SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
SONDA NASOGÁSTRICA/NASOENTÉRICA: CUIDADOS NA
INSTALAÇÃO, NAADMINISTRAÇÃO DADIETAE
PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES
GASTRIC/ENTERIC TUBE: CARE ON THE INSERTION, ADMINISTRATION
OF DIETS AND PREVENTION OF COMPLICATIONS
Maria do Rosário D L De Unamuno1
& Julio S Marchini2
1
Enfermeira.Unidade de Estudos Metabólicos da Divisão de Nutrição Clínica do Departamento de Clínica Médica do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP . 2
Docente do Departamento de Clínica Médica/Divisão de Nutrição Clínica
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP.
CORRESPONDÊNCIA: Hospital das Clínicas Campus.- Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Unidade Metabólica - 5° andar. Cep:14048
900 - Ribeirão Preto SP. unamuno@usp.br e jsmarchi@fmrp.usp.br
UNAMUNO MRDL & MARCHINI JS. Sonda nasogástrica/nasoentérica: cuidados na instalação, na administra-
ção da dieta e prevenção de complicações. Medicina, Ribeirão Preto, 35: 95-101, jan./mar.2002.
RESUMO: Cada dia mais, a terapia nutricional é reconhecida como importante fator na
recuperação de doentes. As sondas modernas possibilitam a oferta de nutrientes e a melhora
do estado nutricional, por meio de métodos pouco invasivos, desde que o aparelho digestivo
tenha conservado, pelo menos, parte de sua capacidade de absorção. O procedimento requer
cuidados especializados, posto que não é isento de complicações. A equipe que assiste o
paciente que recebe terapia nutricional através de sondas deve ter conhecimento da instalação
das mesmas bem como da administração das dietas e treinamento para prevenir, reconhecer e
tratar as complicações. Apresentamos, neste artigo, as técnicas de introdução das sondas,
infusão das dietas e principais complicações, que podem advir dessa terapia.
UNITERMOS: Nutrição Enteral.
95
1. INTRODUÇÃO
Desde as eras mais antigas, buscavam-se ou-
tras vias para alimentar pacientes impedidos de comer
pela boca. Os egípcios alimentavam seus pacientes
através de sondas retais e, com o passar dos anos,
houve empenho em se fabricarem tubos de alimenta-
ção, que possibilitassem maior conforto aos pacientes.
Muitos materiais foram utilizados para a confecção de
sondas nasoentéricas, entre eles a borracha, o polieti-
leno e, mais recentemente, o poliuretano e o silicone(1)
.
Ao mesmo tempo em que se buscava melhorar as son-
das, também houve progresso nas formulações dieté-
ticas para a terapia nutricional enteral(2,3)
.
Na década de setenta, Liffmann & Randall(1)
e
Dobbie & Hoffmeister(4)
construíram sondas de
jejunostomia e sondas nasais de fino calibre, com uma
ogiva distal que possibilitava o posicionamento delas
além do esfíncter piloro e permitia a administração de
dietas de maneira mais confortável e segura princi-
palmente nos pacientes idosos, acamados e com re-
flexos diminuídos. Esse tipo de sonda passou a ser
conhecido como sonda de DOBBHOFF, que, hoje, são
fabricadas em poliuretano e silicone, materiais que não
sofrem alteração física na presença de pH ácido, con-
servam flexibilidade, maleabilidade e durabilidade, não
irritam a mucosa digestiva, e, por serem de pequeno
calibre, permitem o fechamento dos esfíncteres cárdia
Medicina, Ribeirão Preto,
35: 95-101, jan./mar. 2002 DESCRIÇÃO DE MÉTODOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTAIS
96
MRDL Unamuno e JS Marchini
e piloro(5,6,7)
. Com isso, os efeitos colaterais, que ocor-
riam freqüentemente, com o uso das antigas sondas
calibrosas de polivinil, como, por exemplo, aspiração
pulmonar, irritação nasofaríngea e refluxo gastroeso-
fágico, diminuíram. Procedimentos corretos e cuida-
dos na instalação da sonda e na administração da
dieta, porém, são de vital importância para evitar as
complicações e fazer com que o paciente receba os
benefícios da terapia(5,8)
.
No ano de 1999, o Ministério da Saúde, através
da Portaria 337 e da Resolução 63 de 2000, normatizou
a Terapia Nutricional Enteral e oficializou as atribui-
ções de cada profissional dentro da equipe multipro-
fissional especializada, que obrigatoriamente deve es-
tar presente nas instituições que usam a prática da
nutrição por meio de sondas digestivas e cateteres
venosos. Alimentar um paciente por sonda, seja por
via nasal ou ostomia, necessita de cooperação do pa-
ciente e de seus familiares, principalmente quando
existe indicação dessa terapia no domicílio.
A motivação individual desempenha papel im-
portante no comportamento do paciente. Um dos meios
para isso é melhorar a qualidade de informação e a
compreensão do paciente sobre sua enfermidade e
salientar a necessidade da terapia nutricional. Esti-
mular e ensinar o paciente e seus familiares a partici-
par dos cuidados com as sondas e administração das
dietas ajudará na redução da ansiedade e aumentará
a segurança deles, garantindo um melhor resultado no
seu estado nutricional, reduzindo-se riscos de compli-
cações. Assim, o objetivo deste artigo é ressaltar os
aspectos práticos, relevantes sobre os principais prin-
cípios da nutrição enteral, incluindo a instalação da
sonda, administração da dieta e complicações mais
freqüentes da terapia.
2. INDICAÇÕES E TIPOS DE SONDAS
Atualmente, existe clara distinção entre as son-
das utilizadas para infundir nutrientes e aquelas utili-
zadas para drenagem de secreções digestivas. As son-
das de polivinil devem ser usadas somente para dre-
nagem gástrica e por períodos menores que 30 dias (9)
.
O uso de sondas enterais com a finalidade de
se administrar alimentos deve ser feito sempre que
houver contra-indicação ou impossibilidade de se uti-
lizar a via oral fisiológica; é de ressaltar-se, porém,
que o tubo digestivo deve estar presente, com capaci-
dade de absorção, total ou parcial, conservada (6,10,11)
.
Nos pacientes com fístula intestinal, proximal de bai-
xo débito, a porção distal da sonda deverá estar além
da fístula. Por outro lado, pacientes portadores de obs-
trução intestinal completa, ou aqueles em que se faz
necessário o repouso absoluto do trato digestivo, a ali-
mentação por sondagem não está recomendada.
Atualmente, estão disponíveis dois tipos gené-
ricos de sondas para alimentação: as utilizadas via
nasogástrica e via nasoentérica e as de ostomias. As
sondas nasoentéricas têm de 50 a 150 cm de compri-
mento, e diâmetro médio interno de 1,6 mm e externo
de 4 mm. Todas têm marcas numéricas ao longo de
sua extensão, que facilitam a verificação do seu posi-
cionamento final. É controverso se os tubos com
“peso” na extremidade distal oferecem vantagens na
sua passagem transpilórica e na manutenção da sua
localização(12,13)
; é aceito, todavia, que a intubação pós-
pilórica é facilitada pelas sondas que possuem uma
ogiva distal de 2 a 3 g, confeccionadas, geralmente,
de tungstênio. Essa ogiva faz com que o peristaltismo
gástrico e intestinal, agindo sobre ela, posicione a son-
da corretamente(12,14,15). Assim sendo, a passagem da
sonda pelo piloro se faz de maneira espontânea e len-
ta de 4 a 24 h. Paz et al., na Filadélfia(16)
e Jimenez e
al. (17)
na Espanha concluiram que o uso de sondas
com peso diminui o número de tentativas para alcan-
çar a sondagem gástrica e tais tubos se mostraram
mais duradouros, isto é, com menor risco de extubação
involuntária, principalmente nos pacientes com dificul-
dade para engolir ou inconscientes. Por serem radio-
pacas, as sondas atuais possibilitam que sua localiza-
ção seja confirmada por meio de exame radiológico.
Por serem bastante maleáveis, um guia metálico e fle-
xível é utilizado para facilitar sua introdução nasal. Na
extremidade proximal, são encontrados adaptadores
simples ou duplos; estes últimos são usados para faci-
litar a irrigação da sonda ou administração de medica-
mentos, sem necessidade de interromper a infusão de
dieta.
O uso de sondas para ostomias, atualmente, é
restrito em nosso meio, apesar de serem de grande
valia nos pacientes que necessitam receber alimentos
por essa via durante muito tempo. As mais modernas,
para gastrostomia, são de silicone ou de poliuretano,
com paredes finas e flexíveis, numeradas e com duas
vias que facilitam a irrigação e a administração de
medicamentos, mesmo durante a infusão da dieta. As
vias possuem tampas e adaptadores que evitam vaza-
mentos, além de permitir uma conexão segura com o
equipo. Dispositivos na parte distal, com os balões
insufláveis ou do tipo “estrela”, permitem que a sonda
97
Sondas: cuidados e administração de dietas
se mantenha bem posicionada no estômago e impe-
dem que secreções digestivas saiam através do con-
duto e lesem a pele. As sondas usadas para alimenta-
ção gástrica têm comprimento aproximado de 35 cm
e diâmetro, variando de 9 a 24 French (1 French=0,33
mm). As sondas para jejunostomia são de poliuretano
ou silicone e possuem um diâmetro menor que a de
gastrostomia, em torno de 9 a 15 French; podem ser
instaladas percutaneamente, usando-se anestesia lo-
cal (18,19) e devem ser fixadas na pele para que não se
desloquem; por serem resistentes, podem permane-
cer no paciente por longo tempo (5 meses ou mais),
sendo necessária a troca somente quando apresenta-
rem problemas como ruptura, obstrução ou mal fun-
cionamento(20).
3. INSTALAÇÃO DAS SONDAS
Vários procedimentos têm sido descritos para
instalar sondas enterais(2,8,14,21/25)
. Tais procedimen-
tos são peculiares, não havendo uma uniformização
absoluta e geral. A seguir, descreve-se a técnica utili-
zada em nosso meio. Assim sendo, procuramos sele-
cionar os principais passos indicados pelos diversos
autores e os agregamos à nossa experiência pessoal.
Para a instalação das sondas nasogástrica e
nasoentérica, recomenda-se que o paciente esteja em
jejum alimentar de pelo menos 4 h, pois a presença de
alimentos no estômago reduz os movimentos gástri-
cos, importantes para o posicionamento da sonda e
favorece a ocorrência de náuseas e vômitos. Uma
medida seria manter o paciente em jejum, logo após a
última refeição do dia, e realizar a passagem da sonda
pela manhã.
Ao realizar o procedimento, as etapas abaixo
são as recomendadas.
1. Explicar e orientar o paciente sobre a importância
e a necessidade do uso da sonda e deixar que ele a
manuseie. Esta etapa é fundamental para que o
procedimento seja mais fácil.
2. Colocar o paciente sentado ou deitado com a cabe-
ceira do leito elevada a 45º
graus.
3. Medir a extensão da sonda, que deve ser introduzi-
da, colocando-se seu orifício distal na ponta do na-
riz, estendendo-a até o lóbulo da orelha e daí até o
apêndice xifóide. (Quando houver indicação do po-
sicionamento no estômago, introduzi-la até este pon-
to. Para o posicionamento na segunda/terceira por-
ção do duodeno ou jejuno, deverá migrar esponta-
neamentecomoestímuloperistáltico25cmoumais).
