Este documento discute a arte na educação básica. Ele resume a legislação brasileira sobre arte na escola, como a LDB e os PCN, e destaca a abordagem triangular de Ana Mae Barbosa para ensinar arte de forma contextualizada. Também discute a importância de se ensinar arte na educação infantil de forma lúdica e criativa para desenvolver a sensibilidade das crianças.
1. De Professor para Professor...
Público alvo: Acadêmicos dos Cursos de Pedagogia e Letras da FAVALE
Carangola, MG – Outubro/ 2013
2. Fabíola Garcia de Oliveira - Arte-Educadora
• Licenciatura Plena em Educação Artística, em 2004, pelo UBM - Centro
Universitário de Barra Mansa / RJ.
• Pós-Graduada em Ensino de Arte, Estética Moderna e Contemporânea, em
2007, pelo UBM – Centro Universitário de Barra Mansa / RJ.
• Professora da disciplina Arte:
Anos iniciais (1º ao 5º) no estado de SP – cidade de Cachoeira Paulista (Rede
Pública e Privada)
Anos Finais (6º ao 9º) no estado do RJ – cidades Volta Redonda e Barra Mansa
(Rede Pública).
Cidade de Carangola – Escola Municipal Santa Luzia
Cidade de Porciúncula – Escola Municipal Orlinda Veiga
• Analista Educacional PIP CBC – SRE Carangola
3.
4.
5.
6. Abrangência:
Arte fora da Escola Arte dentro da Escola
através do Professor
Regente nos anos
iniciais e do Professor
Específico nos anos
finais do Ensino
Fundamental.
LDB – Lei 9394/96de Diretrizes e Bases
da Educação
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
CBC – Currículo Básico Comum da SEE/MG
7. Arte = Substantivo Feminino. Capacidade humana de criação
com vistas a certos resultados.
Cultura = Substantivo Feminino. O complexo dos padrões de
comportamento, das crenças, das instituições, das
manifestações artísticas, intelectuais, etc., transmitidos
coletivamente, e típicos de uma sociedade.
Fonte: Aurélio
11. LDB – Lei 9394/96de Diretrizes e Bases da Educação
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB nº 9.394) de 20 de dezembro
de 1996, estabelece em seu artigo 26,
parágrafo 2º:
“O ensino da arte constituirá componente
curricular obrigatório, nos diversos níveis da
educação básica, de forma a promover o
desenvolvimento cultural dos alunos”.
12. PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
de Arte:
“São características desse novo marco curricular
as reivindicações de identificar a área por arte
e não mais por educação artística, e de incluí-
la na estrutura curricular como área com
conteúdos próprios ligados à cultura artística,
e não apenas como atividade”.
13. CBC – Currículo Básico Comum da SEE/MG
Conteúdo Básico Comum instituído pela SEE/MG, CONSIDERA:
Carga horária obrigatória, definida pela Secretaria de Estado de Educação
de Minas Gerais para a disciplina Arte, no segundo segmento do Ensino
Fundamental de 40 horas/aula em cada série, perfazendo 160 horas.
Indica-se que a escola abra espaços para atividades artísticas em outros
momentos curriculares, orientadas por professores e profissionais
especialistas, dentro de suas possibilidades.
A área de conhecimento ARTE é ampla e engloba para fins de estudo, no
ensino fundamental, quatro áreas específicas: artes visuais, dança, música e
teatro. Para cada uma delas, é necessário um professor especialista e
condições mínimas de infra-estrutura para que seu ensino seja significativo.
Fica claro que é extremamente desejável que sejam feitos projetos
conjuntos integrados, desde que o conhecimento específico de cada área de
expressão seja construído.
14. Maior compromisso com a cultura e com a história.
Ênfase na inter-relação entre o fazer, a leitura da obra de
Arte (apreciação interpretativa) e a contextualização
histórica, social, antropológica e estética.
VER
FAZER
CONTEXTUALIZAR
Essas ações são baseada na
Abordagem Triangular, organizada
pela pesquisadora e Arte-Educadora
Ana Mae Barbosa no final da década
de 1980.
15. Se a arte não é tratada como um conhecimento, mas
somente como “um grito da alma”, não estaremos
oferecendo uma educação nem no sentido cognitivo, nem
no sentido emocional.
Não é só uma mudança de terminologia que a nova lei
propõe.
Nascida da luta de Arte-Educadores em todo o país, a nova
LDB gerou documentos que reafirmam a presença da arte
na escola.
