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LINGUAGEM, CULTURA E
SOCIEDADE
Prof. Caio Vitor M. Miranda
Aula 23/06
O QUE É A
VIDA?
Portanto, a diferença entre língua e linguagem é:
A língua é um conjunto organizado de elementos
desenvolvido pelos humanos e comum a um grupo.
Por exemplo: pessoas que falam francês ou aquelas
que aprenderam a se comunicar em Libras.
A linguagem, por sua vez, é qualquer forma de
expressão. Por exemplo: dança, imagem, música.
Contexto
• Existem elementos que nos ajudam a interpretar os textos que
estão a nossa volta, mas para que se possa compreender bem
um texto é necessário identificar o contexto (histórico, social,
cultural, político) no qual ele está inserido.
Intencionalidade
• Um texto revela a perspectiva, a “visão de mundo” a qual o
autor tem da realidade, já que é produzido por um sujeito num
determinado tempo e espaço. Esse indivíduo, por pertencer a
um grupo social, expõe em seus textos, ideias, anseios,
temores, expectativas de seu tempo e de seu grupo social.
DETERMINISMO – o que é?
Norma culta e variedades
linguísticas
Roberto Gomes Camacho
1. A variação e o
preconceito linguístico
A: Farta muito pra essa lata
veia (VELHA) chegá?
B: Farta umas treis hora.
A: Bem, então, tá na hora de
merendá
não existe comunidade linguística alguma em que todos
falem do mesmo modo e porque, por outro lado, a variação
é o reflexo de diferenças sociais, como origem geográfica e
classe social, e de circunstâncias da comunicação [...]
a organização estrutural de uma língua (os sons, a
gramática, o léxico) não está rigorosamente associada com
homogeneidade; pelo contrário, a variação é uma carac-
terística inerente das línguas naturais. [...]
a variação é um fenômeno regular, sistemático, motivado
pelas próprias regras do sistema linguístico. [...]
[...] Assim, o que poderíamos ensinar, após
essas descobertas, a uns jovens estudantes
sentados no banco ao lado, que começam a
rir não só da pronúncia dos dois passageiros
do banco da frente, mas também, na opinião
deles, “do sentido incompreensível da palavra
merendar?”
Responder no chat (3 minutos)
[...] Assim, o que poderíamos ensinar, após
essas descobertas, a uns jovens estudantes
sentados no banco ao lado, que começam a
rir não só da pronúncia dos dois passageiros
do banco da frente, mas também, na opinião
deles, “do sentido incompreensível da palavra
merendar?”
Responder no chat (3 minutos)
O que teríamos a ensinar a esses jovens
irreverentes (e ignorantes a respeito da lin-
guagem) é que, se a variação é, como vimos,
propriedade inerente da linguagem, todas as
línguas e dialetos (variedades de uma
língua) são igualmente complexas e
eficientes para o exercício de todas as
funções a que se destinam e nenhuma
língua ou variedade dialetal é
inerentemente inferior a outra similar sua.
Marilene Felinto:
“O povo tem pronúncia enrolada,
estranha de ouvir; e fala um
português capenga, em que
imperam ausência de plural e erros
de concordância”
(apud POSSENTI, 2001, p. 63-64).
No entanto, nenhuma forma de expressão é
em si mesma deficiente, mas tão somente
diferente, e todas as línguas e variedades
dialetais fornecem a seus usuários meios
adequados para a expressão de conceitos
e proposições lógicas; assim, nenhuma
língua ou variedade dialetal impõe limitações
cognitivas tanto na percepção quanto na
produção de enunciados.
Cheio de rima e sentindo
Quero iscrevê meu volume,
Pra não ficá parecido
Com a fulô sem perfume:
A poesia sem rima,
Bastante me desanima
E alegria não me dá:
Não tem sabô a leitura,
Parece uma noite iscura
Sem istrela e sem luá.
(Patativa do Assaré [Antônio Gonçalves da Silva]. Aos poetas clássicos. Disponível em:
<http://www.releituras.com/patativa_ poetclassicos.asp>).
Intãoce fui in casa, peguei o meu laço de
côro de veado pardo, que tem guentado tôro
marruá... fui no ferrero, mandei fazê um
anzolão de dois parmo, incastoei bem
incastoado, matei ua leitôa, sapequei cum
tripa e tudo, ponhei no anzó, feito isca; marrei
o laço nua arve e pinchei o anzó no fundão...
