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Teoria Crítica e Direito
(Aula 1)
Mariana Pimentel
marianafisch@gmail.com
Escola Judicial – TRT/PB
Teoria Crítica
• O que é Teoria Crítica?
• Escola de Frankfurt:
- Diagnóstico do tempo presente
- Interdisciplinaridade (autocrítica das ciências)
- Possibilidades de emancipação: teorias
normativas (X teorias descritivas)
Escola de Frankfurt
• Primeira Geração (Adorno e Horkheimer):
crítica à razão
• Segunda Geração (Habermas): razão
monológica X razão comunicativa
• Terceira Geração (Honneth): reconhecimento
e liberdade social
Teoria Crítica e Direito
• Crítica ao positivismo nas ciências e no Direito
• Qual é a relação entre Direito e Moral? Direitos
Humanos são universais?
• Autores brasileiros (Direito):
Marcelo Neves (UNB); Antônio Maia (UERJ); Giovani
Saavedra (PUCRS); José Eduardo Faria (USP); José
Rodrigo Rodrigues (FGV); Thomas Bustamante (UFMG)
Escola de Frankfurt: primeira
geração (Adorno e Horkheimer)
Adorno e Horkheimer
• Adorno e Horkheimer
X
• Positivismo nas ciências:
As ciências devem abandonar quaisquer
pressupostos metafísicos e simplesmente
descrever fatos empiricamente aferíveis
Adorno e Horkheimer
• Superação da separação entre filosofia e ciência
• Relação entre saber e poder: as supostas descrições da
ciência são sempre um modo de dominação da natureza
• Marx: economia política e exploração da força de
trabalho
• Freud (“O Mal-Estar na Civilização”): por que os sujeitos
se submetem à dominação?
Razão instrumental e reificação
- Adorno: razão instrumental exerce domínio sobre as
coisas (seres humanos são tratados como objetos)
- Atualmente, a categoria “reificação” volta à cena: (i.)
romances (interagimos com outros seres humanos
tratando-os como se fossem objetos); (ii.) investigações
sociológicas; (iii.) filosofia ética e moral (indivíduos são
instrumentalizados, como na venda de órgãos); (iv.)
Pesquisas neurológicas (explicação da ação humana em
termos biologicistas)
Razão instrumental e reificação
• Reificação: sujeitos assumem, permanentemente, o papel
de parceiros de troca; observadores desconectados
X
• Mimesis (Adorno):
- Uma pessoa não se torna uma pessoa até que ela imite
outras pessoas (mimesis)
- Nosso conhecimento depende do reconhecimento
emocional ou aceitação afetiva de diversas perspectivas.
Pós-guerra
• Se há algo na razão que produz a barbárie,
como evitar que Auschwitz aconteça
novamente?
• Eichmann em Jerusalém
• qual é o papel do Direito?
Método do Positivismo Jurídico
• Método positivista de análise do direito X direito
positivo
• Método positivista refuta a tese da conexão
entre Direito e Moral:
- O estudo científico do direito, para que seja
objetivo, tem de estar separado de valorações
morais;
- O Problema da legitimidade (justiça) deve ser
discutido, mas não pelo cientista do direito
Positivismo Jurídico
• Estudo científico do direito (identificação do
direito)
a característica fundamental da ciência
consiste na sua avaloratividade, isto é, na
distinção entre juízos de fato e juízos de valor
e na rigorosa exclusão destes últimos do
campo científico: a ciência consiste somente
em juízos de fato (Bobbio)
• Objeto: norma jurídica posta pelo Estado
Kant e Kelsen
MORAL DIREITO
AUTONOMIA HETERONOMIA
JUIZOS CATEGÓRICOS JUIZOS HIPOTÉTICOS
DEVER PELO DEVER
Ex: Deves ajudar os desafortunados
Se HIPÓTESE, deve ser SANÇÃO
Ex: se matar, deve ser 6 a 20 anos
de reclusão
Teoria Pura do Direito (Kelsen)
• Formalismo - se “H”, deve ser “S” (qualquer
conteúdo é possível)
• Fundamento de validade de uma Norma
Jurídica (NJ) é única e exclusivamente outra
NJ.
Teoria crítica X positivismo jurídico
• Teoria Crítica: Como conectar direito e moral?
Como evitar que Auschwitz aconteça
novamente?
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• Positivismo jurídico: como identificar e
descrever o direito?
O “beco sem saída” de Adorno
• Aporias de adorno: a crítica à razão corrói os
próprios alicerces (racionais)
• É preciso pensar em um novo conceito de
razão para sustentar o potencial
emancipatório das ciências e do direito
Escola de Frankfurt: segunda
geração (Habermas)
Jürgen Habermas
• Há um potencial emancipatório na
modernidade?
• Solidariedade pós-tradicional
• Razão monológica (sujeito-objeto) X razão
comunicativa (sujeito-sujeito)
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• Modernização e aumento de complexidade
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• Consenso fático X consenso racional
Ação Comunicativa X Ação Estratégica
Planos de ação são orientados por interações
comunicativas.
