O conceito de deixis e sua aplicação em situações de texto
1. O conceito de deixis<br />[Pergunta] Gostava de saber o significado da palavra “deixis” e a sua aplicação em situação de texto.<br />Joana Andrade :: Estudante :: Portugal<br />[Resposta] As formas registadas pelo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa são díxis e dêixis, criadas a partir do grego ‘deîksis,deíkse,ós’ «citação, demonstração, prova, exposição», cognato, isto é, derivado do mesmo vocábulo ou raiz que o verbo grego, ‘deíknumi’ «mostrar». É termo introduzido pelos estudos lingu[ü]ísticos. Em Portugal, a nova Terminologia Ling[ü]uística para o Ensino Básico e Secundário – TLEBS (subdomínio de pragmática e lingu[ü]ística textual) utiliza as formas «deixis» e «deíctico». Segundo a TLEBS, a deixis constitui um fenó[ô]meno de referenciação através do qual se usam palavras cujo sentido é sempre renovável, porque remetem para a situação de enunciação (procurando uma simplificação, o momento em que se fala). A deixis é, pois, uma propriedade lingu[ü]ística que permite que em cada situação de comunicação existam marcas que identificam o sujeito que fala (sujeito da enunciação), aquele ou aquela a quem se fala (o interlocutor), o tempo e o espaço de enunciação, os objectos, entidades e processos constitutivos do contexto situacional e a referenciação dos signos utilizados no discurso. Deste modo, o pronome eu é definido como aquele que diz eu, tu como aquele a quem eu me dirijo, agora como o momento em que eu falo, aqui como o espaço em que eu falo, isto como o obje(c)to que está ao pé de mim, que falo, etc. Com referenciação deíctica, incluem-se as seguintes classes de palavras: <br />• Pronomes pessoais • Pronomes e determinantes possessivos • Pronomes e determinantes demonstrativos • Artigos • Advérbios de lugar e tempo • Tempos verbais • Algumas unidades lexicais (ir/vir, chegar) <br />Quando a consulente pede que comente a aplicação da deixis à «situação de texto», penso que se refere à possibilidade de o próprio enunciado ser encarado como um espaço. Por exemplo, os demonstrativos podem marcar relações espaciais intrínsecas a um texto: <br />(1) A Rita deu um livro ao Pedro. Este ficou muito contente. <br />Em (1), este é um demonstrativo utilizado como anáfora textual, já que reitera um elemento informacional («Pedro»). Este comportamento deriva das propiedades deí(c)ticas não aplicadas ao contexto situacional, mas sim ao espaço intratextual. <br />