(PIRES, Cornélio. Musa Caipira. As estrambóticas aventuras do Joaquim Bentinho (o
queima-campo). Tietê: Prefeitura Municipal de Tietê, 1985, p. 111).
2. Determinações sociais das
variedades linguísticas
Já que, conforme vimos, é possível identificar
as características sociais de um falante
desconhecido com base em seu modo de falar,
podemos facilmente concluir que toda língua
comporta variedades:
(a) em função da identidade social do emissor;
(b) em função da identidade social do receptor;
(c) em função das condições sociais de produção
discursiva (CAMACHO, 1988).
• Refere-se aos vários “falares” (dialetos) dentro de uma mesma língua,
já que todas línguas têm suas variações.
• Variações históricas: Vossa Mercê → vosmecê → você → “cê”
• Variações geográficas (regionais): tangerina, bergamota,
mexerica
mandioca, macaxeira, aipim
moleque, guri, piá
•Variações estilísticas (contextuais):
conversa de amigos x entrevista de
emprego.
As variedades estilísticas resultam da adequação da
expressão às finalidades específicas do processo de
interação verbal com base no grau de reflexão sobre as
formas que constituem a competência comunicativa do
sujeito falante. O grau de reflexão é proporcional ao
grau de formalidade da situação interacional: quanto
menos coloquiais as circunstâncias, tanto maior a
preocupação formal. Se a competência do falante inclui
duas formas de ex- pressão, como Por favor, poderia
me passar o açúcar, em contraste com O meu chapa,
vai ficar alugando o açucareiro até quando? Dá pra
passar ou não?, o óbvio é que o primeiro enunciado
seja selecionado em um jantar com pessoas
desconhecidas, e o segundo, em uma mesa de bar que
se compartilha com pessoas do círculo íntimo.
estilo informal X estilo formal,
• O ônibus vai parar e eu chamo a polícia.
• A polícia vai me prender porque estou suando?
• Vai botar o senhor pra fora porque é um...
recalcitrante.
• O passageiro pulou, transfigurado:
• O quê? Repita, se for capaz.
• Re... calcitrante.
• Te quebro a cara, ouviu? Não admito que ninguém me
insulte!
• Eu? Não insultei.
• Insultou, sim. Me chamou de réu. Réu não sei o quê,
calcitrante, sei lá
• o que é isso. Retira a expressão, ou lá vai bolacha.
• Mas é a portaria! A portaria é que diz que o
recalcitrante...
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Recalcitrante. In: ANDRADE, C. D. De notícias & não-notícias faz-se a crônica. 2. ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1975, p. 31-33).
•Variações socioculturais: diferença na
linguagem de acordo com a formação
acadêmica e/ou situação socioeconômica.
a variação sociocultural deriva da tendência
para a maior semelhança entre os atos
verbais dos indivíduos participantes de um
mesmo setor socioeconômico e cultural. As
variedades linguísticas são motivadas por
diferenças de ordem socioeconômica,
como nível de renda familiar, grau de
escolaridade, ocupação profissional, de
ordem sócio-biológica, como idade e
gênero, entre outros, sejam eles isolados
ou combinados entre si.
PRATICANDO...
1. Comente sobre
as variações
linguísticas
existentes na tira:
2. Comente sobre as variações
linguísticas presentes no texto abaixo.
Chegamo na praia com o sol estalando, várias novinha pegando
uma cor com a rabeta pro alto, mó lazer. Saí voado pra água,
mandando vários mergulho neurótico, furando as onda. A água
tava gostosinha. Nem acreditei quando voltei e vi o bonde todo
com mó cara de cu. O bagulho era que tinha uns cana ali parado,
escoltando nós. Tava geral na intenção de apertar o baseado, e os
cana ali. Esses polícia de praia é foda. Tem dia que eles fica
sufocando legal. Eu acho que das duas uma: ou é tudo maconheiro
querendo pegar a maconha dos outros pra fazer a cabeça, ou
então é tudo traficante querendo vender a erva pra gringo, pros
playboy, sei lá. Sei é que quando eu vejo cana querendo muito
trabalhar fico logo bolado. Coisa boa num é!
OBRIGADO!

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  • 1. LINGUAGEM, CULTURA E SOCIEDADE Prof. Caio Vitor M. Miranda Aula 23/06
  • 2. O QUE É A VIDA?
  • 3.
  • 4. Portanto, a diferença entre língua e linguagem é: A língua é um conjunto organizado de elementos desenvolvido pelos humanos e comum a um grupo. Por exemplo: pessoas que falam francês ou aquelas que aprenderam a se comunicar em Libras. A linguagem, por sua vez, é qualquer forma de expressão. Por exemplo: dança, imagem, música.
  • 5. Contexto • Existem elementos que nos ajudam a interpretar os textos que estão a nossa volta, mas para que se possa compreender bem um texto é necessário identificar o contexto (histórico, social, cultural, político) no qual ele está inserido.
  • 6. Intencionalidade • Um texto revela a perspectiva, a “visão de mundo” a qual o autor tem da realidade, já que é produzido por um sujeito num determinado tempo e espaço. Esse indivíduo, por pertencer a um grupo social, expõe em seus textos, ideias, anseios, temores, expectativas de seu tempo e de seu grupo social.
  • 8. Norma culta e variedades linguísticas Roberto Gomes Camacho
  • 9. 1. A variação e o preconceito linguístico A: Farta muito pra essa lata veia (VELHA) chegá? B: Farta umas treis hora. A: Bem, então, tá na hora de merendá
  • 10. não existe comunidade linguística alguma em que todos falem do mesmo modo e porque, por outro lado, a variação é o reflexo de diferenças sociais, como origem geográfica e classe social, e de circunstâncias da comunicação [...] a organização estrutural de uma língua (os sons, a gramática, o léxico) não está rigorosamente associada com homogeneidade; pelo contrário, a variação é uma carac- terística inerente das línguas naturais. [...] a variação é um fenômeno regular, sistemático, motivado pelas próprias regras do sistema linguístico. [...]
  • 11. [...] Assim, o que poderíamos ensinar, após essas descobertas, a uns jovens estudantes sentados no banco ao lado, que começam a rir não só da pronúncia dos dois passageiros do banco da frente, mas também, na opinião deles, “do sentido incompreensível da palavra merendar?” Responder no chat (3 minutos)
  • 12. [...] Assim, o que poderíamos ensinar, após essas descobertas, a uns jovens estudantes sentados no banco ao lado, que começam a rir não só da pronúncia dos dois passageiros do banco da frente, mas também, na opinião deles, “do sentido incompreensível da palavra merendar?” Responder no chat (3 minutos)
  • 13. O que teríamos a ensinar a esses jovens irreverentes (e ignorantes a respeito da lin- guagem) é que, se a variação é, como vimos, propriedade inerente da linguagem, todas as línguas e dialetos (variedades de uma língua) são igualmente complexas e eficientes para o exercício de todas as funções a que se destinam e nenhuma língua ou variedade dialetal é inerentemente inferior a outra similar sua.
  • 14. Marilene Felinto: “O povo tem pronúncia enrolada, estranha de ouvir; e fala um português capenga, em que imperam ausência de plural e erros de concordância” (apud POSSENTI, 2001, p. 63-64).
  • 15. No entanto, nenhuma forma de expressão é em si mesma deficiente, mas tão somente diferente, e todas as línguas e variedades dialetais fornecem a seus usuários meios adequados para a expressão de conceitos e proposições lógicas; assim, nenhuma língua ou variedade dialetal impõe limitações cognitivas tanto na percepção quanto na produção de enunciados.
  • 16. Cheio de rima e sentindo Quero iscrevê meu volume, Pra não ficá parecido Com a fulô sem perfume: A poesia sem rima, Bastante me desanima E alegria não me dá: Não tem sabô a leitura, Parece uma noite iscura Sem istrela e sem luá. (Patativa do Assaré [Antônio Gonçalves da Silva]. Aos poetas clássicos. Disponível em: <http://www.releituras.com/patativa_ poetclassicos.asp>).