4. Depois de ser determinada a porção da sonda que
será introduzida, umidecê-la com água. Após veri-
ficar se o paciente tem alguma obstrução nasal,
selecionar a narina; observar, também, se existe des-
vio de septo, o que poderá dificultar a passagem da
sonda. Pequena quantidade de anestésico local pode
ser colocada na narina para diminuir o desconforto.
Algumas vezes, o uso do próprio anestésico local
pode ser causa de desconforto passageiro.
5. Introduzir delicadamente a sonda na narina, acom-
panhando o septo nasal e superfície superior do
palato duro.
6. Orientar o paciente para relaxar os músculos da
face e, quando sentir que a sonda chegou à gar-
ganta, orientá-lo para inspirar e “engolir fortemen-
te”, para evitar a sensação de náusea, causada pela
presença da sonda na faringe.
7. Se o paciente está consciente, oferecer água e pe-
dir-lhe para dar “pequenos goles”. Em cada deglu-
tição da água, introduzir lenta e delicadamente a
sonda através da narina, avançando até o esôfago
e estômago, guiando-se pela medida feita anterior-
mente. Nos pacientes com reflexos diminuídos,
flectir a cabeça para que a glote se feche e proteja
as vias aéreas. Quando, após cada deglutição, a
sonda “caminha espontaneamente” na mão do pro-
fissional, não há dúvida de que a sonda está se
posicionando corretamente no esôfago. A movimen-
tação peristáltica do esôfago é voluntária no seu
terço superior e involuntária nos 2/3 distais (mesmo
em pacientes inconscientes), e as vias aéreas não
têm tal capacidade.
8. Observar se o paciente apresenta tosse, dificulda-
de respiratória, cianose, agitação, que podem ser
manifestações de um desvio da sonda para as vias
aéreas. Nesse caso, deverá ela ser retirada e rein-
troduzida. A flexão da cabeça obstrui as vias aére-
as superiores, portanto, nunca tentar passar a son-
da enteral com a cabeça em extensão.
9. Quando sentir resistência na introdução da sonda,
verificar se ela já atingiu o estômago. Isto pode ser
verificado por meio de uma das formas: aspirar
suco gástrico com seringa de 20 ml (seringas me-
nores são contra-indicadas, porque oferecem pres-
são excessiva e podem danificar a sonda e lesar a
mucosa gástrica); introduzir de 10 a 20 ml de ar
através da sonda e auscultar com estetoscópio, logo
abaixo do apêndice xifóide (deve-se auscultar um
ruído, indicando que a extremidade da sonda está
no estômago e está pérvia); mergulhar em água a
98
MRDL Unamuno e JS Marchini
extremidade proximal da sonda e verificar se há
saída de bolhas de ar. Isto indica que ela está nas
vias aéreas. Fazer este último procedimento com
cuidado, para se evitar ocorrência rara de aspira-
ção de líquido para o pulmão. Além das manobras
indicadas, observar se o paciente apresenta disp-
néia, cianose, prostração ou ainda dificuldade para
falar.
10. Depois de confirmado o posicionamento gástrico,
para a sonda “migrar” até o intestino delgado, ela
deve ser fixada na face do paciente, deixando-se
uma alça que será desfeita espontaneamente con-
forme os movimentos peristálticos. A instalação no
intestino ocorre de forma lenta, dependendo da
peristalse gastrintestinal, o que permitirá a passa-
gem pelo piloro.
11. Para que a chegada da sonda no intestino seja mais
rápida, pode-se lançar mão de algumas manobras
como: colocar o paciente em decúbito lateral direi-
to, estimular deambulação ou ainda administrar dro-
gas estimulantes da motilidade gástrica(8,26,27).
Antes de se iniciar a administração da dieta,
todos os testes de posicionamento da sonda devem
ser rigorosamente feitos, para que não existam dúvi-
das quanto à presença dela no tubo digestivo. O mé-
todo considerado padrão-ouro é o RX de abdômen ou
fluoroscopia. No paciente com distúrbios neurológi-
cos, inconsciente, idoso ou traqueostomizado, o risco
de mau posicionamento do tubo de alimentação é
maior. Testes de ph do líquido aspirado através da son-
da com valores menores que 6 sugerem que a sonda
se encontra no estômago, porém a presença de ali-
mentos e medicamentos no tubo digestivo pode mas-
carar o teste(22,28,29,30)
. Quando não existe coopera-
ção do paciente ou existe algum obstáculo nas primei-
ras porções do tubo digestivo, a sonda deverá ser in-
troduzida com o fio-guia, tomando-se o cuidado de
injetar 5 ml de vaselina líquida na luz da sonda, para
que ele possa ser retirado com mais facilidade. So-
mente depois de confirmado o posicionamento no es-
tômago, é que o fio-guia deverá ser retirado. Nunca
se pode introduzir o fio-guia na sonda, depois de ela já
se encontrar instalada no paciente.
4. ADMINISTRAÇÃO DA DIETA
A dieta poderá ser administrada de maneira
contínua, intermitente ou em “bolus”, considerando-
se o estado do paciente, localização da sonda, tipo de
dieta, necessidades nutricionais e alimentação por via
oral concomitante. A alimentação contínua deverá ser
infundida num volume máximo de 100-150 ml/hora.
A intermitente consiste na oferta de 200 a 400 ml de
dieta, 4 a 6 vezes ao dia, durante um período de apro-
ximadamente 2 horas, através de gravidade ou bom-
bas de infusão A administração em “bolus” é feita
através de seringas ou frascos de dieta, usando-se a
gravidade ou infusão rápida durante 5 a 15 min. Não
se recomenda a infusão em “bolus” em pacientes cujo
reflexo da tosse esteja abolido, pois, nesse caso, a
sobrecarga rápida do estômago poderia resultar em
refluxo e conseqüente aspiração(2,20,29)
. Se o pacien-
te se alimenta por boca, será conveniente, como com-
plemento, uma dieta em “bolus” longe dos horários
da alimentação. A administração contínua durante o
período noturno permite que o paciente deambule e
se alimente normalmente durante o dia, favorecendo,
assim, sua participação no convívio familiar nos horá-
rios de refeição.
A infusão da dieta no estômago ou intestino
sempre deverá ser feita estando o paciente sentado
ou na posição semi-sentado a pelo menos 45º
; esta
posição deverá ser mantida durante 1 h após a admi-
nistração da dieta; tal cuidado previne o refluxo, ofe-
recendo mais conforto ao paciente. Para eliminar os
resíduos de gordura e restos de dieta, que podem obs-
truir a luz da sonda, deverá ela ser irrigada com 20 ml
de água, de preferência morna, após cada adminis-
tração de dieta ou medicamentos(30). Na ocorrência
de obstrução, injetar água morna, com leve pressão,
usando-se preferentemente uma seringa de 50 ml para
que a sonda não se danifique com pressão excessi-
va, causada pelas seringas menores. O fio-guia não
deverá ser introduzido na sonda na tentativa de
desobstruí-la, porque poderá perfurá-la e lesar a mu-
cosa digestiva.
Os sistemas fechados de dieta são bastante
práticos e seguros, porque diminuem a necessidade
de manipulação e o risco de contaminação; é indica-
do, porém, que o tempo máximo de gotejamento seja
de 24 h, bem como para a troca dos equipos de infu-
são. As bombas de infusão com alarme são de gran-
de valor, porque permitem o controle do fluxo da die-
ta e também acusam problemas como: obstrução, pre-
sença de ar no sistema, término da dieta ou bateria
descarregada.
O paciente, sempre que possível, deve ser es-
timulado a participar da terapia, cuidando da higiene
das narinas e da sonda, e ainda ser instruído sobre o
manuseio da bomba de infusão, horários de infusão,
99
Sondas: cuidados e administração de dietas
bem como a relatar sintomas de desconforto e mal
estar, mudanças no hábito intestinal ou qualquer alte-
ração que possa indicar uma complicação da terapia.
5. OSTOMIAS
As sondas para alimentação também podem ser
instaladas no estômago ou no jejuno através de “osto-
mias”, usando-se sondas especiais. As técnicas atuais
permitem que o posicionamento seja feito através de
perfusão cutânea, sem necessidade de procedimento
cirúrgico(23,31,32)
.
É um método útil de alimentação, quando exis-
te impossibilidade parcial ou total de o paciente comer
pela boca por períodos longos e até mesmo definitivo,
quando existe qualquer barreira fisiológica nas por-
ções mais altas do tubo digestivo, o que pode dificultar
a passagem de uma sonda nasoentérica, e ainda, quan-
do os pacientes auto removem as sondas nasais(33)
.
As vantagens das ostomias incluem: menor ris-
co de refluxo da dieta e aspiração, facilidade de o pró-
prio paciente administrar sua dieta, além de manter
sua aparência sem presença de sonda na face, o que
pode representar fator negativo para sua auto-ima-
gem. Os cuidados na administração da dieta por osto-
mias são os mesmos do uso de sondas nasogástricas/
nasoentéricas.
6. COMPLICAÇÕES E CUIDADOS GERAIS
As complicações da terapia nutricional enteral
se relacionam basicamente com: mal posicionamento
da sonda, contaminação, administração inadequada
da dieta ou intolerância a algum componente da fór-
mula(2,5,20,34)
.
As sondas de fino calibre não prejudicam a ca-
pacidade de contração esfincteriana, diminuindo o ris-
co de refluxo gástrico e um conseqüente risco de pneu-
monia aspirativa, principalmente em pacientes incons-
cientes ou com reflexos diminuídos. Conseqüentemen-
te, para eles, indica-se o posicionamento em duodeno
ou jejuno(13)
. A fixação da sonda na face do paciente
deverá ser feita de maneira cuidadosa, tomando-se o
cuidado de não tracionar a asa nasal que poderá ser
ulcerada devido à umidade e ao atrito local. Evitar o
uso exagerado de fios e adesivos que farão com que a
visão do paciente seja prejudicada.
Diarréia é a complicação mais comum na ali-
mentação por sonda e, geralmente, resulta de conta-
minação bacteriana da dieta, infusão rápida com so-
brecarga osmolar e intolerância a lactose(35)
. Cuida-
dos de higiene no preparo, conservação em local lim-
po, com temperatura de 2 a 8º
até 24 h após o prepa-
ro, bem como a troca diária do equipo e frascos de
dieta, reduzem o risco de crescimento bacteriano.
Aadministração rápida de solução hiperosmolar,
no lúmen intestinal, provoca hipermotilidade, cólicas e
diarréia hiperosmolar, podendo ser corrigida através
da diluição inicial da solução, com um gradual aumen-
to na concentração, conforme a tolerância do pacien-
te(21)
. A administração contínua faz com que o volu-
me total da dieta seja distribuído ao longo das 24 h e
ajuda o intestino a adaptar-se a uma concentração
osmolar constante. O uso de bombas de infusão con-
tribui para que o volume programado de dieta seja
administrado de maneira mais segura.
A intolerância à lactose é causada por defici-
ência primária ou temporária de lactase. A lactose
não digerida faz com que haja sobrecarga osmolar no
intestino, resultando em diarréia. Quando a causa é
esta, o problema deve ser corrigido através de fórmu-
las livres de lactose(20.
A albumina sérica é um importante fator na
manutenção da pressão osmótica intestinal, ajudando
a aumentar a capacidade de absorção das vilosidades
