Este documento fornece informações sobre a estrutura administrativa e acadêmica de uma instituição de ensino superior. Ele lista os nomes e cargos de membros da administração e coordenação, além de apresentar breve biografia do professor autor do livro "Teologia, Aconselhamento e Capelania Cristã".
2. Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Coordenação de Sistemas
Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Polos
Reginaldo Carneiro
Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e
Produção de Materiais
Renato Dutra
Coordenação de Graduação
Kátia Coelho
Coordenação Administrativa/Serviços
Compartilhados
Evandro Bolsoni
Gerência de Inteligência de Mercado/Digital
Bruno Jorge
Gerência de Marketing
Harrisson Brait
Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nalva Aparecida da Rosa Moura
Supervisão de Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Design Educacional
Fernando Henrique Mendes
Rossana Costa Giani
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
José Jhonny Coelho
Revisão Textual
Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria
Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara
Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana Inácio
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância:
C397
Teologia, aconselhamento e capelania cristã / Rubem Almeida
Mariano.
Reimpressão revista e atualizada, Maringá - PR, 2014.
134 p.
“Graduação em Teologia - EaD”.
1. Teologia. 2. Capelania cristã. 3. Aconselhamento. 4. EaD. I.
Título.
ISBN 978-85-8084-271-5
CDD - 22 ed. 230
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
3. Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar –
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecida como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
4.
5. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996):“Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo
competências e habilidades, e aplicando conceitos
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de
professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
6. Professor Me. Rubem Almeida Mariano
Possui graduação em Teologia - Seminário Teológico de Londrina da Igreja
Presbiteriana Independente (1990), graduação em Filosofia pela Universidade
do Sagrado Coração (1999) e graduação e tem formação profissional em
Psicólogo pelo Centro Universitário Cesumar (2009). Mestrado em Ciências
da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (1997). Professor da
graduação e Pós-Graduação Presencial e Educação a distancia no Centro
Universitário Cesumar.
autores
7. Seja bem-vindo(A)!
“Jesus era absolutamente honesto, profundamente compassivo, altamente sensível e espi-
ritualmente maduro”.
Collys, G. R. em Aconselhamento Cristão.
Os estudos teológicos classicamente estão subdivididos em Teologia Bíblica, Teologia
Sistemática eTeologia Prática. O primeiro volta-se para os fundamentos e os rudimentos
dos textos bíblicos do Antigo testamento (AT) e NovoTestamento (NT); o segundo abor-
da as elaborações filosófico-teológicas enquanto sistema de interpretação e compreen-
são de doutrinas cristãs sistematicamente construídas, bem como dialoga com outros
saberes como é o caso da Filosofia, Sociologia, Antropologia, Psicologia dentre outros
e, por fim, a Teologia Prática, que tem como objetivo fundamentar construções teóri-
cas e práticas da ação evangélica. Nesse particular, em nossos dias, há uma significativa
demanda para a Teologia Prática, haja vista que vivemos tempos de novos paradigmas,
por que não dizer, os quais exigem maior rigor e necessidades de atuação da Teologia.
A disciplina “Teologia, Aconselhamento e Capelania Cristã” é uma disciplina que se co-
loca no eixo da Teologia Prática. É importante ressaltar que Teologia Prática, conforme
Silva (2010), designaria a reflexão crítica sobre a ação eclesial. No contexto da Teologia
Prática, todas as ações implicam no agir da Igreja como liturgia, ensino, diaconia, acon-
selhamento e capelania dentre outras. Para Szenmártony (1999), deve-se compreender
a Teologia Prática como uma reflexão teológica sobre o conjunto das atividades nas
quais a Igreja se encarna, tendo presente a natureza da Igreja e a situação atual desta
no mundo.
Os referenciais teóricos utilizados foram de literatura, devidamente sustentados na
visão clássica da Teologia, sem nunca perder o tom crítico; assim como, também, nos
estudos sobre aconselhamento e capelania. Faz-se necessário sublinhar que as fontes
bibliográficas publicadas sobre capelania são deveras escassas, diferentemente das so-
bre aconselhamento.
A lógica desta disciplina prima pelo diálogo e respeito entre os conhecimentos que
fazem interface com a Teologia Prática, o qual não poderia ser diferente, contudo, foi
opção respeitar as especificidades dos conhecimentos para a constituição do estudo
desta disciplina, ou seja, referente ao aconselhamento cristão, primou-se em estudá-lo
de forma muito peculiar junto com os conhecimentos de aconselhamento advindo do
universo psicológico. Tal opção não tira em nada o brilho e a riqueza das elaborações e
contribuições daTeologia Prática para a ação evangélica nessa área. Acredita-se sim que
esse procedimento, na verdade, marca de forma indelével o respeito e o entendimento
que os conhecimentos devem realmente exercitar, no contexto acadêmico, para a me-
lhor compreensão do objeto de estudo em comum entre esses dois saberes.
Quanto aos objetivos a serem alcançados nesta disciplina, procurou-se atender as três
áreas enfatizadas pela didática, a saber: cognitiva, afetiva e motora. Nesta sequência e
sentido, foram sendo elaborados os estudos tema a tema para que o aluno ou a aluna,
ao final desta disciplina, tenha condições de conhecer e de refletir sobre os conhecimen-
Apresentação
TEOLOGIA, ACONSELHAMENTO E
CAPELANIA CRISTÃ
8. tos necessários para o exercício da Teologia, em especial, nas áreas do Aconselha-
mento e Capelania Cristã.
Por fim, a disciplina“Teologia, Aconselhamento e Capelania Cristã”está divida em 5
unidades: UNIDADE I – Aconselhamento e Capelania Cristã: Marco Bíblico-Teológi-
co; UNIDADE II – Os Fundamentos do Aconselhamento e da Capelania Cristã; UNI-
DADE III – Teologia e Práticas em Aconselhamento Cristão; UNIDADE IV – O Perfil e
Papel do Conselheiro e do Capelão Cristão e UNIDADE V – Temas e Procedimentos
em Aconselhamento e Capelania Cristã.
Apresentação
9. sumário
8
UNIDADE I
ACONSELHAMENTO E CAPELANIA CRISTÃ: MARCO BÍBLICO-
TEOLÓGICO
13 Introdução
14 Diaconia, Ministério, Aconselhamento e Capelania Cristã
16 Poimênica, Aconselhamento e Capelania Cristã
21 Cuidado, Aconselhamento e Capelania Cristã
25 Considerações Finais
UNIDADE II
OS FUNDAMENTOS DO ACONSELHAMENTO E DA
CAPELANIA CRISTÃ
33 Introdução
34 Aconselhamento e Capelania Cristã: Apontamentos Históricos
35 Fundamentos e Teorias em Aconselhamento Cristão
43 Os Fundamentos da Capelania Cristã
47 Considerações Finais
UNIDADE III
TEOLOGIA E PRÁTICAS EM ACONSELHAMENTO CRISTÃO
59 Introdução
59 Propostas, Técnicas e Comportamentos em Aconselhamento Cristão
10. sumário
65 Promovendo o Diálogo com o Aconselhando
70 Considerações Finais
UNIDADE IV
O PERFIL E o PAPEL DO CONSELHEIRO E DO CAPELÃO CRISTÃO
81 Introdução
81 Perfil e Atitudes do Conselheiro Cristão
92 Perfil e Papel do Capelão Hospitalar
97 Considerações Finais
UNIDADE V
TEMAS E PROCEDIMENTOS EM ACONSELHAMENTO E CAPELANIA
CRISTÃ
107 Introdução
108 Aconselhamento de Apoio
112 Aconselhamento em Casos de Perda Pessoal
116 Aconselhamento em Casos de Crise Matrimonial
124 Considerações Finais
131 Conclusão
133 Referências
11. UNIDADE
I
Professor Me. Rubem Almeida Mariano
ACONSELHAMENTO E
CAPELANIA CRISTÃ: MARCO
BÍBLICO-TEOLÓGICO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Ressaltar os fundamentos bíblico-teológicos do Ministério, Cuidado,
Poimênica, Aconselhamento e Capelania Cristã.
■■ Assinalar os aspectos fundamentais do Aconselhamento e da
Capelania Cristã.
■■ Identificar os significados do termo“diaconia”, na Bíblia.
■■ Conscientizar que o fazer Aconselhamento e Capelania Cristã são
atos próprios do serviço cristão.
■■ Conhecer os fundamentos bíblico-teológicos da poimênica.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Diaconia, Ministério, Aconselhamento e Capelania Cristã
■■ Poimênica, Aconselhamento e Capelania Cristã
■■ Cuidado, Aconselhamento e Capelania Cristã
12.
13. Introdução
“Os ensinos do Senhor são certos e alegram o coração. Os seus ensina-
mentos são claros e iluminam a nossa mente”. (Salmo 19: 8)
“A tua palavra é lâmpada para guiar os meus passos e luz para o meu
caminho”. (Salmo 119:105)
“A Palavra era a fonte da vida e essa vida trouxe a luz para todas as pes-
soas”. (Evangelho de João 1: 4)
A boa tradição cristã, de corte Protestante, ressalta a Bíblia como uma das fon-
tes necessárias para o desenvolvimento da Fé Cristã. Nesse sentido, a presente
unidade busca evidenciar os fundamentos para a prática do aconselhamento e
da capelania cristã que assinalem, por um lado, uma genuína tradição cristã e,
por outro, dialogue com as necessidades de nosso tempo.
