No âmbito do módulo de CP4 (Cidadania e Profissionalidade), ministrado pela formadora Silvina Silva, foi-nos atribuído um trabalho de grupo cujo tema é: “Problemas que resultam da manifestação de uma diferença”.
Tendo como base a Diferença, iremos abordar neste nosso trabalho alguns dos muitos temas controversos e mediáticos com os quais convivemos socialmente, tais como: Racismo/Xenofobia, Desigualdade de Género, Portadores de Necessidades Especiais, Intolerância Religiosa, Homofobia/Transfobia e Edaísmo.
2. Centro de Formação Profissional do Seixal
EFA-NS
Curso de Técnico Instalador de Sistemas Solares Térmicos
Área de Competência: CP 4
Cidadania e Profissionalidade
UFCD: Processos identitários
Formador: Silvina Silva
Tema: As Diferenças da Diferença
Grupo de Trabalho:
Carlos Castanheira, n.º7 - Fernando Chaira, n.º10
Rui Henriques, n.º 23 – Gilberto Oliveira, n.º29
26/01/2014
3. Introdução………………………………………………………………………….………….....................3
A Diferença……..……….…………....……..……….………….....................................................4
Racismo e Xenofobia……..……………………………………………………………………...............5
Desigualdade de Género………..……………………………………………………………................9
Portadores de Necessidades Especiais……………………………………………….…………......10
Intolerância Religiosa……………………………………………….………………………..................12
Homofobia e Transfobia……..……….…………....……..……….…………..............................14
Edaísmo……..……………………………………………………………………..................................15
Conclusão……..……………………………………………………………………................................18
Bibliografia………..……………………………………………………………....................................19
Índice
4. No âmbito do módulo de CP4 (Cidadania e Profissionalidade), ministrado pela
formadora Silvina Silva, foi-nos atribuído um trabalho de grupo cujo tema é:
“Problemas que resultam da manifestação de uma diferença”.
Tendo como base a Diferença, iremos abordar neste nosso trabalho alguns dos
muitos temas controversos e mediáticos com os quais convivemos socialmente, tais
como: Racismo/Xenofobia, Desigualdade de Género, Portadores de Necessidades
Especiais, Intolerância Religiosa, Homofobia/Transfobia e Edaísmo.
3
Introdução
5. 3
A Diferença
O termo “diferença”, na sua definição, esclarece a comparação entre dois seres ou
coisas, distingue a falta de igualdade ou semelhança e pode ser considerada uma
singularidade, como algo único ou original. A definição, por si só, explica o
significado de um termo, uma frase ou um conjunto de símbolos e usa palavras para
definir ou esclarecer palavras.
Porém, neste nosso trabalho sobre a “diferença”, iremos abordar o tema tendo por
base o conceito. Para isso, precisamos que se entenda a distinção entre conceito e
definição. O conceito traduz-se num “juízo” que a mente concebe ou entende, é
uma ideia ou uma noção e relaciona-se com pensamentos individuais, sociais ou
científicos. É um exercício de pensamento ou um modo de entender o Homem, a
natureza, os relacionamentos, a sociedade, os valores, a vida ou as coisas do mundo.
No nosso processo de crescimento, somos transformados por ideologias
socialmente dominantes, que nos moldam o pensamento e nos incutem padrões.
O conceito da “diferença”, no senso comum, foi colocado do lado do “mal”,
significa que desde tempos remotos acarreta uma certa “maldição”, existe uma
espécie de repulsa por tudo aquilo que foge aos padrões pré-estabelecidos. É
preciso, portanto, libertar a diferença e retirá-la da sua condição de “maldição”.
Comecemos por entender que é a diferença e não a semelhança a "lei" mais
profunda da natureza, uma vez que nenhum ser vivo é completamente igual a outro,
a “diferença” é o princípio construtivo da natureza.
Para pensar a “diferença” na sua essência seria preciso um esforço sobre-humano e
libertar pensamento de linguagens construídas. Se conseguíssemos fazer esse
exercício perceberíamos até que ponto estamos enleados num mesmo discurso que
se tornou natural e faz parte do senso comum e nos torna “iguais”.
Abordaremos seguidamente, temas controversos e mediáticos com os quais
convivemos socialmente.