intestinais. Na desnutrição, níveis baixos de albumina
levam a má absorção e diarréia; nesses casos, acon-
selha-se administrar a alimentação enteral em veloci-
dade e concentração de acordo com a tolerância do
paciente, para evitar sobrecarga intestinal(36)
.
Outro fator que está relacionado com a ocor-
rência de diarréia é o uso de antibióticos que alteram
a flora intestinal e produzem super crescimento de bac-
térias e formação de gases. Constipação também
pode ocorrer em alguns pacientes devido à baixa
quantidade de resíduos dessas dietas, levando à dimi-
nuição dos movimentos intestinais e dor. Para minimi-
zar tal efeito, existem, no mercado, dietas enterais
com fibras.
Pneumonia aspirativa é uma complicação gra-
ve, que deve ser evitada, mantendo-se o paciente em
posição sentada ou semi-sentada durante ou após a
administração da dieta e, uma hora após , posicionando-
se a sonda em duodeno ou jejuno e ainda usando-se
bomba de infusão, para se evitar um excesso de volu-
me infundido acidentalmente com conseqüente reflu-
xo. Sobrecarga de volume ou de hidratos de carbono
em pacientes desnutridos, que já apresentam a mus-
culatura cardíaca e respiratória diminuídas, pode levar
à insuficiência cardíaca ou respiratória. Estar atento à
quantidade de nutrientes, oferecida, observar sinais e
sintomas como dispnéia, aumento da freqüência res-
100
MRDL Unamuno e JS Marchini
piratória, balanço hídrico positivo, edema e irritação,
ajudam a detectar um desequilíbrio hidroeletrolítico
durante a terapia(2)
.
Hiperglicemia, evidenciada pelo aumento dos
níveis de glicose sangüínea e presença de glicose na
urina, pode resultar do excesso de hidratos de carbo-
no da dieta ou relativa insensibilidade à insulina devi-
do à sepse, insuficiência insulínica, no paciente diabé-
tico, idade, terapia com esteróides ou diabete mellitus
não diagnosticado(5)
. O paciente poderá ter suficiente
secreção de insulina para prevenir cetose, mas não o
suficiente para evitar a hiperglicemia. Por isto, deverá
ser avaliado em intervalos regulares, principalmente
durante a primeira semana, sinais e sintomas de
hiperglicemia. Se ocorrer elevação dos níveis de glicose
sangüínea e/ou urinária, o volume de dieta administra-
do terá que ser reduzido ou verificar se a administra-
ção de insulina está indicada.
Os problemas com eletrólitos e oferta de líqui-
dos, observados com mais freqüência são: hiponatre-
mia, hipernatremia, hipocalemia e hipercalemia fre-
qüentemente relacionados com administração hídrica
em excesso ou insuficiente.
Inadequada administração de água, aumento das
perdas hídricas, devidas a diarréia, perspiração e vô-
mitos, freqüentemente levam à desidratação. Os pa-
cientes comatosos são particularmente vulneráveis à
desidratação devido à impossibilidade de referir sede.
Pacientes idosos e febris, com função renal normal,
devem ter um balanço hídrico diário positivo de 500
ml, a menos que apresentem edema. Quando existem
sinais de desidratação, água adicional deve ser admi-
nistrada junto ou entre os períodos de alimentação.
Além do balanço hídrico, turgor da pele e nível de cons-
ciência do paciente devem ser avaliados.
As complicações que podem ocorrer nas osto-
mias são basicamente as mesmas encontradas quan-
do se usam sondas nasogástricas e nasoentéricas. A
pele ao redor da ostomia deverá ser mantida sempre
limpa e seca ou devem ser utilizadas placas adesivas
de hidrocolóide.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A identificação de pacientes com alto risco de
desnutrição e o conhecimento da equipe multiprofis-
sional sobre as técnicas de terapia nutricional, ofere-
cida através de sondas, garantem uma melhor recu-
peração de pacientes internados em hospitais e tam-
bém dos que estejam em seu domicílio.
UNAMUNO MRDL & MARCHINI JS. Gastric/enteric tube: care on the insertion, administration of diets and
prevention of complications. Medicina, Ribeirão Preto, 35, 95-101, jan./march 2002.
ABSTRACT: More and more , the nutritional therapy is recognized as an important fact in the
recovery of sick people. The modern tubes make possible the offering of nutrients and improve
nutritional conditions in a less uninvasive method, since the digestive system has at least part of
its absorptive capacity. This proceeding needs specialized care, because it can have complications.
The staff must have knowledge of the installation of the tubes, infusing of diet and practice to
prevent, recognizing and take care of the patient during these complications. We show the technique
of introduction of tubes, infusion of the diet and the main complications that may come from this
therapy
UNITERMS: Enteral Nutrition.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - LIFFMANN K.E & RANDALL HT. A modified technique for cre-
ating a jejunostomy. Surg Gynecol Obstet 134: 663-664,
1972.
2 - GHARIB A.M; STERN EJ; SHERBIN VL & ROHRMANN CA.
Nasogastric and feeding tubes. The importance of proper
placement. Postgrad Med 99: 165-168, 1996.
3 - HEYLAND DK; COOK DJ & GUYATT GH. Enteral nutrition in
the critically ill patient: a critical review. Intensive Care Med
19: 435-442, 1993.
4 - DOBBIE RP & HOFFMEISTER JA. Continuous pump-tube en-
teric hyperalimentation. Tube feeding past and present with
emphasis on the past. Nutrition 14: 332-339, 1998.
5 - CABRE E & GASSULL MA. Enteral nutrition-current clinical-
practic,3. Complications of enteral feeding. Nutrition 9: 1-9,
1993
101
Sondas: cuidados e administração de dietas
6 - SILK DBA; REES RG; KEOHANE PP & ATTRILL H. Clinical
efficacy and design changes of “fine bore” nasogastric feed-
ing tubes: a seven-year experience involving 809 intubations
in 403 patients. JPEN 11: 378-383, 1987.
7 - WHATHEY K; TURNER WW & DEY M. When does
metoclopramide facilitate transpyloric intubation? JPEN 8: 678-
681, 1984.
8 - PENA MG. Naso-intestinal intubation with weighted tubes. A
new modification of na old technique. Nutr Hosp 5: 187-189,
1990
9 - TRONCONLEA;MARCHINIJS;UNAMUNOMRDL;MORAESAC.
Tubagens intestinais. In: POHH F & PETROIANO A. Tubos,
sondas e drenos. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, p.
144-155, 2000.
10 - KUDSK KA. Clinical applications of enteral nutrition. Nutr Clin
Prat 9: 165-171, 1994.
11 - ROMBEAU JL. Indications for and administration of enteral
and parenteral nutrition in critically ill patients. ln: CARLSON
RW & GEHEB, MA, eds. Principles and practice of medi-
cal intensive care. W. B. Saunders, Philadelphia, p.1528-
1551, 1993.
12 - LEVENSON R; TURNER WW Jr; DYSON A; ZIKE L; R & REISCH
J. Do weighted nasogastric feeding tubes facilitate duodenal
intubations? JPEN 12: 135-137, 1988.
13 - PAYNE-JAMES JJ. Enteral tube design and effect on sponta-
neous transpyloric passage and duration of tube usage. PEN
12: 215-218, 1988.
14 - LORD LM; WEISER-MAIMONE A; PULHAMUS M & SAX HC.
Comparison of weighted vs unweighted enteral feeding tubes
for efficacy of transpyloric intubation. JPEN 17: 271-273,
1993.
15 - REES RGP; PAYNE-JAMES JJ; KING C & SILK DB. Spontane-
ous transpyloric passage and performance of “fine bore”
polyurethane feeding tubes: a controlled clinical trial. JPEN
12: 469-472, 1988.
16 - PAZ HL; WEINAR M & SHERMAN M.S. Motility agents for the
placement of weighted and unweighted feeding tubes in criti-
cally ill patients. Intensive Care Med 22: 301-304, 1996.
17 - JIMENEZ C; GONZALEZ-HUIX F; AUGER E; BOU R; PONS N;
VILA N; FIGA M & ACERO D. A prospective randomized study
of the usefulness of weighted versus unweighted feeding
tubes. A comparison of the transpyloric passage capacity,
duration time and the signs of intolerance for enteral nutrition.
Nutr Hosp 8: 249-255, 1993.
18 - SCOTT JS; DELATORRE RA & UNGER, SW. Comparison of
operative versus percutaneous endoscopic gastrostomy tube
placement in the elderly. Am Surg 57: 338-340, 1991.
19 - WOLFSEN HC; KOZAREK RA; BALL TJ; PATTERSON DJ;
BOTOMAN VA & RYAN JA. Long-term survival in patients
undergoing percutaneous endoscopic gastrostomy and
jejunostomy. Am J Gastroenterol 85: 1120-1122, 1990.
20 - MOSHE, S. Enteral feeding. In: SHILS ME; OLSON JÁ & SHIKE
M, eds.. Modern nutrition in health and disease. 9th. ed.
Lea & Febiger, Philadelphia, p. 1643-1656,1998.
21 - FATER K.H. Determining nasoenteral feeding tube placement.
Medsurg Nurs 4: 27-32, 1995.
22 - METHENY NA; WEHRLE MA; WIERSEMAL & CLARK J. Test-
ing feeding tube placement auscultation vs. pH method. Am J
Nurs 98: 37-42, 1998.
23 - MINARD G. Enteral access. Nutr Clin Pract 9: 172-182,
1994.
24 - WELCH S.K. Certification of staff nurses to insert enteral
feeding tubes using a research-based procedure. Nutr Clin
Pract 11: 21-27, 1996.
25 - ZALOGA GP & ROBERTS PR. Bedside placement of enteral
feeding tubes in the intensive care unit. Crit Care Med 26:
987-988, 1998.
26 - JOOSTE CA; MUSTOE J & COLLEE G. Metoclopramide im-
proves gastric motility in critically ill patients. Intensive Care
Med 25: 464-468, 1999.
27 - SPAGEN HD; DUINSLAEGER L & DIHTOER M. Gastric empty-
ing in critically ill patients is accelerated by adding cisapride to
a standard enteral protocol: results of a prospective, ran-
domized, controlled trial. Crit Care Med 23: 481-485, 1995
28 - METHENY NA; STEWART BJ; SMITH L; YAN H; DIEBOLD M &
CLOUSE RE. PH and concentration of bilirrubin in feeding
tube aspirates as predictors of tube placement. Nurs Res
48: 189-197, 1999.
29 - METHENY NA; AUD MA & IGNATAVICIUS, DD. Detection of
improperly positioned feeding tubes. J Health Risk Manag
18: 37-48, 1998.
30 - METHENY NA; EINSENBERG P & Mc SWEENEY M. Effect of
feeding tube properties and three irrigants on clogging rates.
Nurs Res 37: 165-169, 1988.
31 - JARNAGIN WR; DUH Q; MULVIHILLSJ; RIDGE JÁ; SCHROCK
TR & WAY LW. The efficacy and limitations of percutaneous
endoscopic gastrostomy. Arch Surg 127: 261-264, 1992.
32 - WICKS C; GIMPSONA; VLAVIANOS P; LOMBARD M; PANOS
M; MACMATHUNAP;TUDOR M;ANDREWS K & WESTABYD.
Assessment of the percutaneous endoscopic gastrostomy
feeding tube as part of na integrated approach to enteral
feeding. Gut 33: 613-616, 1992.
33 - PARK RHR. Randomized comparison of percutaneous
endoscopic gastrostomy and nasogastric tube feeding in
patients with persisting neurological dysfagia. BMJ 304: 1406-
1409, 1992.
34 - BOHNKER G. Narrow bore nasogastric feeding tube compli-
cations. Nutr Clin Pract 2: 203-206, 1987.
35 - EISENBERG PG. Causes of diarrhea intube-fed patients: a
comprehensive approach to diagnosis and management. Nutr
Clin Pract 8: 119-123, 1993.
36 - BORLASE BC; BELL SJ; LEWIS EJ; SWAILS W; BISTRIAN
BR; FORSE RA& BLACKBURN GL. Tolerance to enteral tube
feeding diets in hypoalbuminemic critically ill, geriatric patients.
Surg Gynecol Obstet 174: 181-188, 1992.
Recebido para publicação em 01/08/2001
Aprovado para publicação em 25/02/2002

