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© Texto | Mensagens 11.o ano 1 Grupo I Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada. PARTE A 5 10 15 20 25 Descendo ao particular, direi agora, peixes, o que tenho contra alguns de vós. E começando aqui pela nossa costa: no mesmo dia, em que cheguei a ela, ouvindo os Roncadores1 , e vendo o seu tamanho, tanto me moveram o riso, como a ira. É possível que sendo vós uns peixinhos tão pequenos haveis de ser as roncas do mar? Se com uma linha de coser, e um alfinete torcido vos pode pescar um aleijado, porque haveis de roncar tanto? Mas por isso mesmo roncais. Dizei-me, o Espadarte porque não ronca? Porque ordinariamente quem tem muita espada tem pouca língua. Isto não é regra geral; mas é regra geral que Deus não quer Roncadores, e que tem particular cuidado de abater, e humilhar aos que muito roncam. São Pedro, a quem muito bem conheceram vossos antepassados, tinha tão boa espada, que ele só avançou contra um exército inteiro de Soldados Romanos; e se Cristo lha não mandara meter na bainha, eu vos prometo que havia de cortar mais orelhas, que a de Malco2 . Contudo que lhe sucedeu naquela mesma noite? Tinha roncado, e barbateado3 Pedro que se todos fraqueassem4 , só ele havia de ser constante até morrer, se fosse necessário: e foi tanto pelo contrário, que só ele fraqueou mais que todos, e bastou a voz de uma mulherzinha5 para o fazer tremer, e negar. Antes disso já tinha fraqueado na mesma hora, em que prometeu tanto de si. Disse-lhe Cristo no Horto que vigiasse, e vindo daí a pouco a ver se o fazia, achou-o dormindo com tal descuido, que não só o acordou do sono, senão também do que tinha brasonado: Sic non potuisti una hora vigilare mecum?6 [Mc 14,37]7 . «Vós, Pedro, sois o valente, que havíeis de morrer por mim, e não pudestes uma hora vigiar comigo?» Pouco há tanto roncar, e agora tanto dormir? Mas assim sucedeu. O muito roncar antes da ocasião é sinal de dormir nela. Pois que vos parece, irmãos Roncadores? Se isto sucedeu ao maior pescador, que pode acontecer ao menor peixe? Medi-vos, e logo vereis quão pouco fundamento tendes de brasonar8 , nem roncar. […] Os arrogantes, e soberbos tomam-se com Deus; e quem se toma com Deus sempre fica debaixo. Assim que, amigos Roncadores, o verdadeiro conselho é calar, e imitar a Santo António. Duas coisas há nos homens, que os costumam fazer roncadores, porque ambas incham: o saber, e o poder. Caifás9 roncava de saber […]. Pilatos10 roncava de poder[…]. E ambos contra Cristo. Mas o fiel servo de Cristo, António, tendo tanto saber, como já vos disse, e tanto poder como vós mesmos experimentastes, ninguém houve jamais que o ouvisse falar em saber, ou poder, quanto mais brasonar disso. E porque tanto calou, por isso deu tamanho brado. Padre António Vieira: Obra Completa (dir. de José Eduardo Franco e Pedro Calafate), tomo II, volume X: Sermões Hagiográficos I, Lisboa, Círculo de Leitores, 2013, pp. 156-157. 1 Roncador: peixe pequeno cujo ronco se parece com o de um porco. 2 Malco: o servo do sumo sacerdote ao qual São Pedro decepou a orelha direita, em resistência à prisão de Jesus. 3 barbateado: dito com arrogância; bravateado. 4 fraqueassem: fraquejassem. 5 uma mulherzinha: uma criada do sumo sacerdote perguntou a Pedro se conhecia Jesus, o que ele negou, com medo de ser preso como tinha acontecido a Cristo. 6 Sic non potuisti una hora vigilare mecum?: Não foste capaz de vigiar comigo uma hora? 7 [Mc 14,37]: Evangelho segundo São Marcos, capítulo 14, versículo 37. 8 brasonar: fazer-se de fanfarrão. 9 Caifás: sumo sacerdote dos Judeus no processo que conduziu Jesus à morte. 8 Pilatos: Procurador romano da Judeia que exerceu o papel de juiz. Nome _____________________________________________ Ano ________ Turma _________ N.o _______ Teste de avaliação – 11.o Ano Versão 1
2.