Por isso, nos voltamos para os fundamentos bíblicos e teológicos do pró-
prio ministério cristão em que se destacaram os seguintes temas: diaconia,
ministério, poimênica e cuidado. Nossa fundamentação teórica parte do latino
Gattinoni (apud CASTRO, 1973) sobre “As bases do ministério pastoral no Novo
Testamento” e do americano Clinebell (2000) sobre “O aconselhamento pasto-
ral modelo centrado em libertação e crescimento no universo bíblico” dentre
outros. Em ambos os autores citados, bem como nos outros, temos o objetivo
maior de fundamentar biblicamente o aconselhamento e capelania cristã, como
expressão mesma da ação cristã, ou seja, do próprio Cristo hoje.
Como se observou na apresentação, os estudos teológicos classicamente
estão subdivididos em Teologia Bíblica, Teologia Sistemática e Teologia Prática.
Esta última, a Teologia Prática, tem como objetivo fundamentar construções
teóricas e práticas da ação evangélica. Nesse particular, em nossos dias, há uma
significativa demanda para a Teologia Prática haja vista as necessidades do nosso
tempo, as quais diferem de outros; há a necessidades de novos paradigmas, por
que não dizer os quais exigem maiores, novas elaborações e ações da Teologia
na sua modalidade prática.
Nesse sentido, nota-se uma demanda significativa para dois ministérios em
especial da igreja hoje: aconselhamento e capelania cristã. Eles apontam para as
Introdução
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 12
15. Diaconia, Ministério, Aconselhamento e Capelania Cristã
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 14
Compreende Gattinoni (apud CASTRO, 1973) que o ministério pastoral não
pode deixar de evidenciar essa atitude serviçal. Tal atitude é imprescindível, con-
forme Mt. 20:25-28; 25:31-46; 10:24. Nesse perspectivo, tanto o aconselhamento
quanto a capelania devem estar inseridos nessa visão bíblica: servir.
Gattinoni (apud CASTRO, 1973) apresenta outro significado para a pala-
vra diaconia, a palavra grega “doulos”, no sentido “escravo”, que serve. A ideia
fundamental desse vocábulo é ressaltar o espírito serviçal como sendo inerente
ao ministério e a todo e qualquer cristão (intra e extracomunidade). O próprio
Jesus Cristo recebeu esse título como sendo “O servo por excelência” (Fil. 2:5-
11; Atos 3:13,26; 4:27). Esse título é também conferido aos autores dos livros
bíblicos: João 1:1, Atos 16:17, 2Cor. 4:5; 9:19; em II Ti. 2:24, o ministro como
sendo servo; todos os cristãos assim o são: servos (Atos 2:18 e 4:29). Esse sig-
nificado é designado universalmente e válido a todo o corpo de Cristo (I Cor.
7:22 e I Pedro 2:16).
Portanto, os cristãos são chamados a servir a Cristo e ao seu Reino (Ro. 7:6;
Col. 3:24; I Ts. 1:9; 1:1; 2:20;7;3); nesse sentido, o serviço aos homens é enten-
dido como servir ao Senhor Jesus Cristo (Ro. 14:18; Gá. 5:13; Ef. 9:9); a ideia de
servir dos seres humanos como parte do serviço a Cristo (I Cor 16:15; II Cor.
6, 8:4; 9:1, 12; Atos 20:28, 34, 35; II Ti. 1:18; Fim. 13) ou ainda, o servir às pes-
soas como sendo uma ação ao próprio Cristo (Mat. 25:31-46). Diaconia, nesse
sentido, por fim, evoca de forma categórica que todo e qualquer ministério da
Igreja, com destaque para o aconselhamento e capelania cristã, é um ato de ser-
viço ao próximo no mundo. Uma ação missionária que nasce do ministério de
Jesus Cristo como identidade da Igreja.
Por fim, outro sentido para “diaconia” é uma expressão, conforme Gattinoni
(apud CASTRO, 1973), “Diaconia como um ministério da Igreja, a serviço da
obra de Deus, no mundo”. Diaconia como ministério de toda a Igreja e de toda
a comunidade cristã, bem como de cada comunidade em particular – Ef. 4:12;
Ap. 2:19; I Co.12 e Ro. 12:1-8; ou seja, toda e qualquer comunidade que se diz
cristã tem uma identidade em comum: ser sinal de Deus por meio do serviço
da igreja às pessoas. Essa expressão coroa e assinala a riqueza dos sentidos para
“diaconia” já observados acima.
Compreende-se, sem dúvida, que os sentidos de “diaconia” abordados até
17. Poimênica, Aconselhamento e Capelania Cristã
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 16
enquanto Criador e Pastor da vida. Então, a poimênica, nesse contexto, remete
para aquilo que permite e ajuda o ser humano a continuar a respirar, a manter
a sua vida saudável, afinal a morte para o semita é a falta da relação com Deus.
Nesse sentido, Hoepfner (2008), comenta:
Assim a poimênica, no mundo semita, está muito próxima da luta cons-
tante do ser humano para manter ou resgatar a sua relação com Deus
por meio das diferentes articulações da vida em comunidade, como o
culto e o sacrifício a Deus. Entretanto, compreende igualmente a busca
por uma plena e justa integração social do indivíduo que cai no abismo
do isolamento, que negligencia a sua relação com Deus e, conseqüen-
temente, não mais se considera parte integrante do povo de Deus. Ali
onde o ser humano petrifica o seu coração, onde vive exclusivamente
a partir do seu próprio ar, da sua exclusiva respiração, - isto é, vive ao
redor do seu próprio ser -, a nefesh sucumbe, já não encontrará fôlego
de vida e, por fim, clamará: “Como suspira a corça pelas correntes de
água, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma” (Sl 42.1). A tradução
de Lutero é mais enfática, pois translada “suspira” por “gritar” (schreit).
Quer dizer, em meio ao abandono de Deus, o ser humano grita, geme,
se desespera, pois enxerga com profundidade e dor o abismo em que
sua aparente auto-suficiência o levou. “No culto se articulavam o grito,
a lamentação e a prece por ajuda da pessoa que se encontrava fora da
relação com Deus, que não conseguia mais enxergar o seu rosto” (p.55).
Nessa perspectiva, a poimênica tem a ver com o clamor e o louvor da criatura
perante o seu Criador. O ser humano clama pelo hálito de vida que provém de
Deus e o louva por este hálito que o mantém, como afirma o último salmo: “Todo
ser que respira louve ao Senhor. Aleluia!” (Sl 150.6).
Hoepfner (2008) afirma ainda que:
Os principais agentes da poimênica eram, sobretudo, os Sacerdotes (Lv
12ss.; 1 Sm 1.9ss.), os anciãos e juízes que tomam decisões em casos
de conflito (Rt 4), os profetas que desenvolvem na sua prática a admo-
estação e a consolação individual e coletiva (2 Sm 12; Is 40.1ss.) e, em
primeiro lugar, os sábios, homens do povo que transmitiam como pais
de família os conselhos da sabedoria popular para os filhos (Pv 4ss.)
(p.56).
Nota-se que a poimênica está no coração do Antigo Testamento, pois ressalta e
afirma categoricamente que tudo aquilo que torna plena a vida é concedida pelo
Bom Pastor, Javé, o Deus que cuida de suas ovelhas, conforme o Salmo 23: “O
Senhor é o meu Pastor e nada me faltará”.
19. Poimênica, Aconselhamento e Capelania Cristã
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 18
■■ A poimênica consiste em constituir relacionamentos afetivos entre iguais.
Nesse sentido Jesus foi um grande mestre que ensinou, pois apesar de ser
o filho de Deus sempre se relacionou como sendo igual. Ele não agia com
desdém, mas acolhia e ouvia pacientemente.
■■ Poimênica é guiar. Mas não no sentido de se colocar como maioral ou
superior; Jesus se colocou com um irmão, em conjunto pelos novos cami-
nhos que podem surgir, novas trilhas diante da adversidade, pois Ele é a
própria esperança viva. Conforme Hoepfner (2008), Ele é o novo cami-
nho que possibilita a vida; Ele é o guia que leva a novas esperanças, a um
novo caminho.
■■ Não por último, poimênica é a afirmação de uma vida cheia de dignidade.
Ali, onde a vida corre perigo com suas contradições sociais, por exemplo,
essa vida se faz presente. É impossível desassociar a ajuda psicológica e
espiritual da ação social. Nesse sentido, a poimênica em Cristo é anúncio
de um evangelho integral. (p.p 65-66)
Portanto, podemos concluir por ora, que tanto a teoria quanto a prática da poimê-
nica está sustentada na tradição do Bom Pastor que dá a sua vida por suas ovelhas,
como o Bom Pastor do Antigo Testamento, Javé. Jesus Cristo, sem dúvida, tes-
temunhou de maneira viva ao fazer poimênica como porta voz do Evangelho
de Deus. Hoepfner (2008) nesse particular afirma: “É o Evangelho o esteio da
poimênica cristã e Cristo o seu paradigma” (p.66)
Ainda sobre os fundamentos bíblico-teológicos da poimênica, Clinebell
(2000) afirma reiteradamente as notáveis potencialidades dos seres humanos:
a. O ser humano é um pouco menor que Deus (Sl 8.5).
b. O ser humano foi criado a imagem e semelhança de Deus, imago Dei,
(Gn 1:17).
c. Jesus veio para conceder vida e vida, em abundância (Jo. 10:10), O ser
humano tem condições de desenvolver seus potenciais de sabedoria e de
vida, segundo a parábola dos talentos (Mt. 25:14-30) e as admoestações
de Paulo a Timóteo, para “acender a chama do dom de Deus que há em
ti(...), pois o espírito que Deus deu é (...) para inspirar poder, amor e auto-
disciplina” (2 Tm. 1:6).
É importante ressaltar, por fim, que a concepção bíblica nessa perspectiva
21. Cuidado, Aconselhamento e Capelania Cristã
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 20
Essa visão deve demonstrar positivamente o fazer do aconselhamento e da
capelania cristã, pois ressalta tanto as condições existenciais da humanidade, suas
potencialidade advindas do Criador, quanto os propósitos cristãos para essa huma-
nidade, ou seja, em Cristo, essa humanidade tem vida, e vida em abundância!
Pode-se concluir, por enquanto, que o marco bíblico-teológico aponta tanto
o termo “diaconia” quanto “poimênica” como palavras-chave da ação cristã da
própria Igreja no mundo, ou seja, como expressão própria do mistério cristão.
Podemos assinalar, portanto, que todo e qualquer ministério da igreja, como o
aconselhamento e a capelania, é ação da Missão de anúncio da Boa Nova, do
cuidado que Deus tem pelo ser humano e, por outro lado, evidencia também
as potencialidades do ser humano, criadas pelo próprio Deus, as quais revelam
as suas possibilidades para um desenvolvimento de forma integral em Cristo.
Cuidado, Aconselhamento e Capelania Cristã
Inicialmente, a palavra que melhor expressa bíblica e teologicamente tanto acon-
selhamento quanto capelania é o termo “cuidado”, ou o verbo “cuidar”.
A seguir, vejamos o trabalho realizado por Hoepfner (2008) sobre a análise
do termo “cuidar”, em que o referido autor faz um estudo sobre o termo em seu
sentido etimológico e bíblico; bem como o trabalho de Oliveira (2004).
Para Hoepfner (2008), o termo cuidar provém do latim cura, que assinala
uma relação de amor e amizade, uma atitude de cuidado, de desvelo, de preo-
cupação e de inquietação em relação a alguém ou a algo estimado. Portanto, o
sentido aqui deve ressaltar, conforme observa Hoepfner (2008), uma relação
pessoal, existencial, e, por consequência, estabelecer uma preocupação frente
à vida de outra pessoa ou de algo, como o cuidado com os enfermos ou com o
meio ambiente.
Hoepfner (2008), baseado em Boff, faz a seguinte observação sobre o cuidado:
[...]é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um
momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de
22. ACONSELHAMENTO E CAPELANIA CRISTÃ: MARCO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998.
I
ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afeti-
vo com o outro, pois uma atitude perfaz uma fonte, pela qual descen-
dem muitos atos. (p.14-15)
Nesse sentido ainda, Hoepfner (2008) exemplifica e comenta da seguinte maneira
essa questão:
Quando uma mãe afirma: “Estou cuidando do meu filho adoentado!”,
subentendem-se, nesta afirmação, múltiplos atos. Atos como: estar
preocupado com seu filho; levá-lo ao médico; dar a ele, não apenas
remédios, mas, igualmente carinho; orar com e por ele, enfim, estar
próximo dele por meio de ações diversas que compreendem uma ati-
tude de cuidado. Nesse sentido, pode-se afirmar que uma atitude de
cuidado abarca o ser humano em sua totalidade de vida. No que tange
ao relacionamento humano, tanto a pessoa que toma uma atitude de
cuidar de alguém, quanto o indivíduo para o qual é dirigida tal atitude,
há um contato não meramente físico, mas também afetivo-emocional,
concretizando uma relação de sujeito para sujeito e não de sujeito para
sujeito-objeto, ou seja, o cuidado possibilita a dignidade, pois abre mão
do poder dominador e afirma uma comunhão entre seres reais. “A rela-
ção não é de domínio sobre, mas de com-vivência. Não é pura interven-
ção, mas interação” Por conseguinte, pode-se reiterar que só recebemos
zelo se cuidarmos de outras pessoas; portanto, nessa dimensão, apenas
nos tornamos pessoa no encontro com outra. Percebe-se, então, que a
categoria cuidado tem conotações que superam as noções comuns que
lhe são aplicadas. (p.15)
Nota-se que o sentido ora ressaltado assinala vigorosamente uma atitude de cui-
dado total, não com o que é particular ou pontual, mas sim com o ser humano
em sua integralidade, em suas mais diversas áreas e dimensões: física, afetivo-e-
mocional, social, ecológica, cultural e espiritual.
Outra questão importantíssima ressaltada ainda por Hoepfner (2008) é a
relação entre os seres humanos que deve ser pautada não pelo domínio sobre,
mas pela convivência. Pode-se compreender nessa perspectiva que só recebemos
cuidado se cuidarmos também de outras pessoas; portanto, nessa dimensão ou
relação, apenas nos tornamos pessoa efetivamente quando estamos no encontro
com outra, ou seja, nos relacionamos respeitosamente como iguais.
Diante do exposto, Hoepfner (2008) conclui as seguintes considerações:
Explicitando, o cuidado vê os contornos concretos dos problemas, da
realidade, enxerga e abraça o ser em sua integralidade vital e, portanto,
23. Cuidado, Aconselhamento e Capelania Cristã
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 22
não se resume a apenas fidelidade, a princípios profissionais e a deveres
morais impostos por uma sociedade deveras injusta. Perceptivelmente
esclarecedor é o vocábulo alemão Sorge, comumente traduzido ao ver-
náculo pátrio como “cuidado”, “preocupação”, “aflição”. Se por um lado,
a Sorge remete para o cuidado de si, por alguém ou por algo (Fürsorge),
por outro, remete, igualmente, para uma situação existencial de aflição,
ou seja, o de estar preocupado consigo mesmo, por alguém ou com algo
(sich sorgen um). O termo inglês care, da mesma forma, traz consigo a
idéia de um cuidar solícito, bem como o de um cuidar ansioso e aflito
junto a alguém ou a algo. Conclui-se que, uma atitude de cuidado fren-
te a pessoas, requer envolvimento, pois “o cuidado é aquela relação que
se preocupa e se responsabiliza pelo outro, que se envolve e se deixa
envolver com a vida e o destino do outro, que mostra solidariedade e
compaixão”. Tal atitude é a condição prévia para o eclodir da amorosi-
dade humana, afinal, quem cuida, ama e, quem ama, cuida (p.16)
Hoepfner (2008) faz ainda um estudo sobre expressões correlatas ao termo “cui-
dar” no Antigo Testamento e Novo Testamento:
O principal correlato do termo cuidar no Antigo Testamento (AT) é
o verbete shãmar. Ao longo do testamento hebraico ele aparece 420
vezes. A ideia básica da raiz deste termo, conforme o Dicionário Inter-
nacional do Antigo Testamento, é a de “exercer grande poder sobre”,
significado que permeia as várias alterações semânticas sofridas pelo
verbo. Combinado com outros verbos, o sentido expresso é o de “fazer
com cuidado”, “fazer diligentemente”, por exemplo, como aparece em
Nm 23.12: “(...) Porventura, não terei cuidado de falar o que o Senhor
pôs na minha boca”. O verbo pode vir a exprimir também a atenção cui-
dadosa que se deve ter com as obrigações contidas em leis e na própria
aliança de Deus com o seu povo, como expresso em Gn 18.19 ou Êx
20.6. Frequentemente, o verbo ainda é utilizado para designar a neces-
sidade de ser cuidadoso frente às próprias ações; frente à própria vida
(Sl 39.1; Pv 13.3), ou ainda, designar a atitude de alguém de dar aten-
ção ou reverenciar Deus, outras pessoas ou ídolos (Os 4.10; Sl 31.6). O
verbo shãmar abrange ainda os sentidos de “preservar”, “armazenar” e
“acumular” a ira (Am 1.11), o conhecimento (Ml 2.7), o alimento (Gn
41.35) ou qualquer coisa de valor (Êx 22.7). Um último desdobramento
da raiz exprime a ideia de “tomar conta de” ou “guardar”, ou seja, en-
volve manter ou cuidar de um jardim (Gn 2.15), de um rebanho (Gn
30.31) ou de uma casa (2 Sm 15.16). É nessa ótica que Davi admoesta
Joabe a cuidar de Absalão: “Guardai-me o jovem Absalão” (2 Sm 18.12),
ou quando Davi, nos Salmos 34.20; 86.2; 121.3-4 e 7, utiliza o termo
para falar do cuidado e da proteção divina.
25. Considerações Finais
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 24
Imago Dei, ou seja, que o ser humano é imagem e semelhança de Deus. Portanto,
há uma dignidade no ser humano que lhe é atribuída, concedida sem mereci-
mento que provém de Deus e que se manifesta em si mesmo.
Teologicamente, observa Oliveira (2004) que os atos de misericórdia e com-
paixão testemunhados por Jesus Cristo, em sua prática, revelam o próprio amor
de Deus dispensado ao ser humano. Enquanto os atos de poder coisificavam o
ser humano, escravizando-o, Jesus testemunhava o amor de Deus que transforma
a dor e a escravidão em amor, saúde e vida, vida em abundância.
Oliveira (2004) assinala que a desesperança e o pessimismo podem ser
revestidos pela ressurreição de Cristo, pois ela apresenta uma nova condição
antropológica para a existência humana; bem como pela cruz que não nega o
sofrimento, mas assinala que todos estão suscetíveis nesta condição humana,
pois Jesus também recebeu cuidados quando de sua morte.
Por fim, o aconselhamento e a capelania cristã também são experiências
construídas e contextualizadas pela riqueza do serviço cristão que se explicita
no ato de cuidar do ser humano numa perspectiva bíblica. E essa tradição bíblica
tem como eixo fundante e articulador o Cristo da Fé e o Jesus Histórico. No pri-
meiro, se evidencia a celebração da Vida e no segundo se ressalta as contradições
existenciais da Vida. Nessa dinâmica é que se encontram relacionadas funda-
mentalmente o aconselhamento e a capelania cristã.
Considerações Finais
Caro aluno (a), esta nossa primeira unidade nos lançou no universo bíblico-teo-
lógico. Nela visitamos e revisitamos textos clássicos e fundamentais da Fé Cristã
que são imprescindíveis não só para os nossos intentos, como para todo e qual-
quer objetivo que queira fundamentar o testemunho cristão.
Em nosso caso, olhamos firmemente para o campo da Teologia Prática,
ou mais especificamente, para as áreas do Aconselhamento e da Capelania
Cristã. Nesse sentido, quando estudamos a palavra “diaconia”, vimos como este
26. ACONSELHAMENTO E CAPELANIA CRISTÃ: MARCO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998.
I
termo é rico e diverso, bem como aponta indelevelmente para o ser próprio do
Cristianismo: servir ao mundo. Destacou o nome e o sobrenome dessa essência
diaconal: Jesus Cristo, o servo por excelência. Assim, ficou límpido que o minis-
tério cristão, guarda-chuva maior que abarca o Aconselhamento e a Capelania
Cristã, é um instrumento de serviço no mundo, quer intra ou extraigreja.
Vimos ainda, juntos, o termo poimênica. Termo que deve ser entendido como
ponto de partida e de chegada do aconselhamento cristão, e por que não dizer
da Capelania Cristã também? Claro que sim. Esse termo alimenta essas duas
atividades que, do ponto de vista bíblico-teológico, são instrumentos para pos-
sibilitar ajuda e crescimento a todo aquele que se encontra necessitado. Contudo,
esse termo guarda também as potencialidades inerentes ao ser humano; isso não
pode ser esquecido quando se faz Aconselhamento e Capelania nessa perspec-
tiva, pois o aconselhando não é um objeto, mas um sujeito em crescimento. Isso
deve ser compreendido como um mote da ética da ajuda cristã.
Por fim, vimos cuidadosamente o verbo “cuidar”, ou o substantivo “cuidado”.
Brincadeiras à parte. “Cuidar” e “cuidado” são as palavras, sem dúvida, que melhor
interpretam, em última instância, toda e qualquer ação cristã. Nesse sentido, o
oxigênio afetivo do Aconselhamento e da Capelania Cristã é justamente a boa
nova de Salvação a todo aquele que crê: “Porque Deus amou (cuidou) do mundo
de tal maneira que enviou o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê
não pereça, mas tenha vida eterna” (João 3:16).
27. 26
Comunidade de Fé: Aconselhamento – Missão e Diaconia
“Enviou-os a pregar o Reino de Deus e a
curar os enfermos”(Lc 9.2). No afã de anun-
ciar o Evangelho até aos confins da Terra,
a Igreja centra-se muitas vezes na primeira
parte deste mandato divino e esquece sua
missão de “curar os enfermos”. O ser mis-
sionário se dá de forma plena quando
assumidas todas as dimensões do Reino.
Anunciar o Reino implica, na sua essência,
a ajuda ao próximo, pois o ensinamento pri-
mordial de Jesus é o da caridade. Avaliando
a ação da Igreja através da história, reco-
nhece-se hoje a necessidade de retomar
as características primeiras da comunidade
de fé cristã, ou seja, a recuperação de sua
ação de diaconia.
As crises na vida do ser humano suscitam
questionamentos existenciais. É bom que
eu exista? Por que eu existo? São pergun-
tas que requerem respostas consistentes
e efetivas para a vida da pessoa em crise.
Estas perguntas podem ser resumidas na
questão central: Como posso aceitar a vida
passada e futura?
Esta pergunta primária, essência da busca
de sentido do ser humano, aponta para
além do mundo imamente. Ela expressa
o desejo ilimitado do ser humano por
felicidade, integridade, aceitação e paz
consigo mesmo e com os outros. Os cris-
tãos acreditam que neste desejo pelo céu
Deus mesmo permanece na lembrança
da humanidade. As crises na vida levam,
como nenhuma outra experiência biográ-
fica, a este desejo humano primário por
Deus. A pessoa afetada por crises se depara
irremediavelmente – quando se preocupa
com estas questões - com a necessidade
de Deus.
É na comunidade de fé que a pessoa deve
encontrar apoio e arrimo na busca por res-
postas existenciais. Profissionais da área
de Saúde Mental feriram por anos de sua
história um direito fundamental do por-
tador de transtornos mentais ao ignorar
sua dimensão espiritual. Dada a dificuldade
de delimitar fé sincera e coerente como
direito fundamental e a confusão mental
relativa a elementos religiosos, optou-se
não tocar neste aspecto da vida. Por outro
lado, constata-se a dificuldade de institui-
ções denominacionais para tratar questões
religiosas abertamente de forma a respeitar
o direito à liberdade religiosa. Subestimar
as capacidades mentais e cognitivas dos
pacientes em instituições psiquiátricas
constituiu-se em um entrave para avançar
nas reflexões sobre a experiência religiosa
no campo da Saúde Mental.
Por parte das comunidades de fé cristãs
coexistem os bons propósitos a partir do
Evangelho que ensina a não fazer acep-
ção de pessoas nas relações e cuidados e
a crença milenar preconceituosa que vê as
patologias mentais como possível castigo
divino ou possessão demoníaca.
Para anunciar o Reino a todos – indiscri-
minadamente – é preciso superar tais
paradigmas e construir um novo modo de
integrar portadores de transtornos men-
tais nas comunidades. A comunidade de
28. fé é o espaço privilegiado para a concreti-
zação do Reino aqui e agora. É nela que o
portador de transtornos mentais faz a expe-
riência de um Deus de amor e ternura. O
encontro de cristãos comprometidos com
os valores do Evangelho permite uma
aproximação real com Deus, mesmo que,
dependendo do grau de transtorno mental,
não haja uma sistematização e compre-
ensão da relação com a Transcendência.
Antes da Palavra está a experiência. Se há
limites para acolher a Palavra falada e sis-
tematizada, o mesmo não acontece com a
Palavra encarnada, pois esta remete direta-
mente à experiência do sagrado, portanto,
acessível a todos.
Geni Hoss
Fonte: http://www.rcaap.pt/detail.jsp?id=urn:repox.ibict.brall:oai:est.edu.br:172.
Acesso em: 26 dez de 2011.
29. 2828
1. Como vimos nesta unidade, o termo “diákonos” é muito rico e diverso em sua
significação. Aponte em que sentido Jesus é entendido como exemplo maior
enquanto“diákonos”.
2. O estudo do termo“diákonos”, na perspectiva bíblica que vimos, é essencial para
direcionar o Ministério Cristão, o qual também orienta o aconselhamento e a
capelania cristã. Diante disso, interprete a seguinte afirmação: “Diaconia como
um ministério da Igreja, a serviço da obra de Deus, no mundo”.
3. Fundamentar, bíblica e teologicamente, é indispensável para toda e qualquer
teoria ou prática cristã. Nesse sentido, elabore um texto, entre 4 e 8 linhas, que
ressalte o sentido de poimênica, no que concerne às potencialidades próprias
dos seres humanos.
4. A partir da elaboração teológica do cuidado como fundamento para o aconse-
lhamento e capelania, aponte e argumente o porquê desse tema: “cuidado” é
essencial para o exercício do aconselhamento e da capelania cristã.
5. Nesta unidade foram vistos os termos“Diaconia”,“Ministério Cristão”e“Cuidado”.
Vimos que esses três termos são importantes para uma compreensão bíblico-
teológica do fazer aconselhamento e capelania cristã. Construa um texto argu-
mentativo entre 5 e 10 linhas, a partir desta unidade, que expresse a importância
desses termos para a atividade de aconselhamento e capelania cristã.
30. Material Complementar
ACONSELHAMENTO E CAPELANIA CRISTÃ: MARCO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Luz da Poimênica
Neste link, você encontrará mais informações sobre o cuidado à luz da poimênica.
Especificamente, o texto enfoca a questão do cuidado de pastores e pastoras.
http://www3.est.edu.br/biblioteca/btd/Textos/Mestre/Oliveira_rmk_tm105.pdf
31. UNIDADE
II
Professor Me. Rubem Almeida Mariano
OS FUNDAMENTOS DO
ACONSELHAMENTO E DA
CAPELANIA CRISTÃ
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer as origens históricas do Aconselhamento e Capelania Cristã.
■■ Assinalar os aspectos fundamentais das teorias em Aconselhamento
e em Capelania Cristã.
■■ Apontar atitudes em Aconselhamento e Capelania Cristã.
■■ Identificar os objetivos principais do Aconselhamento e Capelania
Cristã.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Aconselhamento e Capelania Cristã: Apontamentos Históricos
■■ Fundamentos e Teorias em Aconselhamento Cristão
■■ Os Fundamentos da Capelania Cristã
■■ Capelania Hospitalar
34. OS FUNDAMENTOS DO ACONSELHAMENTO E DA CAPELANIA CRISTÃ
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998.
II
Aconselhamento e Capelania Cristã:
Apontamentos Históricos
Acompanhar, ajudar e fortalecer na fé sempre foi uma atividade própria da Igreja
de Cristo. Flor (2010) observa três modelos básicos de aconselhamento cristão
durante o período Antigo e Medieval:
a) poimênica como instrumento a serviço da disciplina eclesiástica” (cuidado
com a fé para que ninguém se afastasse do caminho reto);
b) “poimênica como caminho de aperfeiçoamento da vida monástica” (cuidado
com a vida interior e experiência mística de união com Deus);
c) “poimênica como função terapêutica” (na visão de luta entre poderes, era
comum a busca de cura de males atribuídos aos espíritos imundos).
Outras referências históricas dessa atividade podem ser encontradas logo nos
primeiros cem anos da Igreja Cristã. A história registra textos cuidadosos como,
por exemplo, a Carta a uma Jovem Viúva, escrita por João Crisóstomo em 380;
o “Livro de Cuidado Pastoral”, de Gregório, o Grande, no final do século VI ou a
carta “Catorze Consolos Para os Exaustos e Sobrecarregados”, escrita por Martinho
Lutero em 1520. Em cada um destes há a demonstração de um tempo na Igreja
Cristã em que o cuidado era parte integrante do ensino e da vivência pastoral
(FLOR, 2010).
Como é bom estar localizado ou contextualizado. Isso não é diferente quando
estudamos o tema da capelania. Saber nossas origens, e, principalmente, os fun-
damentos da nossa forma de pensar, bem como os motivos que estão na base
de uma determinada ação ou atitude é sempre importante. Conforme Gentil,
Guia e Sanna (2011):
Historicamente o termo “capelania” foi criado na França, em 1700
porque, em tempos de guerra, o rei costumava mandar para os acam-
pamentos militares, uma relíquia dentro de um oratório, que recebia
o nome de “Capela”. Essa capela ficava sob a responsabilidade do sa-
cerdote, conselheiro dos militares. Em tempos de paz, a capela voltava
para o reino, ainda sob a responsabilidade do sacerdote, que continuava
como líder espiritual do rei, e assim ficou conhecido por capelão. Com
o tempo, o serviço de capelania se estendeu aos parlamentos, colégios,
cemitérios e prisões (p.1).
35. Fundamentos e Teorias em Aconselhamento Cristão
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 34
Silva (2010), ao tratar sobre a conceituação de capelania, observa que o termo
aponta para o cargo, a dignidade e o ofício de capelão. Tal atividade é exercida
por um religioso, católico ou protestante, responsável em prestar assistência reli-
giosa e/ou realizar culto ou missa nas instituições que serve. É comum ter um
local denominado capela em repartições públicas ou privadas, escolas, hospi-
tais, quartéis, presídios, universidades etc., onde o capelão atende às pessoas e
essas podem também exercitar a sua fé. Observa ainda Silva (2010) que é comum
haver instituições que só têm capelão católico ou protestante, mas há também
instituições que comportam as duas ramificações do cristianismo, bem como
fora do país há outras religiões que também têm exercido essa mesma função.
Silva (2010) destaca em seu texto a importância do papel do capelão enquanto
facilitador. Ele observa que Jung atribuía ao capelão o papel de sujeito facilita-
dor do encontro do homem com a sua dimensão espiritual; assim como o corpo
precisa do médico, a vida espiritual da pessoa precisa do capelão, compreendia
Jung, conforme Silva (2010).
Fundamentos e Teorias em Aconselhamento
Cristão
A compreensão tradicional de aconselhamento cristão pode ser identificada nas
palavras de Cunha (2004) ao tratar sobre o tema citando Mack:
O aconselhamento para ser chamado cristão precisa possuir quatro ca-
racterísticas: 1. Ser realizado por um cristão; 2. Ser centrado em Cristo
(Cristo não é um adendo ao aconselhamento, mas é a alma e o coração
do aconselhamento, a solução para os problemas. Isto contrata com o
caráter antropocêntrico das psicologias modernas); 3. Ser alicerçado na
Igreja (a Igreja é meio principal pelo qual Deus trás às pessoas ao seu
convívio e as conforma ao caráter de Cristo); 4. Ser centrado na Escri-
tura Sagrada (a Bíblia ajuda a compreender os problemas das pessoas e
prover solução para os mesmos)” (p.1).
37. Fundamentos e Teorias em Aconselhamento Cristão
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 36
4. Aconselhamento profissional
Esse tipo de aconselhamento é exercido por conselheiros, psicólogos e psiquiatras.
Esses são profissionais que o pastor pode e deve trabalhar junto, pois há proble-
mas mais profundas na comunidade e por isso necessitam de um cuidado maior.
Nossos estudos assinalam o aconselhamento pastoral primeiramente, bem
como o profissional, com destaque para o aconselhamento psicológico. Nossa
perspectiva é o diálogo. Esse diálogo está imbuído pelo respeito e consideração
entre os conhecimentos da Teologia e da Psicologia.
Avançando um pouco mais, Barrientos (1991) apresenta as cinco objetivos
do aconselhamento, e ainda destaca que o mesmo não está indicado somente
para os momentos de crise, mas é também um meio de ajuda, com isso corro-
borando com a ideia acima de Clinebell (2000). Vejamos os cinco objetivos:
1. Relatar a situação que está enfrentando.
2. Obter uma visão global do problema, e não reparar apenas em detalhes.
3. Descobrir as causas.
4. Tomar decisões.
5. Amadurecer para que, em situações futuras, possa resolvê-los por si
mesmo.
Mannóia (1985) também corrobora ao apresentar os seguintes objetivos:
a. Auxiliar o indivíduo a alcançar o conhecimento e a aceitação de si mesmo.
b. Auxiliar o indivíduo a analisar rumos de ação alternativos.
c. Oferecer oportunidades ao indivíduo de escolher um modo de proce-
der que seja viável.
d. Oferecer ao indivíduo uma situação na qual tome iniciativa e aceite se
responsabilizar por ela.
Para Collins (1995), o aconselhamento tem os seguintes objetivos:
a. Estimular o desenvolvimento da personalidade.
b. Enfrentar mais eficazmente os problemas da vida, os conflitos íntimos e
as emoções prejudiciais.
38. OS FUNDAMENTOS DO ACONSELHAMENTO E DA CAPELANIA CRISTÃ
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998.
II
c. Promover encorajamento e orientação para aqueles que perderam alguém
querido ou que estejam sofrendo uma decepção.
d. Assistir as pessoas cujo padrão de vida lhes cause frustração e infelicidades.
e. Levar o indivíduo a uma relação pessoal com Jesus Cristo.
Collins (1995) ressalta, ainda, os seguintes alvos do aconselhamento:
a. Autocompreensão – compreender a si mesmo é o primeiro passo para
a cura.
b. Comunicação – é essencial para a pessoa. Isso envolve a expressão da
pessoa e a capacidade de receber mensagens corretas por parte de outras.
c. Aprendizagem e Modificação de comportamento – desenvolver com-
portamentos adequados e abandonar os inadequados é essencial para o
aconselhando.
d. Autorrelização – desenvolver uma vida realizada em Cristo, na força do
Espírito Santo, em que nota-se o amadurecimento espiritual do aconse-
lhando.
e. Apoio – o aconselhando em situações de crise pode necessitar de apoio
para enfrentá-las.
Já Clinebell (2000) apresenta o seguinte quadro de áreas funcionais onde há opor-
tunidades dentre as quais o aconselhamento se desenvolve de maneira efetiva:
Função
poimênica
Expressões
históricas
Expressões atuais em poimênica
e aconselhamento
Cura
Unção, exorcismo, san-
tos e relíquiasm curan-
deiros carismáticos.
Psicoterapia pastoral, cura espiritual,
aconselhamento e terapia matrimo-
nial.
Sustentação
Preservar, consolar e
consolidar.
Poimênica e aconselhamento de
apoio, aconselhamento em casos de
crise, poimênica e aconselhamento
em casos de luto ou perda.
39. Fundamentos e Teorias em Aconselhamento Cristão
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 38
Função
poimênica
Expressões
históricas
Expressões atuais em poimênica
e aconselhamento
Orientação
Dar conselhos, exorcís-
mo, escutar.
Aconselhamento educativo, tomada
de decisões em curto prazo, aconse-
lhamento de confrontação, orienta-
ção espíritual.
Reconciliação
Confissão, perdão, disci-
plinamento.
Aconselhamento matrimonial. Acon-
selhamento existencial (Reconcilia-
ção com Deus).
Nutrição
Treinamento de mem-
bros, novos na vida cris-
tã, educação religiosa.
Aconselhamento educativo, grpos
de crescimento, enriquecimento do
matrimônio e da famíliam assistência
para a possibilidade de crescimento
através de crises desenvolvimentais.
Clinebell (2000) observa que o fim último do aconselhamento é o crescimento
espiritual integral das pessoas. Para isso, o conselheiro deve utilizar os instru-
mentos que são próprios ao cristianismo, como:
■■ A bíblia.
■■ A oração.
■■ A visitação.
■■ A meditação.
■■ A exortação.
■■ O perdão.
■■ A comunhão, dentre outros.
Se assim podemos nos referir, esses instrumentos têm o objetivo de poten-
cializar esse crescimento espiritual integral à luz da ação do Espírito Santo.
Nessa perspectiva, Clinebell (2000) observa, ainda, seis dimensões da inte-
gralidade da vida de uma pessoa:
41. Fundamentos e Teorias em Aconselhamento Cristão
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 40
Por isso, para Schipani (2004) aconselhamento pastoral deve ser entendido teo-
logicamente como:
a) Adoção da sabedoria à luz de Deus como a metáfora fundamental que
reconstrói a estrutura teórica e os fundamentos teológicos do aconselha-
mento pastoral em solo firme.
b) Integração das perspectivas psicológicas e teológicas à luz da sabedoria
de Deus como o princípio digno para orientar, compreender e realizar
um tipo de aconselhamento pastoral ao mesmo tempo plenamente acon-
selhador e plenamente pastoral.
c) A luz de Deus que define a natureza e a orientação de forma do ministé-
rio cristão, de modo que prontamente reconhecemos as dimensões éticas
e o contexto moral do aconselhamento.
d) A luz de Deus que orienta os aconselhadores pastorais a caminharem com
os outros na esperança de construir uma sociedade de liberdade, justiça,
paz, amor e integridade e os chama, de forma singular, a se tornar em
terapeutas para um mundo melhor.
Schipani (2011) observa ainda que em aconselhamento pastoral é imprescindível
que se tenha claro que cada situação requer formulação de objetivos específicos,
bem como, em cada situação, que se apliquem estratégias próprias. Contudo, há
também de se reconhecer que há muitas ocorrências em comum que apontam
para um propósito geral ou fundamental, o qual, nesse caso, é a sabedoria à luz
de Deus. Portanto, o propósito mais amplo de crescer em sabedoria inclui três
aspectos inseparáveis para se buscar alívio e resolução, advoga Schipani (2011):
1. Crescimento na visão
A experiência do aconselhamento pastoral tem de ser orientada para ajudar o
aconselhando a encontrar novas e melhores formas de conhecer e compreender
a realidade, incluindo as dimensões da sua própria pessoa, o mundo social, as
ameaças do vazio e a realidade da graça do Sagrado.
2. Crescimento em virtude
A experiência do aconselhamento deve convidar o aconselhando a descobrir
42. OS FUNDAMENTOS DO ACONSELHAMENTO E DA CAPELANIA CRISTÃ
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II
maneiras de ser e amar mais satisfatoriamente, com particular ênfase na sua
relação com outras pessoas - especialmente amigos, familiares e colegas de tra-
balho - com o Espírito de Deus e consigo mesmo.
3. Crescimento em vocação
A experiência de aconselhamento pastoral procura capacitar o aconselhando a
tomar boas decisões e investir energias novas em relacionamentos interpesso-
ais, profissionais, nas horas de descanso, lazer, alimentação espiritual, serviço,
e encontrar formas de apoiar essas decisões com integridade. É fundamental
encontrar uma orientação para a vida que seja mais livre e esperançosa, em meio
à situação social que vivemos.
Portanto, Schipani (2011) entende que o propósito geral do aconselhamento
pastoral é ajudar o aconselhando a descobrir como viver uma vida mais ínte-
gra, moral e plena.
Brister (1980), ao tratar da natureza do aconselhamento pastoral, observa
que há muitos problemas, dos mais diversos possíveis, entre as pessoas hoje. Tal
realidade assinala a necessidade de um melhor preparo por parte de pastores e
pastoras, bem como liderança religiosa como um todo, incluindo entendimento
técnico e busca por resultados efetivos. Deve-se reconhecer que o aconselhamento
pastoral não é uma atividade nova, por mais que tenha ganhado visibilidade
atualmente, como nos cursos de formação teológica e na própria comunidade
cristã, ele é muito antigo.
Em seu estudo pela compreensão da natureza do aconselhamento pastoral,
Brister (1980) destaca os seguintes elementos:
a) O aconselhamento pastoral pressupõe um diálogo entre Deus e o ser
humano, na perspectiva da Fé Cristã. Seja em que situação for, Deus sem-
pre se fará presente nessa relação (Mt. 18:20), por isso em certo sentido,
do ponto de vista teológico, a experiência do aconselhamento deve ser
compreendida como uma oração, uma conversa com Deus na presença
de outra pessoa. Que responsabilidade nossa, você não acha?
b) O aconselhamento pastoral tem como contexto o ambiente cristão e
recursos ou fontes únicas. Ou seja, sempre está relacionado à igreja e
ao contexto tipicamente comunitário. Como, por exemplo, na visão dos
44. OS FUNDAMENTOS DO ACONSELHAMENTO E DA CAPELANIA CRISTÃ
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998.
II
■■ Educacional.
■■ Carcerária.
■■ Hospitalar.
■■ Militar.
■■ Empresarial.
Essas modalidades já estão em todo Brasil, devidamente reconhecidas por lei
com uma longa folha de serviços prestados à sociedade, como é o caso da cape-
lania militar.
O capelão, seja qual for o contexto em que os tiver inserido, tem a missão
de ajudar a pessoa em seu crescimento utilizando os instrumentos próprios da
ajuda cristã ou pastoral, os quais já foram citados acima a bíblia, a oração, a visi-
tação, a meditação, a exortação, o perdão, a comunhão, dentre outros.
Nesse sentido, cabe ao capelão desenvolver procedimentos contextualiza-
dos à sua área de ação, ou seja, escola, universidade, quartel, presídio, hospital
buscando sempre uma atuação em equipe, mas que ressalte as contribuições
específicas e próprias do trabalho espiritual; sempre ciente de que a pessoa é
um ser de várias dimensões, e por isso ele deve exercer seu trabalho à luz da
interdisciplinaridade.
Capelania Hospitalar
Um bom exemplo é a atuação do capelão no hospital. Esse contexto tem suas
especificidades, sendo muitas vezes marcado por contradições que lhe são pró-
prias, como:
a) De um lado, o adoecer, a doença, o morrer e a morte.
b) De outro, a convivência com diversos profissionais da área da saúde e
áreas afins que, independente de suas possíveis crenças, têm uma for-
mação profissional específica que pauta a sua atuação, como é o caso da
enfermagem, da medicina, da fisioterapia, da psicologia, da assistência
social, da administração dentre outras.
46. OS FUNDAMENTOS DO ACONSELHAMENTO E DA CAPELANIA CRISTÃ
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998.
II
A capelania colabora na formação integral do ser humano, oferecendo
oportunidade de conhecimento, reflexão, desenvolvimento e aplicação
dos valores e princípios éticos, na revelação de Deus para o exercício
da cidadania. A capelania realiza também a assistência espiritual, social
e emocional às famílias de enfermos, equipes de saúde dos hospitais e
estudantes de medicina.
De acordo com Bautista, a capelania hospitalar tem como característica
ser um serviço sanativo, porque pretende a apropriação da realidade
pessoal até o último instante de vida. Esse serviço (diaconia) exige, em
primeiro lugar, a colaboração dos cristãos próximos ao mundo do en-
fermo, especialmente os agentes mais idôneos, desde os pastores, diá-
conos e os leigos que vivem e conhecem o contexto hospitalar e podem
ajudar nas atividades no hospital. Esse trabalho é baseado no conceito
de “atendimento integral” em que o paciente tem uma aceitação melhor
da hospitalização e tem mais chances de um rápido reestabelecimen-
to por ter também contemplados os aspectos espirituais e emocionais.
(p.p 26-27)
Teologicamente, Silva (2010) lembra que como toda ação pastoral, a capelania
hospitalar está fundamentada na própria prática de Jesus, pois Ele atendeu e
cuidou dos enfermos e doentes de sua época, em um contexto bem peculiar de
pobreza e de contradições socioeconômicas. O próprio testemunho bíblico do
Novo Testamento assinala que Ele atendia os que sofriam, curando-os e anun-
ciando o Reino de Deus, de vida e paz.
Silva (2010) observa o papel imprescindível do capelão ao afirmar:
O profissional da saúde nem sempre está preparado para trazer rela-
ções saudáveis de ajuda. Depois de esgotadas todas as possibilidades
técnicas e feito todo o possível do ponto de vista clínico, justamen-
te, então, estaremos diante do momento de maior vulnerabilidade e
de maior necessidade do enfermo. E quase sempre nessa situação, os
profissionais da saúde deixam o doente sozinho e desamparado. Por
diversos fatores alheios a nossa vontade, não se leva a sério com a de-
vida frequência, intensidade e consideração, a máxima de que o doente
deve ser protagonista da visita do médico, da enfermeira e do visitador.
Deve, portanto, ser o centro do hospital e de todo o sistema de saúde.
Por isso, precisamos fortalecer a redescoberta da capelania hospitalar,
uma capelania da humanização e da vida para com os doentes, espe-
cialmente os marginalizados, esquecidos e abandonados. (p.p. 27-28)
47. Considerações Finais
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 46
Portanto, a Capelania Cristã é uma atividade legitima do ambiente teológico,
especificamente do ambiente pastoral, o qual tem no universo bíblico sua prin-
cipal inspiração, na própria ação e atitude de Jesus Cristo diante dos enfermos,
os quais em estado de vulnerabilidade encontravam alento e esperança de cura.
E, assim, hoje a Capelania Cristã é uma realidade que continua seguindo essa
boa tradição de Jesus Cristo, como uma atividade parceira, em especial, dos pro-
fissionais da saúde no contexto hospitalar.
Considerações Finais
Nossos estudos nos revelaram que tanto o Aconselhamento quanto a Capelania
Cristã remonta de uma datação longínqua, contudo, ambas foram mais recen-
temente tomando a forma que temos nos estudos clássicos modernos. Ambas
seguem a mais pura tradição cristã de ajuda aos necessitados e aos que sofrem.
Vimos conceitos, objetivos e finalidades, bem como teorias sobre
Aconselhamento Cristão. Vimos também que algumas teorias ora enfatizaram
os fundamentos, ora enfatizaram as finalidades. Observamos ainda a riqueza de
argumentos puramente teóricos e teorias sobre a prática, bem como argumen-
tações ricas teologicamente.
