1) O documento discute a corrente pedagógica neoconstrutivista no contexto da cibercultura. 2) A cibercultura é definida como a cultura estruturada pelas tecnologias digitais e a internet. 3) O neoconstrutivismo pode se beneficiar da cibercultura por meio da aprendizagem colaborativa em rede e do potencial das novas tecnologias para a construção do conhecimento.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
IME - Instituto de Matemática e Estatística
LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias
de Ensino
ALUNO(A): Fábia Cristina Oliveira do Nascimento
TUTOR(A): Gabriela Marques De Lima Molon
Dom Eliseu-PA
Julho/ 2017
3. INTRODUÇÃO
Segundo Libâneo (2005) As teorias pedagógicas modernas
são aquelas gestadas em plena modernidade, quando a ideia de
uma formação geral para todos toma lugar na reflexão pedagógica.
Essas teorias estariam ligadas a acontecimentos cruciais como a
Reforma Protestante, o Iluminismo, a Revolução Francesa, a
formação dos Estados Nacionais e a industrialização.
A ideia de formação geral foi então fortalecida pelo
movimento iluminista do século XVIII, válida para todos os homens,
como condição de emancipação e esclarecimento. Relata o autor
que um olhar sobre as práticas pedagógicas correntes nas escolas
brasileiras mostra que tais tendências continuam ativas e estáveis,
mantendo seu núcleo teórico forte, ou seja, o legado da tradição
iluminista tem até hoje norteado a produção de conhecimento,
porém as “tendências contemporâneas” influenciadas pelo
pensamento pós-moderno existem e aos poucos vão ocupando
espaços na prática de professores embora, com fortes traços de
reducionismo ou modismo.
4. O CONTEXTO “PÓS-MODERNO”
E AS NOVAS CORRENTES
PEDAGÓGICAS
Algumas correntes modernas, da educação
segundo Libâneo (2005, p. 7) “buscam rearticular seus
discursos face às transformações que marcam a
contemporaneidade”. Para o autor vivemos um conjunto
de condições sociais, culturais, econômicas peculiares
que afetam todas as instâncias da vida social, de modo
a ser admissível afirmar que vivemos numa condição
pós-moderna, condição essa que pode ser caracterizada
por alguns traços como as mudanças no processo de
produção fabril ligadas aos avanços científicos e
tecnológicos e emergências de novas tecnologias da
informação, ampliando a difusão da informação.
5. Sobre o novo contexto sociocultural, econômico e
tecnológico ao qual estamos inseridos atualmente Saviani
(2008, p. 78) relata que “foram ocorrendo intensas
mudanças nas formas de produção, havendo grande
desenvolvimento da ciência e da cultura, crescendo
também a necessidade de um ensino ligado às exigências
do novo mundo”. O que acaba por reclamar uma mudança
nos paradigmas educacionais.
Algumas dessas correntes são esforços teóricos de
releitura das teorias modernas, outras afiliam-se
explicitamente ao pensamento pós-moderno focadas na
escola e no trabalho dos professores, enquanto que outras
utilizam-se do discurso pós-moderno sem interesse
nenhum em chegar a propostas concretas para a sala de
aula e para o trabalho de professor, ao contrário,
propõem-se a desmontar as propostas existentes.
(LIBÂNEO, 2005, p. 9).
6. Viviane Senna em uma conferência
realizada em novembro de 2015
comparou a evolução de outros
setores com a do sistema de ensino
no Brasil. "Diferentemente do
ocorrido em áreas como
transportes, saúde e finanças, que
evoluíram com o passar dos
séculos, a educação mantém a
mesma configuração. E a escola
continua estacionada no século XIX,
oferecendo o mesmo produto para
um 'cliente' que mudou,
preparando-o para um mundo que
não existe mais". Para ela, o
trabalhador exigido pelo mercado,
atualmente, precisa mais do que
competência cognitiva: tem que ser
flexível, inovador, criativo, aprender
a estar com o outro e a ouvir. Com
a seguinte declaração: "temos
escolas do século XIX, professores
do século XX e alunos do século
XXI", Viviane Senna abriu sua
palestra no último Seminário
Mulheres Líderes de 2015.
