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Contrariedades
Cesário Verde
Trabalho realizado por:
Ana Semedo, Nº 2
Catarina Afonso, Nº12
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Eu hoje estou cruel, frenético, exigente; 
Nem posso tolerar os livros mais bizarros. 
Incrível! Já fumei três maços de cigarros 
Consecutivamente. 
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos: 
Tanta depravação nos usos, nos costumes! 
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes 
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Sentei-me à secretária. Ali defronte mora 
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes; 
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes 
E engoma para fora. 
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas! 
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica. 
Lidando sempre! E deve a conta na botica! 
Mal ganha para sopas... 
O obstáculo estimula, torna-nos perversos; 
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias, 
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias, 
Um folhetim de versos. 
Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta 
No fundo da gaveta. O que produz o estudo? 
Mais duma redação, das que elogiam tudo, 
Me tem fechado a porta. 
A crítica segundo o método de Taine 
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa 
Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa 
Vale um desdém solene. 
Com raras exceções merece-me o epigrama. 
Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo, 
Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho 
Diverte-se na lama. 
Eu nunca dediquei poemas às fortunas, 
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas. 
Independente! Só por isso os jornalistas 
Me negam as colunas. 
Tema:
Questão social, a humilhação e a
imagem feminina
Objetivo:
Criticar a sociedade
portuguesa da segunda metade
do séc. XIX
Assunto:
Revolta de um poeta e vida de
uma engomadeira
Narrador:
Focalização interna
Eu/ ho/je es/tou/ cru/el,/ fre/né/ti/co, e/xi/gen/te;  12
Nem/ po/sso/ to/le/rar/ os/ li/vros/ mais/ bi/za/rros.  12
In/crí/vel!/ Já/ fu/mei/ três/ ma/ços/ de/ ci/ga/rros  12 
Con/se/cu/ti/va/men/te.  6
Estrutura externa - Composição
Composição:
17 quadras
Primeiros três versos: alexandrinos (12)
Último verso: hexassílabo (6)
Cesário
Verde
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;  A
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.  B
Incrível! Já fumei três maços de cigarros  B
Consecutivamente.  A
Estrutura externa - Rima
Rima:
Emparelhada: 2º e 3º verso
Interpolada: 1º e 4º verso
Esquema: ABBA
Cesário
Verde
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente; 
Nem posso tolerar os livros mais bizarros. 
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente. 
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos: 
Tanta depravação nos usos, nos costumes! 
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes 
E os ângulos agudos.
Estrutura interna – 1º Parte
Primeira parte: estrofes 1 e 2
Personagem predominante: sujeito poético
Assunto: Apresentação do mal estar do sujeito
Gumes: lado do fio dos objetos cortantes.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora 
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes; 
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes 
E engoma para fora. 
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica. 
Lidando sempre! E deve a conta na botica! 
Mal ganha para sopas... 
Estrutura interna – 2º Parte
Segunda parte: estrofes 3 e 4
Personagem predominante: engomadeira
Assunto: situação da engomadeira
Botica: farmácia.
O obstáculo estimula, torna-nos perversos; 
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias, 
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias, 
Um folhetim de versos. 
Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta 
No fundo da gaveta. O que produz o estudo? 
Mais duma redação, das que elogiam tudo, 
Me tem fechado a porta. 
A crítica segundo o método de Taine 
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa 
Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa 
Vale um desdém solene.
Estrutura interna – 3º Parte
Terceira parte: estrofes 5 a 9*
Personagem predominante: sujeito poético
Assunto: relação entre imprensa e sujeito
Método de Taine: método de compreender o homem em três factores: raça, meio e momento.
Com raras exceções merece-me o epigrama. 
Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo, 
Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho 
Diverte-se na lama. 
Eu nunca dediquei poemas às fortunas, 
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas. 
Independente! Só por isso os jornalistas 
Me negam as colunas. 
Estrutura interna – 3º Parte
Terceira parte: estrofes 5 a 9*
Personagem predominante: sujeito poético
Assunto: relação entre imprensa e sujeito
Epigrama: poema que expressa apenas um pensamento principal.
Deferência: consideração.
Relação com o título
Contrariedades
Sujeito poético
contrariado
Versos rejeitados
Paralelismos – O Poeta
Trabalha curvado sobre a secretária
Fuma “três maços de cigarros
consecutivamente”
A dor de cabeça, resultante dos
cigarros e das “contrariedades”
Abafa “desesperos mudos”
Vê recusada a publicação dos seus versos.
Personagens: sujeito poético e engomadeira
Estilo
Impressionismo literário (apelo às
sensações visuais)
Expressão clara, objetiva
e concreta
Utilização de vocabulário
preciso e expressivo
Utilização frequente de
recursos estilísticos
Beleza e perfeição formal (regularidade
métrica, estrófica e rimática)
Lírico realista
Transfiguração
Recursos Estilísticos
Adjetivação
Objetivo: acentuar uma crítica;
melhorar perceção da realidade.
Exemplo: “Eu hoje estou cruel,
frenético, exigente”
Ironia
Objetivo: criticar de forma habilidosa.
Exemplo: “Mais duma redação, das
que elogiam tudo, 
Me tem fechado a porta.”
Exclamação
Objetivo: traduzir emoção.
Exemplo: “Tão lívida!”
Recursos Estilísticos
Interrogação
Objetivo: reforçar a intenção irónica.
Exemplo: “O que produz o estudo?”
