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PARA
PROBLEMAS COM BEBIDA
Em Center City, Minnesota
“Hazelden” conta com seis anos de experiência em recuperação
de homens com problemas com bebida. Seus diretores foram "ao olho
do furacão" de si mesmos e desenvolveram um programa baseado em
leitura, meditação, educação audiovisual, consultas e discussões, que
possibilitam aos hóspedes residentes entenderem os “porquês” deste
problema, e como paralisar esta doença.
Uma atenção especial é dada, servindo refeições apetitosas,
visando o bem-estar físico, que é reconhecido como um dos mais
importantes passos ao longo da caminhada para a recuperação.
Descanso e meditação também são importantes, e os visitantes
estarão autorizados apenas a pedido do hóspede residente.
Pesca, canoagem, piscina são algumas das possíveis diversões.
Médicos e enfermeiros disponíveis 24 horas por dia, e consultas
psiquiátricas serão agendadas mediante solicitação.
Preços razoáveis... para mais informações escreva para
341 North Dale Street Saint Paul 3, Minn.
(or) Center City, Minnesota
Uma organização sem fins lucrativos
REI BEBÊ
Tom Cunningham
Hazelden Foundation
Editora JCB Publicações Ltda
ii
Copyright © 2014, Tom Cunnigham
Rei Bebê
Título em Inglês: KING BABY
Publicado originalmente por: Hazelden
Foundation
Todos os direitos de tradução e
publicação para o território brasileiro
reservados por Editora JCB Publicações
Ltda
PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU
PARCIAL POR QUAISQUER MEIOS, SEM
PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DA EDITORA
IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil
1ª Edição Brasileira
Maio de 2014
Infinite Loop Avenue,#304
California Place
Patos de Minas, MG CEP 38700-000
Telefax: (34) 6963-4958
URL: www.jcbpublicacoes.com.br
E-mail: editora@jcbpublicacoes.com
Coordenação Editorial: AMMB Syncro
Projeto Gráfico: MFMB Ilustra
Edição de texto: AMMB Syncro
Diagramação: JCB Desing
Revisão: JCB Desing
Adaptação da Capa: JCB Desing
Ilustração: MFMB Ilustra
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Cunnigham, Tom
Rei Bebê / Tom Cunningham; / Tradução AMMB Syncro/.
– 1ª. Ed. – Minas Gerais: Editora JCB Publicações Ltda.,
2014. – (Dependência química)
Título original: King Baby.
Bibliografia.
ISBN 972-8272-04-9
1. Dependência Química. 2. Compulsão. 3. Tratamento
I. Título II. Série
CDD-717.1 07-7211
iii
Nota dos Editores à Tradução Brasileira:
Uma adicção consiste no uso habitual de substâncias alteradoras
do humor (medicamentos, álcool, drogas) ou de comportamentos
(excesso de trabalho, jogos, abuso de comida, internet, falar
demais, sexo, mania de limpeza, consumismo) que é caracterizado
pela tolerância à substância ou comportamento (sendo que um
crescente e contínuo uso à substância ou comportamento se
tornam necessários para obter o mesmo efeito) e pela perda de
controle (o uso continuado apesar de suas consequências
negativas).
A dependência química consiste na adicção ao álcool e/ou
outras drogas. É uma doença progressiva e, se não for tratada,
mortal.
Sobre a Fundação Hazelden:
Os “Materiais Educacionais da Hazelden”, editados no
Brasil pela Editora JCB Publicações Ltda., oferecem uma grande
variedade de informação sobre a dependência química e as áreas
com ela relacionadas. As nossas publicações não representam
necessariamente os programas da Fundação Hazelden, nem se
pronunciam oficialmente por nenhuma organização dos Doze
Passos.
Sobre este livro:
Este livro detalha a personalidade do Rei Bebê – os traços
infantis visíveis nas pessoas que atingiram a idade adulta sem
adquirir maturidade emocional. Estes traços devem ser rendidos
antes que se possa suspender inteiramente a dependência química
– a presença desta personalidade de Rei Bebê pode acelerar a
adicção ou conduzir à recaída.
Sobre o autor:
Tom Cunningham trabalha no campo da dependência química
há dez anos. Tem uma licenciatura obtida na Universidade de
Minnesota e trabalha atualmente com aconselhamento de jovens e
adolescentes dependentes de substâncias tóxicas.
v
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 7
QUEM É O REI BEBÊ ............................................................................. 9
CARACTERÍSTICAS DO REI BEBÊ ......................................................... 10
A CRIANÇA ASSUSTADA E O REI BEBÊ .............................................. 13
O MITO DO REI BEBÊ .......................................................................... 16
O CÍRCULO VICIOSO ............................................................................. 23
A COMBINAÇÃO FATAL ....................................................................... 24
O CATALISADOR ................................................................................... 25
CANSADO DE ESTAR FARTO ............................................................... 26
ADMITIR A DERROTA, ENCARAR A REALIDADE ............................. 27
CURAR A NOSSA CRIANCINHA ASSUSTADA ................................... 28
OS CUIDADOS DENTRO DE A.A/N.A ................................................. 29
AMAR A SI MESMO ............................................................................. 30
AMAR E SER AMADO .......................................................................... 31
LIBERDADE ........................................................................................... 32
RENDIÇÃO ........................................................................................... 33
PERDÃO ................................................................................................. 34
HUMILDADE ........................................................................................ 35
CULPA ................................................................................................... 36
USANDO NOSSA PERSONALIDADE COMPULSIVA .......................... 37
RELACIONAMENTO COM NOSSO PODER SUPERIOR ..................... 38
DÉCIMO PASSO ................................................................................... 39
RELACIONAMENTOS COM O SEXO OPOSTO ................................... 40
ELIMINANDO VELHOS PADRÕES DE COMPORTAMENTO ............ 41
A ATITUDE A TER É DE GRATIDÃO ................................................... 45
O PEDIDO E A RESPOSTA ..................................................................... 45
Página | 7
INTRODUÇÃO
O Dr. Harry Tiebout utilizou as palavras “Sua
Majestade o Bebê”, do psicanalista Sigmund Freud, para
descrever uma atitude inata. O termo Rei Bebê poderia
ser de uma forma igualmente adequada Rainha Bebê
também, porque, provavelmente, todos nós temos este
ego infantil no nosso inconsciente.
Os adictos têm de estar particularmente conscientes
das características do Rei Bebê, pois essas atitudes e
comportamentos podem interferir na sua recuperação.
Nos programas de Doze Passos, sentimos
frequentemente a necessidade da rendição e tentamos
praticá-la, na forma de orientar nossa vida e vontades
para Deus. Temos “slogans” que realçam a necessidade
do Terceiro Passo e suas recompensas: Se entregue,
renda-se a Deus1
, Entregar resulta2
.
O reconhecimento da impotência é a base da
rendição, mas o ato da rendição surge com a aceitação
total dessa impotência. Muitos de nós, que sentem
dificuldades com o Primeiro Passo, são capazes de
reconhecer a sua impotência, mas não estão dispostos a
aceitá-la. Em outras palavras, somos capazes de vê-la e
compreendê-la, mas a nossa necessidade de controle
nos impede de comprometermos com este ato de
rendição que é tão necessário. Os egos interferem. A
nossa mentalidade de Reis Bebês insiste em que
guiemos nossa vida e controlemos as nossas vontades.
1 – Let Go and Let God.
2 – What’s Turned Over Turns Out.
Página | 8
Ao proceder assim, o Rei Bebê dentro de nós impede
a nossa recuperação.
Neste livro aprenderemos a identificar o eu infantil
do Rei Bebê que existe dentro de nós. Temos de
renunciar aos traços infantis de nossa personalidade
antes que nossa doença possa ser totalmente dominada.
A personalidade compulsiva do Rei Bebê pode
acelerar a adicção ou conduzir à recaída. Temos de nos
manter conscientes deste impulso ao trabalhar o
programa de recuperação de Doze Passos, nos
Alcoólicos Anônimos ou nos Narcóticos Anônimos.
Página | 9
QUEM É O REI BEBÊ
Para compreender o Rei Bebê, vamos imaginar que
estamos voltando ao ventre de nossa mãe. Lá sentimos
calor, segurança, conforto, liberdade e poder. Todas as
necessidades são satisfeitas. Somos o centro do nosso
universo. Cuidam de nós só pelo fato de existirmos e
isso nos satisfaz completamente.
A infância também encoraja as nossas atitudes de
Reis Bebês. Nossas exigências ruidosas por alimento,
atenção e carinho são imediatamente atendidas. Somos,
de novo, o centro de um vasto reino; os nossos desejos
são da máxima importância. Através dos processos
naturais de maturação da infância e do estado adulto, a
maior parte da mentalidade de Rei Bebê é abandonada
e substituída por atributos que permitem uma
capacidade de adaptação.
Alguns de nós, no entanto, avançam através dos
estágios do desenvolvimento físico sem nos desprender
desta criatura imatura – o Rei Bebê. Para nós, o Rei Bebê
nunca esquece a aconchegante e maravilhosa segurança
da vida pré-natal e infantil e tentará constantemente
voltar a experimentá-la. O Rei Bebê luta para
reconquistar a felicidade total que advém de todas as
necessidades serem satisfeitas.
Página | 10
CARACTERÍSTICAS DO REI BEBÊ
Ao tentar recuperar a segurança da infância, os Reis
Bebês continuam funcionando com base nos mesmos
padrões antigos de sentimentos que, muito tempo atrás,
os recompensaram. Tiebout1
afirma que “quando os
traços infantis se mantêm na idade adulta, diz-se que
esta pessoa é imatura”. E esta imaturidade está ligada
aos traços de sentimentos de onipotência, incapacidade
de aceitar frustrações, e imediatismo.
Os Reis Bebês partilham uma grande variedade de
traços de personalidade. Nenhum de nós possui todos
estes traços, mas descobriremos provavelmente muitos
que nos descrevem. Os Reis Bebês podem apresentar as
seguintes características:
1. Ficam muitas vazes irritados com as pessoas que
representam autoridade ou com receio delas, e
tentam colocá-las umas contra as outras de
modo a conseguirem o que pretendem.
2. Procuram aprovação e frequentemente perdem a
sua própria identidade no decorrer do processo.
3. São capazes de causar uma boa primeira
impressão, mas incapazes de manter.
4. Tem dificuldades de aceitar críticas pessoais e
sentem-se ameaçados e irados quando são
criticados.
1 - Harry M. Tiebout, M.D. The Ego Factors in Surrender in
Alcoholism (Center City, MN, Material Educativo Hazelden), pág. 6,
catálogo 1270.
Página | 11
5. Tem personalidades compulsivas e deixam-se
levar a extremos.
6. Não se aceitam ou alienam-se.
7. Ficam muitas vezes imobilizados pela ira e
frustação e raramente estão satisfeitos.
8. Sentem-se geralmente sozinhos, mesmo quando
rodeados de pessoas.
9. Estão sempre se queixando e culpam os outros
pelo que lhes acontece de mal na vida.
10. Sentem que não são apreciados e que não
pertencem ao grupo onde estão.
11. Veem o mundo como uma selva cheia de pessoas
egoístas que não estão disponíveis para eles.
12. Encaram tudo como catástrofe, como uma
situação de vida ou morte.
13. Julgam a vida em termos absolutos; preto ou
branco, certo ou errado, não aceitando o meio
termo.
14. Vivem no passado, ao mesmo tempo em que
receiam o futuro, e não vivem o presente de
forma adequada.
15. Tem fortes sentimentos de dependência e um
medo exagerado de abandono.
16. Tem medo do fracasso e da rejeição e não
tentam fazer coisas novas em que possam vir a
falhar.
17. Tem obsessão por dinheiro e coisas materiais.
18. Sonham com metas e planos grandiosos e tem
pouca capacidade de fazer com que eles
aconteçam.
Página | 12
19. Não toleram a doença neles ou nas outras
pessoas.
20. Preferem agradar aos superiores e intimidar os
subordinados.
21. Acham que as regras e as leis são para os outros
e não para eles próprios.
22. Tornam-se frequentemente compulsivos por
estímulos de excitação e de uma vida frenética.
23. Guardam para si as emoções dolorosas e perdem
o contato com os seus sentimentos.
Página | 13
A CRIANÇA ASSUSTADA E O REI BEBÊ
Muitos adictos tem dentro de si um jovem assustado,
solitário e envergonhado que murmura contra si mesmo
pensamentos derrotistas de autocrítica, baseados numa
vida inteira de mensagens negativas. Constantemente se
comparam aos outros e sentem que não estão à altura
deles.
Estes sentimentos de falta de valor próprio, de
culpabilidade, e de não pertencer a um grupo, tornam-
se o núcleo central de nossas personalidades. O Rei
Bebê – um ser egoísta e exigente – surge como reação a
estes sentimentos de vergonha e de inadequação.
Ao lutar de forma infantil para ser aceitos e agradar
aos outros, começamos a procurar coisas exteriores para
nos sentir melhor por dentro. Roupas de marcas da
moda, carros esportivos, namoradas ou namorados
sexys, celular do momento, drogas e a excitação de uma
vida frenética ajudam a acalmar o nosso sofrimento.
Criamos uma aparência atrativa, magnética,
encantadora para conseguir o que queremos. Usamos
nosso tempo para a procura desenfreada de prazer, a
procura de poder, a procura da satisfação e a procura de
atenção para preencher o vazio dentro de nós, mas o
vazio se mantém. Não há amor, lei, dinheiro ou status
Página | 14
que cheguem para a criança assustada que existe em
nós.
Considerando tudo isto como uma fraqueza, a parte
de nós que corresponde ao Rei Bebê tentará destruir,
atacar e por de lado a nossa criancinha assustada. Ao
negar estes sentimentos, o Rei Bebê encobre, em última
análise o fato de a criancinha assustada existir.
Página | 15
A luta interior
Compreender o Rei Bebê é difícil, pois as coisas nunca
são aquilo que parecem ser. Existem dois fatores
principais de motivação: em primeiro lugar, a criança
assustada, solitária, que não quer ser mais magoada e,
em segundo lugar, o Rei Bebê que nunca está satisfeito.
Quando a criança receosa que existe em nós ouve a
palavra não, uma mensagem interior preconcebida nos
diz que somos maus. Só nos sentimos amados quando
recebemos carinho, e nos sentimos não amados quando
nos corrigem ou nos disciplinam. Quando somos
criticados, a nossa imaturidade insiste no direito de fazer
o que ela acredita ser o melhor com base nos padrões
antigos de comportamento e argumenta que, se somos
amados, os outros devem nos deixar fazer o que
queremos. Muitas vezes, as nossas manipulações nos
permite ganhar.
Ambas estas facetas – a criança medrosa e o Rei Bebê
exigente – ficam temporariamente satisfeitas se
criarmos em nós a pessoa que pensamos que os outros
querem que sejamos. No entanto, a base para uma
recuperação duradoura está em ajudar a criança
assustada a readquirir o sentimento de valor próprio e
aprender a controlar os comportamentos de Rei Bebê.
Página | 16
O problema
As pessoas em recuperação tem geralmente
consciência das muitas ameaças a que está sujeita a sua
sobriedade. Os programas de Doze Passos são criados
para nos ajudar a enfrentar e ultrapassar os nossos
defeitos de caráter. A imaturidade, que constitui um
problema para muitos de nós, é um reduto do Rei Bebê
em cada um de nós. Poderá ser necessário reconhecer
este defeito e removê-lo se quisermos continuar com
nossa recuperação.
O Rei Bebê em nós, nos diz que temos razão – os
outros é que estão errados. Muitos de nós defende a
nossa razão em todo lugar e em qualquer situação onde
nos sentirmos ameaçados. Os Reis Bebês atuam muitas
vezes como se fossem o nosso próprio Poder Superior,
tomando decisões baseadas nos juízos preconcebidos
em relação a si mesmo e aos outros. O Rei Bebê que
existe em nós, nos diz que deveríamos ser capazes de
ser bem sucedidos em tudo o que empreendermos.
Existe em nós o sentimento de sermos destinados à
grandeza.
Página | 17
O MITO DO REI BEBÊ
A mentalidade de Rei Bebê é comandada por três
motivações – poder, atenção e prazer. Tentamos
arranjar amigos sendo excessivamente simpáticos e
amáveis. Com isto nos agarramos às pessoas.
Tentamos frequentemente controlar ou dominar.
Impomos condições em quase tudo o que fazemos, o
que cria situações de dívida para nós mesmos.
Receamos que o nosso verdadeiro eu seja rejeitado,
por isso apresentamos ao mundo uma pessoa falsa e
inventada. Isto nos protege de ser magoados. Cada
uma das personalidades ou jogos que inventamos tem
por base uma falsa promessa ou um mito.
Página | 18
O Popular
Mito: Se eu for simpático, atrativo, magnético
e for a pessoa que anima festas, todos
irão querer ser meus amigos.
Verdade: Querendo ser tudo para todos,
perdemos o nosso verdadeiro eu no
processo.
Fim do jogo: O jogo acaba quando os outros
compreendem que não existe nada por
trás dos falsos sorrisos.
O Tirano/Ditador
Mito: Se me obedecer e ficar sob meu
controle total, eu o protejo do caos.
Verdade: Se pensar que nascemos chefes,
capazes de dominar qualquer crise,
esperamos que os outros se ponham
confiantemente em nossas mãos.
Mestres no sarcasmo, mantemos os
nossos súditos em seus lugares com
comentários cruéis.
Fim do jogo: O fim do jogo se dá quando os “súditos”
se recusam a obedecer.
Página | 19
O Conquistador
Mito: Sou irresistível para o sexo oposto.
Parte da minha capacidade de atração
vem da minha falta de respeito pelos
outros. Espero amor, atenção, riqueza e
poder em troca do privilégio da minha
companhia.
Verdade: Estamos metidos numa competição
feroz para ocupar o centro do palco e
somos incapazes de nos comprometer
num relacionamento.
Fim do jogo: O jogo acaba quando os outros tomam
consciência da frivolidade do
conquistador.
O Atraente
Mito: Juventude, um corpo sarado e um rosto
atraente são as qualidades essenciais
para eu ser amado e aceito.
Verdade: Tentamos ser aceitos apenas à custa
das aparências.
Fim do jogo: O jogo acaba quando os outros se
cansam da constante exigência que a
criança dentro de nós faz de sua
capacidade de atração
Página | 20
O Carismático
Mito: Se eu conseguir entreter com a minha
música, o meu espírito carismático ou
qualquer outro talento, todos irão me
admirar e me adorar.
Verdade: Só nos sentimos aceitos se os outros
ficarem entusiasmados com nossos
talentos e procurarem nossa companhia
para se distrair.
Fim do jogo: O jogo acaba quando os outros se
cansam de ter estado sempre na
posição de admiradores ou quando
percebem que não temos qualidades
humanas e afetivas que contribuam
para um relacionamento.
O Perfeccionista
Mito: Eu não tenho valor se não conseguir ser
o melhor no que faço.
Verdade: Ninguém é sempre o melhor ou mais
bem sucedido, mas tentamos nos
valorizar buscando fazer algumas coisas
bem feitas.
Fim do jogo: O fim do jogo chega quando tomamos
consciência da futilidade de ter altas
expectativas ou quando os outros se
cansam da nossa competitividade.
Página | 21
O Simpático
Mito: Se eu for simpático e amável com todas
as pessoas, elas gostarão de mim.
Verdade: Nosso medo de rejeição nos leva a
procurar a aprovação constante de
todos.
Fim do jogo: O fim do jogo acontece quando vemos
que não podemos agradar a todos ou
quando os outros se cansam da
fraqueza das nossas atitudes.
O Rebelde
Mito: Tenho de fazer as coisas do meu jeito,
senão... As regras são para as outras
pessoas. Se me disser para não fazer
uma coisa, é como se agitasse uma
bandeira na minha cara e me desafiasse
a fazê-la.
Verdade: Nós os rebeldes, geralmente assumimos
as consequências ou o castigo que
pedimos ou merecemos.
Fim do jogo: O fim do jogo vem quando nos
cansamos de pagar o preço que o fora
da lei tem de pagar e abandonamos
este comportamento.
Página | 22
O Auto piedoso
Mito: Mereço sofrer. Eu não significo nada.
Ninguém me compreende. Pobre de
mim. Considero sua compaixão como
uma expressão de amor.
Verdade: Confundimos amor com piedade e
pensamos que se nos sacrificarmos,
estaremos nos protegendo do
abandono.
Fim do jogo: O jogo acaba quando cansamos de
sofrer e compreendemos realmente o
que merecemos.
O Rejeitado
Mito: Se não jogar o mesmo jogo que eu, eu
me recuso a jogar.
Verdade: Paralisados pelo medo do fracasso e da
rejeição, não empreendemos nada e
sentimos que o mundo tem uma dívida
para conosco. Temos tão pouca
coragem e tanto pessimismo que
desistimos antes mesmo de começar.
Fim do jogo: O fim do jogo se dá quando os outros se
cansam de não receber nada em
troca1,2
.
1 - John Powell, S.J. Why am I afraid to tell you who I am? (Allen, TX;
Argus Communications, 1969).
2 - Janet Geringer Woititz. The Struggle for Intimacy (Deerfield
Beach, FL; Health Communications, Inc., 1985).
Página | 23
O CÍRCULO VICIOSO
Todos estes jogos começaram com alguma esperança
de sucesso, mas escorregam para a frustração e o
fracasso. Uma vida de Rei Bebê acaba por tornar-se
numa situação extrema de altos e baixos. Os recomeços
são sempre seguidos de desfechos dolorosos. Estes
Bebês tornam-se compulsivos da emoção que o sucesso
traz e, mais importante ainda, compulsivos também pela
dor do fracasso.
Os Reis Bebês não podem suportar o aborrecimento
que vem das coisas correrem bem demais e criam
situações de crise ou confusão. Uma vida de agitação
disfarça os problemas e diminui a sua responsabilidade
pelos fracassos.
O caos impede os mesmos de observar como sua
autoestima está em constante diminuição. O fato de se
ter acabado a graça destes jogos termina na total
ausência de quaisquer sentimentos. É previsível que a
personalidade do Rei Bebê se tornará dependente de
qualquer coisa. É só uma questão de tempo.
Página | 24
A COMBINAÇÃO FATAL
Agarrada a uma vida de excessos e sujeita a
sentimentos de pouca autoestima e de autocrítica
negativa, uma pessoa imatura tem uma vida frustrante e
pouco compensadora, mas não necessariamente
péssima. Mas qualquer coisa pode acontecer a um
adicto quando o estilo de vida de Rei Bebê e a pouca
autoestima se combinam com a experiência de dor. Este
“qualquer coisa” pode ser uma combinação fatal.
Aqueles sentimentos calorosos, agradáveis e
confiantes da infância – aquilo que procuramos por toda
a nossa vida – é de novo alcançado. O efeito
reconfortante e anulador do medo que o uso habitual de
substâncias alteradoras do humor (medicamentos,
álcool, drogas) ou de comportamentos (jogos, abuso de
comida, internet, falar demais, sexo, mania de limpeza,
consumismo) oferece, corresponde exatamente àquilo
que os nossos egos de Reis Bebês tem procurado.
Quando a relação de amor com a dor toma conta de
nós, todos os aspectos da nossa vida modificam
progressivamente para um comportamento mais
excessivo e imaturo.
Página | 25
O CATALISADOR
O sistema de defesa do Rei Bebê, quase negando
qualquer problema, já se encontra bem definido e
acelera a queda do adicto para o fundo do poço. O
inimigo está dentro de nós, e o uso da droga e/ou
comportamento liberta as nossas frustrações, raivas,
ressentimentos, medos e dúvidas reprimidos, como um
foguete que decola para a lua. A sensação maravilhosa
do útero, retorna, e o Bebê anda radiante por dentro e
por fora, estimulado e confiante com a descoberta desta
euforia.
O ego torna-se auto piedoso e furioso, exigindo ser
constantemente alimentado por uma série de diversões
e estímulos que nos levam em alta velocidade para o
aumento progressivo da adicção. Rapidamente nos
tornamos compulsivos e atingimos o fundo do poço em
metade do tempo que levou as recaídas anteriores.
Cego pela maravilhosa sensação desta euforia
perfeita, o Bebê que existe dentro de nós põe de lado
aquilo que resta de sua consciência e sistemas de
valores. Dispondo de todo um sistema incorporado de
persianas, tampões para os ouvidos e visão estreita,
unidos ao serviço de um sistema de engano e negação,
somos capazes de nos manter completamente
ignorantes a respeito do estado em que chegamos.
