O documento discute genética quantitativa, caracterizando os caracteres qualitativos e quantitativos, as interações alélicas, herdabilidade e estimativas de componentes de variância. Caracteres quantitativos são influenciados por múltiplos genes e o ambiente, apresentando variação contínua. As interações podem ser aditivas, dominantes ou sobredominantes. A herdabilidade mede a capacidade de transmissão dos efeitos genéticos.
2. Efeito do ambiente na expressão
gênica
Expressão fenotípica depende do ambiente
A influência dos fatores ambientais altera o
fenótipo
Indivíduos geneticamente diferentes
desenvolvem-se de modo diferente no mesmo
ambiente
Indivíduos geneticamente idênticos
desenvolvem-se desigualmente em ambientes
diferentes
Fenótipo (F) = Genótipo (G) + Ambiente (A)
3. Caracteres qualitativos e quantitativos
Caracteres controlados por muitos genes são
denominados caracteres poligênicos
Se referem a mensurações de quantidades (pesos, volumes,
medidas: kg, m, cm, g, m2, etc) são comumente
denominados de caracteres quantitativos
Os caracteres controlados por poucos genes são
denominados de caracteres qualitativos
4. Caracteres qualitativos
Segregações conhecidas (3:1, 1:2:1 e 9:3:3:1)
Para um e dois locos, respectivamente, com
dois alelos por loco
Genótipos classificados em grupos fenotípicos
distintos
Pouco influenciados pelo ambiente
9. Caracteres quantitativos
Devido a segregação de um grande número de genes, não
há a possibilidade de serem classificados em grupos
fenotípicos distintos
Apresentam variação contínua e se ajustam a uma
distribuição normal
Muito influenciados pelo ambiente. Por quê?
Como cada loco (gene) é influenciado pelo ambiente, e
como são muitos os genes controlando esses caracteres, a
influência total do ambiente é alta
Existem caracteres mais sensíveis que outros as diferenças
ambientais.
10. Exemplo 1: Altura da espiga (cm) de 100
plantas F2 de milho
A produção de grãos é muito afetada pelo ambiente, enquanto que
a precocidade é menos afetada. Ambiente = fertilidade, umidade,
insolação, etc
11. Exemplo 2: Peso de colmos (kg) de uma
população F1 de cana-de-açúcar
14. Número de genes e de genótipos
Portanto, a consequência de um elevado número de
genes controlando um caráter é o elevado número
de genótipos
15. Hipótese dos fatores múltiplos -
poligenes
Nilsson-Ehle 1910 propuseram a “hipótese dos fatores
multiplos”
Fundamentada no fato de que uma caracteristica é
influenciada por um grande número de genes, cada
genes
qual com um pequeno efeito no fenotipo.
fenotipo
A medida que aumentamos o numero de genes, há um
genes
incremento no numero de classes fenotipicas,
diminuindo a diferença entre elas, isto faz com que a
elas
F2 tenda a distribuição continua.
Com o aumento do número de genes diminui a
contribuiçào de cada alelo efetivo para o carater.
16. Interações alélicas para caracteres
quantitativos
Aditivas
Dominante
Sobredominante
Como atuam?
1 loco com 2 alelos (B1 e B2)
B1 alelo efetivo e B2 não efetivo
Genótipos: B1B1; B1B2; B2B2
17. Valores genotípicos para o Loco B
M = ponto médio entre os dois genotipos homozigoticos
a = mede o afastamento de cada genotipo homozigótico em relação
a média
D = mede o afastamento do heterozigoto em relação a média
Se d = 0, não há dominância e sim aditiva
Se d = a, existe dominância completa
Se 0 < d < a, dominância parcial
d > a , sobredominância
18. Relação a/d
A relação a/d mede o que se denomina
grau de dominância de um gene, o qual
da a idéia de qual interação alélica esta
atuando.
d/a = 0 = aditiva
d/a = 1,0 = dominância completa
d/a >1,0 = sobredominancia
19. Interação Aditiva
Cada alelo contribui com um pequeno efeito
fenotípico o qual é somado aos efeitos dos
demais alelos?