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Exemplo: “Consecutivamente;
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Exemplo: “Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
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"Contrariedades" - Análise do poema

  • 1. Contrariedades Cesário Verde Trabalho realizado por: Ana Semedo, Nº 2 Catarina Afonso, Nº12 Joana Nunes, Nº21 Margarida Pereira, Nº27
  • 2. - - - - - - - - - - - - - - - - José Joaquim Cesário Verde Maria da Piedade dos Santos Verde José Anastácio Verde Linda-a-Pastora, Lisboa, Portugal Lumiar, Portugal 25/02/1855 Morto - - - - - - - 19/07/1886
  • 3. Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;  Nem posso tolerar os livros mais bizarros.  Incrível! Já fumei três maços de cigarros  Consecutivamente.  Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:  Tanta depravação nos usos, nos costumes!  Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes  E os ângulos agudos.  Sentei-me à secretária. Ali defronte mora  Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;  Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes  E engoma para fora.  Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!  Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.  Lidando sempre! E deve a conta na botica!  Mal ganha para sopas...  O obstáculo estimula, torna-nos perversos;  Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,  Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,  Um folhetim de versos.  Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta  No fundo da gaveta. O que produz o estudo?  Mais duma redação, das que elogiam tudo,  Me tem fechado a porta.  A crítica segundo o método de Taine  Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa  Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa  Vale um desdém solene.  Com raras exceções merece-me o epigrama.  Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo,  Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho  Diverte-se na lama.  Eu nunca dediquei poemas às fortunas,  Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.  Independente! Só por isso os jornalistas  Me negam as colunas. 
  • 4. Tema: Questão social, a humilhação e a imagem feminina Objetivo: Criticar a sociedade portuguesa da segunda metade do séc. XIX Assunto: Revolta de um poeta e vida de uma engomadeira Narrador: Focalização interna
  • 5. Eu/ ho/je es/tou/ cru/el,/ fre/né/ti/co, e/xi/gen/te;  12 Nem/ po/sso/ to/le/rar/ os/ li/vros/ mais/ bi/za/rros.  12 In/crí/vel!/ Já/ fu/mei/ três/ ma/ços/ de/ ci/ga/rros  12  Con/se/cu/ti/va/men/te.  6 Estrutura externa - Composição Composição: 17 quadras Primeiros três versos: alexandrinos (12) Último verso: hexassílabo (6) Cesário Verde
  • 6. Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;  A Nem posso tolerar os livros mais bizarros.  B Incrível! Já fumei três maços de cigarros  B Consecutivamente.  A Estrutura externa - Rima Rima: Emparelhada: 2º e 3º verso Interpolada: 1º e 4º verso Esquema: ABBA Cesário Verde
  • 7. Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;  Nem posso tolerar os livros mais bizarros.  Incrível! Já fumei três maços de cigarros Consecutivamente.  Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:  Tanta depravação nos usos, nos costumes!  Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes  E os ângulos agudos. Estrutura interna – 1º Parte Primeira parte: estrofes 1 e 2 Personagem predominante: sujeito poético Assunto: Apresentação do mal estar do sujeito Gumes: lado do fio dos objetos cortantes.
  • 8. Sentei-me à secretária. Ali defronte mora  Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;  Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes  E engoma para fora.  Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas! Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.  Lidando sempre! E deve a conta na botica!  Mal ganha para sopas...  Estrutura interna – 2º Parte Segunda parte: estrofes 3 e 4 Personagem predominante: engomadeira Assunto: situação da engomadeira Botica: farmácia.
  • 9. O obstáculo estimula, torna-nos perversos;  Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,  Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,  Um folhetim de versos.  Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta  No fundo da gaveta. O que produz o estudo?  Mais duma redação, das que elogiam tudo,  Me tem fechado a porta.  A crítica segundo o método de Taine  Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa  Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa  Vale um desdém solene. Estrutura interna – 3º Parte Terceira parte: estrofes 5 a 9* Personagem predominante: sujeito poético Assunto: relação entre imprensa e sujeito Método de Taine: método de compreender o homem em três factores: raça, meio e momento.
  • 10. Com raras exceções merece-me o epigrama.  Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo,  Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho  Diverte-se na lama.  Eu nunca dediquei poemas às fortunas,  Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.  Independente! Só por isso os jornalistas  Me negam as colunas.  Estrutura interna – 3º Parte Terceira parte: estrofes 5 a 9* Personagem predominante: sujeito poético Assunto: relação entre imprensa e sujeito Epigrama: poema que expressa apenas um pensamento principal. Deferência: consideração.
  • 11. Relação com o título Contrariedades Sujeito poético contrariado Versos rejeitados
  • 12. Paralelismos – O Poeta Trabalha curvado sobre a secretária Fuma “três maços de cigarros consecutivamente” A dor de cabeça, resultante dos cigarros e das “contrariedades” Abafa “desesperos mudos” Vê recusada a publicação dos seus versos. Personagens: sujeito poético e engomadeira
  • 13. Estilo Impressionismo literário (apelo às sensações visuais) Expressão clara, objetiva e concreta Utilização de vocabulário preciso e expressivo Utilização frequente de recursos estilísticos Beleza e perfeição formal (regularidade métrica, estrófica e rimática) Lírico realista Transfiguração
  • 14. Recursos Estilísticos Adjetivação Objetivo: acentuar uma crítica; melhorar perceção da realidade. Exemplo: “Eu hoje estou cruel, frenético, exigente” Ironia Objetivo: criticar de forma habilidosa. Exemplo: “Mais duma redação, das que elogiam tudo,  Me tem fechado a porta.” Exclamação Objetivo: traduzir emoção. Exemplo: “Tão lívida!”
  • 15. Recursos Estilísticos Interrogação Objetivo: reforçar a intenção irónica. Exemplo: “O que produz o estudo?” Advérbios expressivos Exemplo: “Consecutivamente; Insensatamente” Aliteração Exemplo: “Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes E os ângulos agudos.”
  • 16. FIM