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Reprodução humana e manipulação da fertilidade
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possível, graças ao conhecimento dos mecanismos hormonais e celulares
que regulam a reprodução, aliado ao progresso da biotecnologia.
A biotecnologia integra diversos domínios, como, por exemplo, as ciên-
cias da vida e a engenharia. É uma área interdisciplinar em que se cruzam
saberes e práticas provenientes de diferentes áreas.
Atualmente, os casais podem decidir não ter um filho, recorrendo, para
isso, a diversas biotecnologias que impedem a conceção, mas outros, pelo
contrário, não podem procriar devido a problemas de fertilidade, tendo de
recorrer à aplicação de biotecnologias adequadas.
Contraceção
O nascimento de um filho deve ser um ato refletido e desejado. Ter um
filho implica a responsabilidade de lhe facultar um ambiente com condições
propícias a um desenvolvimento físico e psíquico saudável.
Uma gravidez não desejada pode, em certas condições, trazer problemas
de difícil resolução.
Cabe a cada casal definir o número de filhos que deseja e o intervalo de
tempo entre cada um deles, tendo em consideração a situação do casal, da
família e da sociedade.
A contraceção é o conjunto de métodos utilizados para evitar a procriação.
Atualmente, existem vários métodos contracetivos que permitem aos casais
planear o nascimento dos filhos. A utilização desses métodos implica uma
tomada de consciência sobre a responsabilidade do casal no respeito mútuo
e no respeito pela vida. Por isso, tanto o homem como a mulher têm respon-
sabilidade na escolha dos métodos contracetivos que irão aplicar. Uma
informação cuidada sobre esses métodos, com conhecimento das vanta-
gens e riscos de cada um deles, é essencial para a escolha do casal face à sua
situação.
Há processos radicais para evitar a procriação, como a esterelização mas-
culina ou feminina, mas esses processos são, geralmente, irreversíveis.
Segundo a OMS, um método contracetivo deve ser eficaz e seguro. Nos
nossos dias, existe uma grande diversidade de métodos contracetivos que
impedem de uma maneira mais ou menos fiável uma gravidez não desejada,
sem, no entanto, serem irreversíveis, ou seja, sem impedirem a retoma da
fertilidade após a paragem da aplicação do método utilizado.
Métodos contracetivos naturais
A contraceção pode ser efetuada através da abstinência sexual durante
os períodos férteis da mulher, quando esta apresenta ciclos sexuais regu-
lares.
A mulher pode recorrer a diversos processos para determinar o período
fértil. A observação do aspeto do muco cervical e a avaliação diária da tempe-
ratura são sinais a considerar.
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Observação do muco cervical – as características do muco cervical, como
já vimos, modificam-se ao longo do ciclo sexual.
Avaliação diária da temperatura – a temperatura varia ao longo do ciclo
sexual, e com base nessas variações é possível determinar o dia da ovulação.
Com os dados recolhidos, a mulher pode estabelecer um calendário
menstrual ao longo dos meses, assinalando o primeiro dia da menstruação, os
valores da temperatura e o aspeto do muco cervical.
Quando o ciclo é regular e hormonalmente equilibrado, o período fértil
situa-se entre o 10.° e o 16.° dias do ciclo, com base no período de sobrevi-
vência dos espermatozoides e dos oócitos II nas trompas.
Os métodos naturais não apresentam efeitos secundários, mas a sua efi-
cácia depende do rigor com que é determinada a data da ovulação. Têm, no
entanto, riscos que resultam, por exemplo, da possibilidade de ocorrerem
oscilações na temperatura devido a causas diversas da ovulação ou de uma
avaliação incorreta do muco cervical.
Fig. 40 – Variação da temperatura ao longo do ciclo.
37,0
36,3
1 5 10 15 20 25 2830
Tempo (dias do ciclo)
Menstruação
Menstruação
Temperatura corporal ao acordar (°C)
Fim do ciclo
Ovulação
Período
fértil
Menstruação
Duração dos
espermatozoides
1
2 3 4
5
6
7
8
9
11
12
161718
19
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21
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23
24
25
26
27
28
13
14
15
10
A
A
Duração do oócito II
Período
fértil
B
B
Início do ciclo
A data da ovulação corresponde ao último dia que precede a subida da temperatura.
