1) O documento discute diferentes atitudes face à diversidade cultural: etnocentrismo, relativismo cultural e interculturalismo.
2) O etnocentrismo julga outras culturas usando os valores da própria cultura, levando a racismo e xenofobia.
3) O relativismo cultural é tolerante com outras culturas mas impede o diálogo entre elas.
4) O interculturalismo defende o diálogo e respeito entre culturas para que se enriqueçam mutuamente.
1. 10.º Ano Filosofia10º Ano FILOSOFIA –Texto Informativo
Tema: Valores e Cultura
Introdução
Cada sociedade é diferente e cada cultura também o é. No entanto, no mundo de hoje as culturas têm de conviver.
O Multiculturalismo ou Diversidade Cultural é um conceito que traduz as diferenças culturais entre culturas de espaços
diferentes. No entanto, pode haver multiculturalismo numa mesma sociedade como é o caso da imigração. Paris, Londres e
Nova Yorque são sociedades multiculturais.
Atitudes face à diversidade cultural
Que atitudes resultam quando uma cultura contacta com culturas diferentes?
1. Etnocentrismo
Atitude que consiste em avaliar outra cultura em função da nossa. Julgam-se as outras culturas, tomando como referência os
valores da nossa cultura. Há um sentimento de superioridade e incompreenção (não aceitação) pelas culturas diferentes.
Esta atitude pode levar ao Racismo ((ódio a outras etnias), Xenofobia (ódio aos estrangeiros) e ao Chauvinismo
(patriotismo fanático).
2. Relativismo Cultural
Atitude que consiste em ver as outras culturas em função dos valores da sua própria cultura e não dos valores da cultura
com quem estão em contacto.
Ao contrário do etnocentrismo, esta atitude é tolerante face a culturas diferentes mas levam a que cada cultura se feche
sobre si própria, com os seus próprios valores e dificultam o diálogo entre culturas.
Esta atitude pode levar ao Racismo porque ao preservar a sua própria cultura excluem o diálogo intercultural; ao isolamento
pois promovem a separação entre culturas, regeitam o contacto e reduzem cada ser humano ao seu país, negando, por
exemplo a imigração e à Estagnação porque as culturas tornam-se estáticas demasiadamente ligadas às tradições. Só uma
cultura viva se inova pelo contacto e diálogo.
3. Interculturalismo (Diálogo Intercultural)
Esta é a atitude mais correcta no contacto entre culturas pois supera as falhas do relativismo cultural, respeita as outras
culturas sentindo-as como iguais. Aceita a pluralidade de culturas, promove o diálogo, compreende a riqueza e a
complexidade cultural.
Só o diálogo intercultural permite o enriquecimento cultural, com-viver com a pluralidade, o respeito pela humanidade e a
busca de respostas para os problemas mundiais – afinal não estamos nós numa sociedade de globalização?
UM EXEMPLO
“Muita gente protesta por situações, não por ideologia. Quem, na Europa, tem uma mesquita junto de casa e acorda
às seis da manhã com o grito do muezim e sofre com isso cinco ou seis vezes ao dia, está farto e quer mudar-se.
Não é racista, mas se protestar e algumas pessoas lhe chamarem racista, acaba por ser racista por indignação.
Creio que há muitos militantes anti-racistas que geram imenso racismo”.
Giovanni Sartori
– O texto mostra-nos a situação de alguém que se interroga sobre o facto de se quem tiver junto da sua habitação uma
mesquita com toda a tradição de ouvir logo pela manhã o chamamento para as orações o que se repete cinco ou seis vezes
ao dia, poder ser apelidado de racista mesmo não o sendo.
O etnocentrismo sente-se superior e mostra incompreensão pelo diferente. Segundo este, os valores do ocidente são os
únicos a defender;
O relativismo cultural aceita e tolera outras culturas (tolerância em sentido negativo), defende os valores inseridos no
contexto social e cultural e assume a diversidade cultural como um dado incontestável. Defende a necessidade de se
respeitarem as diferenças culturais, não há valores absolutos nem supremacia de uma só cultura. A tolerância para o
relativista é apenas uma simpatia. Poderemos ser tolerantes com a intolerância?
O interculturalismo defende o diálogo, o respeito e a abertura a outras culturas pois só assim estas se enriquecem e
promovem a dignidade da pessoa humana.
2. ANÁLISE DE TEXTOS DO MANUAL PÁG. 87 a 89
TEXTO 1
- O etnocentrismo entende como mau tudo aquilo que é diferente ou se desvia da sua própria cultura.
- Todos nós manifestamos o nosso etnocentrismo quando, por exemplo, afirmamos “X saiu à francesa” (sem se despedir), ou “Y
está a falar grego” para aqueles cujo código linguístico não dominamos).
- Não devemos fazer do etnocentrismo uma atitude constante do nosso agir.
TEXTO 2
- O homem é um ser social, sendo a sociedade o espaço onde se desenvolve a cultura – a cultura é o agir e realizar valores.
- A cultura traduz-se num conjunto de actividades que têm a ver com uma tábua de valores pelos quais essa sociedade se
orienta.
TEXTO 3
- Existem diferentes culturas, mas cada uma deve ser avaliada a partir de dentro.
- As culturas tendem a separar-se e a isolar-se e, por isso mesmo, podem surgir fenómenos de segregação, como guetos.
- Cada cultura tem os seus próprios padrões de comportamento.
- Cada cultura tem regras e normas de comportamento e isso é o que determina o que é correcto e incorrecto para essa cultura.
- Não há superioridade de uma cultura em relação a outra e por isso é errado avaliar uma cultura a partir de uma cultura
específica.
- Não há códigos morais, nem valores absolutos – há tolerância (embora seja uma tolerância em sentido passivo). Tomemos
como exemplo a PENA DE MORTE. Para o etnocentrismo a pena de morte é um bem, faz parte da sua cultura (que é a melhor)
e todos aqueles que não a praticam estão errados. Para o relativismo a pena de morte deve ser inserida dentro de cada
contexto. Se o relativismo não concorda com a pena de morte, respeita aqueles que a defendem, num espírito de tolerância
passiva.
TEXTO 4
- O valor da dignidade humana deve ser uma referência para promover o diálogo intercultural.
- Só através do contacto se descobrem as injustiças das e nas culturas.
- A dignidade humana é um ideal que se deve perseguir e que será sempre objecto de debate e de procura.
- A dignidade humana deve ser o limite para a aceitação das tradições culturais de um povo – há que defender um universalismo
que se baseie em valores essenciais e universais e que tem de estar para além da diversidade de culturas.
TEXTO 5
1 – O tema do texto é o relativismo cultural e os seus limites.
2 – O relativismo cultural é uma atitude prática de luta contra o etnocentrismo e uma atitude teórica sobre a qual podem ser
reflectidos os seus limites.
3 – Os limites são: Tudo é cultura, logo tudo é aceite como expressão cultural de um povo; Em termos de moralidade, tudo é
relativo, o Bem e o Mal dependem de cada cultura;
- O relativismo esquece que a cultura é algo vivo e dinâmico que pode e deve ser questionado, posto em causa e censurado.
Rosa Sousa