4
6. Embora sejam fenómenos distintos, muitas vezes o racismo e a xenofobia, podem
ser considerados semelhantes e originários da mesma raiz, ou seja, acontece quando
um determinado grupo social sente a necessidade de se distanciar de outro grupo
que, por razões históricas, possui tradições ou comportamentos diferentes. Esta
antipatia gera um movimento em que o grupo mais poderoso e homogéneo hostiliza
o grupo mais fraco, ou diferente, pois o segundo não aceita seguir as mesmas regras
e princípios ditados pelo primeiro. Muitas vezes, com a justificação da diferença
física, que acaba por se tornar a base do comportamento racista.
5
Racismo e Xenofobia
Racismo
A palavra racismo tem origem na conjugação de dois termos: “raça” e “ismo”, sendo
“raça” a palavra mãe, originária do Latim, “ratio” que significa “espécie”. Para que
possamos compreender o verdadeiro significado da palavra racismo devemos
primeiro conhecer o significado da palavra raça.
Raça é o grupo de indivíduos que pertencem a um conjunto semelhante, quer de
ordem física ou psicológica e que apresentam princípios idênticos entre os seus
membros. Por conseguinte, podemos depreender que racismo é o princípio que nos
indica que uma certa raça é superior a outra com singularidades diferentes. É uma
atitude recheada de preconceitos e discriminação contra sujeitos de certas raças ou
etnias.
Não obstante das suas semelhanças,
neste nosso trabalho, iremos
abordar os dois temas de modo
individual, tentando caracterizar
cada uma desta diferenças.
7. Como exemplo, enunciamos o caso da África do Sul que, em 1948, aprovou a lei
do Apartheid ("vida separada"), a qual, para além de proibir o casamento entre
brancos e negros, dava aos brancos toda a supremacia sobre os negros da África do
Sul. Eram impostas várias leis, regras e sistemas de controlos sociais que obrigavam
a viver separados brancos e negros. Os negros eram proibidos de circular em certas
áreas das cidades e de usar determinadas instalações públicas, ou seja, de acordo
com regras imposta, eram impedidos de ser uns verdadeiros cidadãos.
6
Skinhead, de 24 anos, estrangula transeunte de raça negra em plena praça pública (região de Belo Horizonte)
Xenofobia
A palavra Xenofobia, tal como a palavra racismo, resulta da conjugação de dois
termos: “xeno” e “fobia”, em que “xeno” significa estranho ou estrangeiro e “fobia”
medo excessivo ou aversão a algo.
Neste contexto poderemos depreender que a xenofobia é uma aversão a outras
raças e culturas, um medo intensivo, descontrolado e desmedido em relação a
pessoas ou grupos diferentes, com as quais nós habitualmente não contactamos e
que resultam das rivalidades religiosas, do nacionalismo excessivo, do incentivo
criado pelos poderes políticos e problemas económicos e sociais, por uma teoria
nacionalista excessiva. A xenofobia pode manifestar-se através de atos individuais
diretos, como a discriminação, e em casos extremos com a morte ou a imigração
forçada.
Do mesmo modo, destacamos um caso acorrido em solo Luso em que Alcino
Monteiro, um português de ascendência cabo-verdiana, pelo simples facto de não
ser branco, foi cobarde e barbaramente assassinado a 10 de Junho de 1995 no
Bairro Alto, em Lisboa, por um grupo de "skinheads" que na mesma noite já havia
agredido várias pessoas.
8. Como exemplos concretos de xenofobia poderemos
enunciar o Holocausto, ocorrido durante a Segunda
Guerra Mundial, na Alemanha, onde os nazistas
exterminaram milhões de pessoas desde judeus,
asiáticos, homossexuais, negros, islâmicos e
comunistas. A expulsão dos angolanos dos países
sul-africanos, acusados de “roubar” a riqueza dos
naturais desses países. E ainda, os casos que
ocorreram num passado muito recente em que, nos
campos de futebol espanhóis, jogadores e
treinadores portugueses, primeiro Luís Figo, depois
Cristiano Ronaldo, a seguir José Mourinho,
sofreram insultos por serem portugueses. Os
insultos dirigidos ao povo português ultrapassam os
estádios de futebol de toda a Espanha e são
repetidos na imprensa e na internet.