O patamar de hipertermia corresponde a um período não fértil, exceto nos primeiros
dois dias após o seu início, que correspondem ao período em que o oócito pode ser
fecundado.
Para poder ser comparada ao longo dos dias, a temperatura retal deve ser avaliada nas
mesmas condições, com o mesmo termómetro, de manhã, ao acordar, antes de qual-
quer atividade.
Fig. 38 – Período fértil. Fig. 39 – Período não fértil.
Abundante,
fluido,
transparente
Aspeto
viscoso
Reprodução humana e manipulação da fertilidade
43
Pílulas
contracetivas
Espermicidas
Preservativo
Dispositivo
intrauterino
(DIU)
Fig. 41
1. Com base nos métodos contracetivos apresentados no esquema e em conhecimentos anteriores,
complete a tabela, fazendo corresponder a cada letra a informação adequada.
2. Além de serem utilizados como contracetivos, os preservativos constituem também um método
de proteção sexual. Justifique esta afirmação.
EXPLORAÇÃO
Métodos contracetivos
Classificação Método Local onde atua Modo(s) de ação
Mecânico Preservativo C G
Intrauterino A D
Reação inflamatória do endométrio
que impede a nidação.
Químico Espermicida E H
Hormonal B F
Impede a ovulação.
Altera o endométrio.
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Métodos contracetivos não naturais
Existem diversos processos/métodos artificiais de prevenção da gravidez,
atuando de modo diferente e com uma eficácia variável.
ATIVIDADE 12
COMO ATUAM OS MÉTODOS CONTRACETIVOS
NÃO NATURAIS?
Desde a invenção das primeiras pílulas contracetivas, grandes progressos
têm sido efetuados. Não só foram produzidos novos derivados sintéticos das
hormonas ováricas, mas também foram sendo reduzidas as dosagens em que
são ministradas. Desse modo, os efeitos secundários que surgiram nos pri-
meiros anos da sua aplicação foram sendo sucessivamente reduzidos.
1. Porque não foi autorizada imediatamente a venda da pílula produzida a partir das investigações de
Pincus?
2. Sabendo que um único comprimido do produto inventado continha, praticamente, uma dosagem
de hormonas idêntica à que atualmente está contida numa placa de comprimidos, refira a causa dos
efeitos secundários que ocorreram nas primeiras tomas, com base nos dados do gráfico.
3. Compare a evolução da concentração de gonadoestimulinas num ciclo sem a toma de pílulas e de
um ciclo em que ocorre a sua utilização.
4. Refira as consequências do uso das pílulas estroprogestativas nos ciclos ovárico e uterino.
EXPLORAÇÃO
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Os diversos métodos contracetivos não naturais têm modos de ação e fia-
bilidade diferentes. Atualmente, a única contraceção praticada pelo homem
em grande escala é o uso do preservativo, o qual protege, também, de doen-
ças sexualmente transmissíveis, pelo que deve ser sempre utilizado. A sua
aplicação deve ser complementada com o uso de outro método contracetivo,
devido à sua menor eficácia na prevenção da gravidez. O método de contra-
ceção mais eficaz é a contraceção hormonal realizada pela mulher.
Com base no resultado de investigações sobre
a fisiologia humana e nas propriedades das hor-
monas sexuais, Gregory Pincus, médico norte-
-americano (1903-1967), procurou desenvol-
ver um processo de contraceção feminino. Em
1954 elaborou a primeira pílula, uma mistura
de estrogénios e progesterona de síntese.
A primeira pílula sintetizada foi testada em mulheres
voluntárias. Os resultados foram positivos, embora se
tenham verificado efeitos secundários consideráveis.
As investigações prosseguiram e, em 1960, foi autori-
zada a venda de pílulas contracetivas nos EUA. Atual-
mente constitui o método contracetivo mais utilizado
em todo o mundo.