2 genes:
A e B – de efeitos iguais com 2 alelos cada
Contribuições:
A1 = B1 = 30 unidades
A2 = B2 = 5 unidades
A1A1B1B1 = 120 un.
A2A2B2B2 = 20 un.
21. Resultado
A = 25 unidades (60-35=25; 35-10=25)
contribuição do alelo efetivo
d = 0; (60+10=70)
valor fenotípico do genótipo heterozigoto
corresponde a média dos progenitores
d/a = 0 = interação aditiva
22. Media na geração F2, com 2 genes
Genótipos Frequencia (Fe) Valor fenotipico (F) Fe . F
A1A1B1B1 1/16 120 7.500
A1A1B1B2 2/16 95 11.875
A1A1B2B2 1/16 70 4.375
A1A2B1B1 2/16 95 11.876
A1A2B1B2 4/16 70 17.500
A1A2B2B2 2/16 45 5.625
A2A2B1B1 1/16 70 4.375
A2A2B1B2 2/16 45 5.625
A2A2B2B2 1/16 20 1.250
Média F2 = 70.000
23. Média dos progenitores da F1 = F2 (70)
A1A2B1B1 = 95 unidades
Genótipos dos descendentes obtidos por
autofecundação do indivíduo A1A2B1B2
Genótipos Frequencia (Fe) Valor fenotipico Fe . F
(F)
A1A1B1B1 1/4 120 30.0
A1A2B1B1 2/4 95 47.5
A2A2B1B1 1/4 70 17.5
Média = 95.0
24. Interação Dominante
Avalia-se o desempenho de cada loco e nao de cada alelo
AA = Aa = BB = Bb = 60 unidades
aa = bb = 10 unidades
P: Genotipos: AABB - P1 x aabb - P2
Fenotipos: 120 unidades 20 unidades
F1: Genotipos: AaBb
Fenotipo: 120 unidades
bb m BB Bb a = d;
d/a = 1,0
= dominância
10 -a 35 +a = d 60 completa
25. Interaçao sobredominante
O heterozigoto é superior aos homozigotos
AA = BB = 60 unidades
aa = bb = 10 unidades
Aa = Bb = 80 unidades
P: Genotipos: AABB - P1 x aabb - P2
Fenotipos: 120 unidades 20 unidades
F1: Genotipos: AaBb
Fenotipo: 160 unidades
bb m BB Bb
d = 45
0 -a 35 +a 60 80 d/a = 45/25 = 1,8
d
26. Heterose – Obtenção de híbridos
Heterose ou vigor hibrido é definida pela
expressão:
h = F1 – P1 + P2
2
F2 = F1 – h F3 = F2 - h
2 4
28. Qual o tipo de interação predominante?
Compara-se a média dos progenitores com a media das
gerações F1 e F2:
P1 = 445 mg; P2=179mg; F1= 279 mg; F2= 266mg
Media dos progenitores = 445 + 179 = 312 mg
2
Interação aditiva = F1 = F2 = media dos progenitores
Ocorrência em campo, os valores oscilam devido ao erro
experimental e desvio padrao.
Analisa-se as medias e verifica se estatisticamente as médias
são iguais.
29.
30. Estimativa dos componentes de
variância
Para o melhoramento, não interessa conhecer
somente os fenótipos individuais das plantas
mas, principalmente, as diferenças entre os
fenótipos ou a variabilidade que se expressa
entre os indivíduos.
Para quantificar a variabilidade utiliza-se da
estatística conhecida como variância, que é uma
medida da dispersão dos dados.
Quanto mais dispersos os dados em torno da
média, maior a variância.
31.