7
Alguns ícones da luta contra o racismo e xenofobia:
Nelson Mandela
Nasceu a 18 de Julho de 1918, na província sul-
africana do Cabo Oriental e faleceu a 05 de
Dezembro de 2013. Durante os seus anos de
estudante, Mandela lutou contra as injustas e
intolerantes leis do apartheid e em 1944 ajudou a
criar uma divisão juvenil do Congresso Nacional
Africano (ANC).
Nelson Mandela foi uma das figuras mais
importantes da história presente, considerado um
guerreiro em luta pela liberdade e pelos direitos
humanos na África do Sul e a nível internacional,
tendo sido agraciado com Prémio Nobel da Paz
(1993) pelo seu esforço conjunto para acabar de
forma pacífica com o apartheid.
9. Martin Luther King Jr.
Nasceu a 15 de Janeiro de 1929, em Atlanta, Geórgia,
Estados Unidos e faleceu a 4 de Abril de 1968, vítima de
assassinato. Foi um pastor protestante e ativista político,
tornando-se num dos mais importantes líderes do
movimento dos direitos civis dos negros nos Estados
Unidos, e no mundo, com uma campanha de não-
violência e de amor ao próximo.
Em 14 de Outubro de 1964 Martin King recebeu o
Prémio Nobel da Paz pelo combate à desigualdade racial
através da não-violência.
8
“O teu Cristo é judeu; O teu carro é japonês; A tua pizza é italiana;
A tua democracia é grega; O teu café é brasileiro; As tuas férias são turcas;
Os teus números são árabes; A tua escrita é latina; Os teus sapatos são portugueses;
O teu perfume é francês; A tua música é americana…
E…Tu censuras o teu vizinho por ser um estrangeiro…!?"
“Carlo Giuliani – ativista Italiano morto pela policia em 20 de Julho de 2001”
10. 3
Desigualdade de Género
As desigualdades de género e o preconceito que advém disso mesmo foram
construídas ao longo da história humana, e que se formou no decorrer de um
modelo de sociedade, marcadamente patriarcal, baseado numa forte organização
sexual hierárquica, partindo do domínio masculino na esfera familiar, e que
consequentemente se transportou para a esfera público-social. Mais tarde em
contraposição dessa mesma organização social, nasce o feminismo, tendo
características de um movimento social e político, com o objetivo da igualdade dos
sexos.
O argumento de que os homens e mulheres são biologicamente distintos e que a
relação entre ambos decorre desta distinção e que se complementa, na qual, cada
um deve desempenhar um papel específico, acaba por ter o carácter de argumento
final. Seja no âmbito do senso comum, seja argumentado por uma linguagem
científica, por distinção biológica ou sexual, serve para compreender e justificar a
desigualdade social.
Compete-nos enquanto pais, compete á escola enquanto complemento educacional
colaborar nas relações entre homens e mulheres de uma forma construtiva e mais
justa, com conteúdos necessários para o desenvolvimento intelectual dos/as
filhos/estudantes, que auxilie positivamente no processo formativo de identidade de
género.
As mulheres ainda hoje em muitas
partes do mundo são ostracizadas,
humilhadas, menosprezadas e até
mesmo violentadas…
A pergunta que se impõe e sobre a qual
é necessário refletir enquanto seres
participantes nesta sociedade de
desigualdades…ATÉ QUANDO?
9
11. Serei Cego ou Invisual?
“Tenho 30 anos e ceguei aos 7 por acidente,
Na altura fiquei na escuridão total, ou seja,
fiquei cego. Era uma criança muito viva e com
uma força de vontade de agarrar o mundo
muito grande. Graças a essa força, consegui
vencer a cegueira e aos poucos fui capaz de a
vencer. Recomecei a escola com o Braille e
hoje sou um profissional de massagem, casado
10
Portadores de Necessidades Especiais
e pai de um filho lindo. Foi uma grande batalha chegar aqui. A vida não é fácil, mas
para quem tem alguma limitação é muito mais difícil. Mas é através das dificuldades
que nós damos mais valor à vida e temos mais coragem para lutar por ela. Viver na
normalidade é fácil demais e as pessoas saturam-se e acabam por não saber o que
querem dela.