LH
FSH
(mU . mL –1)
Toma quotidiana de uma
pílula estroprogestativa
80
60
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 Dias
Concentração
Toma da
mesma pílula
Fig. 42 – Variação das taxas sanguíneas de FSH e de LH durante vários ciclos.
ATIVIDADE 13
COMO SURGIRAM AS PÍLULAS CONTRACETIVAS?
QUAL A SUA AÇÃO?
Reprodução humana e manipulação da fertilidade
45
Atualmente, a contraceção hormonal é um dos métodos reversíveis mais
eficazes, se aconselhada pelo médico e administrada corretamente.
As pílulas contracetivas diferem na composição e na dosagem dos deriva-
dos hormonais que as constituem.
As pílulas combinadas ou estroprogestativas contêm uma associação de
estrogénios e de progesterona de síntese. São tomadas diariamente, em
regra durante 21 dias consecutivos, a partir do primeiro dia da menstruação,
interrompendo-se a toma durante os restantes dias do ciclo, de modo a ocor-
rer a menstruação. Atualmente, e para evitar o esquecimento no início de
uma nova embalagem, encontram-se no mercado embalagens de pílulas de
toma diária consecutiva, com 24 comprimi-
dos de uma cor e 4 comprimidos brancos.
Os comprimidos brancos não contêm
medicamento, são um placebo, e é durante
a sua toma que ocorre a hemorragia de pri-
vação (menstruação).
Durante a utilização das pílulas combina-
das, estroprogestativas, verifica-se, pela
ação dos derivados das hormonas sexuais,
uma retroação negativa sobre o complexo
hipotálamo-hipófise, bloqueando em
grande parte a libertação de FSH e de LH.
Nos ovários, sem o estímulo das gonadoes-
timulinas, os folículos ováricos não experi-
mentam maturação, não ocorrendo ovula-
ção nem formação do corpo amarelo. No
útero, sob a ação dos derivados das hormo-
nas, existe um certo desenvolvimento do
endométrio e ocorre menstruação. No
entanto, o endométrio não se apresenta
apto para a nidação. O muco cervical man-
tém-se espesso, impedindo a passagem dos
espermatozoides.
As pílulas progestativas, sem estrogénios,
tomam-se diariamente sem interrupção.
As pílulas progestativas têm o mesmo
mecanismo de ação das pílulas estropro-
gestativas e bloqueiam a ovulação. A sua
eficácia é igual e devem ser utilizadas por
quem não queira ou não possa, por questões
de saúde, usar um método com estrogénios
(por exemplo, mulheres a amamentar,
mulheres com doenças tromboembólicas
ou antecedentes familiares de doenças
tromboembólicas).
Complexo
hipotálamo-hipófise
Ovário
em repouso
Estrogénios
Progesterona
Pílula
Útero
LH FSH
Fig. 43 – Variedade de pílulas contracetivas.
Fig. 44 – Ação das pílulas contracetivas combinadas.
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Efeitos sobre o
organismo
• Diminuição na
libertação de
FSH e LH.
• Não há pico de
LH.
• Não se
desenvolvem os
folículos.
• Não há ovulação.
• Não se forma
corpo amarelo.
• Mucosa uterina
não adaptada à
nidação.
• Muco cervical
espesso.
46
TUV12©PortoEditora
Nos últimos anos, à contraceção regulada por hormonas através de
pílulas vieram juntar-se outras técnicas hormonais com o mesmo grau
de eficácia. Podem citar-se outros métodos estroprogestativos (selo
transdérmico e anel vaginal) e outros métodos progestativos (implante
subdérmico e sistema intrauterino).
Selo transdérmico – método estroprogestativo que atua como uma
pílula combinada em que as hormonas são absorvidas através da pele.
Aplica-se uma vez por semana, durante três semanas seguidas,
com uma semana de descanso.
Anel vaginal – método estroprogestativo em forma de anel flexível
com uma baixa dosagem hormonal e eficácia semelhante à de outros
processos hormonais.
É aplicado pela própria mulher apenas uma vez em cada ciclo. Man-
tém-se por três semanas e deve ser retirado na quarta semana.