Página | 26
CANSADO DE ESTAR FARTO
Exausto devido a um estilo de vida que exige tudo no
mesmo instante, buscando sempre ganhar, tentando
sempre levar a melhor, temendo as consequências e
pensando sempre em nós mesmos, o Bebê que existe
em nós acaba fazendo uma manobra brusca.
Quando o enjoo e o pânico provocados pela sensação
de nó no estômago se tornam um medo devastador e
nos consome totalmente, vamos ao fundo do poço. O
Bebê não pode imaginar a vida sem álcool, drogas ou
comportamentos destrutivos e tem medo de continuar
indefinidamente nesta corrida feroz que nunca mais
acaba. Preso aos padrões antigos de comportamentos
que se repetem e não tentando nada diferente. O Rei
Bebê fica paralisado pelo medo de enfrentar o dia
seguinte. A recuperação pode ser adiada pelo ego
imaturo que continua a insistir que tem a razão – “Posso
fazer seja o que for. Não preciso de ajuda”. O “tempo
certo” é muito importante, pois o Bebê se encontra
vulnerável e pode ser ajudado.
Página | 27
ADMITIR A DERROTA, ENCARAR A REALIDADE
Admitindo que do nosso jeito não funcionou e
enfrentando o fracasso, abriremos as portas de um
mundo de sofrimento. No mesmo instante, o nosso Rei
Bebê passará da necessidade de ajuda, ao sentimento
de desespero, de pensar que não podemos mudar.
Ficaremos atolados no pântano do desespero,
esperando ser salvos, enquanto exigimos um certificado
de garantia para o sucesso antes de enfrentar nossos
medos. Nesta altura, podemos aceitar ajuda de A.A. e
N.A. , vindos ao nosso encontro através de outro Rei
Bebê alcoolista, drogativo ou compulsivo, que nos
assegura que os Doze Passos funcionam. Antes de fazer
o Primeiro Passo, o Rei Bebê precisa confiar que “Se
outros são capazes, eu também sou”.
A forma de escapar da ratoeira que o Rei Bebê usa, é
te induzir ao pensamento: “Eu não sou capaz, nós somos
capazes”. Rendendo se ao estilo de vida dos Doze
Passos, o poder do Rei Bebê pode ser dominado e isto
pode nos ajudar a encontrar um Poder Superior que
trabalhe para nós.
Podemos aprender o verdadeiro sentido do perdão,
da humildade e da gratidão. Podemos aprender a evitar
as armadilhas do Rei Bebê e a sintonizar nossos
sentimentos com os Doze Passos.
Podemos aprender a nos divertirmos outra vez, ao
mesmo tempo em que adquirimos uma compreensão
nova e mais profunda da vida.
Página | 28
CURAR A NOSSA CRIANCINHA ASSUSTADA
Servindo-nos de todo amor e apoio de nosso grupo
de Doze Passos, teremos de empreender uma viagem
interior para encontrar aquela parte de nós – o “mau”
rapazinho assustado ou a “má” garotinha assustada, que
tanto tempo ignoramos. Podemos nos imaginar
entrando no quarto dele ou dela e vendo a criança
encolhida chorando num canto.
Podemos nos tornar pais amáveis e carinhosos dessa
criança que existe dentro de cada um de nós. Como
qualquer pai faria, encorajamos a criança a se
aproximar, sentar-se perto de nós e explicar o que está
acontecendo de errado. Então, pegamos esta criança e
dizemos: “Está tudo bem”, e ao limpar cuidadosamente
suas lágrimas, fazemos com que ela saiba que é amada,
que é um belo ser humano e que está em segurança.
Página | 29
OS CUIDADOS DENTRO DE A.A./N.A
Existe dentro dos grupos de Doze Passos em
sentimento de ternura, calor e segurança, que vai ao
encontro dos recém-chegados com a mensagem: “Você
é a pessoa mais importante que existe, e eu vou gostar
de você antes mesmo de você se tornar merecedor de ser
amado”. Esta é a promessa de A.A./N.A.
Amor incondicional. A única coisa que se espera é um
desejo sincero de parar de beber ou de usar. Isto
corresponde ao ventre acolhedor e aconchegado que o
Bebê tem procurado sempre. A família carinhosa e
atenta dos Doze Passos é genuína e está em nítido
contraste com a falsa segurança do álcool e de outras
drogas.
Página | 30
AMAR A SI MESMO
Lentamente, o Bebê em recuperação começa a
adquirir o respeito por si próprio através dos Doze
Passos. É um trabalho difícil mudar completamente a
vida de uma pessoa, mas as instituições de A.A./N.A.,
estão sempre presentes como guias.
Através destes programas, começa a surgir à
consciência da dignidade pessoal. Surge através da
descoberta, disciplina, perdão e aceitação de si mesmo
como realmente se é. Gradualmente, a criancinha
medrosa aproveita a oportunidade de desenvolver o
amor próprio.
Página | 31
AMAR E SER AMADO
Não faz mal se as pessoas no nosso grupo dos Doze
Passos gostarem de nós antes de nós gostarmos de nós
mesmos. O que importa é que agora gostamos mais de
nós. Gradualmente, exploraremos e descobriremos
todas as qualidades maravilhosas que possuímos.
Para um padrinho é muito gratificante observar o
afilhado descobrir os seus talentos maravilhosos e
únicos. Cada um aprende com o outro, enquanto
atravessam as provas do começo da sobriedade. Os
padrinhos fazem isto para conseguir ficar sóbrios; e, ao
fazerem isto, reforçam tudo quanto aprenderam.
Observar o recém-chegado a regressar à vida é uma
emoção que constitui recompensa suficiente.
Página | 32
LIBERDADE
Voltar à vida com sentimento de dignidade e ficar
ligado a um padrinho, nos prepara para a próxima fase.
A nossa imaturidade nos obrigou a passar a vida
captando poder exterior para nos sentirmos bem por
dentro. Vendermo-nos por um prazer momentâneo era
escravidão. O bem estar não vem de ouras pessoas,
lugares ou coisas, mas de dentro de nós.
Recuperar o poder pessoal passa por admitir primeiro
a nossa impotência em relação aos outros. Todos nós
precisamos assumir a responsabilidade pelo nosso
próprio valor e dignidade. O nosso valor próprio não
depende do que os outros dizem ou fazem, mas antes,
de como reagimos a isto. Existem escolhas quanto à
forma de como reagir. Reagir com medo, raiva ou
ressentimento leva a pessoa a fazer uma autocrítica
negativa e sentir que não tem valor. Aceitar o fato de
que nem todos estarão de acordo com o que pensamos
e talvez nem mesmo gostar de nós, deve ser feito, pois é
a realidade.
Página | 33
RENDIÇÃO
É um grande alívio já não sentir obrigados a tentar
governar todo o universo. Na rendição, devolvemos essa
tarefa a um Poder Superior que, por sua vez, enche as
nossas almas com o calor, o conforto e a serenidade que
há tanto tempo procurávamos.
Antes da Rendição Depois da Rendição
Frustrado Em segurança
Zangado Protegido
Tenso Descontraído
Nervoso Grato
Sem saída Aberto
Em pânico Capaz de ser ensinado
Com medo Com boa vontade
Culpado Honesto
Envergonhado Esperançoso
Com dúvidas Em paz
Derrotado Sereno
Ressentido Tolerante
Vazio Realizado
Página | 34
PERDÃO
Deus não faz coisas mal feitas. Cada um de nós é uma
pessoa única – um alguém, não um ninguém. Em todo o
mundo não há mais ninguém igual a nós. Temos de nos
fascinar por nós mesmos e ter consciência de como
podemos ser fortes. O Rei Bebê que existe dentro de nós
desenvolveu uma larga variedade de energias associadas
aos talentos que Deus nos deu, e devemos aprender a
apreciar essas energias. Podemos aprender com o
passado e entrega-lo. Podemos deixar de ser o juiz, o júri
e o promotor que nos condena. Sabemos que o nosso
Poder Superior nos perdoa. Agora é hora de darmos
espaço. Temos de parar de nos julgar e sair do Seu
caminho.
Página | 35
HUMILDADE
“Meu Deus, como é difícil ser humilde quando se é
perfeito em tudo”. Quando Max Davis cantou esta
canção, por toda parte os Reis Bebês coraram, sabendo
que ele estava se referindo a eles. Já sabemos agora que
o orgulho constitui grande parte do problema do Rei
Bebê. O que precisamos aprender é que o orgulho pode
ser positivo. A humildade é uma aceitação de ser igual –
nem melhor, nem pior. Ser igual é também ser honesto
aberto e vulnerável. O que é difícil, mas possível agora.
Sentimo-nos livres de sermos nós, podemos enfrentar a
realidade. A humildade nos ensina a capacidade de
aprender e de ser flexíveis. Para continuar a crescer e
evitar as recaídas, a humildade tem de ser
constantemente mantida.
Página | 36
CULPA
A máquina da culpa, ou seja, a consciência do Rei
Bebê está avariada. Os Reis Bebês “mascaram” os seus
comportamentos e perdem os seus sistemas de valor
durante o processo. Tendo consciência disto, reagem
exageradamente e se castigam constantemente por
serem humanos. Até que o Rei Bebê que existe em nós
encontre o equilíbrio e um novo conjunto de valores, um
novo padrão de comportamento. Teremos de contar
muitíssimo com os nossos padrinhos. Uma boa regra de
conduta se nos sentirmos culpados, será não
procedermos assim. Temos de descobrir em que
acreditamos e viver de acordo com isso.
Página | 37
USANDO NOSSA PERSONALIDADE COMPULSIVA
Sabemos que temos personalidades compulsivas.
Porque não tentamos ser dependentes em relação a
qualquer coisa que seja positiva para nós? Podemos
escolher algumas metas a curto prazo ou coisas que
possamos fazer todos os dias. Podemos criar uma
divertida, positiva e até apaixonada ligação amorosa
com determinado programa de exercícios. Se quisermos
podemos voltar a estudar.
Página | 38
RELACIONAMENTO COM NOSSO PODER SUPERIOR
Devíamos perguntar qual Poder Superior temos e
como nos conectamos com Ele ao lermos as nossas
meditações diárias. Podemos escolher um tema segundo
o qual viver o dia a dia, lembrando que uma atitude
positiva não é automática, mas vem com a prática e um
trabalho árduo. Quanto mais as nossas expectativas
diminuírem mais a nossa serenidade aumenta. Podemos
praticar a aceitação em relação a nós mesmos e aos
outros.
Página | 39
DÉCIMO PASSO
Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando
estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
Assim, pois, aquele que pensa estar de pé tome cuidado
para não cair. (1Co. 10:12).
O Décimo Passo pode ser feito como um inventário
de nossa vida, admitindo o que encontramos. Dispondo
a aceitar que Deus nos mude e, então, humildemente
lhe pedimos que elimine nossas imperfeições. Tomamos
nota das reparações necessárias e as fazemos. O ponto
mais importante é o inventário periódico. Precisamos
reservar ocasiões regulares para o inventário pessoal.
Cada noite devemos registrar as coisas positivas que
fizemos e as coisas boas que nos aconteceram. Isto
evidencia que devemos a nós mesmos algum crédito por
aquilo que realizamos. Podemos rever calmamente os
nossos erros e admitir prontamente aquilo em que
erramos.
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RELACIONAMENTOS COM O SEXO OPOSTO
Nossa recuperação é seriamente posta em pauta ao
começarmos um relacionamento cedo demais. Ao
experimentar o sofrimento que a recuperação causa, o
Rei Bebê em nós procura muitas vezes novos
relacionamentos para aliviar a dor do amadurecimento.
Permitindo que isto aconteça é semelhante a um inseto
que se deixa atrair pela luz. E o Rei Bebê, por várias
vezes, cria uma relação de dependência e usa esse
relacionamento como se fosse uma droga para ficar
eufórico. Isto põe nossa recuperação em risco, ou ainda
pior, pode provocar a recaída. A nossa imaturidade
pode nos ter impedido de saber o que é ou como ter um
relacionamento saudável. Tudo o que sabemos é
possuir, invadir, atacar e conquistar. Adoramos a lua de
mel, mas incapazes de aguentar os altos e baixos de um
relacionamento. As emoções intensas de um
relacionamento novo poderiam causar a perda de nossa
sobriedade recém-encontrada.
Página | 41
ELIMINANDO VELHOS PADRÕES DE COMPORTAMENTO
Imagine por um instante uns fones de ouvido
permanentes, fixados em você, com os quais num
ouvido você escuta o Rei Bebê e no outro você escuta os
A.A./N.A. Os nossos códigos de chamada serão R.B.B.
(para Rádio Rei Bebê) e A.A./N.A. (para Rádio Alcoólicos
Anônimos/Narcóticos Anônimos). Temos a escolha de
sintonizar a frequência que queremos ouvir, R.B.B. ou
A.A./N.A.
R.B.B. representa a rádio com os pensamentos
negativos1
, ou seja, os pensamentos e velhos padrões de
comportamentos que nos levam à recaída, enquanto
que A.A./N.A. representam a com os sentimentos de
recuperação e os pensamentos que nos levam a pedir
ajuda.
Se desafiarmos a forma de pensar do R.B.B. e
sintonizarmos somente em A.A./N.A., podemos começar
a eliminar nossos velhos padrões de comportamento.
1 - “Stinking Thinking”.
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Comparação de pensamentos negativos do Rei Bebê
em relação a Slogans dos A.A./N.A.
Pensamentos negativos
do Rei Bebê
Slogans dos A.A./N.A.
Viva no passado e
preocupe com o futuro
Um dia de cada vez
Continue fugindo dos
medos e apreensões
Devagar se vai
sempre2
Tente fazer as coisas do
seu jeito
Se entregue, renda-se
a Deus3
Reaja exageradamente
quando as coisas não
acontecem como pensa
que deveriam acontecer
Viva só por hoje
Tente reescrever o Livro
Azul, os Passos e as
Tradições, escolhendo as
partes em que quer
trabalhar e abandone o
resto
Não permita o que
está para acontecer4
2 - “Easy does it”.
3 - “Let Go and Let God”.
4 - “Il it works, don’t do it”.
Página | 43
Esqueça que se manter
sóbrio e A.A./N.A. são
suas prioridades n°1
Primeiro as primeiras
coisas
Complique as coisas
até o ponto da “análise
paralisante”
Mantenha as coisas
simples5
Faça o inventário dos
outros, salientando
quando estão errados
Faça seu próprio
inventário
As pequenas mentiras
não tem importância
É um programa honesto
Justifique os rancores e
se agarre a eles
Não guarde
ressentimentos.
Fale o que está sentindo
5 - “Keep a simple”.
Página | 44
Compare os sintomas da recaída do Rei Bebê
com os princípios de A.A./N.A.
Sintomas de recaída Princípios
Desonestidade Honestidade
Dúvida Esperança
Procrastinação Ação
Medo Coragem
Facilitação Integridade
Complacência Boa vontade
Arrogância Humildade
Auto piedade Amor fraterno
Libertinagem Autodisciplina
Negligência Perseverança
Ingratidão Consciência espiritual
Onipotência Serviço
Página | 45
A ATITUDE A TER É DE GRATIDÃO
Aprendemos finalmente a nos alimentar, apoiar e a
acariciar a nossa criancinha receosa. Decretamos trégua
com o nosso lado Rei Bebê e nos tornamos capazes de
controlar o que se passa dentro de nós. Nunca ocorreu
ao Rei Bebê que uma pessoa pudesse ser
autodisciplinada e viver uma vida normal e, apesar disso,
estar realmente “de boa” e ter vida. Podemos agora
desenvolver uma serenidade interior que o Rei Bebê
nunca pensou ser possível existir.
Existe um poema lindo, chamado “O Pedido e a
Resposta”, que descreve os sentimentos que o Rei Bebê
tem quando toma consciência que através de todo
sofrimento, recebeu grandes bênçãos.
Página | 46
O PEDIDO E A RESPOSTA
(Oração Universal de Ação de Graças)
Pedi a Deus que me desse força para poder realizar,
Nasci fraco, de forma a ser capaz de aprender a
obedecer humildemente.
Pedi saúde de forma a poder atingir coisas maiores,
Recebi enfermidades para conseguir fazer coisas
melhores.
Pedi riquezas para poder ser feliz,
Recebi pobreza para poder ser sensato.
Pedi poder, de forma a receber os louvores dos homens,
Recebi fraqueza de forma a sentir a necessidade de
Deus.
Pedi toda a espécie de coisas para poder gozar a vida,
Recebi a vida de forma a poder gozar todas as coisas.
Não recebi nada do que tinha pedido,
Mas tudo o que necessitava,
Quase que contra a minha vontade,
As orações que não pronunciei foram ouvidas,
Sou, entre todos os homens,
Profundamente abençoado.
1
Recuperação é o que acontece aqui ... !!!
A R A I V A
“ Descubra seu próprio poder de mudança. ”
A RAIVA
1) Introdução:
Por que preocuparmo-nos com a raiva?
No final das contas não é verdade que todos nós nos zangamos?
De fato a raiva é um sentimento humano que todos experimentamos de vez em quando.
O principal problema esta nas conseqüências.
O que acontece quando você fica com raiva? Se não acontece nada quando você se
zanga, então a sua raiva não é razão para preocupação, isto porque as conseqüências são limitadas.
No entanto se fizer coisas derrotistas em relação a si ou se fizer mal aos outros, se sua raiva tiver
conseqüências dolorosas ou prejudiciais, então talvez tenha razão para se preocupar com ela.
Por exemplo: Estamos a guiar por uma estrada atrás de uma pessoa que conduz seu
veículo à 50 km/h, numa zona de velocidade cujo limite é de 100 km/h, e você está atrasado para um
encontro. Começa a sentir-se muito irritado e por causa disso, ultrapassa imprudentemente o outro
carro, põe a sua vida e a dos outros em risco por causa da sua RAIVA, isto é, potencialmente uma
conseqüência muito perigosa para sua raiva.
Outro exemplo: À tarde, você quer ir embora do trabalho mais cedo para jogar futebol.
Começa a trabalhar cedo, trabalha na hora do almoço para compensar o fato de querer sair mais
cedo. No meio da tarde, aparece seu patrão e destina-lhe uma nova tarefa e deseja que fique feito
antes de você ir embora. Você obedece, mas somente acaba a tarefa muito tarde, quando não dá
mais para jogar futebol. Quanto mais o tempo vai avançando mais você vai sentindo-se furioso.
Quando sai do trabalho, para em um bar, ou em uma boca, na tentativa de aliviar o seu
sentimento de raiva. Acaba por usar demais, chegando em casa muito tarde e tem uma discussão
com sua mulher, a quem você não se preocupou em telefonar para avisar que ia chegar mais tarde,
tropeça nos brinquedos das crianças que estão espalhados pela sala onde seus filhos estiveram
brincando, esperando por você, transfere toda sua raiva contra as crianças mandando-as
imediatamente arrumar a sala, ameaça-as ao ver que elas demoram ao guardarem os brinquedos e
finalmente, num ataque de fúria manda-as para a cama, depois senta-se para jantar com a mulher e
acusa-a violentamente de ser má mãe.
2
Para alguns de nós, as conseqüências dolorosas da raiva, resultam de transferirmos
abertamente aos outros. Por outro lado alguns de nós podemos negar nossa própria raiva,
guardando-a para nós mesmos o que vai nos consumir em autopiedade e rejeição que resultam no
nosso uso de álcool e outras drogas.
2) Aprendendo a compreender a RAIVA e suas causas:
Aprender a lidar com a raiva de maneira saudável, sem fazer mal a nós próprios e aos
outros e uma parte fundamental em nossa recuperação.
A maioria de nós pensa que são as pessoas ou as situações que nos fazem ficar com
sentimento de raiva. Acreditamos que é o que as outras pessoas fazem, ou o que nos acontece que
causa nossa raiva. Transferimos para ou outros a responsabilidade da nossa raiva, ou acreditamos
que temos mau gênio, como se fosse assim que fomos feitos e não podemos mudar.
Acreditamos erradamente que nossa raiva é causada por pressões externas. Achamos
que não podemos mudar, porque as pessoas, lugares e coisas não mudam. Este tipo de raciocínio ,
permiti-nos arranjar desculpas para o nosso sentimento de raiva e então atribuímos a culpa aos
outros.
Para alguns de nós culpar outras pessoas ou situações pela nossa raiva, fornece-nos
uma desculpa para usar álcool ou outras drogas.
Contrariamente à crença comum sobre a raiva, de que os outros ou as situações é nos
fazem ficar zangados, acreditamos que o que realmente nos faz senti-la é pensar com raiva à
respeito das coisas que nos acontece. Aquilo que pensamos ou contamos a nós próprios sobre um
acontecimento é que nos faz sentir raiva, e não o acontecimento em si.
Normalmente quando julgamos ou avaliamos qualquer coisa de forma negativa, ficamos
com o sentimento de raiva. Se porém julgarmos ou avaliarmos uma coisa de forma positiva, nos
sentiremos melhor.
Basicamente não são os acontecimentos que nos perturbam, mas sim nossa forma de
pensar sobre estes acontecimentos. Por outras palavras, sentimos como pensamos.
Por exemplo: Uma mãe leva consigo o filho de um ano para visitar uma amiga. A criança
gatinha pelo chão enquanto as duas mulheres conversam. A certa altura a criança estica-se até a
mesinha onde estão as revistas e começa a atirar tudo pelo chão. A mãe afasta a criança da mesa,
organiza as revistas e continua a conversa. A criança volta até a mesinha e atira as revistas
novamente. A mãe observa a situação e pensa consigo mesma: “ Ela não devia fazer isto ...!!! ”
A mãe grita com a criança, dá-lhe umas palmadas na mão e a criança começa a chorar.
A amiga também observou a cena da criança e pensa consigo: “ É mesmo próprio de uma
criança de um ano querer explorar, atirar e esparramar as coisas pelo chão. Seria melhor se eu
tivesse preparado a sala para receber uma criança de um ano, pois a criança precisa se distrair !!! “
A amiga então diz:
- Vamos ver se encontramos outras atividades que interessem ao seu filho.
Este exemplo demonstra que sentimos da forma que pensamos.
Com base na forma com que encararam a situação uma das mulheres ficou com
sentimento de raiva e a outra não. Aquilo que pensaram ou disseram a si próprias, a forma com que
avaliaram as circunstâncias determinou o que sentiram.
Então o que queremos dizer realmente é que nosso pensamento á respeito de uma
situação é que causa nossa raiva, e não a situação em si. A maneira de pensar que provoca em nós
sentimento de raiva, tem a ver com nossa necessidade de controle e a nossa exigência de
conseguirmos a todo custo impor nossa vontade.
3
A seqüência começa com o querermos que as coisas corram segundo a nossa vontade, o
que é um exemplo normal do egocentrismo que todos temos. Quando este desejo não se realiza, e
não conseguimos aquilo que queremos podemos ficar com sentimento de raiva.
3) Conseqüências da nossa raiva:
As conseqüências de nossa raiva podem ser o tentarmos conseguir o que queremos,
sendo verbal, manipulando, ou fisicamente agressivos, gritando, berrando ou batendo. O que
acontece á nossa relação com os outros se usarmos a raiva para conseguirmos o que queremos?
Como é que os outros nos vêem? Evitam-nos e ignoram-nos.
Como é que isto repercute sobre a aceitação que temos de nós próprios?
Resultado:
“ BECO SEM SAÍDA, USO DE ÁLCOOL OU OUTRAS DROGAS. “
4) Aprender a controlar a nossa raiva:
Como poderemos então controlar nossos sentimentos de raiva?
Sabendo que é a nossa maneira de pensar que causa nossa raiva, teremos que trabalhar,
para modificar ou substituir nossos sentimentos irados, de forma tal, que possamos reduzir ou
controlar essa raiva.
Poderemos alterar as exigências que estão na base dos nossos pensamentos irados, tais
como, “ não devias discordar de mim, eu não deveria cometer erros, terei que ser pontual, ... “.
Esforçamo-nos para abandonar a necessidade de controlar tudo e todos, isto pode
parecer simples e evidente, mas como é que aprende a modificar nossa forma irada de pensar?
Para começar podemos fazer um “ Inventário Pessoal “. Fazer um inventário pessoal
sobre nossa raiva, ajuda-nos a desenvolver uma maior consciência quanto à sua origem.
Através do processo A, B, C, podemos compreender a anatomia da raiva.
A =SITUAÇÃO= O problema que lhe desperta certos sentimentos de raiva.
B =CONVICÇÕES= O que pensa ou diz a si mesmo, as suas exigências á respeito da situação.
C =SENTIMENTOS E AÇÕES= Como se sente à propósito da situação em função do que pensa, e
como se comporta diante do sentimento.