2 Editável e
fotocopiável © Texto | Mensagens 11.o ano 1. Relaciona as características deste peixe com o caráter alegórico do sermão. 2. Comenta o comportamento de Pedro, tendo em conta a sentença proverbial «O muito roncar antes da ocasião é sinal de dormir nela.» (ll. 19-20). 3. Neste excerto, estão presentes alguns objetivos da oratória de Vieira. Nomeadamente: ‒ docere, que diz respeito ao caráter didático e pedagógico do sermão, como podemos observar no seguinte excerto: ____a)____; delectare, que tem como finalidade agradar ao auditório e prendê-lo ao seu discurso, como por exemplo em ____b)____; ‒ movere, que consiste numa exortação à mudança de comportamentos, visível em ____c)____. a) 1. «mas é regra geral que Deus não quer Roncadores, e que tem particular cuidado de abater, e humilhar aos que muito roncam», ll. 7-8 2. «e foi tanto pelo contrário, que só ele fraqueou mais que todos», l. 13 3. «E ambos contra Cristo.», l. 26 b) 1. «Tinha roncado, e barbateado Pedro que se todos fraqueassem, só ele havia de ser constante até morrer », ll. 12-13 2. «Pois que vos parece, irmãos Roncadores? Se isto sucedeu ao maior pescador, que pode acontecer ao menor peixe?», ll. 20-21 3. «Duas coisas há nos homens, que os costumam fazer roncadores», ll. 24-25 c) 1. «Contudo que lhe sucedeu naquela mesma noite?», l. 11 2. «“Vós, Pedro, sois o valente, que havíeis de morrer por mim, e não pudestes uma hora vigiar comigo?”», ll. 17-18 3. «Assim que, amigos Roncadores, o verdadeiro conselho é calar, e imitar a Santo António.», l. 24
3.
Editável e fotocopiável
© Texto | Mensagens 11.o ano 3 PARTE B 5 10 15 Ato Primeiro Câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância portuguesa dos princípios do século dezassete. Porcelanas, xarões, sedas, flores, etc. No fundo, duas grandes janelas rasgadas, dando para um eirado que olha sobre o Tejo e donde se vê toda Lisboa; entre as janelas o retrato, em corpo inteiro, de um cavaleiro moço, vestido de preto, com a cruz branca de noviço de S. João de Jerusalém. Defronte e para a boca da cena um bufete pequeno, coberto de rico pano de veludo verde franjado de prata; sobre o bufete alguns livros, obras de tapeçaria meias feitas e um vaso da China de colo alto, com flores. Algumas cadeiras antigas, tamboretes rasos, contadores. Da direita do espectador, porta de comunicação para o interior da casa, outra da esquerda para o exterior. É no fim da tarde. CENA I MADALENA, só, sentada junto à banca, os pés sobre uma grande almofada, um livro aberto no regaço, e as mãos cruzadas sobre ele, como quem descaiu da leitura na meditação. Madalena (repetindo maquinalmente e devagar o que acaba de ler) «Naquele engano d’alma ledo e cego Que a fortuna não deixa durar muito…»1 Com paz e alegria d’alma... um engano, um engano de poucos instantes que seja… deve de ser a felicidade suprema neste mundo. E que importa que o não deixe durar muito a fortuna? Viveu-se, pode-se morrer. Mas eu!... (pausa) Oh! que o não saiba ele ao menos, que não suspeite o estado em que eu vivo… este medo, estes contínuos terrores, que ainda me não deixaram gozar um só momento de toda a imensa felicidade que me dava o seu amor. Oh! que amor, que felicidade… que desgraça a minha! (Torna a descair em profunda meditação; silêncio breve.) Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, João Brilhante em Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett, 3.ª edição, Lisboa, Editorial Comunicação, 1994. 4. A partir da primeira didascália, explicita, por palavras tuas, as informações relativas ao espaço social e ao ambiente familiar. 5. Apresenta dois aspetos caracterizadores do estado de espírito de D. Madalena, ilustrando cada um deles com uma transcrição pertinente. 1 «Os Lusíadas eram decerto então no princípio do século dezassete um livro da moda e que devia andar sobre o bufete de todas as damas elegantes. […] Até o ano de 1613, época da separação de Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena, as edições dos Lusíadas eram já nove, desde a primeira, de 1572, até à do referido ano de 1613 […].» [NA]
4.