Implante subdérmico – método progestativo. Trata-se de um dis-
positivo com a forma de um bastonete que é implantado pelo médico,
sob a pele do antebraço, com recurso a anestesia local. Foi desenvol-
vido de forma a manter uma boa eficácia durante três anos.
Sistema intrauterino – método progestativo que consiste num
dispositivo que é implantado no útero pelo médico e que contém
progesterona. Produz o espessamento do muco cervical, que impede a
progressão dos espermatozoides, e altera o endométrio para impedir a
nidação. É eficaz de três a sete anos.
Os contracetivos hormonais são, em regra, bem tolerados pela maioria das
mulheres, impedindo a ovulação e a fecundação. Permitem a regulação dos
ciclos menstruais e a diminuição das dores no período menstrual.
Contudo, os contracetivos hormonais estroprogestativos não estão isen-
tos de efeitos secundários. Alguns desses efeitos incluem problemas de
hipertensão, diabetes e insuficiência da circulação sanguínea. Os riscos
podem ser agravados por interação com outros fatores, como o tabaco, o
álcool e outras drogas.
A utilização regular dos contracetivos hormonais deve efetuar-se sob
prescrição médica e com vigilância durante a sua administração.
Existem também dois métodos hormonais em comercialização conheci-
dos como pílula de emergência. Devem ser utilizados quando ocorre uma
relação sexual não protegida (sem uso de contraceção) ou não protegida cor-
retamente (rotura de preservativo). Ambas atuam no bloqueio temporário da
ovulação. A pílula de levonorgestrel, a mais conhecida, é menos eficaz e blo-
queia a ovulação durante três dias. A outra pílula contém acetato de ulipristal
Fig. 46 – Anel vaginal.
Fig. 45 – Selo transdérmico.
Fig. 47 – Implante subdérmico.
Métodos contracetivos
Método Vantagens Riscos/Limitações
Grau aproximado
de eficácia
Natural
Abstinência
periódica
Sem efeitos secundários.
Impede a fecundação pela ausência
de relações sexuais durante o
período fértil.
Nos casos de ciclos sexuais
irregulares. Não protege das
doenças sexualmente
transmissíveis (DST).
Variável
Nãonatural
Barreira
Espermicida
(químico)
Destrói os espermatozoides.
Proteção por pouco tempo.
Pode causar alergias.
Não protege das doenças
sexualmente transmissíveis
(DST).
75%
Preservativo
(mecânico)
Evita o encontro dos gâmetas
e, portanto, a fecundação.
Único contracetivo que protege
do contágio de DST.
Pode romper-se ou deixar
passar os espermatozoides
quando não for corretamente
utilizado.
Depende
do uso correto
Hormonal
Estroprogestativo
Impede a ovulação ou a fecundação.
Ciclos menstruais mais regulares.
Pode, em certos casos, causar
problemas cardiovasculares e
problemas metabólicos.
Não protege das doenças
sexualmente transmissíveis
(DST).
Superior a 99%
se usado
corretamente
Progestativo
Impede a ovulação ou a fecundação.
Ciclos menstruais mais regulares.
Não protege das doenças
sexualmente transmissíveis
(DST).
Superior a 99%
se usado
corretamente
Intrauterino
Sistema
intrauterino
(SIU)
Promove o espessamento do muco
cervical e impede a progressão dos
espermatozoides. Altera o
endométrio para impedir a nidação.
Pode ser desconfortável.
Não protege das doenças
sexualmente transmissíveis
(DST).
Superior a 99%
Dispositivo
intrauterino
(DIU)
Impede a união dos gâmetas
ou a nidação se já tiver havido
fecundação.
Pode ser desconfortável.
Não protege das doenças
sexualmente transmissíveis
(DST).
Superior a 99%
Reprodução humana e manipulação da fertilidade
47
IDEIAS-CHAVE
• Segunda a OMS, um método contracetivo deve ser eficaz e seguro.
• Existe uma grande variedade de métodos contracetivos que permitem evitar a gravidez.
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e bloqueia a ovulação por um período de cinco dias (que é o tempo que os
espermatozoides se mantêm viáveis e com capacidade fértil no sistema
genital após uma relação sexual). Qualquer destas pílulas deve ser tomada
com a maior brevidade possível após a relação sexual.