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Cateterismo vesical
Cateterismo vesicalCateterismo vesical
Cateterismo vesicalresenfe2013
 
38 manutenção de sondas e cuidados na administração
38   manutenção de sondas e cuidados na administração38   manutenção de sondas e cuidados na administração
38 manutenção de sondas e cuidados na administraçãoONCOcare
 
Cateterismo vesical de_demora_masculino
Cateterismo vesical de_demora_masculinoCateterismo vesical de_demora_masculino
Cateterismo vesical de_demora_masculinoAgneldo Ferreira
 
Apostila enfermagem cirurgica
Apostila   enfermagem cirurgica Apostila   enfermagem cirurgica
Apostila enfermagem cirurgica Ricardo Araujo
 
Administração de Sonda Vesical
Administração de Sonda VesicalAdministração de Sonda Vesical
Administração de Sonda Vesicalbrenda correa
 
Estudo de caso SAE
Estudo de caso SAEEstudo de caso SAE
Estudo de caso SAELuana Santos
 
Estação (higiene respiratória aspiraçâo) turma b
Estação (higiene respiratória   aspiraçâo) turma bEstação (higiene respiratória   aspiraçâo) turma b
Estação (higiene respiratória aspiraçâo) turma bcuidadoaoadulto
 
Lavagem intestinal
Lavagem intestinalLavagem intestinal
Lavagem intestinalLaís Lucas
 
Drenos de tórax e colecistectomia
Drenos de tórax e colecistectomiaDrenos de tórax e colecistectomia
Drenos de tórax e colecistectomiaAmanda Moura
 
Estação – troca de curativo do dreno de tórax turma b
Estação – troca de curativo do dreno de tórax turma bEstação – troca de curativo do dreno de tórax turma b
Estação – troca de curativo do dreno de tórax turma bcuidadoaoadulto
 
administração de medicamentos Via retal
administração de medicamentos Via retaladministração de medicamentos Via retal
administração de medicamentos Via retalViviane da Silva
 

Mais procurados (20)

Cuidados de enfemagem
Cuidados de enfemagemCuidados de enfemagem
Cuidados de enfemagem
 
Cateterismo vesical
Cateterismo vesicalCateterismo vesical
Cateterismo vesical
 
38 manutenção de sondas e cuidados na administração
38   manutenção de sondas e cuidados na administração38   manutenção de sondas e cuidados na administração
38 manutenção de sondas e cuidados na administração
 
Cateterismo vesical
Cateterismo vesicalCateterismo vesical
Cateterismo vesical
 
Cateterismo vesical de_demora_masculino
Cateterismo vesical de_demora_masculinoCateterismo vesical de_demora_masculino
Cateterismo vesical de_demora_masculino
 
Apostila enfermagem cirurgica
Apostila   enfermagem cirurgica Apostila   enfermagem cirurgica
Apostila enfermagem cirurgica
 
Administração de Sonda Vesical
Administração de Sonda VesicalAdministração de Sonda Vesical
Administração de Sonda Vesical
 
Drenos e Sondas
Drenos e SondasDrenos e Sondas
Drenos e Sondas
 
Sonda vesical (1)
Sonda vesical (1)Sonda vesical (1)
Sonda vesical (1)
 
Estudo de caso SAE
Estudo de caso SAEEstudo de caso SAE
Estudo de caso SAE
 
Estação (higiene respiratória aspiraçâo) turma b
Estação (higiene respiratória   aspiraçâo) turma bEstação (higiene respiratória   aspiraçâo) turma b
Estação (higiene respiratória aspiraçâo) turma b
 
Drenos,acessos,sondas
Drenos,acessos,sondasDrenos,acessos,sondas
Drenos,acessos,sondas
 
Lavagem intestinal
Lavagem intestinalLavagem intestinal
Lavagem intestinal
 
Tecnicas de enfermagem Misau
Tecnicas de enfermagem MisauTecnicas de enfermagem Misau
Tecnicas de enfermagem Misau
 
Drenos de tórax e colecistectomia
Drenos de tórax e colecistectomiaDrenos de tórax e colecistectomia
Drenos de tórax e colecistectomia
 
Estação – troca de curativo do dreno de tórax turma b
Estação – troca de curativo do dreno de tórax turma bEstação – troca de curativo do dreno de tórax turma b
Estação – troca de curativo do dreno de tórax turma b
 
administração de medicamentos Via retal
administração de medicamentos Via retaladministração de medicamentos Via retal
administração de medicamentos Via retal
 
E Nf 01
E Nf 01E Nf 01
E Nf 01
 
Aula de enema opaco
Aula de enema opacoAula de enema opaco
Aula de enema opaco
 
Manual sobre drenos
Manual sobre drenosManual sobre drenos
Manual sobre drenos
 

Semelhante a Cuidados com sondas enterais

Ta gastrostomia aliment-ent
Ta gastrostomia aliment-entTa gastrostomia aliment-ent
Ta gastrostomia aliment-entjaqueac2012
 
Nutrição enteral e parenteral
Nutrição enteral e parenteralNutrição enteral e parenteral
Nutrição enteral e parenteralAlexandra Caetano
 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM SONDA NASOENTERAL ( SNE, SNG, GTT).pptx
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM SONDA NASOENTERAL ( SNE, SNG, GTT).pptxCUIDADOS DE ENFERMAGEM COM SONDA NASOENTERAL ( SNE, SNG, GTT).pptx
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM SONDA NASOENTERAL ( SNE, SNG, GTT).pptxRafaela Amanso
 
aula assistencia em nutricao ok.pptx
aula assistencia em nutricao ok.pptxaula assistencia em nutricao ok.pptx
aula assistencia em nutricao ok.pptxRosaSantos738119
 