Um exemplo:
4
A = SITUAÇÃO: à tarde quero ir embora do trabalho mais cedo para jogar futebol.
Começo a trabalhar mais cedo, trabalho até durante a hora do almoço para compensar o tempo. Meu
patrão destina-me nova tarefa e deseja que fique pronta antes que eu vá embora. Eu obedeço, mas
só termino a tarefa muito tarde, quando não dá mais para ir jogar futebol.
B = CONVICÇÕES: acredito que meu patrão deveria ter visto meu esforço no trabalho
para sair mais cedo.
C = SENTIMENTOS E AÇÕES: sinto-me cheiro de raiva. Saio do trabalho e vou
diretamente para o bar ou para a boca, uso muito e chego em casa tarde, transfiro toda minha raiva à
meus filhos e esposa.
Se eu tivesse analisado esta situação de forma objetiva ou realista, teria compreendido
que meu patrão, não tem obrigação de adivinhar que eu queria sair mais cedo.
Ao chegar ao trabalho deveria tê-lo avisado de minha pretensão, evitando assim o
sentimento de raiva e a transferência para o álcool ou outras drogas e nem mesmo Ter levado a
violência para a casa comigo.
5) Fazer um “ Diário de bordo ”:
Como parte do processo de aprendizagem para fazer um inventário sobre a sua raiva é
muito útil, fazer um Diário de Bordo.
Para começar tome nota dos acontecimentos ou situações passadas e recentes em que
sentiu raiva. Ao descrever esta experiência, utilize o processo A, B, C.
A B C
Situações Convicções Sentimentos e Ações
Depois de ter uma prática na descrição das manifestações de sua raiva passada ou
recente, torna-se útil, trazer consigo um pequeno bloco de papel para fazer o registro diário das suas
manifestações de raiva.
Ao longo do dia a dia ou ao final do dia, você pode usar o esquema A, B, C, para tomar
notas dos seus sentimentos de raiva.
Fazer um diário irá ajudá-lo a desenvolver maior consciência da sua raiva, das suas
causas e das suas conseqüências.
5
6) Usar o processo A, B, C para abrandar a fervura:
A primeira parte do processo A, B, C, para o controle dos sentimentos de raiva pode ser
comparada entre a analogia da caldeira e da raiva.
Podemos imaginar nossa raiva como sendo a água dentro de uma caldeira sobre o fogão.
Se a água continuar a aquecer, acabará por sair da chaleira sob a forma de vapor.
Com nossa raiva acontece o mesmo, quanto mais raiva temos, mais provável que ela se
exteriorize abertamente.
No entanto, se apagarmos o fogo debaixo da chaleira, não se dará o jato de vapor.
O que o processo A, B, C, nos mostra é que se “ Abrandarmos a chama “, dos
pensamentos irados que estão a aquecer a nossa raiva, não haverá necessidade de se lançar fora e
com violência de jato essa raiva, então mantemo-nos abertos para detectarmos os primeiros sinais de
raiva.
7) Seguindo em frente:
Controlar nossos sentimentos é como controlar um carro. É mais fácil para a velocidade
de um carro que vai à 80 km/h do que aquele que vai à 120 km/h. da mesma forma é mais fácil
acalmar nossos sentimentos antes que eles realmente comecem a se tornar incontroláveis.
O que isto significa? É que cada um de nós tem que desenvolver uma maior consciência
dos sinais de nossa raiva, tal como cerrarmos os dentes ou ficarmos mal do estômago. As formas
como cada um de nós exterioriza sua raiva são diferentes.
Controlar a raiva que se sente através do processo A, B, C, exigirá provavelmente,
bastante prática até lhe trazer resultados. É por isto que alguns de nós se tornam especialistas em
ficar transtornados e enraivecidos. A raiva tornou-se a forma habitual de lidar com situações
problemáticas quando as coisas não correm como gostaríamos.
O que isto significa é que você irá precisar de muita prática para aprender a controlar a
raiva através do processo A, B, C, e desaprender seus velhos hábitos de sentir.
8) Conclusão:
Chegamos a um ponto onde vimos os resultados da nossa velha maneira de viver e
aceitamos que é necessário uma nova maneira, mas provavelmente ainda não conseguimos ver
quanto a recuperação é rica em possibilidades!!!
A próxima etapa de nossa jornada de recuperação é o 2º Passo.
6
“ EU SEGURO AS MINHAS MÃOS NAS SUAS E UNO O MEU CORAÇÃO AOS SEUS,
PARA QUE JUNTOS POSSAMOS FAZER TUDO AQUILO QUE SOZINHO EU NÃO CONSIGO,
MINHA GRATIDÃO FALA, QUANDO ME IMPORTO, QUANDO COMPARTILHO COM VOCÊS OS
CAMINHOS DE MINHA RECUPERAÇÃO, TUDO ESTARÁ BEM ENQUANTO OS LAÇOS QUE NOS
UNEM FOREM MAIS FORTES DO QUE AQUELES QUE NOS AFASTARIAM !!! “
Boa Prática !
PARA
PROBLEMAS COM BEBIDA
Em Center City, Minnesota
“Hazelden” conta com seis anos de experiência em recuperação
de homens com problemas com bebida. Seus diretores foram "ao olho
do furacão" de si mesmos e desenvolveram um programa baseado em
leitura, meditação, educação audiovisual, consultas e discussões, que
possibilitam aos hóspedes residentes entenderem os “porquês” deste
problema, e como paralisar esta doença.
Uma atenção especial é dada, servindo refeições apetitosas,
visando o bem-estar físico, que é reconhecido como um dos mais
importantes passos ao longo da caminhada para a recuperação.
Descanso e meditação também são importantes, e os visitantes
estarão autorizados apenas a pedido do hóspede residente.
Pesca, canoagem, piscina são algumas das possíveis diversões.
Médicos e enfermeiros disponíveis 24 horas por dia, e consultas
psiquiátricas serão agendadas mediante solicitação.
Preços razoáveis... para mais informações escreva para
341 North Dale Street Saint Paul 3, Minn.
(or) Center City, Minnesota
Uma organização sem fins lucrativos
NEGAÇÃO
Melody Beattie
Hazelden Foundation
Editora JCB Publicações Ltda
ii
Copyright © 2014 Melody Beattie
Negação
Título em Inglês: DENIAL
Publicado originalmente por: Hazelden
Foundation
Todos os direitos de tradução e
publicação para o território brasileiro
reservados por Editora JCB Publicações
Ltda
PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU
PARCIAL POR QUAISQUER MEIOS, SEM
PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DA EDITORA
IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil
1ª Edição Brasileira
Maio de 2014
Infinite Loop Avenue,#304
California Place
Patos de Minas, MG CEP 38700-000
Telefax: (34) 6963-4958
URL: www.jcbpublicacoes.com.br
E-mail: editora@jcbpublicacoes.com
Coordenação Editorial: AMMB Syncro
Projeto Gráfico: MFMB Ilustra
Edição de texto: AMMB Syncro
Diagramação: JCB Desing
Revisão: JCB Desing
Adaptação da Capa: JCB Desing
Ilustração: MFMB Ilustra
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Beattie., Melody
Negação/Melody Beattie/ Tradução AMMB Syncro/.
– 1ª. Ed. – Minas Gerais: Editora JCB Publicações
Ltda., 2014. – (Dependência química)
Título original: Denial.
Bibliografia.
ISBN 972-8272-06-5
1. Dependência Química. 2. Compulsão. 3. Tratamento
I. Título II. Série
CDD-717.4 07-7208
iii
Nota dos Editores à Tradução Brasileira:
Uma adicção consiste no uso habitual de substâncias alteradoras
do humor (medicamentos, álcool, drogas) ou de comportamentos
(excesso de trabalho, jogos, abuso de comida, internet, falar
demais, sexo, mania de limpeza, consumismo) que é caracterizado
pela tolerância à substância ou comportamento (sendo que um
crescente e contínuo uso à substância ou comportamento se
tornam necessários para obter o mesmo efeito) e pela perda de
controle (o uso continuado apesar de suas consequências
negativas).
A dependência química consiste na adicção ao álcool e/ou
outras drogas. É uma doença progressiva e, se não for tratada,
mortal.
Sobre a Fundação Hazelden:
Os “Materiais Educacionais da Hazelden”, editados no
Brasil pela Editora JCB Publicações Ltda., oferecem uma grande
variedade de informação sobre a dependência química e as áreas
com ela relacionadas. As nossas publicações não representam
necessariamente os programas da Fundação Hazelden, nem se
pronunciam oficialmente por nenhuma organização dos Doze
Passos.
Sobre este livro:
Este livro mostra a opinião de uma pessoa que lutou
regularmente com a negação. Conta, também com citações de
especialistas, incidentes e exemplos de como outras pessoas
lidaram ou resolveram problemas específicos. Tais incidentes são
verdadeiros, mas os nomes foram substituídos por fictícios para
proteger o anonimato de pacientes e amigos. Espero que seja útil.
Sobre a autora:
Melody Beattie é uma das mais competentes autoras de
autoajuda dos Estados Unidos, é conselheira e um nome familiar
nos círculos de recuperação a compulsões e vícios. Apresentou ao
mundo o termo “codependência”.
v
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 7
FERRAMENTA OU ARMA? .................................................................. 8
É PARTE DE UM PROCESSO ............................................................... 10
DETECTANDO OS GATILHOS DA NEGAÇÃO ...................................... 16
TRABALHANDO A NEGAÇÃO ............................................................ 21
Página | 7
INTRODUÇÃO
Você descobre que alguém da família é um adicto e
que você está com problemas com seu próprio
comportamento compulsivo e codependente. Está
novamente sendo afetado pela adicção só que de modo
diferente. A consciência veio de repente. Você passa os
meses deprimido, com raiva e cansado. “Não posso
acreditar que levei anos para perceber. Sabia tudo sobre
adicção. Como pude Negar por tanto tempo? Recuso-me
a aceitar esta realidade”.
Seja você ou alguém próximo sendo afetado pela
negação. Isto pode trazer confusão e frustração, você
pode interpretar isto como estupidez, absurdo ou
insanidade. Ela é simplesmente um mecanismo para
lidar com a perda e a dor.
Precisa perceber e aceitar a Negação como uma
ferramenta legítima do processo de Aceitação e Luto.
Veremos não como eliminar a negação e sim como
encontrar formas que nos ajudem na necessidade de
usá-las. Não estamos falando da mesma Negação do
Adicto que diz que está limpo.
Página | 8
FERRAMENTA OU ARMA?
O que é essa sombra que abafa as pessoas apaga sua
sensibilidade as deixando cegas para a realidade? Que
Mudanças acontecem que mudam as pessoas racionais
para irracionais? Como podem dizer: “Isso não é assim”.
Quando na verdade é. Esta sombra é chamada de
Negação.
Os Psicólogos dizem que ela é uma defesa consciente
ou inconsciente que usamos para evitar, reduzir ou
prevenir a ansiedade quando somos ameaçados.
Quem está em Negação pode estar mentindo,
negando em Admitir a verdade sobre algo. Mas ela não
está fazendo isso só para os outros, está fazendo a si
mesmo também.
A negação trabalha a nível profundo. Dizemos
mensagens a nós mesmos quando alguma coisa ameaça
nos machucar. Ela nos engana, fazendo acreditar que
“Não é verdade”.
Podemos negar sentimentos, pensamentos,
acontecimentos, mudanças, situações, problemas,
doenças e até mesmo a morte. Mas o que normalmente
negamos são as perdas.
As pessoas perdem amor, pessoas amadas,
autoestima, fé em Deus, confiança, sonhos, trabalho,
saúde, dinheiro, posses, independência, etc. Podem
Página | 9
perder coisas importantes para elas. Mas que os outros
dificilmente veem como perdas.
Quando os adictos negam sua doença, continuam a
usar até a morte ou loucura. Os codependentes negam
que foram afetados pela doença e continuam sofrendo e
fazendo os outros sofrerem enquanto estiverem em
Negação.
As pessoas que negam a realidade não estão
admitindo nem resolvendo o problema, estão
eliminando a possibilidade de mudanças.
Nós usamos a negação para lidar com a dor ou
problemas, mas não lidar com eles não seria uma
aceitação melhor? A aceitação, assim como a
intervenção quando usada de forma correta e com
carinho são excelentes Ferramentas Terapêuticas. A
Negação pode ser o primeiro passo para a Aceitação.
Página | 10
É PARTE DE UM PROCESSO
Aceitação não é fácil, não reagimos imediatamente
com serenidade à dor ou aos problemas. Precisamos
lutar contra aquilo em que acreditamos ou contra o que
se sente antes de poder aceitar uma perda ou doença.
Temos que atravessar um processo.
Elisabeth Kubler Ross observou e documentou pela
primeira vez o processo de cinco fases do Luto em seu
trabalho dentro de hospitais com doentes terminais. Ela
identificou a maneira como maioria dos pacientes
terminais reage à aceitação de sua morte prevista.
Alguns Centros de Tratamento creem que esse
processo de Luto está intimamente ligado ao tratamento
e recuperação de doenças compulsivas como a adicção.
Visto que esta doença traz tantas perdas.
Infelizmente não são todas que trabalham assim e
mantém um cronograma arcaico que já não funciona
mais, está ultrapassado. Usam apenas os Doze Passos,
alguns textos em comum que todos os centros têm e
usam em reuniões de sentimentos de onde o interno sai
pior do que entrou, pois os facilitadores que dirigem as
reuniões muitas vezes não sabem lidar com o
sentimento dos outros. Tais clínicas acabam se tornando
depósitos de pessoas, um grupo de apoio internado sem
capacidade de recuperação.
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Temos que facilitar reuniões visando o
desenvolvimento do paciente. Assim não haverá
confusão, a equipe pode se preparar antes de cada uma
e sempre iniciar um programa de recuperação
estimulando a necessidade de conscientização com a
Negação e Luto seguidas das reuniões de TRE.
O novo residente antes de qualquer coisa tem que
ver essas reuniões de conscientização para colocar a
mente dentro do lugar onde está, pois por pelo menos
um mês a cabeça dele vai, com certeza, se focar na rua,
pensando no que os companheiros estão fazendo,
lembrando aventuras, etc.
Estas reuniões vão trazer a mente do residente para
onde estão. Fazendo com que se interessem pelo
programa de recuperação. Tomam a consciência de que
a rua está na rua. Eles estão em outro lugar com os pés
no chão.
Podemos sofrer sempre que esperamos uma
mudança mesmo desejada. Para qualquer mudança
temos que deixar algo para traz de modo a abrir espaço
para o novo. Não tem regra que determine quanto
tempo vai ficar em cada uma das cinco fases e nem
quanto tempo leva todo processo.
Depende da natureza da perda e a que ponto está
preparado para lidar com ela, do tempo do Poder
Superior de cada um começar a agir. Porém, dura o
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tempo necessário para atravessar o processo. Ajudar as
pessoas a crescerem é mais complicado do que fazer o
mesmo com jardins e hortas.
Apesar de poder colocar todas as fases no papel, a
nossa passagem por elas talvez não siga a mesma
sequência. Podemos viver várias ao mesmo tempo,
podemos voltar a fases antigas ou pular algumas, estar
em diferentes fases ao mesmo tempo. A aceitação
permanente pode ser necessária. Este é o jeito que nosso
Poder Superior trabalha em nós.
1. Negação: é a primeira reação à perda. Do mesmo
jeito que a dor física pode por nossos corpos em
choque, a dor emocional ou mental pode causar
uma reação parecida em nossos sentimentos,
pensamentos e até em nosso corpo. Alguns
chamam de bloqueio. Parte de nós suspeita da
verdade, mas ainda não estamos prontos para
lidar com ela. Lembrando que não há um tempo
determinado para a duração da Negação. Cada ser
e situação são únicos e negam até se sentirem
seguras para lidar com a perda de outra forma.
Tendo ultrapassado a Negação, ainda não é hora
de chegar à Aceitação.
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2. Raiva: esta fase é caracterizada pela inveja, por
transferir a culpa para outros, por ressentimentos
e muitas vezes por fúria. Esta raiva pode ser
especifica ou pode ser geral, pode ser racional ou
irracional, justificada ou injustificada, sensata ou
sem sentido. Podemos chutar o cachorro, gritar
com as crianças e lá dentro não estar com raiva de
nenhum deles. Estamos com raiva por causa da
nossa perda. Temos inveja daqueles que podem
tomar uma bebida antes do jantar sem terminar
recaído à meia noite. Da mesma modo que
precisamos da Negação, agora precisamos da
Raiva. Ela é combustível se não for trabalhada,
mesmo assim, precisamos saber lidar com ela.
3. Negociação: depois que passar a ira, podemos
tentar negociar uma forma de evitar ou adiar a
perda. Algumas vezes nossos acordos são
construtivos, realistas e tem o resultado esperado.
Mas, na maioria das vezes, eles não são realistas.
O alcoólico vai tentar um acordo em que pelo
menos ele beba uma só cerveja ou um final de
semana por mês.
4. Depressão: nesta fase, avançamos para um
período de tristeza. Quando dissemos pela
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primeira vez: “Isto não pode ser verdade”, fomos
levados para este momento. É a essência da dor,
estar realmente de Luto. A dor emocional na sua
forma mais pura. Choramos pelo que perdemos, e
também pelo que vamos perder. Este estado de
tristeza pode levar horas, dias, semanas ou até
meses. Quando nos rendemos, este processo
começa. E a Depressão só passará quando o
processo for todo ultrapassado.
5. Aceitação: no momento em que não precisamos
mais bloquear a raiva, fazer acordos e depois de
ter lidado com a tristeza, chegamos à fase da
Aceitação. Ela não deve ser confundida com uma
fase feliz. É vazia de sentimentos, é como se a dor
tivesse ido embora. Estamos em paz e livremente
admitimos a nossa impotência perante adicção.
Deus nos deu a serenidade para aceitar o que não
podemos modificar. Depois desta aceitação, nós
crescemos. Podemos aceitar a perda e crescer,
mas o caminho não é fácil. Precisamos nos agarrar
à esperança, em todas as fases ela é uma linha de
segurança. É importante entender e assinar um
compromisso com este processo. É positivo
entender o Luto e a Negação. As pessoas que
sofrem estão vivendo este processo. O que
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precisamos é nos permitir e aos outros, a
liberdade de lutar, sentir e falar sobre este
processo quando quisermos. Entender o processo
não vai tirar a necessidade de atravessá-lo, mas
vai ajudar a relaxar, ter menos medo e lidar com
ele, em vez de lutar contra ele. E entendendo este
processo podemos ser uma boa ajuda para os
outros.
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DETECTANDO OS GATILHOS DA NEGAÇÃO
Apesar da dificuldade em reconhecer a negação,
podemos aprender a ficar sensíveis à sua presença. Cada
um é um ser único, e cada sistema de negação vai ser
único. Porém, podemos observar certos padrões
emocionais, comportamentais e mentais que são
comuns.
Como vemos esses gatilhos
Os quatro principais sistemas de negação que as
pessoas usam são:
1. Recusar em aceitar a realidade, caracterizada por
frases como, “não acredito", "não pode ser
verdade", “isto não está acontecendo”. Então
começamos a ter comportamentos como se o
acontecimento, perda ou problema não
estivessem acontecendo.
2. Negar ou minimizar a importância da perda,
admitindo a realidade do que passou, mas
insistindo que não é importante como dizem.
Não consideramos o problema importante.
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3. Negamos qualquer sentimento de perda: isto é a
repressão emocional. Podemos demonstrar e
agir como se não fosse importante. Aparentando
estar emocionalmente vazios.
4. Fuga mental: evitamos os acontecimentos,
mentalmente de várias maneiras. Dormir demais
para escapar. Ficar hiperativos, impulsivos,
obsessivos e compulsivos, ou focar em televisão,
rádio, jornais.
Quem está evitando a realidade podem ir longe para
contornar situações que confrontam seu sistema de
negação. Tendo muito trabalho para evitar a verdade.
Os adictos são conhecidos por levarem suas vidas de
forma que seja um suporte para a negação.
Como sentimos esses gatilhos
1. Pode se sentir desesperado, sozinho, pouco à
vontade, confuso, assustado, ansioso, culpado,
vulnerável ou até fora de controle.
2. Ao contrário pode não sentir nada. As emoções
estão blindadas, frias ou reprimidas.
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3. Responde às situações de forma inadequada.
Alegria quando momento é de tristeza,
infelicidade ou raiva quando outro sentimento
seria mais apropriado.
4. Sentimo-nos cansados por causa da fuga no sono.
Quem nega pode sentir um cansaço fora do
comum por causa da negação, pois o processo é
cansativo. Evitar a realidade é como manter uma
bola grande debaixo d’água. Pode ser feito, mas
exige energia.
5. Sentimo-nos, às vezes, defensivos sobre o que
estamos negando. As pessoas podem sentir isso,
tendo sido verbalizado ou não, mas é melhor não
falar nisso. O problema não é discutido por medo
de outra cena.
6. Um sentimento como o de estar desconectado ou
fora contato de consigo mesmo, é na maioria das
vezes, um sinal de negação. Podemos estar
desligados de nós mesmos e da nossa capacidade
de sentir e pensar.
7. Negação por muito tempo pode fazer com que
uma pessoa se sinta doente e até pode ficar
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doente, mental ou fisicamente. Pode ter dores de
cabeça, dores no estômago, dores nas costas etc.
Pode diminuir a imunidade e ficar doente mais
vezes que o normal.
Como realmente são esses gatilhos
Quem está em negação pode dizer a elas mesmas e
aos outros que:
1. Não é tão ruim assim. (minimização)
2. Não tem importância.
3. Não é assim, não pode ser.
4. Não me importo.
5. Estou muito ocupado para pensar nisso.
6. Amanhã vai ficar tudo bem.
7. Não sou tão ruim como ele. (comparação)
8. Foi muito divertido. (memória eufórica)
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9. Nós fizemos, porque era sensato. (racionalização)
10. Eu fiz, porque era o certo a fazer. (justificação)
11. Eu não tenho esse problema, mas um monte de
gente que conheço tem. (projeção)
12. Eu não poderia ser assim porque sempre agi de
forma contrária. (compensação)
Esta lista não é completa, é apenas para dar uma
ideia da comunicação que acompanha a negação.
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TRABALHANDO A NEGAÇÃO
Examine seus motivos. Quer realmente ajudar a
pessoa ou está tentando interferir ou controlar? Está
com raiva, medo ou ressentido? Pensa que é melhor que
esta pessoa? Estão em contato com seus sentimentos,
crenças e poder superior? Está negando alguma coisa?
Tem alguma necessidade de negar o que a outra pessoa
está negando? Precisa ou espera que a outra pessoa
negue algo pelas suas próprias razões?
Se assim for a outra pessoa pode sentir isso e não vai
cooperar. Se o seu coração não está na sintonia certa
em relação a esta pessoa, ela vai sentir isso e sua ajuda
vai tornar-se inoperante.
Mantenha-se saudável. Saúde gera saúde, e doença
gera doença. Se em algum momento perceber que
precisa de A.A., N.A., Alanon, Nafta, Amor Exigente ou
qualquer outro programa de Doze Passos, vá às reuniões
regularmente e trabalhe seu programa.
Se você teve uma doença terminal, crônica e
incurável o ano passado ou há dez anos, você ainda a
tem. Tratá-la vai minimizar a sua necessidade de usar a
negação e o programa de Doze Passos vai ajudá-lo a
lidar com as outras pessoas.
Ofereça ajudas saudáveis: Permita-se a si e aos outros
pensar, sentir, resolver problemas, ser quem são e estar
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onde estão no seu processo de crescimento. Estas
autorizações dão força, energia e são de muita ajuda.
Porque a negação faz entrar em curto circuito os
padrões de comportamento e os processos de
pensamento e as emoções de uma pessoa, dar uma
ajuda deste tipo pode encorajar a maquina a recomeçar
a trabalhar.
Dar às pessoas a autorização para serem quem são
passageiros imperfeitos numa viagem - pode reduzir a
sua necessidade de usarem a negação. Não há problema
em ter problemas. Não há problema em resolver
problemas também. Uma autorização contrária que eu
dou às pessoas - especialmente a crianças que precisam
aprender e a pessoas que tem tendências destrutivas é:
“Não é aceitável magoar-se ou aos outros”. Isto pode ser
claro para nós, mas não o ser para eles.
Ouça se quiser. Deixe as pessoas saberem que está
disponível se elas quiserem falar. Falar ajuda as pessoas,
tiram coisas da cabeça e a arejam. É saudável ser ouvido,
cria aceitação.
Lembre-se que ajuda ouvir com seu coração assim como
com seus ouvidos. O que está ouvindo pode ser outra
forma de dizer: “tenho medo”, ”estou sofrendo”, “estou
confuso”.