A utilização de contraceção de emergência é segura, embora menos efi-
caz que um método de contraceção de uso regular. Não interfere na fertili-
dade futura e é de venda livre. No entanto, a sua utilização deve ser o último
recurso para evitar uma gravidez numa relação sexual não protegida.

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  • 1. Reprodução humana e manipulação da fertilidade 41 TUV12©PortoEditora possível, graças ao conhecimento dos mecanismos hormonais e celulares que regulam a reprodução, aliado ao progresso da biotecnologia. A biotecnologia integra diversos domínios, como, por exemplo, as ciên- cias da vida e a engenharia. É uma área interdisciplinar em que se cruzam saberes e práticas provenientes de diferentes áreas. Atualmente, os casais podem decidir não ter um filho, recorrendo, para isso, a diversas biotecnologias que impedem a conceção, mas outros, pelo contrário, não podem procriar devido a problemas de fertilidade, tendo de recorrer à aplicação de biotecnologias adequadas. Contraceção O nascimento de um filho deve ser um ato refletido e desejado. Ter um filho implica a responsabilidade de lhe facultar um ambiente com condições propícias a um desenvolvimento físico e psíquico saudável. Uma gravidez não desejada pode, em certas condições, trazer problemas de difícil resolução. Cabe a cada casal definir o número de filhos que deseja e o intervalo de tempo entre cada um deles, tendo em consideração a situação do casal, da família e da sociedade. A contraceção é o conjunto de métodos utilizados para evitar a procriação. Atualmente, existem vários métodos contracetivos que permitem aos casais planear o nascimento dos filhos. A utilização desses métodos implica uma tomada de consciência sobre a responsabilidade do casal no respeito mútuo e no respeito pela vida. Por isso, tanto o homem como a mulher têm respon- sabilidade na escolha dos métodos contracetivos que irão aplicar. Uma informação cuidada sobre esses métodos, com conhecimento das vanta- gens e riscos de cada um deles, é essencial para a escolha do casal face à sua situação. Há processos radicais para evitar a procriação, como a esterelização mas- culina ou feminina, mas esses processos são, geralmente, irreversíveis. Segundo a OMS, um método contracetivo deve ser eficaz e seguro. Nos nossos dias, existe uma grande diversidade de métodos contracetivos que impedem de uma maneira mais ou menos fiável uma gravidez não desejada, sem, no entanto, serem irreversíveis, ou seja, sem impedirem a retoma da fertilidade após a paragem da aplicação do método utilizado. Métodos contracetivos naturais A contraceção pode ser efetuada através da abstinência sexual durante os períodos férteis da mulher, quando esta apresenta ciclos sexuais regu- lares. A mulher pode recorrer a diversos processos para determinar o período fértil. A observação do aspeto do muco cervical e a avaliação diária da tempe- ratura são sinais a considerar.
