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SÍNDROME DO PROLAPSO DA VALVA MITRAL ( SPVM )
DEFINIÇÃO:
É uma síndrome clínica variável, resultante de diversos mecanismos patogênicos, de uma ou
mais porções do aparelho valvar mitral: folhetos, cordas tendíneas, músculo papilar e anel valvar. A
SPVM é uma das mais prevalentes anormalidades valvares cardíacas. Ocorre em aproximadamente
2,4% da população. É duas vezes mais freqüente em mulheres do que em homens.
Perloff e colaboradores propuseram critérios específicos para o diagnóstico de Prolapso da
Valva Mitral ( PVM ):
- Critérios maiores:
a) Ausculta: estalido mesossistólico e sopro telessistólico, isolados ou associados, no ápice
cardíaco.
b) Ecocardiograma:- marcado deslocamento sistólico superior dos folhetos mitrais: maior
ou igual de 2 mm acima do anel valvar; - discreto a moderado deslocamento superior
dos folhetos mitrais, com ruptura de cordoalha, regurgitação mitral ao Doppler e
dilatação do anel valvar.
c) Ecocardiograma mais ausculta: discreto a moderado deslocamento sistólico superior dos
folhetos mitrais, acompanhados com proeminente estalido mesossistólico em ápice,
sopro tele ou holossistólico apical, em pacientes jovens, e "ruído" telessistólico.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
É mais comum em mulheres, sendo observado em ampla faixa etária, porém predominando
entre os 14 e 30 anos. Pode ser transmitida como uma forma autossômica dominante.
Está associada a vários sintomas inespecíficos, com dor précordial, dispnéia, ansiedade, crises
de pânico, tonturas, fatigabilidade excessiva, hipotensão ortostática, síncope, pré-síncope.
A SPVM abrange um amplo espectro de gravidade, variando desde pacientes apenas com
estalido e prolapso brando da cúspide posterior, até aqueles com regurgitação mitral grave.
A maioria dos pacientes são assintomáticos. Aqueles com insuficiência mitral significativa
podem vir a apresentar os sinais e sintomas inerentes à regurgitação mitral. Pode ocorrer a presença de
arritmias, as mais comuns são extra-sístoles ventriculares, taquiarritmias supraventriculares e
ventriculares paroxísticas, podendo causar palpitações, tonturas e síncopes. A morte súbita é uma
complicação rara, ocorrendo em menos de 2% dos casos.
Muitos pacientes têm dor torácica de difícil avaliação, prolongada, retro-esternal, pouco
relacionada aos esforços. Acidentes vasculares cerebrais transitórios podem ocorrer secundários a
êmbolos da valva mitral, devido à ruptura endotelial.
Endocardite infecciosa pode ocorrer nos pacientes com regurgitação mitral associada ao PVM;
e estudos sugerem, também, a possibilidade de disfunção no sistema nervoso autônomo.
Estudos demonstraram que a SPVM está associada com prognóstico benigno, onde o índice de
sobrevivência ajustado para a idade, em ambos os sexos, é similar para os indivíduos sem PVM.
Ausculta:
O achado mais importante é o estalido mesossistólico, não ejetivo, que ocorre 0,14 segundos ou
mais depois da primeira bulha. Este pode ser ou não seguido de um sopro telessistólico, de tonalidade
alta, em crescendo-decrescendo, melhor audível em ápice.
ELETROCARDIOGRAMA:
Mais comumente é normal; mas pode mostrar alterações inespecíficas no ST-T, inversão da
onda T e onda U proeminente. Pode ocorrer, também, prolongamento do intervalo QT.
ECOCARDIOGRAMA:
O módulo M define PVM incluindo um deslocamento posterior, de um ou ambos folhetos,
maior ou igual a 2 mm. No bidimensional, o deslocamento de um ou ambos folhetos mitrais, na visão
axial paraesternal, particularmente quando coaptam no lado atrial do plano anular, indica alta
probabilidade de PVM. O Doppler colorido é útil para avaliar refluxo mitral associado.