Fale de você, das suas emoções e das suas
experiências: Falar dos seus sentimentos é sempre uma
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boa maneira de lidar com eles. Vai ajudá-lo. E, partilhar
honestamente as suas emoções e experiências pode
ajudar outras pessoas também. Pode dar-lhes coragem
de fazer o mesmo, as suas vitórias podem dar-lhes
esperança. Se sentir que tem que falar de outra pessoa
seja gentil. As pessoas que estão sofrendo reagem bem
à gentileza: “Soa como se estivesse com problemas
apenas”. Melhor ainda, encontre algo de bom nesta
pessoa – uma qualidade, algo que esta pessoa tenha e
que você gosta e aprecia – e ofereça este elogio. Isto
pode ajudar mais do que imagina e você desenvolve um
bom traço de caráter.
Ofereça informação, literatura e referências: Isto
quer dizer pergunte à pessoa se ela quer ler um livro, um
folheto, uma apostila ou um artigo. Se a resposta for
não, então não insista. Lembre-se que há uma grande
diferença entre informação e conselho.
Não dê nem ofereça conselhos. Não ajuda e só serve
para deixar as pessoas furiosas. Mesmo que lhe seja
pedido não os dê. Uma boa resposta seria: “O que você
acha que deveria fazer?” Isto ajuda e ninguém leva a
mal.
Leia o livro azul de A.A. ou de N.A. e outras literaturas
do programa de Doze Passos: Contém muita sabedoria
que pode ajudar na identificação da pessoa que está
ajudando.
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Demonstre empatia. Esta é uma palavra bonita que
significa se colocar no lugar do outro. Não quer dizer
auto piedade, quer dizer lembrar-se o que significa sofrer
uma perda tão grande que precise negá-la.
Se não consegue se lembrar de ter sofrido ou negado,
e se não consegue ter empatia, se ainda assim não
consegue lembrar-se, talvez você não seja a pessoa certa
para lidar com a pessoa que está sofrendo. Empatia
ajuda, e pode ajudar muito a reduzir a necessidade de
negar.
Evite julgar. As pessoas têm problemas, não são o
problema. Dizer ou acreditar que uma pessoa é má,
inferior, sem esperança, horrível ou orgulhosa não vai
ajudar. Mesmo que sinta isso em seu coração, se não o
disser não vai ser ouvido (mas não esqueça que o corpo
fala, então procure não demonstrar, ao invés disso
procure perceber se não existe alguma identificação
entre você e a pessoa que está tentando ajudar).
Especialistas acreditam que o medo, a culpa e a
vergonha são algumas das maiores barreiras que as
pessoas enfrentam para parar de negar.
Se juntarmos à culpa e a vergonha de uma pessoa –
se lhe dissermos que os seus piores receios são verdade –
isso não vai ajudar. Pode é aumentar a necessidade de
usar a negação.
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Não discuta. Raramente isso ajuda uma pessoa a
parar de negar. Desvia a atenção e faz perder tempo e
energia. Você não pode apoiar ou concordar com a
negação, mas também não deve forçar uma pessoa a ver
a realidade. Às vezes ajuda dizer: “Está bem, pode ser
que tenha razão”. E deixar ir. Isto tira a pressão de você
e a coloca na outra pessoa de uma maneira positiva, e
que ajuda.
Deixe as pessoas lutarem com elas mesmas e
decidirem se tem razão. Sua batalha com a verdade e a
realidade é muito mais dura de vencer que uma batalha
com você mesmo. E quando esta batalha acabar vão ter
ganhado algo. Isto não quer dizer que não possa ter
raiva de quem está em negação. Você tem direito aos
seus sentimentos, e precisa senti-los e, às vezes,
comunicá-los. Mas gritar não é normalmente a melhor
maneira de fazê-lo.
Respeite as pessoas. Isto inclui acreditar que elas são
boas pessoas (mesmo que tenham problemas). Elas
podem pensar e podem resolver seus problemas. Isto
quer dizer que permitimos que façam essas coisas por si
mesmas. Pergunte-lhes o que elas creem que o
problema seja. Pergunte como querem resolvê-los. Não
temos que curar fazê-los ficarem melhor, controlar ou
salvar. Não temos que lhes dar conselhos, nem fazer
com que seus sentimentos desapareçam.
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Não temos e não devemos nos envolver com suas crises
e consequências. Tais consequências são uma das
maneiras em que a realidade fala alto para aqueles que
estão em negação. Pare de salvá-los! Vai lhes fazer um
grande favor e a si mesmo.
Respeite-se. Ponha limites. Para sua saúde e bem
estar. Não faça coisas pelos outros que realmente não
quer fazer, que não sejam boas para você ou que não
sejam boas para eles. Procure ser assertivo.
Não deixe que uma pessoa que está em negação lhe
faça coisas que te façam mal. Isto não quer dizer para
dar ultimatos ou fazer jogos de poder (fazer algo para
obrigar uma pessoa a ter um comportamento qualquer
ou para “mostrar quem manda”). Isto quer dizer que
calmamente deve descobrir o que precisa fazer para
tomar conta de você e fazê-lo. Marque os limites.
Confronte com cuidado. Isto não é um trabalho de
confronto ou intervenção. Ambas são boas ferramentas,
quando usadas de forma conveniente. Ambas podem
igualmente ser perigosas – para nós e para as pessoas
que confrontamos. Despir uma pessoa de ilusões não é
um projeto casual. Se o assunto que está sendo negado é
sério a pessoa pode parar com a negação após ser
confrontada. Mas lembre-se – esta pessoa não vai
provavelmente evoluir calmamente para a aceitação.
Pode avançar para a segunda fase do processo, a raiva.
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Podem surgir atos violentos quando situações como
essas acontecem.
Tenha cuidado, John Powell explica porque em seu
livro “Porque tenho medo de lhe dizer quem sou?” “A
vocação de endireitar pessoas, de lhes tirar as máscaras,
de forçá-los a enfrentar a verdade reprimida é uma
chamada extremamente perigosa e destrutiva. Ele não
pode viver com algo que realizou. De uma maneira ou de
outra, ele mantém-se psicologicamente intacto através
de uma forma de ilusão. Se essa ilusão for desmontada,
quem a vai reconstruir e por o ser humano de pé outra
vez?” Procure ajuda profissional se pensa que você, ou
alguém perto de você está tendo problemas com a
negação, ou se está considerando confrontar ou intervir
um caso difícil.
Desligue-se do comportamento difícil que está
tentando ajudar. Não leve as pessoas pessoalmente nem
os problemas delas com você. Não somos responsáveis
por outros adultos – não assuma responsabilidades por
eles ou por seus problemas. Em último caso e com toda
certeza cada pessoa é responsável pela sua negação. O
seu processo de negação é sua responsabilidade. Ocupe-
se das suas responsabilidades – de você e do seu
processo de aceitação.
Se não podemos controlar os outros, o que
aparentemente não podemos, então ao menos devemos
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tentar controlar a nós próprios. Se lhe está sendo difícil
afastar-se de uma pessoa ou de um problema, pode
querer considerar o grupo de apoio. Peça ajuda.
Confie em você, no seu processo de aceitação e no
seu Poder Superior. Não existem regras absolutas para
lidar com a negação ou com as pessoas. Cada situação e
cada pessoa são únicas. Mas você pode pensar e
perceber como lidar com as situações que surgirem.
Você quer ajudar a alguém? Pergunte ao seu Poder
Superior. Peça que o use e lhe mostre o que fazer.
Empenhe-se em ser gentil, pensar claramente e em ter
amor nos seus encontros com pessoas. Esqueça-se da
perfeição.
Você nem sempre tem de fazer algo. As pessoas
reestruturam-se “caindo aos pedaços” – e o processo
muitas vezes começa pela negação. É assim que Deus
trabalha conosco. Abra mão do controle e deixe que
Deus o faça por você.
PARA
PROBLEMAS COM BEBIDA
Em Center City, Minnesota
“Hazelden” conta com seis anos de experiência em recuperação
de homens com problemas com bebida. Seus diretores foram "ao olho
do furacão" de si mesmos e desenvolveram um programa baseado em
leitura, meditação, educação audiovisual, consultas e discussões, que
possibilitam aos hóspedes residentes entenderem os “porquês” deste
problema, e como paralisar esta doença.
Uma atenção especial é dada, servindo refeições apetitosas,
visando o bem-estar físico, que é reconhecido como um dos mais
importantes passos ao longo da caminhada para a recuperação.
Descanso e meditação também são importantes, e os visitantes
estarão autorizados apenas a pedido do hóspede residente.
Pesca, canoagem, piscina são algumas das possíveis diversões.
Médicos e enfermeiros disponíveis 24 horas por dia, e consultas
psiquiátricas serão agendadas mediante solicitação.
Preços razoáveis... para mais informações escreva para
341 North Dale Street Saint Paul 3, Minn.
(or) Center City, Minnesota
Uma organização sem fins lucrativos
O LUTO
UM PROCESSO DE CURA
Peter C. McDonald
Hazelden Foundation
Editora JCB Publicações Ltda
ii
Copyright © 2014, Peter C. McDonald
O Luto - Um processo de cura
Título em Inglês: GRIEVING – A HEALING
PROCESS
Publicado originalmente por: Hazelden
Foundation
Todos os direitos de tradução e
publicação para o território Brasileiro
reservados por Editora JCB Publicações
Ltda
PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU
PARCIAL POR QUAISQUER MEIOS, SEM
PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DA EDITORA
IMPRESSO NO BRASIL
Printed in Brazil
1ª Edição Brasileira
Maio de 2014
Infinite Loop Avenue,#304
California Place
Patos de Minas, MG CEP 38700-000
Telefax: (34) 6963-4958
URL: www.jcbpublicacoes.com.br
E-mail: editora@jcbpublicacoes.com
Coordenação Editorial: AMMB Syncro
Projeto Gráfico: MFMB Ilustra
Edição de texto: AMMB Syncro
Diagramação: JCB Desing
Revisão: JCB Desing
Adaptação da Capa: JCB Desing
Ilustração: MFMB Ilustra
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
McDonald, Peter C.
O Luto – Um processo de cura / Peter C. McDonald; /
Tradução: AMMB Syncro /. – 1ª. Ed. – Minas Gerais:
Editora JCB Publicações Ltda., 2014. – (Dependência
química)
Título original: Grieving – A Healing Process.
Bibliografia.
ISBN 972-8272-03-6
1. Dependência Química. 2. Compulsão. 3. Tratamento
I. Título II. Série
CDD-717.3 07-7209
iii
Nota dos Editores à Tradução Brasileira:
Uma adicção consiste no uso habitual de substâncias alteradoras
do humor (medicamentos, álcool, drogas) ou de comportamentos
(excesso de trabalho, jogos, abuso de comida, internet, falar
demais, sexo, mania de limpeza, consumismo) que é caracterizado
pela tolerância à substância ou comportamento (sendo que um
crescente e contínuo uso à substância ou comportamento se
tornam necessários para obter o mesmo efeito) e pela perda de
controle (o uso continuado apesar de suas consequências
negativas).
A dependência química consiste na adicção ao álcool e/ou
outras drogas. É uma doença progressiva e, se não for tratada,
mortal.
Sobre a Fundação Hazelden:
Os “Materiais Educacionais da Hazelden”, editados no
Brasil pela Editora JCB Publicações Ltda., oferecem uma grande
variedade de informação sobre a dependência química e as áreas
com ela relacionadas. As nossas publicações não representam
necessariamente os programas da Fundação Hazelden, nem se
pronunciam oficialmente por nenhuma organização dos Doze
Passos.
Sobre este livro:
Este livro mostra o luto como uma coisa que todos enfrentam ao
longo da vida. A perda e o luto subsequente fazem parte da vida e
não há como fugir deste fato. O Décimo Segundo Passo diz que
“temos que praticar estes princípios em todas as nossas atividades”.
Estas atividades podem ser às vezes as perdas que se tem que
enfrentar.
Sobre o autor:
O Rev. Peter C. McDonald é membro de uma equipe
multidisciplinar, que presta serviços a pacientes terminais e às suas
famílias. Ele realiza terapias espirituais e é facilitador em grupos de
apoio ao luto como um serviço à comunidade.
v
Agradecimentos
Gostaria de agradecer ao Rev. Benonis, capelão e
Tenente coronel do Exército dos Estados Unidos da
América por ter feito a ligação entre o processo do luto
e o Primeiro Passo dos A.A. Limitei-me a transcrever
para o papel o que ele descobriu através de seu trabalho
em Hazelden e durante nossos cursos residenciais de
Educação Clínica Pastoral. Aprendi muito com ele e tive,
também, o prazer de ter partilhado de sua amizade
nessa época de minha vida. Desejo ainda à Rev. Priscilla
W. Braun, senhora de grande sabedoria e amor. Este
livro é dedicado a eles.
vii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 9
PERDAS ASSOCIADAS AO LUTO ......................................................... 10
O PROCESSO DO LUTO ....................................................................... 14
OS CINCO ESTÁGIOS DO LUTO ......................................................... 15
CONCLUSÃO ........................................................................................ 21
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INTRODUÇÃO
Quando se inicia verdadeiramente o Primeiro Passo
“Admitimos que somos impotentes perante nossa
adicção e que perdemos o controle de nossas vidas”,
percebe-se que ele trata simplesmente da aceitação da
perda. Isto pode parecer assustador, mas não precisa ser
assim, basta admitir que a impotência, é a aceitação da
perda de poder sobre si mesmo e sobre o mundo.
Talvez seja útil saber que em qualquer tipo de perda
se seguirá, inevitavelmente, o luto. Ele acompanha a
perda seja ela grande ou pequena. É bom saber que o
luto passa por várias fases e que quase sempre termina
pela aceitação da perda. Isto é outra forma de dizer que
o Primeiro Passo faz parte do processo de luto. Assim,
todos que admitem sua impotência no Primeiro Passo,
passaram pelo processo do luto, como um critério para
continuar o programa dos Doze Passos.
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AS PERDAS ASSOCIADAS AO LUTO
Consideremos algumas das perdas que sofremos ao
deixar a nossa dependência:
1. A própria substância: seja a droga, o álcool, ou
outras compulsões, a garrafa (ou o que seja), é
uma velha amiga de quem muitas vezes se
depende para afastar o “sofrimento”, para ajudar
a sentir que se controla a situação e ter melhor
opinião sobre si mesmo. Quando deixamos esta
“muleta” de lado, ocorre o pensamento de que
teremos que aguentar tudo sozinho sem qualquer
tipo de ajuda.
2. Os amigos: quando paramos de beber ou de se
drogar, simultaneamente deixamos de lado um
velho círculo de amigos. Podem ser vizinhos ou
colegas de trabalho, ou até mesmo membros da
família que continuam bebendo ou se drogando.
Do mesmo modo, se a bebida ou as drogas
acompanhavam os esportes ou outras atividades
sociais, poderá ser necessário deixar estas
atividades de lado durante algum tempo, caso
continuar com elas cause risco a sua recuperação.
Os familiares codependentes (aqueles que tentam
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controlar o comportamento do adicto ou de
outras pessoas e perdem o controle do próprio
comportamento) poderão continuar com estas
atividades ou optar em deixá-las por algum
tempo, se isto for ajudar o adicto em sua
recuperação.
3. Um relacionamento: caso esteja terminando um,
com frequência, se perde não só esta pessoa, mas
todo um grupo de amigos e conhecidos, incluindo
os membros da família que se deixa de ver e os
lugares que costumavam frequentar. Deixar
amigos e atividades cria um grande espaço de
tempo ocioso durante o qual pode se sentir,
normalmente, isolado e deprimido e que se não
for sabiamente ocupado, poderá ser um gatilho
que dispara uma recaída.
4. A autoimagem e a autoestima: sob a influência
do álcool ou do químico, o adicto acreditava que
cuidava bem de sua família, que era uma pessoa
responsável e carinhosa, pensava que controlava
as situações que surgiam, e que sua compulsão
por bebidas ou drogas não os prejudicava ou as
pessoas que estavam ao seu redor. Mas quando
se decide parar, começa a se conscientizar de que
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não era esse o caso. Verificamos que não se tinha
o controle sobre a adicção ou às situações. Se
conscientizar disso constitui um terrível golpe
para a maioria e destrói a autoestima e as ilusões
a seu respeito.
5. Emprego: muitas vezes a drogadição ou o uso
abusivo de álcool foi a causa da perda de um
emprego (ou mesmo de uma série de empregos).
Isto pode ser uma perda realmente difícil se o
sentimento de identidade do indivíduo dependia
deste emprego. Para muitos, uma grande parte
da autoimagem está associada ao que se faz para
ganhar a vida.
6. A família: Em outros casos, muitos como
consequência de beber ou se drogar, perdem
alguém através de uma separação ou de um
divórcio. A presença da esposa, marido, pai, mãe
é importante para todos e dá sentido às vidas de
todas as pessoas. Às vezes, as pessoas mais novas
perdem os pais por causa de sua própria
dependência ou da dependência de um dos pais,
o que pode, de qualquer maneira, ser uma perda
enorme. Desempenhar o papel de criança
proporciona segurança, e perder este papel os
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obriga a se transformar em qualquer coisa nova –
adulto, responsável, independente. Isso pode se
tornar assustador.
7. Foco: Finalmente e talvez o mais importante, é
perder a razão de viver, se tiver vivido para beber
ou se drogar, para ser pais ou para contribuir de
alguma forma através do trabalho (quer seja em
relação à família, à empresa ou à sociedade), e
perder qualquer destas coisas devido a doença.
Perde-se então a razão de viver e se não existir
uma razão para viver, morremos.
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O PROCESSO DO LUTO
O luto é uma resposta saudável a uma situação difícil
de perda. Não importa o que se perde, pode ser um ente
querido ou o controle sobre o álcool ou as drogas.
O foco de problema é a impotência sobre o álcool, as
drogas, a vida, a morte, os sentimentos de outra pessoa,
seu comportamento.
Qualquer perda leva ao luto, e para aceitar
completamente essa perda, devemos fazer seu luto.
Somente pelo processo de luto é que chegaremos a um
estado de espírito de paz e serenidade.
A Dra. Elisabeth Kubler-Ross, estudou o processo do
luto em um trabalho e descreveu várias fases que
observou nos doentes e em suas famílias.
Embora as situações possam ser diferentes, o
processo é o mesmo para quem quer que experimente
uma perda. É por isso que os estágios por ela descritos
se aplicam igualmente ao alcoolismo ou a outras formas
de dependência.
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OS CINCO ESTÁGIOS DO LUTO
Cada fase do processo do luto é natural e saudável,
porém é fácil se prender em uma dessas fases e este
processo serve tanto para a negação quanto para
qualquer uma das outras fases. As fases podem surgir
isoladas, ou juntas, pode-se verificar a ocorrência
repetidas vezes de algumas delas ou de todas, pode-se
regredir, o que não consiste em um problema, enquanto
nos lembrarmos do objetivo do luto: aceitação da perda.
1. Negação: Ela é um amortecedor psicológico que
protege contra os pensamentos ou sentimentos
aos quais ainda não se está mental, emocional ou
espiritualmente preparado para lidar. Todos
negam aquilo que não estão preparados para
aceitar. Lembre-se de quando soube que alguém
morreu e disse: “Não acredito”! Isto é negação e
pode durar instantes ou anos, até que se consiga
dizer: “Pronto, aconteceu. É real. E agora, como é
que me sinto? O que vou fazer agora”? Devemos
barganhar com nossos sentimentos nesta fase.
Existe uma relação entre a importância da pessoa
ou da coisa que se perdeu e o grau da negação.
Quanto maior era a dependência daquilo que se
perdeu maior será a negação. Por isso a
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determinada altura torna-se decisivo encarar a
realidade e parar de negar a impotência, fazer o
Primeiro Passo, e admitir – mesmo que não se
aceite – a impotência.
2. Raiva: Alguma vez aconteceu de ficar com raiva
quando perdeu alguma coisa e não conseguiu
encontrar? Isso faz parte do luto. Parecemos
impotentes quanto a nossa capacidade de
localizar o objeto perdido ou aceitar a morte de
alguém próximo a nós. É uma resposta natural a
uma perda dolorosa. Ocorre exatamente o
mesmo com a dependência química. As pessoas
adictas ficam simplesmente furiosas com o fato
de perderem controle do próprio comportamento
dos próprios sentimentos ou dos sentimentos dos
outros. Costumávamos dizer: ”Só uma dose antes
de voltar para casa”, e quatro horas depois
estavam embriagados como um boné velho na
cabeça ao chegar em casa, isto quando voltamos
pra casa. No outro dia, sentimos raiva por sermos
tão fracos e de tal forma impotentes perante a
droga ou ao álcool. E os codependentes –
cônjuges e filhos – que estavam em casa nos
esperando, ficam furiosos porque, o que quer que
se faça, por mais que os amemos, continuamos a
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beber ou a usar drogas. O problema com a raiva é
que ela pode se tornar destrutiva se não for
expressa de forma saudável. Pode se transformar
num ressentimento amargo e levar a beber ou se
drogar cada vez mais para fugir desse sentimento.
Sutil e invasiva, ela pode recair sobre os membros
da família ou manifestar-se no trabalho, e o
comportamento fica fora de controle. Pode
conduzir à violência. Pode transformar-se em
depressão (raiva de si mesmo) e levar ao
desespero ou até ao suicídio. Por isso é vital
admitir que a sente e partilhar este sentimento.
3. Dor/desespero/depressão: Representam situações
seguras que se cria ocasiões em que se permite
estar triste. Ajuda a expressar os sentimentos
profundos que se tem a respeito da perda. Muitos
adictos em recuperação falam de sua droga de
preferencia como um antigo amigo: “O meu maior
amigo era a garrafa”. É uma afirmação que se
ouve com frequência, quando se perde esse
amigo se sente triste. Com a dor vem também o
desespero, é assustador perder alguém ou
alguma coisa de que se tornou dependente, como
por exemplo a esposa. Acaba se desiludindo da
própria vida e ocorre pensamentos de desistir,
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desejando a morte. É um sentimento de grande
solidão e desesperança. Um dos problemas com a
dor é que tal como a raiva, pode se tornar
destrutiva. Pode-se facilmente cair numa
armadilha e começar a sentir pena de si mesmo,
se tornando auto piedoso. Muitas vezes a auto
piedade, a menos que se faça qualquer coisa para
resolvê-la, conduzirá diretamente a bebida ou a
droga. Ou pode fazer voltar a um padrão de
comportamento destrutivo do qual estava se
libertando. A dor pode também levar à depressão
que pode imobilizar e o nos faz sentir
completamente desamparados. A um ponto de
nem querer sair da cama pela manhã, não
consegue dormir ou então dorme o dia todo. A
dor pode levar, também, a pensamentos ou ações
suicidas. Chorar é saudável e é uma boa forma de
expressar a dor. É uma forma de tratamento e de
limpeza. No entanto, para certas pessoas chorar
pode ser difícil. Mas chorar representa o
reconhecimento e a crescente aceitação da
impotência, e portanto, da humildade. Chorar é
saudável.
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4. Negociação: É a tentativa desesperada para
manter o controle, para conseguir que as coisas
ocorram como se quer. Tentar controlar o uso é
negociar: “Se eu beber só uma ou duas latas
provo que me controlo, e portanto que não sou
impotente”. “Se eu beber só nos fins de semana,
isso significa que não sou impotente. Portanto
posso beber”. Ou uma esposa pode dizer: “Bem, o
convenci a não tomar outro copo, isso quer dizer
que tenho alguma influência sobre ele quanto ao
seu uso”. Negociar impede de enfrentar a
realidade e assim é uma forma de negação
também. Até certo ponto é bom pois ajuda a
realmente descobrir se controla ou não alguma
coisa. Mas também se torna destrutivo se lhe for
permitido permanecer nele por muito tempo pois
separa a realidade da perda. Deixa uma ilusão de
que ainda se tem o controle e impede de alcançar
a fase final do processo do luto.
5. Aceitação: Esta é a fase final do processo, o
objetivo do luto. Tendo passado pela negação,
raiva, tristeza e negociação, chega-se à aceitação
da perda que ocorreu. Se aceita que é impotente
e que não é a pessoa que pensava ser. Tendo
feito o luto, pode aceitar a perda do poder, e
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seguir sua vida, o que é precisamente aquilo que
os Doze Passos querem dizer. Encontra-se a paz e
a serenidade, chega-se a um acordo com a
realidade. Não precisa de fé para admitir que é
impotente, mas precisa dela para aceitar a
impotência. A fé é o antídoto do medo, se tiver fé,
aconteça o que acontecer, tudo acabará ficando
bem, não se tem nada a temer. Pode-se aceitar o
estado de impotência sabendo que alguém ou
alguma coisa cuida de você, é aqui que entra o
Segundo Passo. “Viemos a acreditar que um Poder
superior a nós mesmos poderia devolver-nos à
sanidade”, tornando-nos assim capazes de aceitar
a nossa impotência. Podemos então decidir fazer
o Terceiro Passo e pedir ajuda. Tudo está
interligado.