  • 2. 42 TUV12©PortoEditora Observação do muco cervical – as características do muco cervical, como já vimos, modificam-se ao longo do ciclo sexual. Avaliação diária da temperatura – a temperatura varia ao longo do ciclo sexual, e com base nessas variações é possível determinar o dia da ovulação. Com os dados recolhidos, a mulher pode estabelecer um calendário menstrual ao longo dos meses, assinalando o primeiro dia da menstruação, os valores da temperatura e o aspeto do muco cervical. Quando o ciclo é regular e hormonalmente equilibrado, o período fértil situa-se entre o 10.° e o 16.° dias do ciclo, com base no período de sobrevi- vência dos espermatozoides e dos oócitos II nas trompas. Os métodos naturais não apresentam efeitos secundários, mas a sua efi- cácia depende do rigor com que é determinada a data da ovulação. Têm, no entanto, riscos que resultam, por exemplo, da possibilidade de ocorrerem oscilações na temperatura devido a causas diversas da ovulação ou de uma avaliação incorreta do muco cervical. Fig. 40 – Variação da temperatura ao longo do ciclo. 37,0 36,3 1 5 10 15 20 25 2830 Tempo (dias do ciclo) Menstruação Menstruação Temperatura corporal ao acordar (°C) Fim do ciclo Ovulação Período fértil Menstruação Duração dos espermatozoides 1 2 3 4 5 6 7 8 9 11 12 161718 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 13 14 15 10 A A Duração do oócito II Período fértil B B Início do ciclo A data da ovulação corresponde ao último dia que precede a subida da temperatura. O patamar de hipertermia corresponde a um período não fértil, exceto nos primeiros dois dias após o seu início, que correspondem ao período em que o oócito pode ser fecundado. Para poder ser comparada ao longo dos dias, a temperatura retal deve ser avaliada nas mesmas condições, com o mesmo termómetro, de manhã, ao acordar, antes de qual- quer atividade. Fig. 38 – Período fértil. Fig. 39 – Período não fértil. Abundante, fluido, transparente Aspeto viscoso
  • 3. Reprodução humana e manipulação da fertilidade 43 Pílulas contracetivas Espermicidas Preservativo Dispositivo intrauterino (DIU) Fig. 41 1. Com base nos métodos contracetivos apresentados no esquema e em conhecimentos anteriores, complete a tabela, fazendo corresponder a cada letra a informação adequada. 2. Além de serem utilizados como contracetivos, os preservativos constituem também um método de proteção sexual. Justifique esta afirmação. EXPLORAÇÃO Métodos contracetivos Classificação Método Local onde atua Modo(s) de ação Mecânico Preservativo C G Intrauterino A D Reação inflamatória do endométrio que impede a nidação. Químico Espermicida E H Hormonal B F Impede a ovulação. Altera o endométrio. TUV12©PortoEditora Métodos contracetivos não naturais Existem diversos processos/métodos artificiais de prevenção da gravidez, atuando de modo diferente e com uma eficácia variável. ATIVIDADE 12 COMO ATUAM OS MÉTODOS CONTRACETIVOS NÃO NATURAIS?
  • 4. Desde a invenção das primeiras pílulas contracetivas, grandes progressos têm sido efetuados. Não só foram produzidos novos derivados sintéticos das hormonas ováricas, mas também foram sendo reduzidas as dosagens em que são ministradas. Desse modo, os efeitos secundários que surgiram nos pri- meiros anos da sua aplicação foram sendo sucessivamente reduzidos. 1. Porque não foi autorizada imediatamente a venda da pílula produzida a partir das investigações de Pincus? 2. Sabendo que um único comprimido do produto inventado continha, praticamente, uma dosagem de hormonas idêntica à que atualmente está contida numa placa de comprimidos, refira a causa dos efeitos secundários que ocorreram nas primeiras tomas, com base nos dados do gráfico. 3. Compare a evolução da concentração de gonadoestimulinas num ciclo sem a toma de pílulas e de um ciclo em que ocorre a sua utilização. 4. Refira as consequências do uso das pílulas estroprogestativas nos ciclos ovárico e uterino. EXPLORAÇÃO 44 TUV12©PortoEditora Os diversos métodos contracetivos não naturais têm modos de ação e fia- bilidade diferentes. Atualmente, a única contraceção praticada pelo homem em grande escala é o uso do preservativo, o qual protege, também, de doen- ças sexualmente transmissíveis, pelo que deve ser sempre utilizado. A sua aplicação deve ser complementada com o uso de outro método contracetivo, devido à sua menor eficácia na prevenção da gravidez. O método de contra- ceção mais eficaz é a contraceção hormonal realizada pela mulher. Com base no resultado de investigações sobre a fisiologia humana e nas propriedades das hor- monas sexuais, Gregory Pincus, médico norte- -americano (1903-1967), procurou desenvol- ver um processo de contraceção feminino. Em 1954 elaborou a primeira pílula, uma mistura de estrogénios e progesterona de síntese. A primeira pílula sintetizada foi testada em mulheres voluntárias. Os resultados foram positivos, embora se tenham verificado efeitos secundários consideráveis. As investigações prosseguiram e, em 1960, foi autori- zada a venda de pílulas contracetivas nos EUA. Atual- mente constitui o método contracetivo mais utilizado em todo o mundo. LH FSH (mU . mL –1) Toma quotidiana de uma pílula estroprogestativa 80 60 40 20 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 Dias Concentração Toma da mesma pílula Fig. 42 – Variação das taxas sanguíneas de FSH e de LH durante vários ciclos. ATIVIDADE 13 COMO SURGIRAM AS PÍLULAS CONTRACETIVAS? QUAL A SUA AÇÃO?