32. Estimativas das variâncias
VP1 = 482,76 mg
VP2 = 132,80 mg
VF1 = 323, 68 mg
VF2 = 2220,98 mg
VRC1 = 2401,00 mg
VRC2 = 831,76 mg
Considera-se que a variância observada no P1, P2 e F1 é toda
ambiental (E)
Assim, estimamos a variancia ambiental (VE)
VE = (VP1 + VP2 + VF1) / 3 = 482,76 + 132,80 + 323,68 = 313,08
3
33. Variância fenotípica da geração F2 (VF2)
Dois componentes:
1 ambiental (VE);
1 segregaçao da recombinação dos genes que
é a variancia genetica (VG)
VF2 = variação fenotipica da geraçao F2
VE = variaçao ambiental
VG = variaçao genética
VG = VF2 – VE = 2220,98 – 313,08 = 1907,90
34. Variância genética na F2
Componentes:
Efeito aditivo (VA)
Efeito de dominancia (VD)
VF2 = VA + VD
(VRC1 + VRC2) = VA + 2.VD
VF2 = 2220,98 = VA + VD + VE
(VRC1+VRC2) = (2401,00 + 831,76) = 3232,76 = VA + 2VD + 2VE
Sendo assim: VA = 2VF2 – (VRC1 + VRC)
VA = 1.209,20
Como VE = 313,08, estimamos a VD = VF2 – VA – VE = 698,70
35. Estimativas dos parâmetros
genéticos
Coeficiente de Herdabilidade (h2)
Exemplo: Feijoeiro
Caracteres de alta herdabilidade:
Número de vagens por planta (0,87 ou 87%)
Número de sementes por vagem (0,94 ou 94%)
Peso de sementes (0,99 ou 99%)
Caráter de baixa herdabilidade:
Produção de grãos (0,46 ou 46%)
36.
37. Herdabilidade
Herdabilidade no sentido amplo (ha2):
adequada para plantas de propagação vegetativa
(toda a variação genética é transmitida à
descendência)
Herdabilidade no sentido restrito (hr2):
plantas de propagação sexuada (variação genética
pode estar dividida entre os efeitos aditivos e
dominantes)
38. Herdabilidade
(ha2) = VG x 100 = VF2 – VE x 100
VF2 VF
= VF2 – VE X 100 = 2220,98 – 313,08 X 100 = 85,90%
VF2 2220,98
(hr2) = VA X 100 = 2.VF2 – (VRC1 + VRC2) X 100
VF2 VF2
= 2 X 2220,98 – (2401,00 + 831,76) X 100 = 54,44%
2220,98
39. Observações sobre herdabilidade
A herdabilidade não é apenas propriedade do
caráter, mas também da população e das
condições ambientais
55,54% da variação fenotípica do peso de
sementes é devida a variação genetica aditiva
A herdabilidade pode ser aumentada não
somente pela introduçao de mais variação
genética na população, mas pelas condições
experimentais.
40. Utilidades da herdabilidade
Permitir estimar o ganho genético
com a seleção de novos individuos.
Permite escolher o metodo de
seleção mais eficiente
A seleção pode ser realizada já na F2
desde que apresente variabilidade
genética.
41. Exemplo: Obter nova população em que o peso
medio dos grãos de feijão seja maior que os obtidos
na F2.
Na F2 o peso médio foi de 266 mg
Amplitude de variaçao: 160 a 390 mg
Selecionamos o peso médio de 350 mg ou +
Qual sera o peso médio da nova população (Mm)
descendentes dos individuos selecionados?
Qual será o progresso genético (∆g)?
E a população a ser submetida a seleção (Mo)
42. Estimativa do ganho genético (∆ g)
Mm = Mo + ∆g
∆g = hr2 . ds
ds = é o diferencial de seleção, ou seja, a
superioridade dos indivíduos selecionados
em relação a todos os indivíduos da
população.
Ms = Media dos indivíduos selecionados
43. Ms = (6x350) + (2x360) + (2x370) + (1x380) + (2x390) = 363,08 mg
13
E o diferencial de seleçao é :
Ds = Ms – Mo = 363,08 – 266,00 = 97,08 mg
Sendo assim, ∆g = 0,5444 x 97,08 = 52,85 mg
Mm = 266,00 + 52,85 = 318,mg
Res.: Esta será a média esperada da nova população, se forem
selecionados os indivíduos com peso médio dos grão superiores a
350 mg
44. Estimativa de número de poligenes
Importante para estudo de herança dos
caracteres quantitativos
Utiliza-se variâncias genéticas:
VGF2 = 1 (P1 – P2)2
8 n
n = (P1 – P2)2
8VGF2