Sobre a Capelania Cristã foi dado um tom apenas introdutório e panorâmico.
Focou-se mais especificamente na capelania hospitalar. É importante ressaltar
que essa área será mais bem desenvolvida quando forem tratados o perfil e o
papel do capelão, na Unidade IV desta disciplina.
Por fim, esta unidade teve como objetivo tornar mais evidente ao leitor os
fundamentos teóricos e práticos do Aconselhamento e da Capelania Cristã, e
assim possibilitar informações básicas, fundamentais e técnicas sem as quais
essas áreas ficam apenas no campo do voluntarismo desprovido de toda sorte
de competências.
48. Capelania Hospitalar
Levando o amor de Cristo aos enfermos e necessitados
Atuar nos hospitais levando o amor de Deus, Seu consolo e alívio num momento de dor.
Esta é a principal missão da Capelania Hospitalar, que, através de gestos de solidarieda-
de e compaixão, tem levado a Palavra de Deus não só aos pacientes, mas também aos
seus familiares, sem esquecer ainda dos profissionais de saúde, tantas vezes vivendo
situações de estresse ou mesmo passando por momentos difíceis. Os capelães respei-
tam a religião de cada paciente sem impor nada, apenas levando a Palavra àqueles que
desejarem.
O que faz um capelão?
O capelão, integrante da equipe multidisciplinar de saúde, é uma pessoa capacitada
e sensível às necessidades humanas, dispondo-se a dar ouvidos, confortar e encorajar,
ajudando o enfermo a lutar pela vida com esperança em Deus e na medicina. Oferece
aconselhamento espiritual e apoio emocional tanto ao paciente e seus familiares, como
aos profissionais da saúde. É importante elo com a comunidade local.
REAÇÕES DO ENFERMO PERANTE A DOENÇA
Diante da enfermidade a pessoa se vê tolhida de sua liberdade de ser ela mesma, não
pode desempenhar suas atividades e sente-se ameaçada quanto a seu viver ou futuro.
A reação diante de tudo isso é uma atitude psicológica chamada de MECANISMO DE
DEFESA, classificada como inconsciente.
Eis algumas reações dessa natureza:
■■ REGRESSÃO – O paciente se torna dependente dos outros, sem autonomia, adotando
atitudes infantis, exagerando desproporcionalmente a gravidade do seu caso; recla-
ma sem fundamento e constantemente do atendimento e da alimentação; queixa-se
que os parentes ou conhecidos não o visitam.
■■ FORMAÇÃO REATIVA – Os impulsos e as emoções censuradas como impróprias as-
sumem uma forma de expressão contrária, aceitável para o consciente. No caso de
doenças longas ou piora gradativa, o paciente afirma que está sendo perseguido pe-
los funcionários do hospital, adotando uma atitude defensiva e agressiva, pois estes
representam sofrimento para ele. Pragueja, xinga, acusa os familiares de falta de inte-
resse, que os médicos são irresponsáveis.
■■ NEGAÇÃO – Ao tomar conhecimento do diagnóstico, o paciente se recusa a aceitar
que esse problema de saúde é dele. A negação funciona como uma proteção contra a
angústia. Ele acha que o resultado está errado, que outro médico deve ser procurado
49. 48
e continua tentando viver como se a enfermidade não existisse, evitando falar sobre
o assunto. A negação pode ocorrer em crentes que adotam uma atitude triunfalista
ao afirmarem: “Em nome de Jesus já estou curado, Deus não permitirá que eu seja
operado”.
REAÇÕES DOS FAMILIARES DO ENFERMO
A família acaba sendo afetada e as reações negativas podem ser a de estresse psíquico,
ocorrendo desgaste físico e até depressão. A família se organiza nas suas funções, ocor-
rendo sobrecarga para alguns membros familiares e até a omissão de cuidados. A vida
sócio-econômica também pode mudar radicalmente devido as perdas. Os familiares
prejudicam o tratamento se forem excessivamente desconfiados em relação à equipe
do hospital, com muitos questionamentos ou palpites. Alguns familiares se sentem cul-
pados ou transferem a culpa ao paciente. Também podem se sentir vítimas do destino,
castigo de Deus ou retaliação do inimigo. O enfermo muitas vezes precisa se esforçar
para acalmar a família. Conforme a enfermidade, alguns familiares entram em crise de
desespero, tirando a tranqüilidade do paciente.
QUALIFICAÇÕES PARA VISITAÇÃO
■■ Vários requisitos necessários do visitador:
■■ Ter sabedoria e humildade para saber que você não é melhor do que ninguém;
■■ Cultivar uma personalidade amável, agradável, cativante;
■■ Ter habilidade de comunicar-se;
■■ Ter humor estável;
■■ Ter respeito às opiniões religiosas divergentes;
■■ Ter discernimento e sensibilidade na conversação;
■■ Saber guardar as confidências dos pacientes;
■■ Saber usar a linguagem e forma de abordagem a cada pessoa;
■■ Dar tempo e atenção ao paciente visitado;
■■ Ter sensibilidade para com discrição, sentir quando é o momento mais oportuno para
visitar;
■■ Saber evitar a intimidade e não invadir a privacidade alheia;
■■ Saber ouvir.
50. PRINCÍPIOS A SEREM OBSERVADOS NA VISITAÇÃO A ENFERMOS
■■ Bater à porta.
■■ Pedir licença ou cumprimentar só verbalmente (a menos que o paciente estenda a
mão).
■■ Se apresentar como pastor (a); obreiro (a).
■■ Se oferecer para orar (respeitar as negativas) pedindo o favor de abaixar o volume do
rádio ou TV.
■■ Convidar as pessoas do ambiente pra ouvirem a leitura bíblica e oração.
■■ Caso o enfermo estiver no banho, fazendo curativos ou algum exame,
RETORNE POSTERIORMENTE
■■ Se a enfermeira estiver atendendo o paciente ou o médico estiver presente no quarto,
RETORNAR POSTERIORMENTE.
■■ Se o paciente está com algum mal-estar (vômito, dor, confuso), abreviar a visita.
■■ Às vezes o paciente faz as seguintes solicitações: para ajeitá-lo no leito, pede água
ou algum alimento, solicita medicação. TODAS essas solicitações devem ser atendidas
pelo serviço de enfermagem. Por isso, responda ao paciente que ele deve fazer esse
pedido a enfermeira, ou em alguns casos (queda do paciente, escapou o soro) avisar o
ocorrido no posto de enfermagem.
■■ Em alguns casos quando o paciente apresenta um quadro de contaminação, é colocado
um cartaz de alerta e de instruções na porta do quarto. Na dúvida, perguntar no posto
de enfermagem e que deve fazer para entrar no quarto (utilizar máscara, luva, etc).
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
O objetivo da visita NÃO É doutrinação, mas atender à necessidade do paciente; a visita
deve ter um propósito: conforto, consolo para quem sofre. Muitas vezes, a tentação de
“pregar”e apresentar o seu discurso faz com que muitos se esqueçam de que estão num
hospital, desvirtuando, assim, todo o propósito da visita;
■■ Quando tiver dúvidas sobre a situação do paciente, procure a enfermeira.
■■ Ter discernimento para dosar o tempo da visita;
■■ Não demonstre“pena”do paciente;
■■ Mostre seu interesse pelo paciente, mas sem exageros;
■■ Preste atenção naquilo que o paciente está falando, verificando quais são suas preo-
cupações;
51. 50
■■ Não conduza a sua conversa de tal maneira que exija do paciente grande concentra-
ção e esforço mental para acompanhar (ele pode estar sob o efeito de medicamentos);
■■ Ao paciente que acha que não será curado, encoraje. Mas, faça-o com prudência, sem
promessas infundadas;
■■ Não fale sobre assuntos pavorosos;
■■ Nunca pratique atos exclusivos de auxiliar de enfermagem, tais como: dar água ou
qualquer alimento, ou locomover o paciente, mesmo que seja a pedido dele;
■■ Nunca discuta sobre a medicação com os pacientes;
■■ Mantenha os segredos profissionais (num leito de hospital o paciente fala muita coisa
de si mesmo e de sua vida pessoal);
■■ Nunca comente nos corredores do hospital, ou fora deles, o tipo de conversa ou enca-
minhamento de sua entrevista mantida com o paciente;
■■ A ética deve ser rigorosamente observada. Tome muito cuidado!
■■ Não cochiche! Pacientes apresentam alto nível de desconfiança;
■■ Aproveite a oportunidade como se fosse a única. Na medida do possível, o ministério
junto ao enfermo, dentro de um hospital deve ser completo, numa“dose única”;
■■ Evite a intimidade excessiva, não invadindo a privacidade alheia (tanto do paciente
quanto do seu acompanhante);
■■ Respeite a liberdade do paciente quando ele não quiser (ou não estiver preparado
para) falar sobre seus problemas;
■■ Nunca tente ministrar o enfermo quando ele está sendo atendido pelo médico ou
pela enfermeira, ou quando estiver em horários de refeições, ou quando a situação im-
possibilite (familiares, telefonando ou algo importante que ele está assistindo na TV);
■■ Não faça promessas de qualquer espécie (cura, conseguir medicação, maior atenção
dos profissionais de saúde, transferências, conseguir entrevista com o diretor). O pró-
prio hospital tem meios de solucionar essas solicitações;
■■ Em caso de possessão demoníaca, elas precisam ser discernidas;
■■ Preste atenção nos cartazes afixados na porta do quarto, pois eles orientam por qual
motivo você não pode entrar naquele momento ou quais os cuidados você deve to-
mar ao entrar no quarto. Talvez seja proibida a entrada por causa de curativo, troca
de bolsa em pacientes renais, proibição de visita por ordem médica. O paciente pode
estar isolado por causa de problemas de contágio e o cartaz estará orientando se for
necessário utilizar máscara, jaleco, luvas ou evitar tocar no paciente. Também pode
estar tomando banho;
■■ Evitar apertar a mão do paciente, a não ser que a iniciativa seja dele;
52. ■■ Nunca sentar-se na cama do paciente, evitando assim contaminar o doente ou ser
contaminado por ele. Quando o paciente está em cirurgia, os lençóis ficam enrolados,
não devendo NINGUÉM sentar ali;
■■ Procurar estar numa posição em que o paciente veja você;
■■ Cuidado se a sua voz for estridente;
■■ Se for insultado, reaja com espírito cristão;
■■ Em suas conversas, orações, leituras de textos, fale em tom normal. Evite a forma dis-
cursiva e com voz estridente, a não ser que seja em ambiente amplo.