Nutrição Enteral e parenteral para enfermagem .pdf
Nutrição Enteral e parenteral para enfermagem .pdfNutrição Enteral e parenteral para enfermagem .pdf
Nutrição Enteral e parenteral para enfermagem .pdfThiagoAlmeida458596
 
Pós DDW - cobertura jornalística
Pós DDW - cobertura jornalísticaPós DDW - cobertura jornalística
Pós DDW - cobertura jornalísticaCBPortfolio
 
TERAPIA NUTRICIONAL - ALIMENTAÇÃO ORAL E EXTRA ORAL
TERAPIA NUTRICIONAL - ALIMENTAÇÃO ORAL E EXTRA  ORALTERAPIA NUTRICIONAL - ALIMENTAÇÃO ORAL E EXTRA  ORAL
TERAPIA NUTRICIONAL - ALIMENTAÇÃO ORAL E EXTRA ORALdouglas870578
 
aulanutrioenteraleparenteral-120315210549-phpapp01.pdf
aulanutrioenteraleparenteral-120315210549-phpapp01.pdfaulanutrioenteraleparenteral-120315210549-phpapp01.pdf
aulanutrioenteraleparenteral-120315210549-phpapp01.pdfKalianeValente
 
8 nutrição enteral e parenteral
8 nutrição enteral e parenteral8 nutrição enteral e parenteral
8 nutrição enteral e parenteralGustavo Gallardo
 
Aula terapia nutricional.ppt
Aula terapia nutricional.pptAula terapia nutricional.ppt
Aula terapia nutricional.pptarlei8
 
Nutrição do paciente oncológico.pptx
Nutrição do paciente oncológico.pptxNutrição do paciente oncológico.pptx
Nutrição do paciente oncológico.pptxLarissaCampos96
 
Aula nutrição enteral e parenteral
Aula nutrição enteral e parenteralAula nutrição enteral e parenteral
Aula nutrição enteral e parenteralnatybortoletto
 
ESTUDO DE CASO APENDICECTOMIA
ESTUDO DE CASO APENDICECTOMIAESTUDO DE CASO APENDICECTOMIA
ESTUDO DE CASO APENDICECTOMIAIvanilson Gomes
 
Insulina e novos sistemas de liberacao oral uma revisao
Insulina e novos sistemas de liberacao oral uma revisaoInsulina e novos sistemas de liberacao oral uma revisao
Insulina e novos sistemas de liberacao oral uma revisaoAnderson Wilbur Lopes Andrade
 
Pcdt endometriose livro_2010
Pcdt endometriose livro_2010Pcdt endometriose livro_2010
Pcdt endometriose livro_2010Arquivo-FClinico
 
Nutrição Enteral Domiciliar: manual do Usuário - Unicamp
Nutrição Enteral Domiciliar: manual do Usuário - UnicampNutrição Enteral Domiciliar: manual do Usuário - Unicamp
Nutrição Enteral Domiciliar: manual do Usuário - UnicampCreche Segura
 

Semelhante a Cuidados com sondas enterais (20)

Vias de acesso NE
Vias de acesso NEVias de acesso NE
Vias de acesso NE
 
Ta gastrostomia aliment-ent
Ta gastrostomia aliment-entTa gastrostomia aliment-ent
Ta gastrostomia aliment-ent
 
Nutrição enteral e parenteral
Nutrição enteral e parenteralNutrição enteral e parenteral
Nutrição enteral e parenteral
 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM SONDA NASOENTERAL ( SNE, SNG, GTT).pptx
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM SONDA NASOENTERAL ( SNE, SNG, GTT).pptxCUIDADOS DE ENFERMAGEM COM SONDA NASOENTERAL ( SNE, SNG, GTT).pptx
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM SONDA NASOENTERAL ( SNE, SNG, GTT).pptx
 
aula assistencia em nutricao ok.pptx
aula assistencia em nutricao ok.pptxaula assistencia em nutricao ok.pptx
aula assistencia em nutricao ok.pptx
 
Nutrição Enteral e parenteral para enfermagem .pdf
Nutrição Enteral e parenteral para enfermagem .pdfNutrição Enteral e parenteral para enfermagem .pdf
Nutrição Enteral e parenteral para enfermagem .pdf
 
Nutrição Enteral .pdf
Nutrição Enteral .pdfNutrição Enteral .pdf
Nutrição Enteral .pdf
 
Pós DDW - cobertura jornalística
Pós DDW - cobertura jornalísticaPós DDW - cobertura jornalística
Pós DDW - cobertura jornalística
 
TERAPIA NUTRICIONAL - ALIMENTAÇÃO ORAL E EXTRA ORAL
TERAPIA NUTRICIONAL - ALIMENTAÇÃO ORAL E EXTRA  ORALTERAPIA NUTRICIONAL - ALIMENTAÇÃO ORAL E EXTRA  ORAL
TERAPIA NUTRICIONAL - ALIMENTAÇÃO ORAL E EXTRA ORAL
 
aulanutrioenteraleparenteral-120315210549-phpapp01.pdf
aulanutrioenteraleparenteral-120315210549-phpapp01.pdfaulanutrioenteraleparenteral-120315210549-phpapp01.pdf
aulanutrioenteraleparenteral-120315210549-phpapp01.pdf
 
8 nutrição enteral e parenteral
8 nutrição enteral e parenteral8 nutrição enteral e parenteral
8 nutrição enteral e parenteral
 
Aula terapia nutricional.ppt
Aula terapia nutricional.pptAula terapia nutricional.ppt
Aula terapia nutricional.ppt
 
Nutrição do paciente oncológico.pptx
Nutrição do paciente oncológico.pptxNutrição do paciente oncológico.pptx
Nutrição do paciente oncológico.pptx
 
Aula nutrição enteral e parenteral
Aula nutrição enteral e parenteralAula nutrição enteral e parenteral
Aula nutrição enteral e parenteral
 
Alimentação.pdf
Alimentação.pdfAlimentação.pdf
Alimentação.pdf
 
Indicações de Gastrostomia em Pediatria
Indicações de Gastrostomia em PediatriaIndicações de Gastrostomia em Pediatria
Indicações de Gastrostomia em Pediatria
 
ESTUDO DE CASO APENDICECTOMIA
ESTUDO DE CASO APENDICECTOMIAESTUDO DE CASO APENDICECTOMIA
ESTUDO DE CASO APENDICECTOMIA
 
Insulina e novos sistemas de liberacao oral uma revisao
Insulina e novos sistemas de liberacao oral uma revisaoInsulina e novos sistemas de liberacao oral uma revisao
Insulina e novos sistemas de liberacao oral uma revisao
 
Pcdt endometriose livro_2010
Pcdt endometriose livro_2010Pcdt endometriose livro_2010
Pcdt endometriose livro_2010
 
Nutrição Enteral Domiciliar: manual do Usuário - Unicamp
Nutrição Enteral Domiciliar: manual do Usuário - UnicampNutrição Enteral Domiciliar: manual do Usuário - Unicamp
Nutrição Enteral Domiciliar: manual do Usuário - Unicamp
 

Cuidados com sondas enterais

  • 1. SONDA NASOGÁSTRICA/NASOENTÉRICA: CUIDADOS NA INSTALAÇÃO, NAADMINISTRAÇÃO DADIETAE PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES GASTRIC/ENTERIC TUBE: CARE ON THE INSERTION, ADMINISTRATION OF DIETS AND PREVENTION OF COMPLICATIONS Maria do Rosário D L De Unamuno1 & Julio S Marchini2 1 Enfermeira.Unidade de Estudos Metabólicos da Divisão de Nutrição Clínica do Departamento de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP . 2 Docente do Departamento de Clínica Médica/Divisão de Nutrição Clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. CORRESPONDÊNCIA: Hospital das Clínicas Campus.- Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Unidade Metabólica - 5° andar. Cep:14048 900 - Ribeirão Preto SP. unamuno@usp.br e jsmarchi@fmrp.usp.br UNAMUNO MRDL & MARCHINI JS. Sonda nasogástrica/nasoentérica: cuidados na instalação, na administra- ção da dieta e prevenção de complicações. Medicina, Ribeirão Preto, 35: 95-101, jan./mar.2002. RESUMO: Cada dia mais, a terapia nutricional é reconhecida como importante fator na recuperação de doentes. As sondas modernas possibilitam a oferta de nutrientes e a melhora do estado nutricional, por meio de métodos pouco invasivos, desde que o aparelho digestivo tenha conservado, pelo menos, parte de sua capacidade de absorção. O procedimento requer cuidados especializados, posto que não é isento de complicações. A equipe que assiste o paciente que recebe terapia nutricional através de sondas deve ter conhecimento da instalação das mesmas bem como da administração das dietas e treinamento para prevenir, reconhecer e tratar as complicações. Apresentamos, neste artigo, as técnicas de introdução das sondas, infusão das dietas e principais complicações, que podem advir dessa terapia. UNITERMOS: Nutrição Enteral. 95 1. INTRODUÇÃO Desde as eras mais antigas, buscavam-se ou- tras vias para alimentar pacientes impedidos de comer pela boca. Os egípcios alimentavam seus pacientes através de sondas retais e, com o passar dos anos, houve empenho em se fabricarem tubos de alimenta- ção, que possibilitassem maior conforto aos pacientes. Muitos materiais foram utilizados para a confecção de sondas nasoentéricas, entre eles a borracha, o polieti- leno e, mais recentemente, o poliuretano e o silicone(1) . Ao mesmo tempo em que se buscava melhorar as son- das, também houve progresso nas formulações dieté- ticas para a terapia nutricional enteral(2,3) . Na década de setenta, Liffmann & Randall(1) e Dobbie & Hoffmeister(4) construíram sondas de jejunostomia e sondas nasais de fino calibre, com uma ogiva distal que possibilitava o posicionamento delas além do esfíncter piloro e permitia a administração de dietas de maneira mais confortável e segura princi- palmente nos pacientes idosos, acamados e com re- flexos diminuídos. Esse tipo de sonda passou a ser conhecido como sonda de DOBBHOFF, que, hoje, são fabricadas em poliuretano e silicone, materiais que não sofrem alteração física na presença de pH ácido, con- servam flexibilidade, maleabilidade e durabilidade, não irritam a mucosa digestiva, e, por serem de pequeno calibre, permitem o fechamento dos esfíncteres cárdia Medicina, Ribeirão Preto, 35: 95-101, jan./mar. 2002 DESCRIÇÃO DE MÉTODOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTAIS
  • 2. 96 MRDL Unamuno e JS Marchini e piloro(5,6,7) . Com isso, os efeitos colaterais, que ocor- riam freqüentemente, com o uso das antigas sondas calibrosas de polivinil, como, por exemplo, aspiração pulmonar, irritação nasofaríngea e refluxo gastroeso- fágico, diminuíram. Procedimentos corretos e cuida- dos na instalação da sonda e na administração da dieta, porém, são de vital importância para evitar as complicações e fazer com que o paciente receba os benefícios da terapia(5,8) . No ano de 1999, o Ministério da Saúde, através da Portaria 337 e da Resolução 63 de 2000, normatizou a Terapia Nutricional Enteral e oficializou as atribui- ções de cada profissional dentro da equipe multipro- fissional especializada, que obrigatoriamente deve es- tar presente nas instituições que usam a prática da nutrição por meio de sondas digestivas e cateteres venosos. Alimentar um paciente por sonda, seja por via nasal ou ostomia, necessita de cooperação do pa- ciente e de seus familiares, principalmente quando existe indicação dessa terapia no domicílio. A motivação individual desempenha papel im- portante no comportamento do paciente. Um dos meios para isso é melhorar a qualidade de informação e a compreensão do paciente sobre sua enfermidade e salientar a necessidade da terapia nutricional. Esti- mular e ensinar o paciente e seus familiares a partici- par dos cuidados com as sondas e administração das dietas ajudará na redução da ansiedade e aumentará a segurança deles, garantindo um melhor resultado no seu estado nutricional, reduzindo-se riscos de compli- cações. Assim, o objetivo deste artigo é ressaltar os aspectos práticos, relevantes sobre os principais prin- cípios da nutrição enteral, incluindo a instalação da sonda, administração da dieta e complicações mais freqüentes da terapia. 2. INDICAÇÕES E TIPOS DE SONDAS Atualmente, existe clara distinção entre as son- das utilizadas para infundir nutrientes e aquelas utili- zadas para drenagem de secreções digestivas. As son- das de polivinil devem ser usadas somente para dre- nagem gástrica e por períodos menores que 30 dias (9) . O uso de sondas enterais com a finalidade de se administrar alimentos deve ser feito sempre que houver contra-indicação ou impossibilidade de se uti- lizar a via oral fisiológica; é de ressaltar-se, porém, que o tubo digestivo deve estar presente, com capaci- dade de absorção, total ou parcial, conservada (6,10,11) . Nos pacientes com fístula intestinal, proximal de bai- xo débito, a porção distal da sonda deverá estar além da fístula. Por outro lado, pacientes portadores de obs- trução intestinal completa, ou aqueles em que se faz necessário o repouso absoluto do trato digestivo, a ali- mentação por sondagem não está recomendada. Atualmente, estão disponíveis dois tipos gené- ricos de sondas para alimentação: as utilizadas via nasogástrica e via nasoentérica e as de ostomias. As sondas nasoentéricas têm de 50 a 150 cm de compri- mento, e diâmetro médio interno de 1,6 mm e externo de 4 mm. Todas têm marcas numéricas ao longo de sua extensão, que facilitam a verificação do seu posi- cionamento final. É controverso se os tubos com “peso” na extremidade distal oferecem vantagens na sua passagem transpilórica e na manutenção da sua localização(12,13) ; é aceito, todavia, que a intubação pós- pilórica é facilitada pelas sondas que possuem uma ogiva distal de 2 a 3 g, confeccionadas, geralmente, de tungstênio. Essa ogiva faz com que o peristaltismo gástrico e intestinal, agindo sobre ela, posicione a son- da corretamente(12,14,15). Assim sendo, a passagem da sonda pelo piloro se faz de maneira espontânea e len- ta de 4 a 24 h. Paz et al., na Filadélfia(16) e Jimenez e al. (17) na Espanha concluiram que o uso de sondas com peso diminui o número de tentativas para alcan- çar a sondagem gástrica e tais tubos se mostraram mais duradouros, isto é, com menor risco de extubação involuntária, principalmente nos pacientes com dificul- dade para engolir ou inconscientes. Por serem radio- pacas, as sondas atuais possibilitam que sua localiza- ção seja confirmada por meio de exame radiológico. Por serem bastante maleáveis, um guia metálico e fle- xível é utilizado para facilitar sua introdução nasal. Na extremidade proximal, são encontrados adaptadores simples ou duplos; estes últimos são usados para faci- litar a irrigação da sonda ou administração de medica- mentos, sem necessidade de interromper a infusão de dieta. O uso de sondas para ostomias, atualmente, é restrito em nosso meio, apesar de serem de grande valia nos pacientes que necessitam receber alimentos por essa via durante muito tempo. As mais modernas, para gastrostomia, são de silicone ou de poliuretano, com paredes finas e flexíveis, numeradas e com duas vias que facilitam a irrigação e a administração de medicamentos, mesmo durante a infusão da dieta. As vias possuem tampas e adaptadores que evitam vaza- mentos, além de permitir uma conexão segura com o equipo. Dispositivos na parte distal, com os balões insufláveis ou do tipo “estrela”, permitem que a sonda
  • 3. 97 Sondas: cuidados e administração de dietas se mantenha bem posicionada no estômago e impe- dem que secreções digestivas saiam através do con- duto e lesem a pele. As sondas usadas para alimenta- ção gástrica têm comprimento aproximado de 35 cm e diâmetro, variando de 9 a 24 French (1 French=0,33 mm). As sondas para jejunostomia são de poliuretano ou silicone e possuem um diâmetro menor que a de gastrostomia, em torno de 9 a 15 French; podem ser instaladas percutaneamente, usando-se anestesia lo- cal (18,19) e devem ser fixadas na pele para que não se desloquem; por serem resistentes, podem permane- cer no paciente por longo tempo (5 meses ou mais), sendo necessária a troca somente quando apresenta- rem problemas como ruptura, obstrução ou mal fun- cionamento(20). 3. INSTALAÇÃO DAS SONDAS Vários procedimentos têm sido descritos para instalar sondas enterais(2,8,14,21/25) . Tais procedimen- tos são peculiares, não havendo uma uniformização absoluta e geral. A seguir, descreve-se a técnica utili- zada em nosso meio. Assim sendo, procuramos sele- cionar os principais passos indicados pelos diversos autores e os agregamos à nossa experiência pessoal. Para a instalação das sondas nasogástrica e nasoentérica, recomenda-se que o paciente esteja em jejum alimentar de pelo menos 4 h, pois a presença de alimentos no estômago reduz os movimentos gástri- cos, importantes para o posicionamento da sonda e favorece a ocorrência de náuseas e vômitos. Uma medida seria manter o paciente em jejum, logo após a última refeição do dia, e realizar a passagem da sonda pela manhã. Ao realizar o procedimento, as etapas abaixo são as recomendadas. 1. Explicar e orientar o paciente sobre a importância e a necessidade do uso da sonda e deixar que ele a manuseie. Esta etapa é fundamental para que o procedimento seja mais fácil. 2. Colocar o paciente sentado ou deitado com a cabe- ceira do leito elevada a 45º graus. 3. Medir a extensão da sonda, que deve ser introduzi- da, colocando-se seu orifício distal na ponta do na- riz, estendendo-a até o lóbulo da orelha e daí até o apêndice xifóide. (Quando houver indicação do po- sicionamento no estômago, introduzi-la até este pon- to. Para o posicionamento na segunda/terceira por- ção do duodeno ou jejuno, deverá migrar esponta- neamentecomoestímuloperistáltico25cmoumais). 