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CONCLUSÃO
Quer se esteja apenas começando a se recuperar da
adicção ou de outro tipo de dependência ou mesmo que
se encontre a vários anos num Programa de Doze
Passos, o luto é uma coisa que todos enfrentam ao
longo da vida. A perda e o luto subsequente fazem parte
da vida e não há como fugir deste fato.
O Décimo Segundo Passo diz que “Tendo
experimentado um despertar espiritual graças a estes
passos, procuramos transmitir esta mensagem a outros
adictos e praticar estes princípios em todas as nossas
atividades”. Estas atividades podem ser às vezes as
perdas que se tem que enfrentar. Quer seja a morte de
um dos pais, o fim de um relacionamento e, senão a
mais importante, o fim da dependência química, que
muitos lutam tanto para conquistar.
Seja tão honesto quanto puder ao se observar e ao
fazê-lo, saiba que se encontra entre os poucos seres
humanos que estiveram frente às suas perdas e à sua
dependência e as superaram.
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T.R.E. TERAPIA RACIONAL EMOTIVA

  • 1.
  • 2. PARA PROBLEMAS COM BEBIDA Em Center City, Minnesota “Hazelden” conta com seis anos de experiência em recuperação de homens com problemas com bebida. Seus diretores foram "ao olho do furacão" de si mesmos e desenvolveram um programa baseado em leitura, meditação, educação audiovisual, consultas e discussões, que possibilitam aos hóspedes residentes entenderem os “porquês” deste problema, e como paralisar esta doença. Uma atenção especial é dada, servindo refeições apetitosas, visando o bem-estar físico, que é reconhecido como um dos mais importantes passos ao longo da caminhada para a recuperação. Descanso e meditação também são importantes, e os visitantes estarão autorizados apenas a pedido do hóspede residente. Pesca, canoagem, piscina são algumas das possíveis diversões. Médicos e enfermeiros disponíveis 24 horas por dia, e consultas psiquiátricas serão agendadas mediante solicitação. Preços razoáveis... para mais informações escreva para 341 North Dale Street Saint Paul 3, Minn. (or) Center City, Minnesota Uma organização sem fins lucrativos
  • 3. REI BEBÊ Tom Cunningham Hazelden Foundation Editora JCB Publicações Ltda
  • 4. ii Copyright © 2014, Tom Cunnigham Rei Bebê Título em Inglês: KING BABY Publicado originalmente por: Hazelden Foundation Todos os direitos de tradução e publicação para o território brasileiro reservados por Editora JCB Publicações Ltda PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL POR QUAISQUER MEIOS, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DA EDITORA IMPRESSO NO BRASIL Printed in Brazil 1ª Edição Brasileira Maio de 2014 Infinite Loop Avenue,#304 California Place Patos de Minas, MG CEP 38700-000 Telefax: (34) 6963-4958 URL: www.jcbpublicacoes.com.br E-mail: editora@jcbpublicacoes.com Coordenação Editorial: AMMB Syncro Projeto Gráfico: MFMB Ilustra Edição de texto: AMMB Syncro Diagramação: JCB Desing Revisão: JCB Desing Adaptação da Capa: JCB Desing Ilustração: MFMB Ilustra Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cunnigham, Tom Rei Bebê / Tom Cunningham; / Tradução AMMB Syncro/. – 1ª. Ed. – Minas Gerais: Editora JCB Publicações Ltda., 2014. – (Dependência química) Título original: King Baby. Bibliografia. ISBN 972-8272-04-9 1. Dependência Química. 2. Compulsão. 3. Tratamento I. Título II. Série CDD-717.1 07-7211
  • 5. iii Nota dos Editores à Tradução Brasileira: Uma adicção consiste no uso habitual de substâncias alteradoras do humor (medicamentos, álcool, drogas) ou de comportamentos (excesso de trabalho, jogos, abuso de comida, internet, falar demais, sexo, mania de limpeza, consumismo) que é caracterizado pela tolerância à substância ou comportamento (sendo que um crescente e contínuo uso à substância ou comportamento se tornam necessários para obter o mesmo efeito) e pela perda de controle (o uso continuado apesar de suas consequências negativas). A dependência química consiste na adicção ao álcool e/ou outras drogas. É uma doença progressiva e, se não for tratada, mortal. Sobre a Fundação Hazelden: Os “Materiais Educacionais da Hazelden”, editados no Brasil pela Editora JCB Publicações Ltda., oferecem uma grande variedade de informação sobre a dependência química e as áreas com ela relacionadas. As nossas publicações não representam necessariamente os programas da Fundação Hazelden, nem se pronunciam oficialmente por nenhuma organização dos Doze Passos. Sobre este livro: Este livro detalha a personalidade do Rei Bebê – os traços infantis visíveis nas pessoas que atingiram a idade adulta sem adquirir maturidade emocional. Estes traços devem ser rendidos antes que se possa suspender inteiramente a dependência química – a presença desta personalidade de Rei Bebê pode acelerar a adicção ou conduzir à recaída. Sobre o autor: Tom Cunningham trabalha no campo da dependência química há dez anos. Tem uma licenciatura obtida na Universidade de Minnesota e trabalha atualmente com aconselhamento de jovens e adolescentes dependentes de substâncias tóxicas.
  • 6. v SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................... 7 QUEM É O REI BEBÊ ............................................................................. 9 CARACTERÍSTICAS DO REI BEBÊ ......................................................... 10 A CRIANÇA ASSUSTADA E O REI BEBÊ .............................................. 13 O MITO DO REI BEBÊ .......................................................................... 16 O CÍRCULO VICIOSO ............................................................................. 23 A COMBINAÇÃO FATAL ....................................................................... 24 O CATALISADOR ................................................................................... 25 CANSADO DE ESTAR FARTO ............................................................... 26 ADMITIR A DERROTA, ENCARAR A REALIDADE ............................. 27 CURAR A NOSSA CRIANCINHA ASSUSTADA ................................... 28 OS CUIDADOS DENTRO DE A.A/N.A ................................................. 29 AMAR A SI MESMO ............................................................................. 30 AMAR E SER AMADO .......................................................................... 31 LIBERDADE ........................................................................................... 32 RENDIÇÃO ........................................................................................... 33 PERDÃO ................................................................................................. 34 HUMILDADE ........................................................................................ 35 CULPA ................................................................................................... 36 USANDO NOSSA PERSONALIDADE COMPULSIVA .......................... 37 RELACIONAMENTO COM NOSSO PODER SUPERIOR ..................... 38 DÉCIMO PASSO ................................................................................... 39 RELACIONAMENTOS COM O SEXO OPOSTO ................................... 40 ELIMINANDO VELHOS PADRÕES DE COMPORTAMENTO ............ 41 A ATITUDE A TER É DE GRATIDÃO ................................................... 45 O PEDIDO E A RESPOSTA ..................................................................... 45
  • 7. Página | 7 INTRODUÇÃO O Dr. Harry Tiebout utilizou as palavras “Sua Majestade o Bebê”, do psicanalista Sigmund Freud, para descrever uma atitude inata. O termo Rei Bebê poderia ser de uma forma igualmente adequada Rainha Bebê também, porque, provavelmente, todos nós temos este ego infantil no nosso inconsciente. Os adictos têm de estar particularmente conscientes das características do Rei Bebê, pois essas atitudes e comportamentos podem interferir na sua recuperação. Nos programas de Doze Passos, sentimos frequentemente a necessidade da rendição e tentamos praticá-la, na forma de orientar nossa vida e vontades para Deus. Temos “slogans” que realçam a necessidade do Terceiro Passo e suas recompensas: Se entregue, renda-se a Deus1 , Entregar resulta2 . O reconhecimento da impotência é a base da rendição, mas o ato da rendição surge com a aceitação total dessa impotência. Muitos de nós, que sentem dificuldades com o Primeiro Passo, são capazes de reconhecer a sua impotência, mas não estão dispostos a aceitá-la. Em outras palavras, somos capazes de vê-la e compreendê-la, mas a nossa necessidade de controle nos impede de comprometermos com este ato de rendição que é tão necessário. Os egos interferem. A nossa mentalidade de Reis Bebês insiste em que guiemos nossa vida e controlemos as nossas vontades. 1 – Let Go and Let God. 2 – What’s Turned Over Turns Out.
  • 8. Página | 8 Ao proceder assim, o Rei Bebê dentro de nós impede a nossa recuperação. Neste livro aprenderemos a identificar o eu infantil do Rei Bebê que existe dentro de nós. Temos de renunciar aos traços infantis de nossa personalidade antes que nossa doença possa ser totalmente dominada. A personalidade compulsiva do Rei Bebê pode acelerar a adicção ou conduzir à recaída. Temos de nos manter conscientes deste impulso ao trabalhar o programa de recuperação de Doze Passos, nos Alcoólicos Anônimos ou nos Narcóticos Anônimos.
  • 9. Página | 9 QUEM É O REI BEBÊ Para compreender o Rei Bebê, vamos imaginar que estamos voltando ao ventre de nossa mãe. Lá sentimos calor, segurança, conforto, liberdade e poder. Todas as necessidades são satisfeitas. Somos o centro do nosso universo. Cuidam de nós só pelo fato de existirmos e isso nos satisfaz completamente. A infância também encoraja as nossas atitudes de Reis Bebês. Nossas exigências ruidosas por alimento, atenção e carinho são imediatamente atendidas. Somos, de novo, o centro de um vasto reino; os nossos desejos são da máxima importância. Através dos processos naturais de maturação da infância e do estado adulto, a maior parte da mentalidade de Rei Bebê é abandonada e substituída por atributos que permitem uma capacidade de adaptação. Alguns de nós, no entanto, avançam através dos estágios do desenvolvimento físico sem nos desprender desta criatura imatura – o Rei Bebê. Para nós, o Rei Bebê nunca esquece a aconchegante e maravilhosa segurança da vida pré-natal e infantil e tentará constantemente voltar a experimentá-la. O Rei Bebê luta para reconquistar a felicidade total que advém de todas as necessidades serem satisfeitas.
  • 10. Página | 10 CARACTERÍSTICAS DO REI BEBÊ Ao tentar recuperar a segurança da infância, os Reis Bebês continuam funcionando com base nos mesmos padrões antigos de sentimentos que, muito tempo atrás, os recompensaram. Tiebout1 afirma que “quando os traços infantis se mantêm na idade adulta, diz-se que esta pessoa é imatura”. E esta imaturidade está ligada aos traços de sentimentos de onipotência, incapacidade de aceitar frustrações, e imediatismo. Os Reis Bebês partilham uma grande variedade de traços de personalidade. Nenhum de nós possui todos estes traços, mas descobriremos provavelmente muitos que nos descrevem. Os Reis Bebês podem apresentar as seguintes características: 1. Ficam muitas vazes irritados com as pessoas que representam autoridade ou com receio delas, e tentam colocá-las umas contra as outras de modo a conseguirem o que pretendem. 2. Procuram aprovação e frequentemente perdem a sua própria identidade no decorrer do processo. 3. São capazes de causar uma boa primeira impressão, mas incapazes de manter. 4. Tem dificuldades de aceitar críticas pessoais e sentem-se ameaçados e irados quando são criticados. 1 - Harry M. Tiebout, M.D. The Ego Factors in Surrender in Alcoholism (Center City, MN, Material Educativo Hazelden), pág. 6, catálogo 1270.
  • 11. Página | 11 5. Tem personalidades compulsivas e deixam-se levar a extremos. 6. Não se aceitam ou alienam-se. 7. Ficam muitas vezes imobilizados pela ira e frustação e raramente estão satisfeitos. 8. Sentem-se geralmente sozinhos, mesmo quando rodeados de pessoas. 9. Estão sempre se queixando e culpam os outros pelo que lhes acontece de mal na vida. 10. Sentem que não são apreciados e que não pertencem ao grupo onde estão. 11. Veem o mundo como uma selva cheia de pessoas egoístas que não estão disponíveis para eles. 12. Encaram tudo como catástrofe, como uma situação de vida ou morte. 13. Julgam a vida em termos absolutos; preto ou branco, certo ou errado, não aceitando o meio termo. 14. Vivem no passado, ao mesmo tempo em que receiam o futuro, e não vivem o presente de forma adequada. 15. Tem fortes sentimentos de dependência e um medo exagerado de abandono. 16. Tem medo do fracasso e da rejeição e não tentam fazer coisas novas em que possam vir a falhar. 17. Tem obsessão por dinheiro e coisas materiais. 18. Sonham com metas e planos grandiosos e tem pouca capacidade de fazer com que eles aconteçam.
  • 12. Página | 12 19. Não toleram a doença neles ou nas outras pessoas. 20. Preferem agradar aos superiores e intimidar os subordinados. 21. Acham que as regras e as leis são para os outros e não para eles próprios. 22. Tornam-se frequentemente compulsivos por estímulos de excitação e de uma vida frenética. 23. Guardam para si as emoções dolorosas e perdem o contato com os seus sentimentos.
  • 13. Página | 13 A CRIANÇA ASSUSTADA E O REI BEBÊ Muitos adictos tem dentro de si um jovem assustado, solitário e envergonhado que murmura contra si mesmo pensamentos derrotistas de autocrítica, baseados numa vida inteira de mensagens negativas. Constantemente se comparam aos outros e sentem que não estão à altura deles. Estes sentimentos de falta de valor próprio, de culpabilidade, e de não pertencer a um grupo, tornam- se o núcleo central de nossas personalidades. O Rei Bebê – um ser egoísta e exigente – surge como reação a estes sentimentos de vergonha e de inadequação. Ao lutar de forma infantil para ser aceitos e agradar aos outros, começamos a procurar coisas exteriores para nos sentir melhor por dentro. Roupas de marcas da moda, carros esportivos, namoradas ou namorados sexys, celular do momento, drogas e a excitação de uma vida frenética ajudam a acalmar o nosso sofrimento. Criamos uma aparência atrativa, magnética, encantadora para conseguir o que queremos. Usamos nosso tempo para a procura desenfreada de prazer, a procura de poder, a procura da satisfação e a procura de atenção para preencher o vazio dentro de nós, mas o vazio se mantém. Não há amor, lei, dinheiro ou status
  • 14. Página | 14 que cheguem para a criança assustada que existe em nós. Considerando tudo isto como uma fraqueza, a parte de nós que corresponde ao Rei Bebê tentará destruir, atacar e por de lado a nossa criancinha assustada. Ao negar estes sentimentos, o Rei Bebê encobre, em última análise o fato de a criancinha assustada existir.
  • 15. Página | 15 A luta interior Compreender o Rei Bebê é difícil, pois as coisas nunca são aquilo que parecem ser. Existem dois fatores principais de motivação: em primeiro lugar, a criança assustada, solitária, que não quer ser mais magoada e, em segundo lugar, o Rei Bebê que nunca está satisfeito. Quando a criança receosa que existe em nós ouve a palavra não, uma mensagem interior preconcebida nos diz que somos maus. Só nos sentimos amados quando recebemos carinho, e nos sentimos não amados quando nos corrigem ou nos disciplinam. Quando somos criticados, a nossa imaturidade insiste no direito de fazer o que ela acredita ser o melhor com base nos padrões antigos de comportamento e argumenta que, se somos amados, os outros devem nos deixar fazer o que queremos. Muitas vezes, as nossas manipulações nos permite ganhar. Ambas estas facetas – a criança medrosa e o Rei Bebê exigente – ficam temporariamente satisfeitas se criarmos em nós a pessoa que pensamos que os outros querem que sejamos. No entanto, a base para uma recuperação duradoura está em ajudar a criança assustada a readquirir o sentimento de valor próprio e aprender a controlar os comportamentos de Rei Bebê.
  • 16. Página | 16 O problema As pessoas em recuperação tem geralmente consciência das muitas ameaças a que está sujeita a sua sobriedade. Os programas de Doze Passos são criados para nos ajudar a enfrentar e ultrapassar os nossos defeitos de caráter. A imaturidade, que constitui um problema para muitos de nós, é um reduto do Rei Bebê em cada um de nós. Poderá ser necessário reconhecer este defeito e removê-lo se quisermos continuar com nossa recuperação. O Rei Bebê em nós, nos diz que temos razão – os outros é que estão errados. Muitos de nós defende a nossa razão em todo lugar e em qualquer situação onde nos sentirmos ameaçados. Os Reis Bebês atuam muitas vezes como se fossem o nosso próprio Poder Superior, tomando decisões baseadas nos juízos preconcebidos em relação a si mesmo e aos outros. O Rei Bebê que existe em nós, nos diz que deveríamos ser capazes de ser bem sucedidos em tudo o que empreendermos. Existe em nós o sentimento de sermos destinados à grandeza.
  • 17. Página | 17 O MITO DO REI BEBÊ A mentalidade de Rei Bebê é comandada por três motivações – poder, atenção e prazer. Tentamos arranjar amigos sendo excessivamente simpáticos e amáveis. Com isto nos agarramos às pessoas. Tentamos frequentemente controlar ou dominar. Impomos condições em quase tudo o que fazemos, o que cria situações de dívida para nós mesmos. Receamos que o nosso verdadeiro eu seja rejeitado, por isso apresentamos ao mundo uma pessoa falsa e inventada. Isto nos protege de ser magoados. Cada uma das personalidades ou jogos que inventamos tem por base uma falsa promessa ou um mito.
  • 18. Página | 18 O Popular Mito: Se eu for simpático, atrativo, magnético e for a pessoa que anima festas, todos irão querer ser meus amigos. Verdade: Querendo ser tudo para todos, perdemos o nosso verdadeiro eu no processo. Fim do jogo: O jogo acaba quando os outros compreendem que não existe nada por trás dos falsos sorrisos. O Tirano/Ditador Mito: Se me obedecer e ficar sob meu controle total, eu o protejo do caos. Verdade: Se pensar que nascemos chefes, capazes de dominar qualquer crise, esperamos que os outros se ponham confiantemente em nossas mãos. Mestres no sarcasmo, mantemos os nossos súditos em seus lugares com comentários cruéis. Fim do jogo: O fim do jogo se dá quando os “súditos” se recusam a obedecer.
  • 19. Página | 19 O Conquistador Mito: Sou irresistível para o sexo oposto. Parte da minha capacidade de atração vem da minha falta de respeito pelos outros. Espero amor, atenção, riqueza e poder em troca do privilégio da minha companhia. Verdade: Estamos metidos numa competição feroz para ocupar o centro do palco e somos incapazes de nos comprometer num relacionamento. Fim do jogo: O jogo acaba quando os outros tomam consciência da frivolidade do conquistador. O Atraente Mito: Juventude, um corpo sarado e um rosto atraente são as qualidades essenciais para eu ser amado e aceito. Verdade: Tentamos ser aceitos apenas à custa das aparências. Fim do jogo: O jogo acaba quando os outros se cansam da constante exigência que a criança dentro de nós faz de sua capacidade de atração
  • 20. Página | 20 O Carismático Mito: Se eu conseguir entreter com a minha música, o meu espírito carismático ou qualquer outro talento, todos irão me admirar e me adorar. Verdade: Só nos sentimos aceitos se os outros ficarem entusiasmados com nossos talentos e procurarem nossa companhia para se distrair. Fim do jogo: O jogo acaba quando os outros se cansam de ter estado sempre na posição de admiradores ou quando percebem que não temos qualidades humanas e afetivas que contribuam para um relacionamento. O Perfeccionista Mito: Eu não tenho valor se não conseguir ser o melhor no que faço. Verdade: Ninguém é sempre o melhor ou mais bem sucedido, mas tentamos nos valorizar buscando fazer algumas coisas bem feitas. Fim do jogo: O fim do jogo chega quando tomamos consciência da futilidade de ter altas expectativas ou quando os outros se cansam da nossa competitividade.
  • 21. Página | 21 O Simpático Mito: Se eu for simpático e amável com todas as pessoas, elas gostarão de mim. Verdade: Nosso medo de rejeição nos leva a procurar a aprovação constante de todos. Fim do jogo: O fim do jogo acontece quando vemos que não podemos agradar a todos ou quando os outros se cansam da fraqueza das nossas atitudes. O Rebelde Mito: Tenho de fazer as coisas do meu jeito, senão... As regras são para as outras pessoas. Se me disser para não fazer uma coisa, é como se agitasse uma bandeira na minha cara e me desafiasse a fazê-la. Verdade: Nós os rebeldes, geralmente assumimos as consequências ou o castigo que pedimos ou merecemos. Fim do jogo: O fim do jogo vem quando nos cansamos de pagar o preço que o fora da lei tem de pagar e abandonamos este comportamento.
  • 22. Página | 22 O Auto piedoso Mito: Mereço sofrer. Eu não significo nada. Ninguém me compreende. Pobre de mim. Considero sua compaixão como uma expressão de amor. Verdade: Confundimos amor com piedade e pensamos que se nos sacrificarmos, estaremos nos protegendo do abandono. Fim do jogo: O jogo acaba quando cansamos de sofrer e compreendemos realmente o que merecemos. O Rejeitado Mito: Se não jogar o mesmo jogo que eu, eu me recuso a jogar. Verdade: Paralisados pelo medo do fracasso e da rejeição, não empreendemos nada e sentimos que o mundo tem uma dívida para conosco. Temos tão pouca coragem e tanto pessimismo que desistimos antes mesmo de começar. Fim do jogo: O fim do jogo se dá quando os outros se cansam de não receber nada em troca1,2 . 1 - John Powell, S.J. Why am I afraid to tell you who I am? (Allen, TX; Argus Communications, 1969). 2 - Janet Geringer Woititz. The Struggle for Intimacy (Deerfield Beach, FL; Health Communications, Inc., 1985).
  • 23. Página | 23 O CÍRCULO VICIOSO Todos estes jogos começaram com alguma esperança de sucesso, mas escorregam para a frustração e o fracasso. Uma vida de Rei Bebê acaba por tornar-se numa situação extrema de altos e baixos. Os recomeços são sempre seguidos de desfechos dolorosos. Estes Bebês tornam-se compulsivos da emoção que o sucesso traz e, mais importante ainda, compulsivos também pela dor do fracasso. Os Reis Bebês não podem suportar o aborrecimento que vem das coisas correrem bem demais e criam situações de crise ou confusão. Uma vida de agitação disfarça os problemas e diminui a sua responsabilidade pelos fracassos. O caos impede os mesmos de observar como sua autoestima está em constante diminuição. O fato de se ter acabado a graça destes jogos termina na total ausência de quaisquer sentimentos. É previsível que a personalidade do Rei Bebê se tornará dependente de qualquer coisa. É só uma questão de tempo.
  • 24. Página | 24 A COMBINAÇÃO FATAL Agarrada a uma vida de excessos e sujeita a sentimentos de pouca autoestima e de autocrítica negativa, uma pessoa imatura tem uma vida frustrante e pouco compensadora, mas não necessariamente péssima. Mas qualquer coisa pode acontecer a um adicto quando o estilo de vida de Rei Bebê e a pouca autoestima se combinam com a experiência de dor. Este “qualquer coisa” pode ser uma combinação fatal. Aqueles sentimentos calorosos, agradáveis e confiantes da infância – aquilo que procuramos por toda a nossa vida – é de novo alcançado. O efeito reconfortante e anulador do medo que o uso habitual de substâncias alteradoras do humor (medicamentos, álcool, drogas) ou de comportamentos (jogos, abuso de comida, internet, falar demais, sexo, mania de limpeza, consumismo) oferece, corresponde exatamente àquilo que os nossos egos de Reis Bebês tem procurado. Quando a relação de amor com a dor toma conta de nós, todos os aspectos da nossa vida modificam progressivamente para um comportamento mais excessivo e imaturo.