■■ Observar se o paciente está com mal-estar (náuseas ou dor), procurando abreviar ao
máximo a visita.
ATITUDES ADOTADAS PERANTE O PACIENTE E O CORPO CLÍNICO:
Para o paciente, o médico é a pessoa mais importante no hospital, em quem ele depo-
sita a sua confiança. É a visita que ele deseja ansiosamente; portanto, quando chegar o
médico, procure encerrar o assunto ou oração ou retirar-se discretamente. Evite dar pal-
pites sobre o tratamento do paciente ou sobre a conduta do médico. Procure trabalhar
em harmonia com o pessoal da enfermagem, pois os pacientes dependem deles.
APLICAÇÃO BÍBLICA
Sabemos que a enfermidade é proveniente da raça humana em pecado. Em muitas si-
tuações a enfermidade surge por culpa direta do próprio indivíduo que não cuida do
seu corpo como deveria, ou por causa da violência urbana. Mesmo que o indivíduo seja
culpado de sua situação, devemos levar-lhe uma mensagem que Jesus deseja lhe dar
saúde total, tanto no corpo como na alma, pois Ele disse:“Eu vim para que tenham vida
e a tenham em abundância“ (João 10:10).
A mensagem que se dve trazer ao enfermo é a mensagem bíblica de esperança e con-
solo. Essa mensagem é verbal através da leitura bíblica, oração e aconselhamento. Tam-
bém, através de expressão corporal, tais como expressão de carinho, sorriso e demons-
tração de empatia.
Encontraremos na Bíblia textos relacionados às mais diversas necessidades do ser hu-
mano. São esses textos que devem ser apresentados aos pacientes na esperança de des-
pertamento de fé nas promessas de vida.
54. 1. Quando se trata sobre a conceituação de Aconselhamento e
Capelania Cristã, se sobressai a palavra “cuidado”. Cite dois ele-
mentos históricos que localizem essas atividades ao longo da
história.
2. Uma das atividades essenciais da academia é capacitar o edu-
cando a construir entendimentos, bem como precisar concei-
tos. Diante disso, elabore e explique os conceitos de aconselha-
mento e Capelania cristã a partir dos estudos feitos sobre esses
temas nesta unidade.
3. Esta unidade foi rica em demonstrar objetivos e propósitos
sobre aconselhamento cristão. Desenvolva um texto de 5 a 10
linhas, que tenha como competência ressaltar os objetivos es-
senciais do aconselhamento cristão a partir das concepções de
Collins e de Clinebell.
4. Atualmente, há diversas construções teóricas sobre aconselha-
mento cristão ou pastoral. Vimos várias nesta unidade, entre
elas a de autoria de Schipani. Posto isso, liste os pontos positi-
vos da concepção de Schipani para a prática do aconselhamen-
to pastoral.
5. Capelania cristã é uma atividade que hoje goza de respeito e
consideração. Sua atividade já é reconhecida pelo governo em
nosso país, prova disso é a capelania militar. A partir da Leitura
Complementar“Capelania Hospitalar –Levando o amor de Cris-
to aos enfermos e necessitados”e dos estudos realizados sobre
capelania hospitalar, discuta qual a importância dessa atividade
para o atendimento de enfermos no contexto hospitalar.
55. Material Complementar
54
Material Complementar
Conselho Federal de Capelania Hospitalar
Este link remete você ao site do Conselho Federal de Capelania Hospitalar. Nele há diversas
informações sobre esse tema, bem como cursos e orientações básicas.
http://www.capelaniafederal.org
56. OS FUNDAMENTOS DO ACONSELHAMENTO E DA CAPELANIA CRISTÃ
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998.
II
57. UNIDADE
III
Professor Me. Rubem Almeida Mariano
TEOLOGIA E PRÁTICAS
EM ACONSELHAMENTO
CRISTÃO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Listar procedimentos adequados ao conselheiro em Aconselhamento
Cristão.
■■ Identificar a natureza do Aconselhamento Cristão.
■■ Conhecer técnicas de intervenção em Aconselhamento Cristão.
■■ Descrever as técnicas diretivas e não diretivas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Propostas, técnicas e comportamentos em Aconselhamento Cristão
■■ Promovendo o diálogo com o aconselhando
58.
59. Introdução
“Não basta dizer-se vocacionado para o ministério pastoral ou para o
ministério do aconselhamento para ser bem-sucedido nestas ativida-
des. Ser vocacionado não é uma garantia de que as coisas darão certas.
Prova disso é o grande número de ministérios que dá errado e de igre-
jas com problemas muitas vezes causados por pastores. E, da mesma
forma, de conselheiros que não conseguem ajudar as pessoas. Há algo
mais além da chamada e da boa vontade em fazer a obra”.
Coelho Filho, em De perfil e Atributos do conselheiro Bíblico.
Caro aluno, esta unidade tem como objetivo abordar, os procedimentos ade-
quados do conselheiro, bem como refletir sobre a natureza do Aconselhamento
Cristão de forma introdutória.
Esta unidade também tem a missão de desenvolver as técnicas de intervenção
como forma de lembrar a todos os nossos leitores que a arte de aconselhar hoje
necessita muito mais do que boa vontade, como temos frisado; hoje se faz neces-
sário conhecimento, ou como diz um amigo, meu pastor e doutor em Psicologia,
é necessário ter tecnologia para aconselhar. Pois quem está do outro lado são
pessoas que vivem em estado de sofrimento ou que precisam de orientações e
não podem continuar sofrendo mais do que estão. Portanto, cabe àqueles que
se sentem chamados cuidar de sua formação, preparando-se de forma adequada
para essa atividade. Esta unidade quer singelamente contribuir nesse processo.
Fundamentalmente serão abordadas técnicas de intervenção em
Aconselhamento Cristão, com destaque para os métodos diretivos e não diretivos.
Propostas, Técnicas e Comportamentos em
Aconselhamento Cristão
Quando se pensa na atuação do conselheiro cristão, necessariamente se deve con-
siderar propostas, técnicas e atitudes em aconselhamento. A seguir, estaremos
Introdução
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998. 58
60. TEOLOGIA E PRÁTICAS EM ACONSELHAMENTO CRISTÃO
Reproduçãoproibida.Art.184doCódigoPenaleLei9.610de19defevereirode1998.
III
expondo algumas delas, as quais não são inéditas, mas procuramos identificar
de maneira básica e fundamental quais devem ser os procedimentos e ações do
conselheiro no contexto pastoral.
Veremos ainda que essas propostas, técnicas e atitudes, guardadas as devi-
das proporções, servem também de base para o trabalho da capelania e suas
mais diversas atividades, em especia, quando o capelão atuar na condição de
conselheiro.
É importante observar que há muitos escritos sobre o assunto, especifica-
mente com teorias e métodos devidamente elaborados. Há também diversos
textos sobre o aconselhamento cristão e o aconselhamento psicológico, que
observam seus vínculos, contribuições, limites e críticas, como: Mannóia (1985),
Casera (1985), Collins (1995), Barrientos (1991), Szentmartoni (1999), Clinebell
(2000), Schipani (2004), Sathler-Rosa (2004) e Pereira (2007).
Há certo consenso na literatura acadêmica pesquisada por Szentmartoni
(1999), Collins (1995), Barrientos (1991), Casera (1985), Clinebell (2000), Pereira
(2007) dentre outros, que ao tratarem do tema do aconselhamento cristão obser-
vam, de uma maneira ou de outra, as ideias de Carl Rogers, método não diretivo,
principalmente aqueles relacionados à prática do aconselhamento. Por isso,
nessa direção, uma proposta de aconselhamento passa necessariamente pelo
estabelecimento de vínculos entre o conselheiro e o aconselhando, sem os quais
é impossível um bom desenvolvimento do aconselhamento. Mannóia (1985)
coloca como premissa do aconselhamento cristão as relações pessoais e a cen-
tralidade da pessoa no aconselhamento.
Da mesma forma, Szentmartoni (1999) também o faz, contudo ressalta ainda
as marcas da natureza do aconselhamento cristão, de onde se pode inferir:
a) Está contextualizada na missão e na evangelização da Igreja.
b) Na ajuda, desempenha um trabalho bíblico-teológico do anúncio cristão.
c) É uma atividade religiosa (conselheiro e aconselhando) onde deve ser
observada a pessoa e seu relacionamento com Deus.
d) Observa os limites da atuação e da atividade do aconselhamento cristão
e suas interfaces com outras atividades de aconselhamento.