4. Depois de ser determinada a porção da sonda que será introduzida, umidecê-la com água. Após veri- ficar se o paciente tem alguma obstrução nasal, selecionar a narina; observar, também, se existe des- vio de septo, o que poderá dificultar a passagem da sonda. Pequena quantidade de anestésico local pode ser colocada na narina para diminuir o desconforto. Algumas vezes, o uso do próprio anestésico local pode ser causa de desconforto passageiro. 5. Introduzir delicadamente a sonda na narina, acom- panhando o septo nasal e superfície superior do palato duro. 6. Orientar o paciente para relaxar os músculos da face e, quando sentir que a sonda chegou à gar- ganta, orientá-lo para inspirar e “engolir fortemen- te”, para evitar a sensação de náusea, causada pela presença da sonda na faringe. 7. Se o paciente está consciente, oferecer água e pe- dir-lhe para dar “pequenos goles”. Em cada deglu- tição da água, introduzir lenta e delicadamente a sonda através da narina, avançando até o esôfago e estômago, guiando-se pela medida feita anterior- mente. Nos pacientes com reflexos diminuídos, flectir a cabeça para que a glote se feche e proteja as vias aéreas. Quando, após cada deglutição, a sonda “caminha espontaneamente” na mão do pro- fissional, não há dúvida de que a sonda está se posicionando corretamente no esôfago. A movimen- tação peristáltica do esôfago é voluntária no seu terço superior e involuntária nos 2/3 distais (mesmo em pacientes inconscientes), e as vias aéreas não têm tal capacidade. 8. Observar se o paciente apresenta tosse, dificulda- de respiratória, cianose, agitação, que podem ser manifestações de um desvio da sonda para as vias aéreas. Nesse caso, deverá ela ser retirada e rein- troduzida. A flexão da cabeça obstrui as vias aére- as superiores, portanto, nunca tentar passar a son- da enteral com a cabeça em extensão. 9. Quando sentir resistência na introdução da sonda, verificar se ela já atingiu o estômago. Isto pode ser verificado por meio de uma das formas: aspirar suco gástrico com seringa de 20 ml (seringas me- nores são contra-indicadas, porque oferecem pres- são excessiva e podem danificar a sonda e lesar a mucosa gástrica); introduzir de 10 a 20 ml de ar através da sonda e auscultar com estetoscópio, logo abaixo do apêndice xifóide (deve-se auscultar um ruído, indicando que a extremidade da sonda está no estômago e está pérvia); mergulhar em água a
  • 4. 98 MRDL Unamuno e JS Marchini extremidade proximal da sonda e verificar se há saída de bolhas de ar. Isto indica que ela está nas vias aéreas. Fazer este último procedimento com cuidado, para se evitar ocorrência rara de aspira- ção de líquido para o pulmão. Além das manobras indicadas, observar se o paciente apresenta disp- néia, cianose, prostração ou ainda dificuldade para falar. 10. Depois de confirmado o posicionamento gástrico, para a sonda “migrar” até o intestino delgado, ela deve ser fixada na face do paciente, deixando-se uma alça que será desfeita espontaneamente con- forme os movimentos peristálticos. A instalação no intestino ocorre de forma lenta, dependendo da peristalse gastrintestinal, o que permitirá a passa- gem pelo piloro. 11. Para que a chegada da sonda no intestino seja mais rápida, pode-se lançar mão de algumas manobras como: colocar o paciente em decúbito lateral direi- to, estimular deambulação ou ainda administrar dro- gas estimulantes da motilidade gástrica(8,26,27). Antes de se iniciar a administração da dieta, todos os testes de posicionamento da sonda devem ser rigorosamente feitos, para que não existam dúvi- das quanto à presença dela no tubo digestivo. O mé- todo considerado padrão-ouro é o RX de abdômen ou fluoroscopia. No paciente com distúrbios neurológi- cos, inconsciente, idoso ou traqueostomizado, o risco de mau posicionamento do tubo de alimentação é maior. Testes de ph do líquido aspirado através da son- da com valores menores que 6 sugerem que a sonda se encontra no estômago, porém a presença de ali- mentos e medicamentos no tubo digestivo pode mas- carar o teste(22,28,29,30) . Quando não existe coopera- ção do paciente ou existe algum obstáculo nas primei- ras porções do tubo digestivo, a sonda deverá ser in- troduzida com o fio-guia, tomando-se o cuidado de injetar 5 ml de vaselina líquida na luz da sonda, para que ele possa ser retirado com mais facilidade. So- mente depois de confirmado o posicionamento no es- tômago, é que o fio-guia deverá ser retirado. Nunca se pode introduzir o fio-guia na sonda, depois de ela já se encontrar instalada no paciente. 4. ADMINISTRAÇÃO DA DIETA A dieta poderá ser administrada de maneira contínua, intermitente ou em “bolus”, considerando- se o estado do paciente, localização da sonda, tipo de dieta, necessidades nutricionais e alimentação por via oral concomitante. A alimentação contínua deverá ser infundida num volume máximo de 100-150 ml/hora. A intermitente consiste na oferta de 200 a 400 ml de dieta, 4 a 6 vezes ao dia, durante um período de apro- ximadamente 2 horas, através de gravidade ou bom- bas de infusão A administração em “bolus” é feita através de seringas ou frascos de dieta, usando-se a gravidade ou infusão rápida durante 5 a 15 min. Não se recomenda a infusão em “bolus” em pacientes cujo reflexo da tosse esteja abolido, pois, nesse caso, a sobrecarga rápida do estômago poderia resultar em refluxo e conseqüente aspiração(2,20,29) . Se o pacien- te se alimenta por boca, será conveniente, como com- plemento, uma dieta em “bolus” longe dos horários da alimentação. A administração contínua durante o período noturno permite que o paciente deambule e se alimente normalmente durante o dia, favorecendo, assim, sua participação no convívio familiar nos horá- rios de refeição. A infusão da dieta no estômago ou intestino sempre deverá ser feita estando o paciente sentado ou na posição semi-sentado a pelo menos 45º ; esta posição deverá ser mantida durante 1 h após a admi- nistração da dieta; tal cuidado previne o refluxo, ofe- recendo mais conforto ao paciente. Para eliminar os resíduos de gordura e restos de dieta, que podem obs- truir a luz da sonda, deverá ela ser irrigada com 20 ml de água, de preferência morna, após cada adminis- tração de dieta ou medicamentos(30). Na ocorrência de obstrução, injetar água morna, com leve pressão, usando-se preferentemente uma seringa de 50 ml para que a sonda não se danifique com pressão excessi- va, causada pelas seringas menores. O fio-guia não deverá ser introduzido na sonda na tentativa de desobstruí-la, porque poderá perfurá-la e lesar a mu- cosa digestiva. Os sistemas fechados de dieta são bastante práticos e seguros, porque diminuem a necessidade de manipulação e o risco de contaminação; é indica- do, porém, que o tempo máximo de gotejamento seja de 24 h, bem como para a troca dos equipos de infu- são. As bombas de infusão com alarme são de gran- de valor, porque permitem o controle do fluxo da die- ta e também acusam problemas como: obstrução, pre- sença de ar no sistema, término da dieta ou bateria descarregada. O paciente, sempre que possível, deve ser es- timulado a participar da terapia, cuidando da higiene das narinas e da sonda, e ainda ser instruído sobre o manuseio da bomba de infusão, horários de infusão,
  • 5. 99 Sondas: cuidados e administração de dietas bem como a relatar sintomas de desconforto e mal estar, mudanças no hábito intestinal ou qualquer alte- ração que possa indicar uma complicação da terapia. 5. OSTOMIAS As sondas para alimentação também podem ser instaladas no estômago ou no jejuno através de “osto- mias”, usando-se sondas especiais. As técnicas atuais permitem que o posicionamento seja feito através de perfusão cutânea, sem necessidade de procedimento cirúrgico(23,31,32) . É um método útil de alimentação, quando exis- te impossibilidade parcial ou total de o paciente comer pela boca por períodos longos e até mesmo definitivo, quando existe qualquer barreira fisiológica nas por- ções mais altas do tubo digestivo, o que pode dificultar a passagem de uma sonda nasoentérica, e ainda, quan- do os pacientes auto removem as sondas nasais(33) . As vantagens das ostomias incluem: menor ris- co de refluxo da dieta e aspiração, facilidade de o pró- prio paciente administrar sua dieta, além de manter sua aparência sem presença de sonda na face, o que pode representar fator negativo para sua auto-ima- gem. Os cuidados na administração da dieta por osto- mias são os mesmos do uso de sondas nasogástricas/ nasoentéricas. 6. COMPLICAÇÕES E CUIDADOS GERAIS As complicações da terapia nutricional enteral se relacionam basicamente com: mal posicionamento da sonda, contaminação, administração inadequada da dieta ou intolerância a algum componente da fór- mula(2,5,20,34) . As sondas de fino calibre não prejudicam a ca- pacidade de contração esfincteriana, diminuindo o ris- co de refluxo gástrico e um conseqüente risco de pneu- monia aspirativa, principalmente em pacientes incons- cientes ou com reflexos diminuídos. Conseqüentemen- te, para eles, indica-se o posicionamento em duodeno ou jejuno(13) . A fixação da sonda na face do paciente deverá ser feita de maneira cuidadosa, tomando-se o cuidado de não tracionar a asa nasal que poderá ser ulcerada devido à umidade e ao atrito local. Evitar o uso exagerado de fios e adesivos que farão com que a visão do paciente seja prejudicada. Diarréia é a complicação mais comum na ali- mentação por sonda e, geralmente, resulta de conta- minação bacteriana da dieta, infusão rápida com so- brecarga osmolar e intolerância a lactose(35) . Cuida- dos de higiene no preparo, conservação em local lim- po, com temperatura de 2 a 8º até 24 h após o prepa- ro, bem como a troca diária do equipo e frascos de dieta, reduzem o risco de crescimento bacteriano. Aadministração rápida de solução hiperosmolar, no lúmen intestinal, provoca hipermotilidade, cólicas e diarréia hiperosmolar, podendo ser corrigida através da diluição inicial da solução, com um gradual aumen- to na concentração, conforme a tolerância do pacien- te(21) . A administração contínua faz com que o volu- me total da dieta seja distribuído ao longo das 24 h e ajuda o intestino a adaptar-se a uma concentração osmolar constante. O uso de bombas de infusão con- tribui para que o volume programado de dieta seja administrado de maneira mais segura. A intolerância à lactose é causada por defici- ência primária ou temporária de lactase. A lactose não digerida faz com que haja sobrecarga osmolar no intestino, resultando em diarréia. Quando a causa é esta, o problema deve ser corrigido através de fórmu- las livres de lactose(20. A albumina sérica é um importante fator na manutenção da pressão osmótica intestinal, ajudando a aumentar a capacidade de absorção das vilosidades intestinais. Na desnutrição, níveis baixos de albumina levam a má absorção e diarréia; nesses casos, acon- selha-se administrar a alimentação enteral em veloci- dade e concentração de acordo com a tolerância do paciente, para evitar sobrecarga intestinal(36) . Outro fator que está relacionado com a ocor- rência de diarréia é o uso de antibióticos que alteram a flora intestinal e produzem super crescimento de bac- térias e formação de gases. Constipação também pode ocorrer em alguns pacientes devido à baixa quantidade de resíduos dessas dietas, levando à dimi- nuição dos movimentos intestinais e dor. Para minimi- zar tal efeito, existem, no mercado, dietas enterais com fibras. Pneumonia aspirativa é uma complicação gra- ve, que deve ser evitada, mantendo-se o paciente em posição sentada ou semi-sentada durante ou após a administração da dieta e, uma hora após , posicionando- se a sonda em duodeno ou jejuno e ainda usando-se bomba de infusão, para se evitar um excesso de volu- me infundido acidentalmente com conseqüente reflu- xo. Sobrecarga de volume ou de hidratos de carbono em pacientes desnutridos, que já apresentam a mus- culatura cardíaca e respiratória diminuídas, pode levar à insuficiência cardíaca ou respiratória. Estar atento à quantidade de nutrientes, oferecida, observar sinais e sintomas como dispnéia, aumento da freqüência res-