  • 17. Intãoce fui in casa, peguei o meu laço de côro de veado pardo, que tem guentado tôro marruá... fui no ferrero, mandei fazê um anzolão de dois parmo, incastoei bem incastoado, matei ua leitôa, sapequei cum tripa e tudo, ponhei no anzó, feito isca; marrei o laço nua arve e pinchei o anzó no fundão... (PIRES, Cornélio. Musa Caipira. As estrambóticas aventuras do Joaquim Bentinho (o queima-campo). Tietê: Prefeitura Municipal de Tietê, 1985, p. 111).
  • 18. 2. Determinações sociais das variedades linguísticas Já que, conforme vimos, é possível identificar as características sociais de um falante desconhecido com base em seu modo de falar, podemos facilmente concluir que toda língua comporta variedades: (a) em função da identidade social do emissor; (b) em função da identidade social do receptor; (c) em função das condições sociais de produção discursiva (CAMACHO, 1988).
  • 19. • Refere-se aos vários “falares” (dialetos) dentro de uma mesma língua, já que todas línguas têm suas variações. • Variações históricas: Vossa Mercê → vosmecê → você → “cê” • Variações geográficas (regionais): tangerina, bergamota, mexerica mandioca, macaxeira, aipim moleque, guri, piá
  • 20. •Variações estilísticas (contextuais): conversa de amigos x entrevista de emprego. As variedades estilísticas resultam da adequação da expressão às finalidades específicas do processo de interação verbal com base no grau de reflexão sobre as formas que constituem a competência comunicativa do sujeito falante. O grau de reflexão é proporcional ao grau de formalidade da situação interacional: quanto menos coloquiais as circunstâncias, tanto maior a preocupação formal. Se a competência do falante inclui duas formas de ex- pressão, como Por favor, poderia me passar o açúcar, em contraste com O meu chapa, vai ficar alugando o açucareiro até quando? Dá pra passar ou não?, o óbvio é que o primeiro enunciado seja selecionado em um jantar com pessoas desconhecidas, e o segundo, em uma mesa de bar que se compartilha com pessoas do círculo íntimo. estilo informal X estilo formal,
  • 21. • O ônibus vai parar e eu chamo a polícia. • A polícia vai me prender porque estou suando? • Vai botar o senhor pra fora porque é um... recalcitrante. • O passageiro pulou, transfigurado: • O quê? Repita, se for capaz. • Re... calcitrante. • Te quebro a cara, ouviu? Não admito que ninguém me insulte! • Eu? Não insultei. • Insultou, sim. Me chamou de réu. Réu não sei o quê, calcitrante, sei lá • o que é isso. Retira a expressão, ou lá vai bolacha. • Mas é a portaria! A portaria é que diz que o recalcitrante... (ANDRADE, Carlos Drummond de. Recalcitrante. In: ANDRADE, C. D. De notícias & não-notícias faz-se a crônica. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, p. 31-33).
  • 22. •Variações socioculturais: diferença na linguagem de acordo com a formação acadêmica e/ou situação socioeconômica. a variação sociocultural deriva da tendência para a maior semelhança entre os atos verbais dos indivíduos participantes de um mesmo setor socioeconômico e cultural. As variedades linguísticas são motivadas por diferenças de ordem socioeconômica, como nível de renda familiar, grau de escolaridade, ocupação profissional, de ordem sócio-biológica, como idade e gênero, entre outros, sejam eles isolados ou combinados entre si.
  • 24. 1. Comente sobre as variações linguísticas existentes na tira:
  • 25. 2. Comente sobre as variações linguísticas presentes no texto abaixo. Chegamo na praia com o sol estalando, várias novinha pegando uma cor com a rabeta pro alto, mó lazer. Saí voado pra água, mandando vários mergulho neurótico, furando as onda. A água tava gostosinha. Nem acreditei quando voltei e vi o bonde todo com mó cara de cu. O bagulho era que tinha uns cana ali parado, escoltando nós. Tava geral na intenção de apertar o baseado, e os cana ali. Esses polícia de praia é foda. Tem dia que eles fica sufocando legal. Eu acho que das duas uma: ou é tudo maconheiro querendo pegar a maconha dos outros pra fazer a cabeça, ou então é tudo traficante querendo vender a erva pra gringo, pros playboy, sei lá. Sei é que quando eu vejo cana querendo muito trabalhar fico logo bolado. Coisa boa num é!