• Ação comunicativa – entendimento
• Ação estratégica – sucesso (exercer influência
sobre o interlocutor)
Situação discursiva ideal
Racionalidade se manifesta nas condições para o
acordo.
• Orientação para o entendimento (agir
comunicativo)
• Simetria entre os participantes
• Acesso universal (potencial)
• Sinceridade
Moral Procedimental
• O consenso que se alcança através do
PROCEDIMENTO (situação discursiva ideal) é
RACIONAL
• Deve-se universalizar as condições que
permitam a comunicação e a participação
Estado Democrático de Direito
- Direito: força e legitimidade
- Pressuposto: os destinatários das normas
devem ser também os seus autores
Soberania popular e direitos humanos
• Relação de oposição:
- Soberania popular (vale o que dispõe o direito
positivo de cada Estado) X Direitos humanos (DHs)
universais
X
• Relação de complementariedade (Habermas):
- Só há soberania popular se houver participação de
todos em procedimentos de tomada de decisão
- DHs institucionalizam as condições comunicativas
para a formação de uma vontade política racional
Direitos Humanos
• MAS... DHs não serviriam para encobrir
desigualdades e exclusões? DHs esgotam-se
nessa função ideológica?
- Traço detetivesco dos DHs: esforço para dar
espaço a todas as vozes e, por isso, são
capazes de detectar exclusões realizadas em
seu nome
Discursos do ocidente X Discursos
asiáticos
• Caso da China: restrições aos DHs em nome
do coletivismo
• Deve-se restringir direitos humanos para
garantir o desenvolvimento da nação?
• Argumentos instrumentais X normativos (ser
humano jamais pode ser tratado como
instrumento)
Marcelo Neves X Habermas
Pontos centrais do debate :
- Consenso X dissenso
- Força simbólica de normas constitucionais e
dos DHs
CF/88
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim
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se tanto perante as diversas ordens estatais
quanto em face da ordem internacional
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estrutural
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Força simbólica dos Direitos Humanos (Marcelo
Neves):
- Perigo da legitimação de práticas que se
fundam no caráter moral e racional da
intervenção humanitária realizadas
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uma política externa do ocidente de vigilância
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  • 1. Teoria Crítica e Direito (Aula 1) Mariana Pimentel marianafisch@gmail.com Escola Judicial – TRT/PB
  • 2. Teoria Crítica • O que é Teoria Crítica? • Escola de Frankfurt: - Diagnóstico do tempo presente - Interdisciplinaridade (autocrítica das ciências) - Possibilidades de emancipação: teorias normativas (X teorias descritivas)
  • 3. Escola de Frankfurt • Primeira Geração (Adorno e Horkheimer): crítica à razão • Segunda Geração (Habermas): razão monológica X razão comunicativa • Terceira Geração (Honneth): reconhecimento e liberdade social
  • 4. Teoria Crítica e Direito • Crítica ao positivismo nas ciências e no Direito • Qual é a relação entre Direito e Moral? Direitos Humanos são universais? • Autores brasileiros (Direito): Marcelo Neves (UNB); Antônio Maia (UERJ); Giovani Saavedra (PUCRS); José Eduardo Faria (USP); José Rodrigo Rodrigues (FGV); Thomas Bustamante (UFMG)
  • 5. Escola de Frankfurt: primeira geração (Adorno e Horkheimer)
  • 6. Adorno e Horkheimer • Adorno e Horkheimer X • Positivismo nas ciências: As ciências devem abandonar quaisquer pressupostos metafísicos e simplesmente descrever fatos empiricamente aferíveis
  • 7. Adorno e Horkheimer • Superação da separação entre filosofia e ciência • Relação entre saber e poder: as supostas descrições da ciência são sempre um modo de dominação da natureza • Marx: economia política e exploração da força de trabalho • Freud (“O Mal-Estar na Civilização”): por que os sujeitos se submetem à dominação?
  • 8. Razão instrumental e reificação - Adorno: razão instrumental exerce domínio sobre as coisas (seres humanos são tratados como objetos) - Atualmente, a categoria “reificação” volta à cena: (i.) romances (interagimos com outros seres humanos tratando-os como se fossem objetos); (ii.) investigações sociológicas; (iii.) filosofia ética e moral (indivíduos são instrumentalizados, como na venda de órgãos); (iv.) Pesquisas neurológicas (explicação da ação humana em termos biologicistas)
  • 9. Razão instrumental e reificação • Reificação: sujeitos assumem, permanentemente, o papel de parceiros de troca; observadores desconectados X • Mimesis (Adorno): - Uma pessoa não se torna uma pessoa até que ela imite outras pessoas (mimesis) - Nosso conhecimento depende do reconhecimento emocional ou aceitação afetiva de diversas perspectivas.
  • 10. Pós-guerra • Se há algo na razão que produz a barbárie, como evitar que Auschwitz aconteça novamente? • Eichmann em Jerusalém • qual é o papel do Direito?
  • 11. Método do Positivismo Jurídico • Método positivista de análise do direito X direito positivo • Método positivista refuta a tese da conexão entre Direito e Moral: - O estudo científico do direito, para que seja objetivo, tem de estar separado de valorações morais; - O Problema da legitimidade (justiça) deve ser discutido, mas não pelo cientista do direito
  • 12. Positivismo Jurídico • Estudo científico do direito (identificação do direito) a característica fundamental da ciência consiste na sua avaloratividade, isto é, na distinção entre juízos de fato e juízos de valor e na rigorosa exclusão destes últimos do campo científico: a ciência consiste somente em juízos de fato (Bobbio) • Objeto: norma jurídica posta pelo Estado
  • 13. Kant e Kelsen MORAL DIREITO AUTONOMIA HETERONOMIA JUIZOS CATEGÓRICOS JUIZOS HIPOTÉTICOS DEVER PELO DEVER Ex: Deves ajudar os desafortunados Se HIPÓTESE, deve ser SANÇÃO Ex: se matar, deve ser 6 a 20 anos de reclusão
  • 14. Teoria Pura do Direito (Kelsen) • Formalismo - se “H”, deve ser “S” (qualquer conteúdo é possível) • Fundamento de validade de uma Norma Jurídica (NJ) é única e exclusivamente outra NJ.
  • 15. Teoria crítica X positivismo jurídico • Teoria Crítica: Como conectar direito e moral? Como evitar que Auschwitz aconteça novamente? X • Positivismo jurídico: como identificar e descrever o direito?
  • 16. O “beco sem saída” de Adorno • Aporias de adorno: a crítica à razão corrói os próprios alicerces (racionais) • É preciso pensar em um novo conceito de razão para sustentar o potencial emancipatório das ciências e do direito
  • 17. Escola de Frankfurt: segunda geração (Habermas)
  • 18. Jürgen Habermas • Há um potencial emancipatório na modernidade? • Solidariedade pós-tradicional • Razão monológica (sujeito-objeto) X razão comunicativa (sujeito-sujeito)
  • 19. Habermas e a modernização • Modernização e aumento de complexidade (Sistemas e o mundo da vida) • Consenso fático X consenso racional
  • 20. Ação Comunicativa X Ação Estratégica Planos de ação são orientados por interações comunicativas. • Ação comunicativa – entendimento • Ação estratégica – sucesso (exercer influência sobre o interlocutor)
  • 21. Situação discursiva ideal Racionalidade se manifesta nas condições para o acordo. • Orientação para o entendimento (agir comunicativo) • Simetria entre os participantes • Acesso universal (potencial) • Sinceridade
  • 22. Moral Procedimental • O consenso que se alcança através do PROCEDIMENTO (situação discursiva ideal) é RACIONAL • Deve-se universalizar as condições que permitam a comunicação e a participação
  • 23. Estado Democrático de Direito - Direito: força e legitimidade - Pressuposto: os destinatários das normas devem ser também os seus autores
  • 24. Soberania popular e direitos humanos • Relação de oposição: - Soberania popular (vale o que dispõe o direito positivo de cada Estado) X Direitos humanos (DHs) universais X • Relação de complementariedade (Habermas): - Só há soberania popular se houver participação de todos em procedimentos de tomada de decisão - DHs institucionalizam as condições comunicativas para a formação de uma vontade política racional
  • 25. Direitos Humanos • MAS... DHs não serviriam para encobrir desigualdades e exclusões? DHs esgotam-se nessa função ideológica? - Traço detetivesco dos DHs: esforço para dar espaço a todas as vozes e, por isso, são capazes de detectar exclusões realizadas em seu nome
  • 26. Discursos do ocidente X Discursos asiáticos • Caso da China: restrições aos DHs em nome do coletivismo • Deve-se restringir direitos humanos para garantir o desenvolvimento da nação? • Argumentos instrumentais X normativos (ser humano jamais pode ser tratado como instrumento)
  • 27. Marcelo Neves X Habermas Pontos centrais do debate : - Consenso X dissenso - Força simbólica de normas constitucionais e dos DHs
  • 28. CF/88 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim
  • 29. Marcelo Neves • Norma programática? Eficácia limitada? X • Neves: - Desconstitucionalização fática, constitucionalização simbólica - Norma-álibi (para a inação do Estado): superexploração do direito pela política
  • 30. Força simbólica dos DHs - Ambivalência: ineficácia X construção de direitos - Textos podem revidar? - Direitos humanos modernos (definição): expectativa normativas de inclusão jurídica de toda e qualquer ser humano no plano da sociedade mundial
  • 31. Força simbólica dos direitos humanos • Os direitos humano têm pretensão da afirmar- se tanto perante as diversas ordens estatais quanto em face da ordem internacional • DHs existem para garantir o dissenso estrutural
  • 32. Crítica ao modelo habermasiano Força simbólica dos Direitos Humanos (Marcelo Neves): - Perigo da legitimação de práticas que se fundam no caráter moral e racional da intervenção humanitária realizadas unilateralmente por grandes potências - A proposta de Habermas acaba por legitimar uma política externa do ocidente de vigilância dos direitos humanos