Hoje sou muito feliz e sinto-me perfeitamente integrado na sociedade e no
emprego, ao ponto das pessoas por vezes se esquecerem que não vejo. Tendo
atitudes, inocentes, do género de me estenderem a mão para me cumprimentarem
e ficarem à espera que eu reaja ou, por exemplo, os meus colegas de trabalho
pedirem-me para lhes chegar uma coisa qualquer, mas pedindo pela cor e não pelo
formato. É óbvio que isto se deve a maneira natural com que eu estou na vida.
12. Aos poucos fui aprendendo a encarar o mundo e a vê-lo de uma maneira diferente,
mas de acordo com a minha nova realidade. Criei uma imagem das coisas e das
pessoas, formando um mundo só meu mas tão real como o das que vêm. Hoje vejo
e consegui sair da escuridão. No ser humano o que vê é o Cérbero e não os olhos.
Por isso, vejo o mundo de acordo com a minha própria realidade e já não sou cego,
mas sim invisual. Isto é, não vejo com os olhos mas sim com todos os outros
sentidos. Tudo isto se deve a uma força de vontade, coragem e a um grande
otimismo. Não me entreguei â revolta nem ao sentimento de coitadinho. Pois quem
não consegue vencer esta barreira, nunca sairá da cegueira. Cego é aquele que está a
olhar para uma pedra qualquer e afirma que é um diamante. Isto é a verdadeira
cegueira.
Embora me tenha conseguido libertar da escuridão, sinto-me por vezes frustrado,
por este mundo ser construído, somente, a pensar nos normo-visuais, esquecendo-
se de que qualquer pessoa é um grande potencial candidato â cegueira. Por isso
apelo a todas as pessoas, normo-visuais, que quando virem algo que, por distração
ou qualquer outro motivo, possa por em causa a vossa segurança, reclamei e façam
força para que isso mude. Precisamos, urgentemente, da vossa colaboração. Não
esquecendo de que ao fazer algo por nós, estarão a ajudarem-se a vocês próprios.”
Até quando continuaremos a ser cegos?
11
13. 3
Intolerância Religiosa
Em nome de Deus?
Para muitos de nós a intolerância religiosa pode parecer um absurdo e causar
admiração, mas muitos conflitos e guerras violentas foram e ainda são travadas em
nome de um determinado Deus ou crença religiosa.
Este é um problema extremamente complexo e ambíguo, porque geralmente tais
confrontos, não resultam de motivações exclusivamente religiosas, são muitas vezes
originados por razões de ordem económica, social, política ou cultural.
São inúmeros os exemplos de conflitos religiosos, por exemplo, entre judeus e
cristãos, entre cristãos e islâmicos (As cruzadas), os milhares de mortes e torturas
produzidas pela Inquisição (Igreja Católica) contra os considerados hereges, as
guerras entre católicos e protestantes a imposição do cristianismo ou do catolicismo
aos povos indígenas (envangelização). Ainda hoje, alguns desses grandes conflitos
perduram, por exemplo, entre islâmicos e cristãos e entre católicos e protestantes,
na Irlanda do Norte e na serra leoa onde cristãos são constantemente perseguidos e
queimados vivos para júbilo da multidão.
Mas a intolerância religiosa também se
expressa em pequenos conflitos
quotidianos, quando se descrimina pessoas
por não terem a mesma crença, quando se
destrói ou vandaliza templos e símbolos de
religiões que se consideram diferentes, ou
ainda quando alguém atribui à sua crença
o estatuto de religião e qualifica a crença
alheia de seita com interesses dúbios.
12
14. Malala Yousafzai
Nem sempre as hostilidades se manifestam contra religiões diferentes por vezes
dentro da mesma religião existem conflitos resultantes de abordagens extremistas de
determinada doutrina, caso recente e mediático é o de Malala, uma jovem
paquistanesa que foi baleada na cabeça, quando se dirigia para a escola, este ataque
foi executado por extremistas islâmicos, que consideram que as mulheres não devem
ir a escola entre muitas outras proibições.
Galardoada com o Prémio Sakharov, atribuído pelo Parlamento Europeu
reconhecendo a sua coragem e perseverança na busca da defesa da liberdade das
mulheres no seu pais, assim como na defesa do direito á educação.