  • 5. Reprodução humana e manipulação da fertilidade 45 Atualmente, a contraceção hormonal é um dos métodos reversíveis mais eficazes, se aconselhada pelo médico e administrada corretamente. As pílulas contracetivas diferem na composição e na dosagem dos deriva- dos hormonais que as constituem. As pílulas combinadas ou estroprogestativas contêm uma associação de estrogénios e de progesterona de síntese. São tomadas diariamente, em regra durante 21 dias consecutivos, a partir do primeiro dia da menstruação, interrompendo-se a toma durante os restantes dias do ciclo, de modo a ocor- rer a menstruação. Atualmente, e para evitar o esquecimento no início de uma nova embalagem, encontram-se no mercado embalagens de pílulas de toma diária consecutiva, com 24 comprimi- dos de uma cor e 4 comprimidos brancos. Os comprimidos brancos não contêm medicamento, são um placebo, e é durante a sua toma que ocorre a hemorragia de pri- vação (menstruação). Durante a utilização das pílulas combina- das, estroprogestativas, verifica-se, pela ação dos derivados das hormonas sexuais, uma retroação negativa sobre o complexo hipotálamo-hipófise, bloqueando em grande parte a libertação de FSH e de LH. Nos ovários, sem o estímulo das gonadoes- timulinas, os folículos ováricos não experi- mentam maturação, não ocorrendo ovula- ção nem formação do corpo amarelo. No útero, sob a ação dos derivados das hormo- nas, existe um certo desenvolvimento do endométrio e ocorre menstruação. No entanto, o endométrio não se apresenta apto para a nidação. O muco cervical man- tém-se espesso, impedindo a passagem dos espermatozoides. As pílulas progestativas, sem estrogénios, tomam-se diariamente sem interrupção. As pílulas progestativas têm o mesmo mecanismo de ação das pílulas estropro- gestativas e bloqueiam a ovulação. A sua eficácia é igual e devem ser utilizadas por quem não queira ou não possa, por questões de saúde, usar um método com estrogénios (por exemplo, mulheres a amamentar, mulheres com doenças tromboembólicas ou antecedentes familiares de doenças tromboembólicas). Complexo hipotálamo-hipófise Ovário em repouso Estrogénios Progesterona Pílula Útero LH FSH Fig. 43 – Variedade de pílulas contracetivas. Fig. 44 – Ação das pílulas contracetivas combinadas. TUV12©PortoEditora Efeitos sobre o organismo • Diminuição na libertação de FSH e LH. • Não há pico de LH. • Não se desenvolvem os folículos. • Não há ovulação. • Não se forma corpo amarelo. • Mucosa uterina não adaptada à nidação. • Muco cervical espesso.