TRATAMENTO:
Tranqüilização do paciente assintomático, sem regurgitação mitral grave ou arritmia.
Pacientes com palpitações, associadas com taquiarritmias ou aumento dos sintomas
adrenérgicos, e aqueles com dor torácica atípica e ansiedade, respondem bem aos betabloqueadores.
Prevenção de endocardite infecciosa com profilaxia antibiótica nos pacientes com sopro
sistólico e/ou evidência de PVM com regurgitação mitral, ao ecocardiograma.
Antiarrítmicos podem ser administrados nos casos de taquiarritmias sintomáticas, conforme
avaliação de estudos eletrofisiológicos.
Nos pacientes com regurgitação mitral grave e sintomáticos, está indicado o tratamento
cirúrgico. Quando o folheto posterior estiver envolvido, o reparo cirúrgico tem maior sucesso.
Estilo de vida normal e exercícios regulares são liberados para os pacientes assintomáticos. A
restrição de esportes competitivos deverá ser indicada para aqueles com alargamento de VE, disfunção
de VE, taquiarritmia sem controle, prolongamento do intervalo QT, síncope e alargamento da raiz
aórtica.
Antiagregantes plaquetários, como AAS, devem ser administrados aos pacientes com AITs e,
se não forem efetivos, anticoagulantes devem ser empregados.
Pacientes assintomáticos e com insignificante refluxo mitral podem ser avaliados clinicamente
a cada 3 - 5 anos. Os pacientes de alto risco, incluindo aqueles com moderado a severo refluxo mitral,
devem ser seguidos uma a duas vezes ao ano.
BIBLIOGRAFIA:
- Braunwald E. Mitral valve prolapse syndrome. In: Braunwald E, ed. Heart disease. 6ªed.
Philadelphia: W.B. Saunders, 1665, 2001.
- Fuster V. et al. Mitral valve prolapse syndrome. In: Hursts the heart. 10ª ed. Mcgraw-hill.
1729,2001
- ACC/AHA Practice Guidelines. Guidelines for the management of patients with valvular
heart disease. Circulation. 1998;98: 1949 - 1984.
Dr. Alfeu Rombaldi

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  • 1. SÍNDROME DO PROLAPSO DA VALVA MITRAL ( SPVM ) DEFINIÇÃO: É uma síndrome clínica variável, resultante de diversos mecanismos patogênicos, de uma ou mais porções do aparelho valvar mitral: folhetos, cordas tendíneas, músculo papilar e anel valvar. A SPVM é uma das mais prevalentes anormalidades valvares cardíacas. Ocorre em aproximadamente 2,4% da população. É duas vezes mais freqüente em mulheres do que em homens. Perloff e colaboradores propuseram critérios específicos para o diagnóstico de Prolapso da Valva Mitral ( PVM ): - Critérios maiores: a) Ausculta: estalido mesossistólico e sopro telessistólico, isolados ou associados, no ápice cardíaco. b) Ecocardiograma:- marcado deslocamento sistólico superior dos folhetos mitrais: maior ou igual de 2 mm acima do anel valvar; - discreto a moderado deslocamento superior dos folhetos mitrais, com ruptura de cordoalha, regurgitação mitral ao Doppler e dilatação do anel valvar. c) Ecocardiograma mais ausculta: discreto a moderado deslocamento sistólico superior dos folhetos mitrais, acompanhados com proeminente estalido mesossistólico em ápice, sopro tele ou holossistólico apical, em pacientes jovens, e "ruído" telessistólico. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: É mais comum em mulheres, sendo observado em ampla faixa etária, porém predominando entre os 14 e 30 anos. Pode ser transmitida como uma forma autossômica dominante. Está associada a vários sintomas inespecíficos, com dor précordial, dispnéia, ansiedade, crises de pânico, tonturas, fatigabilidade excessiva, hipotensão ortostática, síncope, pré-síncope. A SPVM abrange um amplo espectro de gravidade, variando desde pacientes apenas com estalido e prolapso brando da cúspide posterior, até aqueles com regurgitação mitral grave. A maioria dos pacientes são