4 Editável e
fotocopiável © Texto | Mensagens 11.o ano 6. Completa as afirmações apresentadas, selecionando do quadro a opção adequada a cada espaço. Em Frei Luís de Sousa, desde o início da obra, a dimensão trágica é uma constante. Em «E que importa que o não deixe durar muito a fortuna?» l. 15, por exemplo, está presente o ____a)____, que regula as ações das personagens. A própria escolha lexical, com palavras como «morrer», «terrores», «desgraça» apontam para a iminência da ____b)____ . Também a pontuação concorre para o tom ____c)____ do discurso. a) b) c) 1. Desafio 2. Sofrimento 3. Destino 1. traição 2. catástrofe 3. infidelidade 1. emotivo 2. persuasivo 3. enternecedor PARTE C 7. Escreve uma breve exposição em que analises dois aspetos da crítica em geral dirigida aos peixes no capítulo IV do Sermão de Santo António (aos Peixes), de Padre António Vieira. A tua exposição deve respeitar as orientações seguintes: • uma introdução ao tema; • um desenvolvimento no qual analises, de forma fundamentada, dois aspetos da crítica em geral dirigida aos peixes e como eles se aplicam aos homens; • uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
5.
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© Texto | Mensagens 11.o ano 5 Grupo II Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta. Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. Lê o texto. Se necessário, consulta as notas. 5 10 15 20 25 30 35 As pandemias e outros flagelos da história É verdade que uma tragédia global como a pandemia do Covid-19 despertou, por algum tempo, a consciência de sermos uma comunidade mundial que viaja no mesmo barco, onde o mal de um prejudica a todos. Recordamo-nos de que ninguém se salva sozinho, que só é possível salvar-nos juntos. Por isso, «a tempestade – dizia eu – desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. (…) Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso “eu” sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, esta (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos».1 O mundo avançava implacavelmente para uma economia que, utilizando os progressos tecnológicos, procurava reduzir os «custos humanos»; e alguns pretendiam fazer-nos crer que era suficiente a liberdade de mercado para garantir tudo. Mas, o golpe duro e inesperado desta pandemia fora de controle obrigou, por força, a pensar nos seres humanos, em todos, mais do que nos benefícios de alguns. Hoje podemos reconhecer que «alimentamo-nos com sonhos de esplendor e grandeza, e acabamos por comer distração, fechamento e solidão; empanturramo-nos de conexões, e perdemos o gosto da fraternidade. Buscamos o resultado rápido e seguro, e encontramo-nos oprimidos pela impaciência e a ansiedade. Prisioneiros da virtualidade, perdemos o gosto e o sabor da realidade».1 A tribulação, a incerteza, o medo e a consciência dos próprios limites, que a pandemia despertou, fazem ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e sobretudo o sentido da nossa existência. Se tudo está interligado, é difícil pensar que este desastre mundial não tenha a ver com a nossa maneira de encarar a realidade, pretendendo ser senhores absolutos da própria vida e de tudo o que existe. Não quero dizer que se trate duma espécie de castigo divino. Nem seria suficiente afirmar que o dano causado à natureza acaba por se cobrar dos nossos atropelos. É a própria realidade que geme e se rebela… Vem à mente o conhecido verso do poeta Virgílio evocando as lágrimas das coisas, das vicissitudes da história. Contudo rapidamente esquecemos as lições da história, «mestra da vida». Passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta. No fim, oxalá já não existam «os outros», mas apenas um «nós». Oxalá não seja mais um grave episódio da história, cuja lição não fomos capazes de aprender. Oxalá não nos esqueçamos dos idosos que morreram por falta de respiradores, em parte como resultado de sistemas de saúde que foram sendo desmantelados ano após ano. Oxalá não seja inútil tanto sofrimento, mas tenhamos dado um salto para uma nova forma de viver e descubramos, enfim, que precisamos e somos devedores uns dos outros, para que a humanidade renasça com todos os rostos, todas as mãos e todas as vozes, livre das fronteiras que criamos. Carta Encíclica Fratelli Tutti sobre a Fraternidade e a Amizade Social, do Santo Padre Francisco (texto adaptado). -------------------------- 1 citações de homílias anteriores do Santo Padre Francisco.
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6 Editável e
fotocopiável © Texto | Mensagens 11.o ano 1. No contexto do primeiro parágrafo, as alusões à «comunidade mundial que viaja no mesmo barco» (l. 2) e à «tempestade» (l. 4) são (A) hipérboles que destacam a fragilidade humana comum. (B) metáforas que enfatizam a provação por que todos passamos. (C) pleonasmos que sublinham o risco transversal que corremos. (D) metonímias que evidenciam a nossa exposição ao perigo iminente. 2. Segundo o autor do texto, quando «caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso “eu” » (ll. 6-7) (A) foi evidente a fraternidade que une todos os seres humanos. (B) tornou-se óbvia a preocupação com a nossa própria imagem. (C) mostrou-nos importância dos nossos hábitos e prioridades. (D) sublinhou o dever de desenvolvermos os nossos programas e projetos. 3. Nas considerações do autor, «este desastre mundial» (l. 21) deve-se (A) a um castigo divino merecido pela soberba humana. (B) à natureza vingativa dos atropelos humanos. (C) à arrogância humana perante o planeta e os outros. (D) às lágrimas das coisas e às vicissitudes da história. 4. A construção anafórica, presente no último parágrafo (A) dá ênfase ao facto de nos esquecermos do que passamos. (B) avisa acerca dos perigos que iremos enfrentar no futuro. (C) alerta para a tendência de não aprendermos com a história. (D) introduz a expressão dos desejos do autor do texto. 5. Nas orações «Nem seria suficiente afirmar que o dano causado à natureza acaba por se cobrar dos nossos atropelos. É a própria realidade que geme e se rebela… » (ll. 23-25), as palavras sublinhadas são (A) uma conjunção, no primeiro caso, e um pronome, no segundo caso. (B) um pronome, no primeiro caso, e uma conjunção, no segundo caso. (C) pronomes em ambos os casos. (D) conjunções em ambos os casos. 6. Indica as funções sintáticas desempenhadas pelas expressões: a) «de que ninguém se salva sozinho» (l. 3). b) «pensar que este desastre mundial não tenha a ver com a nossa maneira de encarar a realidade» (ll. 21-22). 7. Identifica o antecedente da expressão sublinhada em “Contudo rapidamente esquecemos as lições da história, “mestra da vida”» (l. 27).
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© Texto | Mensagens 11.o ano 7 Grupo III Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta palavras, faz a apreciação crítica das tiras de banda desenhada abaixo apresentadas. Jerry Scott, Jim Borgman, Zits A vida é um TPC, Gradiva, Lisboa, 2002, p.16. O teu texto deve incluir: – a descrição das tiras de banda desenhada apresentadas, destacando elementos significativos da sua composição; – um comentário crítico, fundamentando devidamente a tua apreciação e utilizando um discurso valorativo; – uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos. Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do número de algarismos que o constituam (ex.: /2020/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre duzentas e trezentas e cinquenta palavras –, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido; – um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos. COTAÇÕES Grupo Item Cotação (em pontos) I 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 16 16 12 16 16 12 16 104 II 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8 8 8 8 8 8 8 56 III Item único 40 TOTAL 200
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