbanas se generalizou e foi tornando indissociáveis o planejamento e a sustentabilidade urbanos. O termo meio ambiente urbano foi reconhecido como central para a problemática ambiental. Essa designação abriga mais de 23 da população humana mundial e foi capaz de alterar vastos territórios naturais. Com o contínuo crescimento populacional, as cidades perpetuam o reflexo de suas respectivas sociedades. Os países centrais seguem investindo na qualificação de seus meio ambientes urbanos, configurando as chamadas “cidades mundiais”, líderes em qualidade de vida e em atratividade econômica. Já os países periféricos buscam a solução para a forte degradação ambiental e para os conflitos sociais continuamente agravados por modelos distorcidos de desenvolvimento (MEYER et al., 2004).
  • 47. 46 Figura 17: Rio Tietê - O maior curso d´água da cidade de São Paulo. A degradação deste grande manancial foi realizada de modo a destacar a opção desenvolvimentista a “qualquer custo”. Atualmente, a cidade busca em outras regiões do estado de São Paulo, através do Sistema Cantareira, o suprimento de água que, devido à poluição assombrosa de seu “Rio Grande” – em tupi guarani – impede o usufruto dos recursos providos por ele. Às outras regiões do estado como a de Piracicaba, cabe a redução da disponibilidade hídrica para sustentar a continuidade dos erros de um modelo de desenvolvimento equivocado. Fonte: EM 24 horas..., 2008 (autoria José Luiz da Conceição)
  • 48. 47 Figura 18: São Paulo - metrópole que tem pretensões de ser mundial (4a maior aglomeração urbana do mundo): nota-se a ocupação desordenada do espaço, a invasão da várzea dos rios e áreas de baixada. Grandes aglomerados de prédios luxuosos, que seguem modelos europeus e norteamericanos de arquitetura (vidros espelhados, uso intensivo de condicionadores de ar e gasto de energia). Como consequência desta ocupação não planejada, seus grandes rios são poluídos devido à total despreocupação com o respeito aos elementos naturais de sustentação da cidade. Seus espaços públicos estão desqualificados. A cidade é agressiva ao morador urbano, está balizada na cultura do meio de transporte individual (pontes, viadutos, autopistas, ruas e avenidas). A ausência ou mínima presença do elemento vegetal descaracteriza a paisagem e a presença de prédios de alturas gigantescas em proporção ao espaço ocorrente faz com que se perca a noção do relevo natural e das especificidades do sítio natural. Fonte: TOLEDO, 2008 (autoria Carlos Augusto Magalhães)
  • 49. 48 Figura 19: Cidade de São Paulo – aglomerado urbano com 11.244.369 habitantes (IBGE, 2011), cujo território natural foi completamente alterado, verticalizado e impermeabilizado, com grande ausência do verde. Ocupação caótica do espaço natural e consequências diretas sobre o clima, bem-estar e qualidade de vida da população. Ausência de políticas públicas que conduzam ao ordenamento urbano e à interligação de todas as redes de infraestrutura de maneira eficiente e harmônica. Nos moldes em que se encontra hoje, a cidade é inviável, sob todos os aspectos, socioeconômicoambientais. Fonte: Acervo do autor 4. Obsolescência nas redes de infraestrutura urbana – privatização de lucros e socialização de prejuízos As concessionárias de serviços públicos que detém os direitos de exploração das redes de infraestrutura contam com a pouca regulamentação do uso do espaço público urbano para manter elevados graus de obsolescência na sua prestação de serviços. Redes deficientes, corrompidas pelo desgaste do tempo, comprometidas por ajustes mal planejados e mal executados, além de precarizadas pela provisoriedade
  • 50. 49 endêmica; elas são admitidas pela sociedade devido à grande falta de informação da população em geral. Essa condição gera prejuízos constantes ao meio ambiente. O desperdício de água tratada, por conta de vazamentos, ultrapassa um terço do volume das redes de abastecimento (SABESP, 2010). Os vazamentos de gás e o descontrole da expansão das instalações ocasionam explosões nas galerias de águas pluviais. Interrupções e apagões no fornecimento de energia elétrica são cada vez mais constantes por conta de estruturas de transmissão aéreas arcaicas e com baixo grau de confiabilidade devido ao subdimensionamento e à exposição aos fenômenos atmosféricos, fotodecomposição, furtos e sabotagens. Cabe ressaltar que a maior parte das redes de infraestrutura nas cidades brasileiras foi instalada com recursos públicos. A privatização de sua operação se deu ao longo dos anos de 1990, sob o argumento da necessidade de investimentos cuja responsabilidade o estado nacional deficitário não poderia realizar. Nas redes de telefonia houve forte inversão de recursos para aumentar a oferta dos serviços, mas com uma grande escalada dos preços das tarifas visando grandes margens de lucros. Já na geração e distribuição de energia elétrica, os investimentos foram pequenos frente às necessidades de expansão e melhorias, a qualidade dos serviços se estagnou e decresceu; por outro lado, os lucros altos se mantiveram. Verifica-se a socialização de custos e prejuízos para a manutenção de lucros privados conseguidos a partir do uso de infraestrutura pública. A aposta na inovação tecnológica leva ao repasse de custos, ou busca por fontes financiadoras, alegação sempre julgada como “impedimento” da evolução dos sistemas de infraestrutura pelas concessionárias. Já a contenção de investimentos pela manutenção da obsolescência das redes, acolhida pelo monopólio privado, impõe ineficiência, riscos e prejuízos ambientais ao conjunto da população.