8. A CORRENTE
NEOCOGNITIVISTA
Faz uma busca das teorias cognitivas para
aperfeiçoá-las. Traz os conceitos da psicologia moderna
com a consideração dos processos afetivos e associa o
desenvolvimento das ciências cognitivistas aos avanços
da tecnologia.
Destaca-se nesta corrente:
Construtivismo pós-piagetianismo → O construtivismo
pós-piagetiano incorpora contribuições de outras
fontes tais como o lugar do desejo e do outro na
aprendizagem, o predomínio da linguagem em relação
à razão, o papel da interação social na construção do
conhecimento, a singularidade e a pluralidade dos
sujeitos. (Grossi e Bordin, 1993).
9. Ciências cognitivas→ refere-se
a estudos relacionados ao
desenvolvimento da ciência
cognitiva associada à utilização
de computadores. Seu objetivo
é buscar novos modelos e
referências para avançar na
investigação sobre os processos
psicológicos e a cognição.
(LIBÂNEO, 2005, p.12)
11. A EVOLUÇÃO DA
COMUNICAÇÃO
Com a invenção da escrita o
conhecimento passou a ser transmitido
de forma mais rápida. Depois da
tipografia móvel, essa velocidade foi
aumentando significativamente. Após
a Revolução Industrial surgem
maquinários mais avançados que
permitiram a impressão em massa dos
jornais e livros em menor tempo,
acelerando ainda mais essa
transmissão do conhecimento, que
agora pode ser traduzido e impresso
em outras línguas bem como ser
difundido por todo o mundo, graças à
informática que revolucionou a forma
de processar e transmitir informações
com mais rapidez em um novo meio
de comunicação: a internet.
12. CIBERCULTURA:
O QUE É?
A cibercultura é a cultura contemporânea estruturada
pelo uso das tecnologias digitais em rede nas esferas do
ciberespaço e das cidades. (SANTOS, 2011, p. 3)
Para Silva (2005) a cibercultura é o novo ambiente
comunicacional-cultural que surge com a interconexão
mundial de computadores em forte expansão no início do
século XXI, mostra-se como um novo espaço de
sociabilidade, de organização, de informação, de
conhecimento e de educação. Para ele a educação do
cidadão não pode estar alheia ao novo contexto
socioeconômico-tecnológico.
13. CIBERCULTURA
X
EDUCAÇÃO
“Se a escola não inclui a Internet na educação das novas gerações,
ela está na contramão da história, alheia ao espírito do tempo e,
criminosamente, produzindo exclusão social ou exclusão da
cibercultura.” (SILVA, 2005, p. 63)
14. A contribuição da educação para
a inclusão do aprendiz na
cibercultura exige um
aprendizado prévio por parte do
professor. De acordo com
Santos (2011, p. 20) “fica
evidente a necessidade de
investimento em formação
inicial e continuada de
professores para uso das
tecnologias digitais na
educação, em sintonia com a
fase atual da cibercultura.” Em
tempos de cibercultura, faz-se
necessário aprender a
comunicar-se em rede e muitos
professores ainda apresentam
grande resistência diante das
novas tecnologias.
15. NEOCOGNITIVISMO
&
CIBERCULTURA
1. Construtivismo pós-piagetianismo
1.1) O construtivismo, no campo da educação, refere-
se a uma teoria em que a aprendizagem humana é
resultado de uma construção mental realizada pelos
sujeitos com base na sua ação sobre o mundo e na
interação com outros.
O uso das novas tecnologias como meio social
de comunicação pode ser aproveitado como poderosa
ferramenta na educação, visto que:
16. A imersão na cibercultura é formativa, afinal aprendemos em
rede e o ciberespaço é um espaço mutirreferencial de
aprendizagem, pois, permite interatividade com diversas
culturas, linguagens, discursos, tecnologias (SANTOS, 2011).
A cibercultura é dependente da inteligência coletiva, e esta
última favorece a aprendizagem cooperativa por meio de
dispositivos informatizados que auxiliam a colaboração e a
coordenação (...) o que permite que pesquisadores e alunos
troquem idéias, experiências sem limites geográficos (LÉVY,
1999,p.28).
Os aprendizes têm a oportunidade de estudar, de se encontrar
a qualquer hora, interagindo com os conteúdos propostos, com
monitores e com o professor (SILVA, 2005, p. 67).
