Tiradentes foi executado em 1792 por traição à coroa portuguesa. No século seguinte, os republicanos o transformaram em um herói nacional e mártir da independência, criando sua imagem como um modelo de memória heroica brasileira. Sua história foi manipulada para legitimar o novo governo republicano e enfatizar um passado feito por brasileiros, não portugueses.

1. A CRIAÇÃO DO
MITO DE
TIRADENTES

2. Joaquim José da Silva Xavier, popularmente
chamado de Tiradentes, foi condenado à morte e
executado no dia 21 de abril de 1792. Foi
acusado do crime de INCONFIDÊNCIA, ou seja,
de TRAIÇÃO à coroa portuguesa e até o início
da república, em 1889, foi visto como um modelo
que não deveria ser seguido pelos demais
brasileiros.

3. Com a criação da república em 1889, houve a necessidade
de criar um herói verdadeiramente brasileiro e recorrendo
aos acontecimentos históricos de luta pela independência
do Brasil, os republicanos se apropriaram da imagem de
Tiradentes (homem de origem simples com ideais
republicanos, de todos os participantes foi o único
condenado pelo crime de trair o governo português) como
um mártir da república, ou seja, alguém que morreu para
que o Brasil fosse livre de Portugal ou de um governo
monárquico.

4. Para isso, os republicanos
criaram uma imagem de
Tiradentes similar a imagem
de Jesus Cristo (imagem ao
lado) com cabelos e barbas
longas, entretanto, aqueles
que eram condenados à
morte pelo ato de
inconfidência (traição) tinham
seus cabelos e barbas
raspados para que fossem
identificados facilmente e
também humilhados.

5. O novo governo
encomenda obras que
retratam a morte
desse personagem
histórico justamente
para criar a ideia de
um modelo de
memória para enfatizar
um passado heroico
do Brasil feito por
brasileiros e não
portugueses.

6. Atualmente, o termo INCONFIDÊNCIA
MINEIRA – Traição de Minas – vem sendo
substituído em alguns materiais didáticos por
CONJURAÇÃO MINEIRA, ou seja, a união
entre pessoas que defendem a soberania de
um país e seu governo com participação
popular.

7. Enfim, é possível dizer que Tiradentes foi um homem que
serviu como “bode expiatório” em dois momentos diferentes:
1)Quando foi o único condenado à morte, pois os demais
membros faziam parte de famílias tradicionais e tiveram penas
mais leves como o exílio, por exemplo.
2)Um século após sua morte, sua história foi recontada, porém
teve como objetivo servir como um mecanismo de dominação
do novo governo, que manipulou sua imagem a fim de
conseguir a aceitação pública e a sua legitimação.