  • 51. 50 5. Constituição de uma rede de infraestrutura essencial – o sistema de arborização urbana As árvores talvez sejam as nossas maiores aliadas neste momento, quando temos de unir forças para resgatar o equilíbrio ambiental da Terra. Ali, paradas e entregues, elas operam uma revolução silenciosa, trazendo de volta as águas, recriando o solo com suas folhas caídas, refrescando o ar, provendo alimento. Sem árvores, só nos resta o deserto (ROCHA, [s.d.]). Uma cidade se estrutura, de um modo geral, segundo Zmitrowicz e De Angelis Neto (1997), da seguinte forma: a) Com a construção de espaços adaptados às atividades humanas. b) Com a geração de acessibilidade através dos sistemas de circulação. c) Com a implantação de sistemas de infraestrutura. A cidade não é apenas o conjunto do patrimônio edificado junto com seus sistemas de circulação, mas também possui um sistema de suporte que lhe amplia o desempenho e aumenta a eficiência. Assim sendo, a infraestrutura pode ser compreendida como um sistema técnico de equipamentos e serviços necessários ao desenvolvimento das funções urbanas. Em perspectiva histórica, a primeira rede a ser instalada nas cidades foi a de abastecimento de água e de coleta de esgotos. Na Antiguidade, muitas culturas desenvolveram soluções próprias, mas no caso da Roma antiga ela era especialmente sofisticada. Uma rede de aquedutos trazia, através de dezenas de quilômetros até a rede da cidade, água limpa de modo ininterrupto. Em conjunto, uma vasta rede coletora drenava boa parte dos esgotos da cidade que ultrapassava 1 milhão de habitantes
  • 52. 51 (MUMFORD, 1982). Já a instalação das redes de energia ocorreu bem mais tarde, estritamente relacionada com a expansão da industrialização. A Grã-Bretanha foi pioneira na distribuição de gás de carvão como serviço público em 1812, seguida pelos Estados Unidos e França. No final do século XIX surgiram redes de energia elétrica para atender a iluminação pública, em seguida para tração dos bondes, tornando-se generalizada nos anos seguintes (MASCARÓ, 1987). Em meados do século XX, foram difundidas as redes de comunicação telefônica e no final do século, as redes de televisão por cabo e a internet se tornaram essenciais. As redes de infraestrutura parecem refletir os movimentos sociais, culturais e produtivos das sociedades. Com tamanha relevância, sua implantação e possibilidade de expansão (ou extinção) devem ser feitas com planejamento criterioso para melhor organizar o espaço urbano. O sistema de espaços livres foi introduzido no mesmo contexto de expansão industrial. Parques e jardins foram reformados, expandidos ou implantados. Com fins igualmente sanitaristas, os sistemas viários foram reformulados e receberam arborização intensiva. Esse conjunto se configurou em uma verdadeira rede de infraestrutura com o objetivo de fornecer serviços de reequilíbrio ambiental urbano. A arborização viária, em áreas de ocupação antiga e já consolidadas, dadas as poucas condições de expansão de praças e áreas verdes, constitui-se na alternativa mais viável, econômica e racional, de inserção do elemento verde no cotidiano urbano (AGUIRRE JUNIOR, 2008). Segundo Meneghetti (2003) a arborização viária se faz mais necessária, quanto mais urbanizada for uma localidade. Os centros das cidades são geralmente suas regiões mais alteradas e degradadas devido à intensa ocupação, impermeabilização, verticalização e reduzida presença de elementos naturais. Outro problema se reflete através de um grande tráfego de veículos, grandes agentes poluidores.