  • 6. 100 MRDL Unamuno e JS Marchini piratória, balanço hídrico positivo, edema e irritação, ajudam a detectar um desequilíbrio hidroeletrolítico durante a terapia(2) . Hiperglicemia, evidenciada pelo aumento dos níveis de glicose sangüínea e presença de glicose na urina, pode resultar do excesso de hidratos de carbo- no da dieta ou relativa insensibilidade à insulina devi- do à sepse, insuficiência insulínica, no paciente diabé- tico, idade, terapia com esteróides ou diabete mellitus não diagnosticado(5) . O paciente poderá ter suficiente secreção de insulina para prevenir cetose, mas não o suficiente para evitar a hiperglicemia. Por isto, deverá ser avaliado em intervalos regulares, principalmente durante a primeira semana, sinais e sintomas de hiperglicemia. Se ocorrer elevação dos níveis de glicose sangüínea e/ou urinária, o volume de dieta administra- do terá que ser reduzido ou verificar se a administra- ção de insulina está indicada. Os problemas com eletrólitos e oferta de líqui- dos, observados com mais freqüência são: hiponatre- mia, hipernatremia, hipocalemia e hipercalemia fre- qüentemente relacionados com administração hídrica em excesso ou insuficiente. Inadequada administração de água, aumento das perdas hídricas, devidas a diarréia, perspiração e vô- mitos, freqüentemente levam à desidratação. Os pa- cientes comatosos são particularmente vulneráveis à desidratação devido à impossibilidade de referir sede. Pacientes idosos e febris, com função renal normal, devem ter um balanço hídrico diário positivo de 500 ml, a menos que apresentem edema. Quando existem sinais de desidratação, água adicional deve ser admi- nistrada junto ou entre os períodos de alimentação. Além do balanço hídrico, turgor da pele e nível de cons- ciência do paciente devem ser avaliados. As complicações que podem ocorrer nas osto- mias são basicamente as mesmas encontradas quan- do se usam sondas nasogástricas e nasoentéricas. A pele ao redor da ostomia deverá ser mantida sempre limpa e seca ou devem ser utilizadas placas adesivas de hidrocolóide. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A identificação de pacientes com alto risco de desnutrição e o conhecimento da equipe multiprofis- sional sobre as técnicas de terapia nutricional, ofere- cida através de sondas, garantem uma melhor recu- peração de pacientes internados em hospitais e tam- bém dos que estejam em seu domicílio. UNAMUNO MRDL & MARCHINI JS. Gastric/enteric tube: care on the insertion, administration of diets and prevention of complications. Medicina, Ribeirão Preto, 35, 95-101, jan./march 2002. ABSTRACT: More and more , the nutritional therapy is recognized as an important fact in the recovery of sick people. The modern tubes make possible the offering of nutrients and improve nutritional conditions in a less uninvasive method, since the digestive system has at least part of its absorptive capacity. This proceeding needs specialized care, because it can have complications. The staff must have knowledge of the installation of the tubes, infusing of diet and practice to prevent, recognizing and take care of the patient during these complications. We show the technique of introduction of tubes, infusion of the diet and the main complications that may come from this therapy UNITERMS: Enteral Nutrition. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - LIFFMANN K.E & RANDALL HT. A modified technique for cre- ating a jejunostomy. Surg Gynecol Obstet 134: 663-664, 1972. 2 - GHARIB A.M; STERN EJ; SHERBIN VL & ROHRMANN CA. Nasogastric and feeding tubes. The importance of proper placement. Postgrad Med 99: 165-168, 1996. 3 - HEYLAND DK; COOK DJ & GUYATT GH. Enteral nutrition in the critically ill patient: a critical review. Intensive Care Med 19: 435-442, 1993. 4 - DOBBIE RP & HOFFMEISTER JA. Continuous pump-tube en- teric hyperalimentation. Tube feeding past and present with emphasis on the past. Nutrition 14: 332-339, 1998. 5 - CABRE E & GASSULL MA. Enteral nutrition-current clinical- practic,3. Complications of enteral feeding. Nutrition 9: 1-9, 1993
  • 7. 101 Sondas: cuidados e administração de dietas 6 - SILK DBA; REES RG; KEOHANE PP & ATTRILL H. Clinical efficacy and design changes of “fine bore” nasogastric feed- ing tubes: a seven-year experience involving 809 intubations in 403 patients. JPEN 11: 378-383, 1987. 7 - WHATHEY K; TURNER WW & DEY M. When does metoclopramide facilitate transpyloric intubation? JPEN 8: 678- 681, 1984. 8 - PENA MG. Naso-intestinal intubation with weighted tubes. A new modification of na old technique. Nutr Hosp 5: 187-189, 1990 9 - TRONCONLEA;MARCHINIJS;UNAMUNOMRDL;MORAESAC. Tubagens intestinais. In: POHH F & PETROIANO A. Tubos, sondas e drenos. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, p. 144-155, 2000. 10 - KUDSK KA. Clinical applications of enteral nutrition. Nutr Clin Prat 9: 165-171, 1994. 11 - ROMBEAU JL. Indications for and administration of enteral and parenteral nutrition in critically ill patients. ln: CARLSON RW & GEHEB, MA, eds. Principles and practice of medi- cal intensive care. W. B. Saunders, Philadelphia, p.1528- 1551, 1993. 12 - LEVENSON R; TURNER WW Jr; DYSON A; ZIKE L; R & REISCH J. Do weighted nasogastric feeding tubes facilitate duodenal intubations? JPEN 12: 135-137, 1988. 13 - PAYNE-JAMES JJ. Enteral tube design and effect on sponta- neous transpyloric passage and duration of tube usage. PEN 12: 215-218, 1988. 14 - LORD LM; WEISER-MAIMONE A; PULHAMUS M & SAX HC. Comparison of weighted vs unweighted enteral feeding tubes for efficacy of transpyloric intubation. JPEN 17: 271-273, 1993. 15 - REES RGP; PAYNE-JAMES JJ; KING C & SILK DB. Spontane- ous transpyloric passage and performance of “fine bore” polyurethane feeding tubes: a controlled clinical trial. JPEN 12: 469-472, 1988. 16 - PAZ HL; WEINAR M & SHERMAN M.S. Motility agents for the placement of weighted and unweighted feeding tubes in criti- cally ill patients. Intensive Care Med 22: 301-304, 1996. 17 - JIMENEZ C; GONZALEZ-HUIX F; AUGER E; BOU R; PONS N; VILA N; FIGA M & ACERO D. A prospective randomized study of the usefulness of weighted versus unweighted feeding tubes. A comparison of the transpyloric passage capacity, duration time and the signs of intolerance for enteral nutrition. Nutr Hosp 8: 249-255, 1993. 18 - SCOTT JS; DELATORRE RA & UNGER, SW. Comparison of operative versus percutaneous endoscopic gastrostomy tube placement in the elderly. Am Surg 57: 338-340, 1991. 19 - WOLFSEN HC; KOZAREK RA; BALL TJ; PATTERSON DJ; BOTOMAN VA & RYAN JA. Long-term survival in patients undergoing percutaneous endoscopic gastrostomy and jejunostomy. Am J Gastroenterol 85: 1120-1122, 1990. 20 - MOSHE, S. Enteral feeding. In: SHILS ME; OLSON JÁ & SHIKE M, eds.. Modern nutrition in health and disease. 9th. ed. Lea & Febiger, Philadelphia, p. 1643-1656,1998. 21 - FATER K.H. Determining nasoenteral feeding tube placement. Medsurg Nurs 4: 27-32, 1995. 22 - METHENY NA; WEHRLE MA; WIERSEMAL & CLARK J. Test- ing feeding tube placement auscultation vs. pH method. Am J Nurs 98: 37-42, 1998. 23 - MINARD G. Enteral access. Nutr Clin Pract 9: 172-182, 1994. 24 - WELCH S.K. Certification of staff nurses to insert enteral feeding tubes using a research-based procedure. Nutr Clin Pract 11: 21-27, 1996. 25 - ZALOGA GP & ROBERTS PR. Bedside placement of enteral feeding tubes in the intensive care unit. Crit Care Med 26: 987-988, 1998. 26 - JOOSTE CA; MUSTOE J & COLLEE G. Metoclopramide im- proves gastric motility in critically ill patients. Intensive Care Med 25: 464-468, 1999. 27 - SPAGEN HD; DUINSLAEGER L & DIHTOER M. Gastric empty- ing in critically ill patients is accelerated by adding cisapride to a standard enteral protocol: results of a prospective, ran- domized, controlled trial. Crit Care Med 23: 481-485, 1995 28 - METHENY NA; STEWART BJ; SMITH L; YAN H; DIEBOLD M & CLOUSE RE. PH and concentration of bilirrubin in feeding tube aspirates as predictors of tube placement. Nurs Res 48: 189-197, 1999. 29 - METHENY NA; AUD MA & IGNATAVICIUS, DD. Detection of improperly positioned feeding tubes. J Health Risk Manag 18: 37-48, 1998. 30 - METHENY NA; EINSENBERG P & Mc SWEENEY M. Effect of feeding tube properties and three irrigants on clogging rates. Nurs Res 37: 165-169, 1988. 31 - JARNAGIN WR; DUH Q; MULVIHILLSJ; RIDGE JÁ; SCHROCK TR & WAY LW. The efficacy and limitations of percutaneous endoscopic gastrostomy. Arch Surg 127: 261-264, 1992. 32 - WICKS C; GIMPSONA; VLAVIANOS P; LOMBARD M; PANOS M; MACMATHUNAP;TUDOR M;ANDREWS K & WESTABYD. Assessment of the percutaneous endoscopic gastrostomy feeding tube as part of na integrated approach to enteral feeding. Gut 33: 613-616, 1992. 33 - PARK RHR. Randomized comparison of percutaneous endoscopic gastrostomy and nasogastric tube feeding in patients with persisting neurological dysfagia. BMJ 304: 1406- 1409, 1992. 34 - BOHNKER G. Narrow bore nasogastric feeding tube compli- cations. Nutr Clin Pract 2: 203-206, 1987. 35 - EISENBERG PG. Causes of diarrhea intube-fed patients: a comprehensive approach to diagnosis and management. Nutr Clin Pract 8: 119-123, 1993. 36 - BORLASE BC; BELL SJ; LEWIS EJ; SWAILS W; BISTRIAN BR; FORSE RA& BLACKBURN GL. Tolerance to enteral tube feeding diets in hypoalbuminemic critically ill, geriatric patients. Surg Gynecol Obstet 174: 181-188, 1992. Recebido para publicação em 01/08/2001 Aprovado para publicação em 25/02/2002