  • 25. Página | 25 O CATALISADOR O sistema de defesa do Rei Bebê, quase negando qualquer problema, já se encontra bem definido e acelera a queda do adicto para o fundo do poço. O inimigo está dentro de nós, e o uso da droga e/ou comportamento liberta as nossas frustrações, raivas, ressentimentos, medos e dúvidas reprimidos, como um foguete que decola para a lua. A sensação maravilhosa do útero, retorna, e o Bebê anda radiante por dentro e por fora, estimulado e confiante com a descoberta desta euforia. O ego torna-se auto piedoso e furioso, exigindo ser constantemente alimentado por uma série de diversões e estímulos que nos levam em alta velocidade para o aumento progressivo da adicção. Rapidamente nos tornamos compulsivos e atingimos o fundo do poço em metade do tempo que levou as recaídas anteriores. Cego pela maravilhosa sensação desta euforia perfeita, o Bebê que existe dentro de nós põe de lado aquilo que resta de sua consciência e sistemas de valores. Dispondo de todo um sistema incorporado de persianas, tampões para os ouvidos e visão estreita, unidos ao serviço de um sistema de engano e negação, somos capazes de nos manter completamente ignorantes a respeito do estado em que chegamos.
  • 26. Página | 26 CANSADO DE ESTAR FARTO Exausto devido a um estilo de vida que exige tudo no mesmo instante, buscando sempre ganhar, tentando sempre levar a melhor, temendo as consequências e pensando sempre em nós mesmos, o Bebê que existe em nós acaba fazendo uma manobra brusca. Quando o enjoo e o pânico provocados pela sensação de nó no estômago se tornam um medo devastador e nos consome totalmente, vamos ao fundo do poço. O Bebê não pode imaginar a vida sem álcool, drogas ou comportamentos destrutivos e tem medo de continuar indefinidamente nesta corrida feroz que nunca mais acaba. Preso aos padrões antigos de comportamentos que se repetem e não tentando nada diferente. O Rei Bebê fica paralisado pelo medo de enfrentar o dia seguinte. A recuperação pode ser adiada pelo ego imaturo que continua a insistir que tem a razão – “Posso fazer seja o que for. Não preciso de ajuda”. O “tempo certo” é muito importante, pois o Bebê se encontra vulnerável e pode ser ajudado.
  • 27. Página | 27 ADMITIR A DERROTA, ENCARAR A REALIDADE Admitindo que do nosso jeito não funcionou e enfrentando o fracasso, abriremos as portas de um mundo de sofrimento. No mesmo instante, o nosso Rei Bebê passará da necessidade de ajuda, ao sentimento de desespero, de pensar que não podemos mudar. Ficaremos atolados no pântano do desespero, esperando ser salvos, enquanto exigimos um certificado de garantia para o sucesso antes de enfrentar nossos medos. Nesta altura, podemos aceitar ajuda de A.A. e N.A. , vindos ao nosso encontro através de outro Rei Bebê alcoolista, drogativo ou compulsivo, que nos assegura que os Doze Passos funcionam. Antes de fazer o Primeiro Passo, o Rei Bebê precisa confiar que “Se outros são capazes, eu também sou”. A forma de escapar da ratoeira que o Rei Bebê usa, é te induzir ao pensamento: “Eu não sou capaz, nós somos capazes”. Rendendo se ao estilo de vida dos Doze Passos, o poder do Rei Bebê pode ser dominado e isto pode nos ajudar a encontrar um Poder Superior que trabalhe para nós. Podemos aprender o verdadeiro sentido do perdão, da humildade e da gratidão. Podemos aprender a evitar as armadilhas do Rei Bebê e a sintonizar nossos sentimentos com os Doze Passos. Podemos aprender a nos divertirmos outra vez, ao mesmo tempo em que adquirimos uma compreensão nova e mais profunda da vida.
  • 28. Página | 28 CURAR A NOSSA CRIANCINHA ASSUSTADA Servindo-nos de todo amor e apoio de nosso grupo de Doze Passos, teremos de empreender uma viagem interior para encontrar aquela parte de nós – o “mau” rapazinho assustado ou a “má” garotinha assustada, que tanto tempo ignoramos. Podemos nos imaginar entrando no quarto dele ou dela e vendo a criança encolhida chorando num canto. Podemos nos tornar pais amáveis e carinhosos dessa criança que existe dentro de cada um de nós. Como qualquer pai faria, encorajamos a criança a se aproximar, sentar-se perto de nós e explicar o que está acontecendo de errado. Então, pegamos esta criança e dizemos: “Está tudo bem”, e ao limpar cuidadosamente suas lágrimas, fazemos com que ela saiba que é amada, que é um belo ser humano e que está em segurança.
  • 29. Página | 29 OS CUIDADOS DENTRO DE A.A./N.A Existe dentro dos grupos de Doze Passos em sentimento de ternura, calor e segurança, que vai ao encontro dos recém-chegados com a mensagem: “Você é a pessoa mais importante que existe, e eu vou gostar de você antes mesmo de você se tornar merecedor de ser amado”. Esta é a promessa de A.A./N.A. Amor incondicional. A única coisa que se espera é um desejo sincero de parar de beber ou de usar. Isto corresponde ao ventre acolhedor e aconchegado que o Bebê tem procurado sempre. A família carinhosa e atenta dos Doze Passos é genuína e está em nítido contraste com a falsa segurança do álcool e de outras drogas.
  • 30. Página | 30 AMAR A SI MESMO Lentamente, o Bebê em recuperação começa a adquirir o respeito por si próprio através dos Doze Passos. É um trabalho difícil mudar completamente a vida de uma pessoa, mas as instituições de A.A./N.A., estão sempre presentes como guias. Através destes programas, começa a surgir à consciência da dignidade pessoal. Surge através da descoberta, disciplina, perdão e aceitação de si mesmo como realmente se é. Gradualmente, a criancinha medrosa aproveita a oportunidade de desenvolver o amor próprio.
  • 31. Página | 31 AMAR E SER AMADO Não faz mal se as pessoas no nosso grupo dos Doze Passos gostarem de nós antes de nós gostarmos de nós mesmos. O que importa é que agora gostamos mais de nós. Gradualmente, exploraremos e descobriremos todas as qualidades maravilhosas que possuímos. Para um padrinho é muito gratificante observar o afilhado descobrir os seus talentos maravilhosos e únicos. Cada um aprende com o outro, enquanto atravessam as provas do começo da sobriedade. Os padrinhos fazem isto para conseguir ficar sóbrios; e, ao fazerem isto, reforçam tudo quanto aprenderam. Observar o recém-chegado a regressar à vida é uma emoção que constitui recompensa suficiente.
  • 32. Página | 32 LIBERDADE Voltar à vida com sentimento de dignidade e ficar ligado a um padrinho, nos prepara para a próxima fase. A nossa imaturidade nos obrigou a passar a vida captando poder exterior para nos sentirmos bem por dentro. Vendermo-nos por um prazer momentâneo era escravidão. O bem estar não vem de ouras pessoas, lugares ou coisas, mas de dentro de nós. Recuperar o poder pessoal passa por admitir primeiro a nossa impotência em relação aos outros. Todos nós precisamos assumir a responsabilidade pelo nosso próprio valor e dignidade. O nosso valor próprio não depende do que os outros dizem ou fazem, mas antes, de como reagimos a isto. Existem escolhas quanto à forma de como reagir. Reagir com medo, raiva ou ressentimento leva a pessoa a fazer uma autocrítica negativa e sentir que não tem valor. Aceitar o fato de que nem todos estarão de acordo com o que pensamos e talvez nem mesmo gostar de nós, deve ser feito, pois é a realidade.
  • 33. Página | 33 RENDIÇÃO É um grande alívio já não sentir obrigados a tentar governar todo o universo. Na rendição, devolvemos essa tarefa a um Poder Superior que, por sua vez, enche as nossas almas com o calor, o conforto e a serenidade que há tanto tempo procurávamos. Antes da Rendição Depois da Rendição Frustrado Em segurança Zangado Protegido Tenso Descontraído Nervoso Grato Sem saída Aberto Em pânico Capaz de ser ensinado Com medo Com boa vontade Culpado Honesto Envergonhado Esperançoso Com dúvidas Em paz Derrotado Sereno Ressentido Tolerante Vazio Realizado
  • 34. Página | 34 PERDÃO Deus não faz coisas mal feitas. Cada um de nós é uma pessoa única – um alguém, não um ninguém. Em todo o mundo não há mais ninguém igual a nós. Temos de nos fascinar por nós mesmos e ter consciência de como podemos ser fortes. O Rei Bebê que existe dentro de nós desenvolveu uma larga variedade de energias associadas aos talentos que Deus nos deu, e devemos aprender a apreciar essas energias. Podemos aprender com o passado e entrega-lo. Podemos deixar de ser o juiz, o júri e o promotor que nos condena. Sabemos que o nosso Poder Superior nos perdoa. Agora é hora de darmos espaço. Temos de parar de nos julgar e sair do Seu caminho.
  • 35. Página | 35 HUMILDADE “Meu Deus, como é difícil ser humilde quando se é perfeito em tudo”. Quando Max Davis cantou esta canção, por toda parte os Reis Bebês coraram, sabendo que ele estava se referindo a eles. Já sabemos agora que o orgulho constitui grande parte do problema do Rei Bebê. O que precisamos aprender é que o orgulho pode ser positivo. A humildade é uma aceitação de ser igual – nem melhor, nem pior. Ser igual é também ser honesto aberto e vulnerável. O que é difícil, mas possível agora. Sentimo-nos livres de sermos nós, podemos enfrentar a realidade. A humildade nos ensina a capacidade de aprender e de ser flexíveis. Para continuar a crescer e evitar as recaídas, a humildade tem de ser constantemente mantida.
  • 36. Página | 36 CULPA A máquina da culpa, ou seja, a consciência do Rei Bebê está avariada. Os Reis Bebês “mascaram” os seus comportamentos e perdem os seus sistemas de valor durante o processo. Tendo consciência disto, reagem exageradamente e se castigam constantemente por serem humanos. Até que o Rei Bebê que existe em nós encontre o equilíbrio e um novo conjunto de valores, um novo padrão de comportamento. Teremos de contar muitíssimo com os nossos padrinhos. Uma boa regra de conduta se nos sentirmos culpados, será não procedermos assim. Temos de descobrir em que acreditamos e viver de acordo com isso.
  • 37. Página | 37 USANDO NOSSA PERSONALIDADE COMPULSIVA Sabemos que temos personalidades compulsivas. Porque não tentamos ser dependentes em relação a qualquer coisa que seja positiva para nós? Podemos escolher algumas metas a curto prazo ou coisas que possamos fazer todos os dias. Podemos criar uma divertida, positiva e até apaixonada ligação amorosa com determinado programa de exercícios. Se quisermos podemos voltar a estudar.
  • 38. Página | 38 RELACIONAMENTO COM NOSSO PODER SUPERIOR Devíamos perguntar qual Poder Superior temos e como nos conectamos com Ele ao lermos as nossas meditações diárias. Podemos escolher um tema segundo o qual viver o dia a dia, lembrando que uma atitude positiva não é automática, mas vem com a prática e um trabalho árduo. Quanto mais as nossas expectativas diminuírem mais a nossa serenidade aumenta. Podemos praticar a aceitação em relação a nós mesmos e aos outros.
  • 39. Página | 39 DÉCIMO PASSO Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente. Assim, pois, aquele que pensa estar de pé tome cuidado para não cair. (1Co. 10:12). O Décimo Passo pode ser feito como um inventário de nossa vida, admitindo o que encontramos. Dispondo a aceitar que Deus nos mude e, então, humildemente lhe pedimos que elimine nossas imperfeições. Tomamos nota das reparações necessárias e as fazemos. O ponto mais importante é o inventário periódico. Precisamos reservar ocasiões regulares para o inventário pessoal. Cada noite devemos registrar as coisas positivas que fizemos e as coisas boas que nos aconteceram. Isto evidencia que devemos a nós mesmos algum crédito por aquilo que realizamos. Podemos rever calmamente os nossos erros e admitir prontamente aquilo em que erramos.
  • 40. Página | 40 RELACIONAMENTOS COM O SEXO OPOSTO Nossa recuperação é seriamente posta em pauta ao começarmos um relacionamento cedo demais. Ao experimentar o sofrimento que a recuperação causa, o Rei Bebê em nós procura muitas vezes novos relacionamentos para aliviar a dor do amadurecimento. Permitindo que isto aconteça é semelhante a um inseto que se deixa atrair pela luz. E o Rei Bebê, por várias vezes, cria uma relação de dependência e usa esse relacionamento como se fosse uma droga para ficar eufórico. Isto põe nossa recuperação em risco, ou ainda pior, pode provocar a recaída. A nossa imaturidade pode nos ter impedido de saber o que é ou como ter um relacionamento saudável. Tudo o que sabemos é possuir, invadir, atacar e conquistar. Adoramos a lua de mel, mas incapazes de aguentar os altos e baixos de um relacionamento. As emoções intensas de um relacionamento novo poderiam causar a perda de nossa sobriedade recém-encontrada.
  • 41. Página | 41 ELIMINANDO VELHOS PADRÕES DE COMPORTAMENTO Imagine por um instante uns fones de ouvido permanentes, fixados em você, com os quais num ouvido você escuta o Rei Bebê e no outro você escuta os A.A./N.A. Os nossos códigos de chamada serão R.B.B. (para Rádio Rei Bebê) e A.A./N.A. (para Rádio Alcoólicos Anônimos/Narcóticos Anônimos). Temos a escolha de sintonizar a frequência que queremos ouvir, R.B.B. ou A.A./N.A. R.B.B. representa a rádio com os pensamentos negativos1 , ou seja, os pensamentos e velhos padrões de comportamentos que nos levam à recaída, enquanto que A.A./N.A. representam a com os sentimentos de recuperação e os pensamentos que nos levam a pedir ajuda. Se desafiarmos a forma de pensar do R.B.B. e sintonizarmos somente em A.A./N.A., podemos começar a eliminar nossos velhos padrões de comportamento. 1 - “Stinking Thinking”.
  • 42. Página | 42 Comparação de pensamentos negativos do Rei Bebê em relação a Slogans dos A.A./N.A. Pensamentos negativos do Rei Bebê Slogans dos A.A./N.A. Viva no passado e preocupe com o futuro Um dia de cada vez Continue fugindo dos medos e apreensões Devagar se vai sempre2 Tente fazer as coisas do seu jeito Se entregue, renda-se a Deus3 Reaja exageradamente quando as coisas não acontecem como pensa que deveriam acontecer Viva só por hoje Tente reescrever o Livro Azul, os Passos e as Tradições, escolhendo as partes em que quer trabalhar e abandone o resto Não permita o que está para acontecer4 2 - “Easy does it”. 3 - “Let Go and Let God”. 4 - “Il it works, don’t do it”.
  • 43. Página | 43 Esqueça que se manter sóbrio e A.A./N.A. são suas prioridades n°1 Primeiro as primeiras coisas Complique as coisas até o ponto da “análise paralisante” Mantenha as coisas simples5 Faça o inventário dos outros, salientando quando estão errados Faça seu próprio inventário As pequenas mentiras não tem importância É um programa honesto Justifique os rancores e se agarre a eles Não guarde ressentimentos. Fale o que está sentindo 5 - “Keep a simple”.
  • 44. Página | 44 Compare os sintomas da recaída do Rei Bebê com os princípios de A.A./N.A. Sintomas de recaída Princípios Desonestidade Honestidade Dúvida Esperança Procrastinação Ação Medo Coragem Facilitação Integridade Complacência Boa vontade Arrogância Humildade Auto piedade Amor fraterno Libertinagem Autodisciplina Negligência Perseverança Ingratidão Consciência espiritual Onipotência Serviço
  • 45. Página | 45 A ATITUDE A TER É DE GRATIDÃO Aprendemos finalmente a nos alimentar, apoiar e a acariciar a nossa criancinha receosa. Decretamos trégua com o nosso lado Rei Bebê e nos tornamos capazes de controlar o que se passa dentro de nós. Nunca ocorreu ao Rei Bebê que uma pessoa pudesse ser autodisciplinada e viver uma vida normal e, apesar disso, estar realmente “de boa” e ter vida. Podemos agora desenvolver uma serenidade interior que o Rei Bebê nunca pensou ser possível existir. Existe um poema lindo, chamado “O Pedido e a Resposta”, que descreve os sentimentos que o Rei Bebê tem quando toma consciência que através de todo sofrimento, recebeu grandes bênçãos.
  • 46. Página | 46 O PEDIDO E A RESPOSTA (Oração Universal de Ação de Graças) Pedi a Deus que me desse força para poder realizar, Nasci fraco, de forma a ser capaz de aprender a obedecer humildemente. Pedi saúde de forma a poder atingir coisas maiores, Recebi enfermidades para conseguir fazer coisas melhores. Pedi riquezas para poder ser feliz, Recebi pobreza para poder ser sensato. Pedi poder, de forma a receber os louvores dos homens, Recebi fraqueza de forma a sentir a necessidade de Deus. Pedi toda a espécie de coisas para poder gozar a vida, Recebi a vida de forma a poder gozar todas as coisas. Não recebi nada do que tinha pedido, Mas tudo o que necessitava, Quase que contra a minha vontade, As orações que não pronunciei foram ouvidas, Sou, entre todos os homens, Profundamente abençoado.
  • 47.
  • 48. 1 Recuperação é o que acontece aqui ... !!! A R A I V A “ Descubra seu próprio poder de mudança. ” A RAIVA 1) Introdução: Por que preocuparmo-nos com a raiva? No final das contas não é verdade que todos nós nos zangamos? De fato a raiva é um sentimento humano que todos experimentamos de vez em quando. O principal problema esta nas conseqüências. O que acontece quando você fica com raiva? Se não acontece nada quando você se zanga, então a sua raiva não é razão para preocupação, isto porque as conseqüências são limitadas. No entanto se fizer coisas derrotistas em relação a si ou se fizer mal aos outros, se sua raiva tiver conseqüências dolorosas ou prejudiciais, então talvez tenha razão para se preocupar com ela. Por exemplo: Estamos a guiar por uma estrada atrás de uma pessoa que conduz seu veículo à 50 km/h, numa zona de velocidade cujo limite é de 100 km/h, e você está atrasado para um encontro. Começa a sentir-se muito irritado e por causa disso, ultrapassa imprudentemente o outro carro, põe a sua vida e a dos outros em risco por causa da sua RAIVA, isto é, potencialmente uma conseqüência muito perigosa para sua raiva. Outro exemplo: À tarde, você quer ir embora do trabalho mais cedo para jogar futebol. Começa a trabalhar cedo, trabalha na hora do almoço para compensar o fato de querer sair mais cedo. No meio da tarde, aparece seu patrão e destina-lhe uma nova tarefa e deseja que fique feito antes de você ir embora. Você obedece, mas somente acaba a tarefa muito tarde, quando não dá mais para jogar futebol. Quanto mais o tempo vai avançando mais você vai sentindo-se furioso. Quando sai do trabalho, para em um bar, ou em uma boca, na tentativa de aliviar o seu sentimento de raiva. Acaba por usar demais, chegando em casa muito tarde e tem uma discussão com sua mulher, a quem você não se preocupou em telefonar para avisar que ia chegar mais tarde, tropeça nos brinquedos das crianças que estão espalhados pela sala onde seus filhos estiveram brincando, esperando por você, transfere toda sua raiva contra as crianças mandando-as imediatamente arrumar a sala, ameaça-as ao ver que elas demoram ao guardarem os brinquedos e finalmente, num ataque de fúria manda-as para a cama, depois senta-se para jantar com a mulher e acusa-a violentamente de ser má mãe.
  • 49. 2 Para alguns de nós, as conseqüências dolorosas da raiva, resultam de transferirmos abertamente aos outros. Por outro lado alguns de nós podemos negar nossa própria raiva, guardando-a para nós mesmos o que vai nos consumir em autopiedade e rejeição que resultam no nosso uso de álcool e outras drogas. 2) Aprendendo a compreender a RAIVA e suas causas: Aprender a lidar com a raiva de maneira saudável, sem fazer mal a nós próprios e aos outros e uma parte fundamental em nossa recuperação. A maioria de nós pensa que são as pessoas ou as situações que nos fazem ficar com sentimento de raiva. Acreditamos que é o que as outras pessoas fazem, ou o que nos acontece que causa nossa raiva. Transferimos para ou outros a responsabilidade da nossa raiva, ou acreditamos que temos mau gênio, como se fosse assim que fomos feitos e não podemos mudar. Acreditamos erradamente que nossa raiva é causada por pressões externas. Achamos que não podemos mudar, porque as pessoas, lugares e coisas não mudam. Este tipo de raciocínio , permiti-nos arranjar desculpas para o nosso sentimento de raiva e então atribuímos a culpa aos outros. Para alguns de nós culpar outras pessoas ou situações pela nossa raiva, fornece-nos uma desculpa para usar álcool ou outras drogas. Contrariamente à crença comum sobre a raiva, de que os outros ou as situações é nos fazem ficar zangados, acreditamos que o que realmente nos faz senti-la é pensar com raiva à respeito das coisas que nos acontece. Aquilo que pensamos ou contamos a nós próprios sobre um acontecimento é que nos faz sentir raiva, e não o acontecimento em si. Normalmente quando julgamos ou avaliamos qualquer coisa de forma negativa, ficamos com o sentimento de raiva. Se porém julgarmos ou avaliarmos uma coisa de forma positiva, nos sentiremos melhor. Basicamente não são os acontecimentos que nos perturbam, mas sim nossa forma de pensar sobre estes acontecimentos. Por outras palavras, sentimos como pensamos. Por exemplo: Uma mãe leva consigo o filho de um ano para visitar uma amiga. A criança gatinha pelo chão enquanto as duas mulheres conversam. A certa altura a criança estica-se até a mesinha onde estão as revistas e começa a atirar tudo pelo chão. A mãe afasta a criança da mesa, organiza as revistas e continua a conversa. A criança volta até a mesinha e atira as revistas novamente. A mãe observa a situação e pensa consigo mesma: “ Ela não devia fazer isto ...!!! ” A mãe grita com a criança, dá-lhe umas palmadas na mão e a criança começa a chorar. A amiga também observou a cena da criança e pensa consigo: “ É mesmo próprio de uma criança de um ano querer explorar, atirar e esparramar as coisas pelo chão. Seria melhor se eu tivesse preparado a sala para receber uma criança de um ano, pois a criança precisa se distrair !!! “ A amiga então diz: - Vamos ver se encontramos outras atividades que interessem ao seu filho. Este exemplo demonstra que sentimos da forma que pensamos. Com base na forma com que encararam a situação uma das mulheres ficou com sentimento de raiva e a outra não. Aquilo que pensaram ou disseram a si próprias, a forma com que avaliaram as circunstâncias determinou o que sentiram. Então o que queremos dizer realmente é que nosso pensamento á respeito de uma situação é que causa nossa raiva, e não a situação em si. A maneira de pensar que provoca em nós sentimento de raiva, tem a ver com nossa necessidade de controle e a nossa exigência de conseguirmos a todo custo impor nossa vontade.
  • 50. 3 A seqüência começa com o querermos que as coisas corram segundo a nossa vontade, o que é um exemplo normal do egocentrismo que todos temos. Quando este desejo não se realiza, e não conseguimos aquilo que queremos podemos ficar com sentimento de raiva. 3) Conseqüências da nossa raiva: As conseqüências de nossa raiva podem ser o tentarmos conseguir o que queremos, sendo verbal, manipulando, ou fisicamente agressivos, gritando, berrando ou batendo. O que acontece á nossa relação com os outros se usarmos a raiva para conseguirmos o que queremos? Como é que os outros nos vêem? Evitam-nos e ignoram-nos. Como é que isto repercute sobre a aceitação que temos de nós próprios? Resultado: “ BECO SEM SAÍDA, USO DE ÁLCOOL OU OUTRAS DROGAS. “ 4) Aprender a controlar a nossa raiva: Como poderemos então controlar nossos sentimentos de raiva? Sabendo que é a nossa maneira de pensar que causa nossa raiva, teremos que trabalhar, para modificar ou substituir nossos sentimentos irados, de forma tal, que possamos reduzir ou controlar essa raiva. Poderemos alterar as exigências que estão na base dos nossos pensamentos irados, tais como, “ não devias discordar de mim, eu não deveria cometer erros, terei que ser pontual, ... “. Esforçamo-nos para abandonar a necessidade de controlar tudo e todos, isto pode parecer simples e evidente, mas como é que aprende a modificar nossa forma irada de pensar? Para começar podemos fazer um “ Inventário Pessoal “. Fazer um inventário pessoal sobre nossa raiva, ajuda-nos a desenvolver uma maior consciência quanto à sua origem. Através do processo A, B, C, podemos compreender a anatomia da raiva. A =SITUAÇÃO= O problema que lhe desperta certos sentimentos de raiva. B =CONVICÇÕES= O que pensa ou diz a si mesmo, as suas exigências á respeito da situação. C =SENTIMENTOS E AÇÕES= Como se sente à propósito da situação em função do que pensa, e como se comporta diante do sentimento. Um exemplo:
  • 51. 4 A = SITUAÇÃO: à tarde quero ir embora do trabalho mais cedo para jogar futebol. Começo a trabalhar mais cedo, trabalho até durante a hora do almoço para compensar o tempo. Meu patrão destina-me nova tarefa e deseja que fique pronta antes que eu vá embora. Eu obedeço, mas só termino a tarefa muito tarde, quando não dá mais para ir jogar futebol. B = CONVICÇÕES: acredito que meu patrão deveria ter visto meu esforço no trabalho para sair mais cedo. C = SENTIMENTOS E AÇÕES: sinto-me cheiro de raiva. Saio do trabalho e vou diretamente para o bar ou para a boca, uso muito e chego em casa tarde, transfiro toda minha raiva à meus filhos e esposa. Se eu tivesse analisado esta situação de forma objetiva ou realista, teria compreendido que meu patrão, não tem obrigação de adivinhar que eu queria sair mais cedo. Ao chegar ao trabalho deveria tê-lo avisado de minha pretensão, evitando assim o sentimento de raiva e a transferência para o álcool ou outras drogas e nem mesmo Ter levado a violência para a casa comigo. 5) Fazer um “ Diário de bordo ”: Como parte do processo de aprendizagem para fazer um inventário sobre a sua raiva é muito útil, fazer um Diário de Bordo. Para começar tome nota dos acontecimentos ou situações passadas e recentes em que sentiu raiva. Ao descrever esta experiência, utilize o processo A, B, C. A B C Situações Convicções Sentimentos e Ações Depois de ter uma prática na descrição das manifestações de sua raiva passada ou recente, torna-se útil, trazer consigo um pequeno bloco de papel para fazer o registro diário das suas manifestações de raiva. Ao longo do dia a dia ou ao final do dia, você pode usar o esquema A, B, C, para tomar notas dos seus sentimentos de raiva. Fazer um diário irá ajudá-lo a desenvolver maior consciência da sua raiva, das suas causas e das suas conseqüências.
