A segunda geração romântica portuguesa é marcada pelo exagero nos sentimentos e isolamento do poeta da sociedade. Os principais autores desta geração no Brasil incluem Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Luís Varela, caracterizados pelo subjetivismo, pessimismo e evasão da realidade através da morte. A influência do poeta inglês Lord Byron é também destacada.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
Segunda geração romântica
1. Itapitanga/BA 09/04/2015
Segunda geraçao romantica—Ariely
A segunda geração romântica portuguesa é marcada por uma postura de exagero inconfundível.
Inspirados pela Literatura Inglesa, os novos autores admiravam poetas como Lord Byron, que
exaltava os sentimentos arrebatadores e, simultaneamente, apresentava o poeta completamente
isolado da sociedade, incompreendido por defender valores morais e éticos. A imagem do herói
romântico que luta por valores incorruptíveis como a honestidade, o amor, o direito a liberdade
povoa a imaginação de muitos poetas.
Características—Lucas Adryel
Entre as características gerais do Romantismo, aquela que mais se faz presente na segunda
geração do movimento no Brasil é a evasão da realidade. Só que essa evasão não acontece no
tempo ou no espaço, como na primeira geração. Agora, a fuga da realidade ganha contornos
trágicos. Os heróis românticos encontram na morte uma solução para seus problemas existenciais,
podendo chegar, inclusive, ao suicídio. Isso acontece porque, de acordo com o pensamento
romântico, o indivíduo vive em constante conflito com a sociedade, tornando-se uma espécie de
“desajustado”. Essa sensação de constante desajuste tem como consequência alguns
comportamentos tipicamente românticos:
— Pessimismo
—Dor existencial
—Sofrimento
—Isolamento
Essas atitudes caracterizam aquilo que ficou conhecido como “mal-do-século”. Assim sendo, por
levar o subjetivismo romântico às últimas consequências, a segunda fase do Romantismo no Brasil
também é conhecida como geração ultrarromântica. A tela abaixo representa a atração que os
artistas românticos têm pela morte também na pintura.
Principais Autores
» Álvares de Azevedo: A antítese personificada. —Jenifer
Álvares de Azevedo (São Paulo, Província de São Paulo, Império do Brasil, 12 de setembro de
1831 — Rio de Janeiro, Império do Brasil, 25 de abril de 1852). Álvares é a principal expressão da
geração ultrarromântica de nossa poesia. Fez os estudos básicos no Rio de Janeiro e cursava o
quinto ano de direito em São Paulo quando sofreu um acidente (queda de cavalo) cujas
complicações o levaram à morte, antes de completar 21 anos de idade. O escritor cultivou a poesia,
a prosa e o teatro. Toda a sua produção—sete livros, discursos e cartas— foi escrita em apenas
quatro anos, período em que era estudante universitário. Por isso, deixou uma obra de qualidade
irregular, se considerada no conjunto, mas de grande significado na evolução da poesia nacional.
Profundo subjetivismo
Sentimentalismo exacerbado
Pessimismo e melancolia
Egocentrismo e individualismo
Fuga da realidade
Escapismo
Saudosismo
2. Itapitanga/BA 09/04/2015
A característica intrigante da obra de Álvares de Azevedo reside na articulação consciente de um
projeto literário baseado na contradição, talvez a contradição que ele próprio sentisse como
adolescente.
Principais Obras: Lira dos Vinte Anos, Poesia Diversas, O Poema do Frade, O Conde Lopo, Noite na
Taverna, Macário.
» Casimiro de Abreu. —Ariely
Casimiro José Marques de Abreu (Barra de São João, 4 de janeiro de 1839 — Nova Friburgo, 18
de outubro de 1860) Com apenas 13 anos, enviado pelo pai, vai para a cidade do Rio de Janeiro, trabalhar
no comércio. Em novembro de 1853 vai para Portugal, para completar a prática comercial e nesse período
inicia sua carreira literária. No dia 18 de janeiro de 1856 sua peça Camões e o Jaú são encenados em Lisboa.
Casimiro de Abreu volta ao Brasil, em julho de 1857 e continua trabalhando no comércio.