  • 53. 52 A árvore é o elemento que permite a melhora do aspecto ambiental nas cidades. A arborização viária constitui-se em elemento fundamental. Segundo Cemig (1996) e Silva Filho (2002) a arborização é um componente de grande importância na paisagem urbana. Possui função paisagística, proporciona benefícios à população, tais como a proteção contra a ação dos ventos, diminuição da poluição sonora, absorção de parte dos raios solares, sombreamento e redução da amplitude térmica, ambientação à permanência de pássaros urbanos, diminuição da poluição atmosférica, neutralização do dióxido de carbono e purificação do ar, absorção de poeiras e sólidos em suspensão, melhorando a saúde física e mental da população. Entre os inúmeros benefícios, destacados por diversos autores, uma área da arboricultura que vem ganhando cada vez mais enfoque é a dos serviços ambientais, ecossistêmicos e econômicos proporcionados pela utilização da vegetação arbórea nos centros urbanos, notadamente a viária. De Paula (2004) constatou a redução da temperatura interna de residências, utilizando árvores para o sombreamento da sua fachada; Silva (2008) concluiu que duas espécies muito utilizadas na arborização viária, a Caesalpinia pluviosa DC. e a Tipuana tipu (Benth.) Kuntze possuem a capacidade de interceptação de até 60% da chuva incidente sobre a sua superfície nas duas primeiras horas, reduzindo o volume e a intensidade de enchentes e enxurradas; Silva Filho (2006), adaptando a pesquisa de McPherson e Muchnick (2005) para a realidade brasileira, calculou que cada m2 de asfalto coberto e protegido pela sombra das árvores representa uma economia em manutenção deste pavimento da ordem de R$15,47 ao ano aos cofres públicos, o que para uma cidade como Piracicaba representaria R$900.000,00 anuais que poderiam ser revertidos no incremento, melhoria e manutenção da arborização da cidade; Grey e Deneck (1978) destacaram que árvores de grande porte possuem a capacidade de evapotranspirar 380l de água por dia, desde que devidamente supridas do elemento, provocando o resfriamento da temperatura e a umidificação do ar, o mesmo efeito que cinco aparelhos de ar condicionado de potência média (2500kcal/h) funcionando por 20h/dia, todos os dias (ao custo zero em termos energéticos, beneficiando a população em épocas secas e reduzindo gastos públicos com os problemas respiratórios da população).
  • 54. 53 Em pesquisa realizada por Martins (2009), a pesquisadora concluiu que os parques podem atuar como filtros do ar, devido ao fato de, a região central dos pesquisados em São Paulo apresentar menores concentrações de poluentes, enquanto que suas áreas mais externas, principalmente em esquinas, faróis e avenidas grandes, apresentaram concentrações mais elevadas. A autora destaca ser possível a consideração de que as árvores em parques urbanos possam funcionar como barreiras físicas de dispersão de poluentes. O incremento da vegetação nos grandes centros urbanos pode auxiliar na amenização de dois principais aspectos negativos do clima urbano: as ilhas de calor e a poluição atmosférica. Velasco (2007), considera que árvores em ambientes urbanos prestam fundamentais serviços ambientais que beneficiam diretamente a população, tais como: reduzir o escoamento superficial, diminuir a temperatura atmosférica, aumentar a umidade relativa e absorver poluentes A existência de gradientes de poluição indica que os parques urbanos podem representar barreiras físicas de poluentes, servindo como pequenos “oasis” dentro da cidade (MARTINS, 2009). A autora exemplificou que o adensamento da vegetação no entorno de um parque representa um meio eficiente de diminuir a área de dispersão de alguns poluentes, o que poderia beneficiar diretamente a qualidade de vida do paulistano. Maher et al. (2008) apud Martins (2009) indicam que árvores plantadas em calçadas e canteiros de avenidas agem como filtros de poluentes. Elucidam que pedestres podem ser beneficiados quando circulam por áreas mais arborizadas e afastadas de grandes vias de tráfego. No caso do planejamento urbano, na medida do possível, a instalação de trilhas para prática de esportes nas partes mais internas dos parques é uma boa medida para melhorar a qualidade do ar para o frequentador dos parques. Além do aumento e melhoria das áreas verdes da cidade, outras medidas também poderiam ser tomadas com o intuito de diminuir a concentração de poluentes atmosféricos na cidade de São Paulo: reduzindo-se o teor de enxofre no diesel, melhorando-se o transporte
  • 55. 54 público e criando-se corredores de tráfego para ônibus, aumentando a velocidade do fluxo (MARTINS, 2009). A arborização viária, se bem planejada (utilizando-se prioritariamente espécies de médio e grande portes, com características adequadas de arquitetura de copa e hábito de crescimento de raiz), devidamente implantada, manejada e monitorada é uma solução viável para a melhoria da qualidade de vida e ambiental de regiões densamente povoadas (AGUIRRE JUNIOR, 2008). 6. Problemática da compatibilização entre as redes Segundo Soares (1998), as principais dificuldades para a arborização urbana são as redes hidráulicas, elétricas, telefônicas e sanitárias. A solução mais adotada pelos poderes públicos para buscar uma apregoada compatibilização é por meio da poda das árvores. Entretanto, sua eficácia é muito reduzida uma vez que, segundo Browning (1997), a maioria das árvores podadas faz rebrotar galhos na mesma direção anterior, demandando novas podas regulares. A outra parte dos vegetais fica comprometida fatalmente, seja perdendo seu equilíbrio e sustentação, seja se desestruturando metabolicamente. Seitz (1990) coloca que a poda é uma agressão a um ser vivo, com estruturas e funções definidas, além de alguns mecanismos de defesa contra seus inimigos naturais, portanto, com limites de sobrevida. A prática da poda não deve ser suprimida e sim, apenas utilizada como técnica apropriada a alguns tipos de intervenção. Seu intuito é contribuir para a perpetuação do indivíduo vivo. São três os tipos principais de redes de distribuição de energia elétrica presentes nas cidades atuais, a saber: a rede de distribuição aérea convencional, a aérea compacta e a subterrânea. A rede aérea convencional possui cabos desencapados e não isolados. A rede aérea compacta possui cabos encapados e
  • 56. 55 reunidos em feixes, mas não isolados do meio. Já os sistemas de redes subterrâneas são mais complexos e elaborados, com isolamento total dos condutores e equipamento do meio. Os sistemas subterrâneos, a princípio, quando bem planejados, são os que menos danos provocam às árvores. Por serem mais sofisticados tecnicamente, apresentam custo maior de instalação. Mas oferecem importantes vantagens objetivas, a saber, segundo Boccuzzi et al. (1997): a) Redução significativa das interrupções de fornecimento. b) Aumento da segurança para a população, com a redução do risco de acidentes por ruptura de condutores e contatos acidentais. c) Redução significativa dos custos de manutenção. Além disso, segundo estudos da Sociedade de Investigações Florestais, mais de 70% dos custos de sua instalação é devido às obras civis. Estes custos vêm se reduzindo seguidamente através do desenvolvimento de cabos que podem ser implantados diretamente no solo, prescindindo de galerias específicas. Do mesmo modo, diversos equipamentos complementares estão ganhando inovações tecnológicas que diminuem suas dimensões, viabilizando sua alocação sobre o solo das calçadas e assim, reduzindo os custos elevados com materiais resistentes à emersão. Portanto, a substituição das redes aéreas por redes subterrâneas já alcança a realidade atual. É injustificável, até mesmo do ponto de vista econômico, o seu adiamento. A arborização viária no Brasil vem sofrendo com a falta de planejamento que dissocia o crescimento urbano das áreas verdes (SILVA, 2005). As publicações sobre arborização viária difundidas, majoritariamente, por companhias de energia elétrica e prefeituras, recomendam a utilização de espécies arbustivas ou arbóreas de pequeno
  • 57. 56 porte, prioritariamente exóticas, reduzindo os benefícios ambientais, como a sombra e benefícios ecológicos, possíveis com a utilização de espécies de grande porte e nativas nos municípios. Nestes trabalhos, são poucas as informações sobre o comportamento das árvores ou propostas para novas espécies a serem introduzidas e avaliadas (VELASCO, 2003 apud SILVA, 2005). Tecnicamente, definem-se arbustos como os vegetais de estrutura lenhosa ou semilenhosa, com altura de 3 a 6 metros que apresentam ramificação desde a base. Árvores possuem fustes únicos, lenhosos, sendo divididas por seu porte: pequeno, para aquelas com altura entre 4 a 6 metros e copa com menos de 4 metros de diâmetro; médio, quando sua altura estiver compreendida entre 6 e 10 metros, e o diâmetro de sua copa até 6m; e grande, quando possuir altura superior a 10m e diâmetro de copa superior a 6 metros (MASCARÓ e MASCARÓ, 2005). O Brasil é detentor da maior diversidade arbórea do planeta (SOUZA, 1973; LORENZI, 2000 apud KAGEYAMA e GANDARA, 2004); espécies nativas evoluíram em interação ao ecossistema, sendo geneticamente adaptadas e resistentes ao meio, patrimônios que vêm se perdendo por exploração irracional com a consequente extinção de muitas espécies importantes (LORENZI, 2000). A arborização utilizando nativas é fundamental para mostrar aos cidadãos as espécies que ocuparam os locais onde estamos atualmente além, de fornecer às futuras gerações conhecimento sobre o meio natural e possibilitar a integração harmônica do homem urbano e natureza (LORENZI, 2000). Revegetações e recomposições devem utilizar os conceitos de diversidade de espécies (KAGEYAMA e GANDARA, 2004). A grande utilização de espécies exóticas evidencia a falta de estudos na difusão da flora brasileira e a desconsideração para com esta grande riqueza nacional (LORENZI, 2000). Em algumas cidades, com predomínio de uma espécie, a ocorrência
  • 58. 57 de pragas e moléstias de difícil controle é comum, além da monotonia da padronização da paisagem e o desinteresse da avifauna (SANCHOTENE, 1994). Nossas cidades estão ficando áridas e as árvores restantes vão sofrendo, enquanto resistem, mutiladas, desestabilizadas, aneladas, envenenadas, enfraquecidas até morrerem precocemente. Ao mesmo tempo em que estes crimes são cometidos, sentimos os reflexos e as consequências de nossas próprias atitudes. Quanto menor a presença de árvores na cidade, consequentemente é reduzida nossa qualidade de vida e aumentados nossos problemas de saúde por habitarmos um local insalubre ambientalmente. Figura 20: Avenida Barão de Itapura, Campinas-SP. Nota-se a extrema poluição visual causada pela fiação aérea obsoleta e ausência total de arborização. Região árida e insalubre. Grande poluição pelo tráfego intenso de veículos. Fonte: STREET...,2011.
  • 59. 58 Figura 21: Praça da Torre do Castelo, Campinas-SP. Retiraram-se todas as árvores do local, sob a alegação de posterior replantio que até hoje não aconteceu. Local inóspito onde as pessoas não sentem conforto em caminhar devido às altas temperaturas. Fonte: Acervo do autor (autoria Filipi Lilla Gomes). Figura 22: R. Coronel Quirino – Campinas-SP. Ausência quase total de árvores, poluição visual pelo sistema aéreo de fiação, uso de arbustos que prejudicam os pedestres e formam bloqueio do campo visual (círculo vermelho). Fonte: Acervo do autor (autoria Filipi Lilla Gomes).
  • 60. 59 Figura 23: Av. Moraes Salles – Campinas-SP. Uso generalizado de palmeiras em projetos de arborização. As palmeiras não contribuem para a melhoria do microclima urbano devido à sua folhagem ter dimensões reduzidas. Nota-se que as pessoas, mesmo buscando sombra, não a encontram. O forte calor afeta negativamente o conforto dos munícipes. Estas áreas deveriam contar com árvores de porte alto, copa espessa e que permita grande interceptação de luz. Fonte: Acervo do autor (autoria Filipi Lilla Gomes) Figura 24: Av. Coronel Quirino, Campinas-SP. Totalmente árida, desprovida de qualquer arborização significativa. Nota-se a fiação aérea obsoleta degradando o espaço público. Fonte: STREET..., 2011
  • 61. 60 Figura 25: R. Sampaio Ferraz, Campinas-SP. Uso de arbustos e falta de arborização nas calçadas da cidade. Nota-se o desconforto das pessoas, que fazem uso de guarda-chuvas para se proteger. A fiação obsoleta é um dos principais fatores de degradação urbana e do prejuízo da qualidade de vida dos munícipes. Fonte: Acervo do autor. Planejar e plantar tecnicamente, preservar e avaliar periodicamente, extrair e substituir adequadamente, quando necessário, as árvores urbanas é a chance que temos de continuar a viver dignamente nas cidades. A arborização como grande referência urbana pode ser utilizada para resgatar a qualidade de vida da população e a sustentabilidade nesses locais. Resgatando as árvores da cidade, a nós mesmos estaremos beneficiando. A atuação dos poderes públicos municipais, de empresas concessionárias de serviços, do comércio e da própria população tem sido desrespeitando o patrimônio de interesse difuso que deveria ter o devido trato das municipalidades. As práticas das empresas de energia têm sido tão errôneas do ponto de vista técnico que, infelizmente, estão sendo registradas incontáveis mortes nas árvores das cidades devido às podas contínuas, constantes e realizadas de maneira abusiva.
  • 62. 61 Na silvicultura moderna, o manejo de árvores urbanas acompanha a evolução de paradigmas, de conceitos, de tecnologias e de procedimentos visando à correção de erros, a priorização da presença da árvore e a busca da convivência pacífica com esses vegetais fundamentais à nossa vida na cidade. Assim como na medicina, busca-se atuar na silvicultura e no manejo de árvores urbanas pela INTERVENÇÃO MÍNIMA POSSÍVEL, o que caracteriza a premissa ou diretriz da boa técnica agronômico- florestal-biológica. Figura 26: Podas de rebaixamento de copa da CPFL na Rua Maria Umbelina Couto, Taquaral, Campinas-SP. Fonte: Acervo do autor
  • 63. 62 Figura 27: Poda da CPFL em “V” Rua Jorge Krug, Guanabara-Campinas-SP. Gerando o desbalanceamento e risco de colapso da madeira, além de compor grande área de ferimento e entrada de doenças e patógenos. A árvore tem sua vida útil reduzida devido à prática e a municipalidade arca com os custos socioeconomicoambientais. Fonte: Acervo do autor Figura 28: Poda em “U”, realizada pela CPFL na Rua Jorge Krug, Bairro Guanabara, Campinas-SP. Fonte: Acervo do autor
  • 64. 63 Figura 29: Poda em “U” realizada pela CPFL, Rua Jorge Krug, Guanabara, Campinas-SP. Fonte: Acervo do autor Figura 30: Alecrim de Campinas morto, após receber inúmeras podas radicais pela CPFL, Campinas-SP. Fonte: Acervo do autor. Figura 31: Alecrins de Campinas. O primeiro com “envassouramento” dos ramos podados, antes de morrer, o segundo, já morto. Podas realizadas pela CPFL, Campina-SP. Fonte: Acervo do autor
  • 65. 64 Figura 32: Alecrim de Campinas morto, predominância da rede aérea obsoleta de distribuição de energia da CPFL, Campinas-SP. Fonte: Acervo do autor Figura 33: Ipê branco com poda em L aberta e rebaixamento de copa pela CPFL, Campinas-SP. Fonte: Acervo do autor Em São Paulo e em outras cidades brasileiras, o processo de degradação urbana possui traços comuns: Redes obsoletas de distribuição aérea de energia são mantidas em detrimento da qualidade de vida do cidadão. Nas próximas imagens coletadas nas ruas da capital paulista, percebe-se claramente a poluição visual, a agressividade do meio urbano, a falta de elementos naturais arbóreos devido à apropriação de parcela significativa da paisagem pelos aparatos da empresa concessionária. A cidade fica esteticamente comprometida, os cidadãos desvalorizam seu espaço construído e perdem-se completamente as referências da beleza, da arquitetura e da amplitude espacial.
  • 66. 65 Figura 34: Degradação urbana proporcionada pela rede aérea de distribuição de energia. O aparato exposto das companhias ocupa o mesmo espaço que poderia estar ocupado com a arborização urbana, gerando a desvalorização dos locais, a poluição visual, a privação dos cidadãos ao convívio e benefício da presença do verde em seu cotidiano. A cidade perde sua referência estruturadora do espaço. São Paulo – SP. Fonte: Acervo do autor
  • 67. 66 Figura 35: Detalhamento das fiações expostas da Eletropaulo degradadoras do meio ambiente urbano. Os aparatos expostos ocupam locais nobres que poderiam ser arborizados. São Paulo- SP. Fonte: Acervo do autor Figura 36: A imagem demonstra a sobrecarga de fios e aparatos da Eletropaulo, além do péssimo aspecto da cidade. São Paulo-SP. Fonte: Acervo do autor Figura 37: Não há qualquer comprometimento com a beleza, harmonia e estética. As fiações expostas compõe sérios riscos de acidentes à população e comerciantes. Eletropaulo, São Paulo-SP. Fonte: Acervo do autor
  • 68. 67 Países como Argentina, Uruguai, Áustria, Alemanha, França, Holanda, Eslováquia, República Tcheca, efetivamente colocam em prática nas suas cidades sistemas de distribuição de energia que são compatíveis à presença de arborização em calçadas. No Brasil, inúmeras cidades como Maringá, São Paulo e Curitiba, têm efetivado programas de convivência com o elemento arbóreo de maneira saudável e de maneira a efetivar os benefícios econômicos e ambientais das árvores. Vê-se um absurdo retrocesso ambiental e de qualidade de vida nas cidades, ao manterem-se sistemas de distribuição de energia obsoletos e extremamente poluidores esteticamente (cabeamentos aéreos sobrecarregados, postes e cruzetas) que degradam o ambiente urbano, além de competir diretamente com o lugar que deveria ser destinado às árvores. A argumentação das empresas elétricas no sentido de justificarem essa conduta é frágil, na contramão da história e em contraposição direta à sustentabilidade e à proporção de seus lucros astronômicos. É necessário que elas se adequem às atuais realidades e necessidades da população na busca de um meio ambiente urbano mais equilibrado, respeitem as árvores viárias que compõe a rede de infraestrutura verde que suporta a vida e sustenta as cidades. As árvores são um patrimônio de valor inestimável ao município e a cada cidadão, bens protegidos pela legislação ambiental brasileira e Constituição Federal de 1988. Mesmo a instalação de redes subterrâneas de serviços públicos é feita de modo mal planejado e vem causando prejuízos ao sistema radicular das árvores urbanas, principalmente as viárias. A instalação das redes de gás subterrâneas, em geral, não respeita as raízes das árvores - é realizada sob elas, gerando uma instabilidade no solo e danos às raízes (estruturas responsáveis pelo equilíbrio, pela sustentação e nutrição dos vegetais). O dano no sistema radicular é de difícil cicatrização, por estar sob o solo e ter influência direta de múltiplos agentes como: umidade, decompositores, bactérias, fungos, patógenos, térmitas (cupins), coleópteros (brocas), dentre outros. Com o tempo, pequenos ferimentos podem continuar evoluindo até comprometerem a estrutura, a nutrição das árvores, seu equilíbrio e estabilidade. Aumenta-se o risco com acidentes por queda, pelo próprio enfraquecimento e morte
  • 69. 68 dos vegetais (Figuras 38, 39, 40, 41, 42, 43 e 44). No caso mostrado na Figura 38, a árvore enfraquecida pela poda de suas raízes atingiu um veículo em movimento, o que quase gerou vítimas fatais. Houve a destruição parcial do veículo, danos materiais à vítima e a geração de sentimento de insegurança com relação à saúde das árvores afetadas pela tubulação de gás no bairro Cambuí, em Campinas-SP. Figura 38: Implantação de rede de gás subterrânea pela empresa COMGÁS. R. Coronel Silva Telles, Campinas-SP, 211, Edifício Leonardo da Vinci. Poda de raízes de sustentação em árvore da espécie Delonix regia, Flamboyant. Fonte: Acervo do autor Figura 39: Detalhe da poda realizada nas raízes do indivíduo na R. Coronel Silva Telles para a passagem da tubulação de gás da empresa COMGÁS. A mesma foi feita atingindo raízes grossas e finas, prejudicando a sustentação, o equilíbrio e a nutrição da árvore. Fonte: Acervo do autor
  • 70. 69 Figura 40: No detalhe é mostrada a comunicação da rede que passa na R. Coronel Silva Telles, em Campinas, com a tubulação de entrada ao consumidor, Edifício Leonardo da Vinci, 211. Fonte: Acervo do autor Figura 41: Após a conclusão do serviço, a árvore que teve o seu sistema radicular podado foi prejudicada. Seu estado fitossanitário se deteriorou rapidamente até sua queda sobre um veículo em 14 de janeiro de 2008. Fonte: Acervo do autor