  • 6. 46 TUV12©PortoEditora Nos últimos anos, à contraceção regulada por hormonas através de pílulas vieram juntar-se outras técnicas hormonais com o mesmo grau de eficácia. Podem citar-se outros métodos estroprogestativos (selo transdérmico e anel vaginal) e outros métodos progestativos (implante subdérmico e sistema intrauterino). Selo transdérmico – método estroprogestativo que atua como uma pílula combinada em que as hormonas são absorvidas através da pele. Aplica-se uma vez por semana, durante três semanas seguidas, com uma semana de descanso. Anel vaginal – método estroprogestativo em forma de anel flexível com uma baixa dosagem hormonal e eficácia semelhante à de outros processos hormonais. É aplicado pela própria mulher apenas uma vez em cada ciclo. Man- tém-se por três semanas e deve ser retirado na quarta semana. Implante subdérmico – método progestativo. Trata-se de um dis- positivo com a forma de um bastonete que é implantado pelo médico, sob a pele do antebraço, com recurso a anestesia local. Foi desenvol- vido de forma a manter uma boa eficácia durante três anos. Sistema intrauterino – método progestativo que consiste num dispositivo que é implantado no útero pelo médico e que contém progesterona. Produz o espessamento do muco cervical, que impede a progressão dos espermatozoides, e altera o endométrio para impedir a nidação. É eficaz de três a sete anos. Os contracetivos hormonais são, em regra, bem tolerados pela maioria das mulheres, impedindo a ovulação e a fecundação. Permitem a regulação dos ciclos menstruais e a diminuição das dores no período menstrual. Contudo, os contracetivos hormonais estroprogestativos não estão isen- tos de efeitos secundários. Alguns desses efeitos incluem problemas de hipertensão, diabetes e insuficiência da circulação sanguínea. Os riscos podem ser agravados por interação com outros fatores, como o tabaco, o álcool e outras drogas. A utilização regular dos contracetivos hormonais deve efetuar-se sob prescrição médica e com vigilância durante a sua administração. Existem também dois métodos hormonais em comercialização conheci- dos como pílula de emergência. Devem ser utilizados quando ocorre uma relação sexual não protegida (sem uso de contraceção) ou não protegida cor- retamente (rotura de preservativo). Ambas atuam no bloqueio temporário da ovulação. A pílula de levonorgestrel, a mais conhecida, é menos eficaz e blo- queia a ovulação durante três dias. A outra pílula contém acetato de ulipristal Fig. 46 – Anel vaginal. Fig. 45 – Selo transdérmico. Fig. 47 – Implante subdérmico.
  • 7. Métodos contracetivos Método Vantagens Riscos/Limitações Grau aproximado de eficácia Natural Abstinência periódica Sem efeitos secundários. Impede a fecundação pela ausência de relações sexuais durante o período fértil. Nos casos de ciclos sexuais irregulares. Não protege das doenças sexualmente transmissíveis (DST). Variável Nãonatural Barreira Espermicida (químico) Destrói os espermatozoides. Proteção por pouco tempo. Pode causar alergias. Não protege das doenças sexualmente transmissíveis (DST). 75% Preservativo (mecânico) Evita o encontro dos gâmetas e, portanto, a fecundação. Único contracetivo que protege do contágio de DST. Pode romper-se ou deixar passar os espermatozoides quando não for corretamente utilizado. Depende do uso correto Hormonal Estroprogestativo Impede a ovulação ou a fecundação. Ciclos menstruais mais regulares. Pode, em certos casos, causar problemas cardiovasculares e problemas metabólicos. Não protege das doenças sexualmente transmissíveis (DST). Superior a 99% se usado corretamente Progestativo Impede a ovulação ou a fecundação. Ciclos menstruais mais regulares. Não protege das doenças sexualmente transmissíveis (DST). Superior a 99% se usado corretamente Intrauterino Sistema intrauterino (SIU) Promove o espessamento do muco cervical e impede a progressão dos espermatozoides. Altera o endométrio para impedir a nidação. Pode ser desconfortável. Não protege das doenças sexualmente transmissíveis (DST). Superior a 99% Dispositivo intrauterino (DIU) Impede a união dos gâmetas ou a nidação se já tiver havido fecundação. Pode ser desconfortável. Não protege das doenças sexualmente transmissíveis (DST). Superior a 99% Reprodução humana e manipulação da fertilidade 47 IDEIAS-CHAVE • Segunda a OMS, um método contracetivo deve ser eficaz e seguro. • Existe uma grande variedade de métodos contracetivos que permitem evitar a gravidez. TUV12©PortoEditora e bloqueia a ovulação por um período de cinco dias (que é o tempo que os espermatozoides se mantêm viáveis e com capacidade fértil no sistema genital após uma relação sexual). Qualquer destas pílulas deve ser tomada com a maior brevidade possível após a relação sexual. A utilização de contraceção de emergência é segura, embora menos efi- caz que um método de contraceção de uso regular. Não interfere na fertili- dade futura e é de venda livre. No entanto, a sua utilização deve ser o último recurso para evitar uma gravidez numa relação sexual não protegida.