“Um professor, um lápis e um caderno…e mudaremos o mundo”
A luta pela liberdade religiosa e contra a intolerância deve partir de toda a sociedade
e de todas as orientações religiosas. Pois a manifestação da fé individual e coletiva é a
manifestação que o ser humano tem de mais puro, de mais sagrado, e nunca deve
ser reprimido.
13
Malala sobreviveu ao violento ataque
com bastantes cicatrizes físicas e
psicológicas mas a principal consequência
do ataque foi o fortalecimento das suas
convicções e um incremento na sua luta
contra os extremistas, esta postura valeu
lhe inúmeras ameaças de morte, mas esta
pequena heroína não se deixa intimidar
resiste e continua a sua demanda.
Malala escreveu um livro onde narra a sua história e
as atrocidades cometidas por os “talibans” contra o
seu povo e contra as mulheres em particular, tem
discursado perante as mais prestigiadas plateias nas
mais altas estâncias mundiais, onde apela a ajuda dos
países ricos para combater o flagelo que é a iliteracia
e a intolerância religiosa…
15. 14
Homofobia e Transfobia
Homofobia: Opressão baseada na orientação ou na identidade sexual que pode ser
caracterizada por vários nomes. É uma opressão intencional e premeditada. A
palavra homofobia tem na sua derivação dois significados que derivam do grego:
Homos que quer dizer o “mesmo” e Phobikos que tem como significado “ter medo
de / ou aversão a”.
Transfobia: Opressão sofrida por pessoas que desafiam os conceitos de género
padrão e a sua expressão. Nela incluem-se, transexuais, transgénicos e travestis.
A lei portuguesa e a sociedade portuguesa em questão não tem uma legislação
específica para fazer face a estas pessoas estando a contribuir para que os mesmos
não arranjem trabalho e sejam socialmente humilhados.
É mais uma etapa na afirmação da liberdade conquistada com o 25 de Abril.
É mais uma afirmação na nossa crença pelos valores humanos.
É mais uma arma contra todo o tipo de discriminação que persiste em existir na
nossa sociedade.
16. Sabem o que é o Edaísmo?
Possivelmente não sabem!!
O Edaísmo é a descriminação baseada na idade…já todos nós passámos por este
tipo de preconceito, ou por sermos demasiado novos ou demasiado velhos, seja
profissionalmente ou mesmo em relações sociais, desde a recusa de se poder
contratar um seguro de saúde por se ser velho demais ao fato de se desvalorizar
opinião por se ser muito jovens. Mas é a nível laboral que se assiste a uma maior
incidência deste fenómeno.
Esta dificuldade é quase insuperável no atual mercado de trabalho,
fundamentalmente quando se atinge os 45 anos idade, onde o talento e a
experiencia profissional perdem o seu devido valor em prol da idade atingida, sendo
um fator eliminatório ter idade superior ao requisitado pela entidade empregadora.
A Avaliação deveria ser feita pelas competências adquiridas e não pela sua idade.
15
Edaísmo
Ao consultarmos os anúncios de
emprego para funções normais,
lemos frequentemente: “precisa-
se pessoa até aos 35 anos”.
Conclui-se que a descriminação
baseada na idade, apesar de ser
uma prática ilegal é feita às
descaradas e nas “barbas”
desatentas das autoridades
competentes (ACT). Aceitamo-la
recatadamente, confundindo-a
com a falta de educação ou
achando-a justificada por razões
culturais. No entanto, como todas
as formas de descriminação, ela
afeta negativa e injustificadamente os direitos de cidadania das pessoas, podendo
levá-las ao isolamento e à exclusão.
17. 17
O Código do Trabalho refere no seu artigo 25.º que "nenhum trabalhador ou
candidato a emprego pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado" em função
da idade ‐ entre outras características como sexo ou estado civil. E o Provedor da
Justiça alerta que "as diferenças de tratamento, não justificadas, entre pessoas"
baseadas "na idade, representam uma violação dos direitos à igualdade de
tratamento, à dignidade e respeito pessoais".
Mas o Código de Trabalho, também diz que não se considera discriminação se a
exigência for justificada pela "natureza das atividades profissionais em causa ou
do contexto da sua execução". A diretiva europeia sobre o tema, por exemplo,
exclui as forças armadas e acrescenta que polícia, serviços prisionais e de
emergência não são obrigados a contratar ou manter pessoas sem capacidade
para executar as funções.
No que se refere ao mundo das organizações, estudos feitos em Inglaterra
demonstram que esta é a forma de discriminação mais frequente. Pelo menos
40% das pessoas já sentiram na pele, de uma forma ou de outra, a discriminação
fundada em razões de idade.
É, no entanto, uma forma de discriminação da qual a maioria das pessoas ainda
não tem uma consciência clara, razão pela qual formas evidentes dela são
praticadas “às claras” pelas empresas e são pacificamente aceites pelas pessoas.
Aos professores compete‐lhes fazer doutrina e educar as atuais e futuras
gerações. Aos gestores de Recursos Humanos cabe‐lhes criar uma cultura de
complacência e não de discriminação.
Estamos em crer que dentro de poucos anos esta situação será bem diferente. As
pessoas irão tomar conhecimento dos seus direitos e as empresas passarão a ter
outro cuidado, não só por razões legais e financeiras, como também por razões de
imagem pública. Nenhuma empresa quer ver a sua imagem manchada com um
caso de discriminação. À Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT)
compete moralizar e fiscalizar o cumprimento das leis.
16
18. Para concluir, deixamos aqui uma simples sugestão que entendemos poder
agradar ao Estado, que poupa em pagamento de subsídios de desemprego e
recebe mais impostos, às Empresas, que ganham em mão‐de‐obra experiente e
qualificada e em incentivos dados pelo Estado e, por fim, nós (os “velhos”), que
ganhamos a possibilidade de continuar a ser uteis à sociedade com o nosso
trabalho e, através desse meio, garantir o sustento das nossas famílias.
‐ À semelhança do que já é praticado pelo Estado, o qual atribui incentivos às
empresas que admitem jovens que procuram o primeiro emprego, dever‐se‐ia
também atribuir incentivos às empresas que admitissem aqueles que são mais
velhos, os quais possuem a mais‐valia do conhecimento e experiencia profissional
e de vida.
Posto isto, ao elaborarmos este subtema, revemo‐nos no papel de “vítimas” deste
estigma social, uma vez que alguns de nós sente na pele o “sabor” deste
preconceito, sendo rotulados de “velhos” para integrar o mercado de trabalho.
Muitas são as leis que tentam evitar este tipo de descriminação, mas infelizmente
não basta apenas legislar, cabe a cada um de nós evitar e combater este tipo de
situação, aliás juntando a experiencia dos mais velhos e a irreverência e audácia
dos mais novos, só temos a ganhar. Um grupo multietário tem muito mais
capacidade do que um em que as idades são mais uniformes…
Aguardemos pois uma maior abertura de mentalidades, para erradicarmos de
uma vez este flagelo social.
17
19. Ao longo da História da Humanidade, a convivência dos seres humanos, dos
grupos sociais, das sociedades, ou seja, a convivência com o outro, nem sempre foi
pacífica. Motivados por diversas razões, sejam raciais, etnológicas, religiosas,
políticas, as diferenças associadas aos preconceitos sempre foram potenciadores e
responsáveis por incontáveis conflitos. Estes preconceitos são geralmente
infundados e fruto do medo que o ser humano tem do que é diferente.
Contudo, na era da aldeia global, temos vindo a presenciar um desenvolvimento
civilizacional. Cada vez mais o individuo comum tem uma maior sensibilidade e
consciência do mundo em que vive, estando mais informado logo mais preparado
para lidar com a diferença e até mesmo tirar partido dela.
Quando verificamos que diversas culturas, raças, credos se unem para auxiliar em
programas de ajuda médica-alimentar ou aquando de um acontecimento
catastrófico, nestas situações o melhor de nós vem ao de cima, talvez fosse
interessante deixarmos de lado as nossas diferenças e passarmos, antes, a
promover as nossas semelhanças, independentemente do que nos distingue.
Porque no fundo pertencemos todos a uma raça, à raça Humana.
Se somos assim tão diferentes, não será esta diversidade a nossa maior riqueza?
18
Conclusão