16. O objetivo maior, então, não é simplesmente propiciar
que os alunos conheçam Picasso, Portinari ou Cezanne,
mas que eles possam perceber e conhecer como o
homem e a mulher, em tempos e lugares diferentes
puderam falar de seus sonhos e de seus desejos, de sua
cultura, de sua realidade e de suas esperanças e
desesperanças, de seu modo singular de pesquisar a
materialidade por intermédio da linguagem da Arte.
17. Arte dentro da Escola através do Professor Regente nos anos
iniciais e do Professor Específico nos anos finais do Ensino
Fundamental.
... Antes de ser preparado para explicar a
importância da arte na educação, o professor
deverá estar preparado para entender e explicar a
função da arte para o indivíduo e a sociedade.
O papel da arte na educação é grandemente
afetado pelo modo como o professor e o aluno
vêem o papel da arte fora da escola...
18. A falta de uma preparação de pessoal para
entender e gostar de Arte ANTES de ensiná-la
é um problema crucial, nos levando muitas
vezes a confundir
IMPROVISAÇÃO com CRIATIVIDADE.
“A inspiração existe, mas ela deve nos encontrar trabalhando”.
Pablo Picasso
19. O que é importante ser ensinado em Artes?
Como os conteúdos de aprendizagem em
Artes podem ser organizados?
Como os alunos aprendem Arte?
21. A leitura de obra de arte envolve o questionamento,
a busca, a descoberta e o despertar da capacidade
crítica dos alunos.
Segundo Ana Mae, é importantíssimo ressaltar que o
objetivo de interpretação é a obra e não o artista,
não justificando processos adivinhatórios na
tentativa de descobrir as “intenções do artista”.
22. Ação do domínio da prática artística, por
exemplo, o trabalho em ateliê, salas ambientes,
aulas práticas, etc.
23. Operar no domínio da História da Arte e outras
áreas de conhecimento necessárias para
determinado programa de ensino. Estabelece-se
relações que permitam a interdisciplinaridade
no processo ensino-aprendizagem.
24. Paulo Freire diz que:
“A opção realmente libertadora
recusa de um lado uma prática
manipuladora, de outro uma
prática espontaneísta.
A manipulação é castradora,
por isso autoritária. O
espontaneismo é licencioso,
por isso irresponsável”.
25. Nesse sentido, o professor não ensina como
ler, pois não há uma leitura como a mais
correta, há atribuições de sentidos
construídos pelo leitor em função das
informações e dos seus interesses no
momento.
Não se trata, tão pouco de uma visão
espontaneísta, na qual a criança está exposta
a imagens sem problematizar, sem refletir
sobre o que olha.
26. A criação em seu sentido mais significativo e
mais profundo, tem como uma das premissas a
percepção consciente:
A CRIAÇÃO NÃO É AO ACASO
Ela deve ser acompanhada, orientada, instigada
e consciente!
27. Nas perguntas que o homem faz, nas soluções
que encontra, ao agir, ao imaginar, ao sonhar,
sempre o homem relaciona e forma.
Essa é a criatividade consciente!
28.
29. A arte na Educação
infantil tem papel
fundamental na
construção de um
indivíduo crítico,
fornecendo-lhe
experiências que o
ajude a refletir,
desenvolver valores,
sentimentos, emoções
e uma visão
questionadora do
mundo que o cerca.
30. De acordo com Edith Derdyk,
"a criança, ser global, mescla suas
manifestações expressivas: canta ao
desenhar, pinta o corpo ao representar,
dança enquanto canta, desenha enquanto
ouve histórias, representa enquanto fala".
Edith Derdyk fez o curso de Licenciatura em
Artes Plásticas pela FAAP, Realizou inúmeros
trabalhos gráficos como capas de livro, capas de
disco e ilustrações, e escreveu e ilustrou 3 livros
infantis.
31. É necessário começar a educar o olhar da criança
desde a Educação Infantil, lembrando que a infância
é a época das descobertas, das aventuras e magias.
Portanto, o professor deve oferecer condições que
estimule a criatividade, a pesquisa e a criação,
fazendo com que a criança perceba e valorize os
hábitos, costumes e o modo de pensar e agir de
outros povos.
43. Para a criança o desenho é
um campo imaginário e
sonhador. Nós, educadores,
precisamos estar atentos e
considerar a individualidade
de cada educando, levando-
se em conta a fase de
desenvolvimento do trabalho
artístico de cada um. Afinal, a
expressão gráfica da criança
varia com a idade, o meio, os
estímulos e as vivências
próprias.