17. 1.2) O ser humano tem uma potencialidade para aprender
a pensar que pode ser desenvolvida porque a faculdade de
pensar não é inata e nem é provida de fora.
o receptor não está mais em posição de recepção
clássica, é convidado à livre criação, e a mensagem
ganha sentido sob sua intervenção. Na perspectiva da
interatividade, o professor pode deixar de ser um
transmissor de saberes para converter-se em formulador
de problemas, provocador de interrogações,
coordenador de equipes de trabalho, sistematizador de
experiências e memória viva de uma educação que, em
lugar de prender-se à transmissão, valoriza e possibilita
o diálogo e a colaboração. (SILVA, 2005. p.65)
18. Cada aprendiz toma decisões, analisa, interpreta,
observa, testa hipóteses, elabora e colabora. O
professor ou responsável disponibiliza o acesso a
um mundo de informações, fornece conteúdo
didático multimídia para estudo, objetos de
aprendizagem, materiais complementares. (SILVA,
2005, p. 66)
Muito mais do que apenas dinamizar e promover
uma nova materialização da informação, a
tecnologia digital em rede permite a interconexão
de sujeitos, de espaços e/ou cenários de
aprendizagem, exigindo novas ações curriculares e
em rede. (SANTOS, 2011, p. 14)
19. 1.3) O predomínio da linguagem em relação
à razão, o papel da interação social na
construção do conhecimento, a
singularidade e a pluralidade dos sujeitos.
Por meio das tecnologias digitais de rede
podemos ter várias experiências, conhecer
outras culturas e outras pessoas estando
fisicamente de frente a uma tela mas
intelectualmente no infinito espaço.
20. 2.Ciências cognitivas
2.1) A abordagem cognitiva refere-se a
estudos relacionados ao desenvolvimento da
ciência cognitiva associada à utilização de
computadores.
As práticas pedagógicas da Cibercultura dão
novo significado a noção de currículo,
investigam como as pessoas produzem
saberes, conhecimento e cultura, articulando-
se por várias mídias, como difundem
informações para diversos sujeitos que as
transformam em conhecimentos e devolvem
novas informações com outras subjetividades.
21. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As tecnologias digitais de rede são a base da
cultura contemporânea, a “cibercultura”, que se
destaca por causar grande impacto digital e virtual
na sociedade, reclamando à escola uma nova
configuração de suas práticas e exigindo mudança
nos paradigmas educacionais, pois a Educação está
próxima do universo cultural dos sujeitos que mais
usufruem dessa tecnologia. É preciso lançar mão
dessas novas tecnologias, considerando o grande
potencial que têm que os possibilitam aprender,
ensinar, pensar, conhecer, produzir, divertir, interagir,
relacionar, etc. para melhor educar os nossos
“Nativos Digitais”.
22. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
GROSSI, E.P. e BORDIN, J.(orgs.) Construtivismo pós-
piagetiano. Petrópolis: Vozes, l993.
LÉVY, Pierre. "A inteligência coletiva: por uma Antropologia do
ciberespaço. São Paulo: Loyola, 2000a. _." Cibercultura. Tradução
de Carlos Irineu da Costa.–São Paulo: Ed 34 (1999).
LIBÂNEO, J. C. As Teorias Pedagógicas Modernas Revisitadas
pelo Debate Contemporâneo na Educação. In: LIBÂNEO, J. C.;
SANTOS, A. (Org.). Educação na Era do Conhecimento em Rede e
Transdisciplinaridade. São Paulo: Alínea, 2005.
SANTOS, Edméa. Tempos de Mobilidade e Redes Sociais:
Conversando com os Cotidianos. Rio de Janeiro. Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Programa de Pós-Graduação em Educação.
2011.
23. SAVIANI, D. As concepções pedagógicas na História
da Educação Brasileira. ed. rev. e ampl. Campinas, São
Paulo: Autores Associados, 2008. p. 474 (Coleção Memória
da Educação)
SILVA, Marco. Internet na escola e inclusão. Integração
das Tecnologias na Educação: salto para o futuro.
Brasília: Ministério da Educação, p. 62-69, 2005.
Sites consultados em 31/07/2017
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