assintomáticos. Aqueles com insuficiência mitral significativa podem vir a apresentar os sinais e sintomas inerentes à regurgitação mitral. Pode ocorrer a presença de arritmias, as mais comuns são extra-sístoles ventriculares, taquiarritmias supraventriculares e ventriculares paroxísticas, podendo causar palpitações, tonturas e síncopes. A morte súbita é uma complicação rara, ocorrendo em menos de 2% dos casos. Muitos pacientes têm dor torácica de difícil avaliação, prolongada, retro-esternal, pouco relacionada aos esforços. Acidentes vasculares cerebrais transitórios podem ocorrer secundários a êmbolos da valva mitral, devido à ruptura endotelial. Endocardite infecciosa pode ocorrer nos pacientes com regurgitação mitral associada ao PVM; e estudos sugerem, também, a possibilidade de disfunção no sistema nervoso autônomo. Estudos demonstraram que a SPVM está associada com prognóstico benigno, onde o índice de sobrevivência ajustado para a idade, em ambos os sexos, é similar para os indivíduos sem PVM. Ausculta: O achado mais importante é o estalido mesossistólico, não ejetivo, que ocorre 0,14 segundos ou mais depois da primeira bulha. Este pode ser ou não seguido de um sopro telessistólico, de tonalidade alta, em crescendo-decrescendo, melhor audível em ápice. ELETROCARDIOGRAMA:
  • 2. Mais comumente é normal; mas pode mostrar alterações inespecíficas no ST-T, inversão da onda T e onda U proeminente. Pode ocorrer, também, prolongamento do intervalo QT. ECOCARDIOGRAMA: O módulo M define PVM incluindo um deslocamento posterior, de um ou ambos folhetos, maior ou igual a 2 mm. No bidimensional, o deslocamento de um ou ambos folhetos mitrais, na visão axial paraesternal, particularmente quando coaptam no lado atrial do plano anular, indica alta probabilidade de PVM. O Doppler colorido é útil para avaliar refluxo mitral associado. TRATAMENTO: Tranqüilização do paciente assintomático, sem regurgitação mitral grave ou arritmia. Pacientes com palpitações, associadas com taquiarritmias ou aumento dos sintomas adrenérgicos, e aqueles com dor torácica atípica e ansiedade, respondem bem aos betabloqueadores. Prevenção de endocardite infecciosa com profilaxia antibiótica nos pacientes com sopro sistólico e/ou evidência de PVM com regurgitação mitral, ao ecocardiograma. Antiarrítmicos podem ser administrados nos casos de taquiarritmias sintomáticas, conforme avaliação de estudos eletrofisiológicos. Nos pacientes com regurgitação mitral grave e sintomáticos, está indicado o tratamento cirúrgico. Quando o folheto posterior estiver envolvido, o reparo cirúrgico tem maior sucesso. Estilo de vida normal e exercícios regulares são liberados para os pacientes assintomáticos. A restrição de esportes competitivos deverá ser indicada para aqueles com alargamento de VE, disfunção de VE, taquiarritmia sem controle, prolongamento do intervalo QT, síncope e alargamento da raiz aórtica. Antiagregantes plaquetários, como AAS, devem ser administrados aos pacientes com AITs e, se não forem efetivos, anticoagulantes devem ser empregados. Pacientes assintomáticos e com insignificante refluxo mitral podem ser avaliados clinicamente a cada 3 - 5 anos. Os pacientes de alto risco, incluindo aqueles com moderado a severo refluxo mitral, devem ser seguidos uma a duas vezes ao ano. BIBLIOGRAFIA: - Braunwald E. Mitral valve prolapse syndrome. In: Braunwald E, ed. Heart disease. 6ªed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1665, 2001. - Fuster V. et al. Mitral valve prolapse syndrome. In: Hursts the heart. 10ª ed. Mcgraw-hill. 1729,2001 - ACC/AHA Practice Guidelines. Guidelines for the management of patients with valvular heart disease. Circulation. 1998;98: 1949 - 1984. Dr. Alfeu Rombaldi