44. O processo de construção na infância se dá
de forma mais agradável, divertida e
integrada através da valorização do brincar,
contribuindo com o desenvolvimento de sua
sensibilidade.
As atividades lúdicas auxiliam diretamente
no desenvolvimento de sua expressão, nas
relações afetivas com o mundo, com as
pessoas e com os objetos.
45. Desta forma, se envolvermos a criança num
contexto social e conseguirmos organizar as
ideias para que ela invente, crie e construa, a
linguagem da arte se fará presente na Educação
Infantil, ajudando a criança a fazer por si só as
várias leituras de mundo.
46. Quais são os reflexos e resultados desse
trabalho contextualizado na Educação Infantil?
47. Queremos e precisamos nos desprender de qualquer
amarra que nos impeça de pensar criativamente.
Vamos nos libertar dos Estereótipos.
O que nós queremos é colher os frutos de um trabalho
transformador plantado na Educação Infantil.
A maneira como o aluno chega nos anos finais do Ensino
Fundamental em relação à Arte e ao Desenho é
completamente comprometida com a forma de como
esses conhecimentos foram trabalhados nos anos
iniciais
49. Todos nós professores certamente já nos
deparamos com os famosos desenhos
estereotipados, que os alunos aprendem a fazer
desde sempre (ao que parece).
Apesar de “lindinhos” e “bem feitos”, esses
desenhos são um verdadeiro vírus maligno para a
criatividade dos alunos, além de dar uma grande
dor de cabeça aos professores que querem
realmente fazer um trabalho que produza os
frutos que o ensino contextualizado da Arte pode
trazer.
50. Sempre os mesmos, cansativamente repetidos,
eles estão em todos os lugares, mas
principalmente nas escolas.
É lá onde podemos apreciar a maior quantidade e
variedade deles, é onde melhor podemos
acompanhar sua utilização. Os vemos nos murais,
nas janelas, nas portas, nas paredes, nos materiais
didáticos, nos trabalhos das crianças...
Todos gostam, e as crianças desde cedo
aprendem a amar os estereótipos.
51. Se as crianças adoram?
Se seus pais também?
Se os professores se sentem bem fazendo?
Se os diretores têm orgulho de ter a escola
enfeitada?
Por que combatê-los?
Por que não aceitá-los?
52. Não podemos aceitá-los porque como
educadores, acreditamos no poder de
criatividade das pessoas, na
individualidade de cada ser humano,
acreditamos na necessidade vital que a
criança tem de se expressar; porque
somos contra a acomodação e
desejamos a transformação.
53. Admirando os estereótipos as crianças querem
imitá-los e copiá-los: dos murais, das cartilhas, das
folhas mimeografadas, etc. Assim, aos poucos, vão
desaprendendo o seu próprio desenho, perdendo a
expressão individual e a confiança nos seus traços,
começando a considerá-los “feios” ou “mal feitos”.
54. Algumas crianças dizem então “não saber desenhar” e
com isso estão querendo dizer que “não sabem fazer
estereótipos”, que “não sabem desenhar igual à
professora”. Estão, em última análise, mostrando que já
se tornaram inseguras em relação ao desenho, não
acreditam que são capazes.
55. Vejamos como alunos de
diferentes escolas, diferentes
classes sociais, diferentes
contextos, diferentes professores,
possuem a mesma forma de
desenharem paisagem...
56. Se o professor solicitar à uma criança já “dominada”
pelo estereótipo, que desenhe o local onde mora,
certamente sairá como estes desenhos...
57. ...Mesmo que a casa dela não seja assim, mesmo
que perto da casa dela não tenha uma árvore e
independente do tempo, sempre haverá um sol
com nuvens e gaivotas.
58. O desenho estereotipado se justifica porque
as crianças os identificam como aceitos, um
tipo de desenho que elas “não erram” ao
realizá-lo.
Esses desenhos estereotipados, no entanto,
acabam por limitar as descobertas visuais e
a capacidade de expressão das crianças,
reduzindo seu repertório visual e expressivo.
59. Assim, propor desafios para os alunos
desenharem, descobrindo, com o
professor, novas maneiras de realizar
esses desenhos consagrados amplia o
conhecimento e desenvolve a expressão.
60. Vamos discutir sobre a possibilidade de fazer
o desenho de um modo novo, que fuja ao
lugar comum.