  • 52. 5 6) Usar o processo A, B, C para abrandar a fervura: A primeira parte do processo A, B, C, para o controle dos sentimentos de raiva pode ser comparada entre a analogia da caldeira e da raiva. Podemos imaginar nossa raiva como sendo a água dentro de uma caldeira sobre o fogão. Se a água continuar a aquecer, acabará por sair da chaleira sob a forma de vapor. Com nossa raiva acontece o mesmo, quanto mais raiva temos, mais provável que ela se exteriorize abertamente. No entanto, se apagarmos o fogo debaixo da chaleira, não se dará o jato de vapor. O que o processo A, B, C, nos mostra é que se “ Abrandarmos a chama “, dos pensamentos irados que estão a aquecer a nossa raiva, não haverá necessidade de se lançar fora e com violência de jato essa raiva, então mantemo-nos abertos para detectarmos os primeiros sinais de raiva. 7) Seguindo em frente: Controlar nossos sentimentos é como controlar um carro. É mais fácil para a velocidade de um carro que vai à 80 km/h do que aquele que vai à 120 km/h. da mesma forma é mais fácil acalmar nossos sentimentos antes que eles realmente comecem a se tornar incontroláveis. O que isto significa? É que cada um de nós tem que desenvolver uma maior consciência dos sinais de nossa raiva, tal como cerrarmos os dentes ou ficarmos mal do estômago. As formas como cada um de nós exterioriza sua raiva são diferentes. Controlar a raiva que se sente através do processo A, B, C, exigirá provavelmente, bastante prática até lhe trazer resultados. É por isto que alguns de nós se tornam especialistas em ficar transtornados e enraivecidos. A raiva tornou-se a forma habitual de lidar com situações problemáticas quando as coisas não correm como gostaríamos. O que isto significa é que você irá precisar de muita prática para aprender a controlar a raiva através do processo A, B, C, e desaprender seus velhos hábitos de sentir. 8) Conclusão: Chegamos a um ponto onde vimos os resultados da nossa velha maneira de viver e aceitamos que é necessário uma nova maneira, mas provavelmente ainda não conseguimos ver quanto a recuperação é rica em possibilidades!!! A próxima etapa de nossa jornada de recuperação é o 2º Passo.
  • 53. 6 “ EU SEGURO AS MINHAS MÃOS NAS SUAS E UNO O MEU CORAÇÃO AOS SEUS, PARA QUE JUNTOS POSSAMOS FAZER TUDO AQUILO QUE SOZINHO EU NÃO CONSIGO, MINHA GRATIDÃO FALA, QUANDO ME IMPORTO, QUANDO COMPARTILHO COM VOCÊS OS CAMINHOS DE MINHA RECUPERAÇÃO, TUDO ESTARÁ BEM ENQUANTO OS LAÇOS QUE NOS UNEM FOREM MAIS FORTES DO QUE AQUELES QUE NOS AFASTARIAM !!! “ Boa Prática !
  • 54.
  • 55. PARA PROBLEMAS COM BEBIDA Em Center City, Minnesota “Hazelden” conta com seis anos de experiência em recuperação de homens com problemas com bebida. Seus diretores foram "ao olho do furacão" de si mesmos e desenvolveram um programa baseado em leitura, meditação, educação audiovisual, consultas e discussões, que possibilitam aos hóspedes residentes entenderem os “porquês” deste problema, e como paralisar esta doença. Uma atenção especial é dada, servindo refeições apetitosas, visando o bem-estar físico, que é reconhecido como um dos mais importantes passos ao longo da caminhada para a recuperação. Descanso e meditação também são importantes, e os visitantes estarão autorizados apenas a pedido do hóspede residente. Pesca, canoagem, piscina são algumas das possíveis diversões. Médicos e enfermeiros disponíveis 24 horas por dia, e consultas psiquiátricas serão agendadas mediante solicitação. Preços razoáveis... para mais informações escreva para 341 North Dale Street Saint Paul 3, Minn. (or) Center City, Minnesota Uma organização sem fins lucrativos
  • 57. ii Copyright © 2014 Melody Beattie Negação Título em Inglês: DENIAL Publicado originalmente por: Hazelden Foundation Todos os direitos de tradução e publicação para o território brasileiro reservados por Editora JCB Publicações Ltda PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL POR QUAISQUER MEIOS, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DA EDITORA IMPRESSO NO BRASIL Printed in Brazil 1ª Edição Brasileira Maio de 2014 Infinite Loop Avenue,#304 California Place Patos de Minas, MG CEP 38700-000 Telefax: (34) 6963-4958 URL: www.jcbpublicacoes.com.br E-mail: editora@jcbpublicacoes.com Coordenação Editorial: AMMB Syncro Projeto Gráfico: MFMB Ilustra Edição de texto: AMMB Syncro Diagramação: JCB Desing Revisão: JCB Desing Adaptação da Capa: JCB Desing Ilustração: MFMB Ilustra Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Beattie., Melody Negação/Melody Beattie/ Tradução AMMB Syncro/. – 1ª. Ed. – Minas Gerais: Editora JCB Publicações Ltda., 2014. – (Dependência química) Título original: Denial. Bibliografia. ISBN 972-8272-06-5 1. Dependência Química. 2. Compulsão. 3. Tratamento I. Título II. Série CDD-717.4 07-7208
  • 58. iii Nota dos Editores à Tradução Brasileira: Uma adicção consiste no uso habitual de substâncias alteradoras do humor (medicamentos, álcool, drogas) ou de comportamentos (excesso de trabalho, jogos, abuso de comida, internet, falar demais, sexo, mania de limpeza, consumismo) que é caracterizado pela tolerância à substância ou comportamento (sendo que um crescente e contínuo uso à substância ou comportamento se tornam necessários para obter o mesmo efeito) e pela perda de controle (o uso continuado apesar de suas consequências negativas). A dependência química consiste na adicção ao álcool e/ou outras drogas. É uma doença progressiva e, se não for tratada, mortal. Sobre a Fundação Hazelden: Os “Materiais Educacionais da Hazelden”, editados no Brasil pela Editora JCB Publicações Ltda., oferecem uma grande variedade de informação sobre a dependência química e as áreas com ela relacionadas. As nossas publicações não representam necessariamente os programas da Fundação Hazelden, nem se pronunciam oficialmente por nenhuma organização dos Doze Passos. Sobre este livro: Este livro mostra a opinião de uma pessoa que lutou regularmente com a negação. Conta, também com citações de especialistas, incidentes e exemplos de como outras pessoas lidaram ou resolveram problemas específicos. Tais incidentes são verdadeiros, mas os nomes foram substituídos por fictícios para proteger o anonimato de pacientes e amigos. Espero que seja útil. Sobre a autora: Melody Beattie é uma das mais competentes autoras de autoajuda dos Estados Unidos, é conselheira e um nome familiar nos círculos de recuperação a compulsões e vícios. Apresentou ao mundo o termo “codependência”.
  • 59. v SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................... 7 FERRAMENTA OU ARMA? .................................................................. 8 É PARTE DE UM PROCESSO ............................................................... 10 DETECTANDO OS GATILHOS DA NEGAÇÃO ...................................... 16 TRABALHANDO A NEGAÇÃO ............................................................ 21
  • 60. Página | 7 INTRODUÇÃO Você descobre que alguém da família é um adicto e que você está com problemas com seu próprio comportamento compulsivo e codependente. Está novamente sendo afetado pela adicção só que de modo diferente. A consciência veio de repente. Você passa os meses deprimido, com raiva e cansado. “Não posso acreditar que levei anos para perceber. Sabia tudo sobre adicção. Como pude Negar por tanto tempo? Recuso-me a aceitar esta realidade”. Seja você ou alguém próximo sendo afetado pela negação. Isto pode trazer confusão e frustração, você pode interpretar isto como estupidez, absurdo ou insanidade. Ela é simplesmente um mecanismo para lidar com a perda e a dor. Precisa perceber e aceitar a Negação como uma ferramenta legítima do processo de Aceitação e Luto. Veremos não como eliminar a negação e sim como encontrar formas que nos ajudem na necessidade de usá-las. Não estamos falando da mesma Negação do Adicto que diz que está limpo.
  • 61. Página | 8 FERRAMENTA OU ARMA? O que é essa sombra que abafa as pessoas apaga sua sensibilidade as deixando cegas para a realidade? Que Mudanças acontecem que mudam as pessoas racionais para irracionais? Como podem dizer: “Isso não é assim”. Quando na verdade é. Esta sombra é chamada de Negação. Os Psicólogos dizem que ela é uma defesa consciente ou inconsciente que usamos para evitar, reduzir ou prevenir a ansiedade quando somos ameaçados. Quem está em Negação pode estar mentindo, negando em Admitir a verdade sobre algo. Mas ela não está fazendo isso só para os outros, está fazendo a si mesmo também. A negação trabalha a nível profundo. Dizemos mensagens a nós mesmos quando alguma coisa ameaça nos machucar. Ela nos engana, fazendo acreditar que “Não é verdade”. Podemos negar sentimentos, pensamentos, acontecimentos, mudanças, situações, problemas, doenças e até mesmo a morte. Mas o que normalmente negamos são as perdas. As pessoas perdem amor, pessoas amadas, autoestima, fé em Deus, confiança, sonhos, trabalho, saúde, dinheiro, posses, independência, etc. Podem
  • 62. Página | 9 perder coisas importantes para elas. Mas que os outros dificilmente veem como perdas. Quando os adictos negam sua doença, continuam a usar até a morte ou loucura. Os codependentes negam que foram afetados pela doença e continuam sofrendo e fazendo os outros sofrerem enquanto estiverem em Negação. As pessoas que negam a realidade não estão admitindo nem resolvendo o problema, estão eliminando a possibilidade de mudanças. Nós usamos a negação para lidar com a dor ou problemas, mas não lidar com eles não seria uma aceitação melhor? A aceitação, assim como a intervenção quando usada de forma correta e com carinho são excelentes Ferramentas Terapêuticas. A Negação pode ser o primeiro passo para a Aceitação.
  • 63. Página | 10 É PARTE DE UM PROCESSO Aceitação não é fácil, não reagimos imediatamente com serenidade à dor ou aos problemas. Precisamos lutar contra aquilo em que acreditamos ou contra o que se sente antes de poder aceitar uma perda ou doença. Temos que atravessar um processo. Elisabeth Kubler Ross observou e documentou pela primeira vez o processo de cinco fases do Luto em seu trabalho dentro de hospitais com doentes terminais. Ela identificou a maneira como maioria dos pacientes terminais reage à aceitação de sua morte prevista. Alguns Centros de Tratamento creem que esse processo de Luto está intimamente ligado ao tratamento e recuperação de doenças compulsivas como a adicção. Visto que esta doença traz tantas perdas. Infelizmente não são todas que trabalham assim e mantém um cronograma arcaico que já não funciona mais, está ultrapassado. Usam apenas os Doze Passos, alguns textos em comum que todos os centros têm e usam em reuniões de sentimentos de onde o interno sai pior do que entrou, pois os facilitadores que dirigem as reuniões muitas vezes não sabem lidar com o sentimento dos outros. Tais clínicas acabam se tornando depósitos de pessoas, um grupo de apoio internado sem capacidade de recuperação.
  • 64. Página | 11 Temos que facilitar reuniões visando o desenvolvimento do paciente. Assim não haverá confusão, a equipe pode se preparar antes de cada uma e sempre iniciar um programa de recuperação estimulando a necessidade de conscientização com a Negação e Luto seguidas das reuniões de TRE. O novo residente antes de qualquer coisa tem que ver essas reuniões de conscientização para colocar a mente dentro do lugar onde está, pois por pelo menos um mês a cabeça dele vai, com certeza, se focar na rua, pensando no que os companheiros estão fazendo, lembrando aventuras, etc. Estas reuniões vão trazer a mente do residente para onde estão. Fazendo com que se interessem pelo programa de recuperação. Tomam a consciência de que a rua está na rua. Eles estão em outro lugar com os pés no chão. Podemos sofrer sempre que esperamos uma mudança mesmo desejada. Para qualquer mudança temos que deixar algo para traz de modo a abrir espaço para o novo. Não tem regra que determine quanto tempo vai ficar em cada uma das cinco fases e nem quanto tempo leva todo processo. Depende da natureza da perda e a que ponto está preparado para lidar com ela, do tempo do Poder Superior de cada um começar a agir. Porém, dura o
  • 65. Página | 12 tempo necessário para atravessar o processo. Ajudar as pessoas a crescerem é mais complicado do que fazer o mesmo com jardins e hortas. Apesar de poder colocar todas as fases no papel, a nossa passagem por elas talvez não siga a mesma sequência. Podemos viver várias ao mesmo tempo, podemos voltar a fases antigas ou pular algumas, estar em diferentes fases ao mesmo tempo. A aceitação permanente pode ser necessária. Este é o jeito que nosso Poder Superior trabalha em nós. 1. Negação: é a primeira reação à perda. Do mesmo jeito que a dor física pode por nossos corpos em choque, a dor emocional ou mental pode causar uma reação parecida em nossos sentimentos, pensamentos e até em nosso corpo. Alguns chamam de bloqueio. Parte de nós suspeita da verdade, mas ainda não estamos prontos para lidar com ela. Lembrando que não há um tempo determinado para a duração da Negação. Cada ser e situação são únicos e negam até se sentirem seguras para lidar com a perda de outra forma. Tendo ultrapassado a Negação, ainda não é hora de chegar à Aceitação.
  • 66. Página | 13 2. Raiva: esta fase é caracterizada pela inveja, por transferir a culpa para outros, por ressentimentos e muitas vezes por fúria. Esta raiva pode ser especifica ou pode ser geral, pode ser racional ou irracional, justificada ou injustificada, sensata ou sem sentido. Podemos chutar o cachorro, gritar com as crianças e lá dentro não estar com raiva de nenhum deles. Estamos com raiva por causa da nossa perda. Temos inveja daqueles que podem tomar uma bebida antes do jantar sem terminar recaído à meia noite. Da mesma modo que precisamos da Negação, agora precisamos da Raiva. Ela é combustível se não for trabalhada, mesmo assim, precisamos saber lidar com ela. 3. Negociação: depois que passar a ira, podemos tentar negociar uma forma de evitar ou adiar a perda. Algumas vezes nossos acordos são construtivos, realistas e tem o resultado esperado. Mas, na maioria das vezes, eles não são realistas. O alcoólico vai tentar um acordo em que pelo menos ele beba uma só cerveja ou um final de semana por mês. 4. Depressão: nesta fase, avançamos para um período de tristeza. Quando dissemos pela
  • 67. Página | 14 primeira vez: “Isto não pode ser verdade”, fomos levados para este momento. É a essência da dor, estar realmente de Luto. A dor emocional na sua forma mais pura. Choramos pelo que perdemos, e também pelo que vamos perder. Este estado de tristeza pode levar horas, dias, semanas ou até meses. Quando nos rendemos, este processo começa. E a Depressão só passará quando o processo for todo ultrapassado. 5. Aceitação: no momento em que não precisamos mais bloquear a raiva, fazer acordos e depois de ter lidado com a tristeza, chegamos à fase da Aceitação. Ela não deve ser confundida com uma fase feliz. É vazia de sentimentos, é como se a dor tivesse ido embora. Estamos em paz e livremente admitimos a nossa impotência perante adicção. Deus nos deu a serenidade para aceitar o que não podemos modificar. Depois desta aceitação, nós crescemos. Podemos aceitar a perda e crescer, mas o caminho não é fácil. Precisamos nos agarrar à esperança, em todas as fases ela é uma linha de segurança. É importante entender e assinar um compromisso com este processo. É positivo entender o Luto e a Negação. As pessoas que sofrem estão vivendo este processo. O que
  • 68. Página | 15 precisamos é nos permitir e aos outros, a liberdade de lutar, sentir e falar sobre este processo quando quisermos. Entender o processo não vai tirar a necessidade de atravessá-lo, mas vai ajudar a relaxar, ter menos medo e lidar com ele, em vez de lutar contra ele. E entendendo este processo podemos ser uma boa ajuda para os outros.
  • 69. Página | 16 DETECTANDO OS GATILHOS DA NEGAÇÃO Apesar da dificuldade em reconhecer a negação, podemos aprender a ficar sensíveis à sua presença. Cada um é um ser único, e cada sistema de negação vai ser único. Porém, podemos observar certos padrões emocionais, comportamentais e mentais que são comuns. Como vemos esses gatilhos Os quatro principais sistemas de negação que as pessoas usam são: 1. Recusar em aceitar a realidade, caracterizada por frases como, “não acredito", "não pode ser verdade", “isto não está acontecendo”. Então começamos a ter comportamentos como se o acontecimento, perda ou problema não estivessem acontecendo. 2. Negar ou minimizar a importância da perda, admitindo a realidade do que passou, mas insistindo que não é importante como dizem. Não consideramos o problema importante.
  • 70. Página | 17 3. Negamos qualquer sentimento de perda: isto é a repressão emocional. Podemos demonstrar e agir como se não fosse importante. Aparentando estar emocionalmente vazios. 4. Fuga mental: evitamos os acontecimentos, mentalmente de várias maneiras. Dormir demais para escapar. Ficar hiperativos, impulsivos, obsessivos e compulsivos, ou focar em televisão, rádio, jornais. Quem está evitando a realidade podem ir longe para contornar situações que confrontam seu sistema de negação. Tendo muito trabalho para evitar a verdade. Os adictos são conhecidos por levarem suas vidas de forma que seja um suporte para a negação. Como sentimos esses gatilhos 1. Pode se sentir desesperado, sozinho, pouco à vontade, confuso, assustado, ansioso, culpado, vulnerável ou até fora de controle. 2. Ao contrário pode não sentir nada. As emoções estão blindadas, frias ou reprimidas.
  • 71. Página | 18 3. Responde às situações de forma inadequada. Alegria quando momento é de tristeza, infelicidade ou raiva quando outro sentimento seria mais apropriado. 4. Sentimo-nos cansados por causa da fuga no sono. Quem nega pode sentir um cansaço fora do comum por causa da negação, pois o processo é cansativo. Evitar a realidade é como manter uma bola grande debaixo d’água. Pode ser feito, mas exige energia. 5. Sentimo-nos, às vezes, defensivos sobre o que estamos negando. As pessoas podem sentir isso, tendo sido verbalizado ou não, mas é melhor não falar nisso. O problema não é discutido por medo de outra cena. 6. Um sentimento como o de estar desconectado ou fora contato de consigo mesmo, é na maioria das vezes, um sinal de negação. Podemos estar desligados de nós mesmos e da nossa capacidade de sentir e pensar. 7. Negação por muito tempo pode fazer com que uma pessoa se sinta doente e até pode ficar
  • 72. Página | 19 doente, mental ou fisicamente. Pode ter dores de cabeça, dores no estômago, dores nas costas etc. Pode diminuir a imunidade e ficar doente mais vezes que o normal. Como realmente são esses gatilhos Quem está em negação pode dizer a elas mesmas e aos outros que: 1. Não é tão ruim assim. (minimização) 2. Não tem importância. 3. Não é assim, não pode ser. 4. Não me importo. 5. Estou muito ocupado para pensar nisso. 6. Amanhã vai ficar tudo bem. 7. Não sou tão ruim como ele. (comparação) 8. Foi muito divertido. (memória eufórica)
  • 73. Página | 20 9. Nós fizemos, porque era sensato. (racionalização) 10. Eu fiz, porque era o certo a fazer. (justificação) 11. Eu não tenho esse problema, mas um monte de gente que conheço tem. (projeção) 12. Eu não poderia ser assim porque sempre agi de forma contrária. (compensação) Esta lista não é completa, é apenas para dar uma ideia da comunicação que acompanha a negação.
  • 74. Página | 21 TRABALHANDO A NEGAÇÃO Examine seus motivos. Quer realmente ajudar a pessoa ou está tentando interferir ou controlar? Está com raiva, medo ou ressentido? Pensa que é melhor que esta pessoa? Estão em contato com seus sentimentos, crenças e poder superior? Está negando alguma coisa? Tem alguma necessidade de negar o que a outra pessoa está negando? Precisa ou espera que a outra pessoa negue algo pelas suas próprias razões? Se assim for a outra pessoa pode sentir isso e não vai cooperar. Se o seu coração não está na sintonia certa em relação a esta pessoa, ela vai sentir isso e sua ajuda vai tornar-se inoperante. Mantenha-se saudável. Saúde gera saúde, e doença gera doença. Se em algum momento perceber que precisa de A.A., N.A., Alanon, Nafta, Amor Exigente ou qualquer outro programa de Doze Passos, vá às reuniões regularmente e trabalhe seu programa. Se você teve uma doença terminal, crônica e incurável o ano passado ou há dez anos, você ainda a tem. Tratá-la vai minimizar a sua necessidade de usar a negação e o programa de Doze Passos vai ajudá-lo a lidar com as outras pessoas. Ofereça ajudas saudáveis: Permita-se a si e aos outros pensar, sentir, resolver problemas, ser quem são e estar
  • 75. Página | 22 onde estão no seu processo de crescimento. Estas autorizações dão força, energia e são de muita ajuda. Porque a negação faz entrar em curto circuito os padrões de comportamento e os processos de pensamento e as emoções de uma pessoa, dar uma ajuda deste tipo pode encorajar a maquina a recomeçar a trabalhar. Dar às pessoas a autorização para serem quem são passageiros imperfeitos numa viagem - pode reduzir a sua necessidade de usarem a negação. Não há problema em ter problemas. Não há problema em resolver problemas também. Uma autorização contrária que eu dou às pessoas - especialmente a crianças que precisam aprender e a pessoas que tem tendências destrutivas é: “Não é aceitável magoar-se ou aos outros”. Isto pode ser claro para nós, mas não o ser para eles. Ouça se quiser. Deixe as pessoas saberem que está disponível se elas quiserem falar. Falar ajuda as pessoas, tiram coisas da cabeça e a arejam. É saudável ser ouvido, cria aceitação. Lembre-se que ajuda ouvir com seu coração assim como com seus ouvidos. O que está ouvindo pode ser outra forma de dizer: “tenho medo”, ”estou sofrendo”, “estou confuso”. Fale de você, das suas emoções e das suas experiências: Falar dos seus sentimentos é sempre uma
  • 76. Página | 23 boa maneira de lidar com eles. Vai ajudá-lo. E, partilhar honestamente as suas emoções e experiências pode ajudar outras pessoas também. Pode dar-lhes coragem de fazer o mesmo, as suas vitórias podem dar-lhes esperança. Se sentir que tem que falar de outra pessoa seja gentil. As pessoas que estão sofrendo reagem bem à gentileza: “Soa como se estivesse com problemas apenas”. Melhor ainda, encontre algo de bom nesta pessoa – uma qualidade, algo que esta pessoa tenha e que você gosta e aprecia – e ofereça este elogio. Isto pode ajudar mais do que imagina e você desenvolve um bom traço de caráter. Ofereça informação, literatura e referências: Isto quer dizer pergunte à pessoa se ela quer ler um livro, um folheto, uma apostila ou um artigo. Se a resposta for não, então não insista. Lembre-se que há uma grande diferença entre informação e conselho. Não dê nem ofereça conselhos. Não ajuda e só serve para deixar as pessoas furiosas. Mesmo que lhe seja pedido não os dê. Uma boa resposta seria: “O que você acha que deveria fazer?” Isto ajuda e ninguém leva a mal. Leia o livro azul de A.A. ou de N.A. e outras literaturas do programa de Doze Passos: Contém muita sabedoria que pode ajudar na identificação da pessoa que está ajudando.
  • 77. Página | 24 Demonstre empatia. Esta é uma palavra bonita que significa se colocar no lugar do outro. Não quer dizer auto piedade, quer dizer lembrar-se o que significa sofrer uma perda tão grande que precise negá-la. Se não consegue se lembrar de ter sofrido ou negado, e se não consegue ter empatia, se ainda assim não consegue lembrar-se, talvez você não seja a pessoa certa para lidar com a pessoa que está sofrendo. Empatia ajuda, e pode ajudar muito a reduzir a necessidade de negar. Evite julgar. As pessoas têm problemas, não são o problema. Dizer ou acreditar que uma pessoa é má, inferior, sem esperança, horrível ou orgulhosa não vai ajudar. Mesmo que sinta isso em seu coração, se não o disser não vai ser ouvido (mas não esqueça que o corpo fala, então procure não demonstrar, ao invés disso procure perceber se não existe alguma identificação entre você e a pessoa que está tentando ajudar). Especialistas acreditam que o medo, a culpa e a vergonha são algumas das maiores barreiras que as pessoas enfrentam para parar de negar. Se juntarmos à culpa e a vergonha de uma pessoa – se lhe dissermos que os seus piores receios são verdade – isso não vai ajudar. Pode é aumentar a necessidade de usar a negação.
  • 78. Página | 25 Não discuta. Raramente isso ajuda uma pessoa a parar de negar. Desvia a atenção e faz perder tempo e energia. Você não pode apoiar ou concordar com a negação, mas também não deve forçar uma pessoa a ver a realidade. Às vezes ajuda dizer: “Está bem, pode ser que tenha razão”. E deixar ir. Isto tira a pressão de você e a coloca na outra pessoa de uma maneira positiva, e que ajuda. Deixe as pessoas lutarem com elas mesmas e decidirem se tem razão. Sua batalha com a verdade e a realidade é muito mais dura de vencer que uma batalha com você mesmo. E quando esta batalha acabar vão ter ganhado algo. Isto não quer dizer que não possa ter raiva de quem está em negação. Você tem direito aos seus sentimentos, e precisa senti-los e, às vezes, comunicá-los. Mas gritar não é normalmente a melhor maneira de fazê-lo. Respeite as pessoas. Isto inclui acreditar que elas são boas pessoas (mesmo que tenham problemas). Elas podem pensar e podem resolver seus problemas. Isto quer dizer que permitimos que façam essas coisas por si mesmas. Pergunte-lhes o que elas creem que o problema seja. Pergunte como querem resolvê-los. Não temos que curar fazê-los ficarem melhor, controlar ou salvar. Não temos que lhes dar conselhos, nem fazer com que seus sentimentos desapareçam.
  • 79. Página | 26 Não temos e não devemos nos envolver com suas crises e consequências. Tais consequências são uma das maneiras em que a realidade fala alto para aqueles que estão em negação. Pare de salvá-los! Vai lhes fazer um grande favor e a si mesmo. Respeite-se. Ponha limites. Para sua saúde e bem estar. Não faça coisas pelos outros que realmente não quer fazer, que não sejam boas para você ou que não sejam boas para eles. Procure ser assertivo. Não deixe que uma pessoa que está em negação lhe faça coisas que te façam mal. Isto não quer dizer para dar ultimatos ou fazer jogos de poder (fazer algo para obrigar uma pessoa a ter um comportamento qualquer ou para “mostrar quem manda”). Isto quer dizer que calmamente deve descobrir o que precisa fazer para tomar conta de você e fazê-lo. Marque os limites. Confronte com cuidado. Isto não é um trabalho de confronto ou intervenção. Ambas são boas ferramentas, quando usadas de forma conveniente. Ambas podem igualmente ser perigosas – para nós e para as pessoas que confrontamos. Despir uma pessoa de ilusões não é um projeto casual. Se o assunto que está sendo negado é sério a pessoa pode parar com a negação após ser confrontada. Mas lembre-se – esta pessoa não vai provavelmente evoluir calmamente para a aceitação. Pode avançar para a segunda fase do processo, a raiva.
  • 80. Página | 27 Podem surgir atos violentos quando situações como essas acontecem. Tenha cuidado, John Powell explica porque em seu livro “Porque tenho medo de lhe dizer quem sou?” “A vocação de endireitar pessoas, de lhes tirar as máscaras, de forçá-los a enfrentar a verdade reprimida é uma chamada extremamente perigosa e destrutiva. Ele não pode viver com algo que realizou. De uma maneira ou de outra, ele mantém-se psicologicamente intacto através de uma forma de ilusão. Se essa ilusão for desmontada, quem a vai reconstruir e por o ser humano de pé outra vez?” Procure ajuda profissional se pensa que você, ou alguém perto de você está tendo problemas com a negação, ou se está considerando confrontar ou intervir um caso difícil. Desligue-se do comportamento difícil que está tentando ajudar. Não leve as pessoas pessoalmente nem os problemas delas com você. Não somos responsáveis por outros adultos – não assuma responsabilidades por eles ou por seus problemas. Em último caso e com toda certeza cada pessoa é responsável pela sua negação. O seu processo de negação é sua responsabilidade. Ocupe- se das suas responsabilidades – de você e do seu processo de aceitação. Se não podemos controlar os outros, o que aparentemente não podemos, então ao menos devemos
  • 81. Página | 28 tentar controlar a nós próprios. Se lhe está sendo difícil afastar-se de uma pessoa ou de um problema, pode querer considerar o grupo de apoio. Peça ajuda. Confie em você, no seu processo de aceitação e no seu Poder Superior. Não existem regras absolutas para lidar com a negação ou com as pessoas. Cada situação e cada pessoa são únicas. Mas você pode pensar e perceber como lidar com as situações que surgirem. Você quer ajudar a alguém? Pergunte ao seu Poder Superior. Peça que o use e lhe mostre o que fazer. Empenhe-se em ser gentil, pensar claramente e em ter amor nos seus encontros com pessoas. Esqueça-se da perfeição. Você nem sempre tem de fazer algo. As pessoas reestruturam-se “caindo aos pedaços” – e o processo muitas vezes começa pela negação. É assim que Deus trabalha conosco. Abra mão do controle e deixe que Deus o faça por você.
  • 82.
  • 83.
  • 84. PARA PROBLEMAS COM BEBIDA Em Center City, Minnesota “Hazelden” conta com seis anos de experiência em recuperação de homens com problemas com bebida. Seus diretores foram "ao olho do furacão" de si mesmos e desenvolveram um programa baseado em leitura, meditação, educação audiovisual, consultas e discussões, que possibilitam aos hóspedes residentes entenderem os “porquês” deste problema, e como paralisar esta doença. Uma atenção especial é dada, servindo refeições apetitosas, visando o bem-estar físico, que é reconhecido como um dos mais importantes passos ao longo da caminhada para a recuperação. Descanso e meditação também são importantes, e os visitantes estarão autorizados apenas a pedido do hóspede residente. Pesca, canoagem, piscina são algumas das possíveis diversões. Médicos e enfermeiros disponíveis 24 horas por dia, e consultas psiquiátricas serão agendadas mediante solicitação. Preços razoáveis... para mais informações escreva para 341 North Dale Street Saint Paul 3, Minn. (or) Center City, Minnesota Uma organização sem fins lucrativos
  • 85. O LUTO UM PROCESSO DE CURA Peter C. McDonald Hazelden Foundation Editora JCB Publicações Ltda
  • 86. ii Copyright © 2014, Peter C. McDonald O Luto - Um processo de cura Título em Inglês: GRIEVING – A HEALING PROCESS Publicado originalmente por: Hazelden Foundation Todos os direitos de tradução e publicação para o território Brasileiro reservados por Editora JCB Publicações Ltda PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL POR QUAISQUER MEIOS, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DA EDITORA IMPRESSO NO BRASIL Printed in Brazil 1ª Edição Brasileira Maio de 2014 Infinite Loop Avenue,#304 California Place Patos de Minas, MG CEP 38700-000 Telefax: (34) 6963-4958 URL: www.jcbpublicacoes.com.br E-mail: editora@jcbpublicacoes.com Coordenação Editorial: AMMB Syncro Projeto Gráfico: MFMB Ilustra Edição de texto: AMMB Syncro Diagramação: JCB Desing Revisão: JCB Desing Adaptação da Capa: JCB Desing Ilustração: MFMB Ilustra Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) McDonald, Peter C. O Luto – Um processo de cura / Peter C. McDonald; / Tradução: AMMB Syncro /. – 1ª. Ed. – Minas Gerais: Editora JCB Publicações Ltda., 2014. – (Dependência química) Título original: Grieving – A Healing Process. Bibliografia. ISBN 972-8272-03-6 1. Dependência Química. 2. Compulsão. 3. Tratamento I. Título II. Série CDD-717.3 07-7209
  • 87. iii Nota dos Editores à Tradução Brasileira: Uma adicção consiste no uso habitual de substâncias alteradoras do humor (medicamentos, álcool, drogas) ou de comportamentos (excesso de trabalho, jogos, abuso de comida, internet, falar demais, sexo, mania de limpeza, consumismo) que é caracterizado pela tolerância à substância ou comportamento (sendo que um crescente e contínuo uso à substância ou comportamento se tornam necessários para obter o mesmo efeito) e pela perda de controle (o uso continuado apesar de suas consequências negativas). A dependência química consiste na adicção ao álcool e/ou outras drogas. É uma doença progressiva e, se não for tratada, mortal. Sobre a Fundação Hazelden: Os “Materiais Educacionais da Hazelden”, editados no Brasil pela Editora JCB Publicações Ltda., oferecem uma grande variedade de informação sobre a dependência química e as áreas com ela relacionadas. As nossas publicações não representam necessariamente os programas da Fundação Hazelden, nem se pronunciam oficialmente por nenhuma organização dos Doze Passos. Sobre este livro: Este livro mostra o luto como uma coisa que todos enfrentam ao longo da vida. A perda e o luto subsequente fazem parte da vida e não há como fugir deste fato. O Décimo Segundo Passo diz que “temos que praticar estes princípios em todas as nossas atividades”. Estas atividades podem ser às vezes as perdas que se tem que enfrentar. Sobre o autor: O Rev. Peter C. McDonald é membro de uma equipe multidisciplinar, que presta serviços a pacientes terminais e às suas famílias. Ele realiza terapias espirituais e é facilitador em grupos de apoio ao luto como um serviço à comunidade.
  • 88. v Agradecimentos Gostaria de agradecer ao Rev. Benonis, capelão e Tenente coronel do Exército dos Estados Unidos da América por ter feito a ligação entre o processo do luto e o Primeiro Passo dos A.A. Limitei-me a transcrever para o papel o que ele descobriu através de seu trabalho em Hazelden e durante nossos cursos residenciais de Educação Clínica Pastoral. Aprendi muito com ele e tive, também, o prazer de ter partilhado de sua amizade nessa época de minha vida. Desejo ainda à Rev. Priscilla W. Braun, senhora de grande sabedoria e amor. Este livro é dedicado a eles.
  • 89. vii SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................... 9 PERDAS ASSOCIADAS AO LUTO ......................................................... 10 O PROCESSO DO LUTO ....................................................................... 14 OS CINCO ESTÁGIOS DO LUTO ......................................................... 15 CONCLUSÃO ........................................................................................ 21
  • 90. Página | 9 INTRODUÇÃO Quando se inicia verdadeiramente o Primeiro Passo “Admitimos que somos impotentes perante nossa adicção e que perdemos o controle de nossas vidas”, percebe-se que ele trata simplesmente da aceitação da perda. Isto pode parecer assustador, mas não precisa ser assim, basta admitir que a impotência, é a aceitação da perda de poder sobre si mesmo e sobre o mundo. Talvez seja útil saber que em qualquer tipo de perda se seguirá, inevitavelmente, o luto. Ele acompanha a perda seja ela grande ou pequena. É bom saber que o luto passa por várias fases e que quase sempre termina pela aceitação da perda. Isto é outra forma de dizer que o Primeiro Passo faz parte do processo de luto. Assim, todos que admitem sua impotência no Primeiro Passo, passaram pelo processo do luto, como um critério para continuar o programa dos Doze Passos.
  • 91. Página | 10 AS PERDAS ASSOCIADAS AO LUTO Consideremos algumas das perdas que sofremos ao deixar a nossa dependência: 1. A própria substância: seja a droga, o álcool, ou outras compulsões, a garrafa (ou o que seja), é uma velha amiga de quem muitas vezes se depende para afastar o “sofrimento”, para ajudar a sentir que se controla a situação e ter melhor opinião sobre si mesmo. Quando deixamos esta “muleta” de lado, ocorre o pensamento de que teremos que aguentar tudo sozinho sem qualquer tipo de ajuda. 2. Os amigos: quando paramos de beber ou de se drogar, simultaneamente deixamos de lado um velho círculo de amigos. Podem ser vizinhos ou colegas de trabalho, ou até mesmo membros da família que continuam bebendo ou se drogando. Do mesmo modo, se a bebida ou as drogas acompanhavam os esportes ou outras atividades sociais, poderá ser necessário deixar estas atividades de lado durante algum tempo, caso continuar com elas cause risco a sua recuperação. Os familiares codependentes (aqueles que tentam
  • 92. Página | 11 controlar o comportamento do adicto ou de outras pessoas e perdem o controle do próprio comportamento) poderão continuar com estas atividades ou optar em deixá-las por algum tempo, se isto for ajudar o adicto em sua recuperação. 3. Um relacionamento: caso esteja terminando um, com frequência, se perde não só esta pessoa, mas todo um grupo de amigos e conhecidos, incluindo os membros da família que se deixa de ver e os lugares que costumavam frequentar. Deixar amigos e atividades cria um grande espaço de tempo ocioso durante o qual pode se sentir, normalmente, isolado e deprimido e que se não for sabiamente ocupado, poderá ser um gatilho que dispara uma recaída. 4. A autoimagem e a autoestima: sob a influência do álcool ou do químico, o adicto acreditava que cuidava bem de sua família, que era uma pessoa responsável e carinhosa, pensava que controlava as situações que surgiam, e que sua compulsão por bebidas ou drogas não os prejudicava ou as pessoas que estavam ao seu redor. Mas quando se decide parar, começa a se conscientizar de que
  • 93. Página | 12 não era esse o caso. Verificamos que não se tinha o controle sobre a adicção ou às situações. Se conscientizar disso constitui um terrível golpe para a maioria e destrói a autoestima e as ilusões a seu respeito. 5. Emprego: muitas vezes a drogadição ou o uso abusivo de álcool foi a causa da perda de um emprego (ou mesmo de uma série de empregos). Isto pode ser uma perda realmente difícil se o sentimento de identidade do indivíduo dependia deste emprego. Para muitos, uma grande parte da autoimagem está associada ao que se faz para ganhar a vida. 6. A família: Em outros casos, muitos como consequência de beber ou se drogar, perdem alguém através de uma separação ou de um divórcio. A presença da esposa, marido, pai, mãe é importante para todos e dá sentido às vidas de todas as pessoas. Às vezes, as pessoas mais novas perdem os pais por causa de sua própria dependência ou da dependência de um dos pais, o que pode, de qualquer maneira, ser uma perda enorme. Desempenhar o papel de criança proporciona segurança, e perder este papel os
  • 94. Página | 13 obriga a se transformar em qualquer coisa nova – adulto, responsável, independente. Isso pode se tornar assustador. 7. Foco: Finalmente e talvez o mais importante, é perder a razão de viver, se tiver vivido para beber ou se drogar, para ser pais ou para contribuir de alguma forma através do trabalho (quer seja em relação à família, à empresa ou à sociedade), e perder qualquer destas coisas devido a doença. Perde-se então a razão de viver e se não existir uma razão para viver, morremos.
  • 95. Página | 14 O PROCESSO DO LUTO O luto é uma resposta saudável a uma situação difícil de perda. Não importa o que se perde, pode ser um ente querido ou o controle sobre o álcool ou as drogas. O foco de problema é a impotência sobre o álcool, as drogas, a vida, a morte, os sentimentos de outra pessoa, seu comportamento. Qualquer perda leva ao luto, e para aceitar completamente essa perda, devemos fazer seu luto. Somente pelo processo de luto é que chegaremos a um estado de espírito de paz e serenidade. A Dra. Elisabeth Kubler-Ross, estudou o processo do luto em um trabalho e descreveu várias fases que observou nos doentes e em suas famílias. Embora as situações possam ser diferentes, o processo é o mesmo para quem quer que experimente uma perda. É por isso que os estágios por ela descritos se aplicam igualmente ao alcoolismo ou a outras formas de dependência.
  • 96. Página | 15 OS CINCO ESTÁGIOS DO LUTO Cada fase do processo do luto é natural e saudável, porém é fácil se prender em uma dessas fases e este processo serve tanto para a negação quanto para qualquer uma das outras fases. As fases podem surgir isoladas, ou juntas, pode-se verificar a ocorrência repetidas vezes de algumas delas ou de todas, pode-se regredir, o que não consiste em um problema, enquanto nos lembrarmos do objetivo do luto: aceitação da perda. 1. Negação: Ela é um amortecedor psicológico que protege contra os pensamentos ou sentimentos aos quais ainda não se está mental, emocional ou espiritualmente preparado para lidar. Todos negam aquilo que não estão preparados para aceitar. Lembre-se de quando soube que alguém morreu e disse: “Não acredito”! Isto é negação e pode durar instantes ou anos, até que se consiga dizer: “Pronto, aconteceu. É real. E agora, como é que me sinto? O que vou fazer agora”? Devemos barganhar com nossos sentimentos nesta fase. Existe uma relação entre a importância da pessoa ou da coisa que se perdeu e o grau da negação. Quanto maior era a dependência daquilo que se perdeu maior será a negação. Por isso a
  • 97. Página | 16 determinada altura torna-se decisivo encarar a realidade e parar de negar a impotência, fazer o Primeiro Passo, e admitir – mesmo que não se aceite – a impotência. 2. Raiva: Alguma vez aconteceu de ficar com raiva quando perdeu alguma coisa e não conseguiu encontrar? Isso faz parte do luto. Parecemos impotentes quanto a nossa capacidade de localizar o objeto perdido ou aceitar a morte de alguém próximo a nós. É uma resposta natural a uma perda dolorosa. Ocorre exatamente o mesmo com a dependência química. As pessoas adictas ficam simplesmente furiosas com o fato de perderem controle do próprio comportamento dos próprios sentimentos ou dos sentimentos dos outros. Costumávamos dizer: ”Só uma dose antes de voltar para casa”, e quatro horas depois estavam embriagados como um boné velho na cabeça ao chegar em casa, isto quando voltamos pra casa. No outro dia, sentimos raiva por sermos tão fracos e de tal forma impotentes perante a droga ou ao álcool. E os codependentes – cônjuges e filhos – que estavam em casa nos esperando, ficam furiosos porque, o que quer que se faça, por mais que os amemos, continuamos a
  • 98. Página | 17 beber ou a usar drogas. O problema com a raiva é que ela pode se tornar destrutiva se não for expressa de forma saudável. Pode se transformar num ressentimento amargo e levar a beber ou se drogar cada vez mais para fugir desse sentimento. Sutil e invasiva, ela pode recair sobre os membros da família ou manifestar-se no trabalho, e o comportamento fica fora de controle. Pode conduzir à violência. Pode transformar-se em depressão (raiva de si mesmo) e levar ao desespero ou até ao suicídio. Por isso é vital admitir que a sente e partilhar este sentimento. 3. Dor/desespero/depressão: Representam situações seguras que se cria ocasiões em que se permite estar triste. Ajuda a expressar os sentimentos profundos que se tem a respeito da perda. Muitos adictos em recuperação falam de sua droga de preferencia como um antigo amigo: “O meu maior amigo era a garrafa”. É uma afirmação que se ouve com frequência, quando se perde esse amigo se sente triste. Com a dor vem também o desespero, é assustador perder alguém ou alguma coisa de que se tornou dependente, como por exemplo a esposa. Acaba se desiludindo da própria vida e ocorre pensamentos de desistir,
  • 99. Página | 18 desejando a morte. É um sentimento de grande solidão e desesperança. Um dos problemas com a dor é que tal como a raiva, pode se tornar destrutiva. Pode-se facilmente cair numa armadilha e começar a sentir pena de si mesmo, se tornando auto piedoso. Muitas vezes a auto piedade, a menos que se faça qualquer coisa para resolvê-la, conduzirá diretamente a bebida ou a droga. Ou pode fazer voltar a um padrão de comportamento destrutivo do qual estava se libertando. A dor pode também levar à depressão que pode imobilizar e o nos faz sentir completamente desamparados. A um ponto de nem querer sair da cama pela manhã, não consegue dormir ou então dorme o dia todo. A dor pode levar, também, a pensamentos ou ações suicidas. Chorar é saudável e é uma boa forma de expressar a dor. É uma forma de tratamento e de limpeza. No entanto, para certas pessoas chorar pode ser difícil. Mas chorar representa o reconhecimento e a crescente aceitação da impotência, e portanto, da humildade. Chorar é saudável.
  • 100. Página | 19 4. Negociação: É a tentativa desesperada para manter o controle, para conseguir que as coisas ocorram como se quer. Tentar controlar o uso é negociar: “Se eu beber só uma ou duas latas provo que me controlo, e portanto que não sou impotente”. “Se eu beber só nos fins de semana, isso significa que não sou impotente. Portanto posso beber”. Ou uma esposa pode dizer: “Bem, o convenci a não tomar outro copo, isso quer dizer que tenho alguma influência sobre ele quanto ao seu uso”. Negociar impede de enfrentar a realidade e assim é uma forma de negação também. Até certo ponto é bom pois ajuda a realmente descobrir se controla ou não alguma coisa. Mas também se torna destrutivo se lhe for permitido permanecer nele por muito tempo pois separa a realidade da perda. Deixa uma ilusão de que ainda se tem o controle e impede de alcançar a fase final do processo do luto. 5. Aceitação: Esta é a fase final do processo, o objetivo do luto. Tendo passado pela negação, raiva, tristeza e negociação, chega-se à aceitação da perda que ocorreu. Se aceita que é impotente e que não é a pessoa que pensava ser. Tendo feito o luto, pode aceitar a perda do poder, e
  • 101. Página | 20 seguir sua vida, o que é precisamente aquilo que os Doze Passos querem dizer. Encontra-se a paz e a serenidade, chega-se a um acordo com a realidade. Não precisa de fé para admitir que é impotente, mas precisa dela para aceitar a impotência. A fé é o antídoto do medo, se tiver fé, aconteça o que acontecer, tudo acabará ficando bem, não se tem nada a temer. Pode-se aceitar o estado de impotência sabendo que alguém ou alguma coisa cuida de você, é aqui que entra o Segundo Passo. “Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade”, tornando-nos assim capazes de aceitar a nossa impotência. Podemos então decidir fazer o Terceiro Passo e pedir ajuda. Tudo está interligado.
  • 102. Página | 21 CONCLUSÃO Quer se esteja apenas começando a se recuperar da adicção ou de outro tipo de dependência ou mesmo que se encontre a vários anos num Programa de Doze Passos, o luto é uma coisa que todos enfrentam ao longo da vida. A perda e o luto subsequente fazem parte da vida e não há como fugir deste fato. O Décimo Segundo Passo diz que “Tendo experimentado um despertar espiritual graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem a outros adictos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades”. Estas atividades podem ser às vezes as perdas que se tem que enfrentar. Quer seja a morte de um dos pais, o fim de um relacionamento e, senão a mais importante, o fim da dependência química, que muitos lutam tanto para conquistar. Seja tão honesto quanto puder ao se observar e ao fazê-lo, saiba que se encontra entre os poucos seres humanos que estiveram frente às suas perdas e à sua dependência e as superaram.