Conhece vários intelectuais e faz amizade com Machado de Assis, ambos com 18 anos de idade. Em
1859 publica seu único livro de poemas “As Primaveras”. No início de 1860, Casimiro de Abreu fica
noivo de Joaquina Alvarenga Silva Peixoto. Com vida boêmia, contrai tuberculose. Vai para Nova
Friburgo tentar a cura da doença, mas no dia 18 de outubro de 1860, não resiste e morre aos 21
anos de idade.
Principais Obras: Meus oito anos, Saudades, Minh'alma é triste, Amor e Medo, Desejo, Dores,
Berço e Túmulo, Infância, A Valsa, Perdão, Poesia e Amor, Segredos, Última Folha, entre outras.
» Luís Varela —Debora Hapuque
Luís Nicolau Fagundes Varela (São João Marcos, 17 de agosto de 1841 — Niterói, 18 de fevereiro
de 1875). Poeta romântico e boêmio inveterado, Fagundes Varela foi um dos maiores expoentes da
poesia brasileira, em seu tempo. Tendo ingressado no curso de Direito (e frequentado a Faculdade
de Direito de São Paulo e a Faculdade de Direito do Recife), abandonou o curso no quarto ano. Foi a
transição entre a segunda e a terceira geração romântica.
Casando-se muito novo (aos vinte e um anos) com Alice Guilhermina Luande, filha de dono de um
circo, teve um filho que veio a morrer aos três meses. Este fato inspirou-lhe o poema "Cântico do
Calvário", expressão máxima de seus versos, tão jovem ainda.
Mudou-se para Paris aos 20 anos e voltou aos 27. Casou-se novamente com uma prima - Maria
Belisária de Brito Lambert, sendo novamente pai de duas meninas e um menino, também falecido
prematuramente. Embriagando-se e escrevendo, faleceu ainda jovem, vivendo à custa do pai,
passando boa parte do tempo no campo, seu ambiente predileto. Fagundes Varela morreu com 33
anos de idade.
Principais Obras: Noturnas, Cântico do Calvário, Pendão Auri-verde, Vozes da América, Cantos e
Fantasias, Cantos Meridionais, Cantos do Ermo e da Cidade, Anchieta ou Evangelho na Selva,Cantos
Religiosos, Diário de Lázaro.
3. Itapitanga/BA 09/04/2015
» Junqueira Freire—Bruno Souza
Luís José Junqueira Freire (Salvador, 31 de dezembro de 1832 — Salvador, 24 de junho de 1855)
patrono da cadeira nº 25 da Academia Brasileira de Letras, alguns de seus versos expressam um
grande conflito existencial que lhe atormentava. O curto período que ficou no Mosteiro, lhe
inspirou os temas religiosos.
Levado por forte desejo de se dedicar a vida religiosa, ingressa no Mosteiro de São Bento, em
1850, com apenas 18 anos e em 1852 já lecionava. Em 1853 abandona o mosteiro e recolhe-se em
casa onde escreve sua autobiografia "Inspirações do Claustro" (1855). Com séria doença cardíaca,
que lhe debilitava, morreu cedo, como muitos poetas de sua geração. Doente, não se recupera e
morre.
Principais Obras: Desespero na solidão, O remorso do inocente, Teus olhos, O arranco da morte,
Martírio, Tratado de eloquência nacional, Ambrósio, Louco, Morte.
» Pedro de Calasans—Mª Helena
Pedro Luziense de Bittencourt Calasans (Santa Luzia, 29 de janeiro de 1837 — Portugal, 24 de
fevereiro de 1874) Foi um poeta, crítico e jornalista. Estudou no Liceu de São Cristóvão, indo à Recife no
ano de 1853 para concluir o curso preparatório. Posteriormente, estudou o Curso de Direito na Faculdade de
Direito do Recife ao lado de Tobias Barreto e de Castro Alves, sendo o primeiro autor sergipano a estudar no
Recife. Foi promotor no município de Estância, deputado no Rio de Janeiro, juiz municipal e deputado no Rio
Grande do Sul, além de ter participação jornalística no Recife, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Fez viagens
a Alemanha e Bélgica, onde publicou alguns livros, ultrapassando os limites de Sergipe e do Brasil.
Ao contrair tuberculose, Pedro de Calasans fora à procura de um clima que ajudasse na cura
para sua doença em várias partes do país. Mas, infelizmente, houve um naufrágio em que a
tripulação conseguiu se salvar e, somente, ele morrera naufragado no dia 24 de fevereiro de 1874.
