O documento discute a variação e mudança linguística. Apresenta exemplos de como as línguas variam lexical, foneticamente e morfologicamente em diferentes regiões e contextos. Também explica que a mudança ocorre gradualmente através da variação e é influenciada por fatores sociais, como idade, sexo e classe social.
Fichamento de transcrição do texto de Variação Linguistica
1. FICHAMENTO DE TRANSCRIÇÃO
Nayara França1
FIORIN, José Luiz (org.) Introdução à Linguística. Vol. 1 Objetos Teóricos. São
Paulo: Contexto, 2002.
“A variação Lingüística” Ronald Beline
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Uma língua é sobretudo um produto social e cultural e como tal deve ser entendida...
[...] As línguas variam [...] (p.162).
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[...] podemos de início pensar nas diferentes línguas que existem no mundo.
Falamos português no Brasil. [...] Sabemos também que dentro de nosso país ainda
há indígenas que se comunicam [...] em suas línguas, e não em português. (p.163)
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[...] o fato de que detectamos diferenças entre o português que falamos em São
Paulo, [...] e o português que se fala na cidade do Rio de Janeiro, ou nas cidades de
Salvador e Porto Alegre. É claro também que tais diferenças não impedem que nos
comuniquemos entre nós. (p.163).
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[...] Pode ser que o falante não saiba que "jerimum", palavra muito usada na Bahia,
corresponde a "abóbora", termo muito mais comum nos estados do Sul e Sudeste
de nosso país. (p.163).
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[...] O que importa [...] no estudo da variação Linguística é que ambos os vocábulos
podem ser usados para fazer referência a um determinado fruto, de uma
determinada planta, que tem um determinado tamanho, uma determinada cor, enfim,
1
Discente do Curso de Especialização em Estudos Linguísticos e Literários pela Universidade
Federal da Bahia- UFBA, apresentando fichamento para o componente Sociolinguística, ministrado
pela Profa. Drª Constância Borges.
2. um conjunto de características que não permite que ele seja chamado "tomate", por
exemplo (p.164).
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Esse tipo de variação, a lexical, é entretanto apenas um dos modos como uma
língua pode variar. [...] Numa mesma língua, um mesmo vocábulo pode ser
pronunciado de formas diferentes, seja conforme o lugar - variação diatópica -, seja
conforme a situação (mais formal ou mais informal) em que se está falando variação diafásica. (p.164).
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[...] focalizando a variação agora nos sons, podemos lembrar a clara diferença que
distingue falantes cariocas de paulistanos: o modo como eles pronunciam o -r em
final de sílaba. (p.164).
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A variável Linguística é, portanto, um conjunto de duas ou mais variantes. Estas,
por sua vez, são diferentes formas Linguísticas que veiculam um mesmo sentido.
(p.165).
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[...] Tal variação morfológica não é obrigatoriamente uma variação diatópica. Um
paulistano, embora possa aspirar o -r em final de sílaba, parece nunca fazê-lo. O
mesmo paulistano, por outro lado, pode dizer "andar" ou "andá", "fazer" ou "fazê",
"sair" ou "saf'. (p.166).
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Até que ponto as línguas variam? [...] variação Linguística detectáveis no léxico, na
fonética, na morfologia e na sintaxe do P B, explicando-os com base na localização
geográfica dos falantes e em aspectos sociais, tais como escolaridade do falante e
formalidade ou informalidade da situação de fala. (p.169).
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[...] as línguas são sistemas homogêneos, em algum nível caracterizado por um
conjunto de regras que não varia. [...] Um
falante universitário de alto poder
aquisitivo, na faixa dos 25 anos, nascido e criado na capital de São Paulo, pode
utilizar variantes como andar e andá, fazer e fazê, e assim por diante. O mesmo
falante parece também poder usar as variantes "essa aqui é a pessoa em que eu
fiquei na casa" e "essa aqui é a pessoa que eu fiquei na casa dela". (p. 172)
3. ........................................................................................................................................
[...] um mesmo indivíduo opera com regras variáveis, parece natural optar por uma
perspectiva a partir da qual vemos a língua como um sistema
variável.
Os
lingüistas
que
assim
vêem
a
língua
inerentemente
são comumente
chamados de sociolingüistas ou variacionistas. (p. 172 - 173).
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[..] mesmo o falante que é membro de uma comunidade caracterizada pelo
nível
escolar
e
econômico
pode
deixar
de
realizar
a
alto
chamada
concordância nominal, em alguns casos. (p. 175)
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[...] de um lado, temos a comunidade de fala, do modo como definimos, de outro,
continuamos tendo o falante-indivíduo, que pode usar a língua de maneira variável
mesmo dentro da comunidade. (p. 176)
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[...] os falantes expressam mais o pronome tu quando fazem referência a qualquer
pessoa e não a uma pessoa específica. (p.179)
“A mudança Lingüística” - Paulo Chagas
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[...] Quanto maior
a
diferença
de
idade, maior
a
probabilidade
de
encontrarmos diferenças na forma de falar de duas pessoas. Suponhamos que um
falante de cerca de vinte anos converse com outro falante de cerca de setenta anos.
Ambos poderão perceber diferenças (p. 171)
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[...] A língua escrita não reflete todas as mudanças que ocorrem na língua falada. A
língua escrita
língua
vem normalmente
a
reboque
das mudanças
ocorridas
na
falada, havendo frequentemente uma defasagem entre o aparecimento de
mudanças na língua falada e o momento em que elas passam a ser aceitas ou
pelo menos toleradas na língua escrita. (p.201)
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[...] "É sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa
ciência,
diacrônico
tudo
o
que
diz respeito
às
evoluções.
Do
mesmo
4. modo, sincronia e diacronia designarão respectivamente um estado de língua e
uma fase de evolução". (p. 202)
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Por estar interessado no conhecimento individual a respeito da língua, na relação
entre língua e mente, Chomsky pressupõe um falante ideal numa comunidade ideal,
também com o objetivo de abstrair considerações sociais. Fazendo uma oposição
entre gramática (tida por ele como o conhecimento que cada falante tem do idioma
que utiliza), e língua (tida como algo social), Chomsky faz claramente uma opção
metodológica em favor da primeira. (p. 204)
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Para Labov, toda língua apresenta variação, que é sempre potencialmente um
desencadeador de mudança. Como a mudança
é
gradual,
é
necessário
passar. primeiro por um período de transição em que há variação, para em seguida
ocorrer a mudança.
Como a mudança e a variação estão estreitamente
relacionadas, é muito difícil estudar uma sem estudar a outra. (p. 204)
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De certa forma, Labov faz o caminho inverso de Saussure,
já que este fez um
esforço para excluir o que é externo à língua em si dos estudos lingüísticos, e
aquele procura
justamente
demonstrar
que
o
funcionamento
de
uma
língua não pode ser entendido no vácuo. Ela necessariamente faz parte de uma
sociedade que a utiliza, a influencia e é influenciada por ela. (p. 204 - 205)
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Se deixamos de lado tudo o que é social, não estritamente interno à língua, não
podemos
explicar,
por
exemplo,
por
que
alguns
falantes utilizam um r
retroflexo, isto é, com a ponta da língua voltada para trás, o chamado r caipira, em
contextos que outros utilizam um r vibrante alveolar e outros utilizam apenas uma
aspiração, sem que haja distinção de significado. (p. 205)
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Como apontou Coseriu (1979), a língua nunca está pronta. Ela é sempre algo por
refazer. A cada geração, ou mesmo em cada situação de fala, cada falante recria a
língua. Dessa forma, ela está sujeita a alterações nessa recriação. Por outro lado,
depende de uma tradição, já que cada falante diz as coisas de determinada maneira
em grande parte porque é daquela maneira que se costuma dizer. (p. 205 – 206)
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5. Como a língua está sempre sendo recriada, ela comporta o surgimento
de inovações a todo momento. O crucial é que nem toda inovação vinga, nem
toda inovação é realmente
incorporada e difundida pelos
falantes de uma
determinada comunidade. (p. 206)
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É importante termos em mente que as línguas são heterogêneas, não são sistemas
perfeitos, prontos, acabados. Pode haver nelas heterogeneidade de origem externa
ou
interna
à
língua,
e
a
heterogeneidade
de
um
tipo
pode
gerar
também heterogeneidade do outro tipo. Por exemplo, há atualmente no português
do Brasil uma
tendência de perda dos pronomes átonos ou clíticos.
Essa
tendência é bem acentuada nos clíticos de terceira pessoa, mas não se limita a ela.
Formas como eu vi ele são bem mais comuns no vernáculo do que eu o vi. (p. 206)
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[...] Qualquer desequilíbrio desencadeado por motivos unicamente linguísticos ou
por motivos externos à língua pode dar origem à variação. E toda variação pode
em princípio vir a ocasionar mudança. (p. 207)
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Como a língua está a todo momento se equilibrando entre tendências
potencialmente conflitantes, e até mesmo opostas, está sujeita a sofrer mudanças,
pois esse equilíbrio pode vir a ser alterado por qualquer tipo de fator, interno ou
externo. (p. 207)
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[...] Em muitas regiões do Brasil, já se completou a mudança, resultando em uma
substituição completa do pronome sujeito tu por você. Em outras, temos ainda a
variação entre as duas. É importante perceber que não passamos de uma fase em
que só se usava a forma tu para outra em que só se usa a forma você, sem uma
fase intermediária de variação. (p. 209)
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[...] para a Sociolinguística Variacionista, a mudança é vista como gradual. (p. 209)
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É importante sempre lembrar que pode haver fatores de duas espécies
que favoreçam ou dificultem a mudança: fatores estritamente linguísticos e
fatores extralinguísticos. Os fatores linguísticos se relacionam à forma como a língua
está organizada, como funciona o seu sistema, quais são seus elementos, suas
6. regras, etc. Os fatores extralinguísticos relacionam-se à forma como a língua está
inserida na sociedade. (p. 210)
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Como se origina uma mudança Lingüística? Podemos pensar em duas
possibilidades. A primeira é a ação de um ou mais elementos externos à língua e à
sociedade em que ela se insere. É o que ocorre quando uma língua entra em
contato com outra. (p. 210)
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Os fatores que podem estar relacionados à mudança podem ser de diversos tipos: a
idade, o sexo, a classe social e o prestígio social, entre outros. (p. 217)
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a observação de falantes de diferentes faixas etárias, para estudar como eles
utilizam determinadas variáveis,
por
exemplo,
a marcação de plural,
a
concordância de sujeito e verbo, a pronúncia de determinados sons ou seqüências
de sons, o significado que atribuem a determinadas construções etc. (p. 218)
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De acordo com Lightfoot, a mudança lingüística está localizada no período de
aquisição da linguagem. Como a criança não tem acesso direto à gramática dos
pais ou de outros adultos dos quais ela adquire o domínio de sua língua materna,
pode ocorrer de a gramática das crianças apresentar
certas
diferenças
com
relação à gramática dos pais. (p. 222)
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A Teoria da Otimidade considera que em toda língua estão presentes restrições
universais, normalmente baseadas em questões funcionais como a facilidade de
articulação, facilidade de percepção etc. Anttila (1995) e AnttiIa e Cho (1998) são
autores importantes que tratam da variação e da mudança Lingüística nesse quadro
teórico. (p. 222)
7. regras, etc. Os fatores extralinguísticos relacionam-se à forma como a língua está
inserida na sociedade. (p. 210)
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Como se origina uma mudança Lingüística? Podemos pensar em duas
possibilidades. A primeira é a ação de um ou mais elementos externos à língua e à
sociedade em que ela se insere. É o que ocorre quando uma língua entra em
contato com outra. (p. 210)
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Os fatores que podem estar relacionados à mudança podem ser de diversos tipos: a
idade, o sexo, a classe social e o prestígio social, entre outros. (p. 217)
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a observação de falantes de diferentes faixas etárias, para estudar como eles
utilizam determinadas variáveis,
por
exemplo,
a marcação de plural,
a
concordância de sujeito e verbo, a pronúncia de determinados sons ou seqüências
de sons, o significado que atribuem a determinadas construções etc. (p. 218)
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De acordo com Lightfoot, a mudança lingüística está localizada no período de
aquisição da linguagem. Como a criança não tem acesso direto à gramática dos
pais ou de outros adultos dos quais ela adquire o domínio de sua língua materna,
pode ocorrer de a gramática das crianças apresentar
certas
diferenças
com
relação à gramática dos pais. (p. 222)
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A Teoria da Otimidade considera que em toda língua estão presentes restrições
universais, normalmente baseadas em questões funcionais como a facilidade de
articulação, facilidade de percepção etc. Anttila (1995) e AnttiIa e Cho (1998) são
autores importantes que tratam da variação e da mudança Lingüística nesse quadro
teórico. (p. 222)