Vamos rever com nossos alunos as condições
desse trabalho de arte, que é o de procurar
conhecer o que se vai representar, observar
ou mesmo imaginar esse objeto ou situação
de um jeito diferente do habitual, buscar
novas formas de representá-lo.
61. O Ensino de Arte Contemporâneo quer provocar os
professores e alunos a pensarem sobre o modo de ser
da representação artística, descolada da ideia de cópia
fidedigna da realidade.
62. • Afastar Estereótipos;
• Aguçar a Criatividade;
• Ver;
• Olhar;
• Ler Imagens;
• Criar e Contextualizar!
64. Quem melhor conhece os alunos é o professor, que está junto deles na
sala de aula e conhece a sua realidade e a sua cultura. Portanto, o
professor, quem pode melhor pensar e produzir seu planejamento
referenciado pelo CBC e também o próprio material didático, de acordo
com a estrutura da escola a sua disposição. Isso não significa que os
livros de Art, Cultura e História e devem ser dispensados. Uma boa
biblioteca é fundamental, tanto para os alunos quanto para os
professores.
65. Outros aspectos também devem ser considerados tanto
na concepção do Planejamento quanto na elaboração e
uso do material didático com os alunos. Um desses
aspectos é que o material didático não funciona como uma
receita passo a passo. Os processos de criação e o ensino
de Artes Visuais não acontecem de forma retilínea, assim
como os resultados, ou seja, os trabalhos dos alunos
também nunca são iguais.
Por isso deve ser considerada a subjetividade do aluno,
que é o jeito próprio de cada um interpretar e expressar o
que apreendeu na arte e na própria vida.
66. Em pesquisa realizada com adultos universitários, a maioria revelou que
não conheceu ou não se lembrava de bons materiais didáticos na
disciplina de Arte durante o período no qual cursou o ensino fundamental e
o ensino médio. A maioria revelou também que as atividades eram
baseadas em desenhos com modelos repetitivos para colorir ou em
exercícios de livre expressão.
Atividades dessa natureza tornam o processo empobrecido e
raramente favorecem a construção de conhecimentos em arte, quando não
colaboram para a construção de compreensões equivocadas das Artes
Visuais.
67. O material não precisa ser complexo, mas deve ser
instigante e despertar a curiosidade dos alunos, deve “tocá-
los esteticamente”, no sentido de provocar estímulos e
interesse em saber do que se trata, do que é feito, da
possibilidade de experimentá-lo e apreendê-lo etc.
Muitas vezes o material nem precisa ser,
necessariamente, um objeto de arte, mas deve ser um
objeto estético, deve relacionar e estabelecer ligações e
conexões com o universo das Artes Visuais.
Jornais, revistas, reportagens, publicidade, fotografias,
a praça da cidade, as construções, os estilos de moda
de uma determinada época, etc...
91. As 7 Maravilhas do Mundo Moderno
E. E. Nascimento Leal
7º ano
92. Interface de Arte com Matemática
6º ano
E. E. Dornelas
E. E. Fazenda Paraíso
93. Casamento na Roça – Cândido Portinari
O Quadro Amarelo, Vermelho e Azul -
Kandinsky
94.
95.
96. A Arte Contemporânea desliga-se da procura
pelo belo e pelo real e liga-se diretamente à
experiência da vida. Os artistas almejam fazer
uma arte que espelhe seu tempo.
O que os une é um posicionamento, muitas
vezes contestador e sempre inovador, diante
das radicais mudanças trazidas pela sociedade
industrial.
97. "A principal meta da educação é criar homens que
sejam capazes de fazer coisas novas, não
simplesmente repetir o que outras gerações já
fizeram. Homens que sejam criadores,
inventores, descobridores. A segunda meta da
educação é formar mentes que estejam em
condições de criticar, verificar e não aceitar tudo
que a elas se propõe."
(Jean Piaget)
98. • Katia Canton, Explicando a Arte Moderna;
• Ana Mae Barbosa, Inquietações e Mudanças no Ensino
da Arte;
• Fayga Ostrower, Processos de Criação;
• MaryAnn Kohl, Descobrindo Grandes Artistas;
• Material Didático 2005, Museu Lasar Segall;
• Maria Heloía Ferraz e Maria Fusari, Metodologia do
Ensino de Arte;
• Mirian Celeste, Gisa Picosque e M. Terezinha Telles,
Didática do Ensino de Arte;
• Art’BR – Material Didático