Pedro de Calasans escreveu livros de poesias, peças de teatro, crítica literária, e direito. Tem
também outros autores que foram importantes na segunda geração do Romantismo como Camilo
Castelo Branco (1825-1890) e Soares Passos (1826-1860).
Principais Obras: Poesia , Adeus! , Páginas Soltas , Últimas Páginas , Ofenísia , Wiesbade , A
Morte de Uma Virgem , A Rosa e o Sol , Qual Delas? , Brazilina , Camerino: episódio da guerra do
Paraguai...
Lord Byron—Bruno Souza
George Gordon Byron, 6º Barão Byron (Londres, 22 de janeiro de 1788 — Missolonghi, 19 de
abril de 1824).Conhecido como Lorde Byron, foi um destacado poeta britânico e uma das figuras
mais influentes do romantismo.
Célebre por suas obras-primas, como A Peregrinação de Childe Harold e Don Juan (o último
permaneceu inacabado devido à sua morte iminente). Toda a obra de Byron, que exprime o
pessimismo romântico, com a tendência a se voltar contra os outros e contra a sociedade, pode ser
vista como um grande painel autobiográfico. Byron é considerado como um dos maiores poetas
europeus, é muito lido até os dias de hoje. A fama de Byron não se deve somente aos seus escritos,
4. Itapitanga/BA 09/04/2015
mas também a sua vida – amplamente considerada extravagante – que inclui numerosas amantes,
dívidas, separações, alegações de incesto, homossexualismo, sendo também um dos primeiros
escritores a descrever os efeitos da maconha.
Principais Obras
» Álvares da Azevedo ”Lira dos Vinte Anos”—Iuri Marques
O trecho é de um dos mais conhecidos poemas de Álvares de Azevedo. Nele, estão sintetizados os
temas do escapismo da vida, do amor febril pela virgem angelical e das angústias que consomem a
existência do poeta ultrarromântico. Há um tom melancólico e de profunda tristeza. O poeta, num
momento de possível passagem à morte, recapitula a vida e todos os infortúnios por que passou. São
lembrados a mãe, o pai, os amigos e a virgem nunca atingida, que funcionam como consolo
emocional do eu-lírico por uma vida de sofrimentos.
» Casimiro de Abreu As primaveras—Laiza Esteves
Em Primaveras, de Casimiro de Abreu, acham-se os temas prediletos do poeta e que o identificam
como lírico-romântico: a nostalgia da infância, a saudade da terra natal, o gosto da natureza, a
religiosidade ingênua, o pressentimento da morte, a exaltação da juventude, a devoção pela pátria e a
idealização da mulher amada. A sua visão do mundo externo está condicionada estreitamente pelo
universo do burguês brasileiro da época imperial, das chácaras e jardins. Trata de uma natureza onde
se caça passarinho quando criança, onde se arma a rede para o devaneio ou se vai namorar quando
rapaz.
o poeta atrai o leitor com o ritmo fácil, a singeleza do pensamento, a ausência de abstrações, o
caráter recitativo e o tratamento sentimental que empresta ao tema, garantindo a eternidade de pelo
menos um poema, "Meus oito anos":
5. Itapitanga/BA 09/04/2015
» Junqueira Freire Contradições poéticas—Victor
Durante sua vida esteve dividido entre a vida religiosa, espiritual e a sua falta de fé e vocação para a vida
celibatária. Suas experiências foram retratadas em suas duas obras poéticas:Inspirações do
claustro e Contradições poéticas.
A decisão do autor por uma vida monástica foi em razão dos problemas de convívio familiar sofridos e suas
poesias são marcadas por uma autobiografia reveladora.
Além disso, nos poemas de Junqueira Freire constam a crise moral da igreja do século XIX e os conflitos
do escritor entre a profissão de frei e os fatos que presenciou dentro da igreja. O poeta ainda expressou em
suas obras seu pessimismo em relação à vida, seu interesse pelo mundanismo, sua sexualidade reprimida,
seu desejo pelo pecado e seu sentimento de culpa. Evocava ardentemente por cura de suas mazelas ao
mesmo passo que desejava a morte, encarando-a como uma amiga que vinha para lhe trazer paz eterna,
como podemos perceber no poema “Morte”: